1 MIX DE MARKETING PESSOAL Se uma empresa tem uma divulgação muito bem feita, muito bem articulada e se as suas propagandas são bonitas, de muito bom gosto e são apresentadas nos veículos certos, atingindo o público alvo com eficiência, normalmente se costuma dizer que “essa empresa tem um Marketing muito bom”. No entanto, ainda que os métodos de promoção, a propaganda e a publicidade sejam de ótima qualidade, o “Marketing” da empresa não vai ser bom se o produto for ruim ou inadequado. O “Marketing” só é, realmente, bom se gerar resultados. E um produto ruim impede a empresa de alcançar resultados. Digamos então que o produto seja bom. Que o produto tenha uma qualidade compatível com a divulgação feita. O que temos então? Um produto muito bom, com uma propaganda excelente ! E aí, temos ou não um “bom Marketing”? Ainda não é garantido. O preço desse produto pode ser proibitivo, exagerado, exorbitante. O preço pode ser uma barreira para a compra do produto. E, se o produto não é comprado, não existe resultado de Marketing. Portanto, o Marketing não é bom. Conserte-se o preço. Faça-se um milagre qualquer e o preço será adequado ao mercado. Temos aí um produto ótimo, com um preço adequado ao mercado e uma propaganda maravilhosa... Temos, agora, um “bom Marketing”? Ainda não, se, por exemplo, o produto não está acessível para o público alvo ou se o ponto-de-venda tem defeitos graves ou se não é distribuído com uma eficiência adequada... Lá se foi o resultado de mercado. Lá se foi o “Marketing”. E por aí vai a história, que tem como objetivo mostrar o seguinte: não existe nenhum produto e nenhuma empresa que possa sustentar uma relação produtiva com o mercado (um bom Marketing) baseado em ser muito bom ou eficiente em uma coisa apenas (seja a qualidade do produto, o preço, a publicidade e propaganda, o ponto-de-venda, o processo de produção, as pessoas envolvidas, as parcerias estabelecidas ou mesmo o pós-vendas). É necessário que as ações de uma empresa sejam integradas simultâneas para que se alcance os resultados de Marketing, que é o que caracteriza um “bom Marketing”. A esse conjunto de coisas que uma empresa define para se relacionar com o mercado nós chamamos de Mix de Marketing. O mix de Marketing, portanto, é o conjunto de todas as políticas que uma empresa estabelece para se relacionar (ou relacionar o seu produto) com o mercado. No nível Pessoal a coisa não é diferente. Uma pessoa com uma excepcional capacidade intelectual, criativa, inteligente, eficiente... pode nunca chegar nem perto do sucesso, simplesmente por não ter nada além de uma excepcional capacidade intelectual. Ela precisa ter ou desenvolver outras “capacidades”, “habilidades” ou “talentos” para que se torne interessante para o seu público e, por decorrência, alcance os seus próprios objetivos. Como já foi dito antes (mas nunca é demais repetir), imagem pessoal é um conjunto de valores atribuídos a uma pessoa pelos outros. É construída a partir da avaliação que os outros fazem das características, qualidades e defeitos que uma pessoa apresenta. O Marketing Pessoal ganhou importância, a partir do momento em que o tempo passou a determinar o destino das relações entre as pessoas. O destino de uma conversa ou de uma relação depende muito de como as partes se enxergam e o tempo está sempre jogando contra quem tem mais coisas boas para oferecer (se você tem muitos valores, quanto mais tempo você tem para mostrar as suas qualidades, melhor será a sua imagem pública). O Marketing Pessoal desenvolve instrumentos e técnicas para dominar o tempo e transmitir as mensagens necessárias para a fixação da imagem desejada (a verdadeira). A imagem pessoal é construída e sustentada a partir das nossas “políticas” de relacionamento. As decisões que nós tomamos (algumas vezes sem um tratamento racionalizado) sobre como nós queremos ser e como os outros vão nos ver são partes dessas políticas. Enfim, o Mix de Marketing Pessoal constitui o gerenciamento de algumas variáveis importantes e que, de uma ou de outra forma, interferem nas relações de cada indivíduo com o seu público. Essas variáveis são: • Nome • Aparência Física • Gestos e Postura • Voz e Vocabulário • Conhecimentos e Habilidades Específicas (profissionais) • Conhecimentos e Habilidades Gerais • Visibilidade e Disponibilidade • Marcas de Personalidade • Marcas de Caráter 2 NOME No passado não muito distante era comum um clube de futebol como o Flamengo, o Corinthians, o Grêmio ou mesmo o grande São Paulo Futebol Clube ter um time formado por Chupeta, Manco, Chulé, Mexirica, Suvaco, Tapera, Fuminho, Macaco, Navalha, Morcilha e Capeta. (Todos os nomes são verdadeiros. Jogadores das décadas de 60 e 70.) Recentemente, um jogador de uma equipe da segunda divisão do futebol brasileiro foi transferido para um dos grandes clubes da primeira divisão. Ao ser apresentado para a imprensa, seu primeiro pedido foi para que os jornalistas passassem a se referir a ele como Evandro e não mais como Mexirica, que era o apelido pelo qual ele era conhecido. Essa atitude, tomada por decisão própria ou orientação dos empresários, agentes ou procuradores, reflete uma perspectiva moderna do que representa o nome para uma pessoa pública. A carreira de jogador de futebol tem uma duração limitada no tempo porque depende de valores, habilidades e capacidades que o avanço da idade acaba reduzindo. Mas a carreira da pessoa não precisa se encerrar com o fim do seu tempo de futebol, no campo. As virtudes atléticas, seja no futebol ou em qualquer outro esporte, devem ser encaradas como uma força capaz de projetar uma marca (o nome do atleta). Esta marca permanecerá ativa em outras modalidades de negócios, depois de encerrada a fase atlética do esportista. Aí é que entra a diferença entre você ser o “Daniel Aldrovandi” em vez de “Fuminho”, “Navalha” ou “Capeta”. Imagine uma loja de materiais esportivos com o nome de “Chulé Sports”. Seja qual for a sua atividade atual, considere a possibilidade de que daqui a algum tempo você poderá estar fazendo outra coisa, envolvido em outro tipo de trabalho. Quando uma pessoa deixa uma determinada atividade e parte para outra carreira, ela não “começa do zero”. Leva consigo algumas experiências, às vezes algum patrimônio, uma rede de amigos ou influências. É importante que a simples menção do seu nome tenha um significado para o público. Isto é a marca agregada a um nome: Fulano de Tal significa (em qualquer circunstância) competência, disciplina e honestidade. Beltrano de Tal significa bom humor, irreverência, alto-astral. Cicrano de Tal significa perigo. Significa desonestidade, trapaça, irresponsabilidade... Ainda que você não perceba, a menção do seu nome sempre significa alguma coisa para o seu público. Esta é uma Lei do Marketing Pessoal. O nome de uma pessoa tem duas componentes básicas: a morfoetimológica e a conceitual. A componente conceitual é construída pelos valores que o público vai atribuindo à pessoa, em função de suas ações e omissões, gestos, posturas, palavras, conhecimentos, habilidades e outras características. A componente morfoetimológica é o significado que o nome tem para o público quando o dono do nome ainda não foi apresentado. Que características você atribui a uma pessoa cujo nome (apelido) é Chulé?. E que tal o Dr. Raimundo Vinagre ? Agora, imagine uma pessoa chamada Cecília Drummond ou, Augusto Valente. Veja que, mesmo sem conhecer nenhuma destas pessoas você já construiu uma pré-imagem para cada uma delas. Ou não ? Isto significa que essa componente do nome também deve ser analisada (não é por acaso que, no mundo artístico, é tão comum uma pessoa assumir um novo nome ou fazer uma simplificação ou ajuste no seu próprio nome). O nome de uma pessoa, assim como o nome de uma empresa ou de um produto pode e deve ser alterado em benefício dos objetivos pessoais. Nomes muito complicados apresentam natural dificuldade para serem absorvidos pelo público (demandam maior investimento na divulgação). Nomes com significados secundários devem ser omitidos ou trocados, pois acarretam desvios de energia para explicações e esclarecimentos, além de darem margem a eventuais piadinhas, charges e outras brincadeiras que podem desviar a atenção do público para os valores e características que se quer transmitir. Nomes muito compridos devem ser resumidos a duas, no máximo três palavras, para facilitar a fixação. Nomes que tanto podem ser de um homem quanto de uma mulher (Juraci, por exemplo) podem ser suprimidos ou trocados E tudo isto pode ser feito sem burocracia, sem cartório, sem mexer nos documentos, nada. Basta decidir. Uma pessoa cujo nome é José de Ribamar Pereira de Araújo Costa, por exemplo, pode assumir o nome José Sarney, sem ter que ir a um cartório mudar o nome. Talvez o nosso ex-presidente tenha mudado o seu registro em cartório. Desconheço este detalhe. Mas o certo é que, se ele não fez isto, não está incorrendo em crime algum. Não constitui falsidade ideológica a mudança de nome se não tiver como objetivo a obtenção de benefício ilícito. 3 APARÊNCIA FÍSICA Aparência física não é apenas “um detalhe”. Trata-se de um aspecto absolutamente fundamental quando o assunto é a busca de sucesso pessoal. Nós precisamos, definitivamente, dispensar a esta questão a sua devida importância. Precisamos ter uma preocupação adequada com esse “detalhe”, porque, nós vamos ver, não é apenas um detalhe. Tirando a sua família e seus colegas de trabalho, que passam com você tempo suficiente para conhecer as suas qualidades, habilidades e conhecimentos, todas as outras pessoas têm de você uma imagem construída a partir de informações obtidas aqui e ali. Muitas vezes essa imagem que uma determinada pessoa tem de você é incompleta ou incorreta. Mas é essa imagem que conta se essa pessoa precisa tomar uma decisão que interessa a você. Uma informação importante utilizada pelas pessoas para “avaliar” alguém é, não tenham dúvidas, a aparência física. Virginia Horton-Bettman, uma executiva norte-americana, tem uma afirmação que é definitiva: “Antes de dizer olá você já disse muita coisa”. Ela acredita que nos dez primeiros segundos que você tem, no primeiro contato com uma pessoa, “o outro ou o respeitará ou o depreciará, pois você estará transmitindo mensagens por meio da aparência, da postura, da fisionomia e do olhar.” Quando você chega em algum lugar as pessoas avaliam você apenas passando os olhos (da cabeça aos pés) e “sentindo” a energia que você transmite. Nesta curta fração de minuto elas avaliam em primeiro lugar a sua estatura e peso e vão tirar conclusões (nem sempre verdadeiras) com essas informações. Existem preconceitos que estão presentes e não devem ser desconsiderados. É comum atribuir a pessoas altas as virtudes de liderança, assim como os gordos são tidos como preguiçosos ou lentos. Se você é baixinho, ou gordo, não tem como esconder esta característica. Mas pode alterar a percepção que o outro tem do seu corpo. É o que Horton-Bettman chama de “dinâmica da aparência”, que é bastante afetada pela postura. E a postura você pode modificar. “A posição dos ombros comunica graduações de poder. Ao permanecer ereto, levantar as costelas, prender o estômago e colocar os ombros para trás, você „transpira‟ energia que, por sua vez, denota poder e impressiona.” A segunda coisa que as pessoas vão observar, ainda naqueles dez ou quinze segundos iniciais, é a sua fisionomia, o seu rosto, e toda a carga de personalidade que ele transmite. Deixe que as pessoas vejam seu rosto. Não o esconda por trás de óculos escuros, sob os cabelos, sob uma barba ou sob qualquer outro disfarce. Você estará dando a impressão de estar escondendo algo ou que você é rebelde ou desonesto. O seu rosto é o centro da comunicação com as outras pessoas. Você deve olhar para as pessoas com sinceridade e segurança. Sem isto não existe comunicação pessoal que sobreviva ao primeiro contato “ao vivo”. Se você não gosta do seu rosto precisa resolver este problema. Talvez um bom livro de auto-ajuda já seja suficiente. Em alguns casos uma cirurgia plástica pode ser uma boa alternativa. Em muitas outras circunstâncias, porém, existe uma série de maneiras de mudar a aparência e o formato do rosto: coisas simples como o corte ou a tintura do cabelo ou o penteado. Isto pode mudar muito o seu rosto. Em alguns casos temos verdadeiras transformações apenas com a alteração dessa “moldura” representada pelos cabelos. Para as mulheres ainda existem os “milagres” da maquiagem (ultimamente os homens também já estão aderindo), além dos acessórios como os brincos, os colares e enfeites para o cabelo. Nada no rosto, no entanto, é mais importante, tanto para homens quanto para mulheres, quanto os olhos. Os olhos não: o olhar. Este livro foi escrito com um pressuposto: o de que você não está interessado nas técnicas de Marketing Pessoal para “construir” e “vender” uma imagem que não seja verdadeira. Acreditamos que você deseja, sinceramente, fazer com que as pessoas vejam em você tudo o que você tem de melhor e que você tem o sincero propósito de melhorar em você todas as coisas que não são apreciadas pelo seu público. Digo isto porque o olhar é pedra determinante nas relações pessoais. Os desvios de caráter, a mentira e a ausência de boas intenções não resistem a um “olho no olho”. Não há nada que eu possa indicar a não ser o seguinte: seja verdadeiro e olhe de frente e com sinceridade de propósitos. Permita que as outras pessoas sintam isso em você. O resto virá por decorrência. Se você usa óculos, fique atento, pois o tipo de óculos que você usa também traduz alguma coisa da sua personalidade. Certifique-se de que as lentes e o formato de armação estão de acordo com seu rosto e com a imagem que você pretende transmitir. Além das características do rosto e do olhar, existe uma coisa que contribui positiva e decisivamente para melhorar a sua primeira impressão no contato pessoal: a fisionomia, que é definida pela presença ou ausência de tensão muscular na face e pela presença ou ausência de um sorriso no seu rosto. Um sorriso sincero mostra que você está à vontade e feliz por estar presente. Um rosto tenso significa que você está nervoso. Respire fundo, acalme-se, relaxe os músculos e sorria sem afetação. Sua fisionomia ficará muito melhor. 4 Existem coisas que não podemos mudar na nossa aparência física, como, por exemplo, o tamanho, a cor da pele e eventuais problemas de deficiências físicas evidentes. Muitas outras variáveis, no entanto, podem ser “trabalhadas” de acordo com os interesses ou necessidades. A cor e o tipo e o tamanho dos cabelos, a cor dos olhos, a forma dos dentes, sobrancelhas, barba, bigode, as unhas das mãos e dos pés, as roupas, os sapatos e os acessórios como chapéus, brincos, colares, pulseiras, anéis, cintos, chaveiros... Então para não permitir que problemas com a sua aparência física impeça as pessoas de fazerem uma imagem correta de você. Manutenção permanente do próprio corpo. Cuidar dos cabelos, tomar banho, fazer a barba, arrumar a sobrancelha, cuidar da pele, escovar os dentes, manter arrumadas as unhas das mãos e dos pés, depilar ou extrair os pelos indesejáveis, fazer exercícios físicos, controlar a alimentação, eliminar ou reduzir o consumo de cigarro e bebidas alcoólicas são alguns cuidados básicos. Coisas simples que ajudam a manter você “bonito” e sua auto-estima em alta. Vão manter o seu corpo preparado para ser um bom mensageiro de uma imagem pública excelente. Tratamentos e intervenções. Em alguns casos a simples manutenção não é suficiente. É necessária a intervenção de algum profissional especializado como um médico ou um dentista, por exemplo. Dentes tortos, com comprometimento das funções do aparelho digestivo ou da fala, problemas graves de pele, manchas no rosto, defeitos ou cicatrizes derivados de doenças congênitas ou de acidentes são problemas reais que não podem ser “manipulados” com acessórios ou maquiagem. Convém, no entanto, observar o limite entre o razoável e o exagero. A aparência física é importante mas não é tudo. Muito tempo, dinheiro ou energia gastos com certos tratamentos ou cirurgias seriam realmente melhor aplicados em livros, cursos ou exercícios para obtenção de conhecimentos e habilidades relevantes. Roupas e acessórios. Vestir-se bem não implica usar roupas caras ou sofisticadas. Estar bem-vestido é usar roupas adequadas aos objetivos. Vestir-se adequadamente significa vestir-se com respeito às pessoas com quem você irá se relacionar. Vestir-se “bem demais” muitas vezes pode ser encarado como uma tentativa de intimidar ou humilhar. Vestir-se com excessivo “relaxamento” pode ser encarado como desvalorização da pessoa ou do grupo de pessoas que o está recebendo. Imagine um empresário que vá à reunião da Associação Comercial de camiseta, bermuda e sandália... Então, se você quer saber como se vestir, olhe em volta. E vista-se como os líderes, as pessoas bemsucedidas do grupo a que você pertence. Atividade física. Você, obviamente, não precisa ser um atleta campeão. Mas é bom saber que um corpo em forma também significa alguma coisa para quem avalia, de relance, a sua imagem. A boa forma física, especialmente em pessoas com mais de 25 ou 30 anos, transmite a imagem de disciplina, equilíbrio e autocontrole. Não perca esses pontos positivos. Leia alguma coisa sobre exercícios simples, consulte um médico, converse com um professor de educação física, elimine os excessos na alimentação, estabeleça hábitos saudáveis e você verá que não é nenhum sacrifício. A sua saúde agradece e sua imagem fica muito melhor. Os exageros. Qualquer coisa, em dose excessiva, causa problemas. É preciso estar atento para que um ou outro ponto não seja levado longe demais. Usar alguma jóia ajuda a compor o seu visual e o torna mais elegante, atraente, charmoso... Mas carregar-se de jóias, nas mãos, nos pulsos, nas orelhas e no pescoço pode torná-lo ridículo, além de transmitir a sensação de que você quer aparecer, ostentar ou intimidar os outros. O mesmo se pode dizer de outros acessórios que devem ser usados na dose certa. E “a dose certa” é definida pelo seu bom senso e pela observação que você faz das pessoas à sua volta. Tatuagens, músculos obtidos com drogas estimulantes, roupas espalhafatosas, acessórios de auto mutilação/agressão, maquiagem excessiva, cortes radicais do cabelo... transmitem agressividade e provocam reações nem sempre positivas nas outras pessoas e conseqüências sobre a sua imagem. Não vamos dizer aqui o que é certo e o que é errado. Apenas dizer que você precisa ter consciência do efeito que o seu “visual” causa sobre a sua imagem. Se você está consciente das consequências e não se importa com isso, vá em frente. Afinal, o mundo só é “divertido” porque existe gente pra tudo, não é mesmo? GESTOS E POSTURA O corpo em movimento transmite suas mensagens. Quantas vezes você, em um ambiente movimentado como uma grande festa ou um shopping center, já se viu “deduzindo” coisas sobre a personalidade de alguma pessoa que você está vendo pela primeira vez. E está apenas vendo, pois essa pessoa está a dez ou quinze metros de distância, conversando com outras pessoas ou fazendo coisas que não têm nada a ver com você. 5 Você não ouve a voz dessa pessoa, mas percebe os seus movimentos, a maneira como se comunica através deles. A forma de sentar, de ficar em pé. O jeito de andar, de se inclinar para ouvir, de encolher os ombros, de cruzar os braços de gesticular enquanto fala. O jeito de se encostar na cadeira, de cruzar as pernas, a maneira como olha para as coisas ou para as pessoas. Então acredite: seus gestos e sua postura dizem muito sobre o que você é. Não descuide desse aspecto. Habitue-se a desenvolver e manter gestos que reforcem as suas melhores qualidades. Mantenha uma postura que inspire confiança e tranqüilidade às outras pessoas. Leia algum livro sobre o assunto e não perca a próxima oportunidade de fazer um bom curso. VOZ E VOCA BULÁRIO Existem pessoas que são bonitas, se vestem bem, são elegantes, mas a suas imagens públicas não resistem a cinco minutos de conversa. Você está diante de um homem enorme, atlético, gestos largos e semblante varonil e, de repente, quando ele começa a falar, parece um adolescente. Uma voz fina, indefinida, sem personalidade. E você tem uma justa decepção. E começa a achar que tem alguma coisa errada com aquela pessoa. E, talvez, tenha uma certa dificuldade de dar a ele uma oportunidade muitas vezes merecida. Coisa semelhante acontece quando uma mulher de formas bem desenhadas, rosto bonito e gestos delicados, começa a falar e vem aquela voz esganiçada que parece ser produzida em uma “taquara rachada”... É natural que as pessoas reajam meio incomodadas. É claro que, se você não é cantor, locutor de rádio, professor ou qualquer outra profissão que utilize a voz como instrumento de trabalho, você não precisa se desesperar com isso. Mas é sempre bom saber que uma boa voz ajuda a construir uma boa imagem. A maioria dos problemas da voz pode ser corrigida por exercícios (consulte um fonoaudiólogo) e pela adoção de hábitos adequados de alimentação e hidratação. No entanto, pior do que uma voz ruim é a pobreza de vocabulário, o vazio intelectual e os vícios de linguagem. Esses são defeitos mortais para a imagem pública de qualquer pessoa. Pobreza de vocabulário é indicativo de falta de leitura, o que nos leva, sem escalas, à falta de cultura. Uma pessoa que usa sempre as mesmas palavras para se comunicar acaba se tornando repetitiva, previsível e enjoada. Os vícios de linguagem, assim como o uso exagerado de gírias, frases feitas ou de expressões acadêmicas deixam a personalidade vulnerável. Sustentar uma boa imagem pública sem um bom vocabulário e sem a correção dos vícios de linguagem é o mesmo que tentar manter em pé uma árvore sem raízes. CONHECIMENTOS E HA BI LIDADES ESPECÍFICAS Conhecimentos e habilidades constituem a qualidade intrínseca de uma pessoa. Muitas pessoas famosas e com um forte trabalho de promoção pessoal nada seriam sem dominarem os fundamentos daquilo que é a base da sua reputação: os conhecimentos e habilidades específicas. Veja, por exemplo, nomes como Pelé (futebol), Gustavo Kuerten (tênis), Oscar e Hortência (basquete), Arthur Moreira Lima e Gilberto Gil (música), Fernanda Montenegro e Paulo Autran (teatro), Joaquim Cruz (atletismo), Jô Soares (televisão), Antônio Ermírio de Morais e Rolim Amaro (universo empresarial), Fernando Sabino (literatura)... E isso para ficar em uns poucos nomes, apenas no Brasil. É claro que cada um deles tem uma imagem pública que incorpora muitas outras características, mas a razão principal do sucesso de cada um deles é o domínio dos respectivos conhecimentos e habilidades específicos do campo de atuação de cada um. Com você e comigo a coisa não é diferente. O nome, a aparência física e outras variáveis são relevantes, mas os conhecimentos e as habilidades específicas é o que realmente vai fazer a diferença. Você precisa identificar, na sua atividade profissional, os campos de conhecimento e habilidades fundamentais requeridas, para dedicar a eles mais atenção e sedimentar o terreno para qualquer estratégia vencedora de Marketing Pessoal. Significa dizer o seguinte: se você é um médico, um engenheiro, mecânico, professor, cabeleireiro, motorista de táxi, estudante, dona de casa, artista, atleta, empresário ou político é importante saber que a sua atividade profissional é a base da sua imagem pública. O sucesso de qualquer estratégia de Marketing passa, necessariamente, pelo investimento na capacitação profissional. Você precisa conhecer muito bem a sua atividade principal e ser muito bom em todos os fundamentos profissionais. Isso, muitas vezes, só é conseguido com dedicação, disciplina e muito empenho para leitura, cursos, treinamento e participação. Em outras palavras, você só vai ser “alguém” se fizer a “lição de casa”. 6 CONHECIMENTOS E HA BI LIDADES GERAIS Conhecimentos e habilidades é o conjunto das “outras coisas” que você sabe fazer e que, eventualmente, não façam parte dos “fundamentos” da sua atividade principal. Por exemplo, você é professor de matemática. Então, conhecimento de matemática, habilidade de relacionamento, equilíbrio emocional, conhecimento de técnicas de ensino, articulação verbal e rapidez de raciocínio são conhecimentos e habilidades fundamentais e são os seus atributos básicos. Saber tocar violão e cantar, não são qualidades fundamentais para você exercer a sua atividade, mas, com certeza, isso valoriza você na escola, na turma, na família... Da mesma forma que o domínio de um segundo ou terceiro idioma, o desempenho acima da média em um determinado esporte... VISIBILIDA DE E DISPO NI BILIDADE “Quem não é visto não é lembrado”, diz o dito popular, com muita propriedade. Quantas pessoas conheceram você nos últimos seis meses? Quantas pessoas novas (e interessantes) você conheceu (estabeleceu algum tipo de contato permanente) nos últimos seis meses? A resposta às perguntas acima pode dar uma idéia de como está a sua Política de Visibilidade e Disponibilidade. Foi dito, no capítulo 2, que Marketing Pessoal não se resume a técnicas, dicas e truques para aparecer, estar na vitrine, ser visto ou marcar presença. Mas é importante registrar a importância de “aparecer”, na medida certa, quando se estabelece um Plano de Marketing Pessoal. Não adianta você investir seu tempo, seu dinheiro e suas energias corrigindo ou incorporando qualidades na sua forma de ser e de agir, com o objetivo de conquistar espaços e atingir objetivos pessoais, se você se esconde em casa e “não deixa” que o mundo saiba que você existe. Qualquer que seja o nível dos seus interesses pessoais, a política de visibilidade e disponibilidade é indispensável. Participar de palestras, cursos, seminários. Freqüentar festas, reuniões, coquetéis. Envolver-se em atividades comunitárias. Ser voluntário em alguma ação beneficente. Fazer parte da diretoria do clube ou da entidade profissional a que você pertence. Ser ativo integrante do partido político da sua preferência. Visitar pessoas. Dar telefonemas ou mandar bilhetes de congratulações e condolências. Escrever e publicar artigos, ensaios ou livros; Apresentar publicamente os seus trabalhos... Muitas coisas podem ser incorporadas ao seu dia-a-dia. Você deve identificar onde está e quais são as preferências do público-alvo de sua estratégia de Marketing Pessoal. E não esquecer a frase de Fernando Brant, imortalizada por Milton Nascimento: “Todo artista tem de ir aonde o povo está”. Ainda que você não seja um artista, na expressão plena da palavra, vá ao encontro do seu povo. Conheça-o e permita que ele o conheça também. Só assim o Marketing Pessoal funciona. MARCAS DE PERSONA LIDADE Marcas de personalidade é o conjunto de hábitos que você incorpora à sua vida e que se tornam “marcas registradas” do seu jeito de viver. Elas representam características de comportamento que as pessoas atribuem a você. Atitudes, hábitos, práticas e preferências que você representa. Se uma pessoa sempre chega atrasada para os seus compromissos ou se é sempre muito pontual, essa é uma marca pessoal sua. Se nunca dá retorno de uma ligação telefônica. Se sempre acorda de mau humor. Se nunca termina o que começa. Se é sempre o primeiro a colocar a mão na massa em trabalhos voluntários. Se está sempre de bom humor, de bem com a vida, disposto a enfrentar os problemas do dia-a-dia como coisas naturais, ou está sempre de cara fechada, com alguma queixa e transformando qualquer gravetinho em um obstáculo intransponível. Se está sempre querendo aprender coisas novas ou se é alienado de tudo o que é novo e moderno. As suas preferências e a importância que você dá a elas também fazem parte das suas marcas de personalidade: O seu esporte preferido. O tipo de música que você mais gosta. O time para qual você torce. A cor e o tipo de roupa que você mais usa. A sua comida predileta. O assunto sobre o qual você mais gosta de conversar. A sua religião. O seu partido político. Todas essas coisas constituem marcas que fazem de você uma pessoa singular. As marcas de personalidade, enfim, são constituídas das coisas que você faz sempre do mesmo modo. O mais interessante é que muitas vezes nós não nos damos conta que uma determinada coisa que a gente faz ou 7 gosta já se transformou em um traço da nossa personalidade. Ficamos surpresos (quando não contrariados) quando alguém faz algum comentário que determina essa indicação. Convém prestar atenção. Desenvolver marcas de personalidade é muito importante para garantir que as pessoas tenham uma imagem única de você. Mas é importante que essas marcas sejam positivas e que não incorporem exageros. Se você tem um amigo que é torcedor do Grêmio, por exemplo, cada vez que você vê o Grêmio jogando, você se lembra dele. Mas se ele é um torcedor fanático, do tipo “doente” pelo clube, que se ofende até com brincadeiras bem-humoradas... com certeza você vai lembrar dele mas não vão ser boas lembranças. Torcer por um time de futebol pode ser uma marca positiva, mas ser fanático e doente pelo time passa a ser uma marca negativa. MARCAS DE CARÁTER As marcas de personalidade, como vimos, são formadas pelos hábitos, pelos costumes e pelas preferências. São coisas que você pode (com vontade e disciplina) incorporar ou eliminar do seu comportamento. Já as marcas de caráter são qualidades intrínsecas de cada pessoa. São coisas mais difíceis de serem incorporadas ou eliminadas. Honestidade, responsabilidade, inveja, ciúmes, generosidade, altruísmo, impetuosidade, perseverança, confiabilidade, e outras coisas assim, são qualidades ou defeitos que uma pessoa tem ou não tem. Há quem diga que as marcas de caráter são defeitos ou virtudes que não podem ser agregados ou descartados. Porém, a consciência da presença dessas marcas já é meio caminho andado. Se forem virtudes, que sejam estimuladas e exploradas ao máximo para que superem os defeitos e determinem as características dominantes do seu caráter. Se forem defeitos, que sejam patrulhados e controlados, para que tenham efeitos apenas residuais. Uma pessoa ciumenta, por exemplo, mas que tenha consciência disso e reconheça que é um defeito, pode esforçar-se em controlar esse sentimento, atenuando suas conseqüências sobre a sua imagem. Ao mesmo tempo, pode maximizar os efeitos de outras virtudes, como a generosidade e a honestidade, por exemplo. O balanço acabará sendo positivo. Conclusão No Marketing Pessoal, assim como em outras modalidades do Marketing, como o Marketing empresarial ou Marketing de serviços, ações isoladas geralmente não funcionam. O bom Marketing é sempre resultado da integração de vários conhecimentos e de várias decisões e atitudes. BIBLIOGRAFIA Padilha, Ênio,– Marketing Pessoal & Imagem Pública / Ênio Padilha – 1a Edição. – Curitiba - PR:1999, 150 p.:il.