concepção de doença mental dos acadêmicos

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INSTITUTO DE DESENVOLVIMENTO
EDUCACIONAL DO ALTO URUGUAI
FACULDADES IDEAU
CONCEPÇÃO DE DOENÇA MENTAL DOS ACADÊMICOS DE
ODONTOLOGIA E ENGENHARIA DE PRODUÇÃO.
CAPELLESSO, Vanilde¹
[email protected];
FERREIRA, Ruberléia¹
[email protected];
MACHADO, Thais Kauane¹
[email protected];
SILVA, Douglas da¹
[email protected]
VITT, Michelle¹
[email protected];
BONINI, Elvis Herrmann²
[email protected]
CALCING, Jordana ²
[email protected];
COSTA, Gisele M. da²
[email protected]
FABIANI, Nadine T. P.²
[email protected];
FLORES, Antoniele C. S. ²
[email protected];
LONGO, Patrícia F. ²
[email protected]
¹ Discentes do Curso de Psicologia, Nível IV 2016/2- Faculdade IDEAU – Getúlio Vargas/RS.
² Docentes do Curso de Psicologia, Nível IV 2016/2 - Faculdade IDEAU – Getúlio Vargas/RS.
RESUMO: O presente artigo tem como objetivo investigar a compreensão, que os acadêmicos de Odontologia e
Engenharia de Produção do quarto semestre da faculdade IDEAU, tem em relação ao tema doença mental. Para
que fosse possível a realização deste objetivo, foram aplicados questionários em ambas as turmas. Durante a
aplicaçao e a analise dos dados foi possível perceber que ainda existem muitos mitos sobre doença mental e que
falar sobre o assunto gera desconforto nas pessoas por se tratar de algo não tao habitual, mas que, tem se tornado
cada vez mais presente, Sendo assim, percebe-se a necessidade de se falar sobre doença mental. Durante o
desenvolvimento do artigo, foi enfatizado as diferentes concepções sobre doença mental ao longo da história, o
artigo relata também a importância da avaliação psicológica para o diagnóstigo e a importância que o meio social
e a terapia em grupo tem na vida das pessoas sendo também uma boa maneira para tratamento de certas doenças.
Palavras-chave: Doença mental, avaliação psicológica, terapia.
ABSTRACT: The present article aims to investigate the understanding that fourth semester academics of
Odontology and Production Engineering of college IDEAU have of the topic of mental illness. To make it
possible to achieve this goal, surveys have been applied to both groups. During the application and data analysis
it has been revealed that there are still several myths about mental illness, and that talking about it creates
discomfort for people because it is something that, while unusual, has become increasingly present. This raises
the question that talking and investigating more and more about mental illness is necessary. During the
development of this article, different conceptions of mental illness throughout history have been emphasized.
The importance of a psychological evaluation for the diagnosis has also been reported, along with the value that
social environments and group therapy have on people's lives as another positive way to treat certain diseases.
Key words: Mental illness, psychological evaluation, therapy.
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1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS
No decorrer deste artigo, abordaram-se questões sobre o tema proposto concepção de
doença mental. Inicialmente buscou-se retomar as diferentes concepções e formas de
abordagem sobre as doenças mentais ao longo da historia, mas primeiramente antes de se falar
em doença mental precisa-se entender o conceito de saúde mental, que segundo a
Organizaçao Mundial da Saude (2001) é um estado de completo bem-estar físico, mental e
social, e não apenas a ausência de doenças, ou seja, a tríade do ser biopsicossocial, que para o
sujeito ser considerado saudável é preciso levar em consideração o seu biológico, psicológico
e vida social.
Tendo como base esta nova concepção de saude, o artigo relata também o surgimento
da psiquiatria, a história dos hospitais psiquiátricos, a criação da metapsicologia por Freud, a
reforma psiquiátrica que faz uma quebra com a visão arcaica de tratamento e diagnóstico que
se tinha para os doentes. O artigo também mostra as novas formas de avaliação e diagnóstico
para doentes mentais.
O conceito de doença mental traz consigo a ideia de patologia, sendo que, tem-se uma
definição bem ampla para os dois termos, onde pensa-se, primeiramente em contextualizar o
que é normal para posteriormente definir o que é anormal e consequentemente patológico,
assim o resultado que é encontrado muitas vezes, é de que muitas pessoas enfatizam a loucura
como doença mental.
No desenvolvimento do artigo, fala-se da avaliação psicológica que é uma importante
ferramenta dos psicólogos para auxiliar no diagnóstico. A partir dos testes psicológicos os
psicólogos, juntamente com uma avaliação, e provavelmente através de um acompanhamento
por um certo tempo, poderão chegar a um diagnóstico de melhor qualidade trazendo para seu
paciente qual o seu problema e qual o tratamento que se deve ter para cada caso.
Este artigo relata a importância que o meio social tem na vida das pessoas e
consequentemente na formação dessas pessoas. A vida é resultado da convivência entre as
pessoas, ninguém vive sozinho, todo mundo precisa ter interações com outras pessoas para
viver, assim enfatizando a teoria de Pichon Rivière (1986), que fala dos grupos operativos e
da importância da terapia grupal para tratamento de certas doenças mentais, entre outros.
Desse modo, o tema principal deste artigo, é descobrir qual o conceito e as percepções
de doença mental, que os acadêmicos dos outros cursos da faculdade IDEAU, tem em relação
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ao tema. Este artigo traz as noções das turmas do quarto semestre de odontologia e engenharia
de produção, onde foi possível constatar questões bem interessantes sobre as percepções das
pessoas.
2 DESENVOLVIMENTO
2.1 A doença mental ao longo da história.
Historicamente a concepção de saúde e de doença mental foi sendo modificada a
medida em que a medicina e a psiquiatria evoluíam. A obra História da Loucura na Idade
Clássica, do filosofo francês Michel Foucault, retrata como era a percepção social da loucura
antes do século XVII, o autor faz uma compreensão própria através das artes, literatura e dos
costumes da época. (FOUCALT, 2000).
Ainda Foucault (2000) questionava-se sobre a produção de loucura que se fazia, com o
tempo passou a ser tratada como alienação mental e posteriormente como doença mental, e
também o poder psiquiátrico da época que, havia criado uma norma de comportamento
padrão, onde as pessoas eram consideradas “normais” e quem se desviasse de algum modo
deste modelo era enquadrado como “anormal” e levado para instituições que pudessem
corrigi-los.
No início do século XVIII o pensamento médico em relação à doença mental e a
internação de pacientes, ainda não existia a conscientização de que os internos eram doentes.
Foi nos anos de 1800 que Pinel publica seu Tratado Médico-Filosófico sobre a Alienação
Mental, obra que revoluciona radicalmente a visão da loucura e inaugura uma nova
especialidade médica, que mais tarde viria a ser a psiquiatria. (PINEL, 2005).
Segundo Birman (2014) quando Freud começou a tratar pacientes com doenças
mentais, a psiquiatria ainda estava em seu início. A histeria reunia um conjunto de questões
importantes, desestabilizando o discurso clinico da época com uma problemática inteiramente
nova, evidenciando impasses, estabelecidos nele. Não era possível identificar nada de
diferente na anatomia do corpo de um histérico que explicasse as causas da doença.
Então a histeria seria, segundo Kahhale (2011) uma série de pessoas que apresentavam
sintomas corporais como dores, paralisias e convulsões, que não respeitavam as formas de
funcionamento anatômicas e fisiológicas do corpo. O que gerava um desconforto ao
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conhecimento que a medicina havia definido. Consequentemente, o discurso da medicina
passou a presumir que as histéricas estavam mentindo, simulando doenças inexistentes.
Freud em meio a outros teóricos importantes com quem trabalhou, acreditava no
sofrimento dessas mulheres e procurava o motivo que as levasse a ele. Em um contexto
histórico-político sempre existiram suas tentativas de decompor o sofrimento psíquico para
que pudessem ser compreendidos e tratados, Freud fundou sua própria teoria chamada
metapsicologia, com o intuito de investigar os motivos no inconsciente para os sintomas e as
manifestações patológicas do paciente. (FREUD, 1976).
Freud considerava que só a descrição dos fatos não é suficiente para explicar como
acontecem os fenômenos psíquicos. Assim em 1896, Freud usou o termo metapsicologia, para
ressaltar a criação da psicanálise como teoria, diferenciando-a da psicologia clássica, a
metapsicologia pretendia ir além dos campos da consciência, reconhecendo a existência do
inconsciente, acreditando que o aparelho psíquico se fundaria nele. Desse modo elaborando
uma nova formulação do aparelho psíquico dividido em instâncias, com funcionalidades
diferentes. (BIRMAN, 2014).
Freud (1976) descobriu que as resistências e defesas são mecanismos psíquicos que
impedem que as representações patológicas cheguem ao consciente. Se a emoção não
eliminada ultrapassa os limites que o paciente pode tolerar, a energia psíquica se converte em
energia somática e dá lugar a um sintoma histérico, ou seja, ocorre o mecanismo de
conversão. No caso das neuroses, e em particular a histeria, o traumatismo originário está
sempre ligado a experiências vividas na primeira infância, anteriores a puberdade.
No Brasil, os loucos só passaram a representar um problema para a medicina e para o
Estado brasileiro a partir da primeira metade do século XIX. As primeiras instituições
próprias para o tratamento e a exclusão social do louco surgiram a partir da segunda metade
do século XIX. (CUNHA, 1986).
O contexto econômico-social que se encontrava o país, a precariedade dos hospitais
psiquiátricos e também as mudanças ocorridas em todo o mundo como: a psicoterapia
institucional de François Tosquelles, a comunidade terapêutica de Maxwel Jones, e a
mudança de foco de doença para saúde mental proposta pela psiquiatria francesa foram
grandes fontes de inspiração para a reforma psiquiátrica brasileira. (YASUI, 2011).
Mais precisamente na década de 1970, em função da alta medicalização que era
basicamente a única forma de tratamento, as condições desumanas em que os pacientes eram
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submetidos e o elevado número de internações, neste mesmo período a saúde pública passava
por uma grande crise. A partir deste conjunto de elementos que a reforma psiquiátrica no
Brasil começa a tomar forma. (SÁNCHEZ,1999).
Para Lustoza (2015), não é possível chegar a uma definição de patologia baseado em
um critério quantitativo, sendo necessário o juízo de valor que o sujeito faz de sua doença, se
lhe causa algum sofrimento psíquico ou impedimento no exercício de sua vida normal. O
patológico então, não é definido pela comparação de um sujeito aos demais sujeitos, e sim,
com a comparação a ele mesmo.
A ideia de que se conhece melhor o sujeito baseado em um diagnóstico, se mostra um
tanto quanto ilusória, pois se sabe que independente da linha de tratamento, é de extrema
importância uma investigação mais ampla do indivíduo como um todo. O analista deve estar
atento e focar sua atenção no método de comunicação do paciente, evitando ao máximo de
simplesmente diagnosticar, classificar e rotular o indivíduo pertencente a um grupo com uma
psicopatologia. (IRIBARRY, 2003).
Além da concepção, o diagnóstico e o tratamento de doentes mentais também
passaram por mudanças ao longo dos anos, segundo Costa Pereira (1998) o surgimento do
DSM IV (Manual de Diagnóstico e Estatística da Associação Psiquiátrica Americana) e o
igualmente reputado CID-1O (Classificação Internacional de Doenças) trouxe uma
nomenclatura única que forneceu uma linguagem em comum para pesquisadores e clínicos,
capaz de classificar os transtornos mentais.
Atualmente segundo Dalgalarrondo (2008) o diagnóstico psicopatológico se baseia em
dados clínicos, e evolutivos como anamnese, história dos sintomas e evolução do transtorno.
É essa totalidade clínica que, detectada, avaliada e interpretada, conduz ao diagnóstico. O
diagnóstico psicopatológico é, inúmeras vezes, possível com a observação do curso da
doença. Dessa forma, o padrão evolutivo de determinado quadro clínico obriga o
psicopatólogo a repensar e refazer continuamente o seu diagnóstico.
2.2 Avaliação e diagnóstico.
A avaliação psicológica é uma atividade desenvolvida pelo profissional psicólogo,
onde o mesmo utiliza seus métodos, técnicas e instrumentos para que se realize
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adequadamente o processo técnico-cientifico de coleta de dados, estudo e interpretação em
relação ao sujeito em questão. (VERONA,2012).
Segundo Noronha (2013) a avaliação psicológica é compreendida como um amplo
processo de investigação, no qual se conhece o avaliado e sua demanda, com o intuito de
possibilitar a tomada de decisão mais apropriada do psicólogo. Mais especificamente a
avaliação psicológica refere-se a coleta e interpretação de dados, obtidos por meio de um
conjunto de procedimentos confiáveis, entendidos como aqueles reconhecidos pela ciência
psicológica.
Tendo como base os aspectos técnicos e teóricos o psicólogo deve fazer a escolha dos
instrumentos de avaliação, considerando o contexto no qual a avaliação psicológica se insere,
os propósitos da mesma, o que pretende-se investigar, a adequação das características dos
instrumentos (ou seja, se esta ferramenta é a mais indicada aos indivíduos avaliados) e as
condições técnicas, metodológicas e operacionais do instrumento. (NORONHA, 2013).
Ainda Noronha (2013) afirma que a avaliação psicológica tem como finalidade
subsidiar os trabalhos do psicólogo nos diferentes campos de atuação profissional. Pode-se
aplicar na psicologia clínica, psicologia hospitalar, psicologia escolar e educacional,
neuropsicológica, psicologia do trabalho e organizacional, psicologia social/comunitária, do
transito e orientação vocacional.
O processo de avaliação psicológica, segundo Verona (2012) consiste em vários
fatores que envolve o indivíduo levando em consideração as determinações históricas, sociais,
econômicas e políticas do ambiente em que vive. As técnicas utilizadas pelo psicólogo
abrangem as entrevistas, os testes psicológicos, observações, dinâmicas de grupo, escuta,
intervenções, assim percebe-se que a avaliação psicológica é resultado de um conjunto de
técnicas e instrumentos, para ter maior fidedignidade.
A testagem e a avaliação psicológica se diferem entre si, a testagem psicológica tem
como fonte todos os testes psicológicos, já avaliação psicológica é um processo mais amplo
que envolve informações, de diversas fontes. Como visto anteriormente os testes são um dos
instrumentos utilizados pelo psicólogo, um procedimento de avaliação, onde se obtém
informações da pessoa avaliada através de instrumentos científicos de coleta de dados,
buscando mapear comportamentos, perfis, capacidades, competências e também avaliar a
saúde mental. (HOGAN, 2006).
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Segundo Noronha (2013) o profissional psicólogo deve atuar segundo as orientações
do código de ética, respeitando as seguintes regras para a avaliação psicológica:
 Deve atuar com responsabilidade, com continuo aprimoramento profissional,
contribuindo para o desenvolvimento da psicologia cientifica;
 Pode usar somente testes psicológicos com parecer favorável do CFP (resolução CFP
n° 002/2003);
 Utilizar instrumentos de avaliação psicológica para as quais estejam qualificados;
 Realizar avaliação em ambiente qualificado, para assegurar a qualidade e o sigilo de
informações;
 Guardar os documentos de avaliação em locais seguros e de acesso controlado por 5
anos;
 Disponibilizar as informações da avaliação psicológica apenas a quem tem direito;
 Proteger os testes, não comercializando, divulgando-os ou ensinando `a quem não é
psicólogo.
2.3 A terapia em grupo como alternativa de tratamento.
O ser humano passa boa parte de sua vida inserido em grupos sejam eles: família,
amigos, escola, trabalho. Tendo isto em mente, por volta de 1930 e 1940 o psicólogo alemão
Kurt Lewin criou as dinâmicas de grupo direcionando seus estudos para o campo grupal. Seus
estudos e pesquisas fugiam do contexto terapêutico, embora tivesse influenciado o trabalho de
muitos grupos terapeutas, a partir disto que se constituiu esta nova área da Psicologia,
denominada Psicologia grupal. (ROSA, 2015).
Segundo Oliveira (1995), a história de vida de um homem se dá ao fato de pertencer a
inúmeros grupos sociais. É através destes grupos que características sociais fazem efeito sobre
o ser humano, o primeiro grupo é a família onde se aprende a língua da nação, através deste
aprendizado é que será possível o ingresso a outros grupos sociais.
O estudo dos processos grupais atingiu uma grande importância, alguns autores
consideram uma área autossuficiente da psicologia. Processos grupais é uma rede de relações
equilibradas de poder entre os membros do grupo ou pela presença de um líder que detém as
obrigações e normas para a vida do grupo. (OLIVEIRA,1995).
O grupo operativo é constituído de pessoas que se unem com um mesmo objetivo,
para Pichon Rivière (1986) é um grupo de pessoas centradas nas mesmas tarefas que tem
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como propósito aprender a pensar em termos para resolver as dificuldades expostas no grupo.
Este estudo está voltado para o homem como um ser social, que convive com vários grupos.
Vê o homem como um ser que tem necessidades, que são internas, que estimulam ações
diante do mundo externo.
O grupo terapêutico faz parte do grupo operativo, tendo como objetivo o tratamento
dos participantes do grupo e também pela presença do terapeuta que é preciso para a execução
do tratamento, possibilitando a relação entre os integrantes do grupo. A Terapia Ocupacional
é marcada pelo envolvimento conjunto dos pacientes nas atividades produtivas e criativas
elaboradas pelo terapeuta com objetivos terapêutico específicos.
As dinâmicas de grupo estão operantes à teoria de campo aplicada a psicologia social.
Kurt Lewin se deteve neste campo de estudo e acabou por motivar outros pesquisadores
trazendo recursos financeiros para esta área. Para Lewin (1988), um grupo não é apenas a
soma de seus membros e sim a totalidade, tendo seus objetivos específicos, caracterizará o
grupo como sendo um todo dinâmico, sendo assim, qualquer mudança favorece mudança em
todos os membros do grupo.
Segundo Havila (2003) Freud também deu uma boa atribuição para este estudo, afinal,
ele sempre tentou provar aos críticos que a terapia não se resume apenas aos conflitos
individuais e que também está voltada para os outros, pois um eu não se constrói sozinho ele é
fruto de relações com outros.
Desde então atividades em grupo vem sendo utilizadas na assistência de saúde mental,
com o objetivo de desenvolver um sentimento de pertencimento a um grupo. Nos Centros de
Atenção Psicossocial (CAPS) essas atividades são aplicadas em grupos e oficinas, que são
denominadas como principal recurso terapêutico, visando as habilidades comunicacionais,
relacionais, e contratuais para preparar o paciente para exercer a cidadania. (ANDRADE,
2014).
2.4 Metodologia.
O presente artigo tem como tema a concepção de doença mental por acadêmicos do
quarto semestre dos cursos de engenharia de produção e odontologia da faculdade IDEAU,
onde buscou-se entender qual é a compreensão desses acadêmicos sobre doença mental e
saber qual é o posicionamento dos mesmos em relação a pessoas acometidas por estas
doenças.
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Este artigo teve seu início em agosto de 2016 tendo como autores os acadêmicos do
quarto semestre do curso de psicologia da faculdade IDEAU. Primeiramente a pesquisa se deu
através de um embasamento teórico explicando a história da doença mental e como se dava o
seu tratamento no século passado, em seguida parte-se para a pesquisa de campo.
Após ser finalizada a pesquisa bibliográfica, os acadêmicos de psicologia, passaram a
utilizar os recursos técnicos para o desenvolvimento do artigo, de um questionário composto
de perguntas para investigar o que os acadêmicos sabiam sobre doença mental, este
questionário foi aplicado nas turmas do quarto semestre de engenharia de produção e
odontologia as turmas foram escolhidas por sistema de sorteio juntamente com uma
professora do curso de psicologia.
A pesquisa foi relizada com os cursos de Odontologia e Engenharia de Produção,
aplicando um questionário com o intuito de descobrir a concepção dos acadêmicos sobre
doença mental. Para auxilia-los, antes da entrega do questionário foi realizado um rapport de
apresentação para que esclarecessem suas possíveis duvidas e responder sem maiores receios.
Segundo Marconi e Lakatos (2011), este artigo trata-se de uma pesquisa de ordem
qualitativa, pois envolve um embasamento teórico como subsidio para posteriormente ocorrer
uma pesquisa de campo, e a partir disso, obtém-se uma coleta de dados específicos, em
relação ao tema proposto pelo artigo.
No entanto na análise da pesquisa sobre doença mental, utilizou-se os métodos
comparativo e estatístico, devido ao fato de que os acadêmicos buscam mostrar a visão de
cada uma das turmas e também é possível compreender a definição e o pensamento de cada
grupo acerca do tema, ou seja, utilizou também o método quantitativo. (MARCONI,
LAKATOS, 2011).
3 RESULTADOS E ANÁLISE.
Dentre as turmas foi avaliado que 54% eram do sexo masculino e 46% do sexo
feminino, sendo que, do total, 59% dos acadêmicos tinham entre 17 a 22 anos, 19% tinham de
22 a 27 anos, 12% de 27 a 32 anos e 8% acima de 32 anos. Em seguida os acadêmicos
responderam o restante do questionário, que resultaram nas seguintes respostas:
O que você entende por doença mental? 36% dos acadêmicos acreditam que se trata de
distúrbios psicológicos, 17% acreditam que doenças mentais são alterações genéticas, 23%
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dos acadêmicos citaram algumas características, que eles acreditam que doentes mentais
possuem como: esquecimentos, dificuldade de aprendizagem, agressividade e entre outros,
23% dos acadêmicos não souberam responder a pergunta.
Quais são as doenças mentais que você conhece? 17% dos acadêmicos citaram a
depressão como a doença mental mais conhecida, 12% citaram o transtorno bipolar, 17%
citaram a esquizofrenia como a doença que mais conhecem, 27% dos acadêmicos citaram
outras doenças que não são consideradas doenças mentais como: Mal de Alzheimer, Mal de
Parkinson, Síndrome de down entre outras, 25% dos acadêmicos não souberam responder.
É possível perceber através destas respostas que, ainda nos dias de hoje, as pessoas não
sabem exatamente o que é doença mental, 27% dos acadêmicos não souberam distinguir
doenças mentais de doenças degenerativas, é perceptível o quanto se fala pouco sobre o
assunto, e como as pessoas generalizam comportamentos como a agressividade ou a
dificuldade de aprendizagem por exemplo, elas foram citadas nas respostas mas não são
características presentes em todos transtornos mentais.
Você conhece alguém com alguma doença mental? 54% dos acadêmicos conhecem
alguém com alguma doença mental e 46% dos acadêmicos não conhecem.
Você acha que pessoas com doenças mentas podem trabalhar? Por que? 30% acreditam
que sim por que todas as pessoas possuem os mesmos direitos, 14% dos acadêmicos
consideram que os doentes mentais só podem trabalhar em funções que sejam compatíveis
com sua capacidade intelectual e motora, 21% acreditam que doentes mentais não podem
trabalhar pois podem colocar suas vidas ou de outras pessoas em risco, 35% afirmam que
dependendo da doença podem trabalhar.
Ao longo do artigo foram abordadas as diferentes transições pelas quais a doença
mental passou, e apartir da analise destas respostas percebeu-se que, ainda atualmente mesmo
com a mudança da visão medica e psicológica sobre doenças mentais, as pessoas não estão
habituadas e tão pouco conhecem mais profundamente o que abrange os distúrbios mentais,
considerando o fato de que 46% dos pesquisados não conhecem ninguem com doenças
mentais, quando colocado o tema em discussão os acadêmicos se mostraram confusos com
quais atividades pessoas acometidas por doenças mentais podem exercer e se mostraram, até
mesmo inseguros citando que estas pessoas podem oferecer risco.
A partir dos resultados dos questionários foi possível perceber como ainda falar sobre
doença mental gera desconforto nas pessoas. Segundo a Organização Mundial da Saúde 10%
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da população global sofre hoje de algum distúrbio de saúde mental, esse aumento
significativo de pessoas suscetíveis a doenças mentais exige uma discussão e uma busca
maior por conhecimento sobre o assunto. (OMS, 2014)
É papel do psicologo enquanto profissional da saúde, promover a conscientização das
pessoas de que existe tratamento para doença mental, de que as doenças mentais estão cada
vez mais presentes no cotidiano das pessoas e não é algo que aconteça aleatoriamente. Além
da predisposição genética, existem também outros fatores contribuintes para o surgimento
destas doenças, todas as pessoas estão sucetiveis a elas. Quanto mais se falar sobre o assunto,
e mais duvidas forem esclarecidas menos preconceito irá existir e mais fácil sera a inclusão
destas pessoas na sociedade.
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS.
O artigo apresentou a visão dos acadêmicos do nível IV do curso de psicologia durante
o segundo semestre de 2016, em conjunto com os demais professores. O objetivo proposto foi
investigar a compreensão dos acadêmicos de Odontologia e Engenharia de Produção do
quarto nível de graduação da Faculdade IDEAU sobre doença mental.
Com o intuito de descobrir o entendimento dos acadêmicos sobre doença mental, foi
aplicado um questionário instigando os acadêmicos a pensarem e falarem a respeito do
assunto. Durante a aplicação foi possível perceber o desconforto maior na turma de
Odontologia questionando de o porquê o questionário todo não ser apenas com perguntas
fechadas pois ficaria mais fácil para responde-lo, apesar de se sentirem um pouco receosos a
grande maioria colaborou com a pesquisa respondendo todas as perguntas. A aplicação do
questionário na turma de Engenharia de Produção foi possível percebe-los mais tranquilos e
participativos.
A odontologia, um dos cursos pesquisados, atua na área da saúde e sua formação lhes
dá o direito para prescrever medicamentos inclusive de uso controlado, seria de grande valia
que buscassem informações sobre doenças mentais, já que em suas práticas profissionais
podem se deparar com pessoas com algum distúrbio mental. Saber como agir mediante a um
possível surto de seu paciente, quais medicamentos seriam recomendáveis prescrever para
estes pacientes, conhecer os efeitos que a medicação poderá causar, como se dará o manejo
com os pacientes com distúrbios mentais.
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O curso de engenharia de produção, atua em áreas opostas à da saúde mas no mercado
de trabalho irão atuar como líderes de equipe, e cada vez mais a inclusão de pessoas com
deficiências físicas e intelectuais nas empresas, seria importante que estes lideres estivessem
preparados para esta inclusão, para resolver possíveis conflitos, ter alguma noção sobre o
assunto lhes permitirá saber como agir em situações que o funcionário possa apresentar
alguma agitação ou desconforto causadas pela doença, quais atividades o funcionário estará
apto para realizar sem que isso desmereça suas capacidades e represente uma exclusão com o
restante da equipe.
Analisando os dados coletados percebeu-se o quanto as pessoas não estão habituadas a
falar sobre distúrbios mentais, ainda há resistência em admitir que essas doenças estão cada
vez mais presentes tanto quanto as doenças físicas, 27% dos acadêmicos pesquisados
confundem doenças degenerativas e neurológicas com distúrbios mentais, grande parte das
pessoas não tem o conhecimento do que é doença mental, quais são as limitações de uma
pessoa com algum distúrbio deste gênero, aparentemente este tipo de questionamento só afeta
as famílias das pessoas doentes, mas isso tem que passar a ser uma preocupação social.
Ainda há muito a ser feito em relação ao assunto, precisa existir uma desmistificação,
algumas respostas analisadas vieram com um caráter preconceituoso mas por falta de
conhecimento sobre o tema, as pessoas ainda enxergam o doente mental como perigoso e que
deve estar recluso, a alta medicalização como tratamento, a sociedade como um todo precisa
parar de vê-los só a partir do diagnóstico e passar a vê-los como seres humanos que tem
direitos. Hoje existem formas de tratamento muito mais eficazes do que se existia no século
anterior, não é necessário varre-los do convívio social, há espaço para eles perto de seus
familiares, no trabalho, para se constituírem enquanto sujeito. A vida dessas pessoa pode em
virtude de sua doença ser limitada, mas isso não significa deixar de viver.
REFERÊNCIAS
ANDRADE, Mario. O encontro de loucura com o trabalho, 2014.
BIRMANN, Joel. As pulsões e seus destinos: do corporal ao psíquico. 2.ed. Rio de Janeiro:
Civilização Brasileira, 2014.
COSTA PEREIRA, M. (1998). Formulando uma psicopatologia Fundamental. Revista
Latino-americana de Psicopatologia Fundamental, 1(1), 60-76.
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