da teoria à prática

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INSTITUTO DE DESENVOLVIMENTO
EDUCACIONAL DO ALTO URUGUAI
FACULDADES IDEAU
CONCEPÇÃO DE DOENÇA MENTAL POR ACADÊMICOS DA
FACULDADE IDEAU – DA TEORIA À PRÁTICA
BONINI, Elvis H.²
e-mail: [email protected];
CALCING, Jordana.²
e-mail: [email protected];
COSTA, Gisele M. T. Da ²
e-mail: [email protected];
FABIANI, Nadine T. P.²
e-mail: [email protected]
REDANTE, Tatiane M.¹
e-mail: [email protected];
VIEIRA, Vanessa P.¹
e-mail: [email protected];
¹ Discentes do Curso de Psicologia, Nível V 2016/1- Faculdade IDEAU – Getúlio Vargas/RS.
² Docentes do Curso de Psicologia, Nível V 2016/1 - Faculdade IDEAU – Getúlio Vargas/RS.
RESUMO: Este artigo é resultado de um trabalho elaborado pelo curso de Psicologia da Faculdade IDEAU,
cujo objetivo foi utilizar os resultados de um questionário aplicado na turma de Odontologia nível IV, no ano de
2015, sobre a concepção de Doença Mental e então fazer uma devolução quanto aos dados obtidos visando
proporcionar para estes acadêmicos, um melhor entendimento sobre doença mental, em especial a Depressão.
Após a tabulação dos dados obtidos no questionário, foi possível verificar que os acadêmicos possuem um
conhecimento superficial sobre o que é doença mental. A partir disto, as acadêmicas de Psicologia, realizaram
uma intervenção com os acadêmicos de Odontologia nível V da Faculdade IDEAU, expondo os resultados
obtidos no questionário e também discorrendo sobre o transtorno depressivo. Na ocasião também foi apresentado
um vídeo sobre o assunto, o qual deixou ainda mais claro questões sobre a depressão. Embora já tenha evoluído
muito a concepção de doença mental ainda é carregada de preconceito e senso comum. As doenças mentais
devem ser encaradas do mesmo modo como se olha para as doenças físicas.
Palavras-chave: Depressão, doença mental, psicopatologias
ABSTRACT: This article is the result of a study case prepared for the course of Psychology of IDEAU Faculty,
whose aim, was to use the results of the questionnaire applied in odontology students of 5 th level at last semester
and after obtaining the results, search, and provide for these students a better understanding of mental illness,
particularly depression. After tabulating the data collected in the questionnaire, we found out that these students
have a superficial knowledge about what is mental illness, or no knowledge at all. From this, psychology
students conducted an intervention with the odontology students, exposing and explaining the results obtained in
the previous questionnaire, and also spoke about depressive disorder, clarifying about the issue to these students.
It was also presented at the occasion a video about the subject, which made even clearer questions about
depression. Although the concept of mental disease has already advanced, it is still loaded with prejudice and
common sense. Mental illness should be seen in the same way as you look at the physical illness.
Keywords: Depression, mental illness, psychopathologies.
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1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS
Desde que as pessoas se reconhecem enquanto pessoas, existe a percepção de
comportamento normal, padrão e comportamento desviante. Em diferentes momentos da
história, esses comportamentos desviantes receberam vários nomes e classificações.
Com
a influência do cristianismo na cultura ocidental,
esses
mesmos
comportamentos passaram a ser vistos como sendo negativos e influenciados por demônios. A
depressão, por exemplo, dizia-se que era influenciada pelo demônio do meio-dia. Como a
Igreja tinha bastante influência na sociedade, essas pessoas eram abandonadas por estarem
possuídas ou levadas a igrejas para serem exorcizadas (CARDOSO, 2008).
Com o tempo e o avanço da medicina, começou-se a perceber que esses “loucos” não
possuíam só comportamento desviante, mas apresentavam sintomas claros que se repetiam em
várias pessoas. Agora, ao invés de trancados em cadeias com criminosos comuns, eles eram
trancados em asilos e manicômios para serem estudados e tratados. Neste momento, passou-se
a reconhecer a loucura como doença mental (CARDOSO, 2008).
A doença mental é com frequência relacionada com o mendigo que deambula pelas
ruas, que fala sozinho, com a mulher que aparece na TV dizendo ter 16 personalidades e com
o homicida “louco” que aparece nos filmes. Palavras como “maluco”, “esquizofrênico”,
“psicopata”, e “maníaco”, são vulgarmente utilizadas na linguagem do dia a dia. O estigma
relacionado com a doença mental provém do medo do desconhecido, de um conjunto de falsas
crenças que origina a falta de conhecimento e compreensão (GONÇALVES, 2001).
Embora já tenha evoluído muito a concepção de doença mental, esta ainda é carregada
de preconceito e senso comum. As doenças mentais devem ser encaradas do mesmo modo
como se olha para as doenças físicas. Tal como o diabetes e as doenças de coração, sabe-se
que muitas doenças mentais têm causas definidas, requerendo cuidados e tratamento. Quando
os cuidados e o tratamento são prestados, é de esperar uma melhoria ou recuperação,
permitindo às pessoas regressarem à comunidade e retomarem vidas normais. Infelizmente, os
preconceitos impedem que as pessoas, uma vez recuperadas das doenças mentais, consigam
dar os passos para reingressar na vida vocacional, familiar e social, com total plenitude. Este
obstáculo, vem bloquear os esforços que permitiriam que as suas vidas seguissem cursos tão
normais e produtivos quanto possível (GONÇALVES, 2001).
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2 DESENVOLVIMENTO
Para que se possa compreender a doença mental, é necessário considerar o bem-estar
subjetivo, a auto-eficácia percebida, a autonomia, a competência, a dependência
intergeracional e a auto-realização do potencial intelectual e emocional da pessoa. É consenso
entre os profissionais da saúde que a saúde mental é algo que vai além da ausência de
perturbações mentais, uma vez que o funcionamento mental tem uma base fisiológica e está
indissociavelmente ligado ao funcionamento físico e social de um sujeito (Organização
Mundial da Saúde - OMS, 2001).
De acordo com a OMS (2001) as perturbações mentais e comportamentais podem ser
definidas como uma série de perturbações onde os sintomas são variáveis, e tais
comportamentos caracterizam-se, geralmente, por uma combinação de ideias, emoções,
comportamentos e relacionamentos anormais com outras pessoas. O Transtorno Mental está
diretamente relacionado a fatores que se estendem do nascimento por toda a vida. Os genes e
o meio ambiente estão envolvidos numa série de complexas interações, e são cruciais para o
desenvolvimento e a evolução das perturbações mentais e comportamentais (OMS, 2005).
A saúde mental, a saúde física e a social são fios da vida estreitamente entrelaçados e
profundamente interdependentes. À medida que as pessoas compreendem a relevância desse
relacionamento, torna-se cada vez mais evidente a importância da saúde mental para o bemestar geral dos indivíduos, das sociedades e dos países (GUERRA, 2005).
2.1 Doenças Mentais no estudo das Psicopatologias
Psicopatologia é uma área do conhecimento que objetiva estudar os estados psíquicos
relacionados ao sofrimento mental. É a área de estudos que está na base da psiquiatria, cujo
enfoque é clínico. É um campo do saber, um conjunto de discursos com variados objetos,
métodos, questões: por um lado, encontram-se em suas bases as disciplinas biológicas e as
neurociências, e por outro se constitui com inúmeros saberes oriundos da psicanálise,
psicologia, antropologia, sociologia, filosofia, linguística e história (CECCARELLI, 2005).
A psicopatologia enquanto estudo dos transtornos mentais é referida como
psicopatologia geral. É uma visão descritiva dos comportamentos que se desviam do que é o
meio-termo, a média, isto é, do que é esperado pela racionalidade.
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O primeiro elemento a ser considerado na hora de compreender um individuo com
doença mental é o fato das doenças mentais ou psíquicas serem efetivamente doenças e o
comportamento disfuncional pode ser mais doloroso para o próprio sujeito do que para os
outros (CECCARELLI, 2005).
Deve-se também reconhecer que um comportamento problemático, sem uma causa
aparente pode ser o resultado de uma doença emocional e não uma falha de caráter. Há
período de tempo, podem indicar que uma pessoa tem uma perturbação emocional. Há muitos
tipos diferentes de doenças mentais. Tais como:
 Stress:
Trata-se
da
tensão
provocada
por
situações
arrebatadoras,
as
quais criam reações psicossomáticas ou transtornos psicológicos. O stress é uma
tensão física ou psicológica fora do habitual, que provoca um estado ansioso no
organismo.
 Esquizofrenia: A esquizofrenia é um distúrbio psíquico que afeta a consciência do
próprio eu, as relações afetivas, a percepção e o pensamento. É a psicose
endógena mais freqüente.
 Transtorno Obsessivo – Compulsivo: TOC (Transtorno Obsessivo Compulsivo) é
um distúrbio psiquiátrico designado por um transtorno gerado por pensamentos
compulsivos
que
geram ansiedade causando
um desconforto ou sofrimento no
indivíduo. Normalmente é designado como TOC a compulsão
por higiene;
simetria; perfeccionismo; "manias" ou “rituais”.
 Transtorno Bipolar: O transtorno bipolar é um problema em que as pessoas alternam
entre períodos de muito bom humor e períodos de irritação ou depressão. As chamadas
"oscilações de humor" entre a mania e a depressão podem ser muito rápidas e podem
ocorrer com muita ou pouca frequência.
 TDAH: O Transtorno de Déficit de Atenção com Hiperatividade é um transtorno
neurobiológico, de causas genéticas, que aparece na infância e frequentemente
acompanha o individuo por toda a sua vida. Ele se caracteriza por sintomas de
desatenção, inquietude e impulsividade.
 Depressão: Trata-se de um distúrbio emocional podendo traduzir-se num estado de
abatimento e infelicidade, o qual pode ser transitório ou permanente. Para a medicina e
a psicologia, a depressão é uma síndrome ou um conjunto de sintomas que afetam
principalmente a área afetiva/emocional de uma pessoa (CARDOSO, 2008).
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Podemos citar a depressão como uma das psicopatologias mais freqüentes nos dias de
hoje, tanto que tem sido um dos temas mais debatidos na área da saúde atualmente. Tendo em
vista estes dados discorreremos mais sobre esta (CARDOSO, 2008).
2.2 Depressão
A depressão é uma condição médica comum, crônica e recorrente que está
freqüentemente associada a incapacitação funcional e comprometimento da saúde física. Os
pacientes deprimidos apresentam limitação da sua atividade e bem-estar além de uma maior
utilização de serviços de saúde. Apesar de ser classificada como doença, o termo “depressão”
tem sido empregado de maneira errônea para designar um estado afetivo normal (a tristeza),
quanto um sintoma ou uma síndrome (CID – 10, 2012).
Hoje em dia, os termos depressão e melancolia se confundem e é possível encontrar as
mais variadas opiniões acerca destes, muitas vezes ligados á tristeza, ao luto ou ao pesar.
Apesar da extensa e diversificada literatura atualmente disponível sobre a depressão, existe
muita critica á utilização da entidade nosografica depressão, por parte de alguns psicanalistas,
por ser esta pura e simplesmente combustível para uma economia de mercado, de acordo com
a qual quanto mais doenças se criam mais remédios para elas serão descobertos e vendido
(FREUD, 1996).
As variações do olhar clinico e social sobre esses estados psiquicos não só obedecem
as influencias historicas e culturais de cada comunidade humana , mas estão também sujeitas
as particularidades observaveis em cada época. Além disso é importante destacar que o
diagnostico, a doença, seu nome e seu uso são relativos à cultura que se esta inserido
(CECCARELLI, 2005).
Contudo, podemos dizer que a principal diferença da tristeza em relação a depressão é
o tempo de duração: a tristeza costuma ter períodos curtos, enquanto a depressão, por se
tratar de uma doença, é uma condição mais demorada que reflete durante um longo tempo na
qualidade de vida do indíviduo, de acordo com o DSM V.
A depressão, não é resultado de uma só causa, mas sim de várias associadas umas as
outras, sendo que estudos apontam para causas genéticas, ambientais e biológicas. O
diagnóstico da depressão é feito através da análise dos sintomas do paciente, sendo o humor
deprimido e a perda de interesse os principais (CARDOSO, 2008).
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Na maioria dos casos, o diagnóstico é clínico. Embora possa ser ocasionada por
múltiplos fatores, a depressão costuma surgir com sinais de estresse e certos sentimentos (uma
desilusão amorosa, a vivência de um acidente ou de uma tragédia, etc.).
Uma elaboração inadequada do luto pela morte de um ente querido ou o consumo de
determinadas substâncias (como o álcool ou outras substâncias tóxicas) também podem
resultar em depressão. Para além da incapacidade laboral e de concentração, a depressão pode
ter outras importantes consequências sociais e pessoais. Nos casos mais extremos, pode
nomeadamente levar ao suicídio (FREUD, 1996).
O tratamento antidepressivo deve abranger toda biopsicoesfera do paciente,
envolvendo: intervenções psicoterápicas, as quais podem ser de diferentes formatos, como
psicoterapia de apoio, psicodinâmica breve, terapia interpessoal, comportamental, cognitiva
comportamental de grupo, de casais e de família; mudanças no estilo de vida: deverão ser
debatidas com cada paciente, objetivando uma melhor qualidade de vida (CARDOSO, 2008).
A terapia cognitivo-comportamental pode ser aplicada como tratamento de pacientes
depressivos, de forma grupal, visando maior interação social, mudança de comportamento e
oportunidade de melhor compreensão e empatia entre os membros do grupo (CHENIAUX,
2013).
Na psicoterapia com pacientes depressivos, pode-se utilizar várias técnicas. A
psicoterapia breve tem apresentado resultados satisfatórios se bem orientados por profissional
experiente. Consiste numa técnica muito utilizada por ser dinâmica e de tempo limitado.
Contém elementos de psicoterapias de apoio, psicoterapia reeducativa (terapia cognitiva) e
psicoterapia reconstrutiva (psicanálise) (FIGUEIREDO, 2004).
A terapia de grupo pode auxiliar o paciente deprimido uma vez que consiste em um
tipo de terapia em que o paciente encontra espaço para falar de suas experiências, angústias e
perdas, buscando acolhimento e proteção (FIGUEIREDO, 2004).
O psicológo e o psiquiatra são os profissionais envolvidos no tratamento da depressão
e devem atuar em conjunto para a melhora efetiva do quadro clínico da depressão. A
depressão é uma doença séria e não deve ser minimizada. A compreensão dos familiares é
essencial para o tratamento do indivíduo e a não evolução da doença (CARDOSO, 2008).
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2.2.1 A depressão na visão psicanalitica
A depressão envolve um grupo heterogêneo de situações, sendo que algumas se
apresentam como de difícil tratamento. A psicoterapia psicanalítica e suas formulações
teóricas têm sido muito úteis na compreensão e no tratamento desta patologia (FIGUEIREDO,
2004).
Devemos salientar aqui, então, que quando falamos em depressão, para psicanálise,
estamos falando em melancolia.
A melancolia é um estado de tristeza que está ligada à depressão profunda.
Diferentemente do luto, a melancolia está intimamente ligada com o sentimento de
impotência, de inutilidade. O mesmo ocorre na depressão. As pessoas deprimidas sentem um
sentimento de inutilidade ou culpa excessiva ou inadequada (SIQUEIRA, 2006).
Algumas pessoas têm mais dificuldades em lidar com as perdas do que outras. O luto é
um processo natural e necessário. Quando ele não ocorre, a pessoa entra em um processo de
melancolia. Se no luto a pessoa tem como motivo para a tristeza a perda de um objeto, na
melancolia o objeto é a própria pessoa. Ela não consegue superar alguma perda e, em algum
momento, acaba se perdendo também (SIQUEIRA, 2006).
A depressão, que remonta a traumas infantis ligados a perda e ao abandono. Uma
experiência atual de luto, por exemplo, pode servir de “chave” para o acesso ao inconsciente,
onde estão as grandes perdas não elaboradas de uma pessoa. E estas perdas não foram
elaboradas, entendidas, explicadas, por que são de uma época onde era impossível a
elaboração por parte da pessoa que as sofreu e, ao mesmo tempo, não houve um adulto que
ajudasse para que ocorresse a compreensão do que estava acontecendo. É como se a “chave”
atual trancasse esta pessoa em um porão onde estão todas as suas frustações e fracassos. O
psicanalista e o psicólogo, quando bem preparados, estão aptos para ajudar o depressivo, a
elaborar estes traumas ou perdas da infância (FREUD, 2006).
Não é possível pensar numa única causa para as depressões, ainda que apresentem um
predomínio do sentimento deficitário de si mesmo em função da história pessoal, das
vivências atuais e dos projetos de vida que não se realizaram. Nas depressões, a perda do
objeto afeta e modifica a subjetividade; provoca um estranhamento no olhar de si mesmo e
dos outros; um retraimento e um empobrecimento do ego, que denotam as intensidades da
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angústia. Não há recusa da realidade, mas uma ferida narcísica. O depressivo é atacado por
muitos lados: pelo objetal, pelo narcísico e pela ambivalência. Trava uma batalha pulsional.
No deprimido, ilusão e desilusão coexistem. Acredita na viabilidade de ser amado por
alguém ou fica à mercê de nova frustração, nova desilusão. A desilusão exibe um lamento,
uma incerteza, a vulnerabilidade e o vazio de um ego assombrado por objetos internos
escassos e falhos em termos de provisão narcísica (FREUD, 2006).
2.2.2 Avaliação Psicológica para Depressão
Especificamente no Brasil, existem instrumentos aprovados pelo Conselho Federal de
Psicologia (CFP) para avaliação da depressão.
Uma das ferramentas mais utilizadas para o diagnostico desta patologia, é a Escala de
Depressão
de
Beck ou Inventário
de
Depressão
de
Beck (Beck
Depression
Inventory, BDI, BDI-II), criada por Aaron Beck, consiste em um questionário de autorelato com 21 itens de múltipla escolha. É um dos instrumentos mais utilizados para medir a
severidade de episódios depressivos. Seu desenvolvimento marcou uma mudança entre os
profissionais de saúde mental, que até então entendiam a depressão em uma
perspectiva psicodinâmica, ao invés de enraizada nos próprios pensamentos dos pacientes
(ALCHIERI, 2012).
Trata-se de um instrumento que permite ao avaliador identificar se há tendência à
depressão, servindo para a construção de um diagnóstico (Rangé, 2001). A escala pode ser
usada com pessoas entre 17 e 80 anos, sendo útil para avaliar a intensidade da depressão,
podendo ser aplicada de forma individual ou coletiva, sem limite de tempo para sua aplicação.
Os itens foram criados com base na descrição de sintomas comuns da depressão e na
observação de atitudes e comportamentos de pacientes com esse quadro (ALCHIERI, 2012).
Esse inventário avalia comportamentos associados à depressão. Auxilia o psicólogo na
avaliação de uma possível severidade do caso, assim como fornece dados sobre os padrões de
pensamentos negativistas (ALCHIERI, 2012).
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2.2.3 Tipos de depressão
Há vários tipos de depressão. Os tipos mais comuns de transtornos depressivos são
transtorno depressivo maior e distimia. Outro tipo comum, é a depressão pós parto.
O transtorno depressivo maior é caracterizado pela combinação de sintomas que
interferem com a capacidade da pessoa trabalhar, dormir, estudar, comer e aproveitar
atividades que antes eram prazerosas. Transtorno depressivo maior é incapacitante e impede a
pessoa de funcionar normalmente. Um episódio de transtorno depressivo maior pode ocorrer
apenas uma vez na vida da pessoa, porém o mais freqüente é que ele seja recorrente
(CARDOSO, 2008).
Esse é o tipo mais grave de depressão. Nesse transtorno, os pacientes costumam
apresentar maior quantidade de sintomas depressivos, e eles são mais graves. Pode ser
resultante de um evento traumático único na vida, ou pode se desenvolver mais lentamente ao
longo dos anos, em conseqüência a várias decepções pessoais e ao enfrentamento de vários
problemas. No entanto, alguns pacientes desenvolvem o transtorno depressivo maior, sem
nenhum fator estressante identificável. Outros apresentam uma depressão crônica mais leve e,
ao vivenciarem um trauma, desencadeiam uma depressão mais grave (CARDOSO, 2008).
A depressão maior pode ocorrer uma única vez na vida, responder ao tratamento
adequado e nunca mais recorrer. Alguns pacientes, no entanto, tendem a apresentar episódios
recorrentes, intercalados com períodos de tempo variável, no qual se encontram totalmente
livres de sintomas. Geralmente, as recorrências estão associadas a novos eventos traumáticos.
Essa seria a depressão recorrente. O tratamento desses dois subtipos é semelhante, porém na
depressão recorrente a duração da terapia costuma ser maior (SOARES, 2011).
A distima é caracterizada por sintomas de depressão de longo prazo (2 anos ou mais)
porém menos intensos, os quais apesar de não serem incapacitantes podem impedir a pessoa
de funcionar normalmente ou sentir-se bem. Pessoas com distima podem também
experimentar um ou mais episódios de depressão maior durante a vida (MONTEIRO, 2007).
A distimia é um tipo de depressão que faz parte do grupo dos transtornos mentais que
interferem com o humor das pessoas e por isso os psiquiatras chamam esse quadros de
“transtorno do humor”. Ela é diferente dos outros tipos de depressão porque seus sintomas são
mais leves, mas têm uma longa duração. Isso torna difícil que o paciente se perceba deprimido
fazendo com que ele conviva com essa depressão, tentando se sobrepor, lutar contra ela. É por
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isso que é tão prejudicial, pois essa situação acaba por trazer inúmeras conseqüências para
seus portadores (MONTEIRO, 2007).
Apesar dos sintomas menos acentuados, a Distimia é um transtorno que acarreta um
prejuízo pessoal muito importante. Não só do ponto de vista das relações pessoais, mas no
plano econômico também! Em geral, essas pessoas têm poucas relações, poucas amizades, e
concentram suas atividades quase que exclusivamente no trabalho, seja ele um emprego
formal ou não. Isso porque, é na situação de trabalho que as funções e a forma do indivíduo se
comportar são mais bem definidos, facilitando sua atuação. Apesar de toda essa "dedicação",
seu desempenho profissional é, em geral, mediano, e muitas vezes insatisfatório para o
próprio indivíduo, pois carrega consigo um peso, uma falta de vitalidade, de criatividade e de
dinamismo que o prejudica em todos os lados (MONTEIRO, 2007).
A depressão pós-parto ocorre logo após o parto. Os sintomas incluem tristeza e
desesperança. Muitas novas mães experimentam alterações de humor e crises de choro após o
parto, que se desvanecem rapidamente. Elas acontecem principalmente devido às alterações
hormonais decorrentes do término da gravidez. No entanto, algumas mães experimentam
esses sintomas com mais intensidade, dando origem à depressão pós-parto (MACHADO,
2007).
Após o parto, ocorre uma queda dramática nos hormônios estrogênio e progesterona, e
essas mudanças por si só podem contribuir para um quadro de depressão pós-parto. Outros
hormônios produzidos pela glândula tireoide também pode cair bruscamente - o que pode
aumentar o cansaço e sensação de tristeza. Mudanças no seu volume de sangue, pressão
arterial, sistema imunológico e metabolismo podem contribuir para a fadiga e alterações de
humor (MACHADO, 2007).
Muitos fatores de estilo de vida podem levar à depressão pós-parto, incluindo um bebê
exigente, dificuldade de amamentação, filhos mais velhos com ciúmes, problemas financeiros,
falta de apoio do parceiro ou de outros entes queridos.
2.2.4 Tratamento da Depressão em Grupos
A terapia de grupo é uma prática terapêutica que apresenta bons resultados e tem
ajudado muitas pessoas a superar problemas. Ela é feita em grupos de no mínimo três pessoas
que se encontram semanalmente por aproximadamente 1 hora e 30 minutos para trocar
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experiências, compartilhar dores e sofrimentos e procurar apoio em momentos difíceis
(CARDOSO, 2008).
O principal motivo que faz com que as pessoas não procurem essa forma de terapia é a
vergonha ou a dificuldade de expor seus problemas para outras pessoas. Esse receio é
totalmente compreensível, mas na prática não tem fundamento, pois todos que participam do
grupo estão dispostos a ouvir e apoiar e não para julgar, ridicularizar ou menosprezar os
outros participantes. O profissional que conduz o grupo também está lá para apoiar todos os
presentes e auxiliá-los com suas questões. Cabe a ele não permitir que pessoas mal
intencionadas ou com dificuldade para respeitar o outro participem do grupo (CARDOSO,
2008).
Superando a desconfiança, timidez e incredulidade é hora de aproveitar os benefícios
da terapia de grupo, que são muitos. O principal deles é estar em contato com pessoas que
estão passando por situações parecidas. Através da troca, todos começam a se sentir mais
fortes para enfrentar o problema e passam a vê-lo de uma forma diferente.
A terapia de grupo pode ser também muito útil no tratamento da depressão. Ouvir
terceiros que estão a passar pelas mesmas dificuldades pode ser extremamente válido e ajuda
a construir a auto-estima. Muitas vezes, os membros do grupo encontram-se em diferentes
momentos da depressão, pelo que poderá obter conselhos de alguém que se encontra no fosso
e de alguém que ultrapassou um problema desafiador. Também poderá obter inspiração e
ideias ao ouvir os outros, e o grupo é, evidentemente, uma forma de aumentar as suas
atividades sociais e os seus relacionamentos (MACHADO, 2007).
A medicação da depressão pode ser o tratamento mais publicitado quanto à depressão,
mas isso não significa que seja o mais eficaz. A depressão não corresponde somente a um
desequilíbrio químico no cérebro. A medicação pode ajudar a aliviar determinados sintomas
da depressão moderada e grave, mas não cura o problema subjacente e, geralmente, não é uma
solução a longo prazo. A medicação anti-depressiva pode também ter efeitos secundários e
fomentar preocupações quanto à sua segurança – e a privação pode ser muito difícil
(SOARES, 2011).
Se o paciente estiver a tomar medicação para o tratamento da depressão, não deve
ignorar outros tratamentos. As mudanças de estilo de vida e a terapia não só contribuem para
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acelerar o processo de recuperação da depressão, assim como fornecem competências para
ajudá-lo(a) a evitar a reincidência (SOARES, 2011).
2.3 Metodologia
Para o desenvolvimento do trabalho foi realizado a tabulação dos dados levantados
em um questionário aplicado no semestre anterior a este. Este questionário foi elaborado pelas
acadêmicas. O mesmo foi aplicado em uma turma do IV nível de Odontologia da Faculdade
IDEAU – Getulio Vargas. Os respondentes foram 21 pessoas, de ambos os sexos, onde foi
possível verificar qual o nível de entendimento destes sobre doença mental.
Este artigo foi desenvolvido através de uma proposta elaborada pela coordenadora do
Projeto de Aperfeiçoamento Teórico Prático (PATP), professora Gisele Maria Tonin da Costa,
coordenadora do curso de Psicologia do campus II da Faculdade IDEAU, em conjunto com os
demais professores do semestre.
Dando continuidade ao trabalho realizado no semestre passado, no dia 03 de maio de
2016, foi realizado uma visita á turma de Odontologia, agora do V nível da Faculdade Ideau,
com a intenção de lhes dar um feedback sobre o questionário o qual responderam no semestre
anterior a este.
Na oportunidade foi exposto então, os resultados obtidos com a pesquisa realizada, e
também foi apresentado alguns slides, explicando um pouco melhor a psicopatologia
Depressão, a qual foi a escolhida anteriormente, por forma de sorteio como a psicopatologia
que o grupo deveria estudar.
3 RESULTADOS E ANÁLISE
A doença mental é com frequência relacionada com o mendigo que deambula pelas
ruas, que fala sozinho, com a mulher que aparece na TV dizendo ter 16 personalidades e com
o homicida “louco” que aparece nos filmes. Palavras como “maluco”, “esquizofrênico”,
“psicopata”, e “maníaco”, são vulgarmente utilizadas na linguagem do dia a dia. O estigma
relacionado com a doença mental provém do medo do desconhecido, de um conjunto de falsas
crenças que origina a falta de conhecimento e compreensão.
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A depressão, nos dias de hoje, é uma das principais psicopatologias mais
incapacitantes a longo prazo, trazendo muitos transtornos tanto na vida pessoal como
profissional do paciente acometido por ela.
A partir disso, foi elaborado uma apresentação com os resultados da pesquisa
realizada no semestre anterior, e um melhor e mais amplo conhecimento sobre o transtorno
depressivo, a qual foi apresentada na turma de Odontologia nível V, da Faculdade IDEAU –
Getulio Vargas, para que, desta forma possam ter um melhor entendimento sobre esta
psicopatologia.
Na ocasião, foram apresentados slides com dados da pesquisa realizada
anteriormente, e conteúdos explicativos para um melhor entendimento da doença. Também
foi passado um vídeo, para de forma mais pratica, pudesse acontecer o entendimento de todos.
Como, no questionário aplicado no semestre anterior, quando questionados quais
psicopatologias conheciam, a depressão apareceu como segunda mais citada. Fato este, que
fez com que fosse uma das escolhidas para ser melhor estudada.
Acredita-se que após a apresentação, o entendimento de todos ficou mais fácil, já que
mesmo os acadêmicos de Odontologia estarem cursando uma graduação na área da saúde,
estes possuem um entendimento bem superficial sobre as mais variadas psicopatologias que
existem.
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O entendimento sobre o que é doença mental, ainda nos dias de hoje é muito amplo.
Podemos perceber que muitas pessoas, apesar de todas as informações existentes ainda
confundem o real conceito de doença mental.
Para que se possa compreender a doença mental, é necessário considerar o bem-estar
subjetivo, a auto-eficácia percebida, a autonomia, a competência, a dependência
intergeracional e a auto-realização do potencial intelectual e emocional da pessoa. De um
modo geral, é consenso entre os profissionais da saúde que a saúde mental é algo que vai além
da ausência de perturbações mentais, uma vez que o funcionamento mental tem uma base
fisiológica e está indissociavelmente ligado ao funcionamento físico e social de um sujeito
(Organização Mundial da Saúde - OMS, 2001).
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Entende-se que o paradigma tradicional deve ser quebrado, mas para isso é
necessário que o correto entendimento do conceito de doença mental seja feito. De acordo
com os vários autores explorados neste artigo, pode-se notar que doença mental é muito mais
complexo do que muitos pensam, mas que mesmo nestas condições, um individuo pode sim
ter uma vida normal, livre de preconceitos e inserir-se normalmente no ambiente de trabalho.
Embora já tenha evoluído muito a concepção de doença mental ainda é carregada de
preconceito e senso comum. As doenças mentais devem ser encaradas do mesmo modo como
se olha para as doenças físicas.
A depressão, por exemplo, é uma condição médica comum, crônica e recorrente que
está frequentemente associada a incapacitação funcional e comprometimento da saúde física.
Os pacientes deprimidos apresentam limitação da sua atividade e bem-estar além de uma
maior utilização de serviços de saúde. Apesar de ser classificada como doença, o termo
“depressão” tem sido empregado pela população tanto para designar um estado afetivo normal
(a tristeza), quanto um sintoma ou uma síndrome.
Podemos citar a depressão como uma das psicopatologias mais frequentes nos dias de
hoje, tanto que tem sido um dos temas mais debatidos na área da saúde atualmente.
Com a realização deste trabalho, com certeza ficou mais claro, o quanto este assunto
muitas vezes tem um entendimento por parte das pessoas, muito superficial.
Acredita-se que, com a intervenção realizada à turma de Odontologia Nível V da
faculdade Ideau de Getulio Vargas, possibilitou-se a esses acadêmicos uma sensibilização
quanto ao Transtorno Depressivo, psicopatologia esta muito comum nos dias atuais, e que
certamente estará presente na vida profissional destes.
Aproximar a Psicologia da Odontologia ou vice-versa é uma ação relativamente
recente no Brasil. Certamente tal ação propiciaria um melhor e mais integrado relacionamento
profissional-paciente, permitindo um diagnóstico global que envolve sintomas somáticos e
psicológicos que necessitam ser correlacionados e avaliados.
Outro ponto relevante quando falamos em depressão e saúde bucal, é que muitos
antidepressivos têm como efeito colateral a redução do fluxo salivar, devido aos efeitos
anticolinérgicos. A hipossalivação nestes pacientes pode incrementar a incidência de cáries,
infecções e fissuras nos cantos dos lábios. Dado este que deve ser levado em consideração
pelos profissionais da Odontologia quando tratando-se de pacientes depressivos.
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A conduta e a abordagem de pacientes com depressão são muito delicadas,
principalmente quando emoções muito intensas, como a tristeza, melancolia, frustração e
raiva, são expressadas. Como profissional da área da saúde, é importante lembrar que isso faz
parte de uma condição, não devendo ser relacionado a uma opinião pessoal.
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