A GESTÃO DE SALA DE AULA NO COLÉGIO ESTADUAL DR

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO TOCANTINSCAMPUS UNIVERSITÁRIO DE ARRAIAS
CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM COORDENAÇÃO PEDAGÓGICA
A GESTÃO DE SALA DE AULA NO COLÉGIO ESTADUAL DR. JOÃO
D’ABREU
Neura Márcia da Silva
ORIENTADORAS: Profª:MSC.ANA CARMEN SANTANA
PROFª DRª MAGDA SUELY PEREIRA COSTA
ARRAIAS –TO
Janeiro 2012
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A GESTÃO DE SALA DE AULA NO COLÉGIO ESTADUAL DR. JOÃO
D’ABREU
Neura Márcia da Silva
INTRODUÇÃO
Esta produção é um relato da pesquisa-ação realizada com
professores do Colégio Estadual Dr. João D’Abreu, no município de Novo Alegre,
Tocantins. A referida pesquisa faz parte de um Projeto de Intervenção Pedagógica
sobre a constatação de que grande parte dos educadores da Unidade supra ainda
tem dificuldades na criação de condições adequadas de ensino e aprendizagem.
O embasamento para tal constatação foi o baixo desempenho da
escola no IDEB de 2009, nas turmas de 9º ano e disciplinas críticas nas séries finais
do Ensino Fundamental e no Ensino Médio Básico, apresentadas no resultado final
do SARE/2010.
A partir desta constatação o objeto de estudo do Projeto de
Intervenção passou a ser a gestão de sala de aula e a influência desta na qualidade
do ensino-aprendizagem; na clarificação sobre a importância da formação e do perfil
profissional do professor na gestão do ensino e da aprendizagem.
Nesta perspectiva a pesquisa-ação veio mostrar a importância de o
professor assumir a liderança da sala de aula; para que pudesse desenvolver a
contento o seu planejamento de ensino, a efetivação de combinados na sala de aula
para o bom andamento das aulas. O conhecimento do aluno para melhor adequação
da prática educativa às necessidades e interesses de cada turma e aluno.
Além disso, ressaltou também, a importância de adequação do discurso à realidade
dos alunos para a correta compreensão dos conceitos, procedimentos e atitudes
trabalhados pelo professor, novas técnicas de ensino, a relação entre o
comportamento e o ambiente escolar, gestão de tempo de aprendizagem,
3
Assim como, a inserção de novas tecnologias para diversificação das
aulas, uma vez que cada aluno possui necessidades e formas diferentes de
aprender. E novos olhares sobre a avaliação escolar, para que os professores
juntamente com a escola repensem a avaliação do ensino e aprendizagem, não só
no âmbito da sala de aula, mas a nível institucional, uma vez que a qualidade de
ensino depende do perfil da Equipe Escolar.
A participação dos professores na pesquisa aconteceu de duas formas:
passiva e ativa. Na primeira, cinco professores foram observados, por amostragem,
pela Coordenadora Pedagógica, na gestão de sala de aula. E na segunda forma,
esses deram sua contribuição através de relatos de experiências de sua prática
pedagógica e preenchimento de uma ficha diagnóstica.
A priori, o projeto seria um referencial aos professores, orientador
educacional, colaboradores, pais de alunos e parceiros sociais sobre os limites e
possibilidades que pautam nossa prática pedagógica, através da análise e reflexão
sobre a dicotomia existente na relação teoria e prática da gestão de sala de aula e
os possíveis encaminhamentos na superação dos hiatos existentes. A posterior este
trabalho faz parte de uma ação proativa do Coordenador Pedagógico para se
conhecer a realidade sobre a gestão de sala de aula e, posteriormente, evitar novas
lacunas no processo de encaminhamento deste profissional no exercício de sua
função.
Para tanto, os objetivos propostos para esse trabalho foram pautados
no reconhecimento dos professores como produtores de saberes, no estímulo
destes na criação de condições efetivas para a sala de aula, na pesquisa de novas
abordagens que viessem contribuir na formação geral e específica de cada docente,
assim como, avaliação precisa da gestão de sala de aula, mediante observação in
loco e o estudo de outros meios de ensino para suporte na construção do
conhecimento.
Para tanto, a Coordenação Pedagógica propôs aos professores e
direção da escola um Projeto de Intervenção com foco na formação continuada in
loco, para estudo e análise da conectividade entre gestão de sala de aula e
qualidade de ensino- aprendizagem. O próximo encaminhamento foi uma coleta de
dados, por amostragem, realizada durante a observação das aulas de alguns
professores e reuniões pedagógicas da Unidade de Ensino.
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E a partir desse diagnóstico a pesquisadora elaborou um relatório das
necessidades e interesses didáticos - pedagógicos mais urgentes a serem
trabalhados durante os encontros de grupos de estudo dos professores. Sendo eles:
competências e habilidades necessárias a um professor, liderança em sala de aula,
conhecimento do aluno, práticas de inclusão, relação professor-aluno, novas
técnicas de ensino, influência do clima escolar na gestão de sala de aula.
Assim como, gestão do tempo de aprendizagem, dinamização das
aulas, inserção de novas tecnologias no processo educativo e aprofundamento
sobre avaliação escolar. Antes, porém; discutiu-se a qualidade do material didático
com a equipe pedagógica para que o mesmo se tornasse uma ferramenta valiosa na
construção de novas competências e habilidades do professor na gestão de sala de
aula.
A metodologia utilizada pautou-se na elaboração de um Cronograma
de atividades, incluindo apresentação do Projeto de Intervenção (PI), Coleta de
Dados, Elaboração da produção didático-pedagógica, Discussão deste material com
a equipe pedagógica e implementação das ações do PI, resumindo-se em atividades
voltadas para a observação de alguns professores na gestão de sala de aula, na
devolutiva individual desta, na análise e reflexão desta gestão à luz do conhecimento
durante os encontros de grupos de estudo in loco na primeira semana do corrente
ano.
Assim como, por meio de oficinas pedagógicas, nas reuniões para
elaboração do Projeto Político Pedagógico e/ou Plano de Desenvolvimento da
Escola, nos planejamentos participativos, Pré-conselhos, Conselhos de Classe
ocorridos durante o ano letivo e por meio de um documento síntese de avaliação dos
alunos e professores sobre os problemas relacionados ao ensino e aprendizagem e
intervenções propostas por estes para superação dos mesmos.
E os resultados obtidos foram conhecimentos da realidade escolar nas
diferentes dimensões, evidenciando a conectividade entre elas, elaboração de um
Regimento Interno com a participação de toda comunidade escolar, aperfeiçoamento
na prática pedagógica de muitos professores, mediante sequência didática,
diversificação das atividades, registro diário da sala de aula, mais clarificação das
funções de cada um e da importância destas para a qualidade do ensino e da
aprendizagem.
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REVISÃO DE LITERATURA
O assunto sobre Gestão de Sala de Aula é bastante complexo porque
envolve vários fatores no processo. Fatores estes que sem os quais a gestão de
sala de aula não produzirá os frutos merecidos, a aprendizagem dos alunos. Em se
tratando desses fatores é necessário explicitá-los para melhor compreensão da
importância dessa pesquisa para as Escolas, principalmente, para a Unidade de
Ensino onde a pesquisa foi realizada.
Os fatores de que se trata o parágrafo anterior diz respeito a sete
dimensões apontadas pelos coordenadores UNICEF², PNUD³, INEP (Instituto
Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais do Ministério da Educação), em
2004, como elementos fundamentais que devem ser refletidos pela escola para
avaliação da qualidade do ensino que ela desenvolve. Essas dimensões resumemse em Ambiente Educativo, Avaliação, Gestão Escolar Democrática, Formação e
Condições de Trabalho Adequado dos Profissionais da Escola, Ambiente Físico
Escolar e Acesso, Permanência e Sucesso na Escola e Prática Pedagógica. Dentre
estas dimensões, focaremos a prática pedagógica por estar relacionada diretamente
à gestão da sala de aula.
A prática pedagógica requer uma ação planejada e refletida do
professor diariamente na sala de aula para que os alunos aprendam, sintam o
desejo de aprender cada vez mais e com autonomia. Para tanto, o ponta pé dessa
prática deve ser o conhecimento prévio do aluno, suas necessidades e interesses,
considerando que crianças, jovens e adultos vivem momentos especiais de suas
vidas.
Neste sentido, a prática pedagógica deve ser definida, conhecida e
atualizada constantemente por toda comunidade escolar, as aulas devem ser
regularmente planejadas, os professores tem direitos a momentos especiais e
periódicos para troca de experiências pedagógicas, de prepararem diagnósticos no
início e no final do ano letivo para conhecerem as competências e habilidades
alcançadas até então pelos alunos e, a partir deste, realizar o seu planejamento de
ensino.
________________________
²Em inglês significa Fundo Internacional de Emergência das Nações Unidas para a Infância.
³Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento.
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Quanto à contextualização do currículo, esta deve ser mediante
atividades para identificação de problemas, assim como estudo e de intervenção
do entorno da escola.
Além da contextualização do currículo, o professor deve aplicar uma
variedade de estratégias e de recursos de ensino-aprendizagem, tais como
internet, jornais, revistas e livros diversos, filmes, jogos pedagógicos, dentre
outros. Os alunos precisam demonstrar o que aprenderam através da oralidade,
da escrita, do teatro, da pintura, do entretenimento. Para tanto, as aulas deverão
ser organizadas conforme o tipo de atividade proposta.
Além disso, o professor deve explicar de forma clara e objetiva os
objetivos a serem alcançados pelos alunos em cada atividade educativa. E para
que este possa atingi-los, aquele deve organizar a aula para que cada aluno
possa questionar e discutir sobre o assunto em pauta, emitir opinião com direito
a réplica e tréplica na defesa das suas opiniões. Bem como, construção do
processo democrático na sala de aula, oportunizando aos alunos a proposição,
criação e realização de atividades dentro da sala de aula, no espaço escolar e
no entorno da escola. Assim como, reforçar os alunos nos conteúdos não
assimilados em séries anteriores e na série atual.
Só isto não basta, o professor deve organizar feiras ou exposição
dos trabalhos dos alunos, tais como, desenhos, poesias, invenções. Assim
como, a construção de uma prática de incentivo e orientação ao trabalho em
grupo no desenvolvimento de pesquisas e experimentos. Bem como, uma prática
pedagógica inclusiva com apoio individualizado, tanto aos alunos com
necessidades educativas especiais, quanto àqueles com déficit de competências
e habilidades para a série, respeitando um tempo diferenciado para cada um
assimilar os conteúdos e dispensando cuidados e atenção igual a todos os
alunos, indiferente da sua cor, cultura, opção sexual, condição física e social e
do seu gênero.
O professor, na gestão de sala de aula, deve proporcionar um
ambiente satisfatório para o efetivo aprendizado dos alunos. Segundo Roseli
Brito, no seu blog, a referida gestão não se trata de punição ou recompensa,
mas, sim, de resguardar que todos os alunos se envolvam ativamente nas
tarefas escolares. Isto significa que todo professor deve ser proativo, ao invés de
reativo aos possíveis problemas de ensino e aprendizagem. Por isso, é tarefa do
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professor acender o interesse e aumentar a motivação para aprender,
encontrando o ponto de convergência com o que é significativo para os alunos.
Além disso, utilizar perguntas que instiguem a reflexão e a crítica e recursos
tecnológicos para iniciar as lições e cativar os alunos.
Para manutenção da ordem, autora Roseli Brito (2010)propõe ao
professor não disciplinar toda a sala de uma só vez, nem bater boca com o
aluno, ao invés de dar a direção do que fazer cumprir o que for dito, uso de
linguagem não verbal de forma adequada e evitar que uma aula seja chata. Tudo
isso só é possível com mudança de postura, procedimentos ou práticas
pedagógicas, os quais estão diretamente ligados ao Plano de Aula que, às
vezes, não constam estratégias de ensino que contemple um ritmo de atividades
que deixe o aluno ocupado e motivado todo o tempo da aula.
No caso do ensino de crianças e jovens, é a Pedagogia que deve
dar conta de responder pela organização da aula, do ambiente, da criação de
procedimentos, do uso de diversificadas práticas de ensino, enfim, ferramentas
que você precisa lançar mão para atingir o objetivo: fazer os alunos aprenderem.
Mello enfatiza que a postura pedagógica do professor pode levar o
aluno a se concentrar nas atividades propostas e que a variedade de recursos
metodológicos e tecnológicos é um ótimo caminho para envolver o aluno no
processo de construção do conhecimento. Construção essa que só ocorrerá de
forma interdisciplinar e contextualizada, observando o cotidiano dos alunos e da
comunidade onde estes estão inseridos, mediante participação dos mesmos,
diferenciação pedagógica, tanto em recursos metodológicos quanto tecnológicos
para o estudo de situações problemas, interatividade, com foco no social.
A autora destaca que a aquisição de competências para gerir bem
uma sala de aula depende de muito estudo, leitura, treinamento, da forma de
domínio e aplicação de tais conhecimentos. Bem como, capacidade técnica e
eficiência profissional na organização de estratégias adequadas. Assim deixa
evidente
sobre
a
importância
da
formação
do
professor
e
o
seu
comprometimento político-pedagógico.
Destaca também, que o aluno percebe claramente quando o
professor não domina determinado conteúdo. Isso fica evidente quando o
professor se perde nas explicações, não consegue sanar as dúvidas dos alunos,
nem dizer onde tais conteúdos são aplicados, por exemplo. Porém, o professor
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pode
demonstrar
profissionalismo,
recorrendo
à
ajuda
do
coordenador
pedagógico ou de um colega de conhecimento técnico mais experiente, a fim de
orientá-lo na organização metodológica que o leve ao aprofundamento teórico da
disciplina sobre sua responsabilidade. Percebe-se, então, que o pedagógico é o
eixo fundamental. E a organização deste evidencia que os demais setores da
escola também o são.
Segundo Aninger (apud: Mello), na sala de aula o professor deve
resolver problemas de gestão de conteúdos e de conflitos. A gestão do conteúdo
refere-se ao gerenciamento do espaço, materiais, equipamentos e recursos
utilizados. Enquanto a gestão de conflitos diz respeito ao gerenciam ento dos
problemas disciplinares, em relação à postura comportamental e suas relações
inter e intrapessoal, dentro e fora da sala de aula, tanto por parte do aluno como
do professor e funcionário.
Isto por que num mundo de transformações, com predominância do
consumo, hedonismo, individualidade (...) e adolescência precoce, exige do
professor novas habilidades para novas competências. Além dos saberes
técnicos, o professor atual precisa agregar novos conhecimentos além dos
cognitivos. Exigem-se hoje, professores gestores, com visão ampliada da Escola
e que perceba sua importância para além da sala de aula (BORDONI, 2010).
Isto por que a sociedade contemporânea exige professores que
saibam fazer uso da linguagem digital interativa, através da utilização de l ousas
digitais na sala de aula, elaboração, edição e construção de conteúdo educativo,
utilizando linguagem do vídeo digital, por professores e alunos como recursos
didáticos.
E para que a maior parte do processo de ensino e aprendizagem
aconteça, Sely Santos Vilela, em seu artigo “Gestão na Sala de Aula”, contribui
dizendo que é preciso a planificação e organização das aulas, o uso e a
distribuição de recursos, os estabelecimentos e a explicitação das regras, a
reação ao comportamento individual e de grupo [...]. A ordem depende da gestão
de como os grupos são organizados na sala, do monitoramento e ritmo dos
acontecimentos que acontecem nesse espaço. E Bordoni (2010) complementa
dizendo que, com as redes sem fio e as tecnologias móveis, o professor atual
precisa adquirir a competência da gestão de atividades digitais integradas com
as presenciais e que façam parte do Projeto Político Pedagógico da Escola.
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Outra contribuição sobre gestão de sala de aula vem de Rosilda
Maria Alves, no seu trabalho acadêmico reforça a necessidade do professor se
atualizar e de estar sempre conectado com o seu tempo e que veja em cada
aluno um ser humano de muitas possibilidades. E para que o professor se torne
eficiente e eficaz na gestão de sala de aula, este precisa criar um clima de
relações entre com seus alunos que favoreça as atividades de orientação,
integração e assistência às atividades escolares.
Isto é, assessorar os alunos em diversos campos, principalmente,
no campo psicossocial devido a proximidade. Para tanto, o professor precisa ter
as seguintes habilidades: flexibilidade, diagnóstico e escolha de estilo de
liderança.
Para Perrenoud (1999), competência é a capacidade de um
professor mobilizar de forma dinâmica um conjunto de recursos cognitivos, tais
como, saberes, capacidades, informações, dentre outros, para a solução
pertinente e eficaz para múltiplas situações. Para tanto, faz-se necessário as
seguintes competências: organização e direção de situações de aprendizagem,
administração da progressão das aprendizagens, conceber e fazer evoluir os
dispositivos de diferenciação, envolver os alunos em suas aprendizagens e em
seu trabalho, trabalhar em equipe, participar na administração da escola,
informar e envolver os pais, utilizar novas tecnologias, enfrentar os deveres e os
dilemas éticos da profissão e administrar a sua própria formação continuada.
Dentre essas competências, duas delas destacam-se numa gestão
de sala de aula: administrar a progressão das aprendizagens. O professor
precisa conhecer e administrar situações problemas e ajustá-las ao nível e às
possibilidades dos alunos. Para tanto, é preciso que esse profissional adquira
uma visão ampliada dos objetivos do ensino, paute sua prática em teorias
subjacentes da aprendizagem, saiba observar e avaliar os alunos em diferentes
situações
de
aprendizagem,
numa
abordagem
formativa,
monitorar
periodicamente as competências adquiridas e adotar medidas preventivas para
superação das não alcançadas. Em conceber e fazer evoluir os dispositivos de
diferenciação, o professor deve administrar a heterogeneidade da turma,
propiciando apoio integral a todos os alunos, principalmente aos alunos com
defasagem de conteúdos para que estes se desenvolvam cognitivamente em
tempo hábil.
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No site “o cantinho do professor” destaca que o sucesso do ensino
depende muito do manejo de classe. E, este, é a forma como o professor
organiza a sala de aula. Para tanto, o planejamento do professor deve ser
adequado às especificidades de cada turma. Assim deve ser a organização
didática para que os alunos desenvolvam um comportamento orientado para a
execução das tarefas.
Por isso, espera-se que o professor seja proativo quanto as
eventuais situações problemas, recorra a metodologias diferenciadas de ensino
que crie uma atmosfera positiva e estimulante na sala de aula· Bem como,
clareza na transposição didática, construção coletiva de combinados e de
compromissos com os alunos. E organização do espaço da sala de aula de
forma que este contribua na produtividade do ensino e da aprendizagem.
Para Rodrigues Júnior (2011), define administração da sala de aula
como um conjunto de procedimentos utilizados pelo professor na sala de aula
que favorece aprendizagem, porque reduz a dispersividade, a confusão, a
desordem. Esta geralmente está associada à deficiência ou ausência de
aprendizagem. Manter a ordem numa sala é dar condições para que todos
aprendam n seu potencial máximo. Mas nem sempre toda desordem significa má
administração ou indisciplina na sala de aula. Há atividades que acarretam
interações ruidosas ou bastante movimentação por parte dos alunos, tais como
jogos instrucionais e algumas atividades.
Não basta o professor ter conhecimento dos fundamentos de uma
gestão de sala de aula, é preciso reconhecer que há certas limitações
envolvendo sua profissão. O professor não deve assumir as competências de
profissionais de outras áreas, tais como, psicólogos, orientadores educacionais,
psiquiatra, delegado de polícia, pediatras, assistentes sociais. Tampouco deve
esquecer que cada aluno é um rio com vários afluentes: sociais, financeiros,
familiares e psicológicos.
Na equação de Medley, Everston e Emmer (apud: Rodrigues Júnior,
2011), uma boa instrução= boa instrução. E para equalizar tal equação Kounin
(idem) elenca sete condutas que contribuem para a administração de classe
eficiente. Sendo elas: proatividade, onipresença, simultaneidade, continuidade,
“pique”, cobrança e variedade.
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Proatividade é quando o professor é prevenido, toma todas as
medidas possíveis para evitar que os problemas aconteçam. Este tipo de
conduta reflete em resultados satisfatórios nas avaliações propostas. Ao
contrário, a reatividade são as providências tomadas depois que os problemas
acontecem, remediando a situação. Professores reativos, o seu foco é a
manutenção da ordem, é o policiamento dos alunos. Numa turma onde o
professor tem conduta reativa, percebem-se vários alunos alheios à instrução e
nenhuma providência significativa é tomada para superação do problema.
Onipresença, conduta que evita dispersividade, pois o professor
circula democraticamente em todo espaço da sala de aula, entre os alunos para
orientá-los e fazer com que o aluno gaste a maior parte do tempo envolvido na
aprendizagem. Simultaneidade é a habilidade de o professor realizar mais de
uma atividade ao mesmo tempo, mantendo o foco na aprendizagem. É o
exemplo de um professor de Educação Física que consegue envolver todos os
alunos na sua aula, sem dispersão, com produtividade. Enquanto uns estão na
quadra treinando futsal, por exemplo, outros pulam corda, bate-bola próximo à
quadra e outros grupos jogam dominó; dama numa sala apropriada.
Continuidade é quando o professor inicia uma atividade, desenvolve
e conclui a mesma em tempo hábil. Isso é verificado quando o professor inicia a
apresentação de um conteúdo e, num dado momento, lembra-se da correção de
uma atividade da aula anterior, interrompe o que está fazendo, faz-se a correção
da atividade e, logo depois, retoma à apresentação da tarefa inicial. Além disso,
ocorrem diariamente muitas interrupções inoportunas, que são as intervenções
externas, quando coordenador, orientador, diretor e outros interrompem a
dinâmica de algumas aulas.
Pique é o contrário de monotonia, tédio, é uma aula com
continuidade ascendente, num ritmo cada vez mais acelerado, onde todos
prestam atenção, fazem anotações, tiram suas dúvidas, a turma mantém -se
interessada na aula o tempo todo e as conversas paralelas não chegam a
incomodar o desenvolvimento da aula. Cobrança é conduta de professores
eficientes que só passam atividades que realmente instrui, não “enrola” em sala
de aula, determina tempo adequado para realização das tarefas, faz a correção
no horário estipulado. E todos os alunos se envolvem na atividade porque tem
certeza que esta será cobrada e avaliada pelo professor.
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Variedade é a diversidade de procedimentos e de meios que o
professor eficiente utiliza numa mesma aula. Esta é dividida em etapas, por
exemplo, na primeira o professor divide a turma em grupos para leitura e
discussão do texto. Na segunda, cada grupo apresenta sua avaliação do texto
lido. No momento seguinte o professor faz uma avaliação do desempenho de
cada grupo, para tanto, cada aluno tem em mãos uma ficha com orientações
como se procederá a avaliação feita pelo professor.
A combinação destas propicia eficiência na gestão de sala de aula,
favorecendo um ambiente adequado à aprendizagem, consequentemente, uma
instrução será eficiente.
PROCESSO DE PESQUISA-AÇÃO
Esta pesquisa-ação faz parte do projeto de intervenção, tendo em
vista o baixo desempenho dos alunos nas avaliações, tanto internas quanto
externas. Para diagnosticar os problemas relacionados à gestão de sala de aula,
fez-se necessário à observação de alguns professores na gestão de sala de aula
para coleta de informações, aplicação e análise de fichas respondidas por alunos
e professores durante um pré-conselho de classe. Mediante tais observações e
análises, organizou-se o material didático para a formação dos professores in
loco.
Tanto a pauta quanto o material didático foram cuidadosamente
avaliados pela equipe pedagógica com aval dos professores e direção. A partir
daí elaborou-se uma ação específica para o Projeto Político Pedagógico,
incluindo momentos de estudos de professores e coordenador pedagógico sobre
os problemas de gestão de sala de aula. E estes momentos aconteceram
durante o ano letivo, em datas previamente determinadas, com uma pauta
elaborada conforme as dificuldades de gestão de sala de aula detectadas pela
coordenação pedagógica durante as observações feitas em sala de aula. Nestas
pautas constavam dinâmicas, leituras compartilhadas de diversos trabalhos
sobre
o
assunto,
assim
como,
discussão
e
reflexão
correlacionando-os com a realidade escolar da escola em estudo.
destes
textos,
13
Além de utilizar um questionário específico para nortear a
observação da gestão da sala de aula, durante os pré-conselhos, os alunos e
professores responderam uma ficha com perguntas dirigidas para complemento
das observações diagnósticas. Tanto as Fichas quanto as observações de sala
de aula foram analisadas com o grupo de professores durante os momentos de
estudo e confrontadas com teorias de gestão de sala de aula.
DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
Foram realizadas nove observações na sala de aula para essa
pesquisa. Em cada uma das observações o Coordenador Pedagógico analisou a
gestão de sala de aula durante 50min de quatro professores. Durante as
observações percebeu-se que a maioria destes não transitam entre os alunos, as
ações relacionadas ao ensino não foram desafiadoras, não há cumprimento de
regras pela maioria dos alunos, poucos recursos didáticos e, estes, não
despertavam o interesse dos alunos e contribuíam muito pouco para a
compreensão do conteúdo. Os alunos que concluíam suas atividades ficavam
ociosos e passavam a conversar com os colegas ao lado ou perambulavam pela
sala. Ouvia-se o tempo todo o professor chamar a atenção de alguns alunos. Em
alguns momentos a atividade era interrompida para tratar de outro assunto, tal
como frequência, correção de uma tarefa de casa ou pendentes de atividades da
aula anterior.
Além disso, não foi presenciada uma variedade de estratégias para
se tratar do conteúdo em questão, principalmente, os recursos da tecnologia
digital, usou-se mais o livro didático, lousa e giz, tornando as aulas monótonas a
maior parte do tempo. E mesmo assim houve professores que não conseguiram
manter a sala organizada nem o interesse dos alunos do início ao final da aula.
As atividades não tinham tempo predeterminado para conclusão e os
professores não conseguiram adesão de alguns alunos para participarem das
atividades.
Outro ponto crucial dessa observação é que a maioria dos
professores sempre retiravam alunos da sala para buscar algum material que se
esqueceu de solicitar antes, tais como, tesoura, cola, como, giz, apagador,
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cópias de atividades. Ou então o próprio professor deixava os alunos a sós e iam
solicitar materiais ou serviços de cópia.
Outro dado interessante é que muitos alunos não se preocupavam em
participar das aulas, poucos realizavam as atividades solicitadas e as correções
individuais não contemplavam todos os alunos. Alguns professores escreviam visto
na tarefa sem uma análise mais apurada da produção do aluno. Quanto ao
monitoramento das habilidades adquiridas, nenhum instrumento de registro foi
utilizado durante as aulas. Em relação aos trabalhos coletivos não houve uma
distribuição planejada dos alunos. Cada um escolhia o grupo que queria ficar. Com
isso muitos alunos resolveram sozinhos as atividades porque sobraram no processo
de escolha e o professor deixou como estava.
A contextualização dos conteúdos deixou a desejar, pois a maioria dos
professores não fez comparações da teoria com a realidade vivida pelos alunos.
Alguns conteúdos exigiam mais recursos, uma linguagem mais clara por parte do
professor, mas isso não ocorreu na maioria das vezes. E durante a correção de
tarefas poucos alunos conseguiram resolvê-las. Percebeu-se que o professor
não se atentou para a heterogeneidade da turma, uma vez que cada um dos
alunos tem o seu tempo de aprendizagem.
Há professores que demonstraram dificuldades para lidarem com
situações diferentes de forma simultânea, deixando a sala um caos nesses
momentos. Percebeu-se a insegurança de alguns professores de colocarem os
alunos em círculo, com medo de não conseguirem manter o controle da turma.
Às vezes, alguns alunos davam sugestões para o desenvolvimento de
determinada atividade, mas o professor não parava para dar atenção ao aluno . E
quando ouvia não punha em prática a sugestão do mesmo. A falta ou a pouca
flexibilidade
impedia
a
construção
do
diálogo
professor-aluno,
consequentemente, do conhecimento. Bem como, a cooperação entre os alunos
para que a ordem fosse mantida na sala de aula.
Vale ressaltar que o questionário aplicado veio apenas ampliar a
visão do pesquisador para aspectos considerados importantes ao grupo
pesquisado, revelando a insatisfação dos alunos com a metodologia do
professor. E a percepção do professor em responsabilizar a família e o aluno por
todos os problemas relacionados à gestão de sala de aula.
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CONCLUSÃO
Tanto o questionário quanto as observações contribuíram para que
a equipe pedagógica refletisse melhor sobre os limites e possibilidades da
formação profissional na construção de um ensino eficiente na UE. Durante a
pesquisa constatou-se as dificuldades da equipe em se criar estratégias
diferenciadas para o ensino, monitoramento da aprendizagem, manutenção da
ordem durante a aula, recursos didáticos adequados ao conteúdo aplicado e
certa dependência do analógico em plena era digital. Assim como, dificuldade
para o estabelecimento de pontes entre o conhecimento formal e o conhecimento
adquirido.
A falta de clareza na explicação dos conteúdos e poucas atividades
de revisão é outro ponto que deve ser melhorado na escola. Ademais possibilitar
momentos de estudo sobre os processos de aquisição do conhecimento pelo
aluno. Por outro lado, buscar estratégias de melhoria na comunicação entre
equipe pedagógica e professores da UE. Bem como ferramentas mais eficientes
de liderança pedagógica.
Por último, após efetivação da maioria das ações, notou-se um
grupo de professores mais engajado, utilizando-se com mais frequência de
metodologias inovadoras, maior preocupação na seleção de recursos didáticos,
discussões mais enriquecedoras durante os encontros subsequentes. Bem
como, uma coordenação pedagógica mais envolvida e focada no processo de
ensino e aprendizagem. Enfim, aulas mais dinâmicas, alunos mais envolvidos e
melhores resultados educacionais. Conclui-se que, as limitações na formação
profissional é um dos maiores entraves a uma gestão de sala de aula eficiente e
de uma aprendizagem significativa. Para tanto, o professor precisa desligar
daquilo que ele é para fazer diferente e construir novas possibilidades de ensino
e
aprendizagem,
responsabilizando-se
pela
sua
formação
através
atualizações constantes tanto da sua área de formação quanto de outras afins.
de
16
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In:
Download