CURSO DE INTRODUÇÃO AO PROVIMENTO DOS SERVIÇOS E BENEFÍCIOS SOCIOASSISTENCIAIS DO SUAS CURSO DE INTRODUÇÃO À ATUALIZAÇÃO SOBRE ESPECIFICIDADE E INTERFACES DA PROTEÇÃO SOCIAL BÁSICA NO SUAS SUMÁRIO APRESENTAÇÃO................................................................................................................................................. 05 INTRODUÇÃO........................................................................................................................................................ 06 FUNDAMENTOS PEDAGÓGICOS .......................................................................................................07 A CONCEPÇÃO DE EDUCAÇÃO - 07 RELAÇÃO SUJEITO-OBJETO - 09 RELAÇÃO TEORIA-PRÁTICA - 10 PROPOSIÇÃO DE ATIVIDADES............................................................................................................. 12 MÓDULO I – PARTICIPAÇÃO E CONTROLE DA ASSITÊNCIA SOCIAL NO BRASIL - 12 MODULO II - A POLÍTICA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL E O SISTEMA ÚNICO DE ASSISTÊNCIA SOCIAL (SUAS) - 15 MODULO III - O FINANCIAMENTO DA POLÍTICA E O EXERCÍCIO DO CONTROLE SOCIAL - 20 BIBLIOGRAFIA.......................................................................................................................................................24 GLOSSÁRIO...............................................................................................................................................................24 REFERÊNCIAS.........................................................................................................................................................36 CURSO DE INTRODUÇÃO À ATUALIZAÇÃO SOBRE ESPECIFICIDADE INTERFACES PROTEÇÃO SOCIAL BÁSICA NO SUAS MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO SOCIAL E COMBATE À FOME - MDS BRASÍLIA | BRASIL | 2016 EXPEDIENTE CONTEÚDO E EXECUÇÃO Presidenta da República Federativa do Brasil | Dilma Rousseff Vice-Presidente da República Federativa do Brasil | Michel Temer Ministra do Desenvolvimento Social e Combate à Fome | Tereza Campello Secretário Executivo | Marcelo Cardona Secretário de Avaliação e Gestão da Informação | Paulo Jannuzzi Secretária Nacional de Assistência Social | Ieda Castro Secretário Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional | Arnoldo Anacleto de Campos Secretário Nacional de Renda de Cidadania | Tiago Falcão Secretaria de Avaliação e Gestão da Informação Secretária Adjunta | Paula Montagner Diretor de Monitoramento | Marconi Fernandes de Sousa Diretor de Gestão da Informação | Caio Nakashima Diretora de Formação e Disseminação | Patrícia Vilas Boas Diretor de Avaliação | Alexandro Rodrigues Pinto Secretaria Nacional de Assistência Social Secretário Adjunto |José Dirceu Galão Junior Diretor do Departamento de Gestão do Sistema Único de Assistência Social | José Ferreira da Crus Diretora do Departamento de Benefícios Assistenciais | Maria José de Freitas Diretora do Departamento de Proteção Social Básica | Léa Lucia Cecílio Braga Diretora do Departamento de Proteção Social Especial | Telma Maranho Gomes Diretora do Departamento da Rede Socioassistencial Privada do SUAS | Bárbara Pincowsca Cardoso Diretora Executiva do Fundo Nacional de Assistência Social | Dulcelena Alves Vaz Martins Equipe MDS Coordenação Geral | Patricia A. F. Vilas Boas, Marcílio Marquesini Ferrari, Maria Cristina Abreu Martins de Lima. Equipe Técnica SAGI | . Equipe Técnica SNAS | José Crus, Eliana Teles do Carmo, Adriely Santiago de Toledo, Mônica Alves Silva, Wagner Saltorato. Equipe Escola FioCruz de Governo | Maria Fabiana Damásio Passos, Anna Cláudia Romano Pontes. Comitê Técnico de Assessoramento do CapacitaSUAS | Denise Colin; Eleonora Schelettini M. Cunha; Luciana Jaccoud; Marcia Mansur Saadallah; Maria Carmelita Yazbek; Maria Luiza Rizzotti. Projeto gráfico | Joana Oliveira de Oliveira Diagramação | Victor Gomes de Lima Bibliotecária | Tatiane de Oliveira Dias Coordenação de Publicações Técnicas | Katia Rovana Ozório, Roberta Pelella Mélega Cortizo, Tatiane de Oliveira Dias, Tarcísio da Silva Pinto, Valéria Brito, Victor Gomes de Lima, Ezequiel da Silva Freitas. Brasil. Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome; Fundação Oswaldo Cruz. Curso de introdução à atualização sobre especificidade e interfaces da proteção social básica no SUAS. -- Brasília, DF: MDS, Secretaria de Avaliação e Gestão da Informação, Secretaria Nacional de Assistência Social, 2016. 128 p. ; 30 cm. 1. Assistência social, Brasil. 2. Vigilância socioassistencial, Brasil. I. Sistema Único de Assistência Social. CDU 304(81) Ficha catalográfica elaborada pela Bibliotecária Tatiane de Oliveira Dias CRB 2230. © 2016 Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Todos os direitos reservados. Qualquer parte desta publicação pode ser reproduzida, desde que citada a fonte. Secretaria de Avaliação e Gestão da Informação (SAGI) Bloco A | 3º andar | Sala 307 | CEP 70046-900 | Brasília | DF Telefone: (61) 2030-1501 www.mds.gov.br CENTRAL DE RELACIONAMENTO DO MDS: 0800 707 2003 APRESENTAÇÃO EsteCadernointegraoProgramaNacionaldeCapacitaçãodoSistemaÚnicode AssistênciaSocial(CapacitaSUAS)quevisaqualificarostrabalhadoresqueatuamno SistemaÚnicodeassistênciaSocial(SUAS). A oferta de qualificação para os trabalhadores da assistência social é uma demandaantiga,surgidadesdeaprimeiraConferênciaNacionaldeAssistênciaSocial, em 1995, e que nunca saiu da pauta das deliberações nas conferências nacionais seguintes. Alguns importantes avanços ocorreram entre 2012 e 2014 com a implementação do Programa Nacional de Capacitação do SUAS (CapacitaSUAS), instituído pela Resolução CNAS Nº 08/2012, e alterado pela Resolução CNAS nº 28/2014,queoprorrogouparaoperíodode2015a2025. Na primeira fase do Programa foi preciso implantar um conjunto de mecanismosinstitucionaisdedicadosàcoordenaçãofederativa,aofinanciamento,ao planejamentoeàexecuçãodasaçõesdeformaçãoecapacitaçãoparaquealcançasse umaofertacontínua,dequalidade,avaliadaemonitorada.Comaimplementaçãodo CapacitaSUAShouvereforçoaopapeldosestadosnoapoioaosentesmunicipaispara qualificação de trabalhadores e conselheiros do SUAS no âmbito do seu território. Outroavançoimportantefoiquantoàqualidadedasofertas,poisosestadospassaram acontarcomasinstituiçõesquecompõemaRedeNacionaldeCapacitaçãoeEducação Permanente do SUAS (RENEP-SUAS) para execução dos cursos. A criação da RENEPSUASfoiorientadapeloobjetivoprincipaldegarantirumpadrãobásicodequalidade daexecuçãodasaçõesdeformaçãoecapacitaçãoemtodooterritórionacional. Nasuaprimeiraetapa,apartirdasdemandasapresentadaspelosestadosem seusrespectivos“PlanosEstaduaisdeCapacitação”,oProgramaCapacitaSUASlançou trêscursos:IntroduçãoaoProvimentodosServiçoseBenefíciosSocioassistenciaisdo SUAS e Implementação de Ações do Plano Brasil Sem Miséria; Atualização em Indicadores para diagnóstico e acompanhamento do SUAS e do Brasil sem Miséria; Atualização em Gestão Financeira e Orçamentária do SUAS. Mais de 30 mil trabalhadores do SUAS, em todo território nacional, estão tendo a oportunidade de participardessescursos. Agora, nesta nova fase do Programa que se inicia em 2015, um conjunto de cinco novos cursos estão sendo disponibilizados: Atualização em Vigilância Socioassistencial do SUAS; Atualização sobre Especificidade e Interfaces da Proteção Social Básica do SUAS; Atualização sobre a Organização e Oferta dos Serviços da Proteção Social Especial; Atualização para a Elaboração de Planos de Assistência Social;IntroduçãoaoExercíciodoControleSocial.Maisdoqueampliarocardápiode cursosàdisposiçãodosestados,estanovafasedoCapacitaSUASpretendeaprofundar osmecanismosdedescentralizaçãoeparticipaçãosocialnaconstruçãoedisseminação dosconhecimentosrelevantesparaoSUAS.Esseobjetivo,consonantecomaPolítica Nacional de Educação Permanente do SUAS (PNEP-SUAS), instituída pela Resolução CNAS Nº 04 de 2013, ratifica a concepção político-pedagógica que tem foco no trabalhocotidianoenavalorizaçãodoprofissionaldaassistênciasocial,quersejaem conselhos,noprovimentodosserviços,ounagestãodoSUAS. Bons Estudos! Sumário MÓDULO I - Concepção da Proteção Social Básica ..................................................... 3 1.1. Introdução Histórica e Conceitual sobre a Proteção Social ............................. 3 1.2. Proteção Social e Assistência Social no Brasil ................................................ 9 MÓDULO II – Proteção Social Básica no SUAS .......................................................... 24 2.1. Funções da Proteção Social Básica .............................................................. 24 2.2. A quem se destina a Proteção Social Básica? .............................................. 26 2.3. CRAS, rede socioassistencial e articulação intersetorial ............................... 34 2.4. Trabalho social com família na PSB .............................................................. 40 MÓDULO III – As ofertas da PSB ................................................................................ 45 3.1. Serviços Socioassistenciais da PSB .............................................................. 45 3.2. Benefícios Socioassistenciais ........................................................................ 70 3.3. Programas no âmbito da Proteção Social Básica do SUAS .......................... 84 MÓDULO IV – Gestão da Proteção Social Básica ....................................................... 95 4.1. Atribuições na gestão do CRAS e dos serviços ............................................. 95 4.2. Articulação com a rede ................................................................................ 117 REFERÊNCIAS .......................................................................................................... 124 2 MÓDULOI-ConcepçãodaProteçãoSocialBásica Neste módulo apresentamos um panorama sobre a construção histórica e conceitualrelativaàProteçãoSocialetambémsobreodesenvolvimentodaProteção Social e Assistência Social no Brasil. Pronto para começar? Então, lembre-se que, determinação,coragemeautoconfiançasãofatoresdecisivosparaosucesso. Assim,esperamosque,aofinaldestemódulo,vocêsejacapazde: ü ConheceroprocessohistóricodedesenvolvimentodaProteçãoSocial; ü ReconhecerosprincípiosgeraisqueorientamaProteçãoSocialeAssistênciaSocial; ü ReconheceraimportânciadaProteçãoSocialeAssistênciaSocialnoBrasil. 1.1.IntroduçãoHistóricaeConceitualsobreaProteçãoSocial NestaUnidadeapresentamosumavisãogeralsobreaconstruçãohistóricadaProteção Social, a organização da classe trabalhadora, os conflitos e contradições que permeiam o processodeacumulaçãodassociedadescapitalistaseasformaspelasquaisessassociedades organizaram respostas para enfrentar as questões geradas pelas desigualdades sociais, econômicas,culturaisepolíticas. Como você já deve ter percebido, a política pública de assistência social vem se consolidando progressivamente por meio da construção do Sistema Único de Assistência Social, e se afirmando como parte integrante da proteção social brasileira. Mas esta construção é fruto de uma longa construção histórica, que cabe rapidamente resgatar, pois, assim,épossívelcompreendernãoapenasoarranjoinstitucional,masosobjetivossocietais, os compromissos políticos e as responsabilidades públicas que sustentam a construção e consolidaçãodestenovocampodapolíticasocialbrasileira.Acompanheconosco! IntroduçãoHistóricaeConceitualsobreaProteçãoSocial Inicialmente,cabeassinalarque,dediferentesformas,apesardevariaçõeshistóricase culturais, todas as sociedades humanas desenvolveram alguma forma de proteção aos seus membros mais vulneráveis. A proteção supõe, além da oferta de bens materiais, o acesso a bens culturais, políticos, econômicos, sociais e simbólicos que permitem a sobrevivência e a integraçãonavidasocial. 3 Mas,foicomoadventodoEstadoCapitalista,nosprimórdiosdaindustrialização,quea questão social se expressou pela primeira vez, provocando transformação radical nos mecanismosdeproteçãosocialdosindivíduos,atéentãosobaresponsabilidadedasfamílias, ordens religiosas e comunidades. Nesse contexto, e com o desenvolvimento do assalariamento e da urbanização, são institucionalizados, no âmbito do Estado, mecanismos complementares ou substitutos ao aparato familiar, religioso e comunitário de proteção social,configurandoaemergênciadapolíticasocialnassociedadescontemporâneas. QUESTÃOSOCIAL Aexpressão“questãosocial”surgenaEuropaOcidentalnaterceiradécadadoséculo XIX(1830)paradarcontadofenômenodopauperismoquecaracterizaaemergente classetrabalhadora.RobertCastel(2000)assinalaalgunsautorescomoE.Buretee A.Villeneuve-Bargemontqueautilizam.Dopontodevistahistórico,aquestãosocial vincula-seestreitamenteàexploraçãodotrabalho,quegeradesigualdades econômicasesociais.SuagênesepodesersituadanasegundametadedoséculoXIX quandoostrabalhadoresreagemàessaexploração. Como se sabe, no início da Revolução Industrial, especialmente na Inglaterra, mas tambémnaFrançaeemoutrospaíseseuropeus,assistiu-seaumapauperizaçãomassivados trabalhadores nas concentrações industriais. Sem dúvida, o empobrecimento desse primeiro proletariadofoiumacaracterísticadoinicianteprocessodeindustrializaçãoquetraziaconsigo um enorme custo social. Trata-se de uma superpopulação urbana, flutuante, miserável, cortada de seus vínculos rurais, e submetida a condições de vida degradantes, como constatamosestudossobreasprimeirascidadesindustriaisdoséculoXIX. Veja a esse respeito o trabalho de Maria Stella M. Bresciani; Londres e Paris no Século XIX: o Espetáculo da pobreza. São Paulo, Brasiliense,2004(10ªreimpressãoda1ªediçãode1982). Importante observar que, aos poucos, esse primeiro proletariado vai se organizando como classe trabalhadora. Através de sua ação organizada, os trabalhadores e suas famílias apresentaram suas reivindicações à esfera pública, colocando em evidência a relação entre suapobrezaeaformadeestruturaçãodaemergentesociedadecapitalista.Asdesigualdades sociais não apenas passaram a ser reconhecidas como problema social como também reclamaramaintervençãodospoderespolíticosnaregulaçãopúblicadascondiçõesdevidae de trabalho desses trabalhadores. As lutas e reivindicações do movimento operário (que inclusive organizou-se em sindicatos e partidos) geraram melhores condições de trabalho e deraminícioasprimeirasinstituiçõesdeproteçãosocial. 4 Aslutaspordireitossociaisforjamoavançodedemocraciasliberais,levandooEstado aenvolver-seprogressivamentenocamposocial,numaabordagempúblicadaquestãosocial, e constituindo novos mecanismos de intervenção nas relações sociais, seja por meio de legislaçõeslaboraisoudemecanismosdeproteçãosocial. O que se deseja assinalar é que, de modo geral, as abordagens estatais da questão social se estruturam a partir dos conflitos e contradições que permeiam o processo de acumulaçãodasociedadecapitalista,edasformaspelasquaisessassociedadesorganizaram respostas para enfrentar as questões geradas pelas desigualdades sociais, econômicas, culturaisepolíticas. PROTEÇÃOSOCIAL Pode ser definida como um conjunto de iniciativas públicas ou estatalmente reguladas para a provisão de serviços e benefícios sociais visando a enfrentar situações de risco social ou de privações sociais” (Jaccoud, 2009:58). Essaconstruçãovaiseefetivaraolongodofortalecimentodasociedadecapitalistaese expressaremdiferentestendências,integrandoumcampopróprioderelaçõesqueenvolvem aparticipaçãodeinstituiçõesprivadas,dasfamíliaseaintervençãodoEstadonoprocessode reprodução social e distribuição da riqueza, para garantir o bem-estar dos cidadãos. Assim sendo, o desenvolvimento das políticas sociais, particularmente as protetivas, expande o campopúblicoquepermiteaoscidadãosacessarrecursos,benseserviçossociaisnecessários, sob múltiplos aspectos e dimensões da vida: social, econômico, cultural, político, ambiental entre outros. E é dessa forma que as políticas sociais voltam para a efetivação de direitos, necessidades e potencialidades dos cidadãos. Neste sentido é que devemos compreender a proteçãosocial. NoséculoXX,apartirdacriseeconômicade1929,eseguindoasideiasdeKeynes,que defendeu uma maior intervenção do Estado na regulação das relações econômicas e sociais, ampliam-se as políticas sociais e tem início a experiência histórica de um Estado intervencionistaancoradoemumpactoentreosinteressesdocapitaledostrabalhadores. 5 OmodelokeynesianoéoconjuntodecontribuiçõesdeJ.M.Keynes,noâmbitoda economia e da intervenção do Estado como agente essencialmente regulador. Sua influência seriadecisivaparaaconstituiçãodeumnovomodelodeEstadoqueviriaadesignar-se,apósa 2ªGuerraMundial,deEstadoProvidênciaoudeBem-EstarSocial(WelfareState). ConformeobservouViana,nochamadoconsensopós-guerra, (...) os modernos sistemas de proteção social no século XX surgiram para atenuar as diferenças sociais criadas pelo livre funcionamento dos mercados e causa da produção de desigualdades. (...) A forma criada para proteger os cidadãos desses movimentos de produção de desigualdades e de insegurança social foi a assunção pelo Estado, principalmente apósaSegundaguerraMundial,dofinanciamentoeprovisãode um grande número de bens e serviços que os cidadãos não poderiam acessar única e exclusivamente pela renda obtida pelo trabalho, ou quando sem trabalho necessitassem desses bens(Viana,2008:647). Vejaque,nessaperspectiva,aspolíticaskeynesianasbuscaramgerarplenoemprego e, paralelamente, criar políticas e serviços sociais também tendo em vista a ampliação do mercadodeconsumo,pois com suas políticas; seu aparato institucional, suas justificações teóricas e ideológicas e seu acervo técnico profissional é parte integral do sistema capitalista. Isso quer dizer que ele [o chamado Welfare State ou Estado de Bem-estar Social], como um complexo moderno de proteção social, ancorado nos conceitosdeseguridadeecidadaniasocial(...)temavercomos rumos adotados pelo sistema capitalista, que deixou de ser liberal, nos anos de 1940, por uma questão de sobrevivência, parasertemporariamenteregulado(Pereira:2008:87). ImportanteobservarquePereiraabordaoWelfareState(EstadodeBemestarSocial)comoum”fenômenohistóricoespecífico”noqualaPolíticaSocialse tornouummeiopossívelelegitimadodeconcretizaçãodedireitossociaisdecidadania. Após a 2ª Guerra Mundial, o Estado de Bem-Estar Social consolida-se no continente europeu.OPlanoBeveridge(1942),naInglaterra,serviudebaseparaosistemadeproteção social britânico, influindo mesmo naqueles países que mantiveram regimes ancorados nos segurossociais. 6 NaAlemanha,porexemplo,nofinaldoséculoXIX(em1883)OttoVonBismarkcriarao SeguroSocial,quesedestinavaàgarantiacompulsória,peloEstado,dasubstituiçãodarendanos momentosdeperdadetrabalhoassalariadoouemsituaçõesdeafastamentostemporários. A base do novo sistema foi a noção de Seguridade Social, entendida como proteção contraapobrezaeoutrassituaçõesporviadeumconjuntodeprogramasdeproteçãocontra adoença,odesemprego,amortedoprovedordafamília,avelhice,adependênciaporalgum tipodedeficiência,osacidentesoucontingências. Em síntese, o Estado de Bem-Estar Social, apesar de se expressar em diferentes modelos e regimes, caracterizou-se, de modo geral, pela responsabilidade do Estado pelo bem-estar de seus membros. “Trata-se de manter um padrão mínimo de vida para todos os cidadãos, como questão de direito social, através de um conjunto de serviços provisionados pelo Estado, em dinheiro ou em espécie” (Cf. Silva, 2004: 56). Trata-se da intervenção do Estadonoprocessodereproduçãosocialedistribuiçãodariqueza,paragarantirobem-estar doscidadãos. Paraaprofundamentosobreanatureza,características,finalidadeseRegimesdeBem-EstarSocialler ESPING-ANDERSEN, G. As três economias do Welfare State. Lua Nova n. 24. 1991, p. 85-115; SILVA, Ademir Alves da. A gestão da Seguridade Social brasileira: entre a Política Pública e o Mercado. São Paulo, Cortez, 2008. Agoravocêvaiteraoportunidadedeseapropriardopensamentodeoutrosautores queabordaramesteassunto.Acompanheconosco! ParaMishra(1990),esseEstadoSocialsupõealtoeestávelníveldeemprego,serviços sociais universais, como saúde, educação, segurança social, habitação, e um conjunto de serviços pessoais, além de uma rede de segurança de assistência social. Essa modelo vai encontrar expressão principalmente na Europa após a Segunda Guerra Mundial, período de desenvolvimento do capitalismo organizado ou fordismo, quando o Estado interfere na reproduçãodaforçadetrabalhocontrolandoapopulaçãonãoativanassociedadescapitalistas ecriandoumaformaparticularderegulaçãosocial. Yazbek observa com propriedade que, um aspecto de consenso entre analistas diversos é a ligaçãoentreasPolíticasdeBem-EstarSocialeanecessidadedegestãodascontradiçõesresultantesdo própriomododedesenvolvimentodasociedadecapitalista.Nessesentido,oEstadoSocialcorresponde aumtipodeEstadoadequadoàsdeterminaçõeseconômicasnoqualaPolíticaSocialcorrespondeao 7 reconhecimento de direitos sociais que são corretivos de uma estrutura de desigualdade (Yazbek, 2008:88). A partir dos anos 70 do século XX, porém, surgem persistentes dúvidas quanto à viabilidadeeconômicadeumEstadodeBem-Estaruniversalista,cominfluênciabeveridgianae keynesiana.Acriseeconômicaquesesegueàsreestruturaçõesdoprocessodeacumulaçãodo capital globalizado, entre as quais se destacam as inovações tecnológicas e informacionais, alterou as relações de trabalho, produziu a eliminação de postos de trabalho, gerou segmentação dos trabalhadores em estruturas ocupacionais cada vez mais complexas e intensificadas, e expandiu os serviços, com desestabilização do assalariamento, sua precarização e insegurança no mercado de trabalho. Como consequência, o sistema de proteções e garantias que se vinculava ao emprego inicia um processo de alterações, assumindonovascaracterísticas. Veja que essa situação coloca o trabalho em condição de grande vulnerabilidade, exatamente pela ruptura entre trabalho e proteção social. Sabe-se que o aumento do desempregoencontra-seacompanhadodoaumentodotrabalhoprecárioedapobreza,quese ampliacomtrabalhadoresexcluídosdomercadoformaldetrabalho. Observeque,particularmentenospaísesdecapitalismoavançado,outrosfatorescomo asmudançasdemográficas(envelhecimentoealteraçãonospadrõesreprodutivosfamiliares) eaintensificaçãodosmovimentosmigratórios,vêmatuandonoagravamentodoquadro,com consequênciasnareversãopolíticaconservadoraapoiadanoideárioneoliberal.Essecontexto geroumudançasnossistemasdeproteçãosocial,redirecionandoasintervençõesdoEstadono âmbitodaproduçãoedistribuiçãodariquezasocial. Umafiguradeterminantenoregressoaoliberalismoclássicoemfinsdoséculo XXéFriedrichVonHayek.EmsuaobraOCaminhodaServidão(1944)Hayekdefendea tesedequeapenasemumasociedadelivre,emqueomercadoestivessesubmetidotãosomenteàordemespontâneaoriundadoestabelecimentovoluntárioderelaçõesentreas pessoas,conjugar-se-iaprogressoeconômicoeliberdadescivis. Nessas condições históricas, de reorganização econômica e política da maioria dos países capitalistas, de emergência de novas manifestações e expressões da questão social, alteram-se as experiências contemporâneas dos sistemas de proteção social. Veja que o Estado, como instituição reguladora dessas relações também passa por transformações importantes.Umadelaséareduçãodesuaaçãoreguladoranaesferasocial. 8 Nesse contexto, fortalecem-se as “políticas de inserção” que obedecem a uma lógica de seletividade, focalizando os programas sociais nos segmentos mais empobrecidos da população (os “válidos invalidados” pela conjuntura, conforme Castel). Em outros casos, observa-sequeosEstadosvoltamaapelaraparceriascomosetorprivado(entidadessociais, organizações não governamentais, associações voluntárias e fundações empresariais entre outras) num processo de construção de um sistema misto de Proteção Social que se caracterizapelaintersecçãodopúblicocomoprivado. É necessário assinalar que, se a perspectiva profissional e a intervenção especializada como"modelodeaçãocompetente"setornaramcomponentesfundamentaisdaspolíticasde bem-estarnoWelfareStatecontemporâneo,osistemamistoquestionaestescomponentese valorizaacolaboraçãoentresolidariedadeeempregabilidade.Ébomlembrartambémquea filantropia, neste contexto, se apresenta com novas faces estratégicas e com um discurso pautadonadefesadaqualidadedosbenseserviçosoferecidos,parecendoganharatualidade uma perspectiva "modernizadora", sobretudo na dimensão gestionária de um número crescentedeinstituiçõesdocampofilantrópico. Na contemporaneidade, com as transformações nos processos de acumulação e o avanço do capital financeiro e do ideário neoliberal, sobretudo os países do espaço europeu enfrentam mudanças, não sem resistências, em seus sistemas protetivos. Sabemos que o “edifíciodeproteçõesmontadonoquadrodasociedadesalarialfissurou-se,equeelecontinua a esboroar-se sob golpes trazidos pela hegemonia crescente do mercado” (Castel, 2005:93). Contudo,comoafirmaomesmoautor,“opoderpúblicoéúnicainstânciacapazdeconstruir pontes entre os dois polos do individualismo e impor um mínimo de coesão à sociedade” (1998,610). Agora que você já se inteirou do processo histórico de desenvolvimento e dos princípios gerais que orientam a Proteção Social é o momento de conhecer de perto e em detalhes as principais características de Proteção Social e Assistência Social no Brasil. Pronto paracomeçar? 1.2.ProteçãoSocialeAssistênciaSocialnoBrasil Importante observar que, no caso brasileiro, a experiência colonial e a escravidão prolongadadeixaramsuasmarcasnosistemaprotetivo.Assim,parapensaratualmenteopaís é preciso não esquecer o guarda traços indeléveis da longa história que o condiciona: colonização, lutas pela independência, escravidão, clientelismo, autoritarismo e favor. Esses 9 traços que marcaram a formação social e moldaram um perfil para a sociedade brasileira permeiam,contraditoriamente,ahistóriadaproteçãosocialnopaís. Veja que essa história, em um primeiro momento, tem nas esmolas, nas obras assistenciais e filantrópicas e de misericórdia sua mais significativa expressão. No século XIX, ganhou corpo em obras sociais e filantrópicas, em ações de ordens religiosas e nas redes de solidariedadefamiliares(famíliasextensasdeváriostipos). Contudo,aolongodaprimeirametadedoséculoXX,oavançodaindustrializaçãoeda urbanização, bem comoa emergência e consolidação do movimento operário fomentaram a açãonoâmbitodaregulaçãosocialdotrabalhoqueseconsolidounalegislaçãotrabalhistae na instituição da previdência social. O campo da proteção social pública emerge, assim, no espaço de regulação do trabalho assalariado, construindo aquilo que foi chamado por WanderleyGuilhermedosSantosde“cidadaniaregulada”. Cidadaniaregulada “Porcidadaniareguladaentendooconceitodecidadaniacujasraízes encontram-se,nãoemcódigosdevalorespolíticos,masemumsistemade estratificaçãoocupacional,eque,ademais,talsistemadeestratificaçãoocupacional édefinidopornormalegal”(SANTOS,1987,p.68). Nessaperspectiva,acondiçãodecidadãonãodecorredevalorespolíticos queidentificamumindivíduocomomembrodeumacomunidadepolítica,masé adquiridanamedidaemqueelepossuiumaocupaçãoreconhecidaedefinidaemlei. OEstado,portanto,afirmaoindivíduocomocidadãonamedidaemqueelepossui umvínculoocupaçãoformalcomomercadodetrabalho. Veja mais sobre o conceito de cidadania regulada em Santos, Wanderley Guilherme dos. Cidadania e justiça. A política social na ordem brasileira.RiodeJaneiro:Campus,1979. ObservequeaConstituiçãoFederalde1937criouumadualização:deumladoaPolítica Previdenciáriaealegislaçãotrabalhistaparaostrabalhadoresformais,predominantementeos trabalhadoresdaindústria,que“sãotransformadosemsujeitoscoletivospelosindicatoe,de outro lado, os informais que são enquadrados como pobres, dependentes das instituições sociais,dissolvidosematençõesindividualizadasenãoorganizadas”(Mestriner,2001:105). 10 Essadualidadeentreopobreeocidadãovaiseconstituirnumamarcadapolíticasocial brasileira. Assim, se para a emergente classe operária brasileira, as ações no campo da proteção social se redefiniram como parte de um pacto entre as classes sociais, para o trabalhador pobre, sem carteira assinada ou desempregado, restaram as obras sociais e filantrópicasquesemantiveramresponsáveispelaassistênciaesegregaçãodosmaispobres, comatendimentofragmentadoporsegmentospopulacionaisatendidos. Estemódulonãoobjetivaaretomariniciativashistóricasdeenfrentamentoàpobreza nasociedadebrasileira.Noentanto,éinteressanteobservarqueumarápidacaracterizaçãodo percurso dessas ações, suas persistências e redefinições, evidenciam sempre concepções de pobrezaquenãoconstroemafiguradocidadão,“massimafiguradopobre:figuradesenhada emnegativo,pelasuaprópriacarência”(Telles,1999:190). Vejaque,dopontodevistaestatal,aatençãoparaossegmentospobresconstituiu-sea partirdeumalógicadebenemerência,dependentedecritériosdeméritoecaracterizadapela insuficiência e precariedade, moldando a cultura de que “para os pobres qualquer coisa basta”. Dessa forma, o Estado não apenas incentivava a benemerência, mas passava a ser responsável por ela, regulando-a através do Conselho Nacional de Serviços Sociais (CNSS) (criado em 1938) e mantendo a atenção aos pobres sem a definição de uma política, não acompanhando os ganhos trabalhistas e previdenciários, restritos a poucas categorias (Mestriner,2001). É também nesse contexto que emerge o projeto político da Igreja Católica, expresso "peladoutrinaepelaaçãosocialcatólica",quenestemomentohistóricopriorizaaAçãoSocial (intervençãodirecionadaparamudançaspolíticasesociaissobaóticadoideáriocatólico),em detrimentodeaçõesdeAssistênciaSocial.Aindaassim,aAssistênciaSocialeraconsiderada umavançoemrelaçãoàspráticasfilantrópicasprevalecentesatéentão. VerapropósitoEntrevistacomOdilaCintraFerreira.Revista ServiçoSocialeSociedadenº12,SãoPaulo,Cortez,agostode1983. 11 Outrodadoimportanteéqueem1942,ogovernobrasileirocriouaLegiãoBrasileirade Assistência (LBA), primeira grande instituição de Assistência Social do país, para atender às famíliasdosexpedicionáriosbrasileiros.TerminadaaGuerra,aLBAsevoltaparaaassistênciaà maternidadeeàinfância,iniciandoapolíticadeconvênioscominstituiçõessociaisnoâmbito dafilantropiaedabenemerência. Caracterizada por ações paternalistas e de prestação de auxílios emergenciais e paliativos à miséria, a LBA vai intervir junto aos segmentos mais pobres da sociedade mobilizandoasociedadecivileotrabalhofeminino.Essamodalidadedeintervençãoestána raizdarelaçãosimbióticaqueaemergenteAssistênciaSocialbrasileiravaiestabelecercoma filantropiaecomabenemerência(cf.Mestriner,2001). Paraaautora“AssistênciaSocial,FilantropiaeBenemerênciatemsido tratadas no Brasil como irmãs siamesas, substitutas umas da outras.” (Mestriner,2001:14). Na verdade, o caráter dessa relação nunca foi claro e a histórica fragilidade nas fronteiras entre o público e o privado na constituição da sociedade brasileira vai compor a tessitura básica dessa relação que continuamente repõe tradições clientelistas e assistencialistasseculares. Portanto, o que se observa é que historicamente as atenções da Assistência Social pública se estruturam acopladas ao conjunto de iniciativas benemerentes e filantrópicas da sociedadecivil. Apenas com a Constituição Federal de 1988 (CF/88) a “cidadania regulada” foi substituída, com a instituição de novas bases para a proteção social, advindas do reconhecimento de direitos sociais universais. A legislação que então emerge no âmbito da assistênciasocial,marcadapelocarátercivilizatóriopresentenaconsagraçãoconstitucionalde direitossociais,apontaqueasprovisõessejamprioritariamenteofertadascomogarantiasde cidadaniaesobaresponsabilidadedoEstado,sejanacoberturaounoacesso. VejaqueoreconhecimentodaPolíticadeAssistênciaSocialcomoparteintegranteda Seguridade Social permitiu seu trânsito do campo da ação predominantemente privada e assistencialistaparaocampodosdireitossociaisedaprovisãopública.Portanto,agarantiade estruturas permanentes de proteção social, e no caso da Assistência Social, a provisão da 12 atenção socioassistencial, no Brasil, é de responsabilidade prioritária do Estado. É direito público e deve ser, portanto, contínua, regular e apresentar padrões de qualidade, constituindo-seemrespostasqualificadasàscomplexasdemandassociais. Observe que a emergência da assistência social como política pública é, assim, muito recente: menos de 25 anos, se acolhermos a regulamentação constitucional efetivada em 1993, com a promulgação da Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS), Lei nº 8742/93, alteradaem2011pelaLeinº12.435/2011. No entanto, como Dagnino (2004) e Montaño (2001) apontam, o projeto neoliberal emergente no Brasil, na década de 1990, enfraqueceu as políticas públicas e as conquistas obtidas no processo de construção da CF/88, esvaziando espaços de disputa por direitos, focalizando,privatizandoeprecarizandoasaçõesnocamposocial. De acordo com Montaño (2001), as políticas sociais passaram, naquela década, a ser executadas com as seguintes características: a focalização em setores em detrimento à universalização; a resposta a demandas emergenciais, mínimas e de forma assistencialista; a precarização, em termos de verbas e de incertezas de continuidade; e a não cidadania, no sentido de não estimular o debate e a luta por direitos, ao contrário, favorecendo o silenciamento e resignação da população. Este movimento significou um retrocesso em relaçãoàspolíticassociaisconstituídascomodireitosuniversaispelaCF/88,constrangendoas respostaspúblicasaosproblemassociais,comoapobrezaeadesigualdade,efortalecendoas açõesindividuais,filantrópicaseimediatistas. Nocasodapolíticadeassistênciasocial,estecenáriocompareceuaté2003,quando, naIVConferênciaNacionaldeAssistênciaSocial,foideliberadaainstituiçãodoSistemaÚnico de Assistência Social (SUAS), entendido como um sistema que organiza, em todo o território brasileiro,asofertasdapolítica.NadireçãodaconstruçãodoSUAS,forameditadasregulações enormativasdoSUAS,comoaPolíticaNacionaldeAssistênciaSocial(PNAS),em2004,e,no anoseguinte,aNormaOperacionalBásicadoSUAS(NOB-SUAS),queestabeleceramasbases parasuaefetivação. AgoraquejáconversamossobreoprocessohistóricodedesenvolvimentodaProteção SocialnoBrasil,vamosfalarsobreosfundamentosqueorientamapolíticadeassistênciasocial edoSUAS.Acompanheatentamente! 13 OsfundamentosdapolíticadeassistênciasocialedoSUAS AafirmaçãodaassistênciasocialcomopolíticapúblicaeaimplantaçãodeumSistema nacional que a efetive em todo o país demandaram a instituição de alguns princípios, diretrizes,objetivoseconceitosquedevemregerasofertassocioassistenciais. A Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS) estabelece os objetivos da assistência social,quesão: a)aproteçãosocial,quevisaàgarantiadavida,àreduçãodedanoseàprevençãoda incidênciaderiscos; b) a vigilância socioassistencial, que visa a analisar territorialmente a capacidade protetivadasfamíliasenelaaocorrênciadevulnerabilidades,deameaças,devitimizaçõese danos; c)adefesadedireitos,quevisaagarantiroplenoacessoaosdireitosnoconjuntodas provisõessocioassistenciais. ParaleraLei OrgânicadaAssistênciaSocial(LOAS)naíntegraacesse: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8742compilado.htm As diretrizes constitucionais para a política de assistência social apontam para o fortalecimentodarelaçãodemocráticaentreEstadoesociedadecivil,pormeiodaparticipação popularnaformulaçãoenocontrolesocialdasaçõesnostrêsníveisdegoverno,bemcomoa descentralizaçãopolítico-administrativa,queindicaaresponsabilidadecompartilhadaentreos entesfederados(União,estadosemunicípios)pelagestãodaáreaepelaofertadosserviços, programas,projetosebenefíciossocioassistenciais,emparceriacomasentidades. A LOAS estabelece o Sistema Único de Assistência Social (SUAS), descentralizado e participativo, como a forma de gestão da área, consolidando os princípios da primazia da responsabilidadepúblicanaregulação,coordenaçãoeofertadaassistênciasocial,assimcomo suaefetivaçãonocampododireito,lembrandoquenãoháaefetivaçãododireitosocialsema garantiadoEstado. ParaestruturaragestãodoSUAS,aNormaOperacionalBásicadoSUASde2012(NOBSUAS/2012) reafirma as diretrizes legais de primazia da responsabilidade do Estado, de descentralização político-administrativa com comando único em cada nível de governo e responsabilidade compartilhada pelos entes federados no financiamento das ações, de fortalecimento da relação democrática entre Estado e sociedade por meio da participação 14 popular e do controle social. Inclui ainda a territorialização e a matricialidade sociofamiliar como diretrizes a serem observadas em todas as ações que buscam efetivar os objetivos da assistênciasocial. 15 TERRITÓRIO OSistemaÚnicodeAssistênciaSocial,aoadotaralógicaterritorialcomoumdeseuspressupostosde perspectiva de aprimorar o conhecimento da realidade social; de melhorar o acesso dos gestão, o fez na destinatários aos serviços e benefícios; de favorecer a articulação da rede de serviços; de potencializar a intersetorialidade como estratégia de gestão; de possibilitar a integração entre serviços e benefícios; e de aprofundarematerializarprocessosparticipativos. A NOB-SUAS/2012 aponta a importância da leitura territorial para a implantação dos equipamentos (emespecialdeCRASeCREAS)considerandoaanáliseeoreconhecimentodasvulnerabilidadeseriscossociais epessoaisedasviolaçõesdedireitonosterritórios.AodescreverosobjetivosdoSUASindicaaindaadimensão doterritóriocomoumaformadeidentificaçãodasdiversidadesculturais,étnicas,religiosas,socioeconômicas, políticas. OdiagnósticosocioterritorialdequetrataaNOB-SUAS/2012éfundamentalparaseconhecerasreais necessidades da população beneficiária da política de assistência social. Além disso, a gestão da política de assistênciasocial,quesedefinepelaimplementaçãodeaçõesintegradas,reconheceadimensãodialéticado territórioquepodeedeveincorporarasvidascotidianas.ConformeafirmaMiltonSantos:“asociedadeincide sobreoterritório,eeste,sobreasociedade”(SANTOS,2000,p.70). Koga (2003) salienta que se deve “considerar as diferenças internas de um mesmo território e, consequentemente,elencarprioridadesdiferenciadas,seguindoasnecessidadesdecadapopulação”.Ainda,a autoradefendeque O território também representa o chão do exercício da cidadania, pois cidadania significavidaativanoterritório,ondeseconcretizamasrelaçõessociais,asrelações de vizinhança e solidariedade, as relações de poder. É no território que as desigualdades sociais tornam-se evidentes entre os cidadãos, as condições de vida entre moradores de uma mesma cidade mostram-se diferenciadas, a presença/ausência dos serviços públicos se faz sentir e a qualidade destes mesmos serviçosapresentam-sedesiguais.(KOGA,2003,pg.33) Oterritórioimprimeàrededeserviçospúblicosdescentralizadosresponsabilidadessobseucampode proteçãoegarantiadedireito,assimcomopermitevalorizaravidaderelações,reconheceoespaçodetodos, das práticas, da vida coletiva, das forças presentes, das potencialidades e habilidades ali presentes. Desse modo,aconcepçãoquedemarcaapolíticadeassistênciasocialfunda-senacompreensãodequeterritórioé resultante de múltiplas determinações que se definem no espaço de vivencia, incluindo a dimensão política constituída das relações de poder e de interesses antagônicos e contraditórios que são expressas no modo como se organizam as esferas de dominação e de decisões; aspectos econômicos e que reverberam a sua infraestrutura;easuadimensãosubjetivaconstituídapelocoletivoqueestabelece. A dimensão territorial, a diversidade regional e as diferentes densidades demográficas dos municípiosnoBrasilexigiramdoSUASedesuaperspectivaterritorialquesejamconsideradosessesfatoresna estruturaçãodosserviços,tantodeproteçãosocialbásicacomoespecial.Espera-seque,paraalémdadiretriz dedescentralizaçãoprevistanospreceitosnormativosequereforçaaimportânciadaredeedaespecificidade municipal e regional, a gestão da política de assistência social, considere o território de abrangência dos serviçoscomsuasespecificidadeshistóricas,políticas,econômicaseculturais. AperspectivaterritorialnagestãodoSUASfavorecesuacapacidadedeampliarseufocoparaalémde Além desses eixos estruturadores do SUAS, a Política Nacional de Assistência Social indivíduosefamíliasalcançandogrupospopulacionais,considerandoasdiferentesrealidades,ahistória,as relaçõesdepoder,aestruturaeasdinâmicaspróprias.Aatuaçãosobreoterritóriosignificaaatuaçãonoplano (PNAS) estabelece como fundamentais para a estruturação da área, a política de recursos coletivocomocompromissoeestabelecimentodevínculosreaisentreasequipesdereferênciadosserviçose humanoseaexistênciaefuncionamentodeumsistemadeinformaçãoqueestejaarticulado osterritórios,“umaaliançaestratégica”,comonosensinaRizzotti(2011:65),entreosprofissionais,oterritório eosusuários,deformaadesenvolverintervençõesquepossibilitemapromovernapopulaçãoa“coletivização” aosprocessosdemonitoramentoedeavaliaçãoequesejamorientadoresparaaformulação nareflexãosobreosproblemas,assimcomoconstruçãodasestratégiasigualmentecoletivasparao enfrentamentoousuperaçãodosmesmos. doplanejamentodasações. 16 ComopolíticadeEstado,aassistênciasocialpassaaserresponsávelporefetivarum relevantecampodaproteçãosocialpúblicaenãocontributivanaformadeofertaderenda, serviços, programas e projetos. Consolida-se, assim, como estratégia fundamental no combateàpobrezaeàsubalternidade,naprevençãoenoenfrentamentodavulnerabilidade e de riscos, na ampliação de oportunidades e acesso a serviços sociais, e na defesa dos interessesenecessidadessociaisdossegmentosmaisempobrecidos. ObservequeoSUAS,portanto,éumsistemaemconstrução,quevisaàsuperaçãoda lógicadoassistencialismoedoclientelismopormeiodaestruturaçãodeumSistemapúblico, democrático e republicano, que em muito de distancia dos ditames neoliberais. De fato, o reconhecimentodasdemandassociaiscomodireitoesuaorganizaçãodeformaunificadaem todooterritórionacionaltornaaproteçãosocialmaisefetiva,reduzindoincertezasdeacesso, padronizando as proteções, igualando oportunidades e enfrentando as desigualdades na oferta.Oacessopassaaseruniversal,asprestaçõescontinuadaseofinanciamentoregulare automáticofundoafundo.Aocontrário,quandonãoreferenciadasemdireitos,aspolíticasde proteção social se restringem a programas e projetos de temporalidade limitada, risco de descontinuidadeeausênciadegarantiasdeofertaeacesso. Mas veja que as ofertas que efetivam a proteção socioassistencial no SUAS devem observar um conjunto de princípios éticos, ou seja, os trabalhadores do Sistema devem observar a defesa da dignidade e da liberdade e a integridade dos públicos que atende, promovendo autonomia e protagonismo desses usuários por meio de ações gratuitas contínuas, integradas e de qualidade, que estimulem o convívio social e familiar. Também devem pautar-se pelo respeito à pluralidade e diversidade desses públicos, garantindo a laicidade do Estado, os direitos à privacidade, à informação e à participação democrática. Enfim,asofertasdevempautar-sepeloreconhecimentododireitodessespúblicosateracesso aosserviçosebenefíciossocioassistenciais. Valelembrarqueessesfundamentossãomuitoimportantes,poisasconcepçõessobrea AssistênciaSocial,sobreodireito,sobreospúblicosusuáriosdapolíticaeavisãodemundo queosprofissionaisegestorespossuemirãoorientaraprestaçãodosserviços,aconcessão dosbenefícioseotrabalhosocial. PararealizarasgarantiasasseguradaspelaConstituiçãoFederalepelaLOAS,aPNASea NOB-SUAS/2012 identificam as seguranças sob responsabilidade da Assistência Social, em 17 tornodasquaisseconsolidaocampoprotetivodestapolítica.ANOB-SUAS/2012,instrumento que disciplina a gestão pública da política de assistência social e organiza as ofertas para garantirassegurançasprópriasdocampodaassistênciasocial,detalhaosmeiospelosquais essassegurançasdevemefetivar-se. Observe atentamente o quadro a seguir, pois nele encontram-se relacionadas as seguranças a serem garantidas pela política de assistência social e os indicativos para sua provisão. Seguranças Provisões Oferta de uma rede de serviços e de locais de permanência de indivíduos e famílias sob curta, médiaelongapermanência. A NOBSUAS-2012 prevê ainda que deve ser provida por meio da oferta pública de espaços e serviços para a realização da proteção social básica e especial, nas instalações físicas e com Asegurançadeacolhidadevegarantiralojamento açãoprofissionalqueassegure: econdiçõesdesobrevivênciaparaaquelesque, a. Condiçõesderecepção; porquaisquercircunstâncias,estejamemsituação b. Escutaprofissionalqualificada; deabandonoouausênciademoradia. c. Repassedeinformaçõeseorientações; d. Estabelecimento de referência e contrarreferência; e. Concessãodebenefícios; f. Aquisições materiais, econômicas, políticas,culturaisesociais; g. Abordagem em territórios de maior vulnerabilidadeedeincidênciadesituaçõesde risco; Oferta pública e continuada de serviços que garantamoportunidadeseaçãoprofissionalpara: a. A construção, a restauração e o Asegurançadeconvíviobuscaimpediro fortalecimento de laços de pertencimento, de isolamentoeafirmarefortalecerrelaçõesde natureza geracional, intergeracional, familiar, sociabilidade,reconhecimentosocial,trocae devizinhançaeinteressescomunsesocietários; vivencia,sejanafamíliaounacomunidade. b. Oexercíciocapacitadorequalificadorde vínculossociaisedeprojetospessoaisesociais devidaemsociedade. Operada por meio da concessão de auxílios financeiros e de benefícios continuados, nos Asegurançaderendaimplicanagarantiade termos da lei, para cidadãos não incluídos no acessoaumarendamínima,sejaparaasfamílias sistema contributivo de proteção social, que pobresouparaidososoupessoascomdeficiência apresentemvulnerabilidadesdecorrentesdociclo queestejamimpossibilitadosparaotrabalho. de vida e/ou incapacidade para a vida independenteeparaotrabalho. Açõesprofissionaisesociaispara: Asegurançadeautonomiavisaaatuarna a. O desenvolvimento de capacidades e promoçãodoprotagonismo,participaçãoeacesso habilidades para o exercício do protagonismo, adireitos. dacidadania; b. A conquista de melhores graus de liberdade, respeito à dignidade humana, 18 Segurançadeapoioeauxílioégarantidaquando háriscoscircunstanciais,comonoscasosde calamidade,carênciasouurgênciasespecificas. protagonismoecertezadeproteçãosocialpara oindivíduo,afamíliaeasociedade; c. Conquista de maior grau de independência pessoal e qualidade nos laços sociais, para indivíduos sob contingências e vicissitudes. Oferta auxílios em bens materiais e em pecúnia, em caráter transitório, denominados de benefícios eventuais para as famílias, seus membroseindivíduos. PARAEXEMPLIFICAR Nasegurançaderenda,tempapelexpressivooBenefíciodePrestaçãoContinuada (BPC),previstonaConstituiçãoFederalde1988enaLOAS,equegaranteorecebimentode1 salário mínimo a idosos acima de 65 anos e pessoas com deficiência que comprovem não possuirmeiosdeproveraprópriamanutençãonemdetê-laprovidaporsuafamília. OProgramaBolsaFamíliatambémseconstituibenefíciodaassistênciasocial,etem porobjetivo:a)promoveroalívioimediatodapobreza,pormeiodatransferênciadiretade renda à família; b) viabilizar o acesso aos direitos sociais básicos nas áreas de Saúde e Educação, de modo a contribuir para que as famílias consigam romper o ciclo da pobreza entregerações;c)coordenarosprogramascomplementares,visandoodesenvolvimentodas famílias, a fim de que os beneficiários consigam superar a situação de vulnerabilidade e pobreza. Podemos considerar as ações de incentivo à participação cidadã, de identificação e fortalecimento de potencialidades e habilidades, e de promoção do acesso a direitos, em especialàsaúde,educação,documentaçãocivil,habitação,geraçãodetrabalho,empregoe rendaentreoutras,comoformasdeafiançarasegurançadedesenvolvimentodaautonomia aindivíduosefamíliasemsituaçãodevulnerabilidade. PARAEXEMPLIFICAR O auxílio funeral é um exemplo de um benefício eventual, de caráter provisório, prestado às famílias diante de uma situação de vulnerabilidade temporária,ocasionadapelaperdadeumdeseusmembros.OsBenefíciosEventuais são assegurados pelo art. 22 da LOAS, e integram organicamente as garantias do SUAS. A Resolução nº 212, de 19 de outubro de 2006, do CNAS, e o Decreto nº 6.307, de 14 de dezembro de 2007, estabeleceram critérios orientadores para a regulamentaçãoeprovisãodeBenefíciosEventuaisnoâmbitodaPolíticaPúblicade AssistênciaSocialpelosMunicípios,EstadoseDistritoFederal. 19 As seguranças a serem afiançadas pela política de assistência social materializam-se pormeiodaofertadebenefícioseserviçossocioassistenciais,osquaispromovemaquisições nosusuários,conformeexpressaaTipificaçãoNacionaldeServiçosSocioassistenciais(2009). Vale destacar que todas essas seguranças são articuladas entre si, de maneira a favorecer a proteção social à família e ao indivíduo. Isso significa dizer que ao inserir um indivíduo no ServiçodeConvivênciaeFortalecimentodeVínculos(SCFV),porexemplo,nãosóestarásendo afiançadaasegurançadeconvívio,mastambémadedesenvolvimentodaautonomia. Veja que os serviços e benefícios socioassistenciais organizados e ofertados pela política de assistência social por meio do SUAS integram o sistema de Proteção Social da Seguridade Social brasileira. Eles são orientados pelas diretrizes, princípios e parâmetros pactuados nacionalmente e constituem as ofertas para que indivíduos e famílias tenham a garantiadeacessoaosdireitossocioassistenciaiseàpreservaçãoeproteçãodavida,redução dedanoseprevençãodaincidênciaderiscossociais. Importantevocêperceberqueaproteçãosocialafiançadapelapolíticadeassistência social, portanto, observa a existência de formas diferenciadas de desproteção que incidem sobre indivíduos e famílias e que vão demandar ações e equipamentos públicos também diferenciados para as ofertas de serviços e benefícios. Nesse sentido, organiza-se em dois níveis:ProteçãoSocialBásicaeProteçãoSocialEspecial(deMédiaedeAltaComplexidade), tendo como equipamentos públicos, respectivamente, os Centros de Referência de Assistência Social (CRAS) e os Centros de Referência Especializados de Assistência Social (CREAS),essesúltimasnamédiacomplexidade. EnquantoSistemapúbliconãocontributivo,descentralizadoeparticipativo,quetrata de necessidades sociais, individuais ecoletivas,cabeaoSUASgarantir,conformeprevistono art.6º-AdaLeiOrgânicadaAssistênciaSocial: I–ProteçãoSocialBásica:conjuntodeserviços,programas,projetos, benefícios da assistência social que visa prevenir situações de vulnerabilidade e risco social por meio do desenvolvimento de potencialidades e aquisições e do fortalecimento de vínculos familiaresecomunitários; II – Proteção Social Especial: conjunto de serviços, programas e projetos que tem por objetivo contribuir para a reconstrução de vínculos familiares e comunitários, a defesa de direito, o fortalecimento das potencialidades e aquisições e a proteção das 20 famílias e indivíduos para o enfrentamento das situações de violaçõesdedireitos. AResoluçãodaComissãoIntergestoresTripartitenº7,de10de setembro de 2009, que dispõe sobre a articulação entre serviços, benefícios e transferência de renda no âmbito do SUAS, é um instrumento de gestão importante para afiançar as seguranças previstasnapolíticadeassistênciasocial. A inclusão da assistência social como política pública no campo dos direitos sociais demandouumaamplaconstruçãoqueatendesseaosseguintesrequisitos:reconhecimento deste lócus de responsabilidade pública pelos entes federados e de suas respectivas atribuições; padronização das proteções com definição das ofertas e seus objetivos; instituição de garantia de acesso a serviços e benefícios em todo o território nacional, considerando não apenas o princípio da universalidade como da uniformidade e da coberturadasprestações. Vale ressaltar que, além da estruturação dessa política pública em novas bases, foi necessárioconstruirumconjuntodeaportesindispensáveis:equipamentospúblicos,recursos humanos, financiamento estável e regular, rede integrada de serviços e sistemas de informaçãoemonitoramento.Ouseja,paraorganizaraassistênciasocialnacionalmenteena formadeumSistemaÚnico,operandoemcadaterritório,énecessárioqueaimplementação ocorra nos moldes de uma gestão compartilhada pelos os três níveis de governo, com normativas nacionais pactuadas em instâncias federativas, das quais participam os entes federados(ComissãoIntergestoresTripartite-CITeComissãoIntergestoresBipartite-CIB),e deliberadas pelos representantes do Estado e da sociedade nas instâncias de participação e controle social (Conselho Nacional de Assistência Social - CNAS, Conselhos Estaduais de AssistênciaSocial–CEASeConselhosMunicipaisdeAssistênciaSocial-CMAS). 21 As Comissões Intergestores existem no nível federal e nos estados. Elas articulam representantesdosgestoresdaassistênciasocial(federal,estaduaisemunicipais,naCIT,eestaduais emunicipaisnasCIB),quenegociamaspectosimportantesdagestãodoSUAS,estabelecendopactos que orientam a gestão em diferentes dimensões, como a administrativa e a financeira. Essa dinâmica respeita a autonomia dos entes federados e possibilita a coordenação das ações entre eles. OsConselhostêmafunçãodedeliberarsobreaspectosrelevanteseprioridadesdapolítica, bemcomoacompanharasuaexecução,exercendoumaduplafunção:possibilitaraparticipaçãoda sociedadenessasatividadesqueanteseramexercidasapenaspeloEstadoeefetivaroexercíciodo controlesocialsobreapolítica.Elessãoconstituídosnostrêsníveisdafederaçãoedevemobservar aparidadeentrearepresentaçãodoEstadoedasociedadecivil(usuários,trabalhadores,entidades) nasuacomposição. Paraaimplementaçãodessamudançafundamental,aAssistênciaSocialnãopodeser pensada isoladamente, mas sim em relação com outras políticas sociais e em conformidade com os marcos legais que apresentam um novo desenho institucional para esta política. A inovação decorre não apenas da sua afirmação como direito não contributivo (independentemente de contribuição à Seguridade Social e para além dos interesses do mercado),mastambémdadeterminaçãodadescentralizaçãodagestãoedaparticipaçãoda populaçãonaformulaçãoenoexercíciodocontrolesobreaexecuçãodapolítica. Inúmeros avanços foram alcançados, mas cabe fazer um importante destaque ao reconhecimento da condição de sujeito de direitos consignada ao usuário das atenções e serviçosdaassistênciasocial.Afinalidadeúltimadessapolíticaégarantirproteçãosocialaos usuáriospormeiodaefetivaçãodosdireitossocioassistenciais.Essasconquistasexpressamo empenhoemalcançaratodosquenecessitaremdaassistênciasocialindependentementede suasituaçãoderenda,masreconhecendoavulnerabilidadedosmaispobreseasituaçãode risco por violação de direitos a que muitos brasileiros estão expostos, tirando-os da invisibilidadeefortalecendoaparticipaçãosocial. 22 UsuáriosdaAssistênciaSocial Aolongodaimplantaçãodapolíticadeassistênciasocialmuitasconquistastêmsidoobtidaspelos usuários.Dentreelas,aconstruçãodesuaidentidadecomosujeitosdapolítica.AResoluçãonº 011/2015doCNASéumaimportanteexpressãodesseprocesso.Elacaracterizacomousuáriosda assistênciasocialoscidadãosqueacessamosserviços,programas,projetos,benefíciose transferênciaderendaporseencontrarememsituaçõesdevulnerabilidadeeriscossociale pessoal.Seusrepresentantessãosujeitoscoletivosqueseorganizamdediversasformasjurídicas, políticasousociais,comoassociações,movimentos,fóruns,dentreoutros.AResoluçãoafirmaos direitosdosusuáriosdeteremacessoainformaçõeseorientações,deusufruíremdeserviçose programasdequalidade,edeteremseusdireitosreconhecidosperanteasociedade.Alémdisso,é reforçadaaimportânciadaparticipaçãodosusuáriosnasinstânciasdeliberativasdoSUAS. Nesta unidade, tivemos a oportunidade de conversar sobre a construção histórica e conceitual relativa à Proteção Social e sobre os fundamentos que a orientam. Abordamos questõesrelativasaodesenvolvimentodaProteçãoedaAssistênciaSocialnoBrasilaolongo datrajetóriadapolíticadeassistênciasocial,principalmente,comacriaçãodoSistemaÚnico deAssistênciaSocial(SUAS).Esperamosqueosconhecimentosadquiridospossamauxiliarsua atuação de forma democrática e participativa. No próximo módulo estaremos conversando sobreaProteçãoSocialBásicanoSUAS.Valeconferir! 23 MÓDULOII–ProteçãoSocialBásicanoSUAS Nestemóduloapresentamosaspectosrelacionadosàsresponsabilidadesefunções protetivasdaProteçãoSocialBásica(PSB),assimcomoaoseupúblicoeequipamentos. AbordamostambémoCRAS,aconstituiçãodaredesocioassistencialeaarticulação intersetorial,eaindaodesenvolvimentodotrabalhosocialcomfamílianaPSB.Apartirde agora,vamosteraoportunidadedeconhecer,refletiredialogarsobreessasquestões. Espera-seque,aofinaldestemódulo,vocêestejaaptoa: ü Conhecer as Funções da Proteção Social Básica e identificar o público a quem ela se destina; ü FazerumrelatocircunstanciadosobreoCRASeidentificarsuasatribuições; ü Identificararedesocioassistencialeexplicarasistemáticadaarticulaçãointersetorial; ü Identificar os objetivos do trabalho social com família na PSB e reconhecer sua importância. 2.1.FunçõesdaProteçãoSocialBásica Antes, porém, de iniciar nossas conversas, vale lembra que o Sistema Único de Assistência Social (SUAS), estrutura de gestão de âmbito nacional que articula os três entes federadosparaaefetivaçãodauniversalizaçãodoatendimentodaassistênciasocial,organiza a proteção social a partir de níveis de complexidade – Proteção Social Básica, a ser ofertada nosCentrosdeReferênciadeAssistênciaSocial(CRAS),eaProteçãoSocialEspecial(deMédia e de Alta Complexidade), a ser ofertada nos Centros de Referência Especializados de Assistência Social (CREAS), ambos com apoio da rede parceira de entidades e organizações semfinslucrativos. Enquantopartedeumsistemaquetratadenecessidadessociais,individuaise coletivas,cabeaoSUASgarantiraProteçãoSocialBásica(PSB)comoumconjuntodeserviços, programas,projetos,benefíciosquevisaprevenirsituaçõesdevulnerabilidadeeriscosocial 24 pormeiododesenvolvimentodepotencialidadeseaquisiçõesedofortalecimentodevínculos familiaresecomunitários. Assim,constituindo-secomoumconjuntodeofertasvisandoàpromoçãodosujeitode direitousuáriodapolíticapúblicadeassistênciasocial,aProteçãoSocialBásicaopera desenvolvendoaçõesquefortaleçampotencialidades,vínculoseautonomia.Elatemcaráter preventivo,mastambémprotetivoeproativo.Vamosentãocompreendermelhorestes conceitos. Ocaráterpreventivotemporobjetivoaprevençãoereduçãodoimpactodas vicissitudessociaise/ounaturaisrelacionadasaociclodavida,àdignidadehumanaeàfamília, assimcomoreferentesaoslaçosafetivoserelacionais.Requer,portanto,aantecipaçãode situaçõesderiscopormeiodoconhecimentopréviodoterritórioedasfamílias,dasdemandas sociaisedosníveisdedesproteçãosocialaqueestãoexpostosaquelesquevivememsituação devulnerabilidadesocial,decorrentedapobreza,privação(ausênciaderenda,precárioou nuloacessoaosserviçospúblicos,dentreoutros)e/oufragilizaçãodevínculosafetivos– relacionaisedepertencimentosocial(discriminaçõesetárias,étnicas,degênerooupor deficiências,entreoutras). Ocaráterprotetivoconsisteemcentraresforçosnasintervençõesquevisamaapoiar, amparar,resguardar,defenderegarantiroacessodasfamíliaseseusmembrosaosseus direitos. Ocaráterproativoéaquelequeantecipaouimpedeaocorrênciadesituaçõesde vulnerabilidadeouriscosocial.Aatuaçãoproativadeveinterviremsituaçõesqueimpõem obstáculosaoacessoaosdireitos.Elaéprimordialparaquesematerializemasações preventivaseprotetivas. Aorefletirsobreessecontexto,vocêprovavelmenteiráperceber que,minimizarsituaçõesdeprivaçãomaterial,relacionaloudeoportunidadese protagonismo,requerserviçosebenefícioscontinuados,capazesdedesenvolver potencialidadeseasseguraraquisições,alémdefortalecervínculosfamiliarese vínculossociaismaisamplos,necessáriosaoexercíciodecidadania,nãoé mesmo? 25 Assim,apolíticadeassistênciasocialdeverealizarofertasqualificadas,garantidorasde direitos,comprestaçõesarticuladasentreserviços,benefícioseprogramas.Nestesentido, podemosdizerque: OhorizontequesepõeéoderompercomaseparaçãodoSUASentre benefícioseserviços,eaconstrução,defatoededireito,dosvínculos institucionaisnoprocessodegestãodebenefícioseserviços,sobretudo, pelaexpansãodoPAIF.Estasafirmativasnãotêmosentidodeinibir benefícios,massim,afirmaranecessidadedeexpandirosserviços socioassistenciais(...)(BRASIL,2015). Nessaperspectiva,apresentam-seasespecificidadesdaPSBnoâmbitodaproteção socialafiançadapelaassistênciasocial,masreafirmandoosentidodeunidadequedeve orientarasaçõessocioassistenciaisdeprevençãoerestauraçãodedireitoscomopartesdeum todo,inclusiveevitandoaapartaçãoentreaproteçãobásicadaespecial. Poisbem!AgoraquevocêjáseinteiroudasFunçõesdaProteçãoSocialBásica,o próximopassoésaberidentificaropúblicoaquemelasedestina.Acompanheconosco! 2.2.AquemsedestinaaProteçãoSocialBásica? CertamentevocêselembradequeaPSBtemcomoobjetivosodesenvolvimentode potencialidades,aquisiçõeseofortalecimentodevínculosfamiliaresecomunitários.Assim, podemosconcluirqueelasedestinaàquelesquenecessitamdessasofertasdevidoavivencia desituaçãodevulnerabilidadesocialdecorrentedapobreza,privação(ausênciaderenda, precárioounuloacessoaosserviçospúblicos,dentreoutros)e/oufragilizaçãodevínculos afetivos–relacionaisedepertencimentosocial. Sendo assim, é preciso levar em conta a diversidade das vulnerabilidades sociais dos públicos da Proteção Social Básica, considerando a forma como as desigualdades se reproduzem e a diversidade de modos e de dinâmicas de vida específicos. São públicos que requerem atenção e proteção social por acumularem situações e experiências históricas e 26 coletivasdedesproteçãosocial.Sendoassim,aPSBexigeum“olharatento”àspeculiaridades dos territórios, à diversidade de públicos, aos contextos de produção e reprodução da desigualdade, assim como às estratégias adotadas para prestar-lhes atendimento com equidade.Mas,comovocêjádeveterpercebido,éprecisoidentificaressepúblico,concorda? Público Ascondiçõesdevulnerabilidadedasfamíliasedosterritórios,assimcomoavivência dedesproteçõesquerequeremproteçãodapolíticadeAssistênciaSocial,sãovariadas,sendo suaidentificaçãoereconhecimentoumimportantedesafioparaasequipesdevigilânciaede proteçãosocioassistencial.Noquadroaseguir,serãocitadosalgunspúblicoscujas característicaspodemampliaroriscoeosimpactosdeocorrênciadecondiçõesinadequadas devidaedeacessoadireitossociais.Confira! CICLODEVIDA Criançase Adolescentes Oatendimentoàcriançaeaoadolescente,sobretudoaquelescujaconvivência familiarecomunitárianãoseencontrasatisfatoriamenteasseguradaéuma responsabilidadenoâmbitodaPSB.Paraseuatendimento,destaca-seadiretrizde respeitoàdiversidadeétnico-cultural,àidentidadeeorientaçãosexuais,àequidade degêneroeàsparticularidadesdascondiçõesfísicas,sensoriaisementais.O atendimentoaestegrupodependedodesenvolvimentodeaçõesintegradasdos serviçossocioassistenciais,assimcomodeaçõesintersetoriaiscoordenadas,visando promoverumamudançanãoapenasnascondiçõesdevida,mastambémnas relaçõesfamiliaresesociaisparaoreconhecimentodascriançasedosadolescentes comopessoasemdesenvolvimentoesujeitosdedireitos,conformeoPlano NacionaldePromoção,DefesaeGarantiadoDireitodeCriançaseAdolescentesà ConvivênciaFamiliareComunitáriaassegura. OEstatutodaCriançaedoAdolescenteasseguraqueascriançaseosadolescentes sãojuridicamentesujeitosdedireitosenãomenoresincapazes,objetosdetutelae desubmissão.Essarupturacomantigospadrõessocietáriosrepresentaum importanteavançocivilizatório–odosdireitoshumanos–eexigeaconstruçãode umanovaculturadeproteçãoerespeitoaosdireitosdacriançaedoadolescente. AResoluçãoConjuntanº1,de13dedezembrode2006,doConselhoNacionalde AssistênciaSocial(CNAS)edoConselhoNacionaldosDireitosdaCriançaedo Adolescente(CONANDA)aprovaoPlanoNacionaldePromoção,DefesaeGarantia doDireitodeCriançaseAdolescentesàConvivênciaFamiliareComunitária.Esse Planorepresentaumimportanteinstrumentoparaamobilizaçãoeo desenvolvimentodeaçõesconcretasearticuladasderesponsabilidadedoEstado Brasileiroedosdiversosatoressociais,comprometidoscomapromoção,proteçãoe defesadodireitodecriançaseadolescentesàconvivênciafamiliarecomunitária. 27 OidosoéumdospúblicosprioritáriosdaAssistênciaSocial.ALeino10.741,de1ºde outubrode2003,EstatutodoIdoso,preceituaemseuArt.3º,parágrafoúnico, incisoVIII,agarantiadequeosidosostenhamacessoàrededeserviçosdesaúdee deassistênciasociallocal.Emseuartigo4º,oEstatutoafirmaque“Nenhumidoso seráobjetodequalquertipodenegligência,discriminação,violência,crueldadeou opressão,etodoatentadoaosseusdireitos,poraçãoouomissão,serápunidona formadalei”.NoArt.14estáinscritoque,“Seoidosoouseusfamiliaresnão possuíremcondiçõeseconômicasdeproveroseusustento,impõe-seaoPoder Públicoesseprovimento,noâmbitodaassistênciasocial”(BRASIL,2003).~ Osartigos33e34doEstatutodoIdosoasseguramque: Idosos Art.33.Aassistênciasocialaosidososseráprestada,deformaarticulada,conforme osprincípiosediretrizesprevistosnaLeiOrgânicadaAssistênciaSocial,naPolítica NacionaldoIdoso,noSistemaÚnicodeSaúdeedemaisnormaspertinentes. Art.34.Aosidosos,apartirde65(sessentaecinco)anos,quenãopossuammeios paraproversuasubsistência,nemdetê-laprovidaporsuafamília,éasseguradoo benefíciomensalde1(um)salário-mínimo,nostermosdaLeiOrgânicada AssistênciaSocial(LOAS). Parágrafoúnico.Obenefíciojáconcedidoaqualquermembrodafamílianostermos docaputnãoserácomputadoparaosfinsdocálculodarendafamiliarpercapitaa queserefereaLOAS(BRASIL,2003). Agarantiadodireitoàconvivênciafamiliareàconvivênciasocial,aoscuidadoseà promoçãodaautonomiaedoprotagonismodosidosos,tambémsãoobjetivosdos serviçosdaPSB. RAÇAEETNIA AreproduçãodadesigualdadenoBrasilestáancorada,demodoprofundo,nosmecanismos dediscriminaçãoracial.Opreconceito,aspráticasdiscriminadoras,naturalizandoaofertadesigualde proteçãoeoportunidades,emesmoapartação,sejasimbólica,sejasocialoumesmoterritorial,ainda persistecomodinâmicasocialnoBrasil.ComoafirmaTheodoro(2016,p.2), O racismo, como ideologia presente e moldadora de nossas relações sociais, estabeleceu,aolongodenossahistória,umaperversaescaladevaloressociaisna qual o elemento negro é considerado um ser inferior, um cidadão de segunda categoria. Esteéumaspectoimportanteaserconsideradonosserviçosdaproteçãosocialbásica,que tambémtemaresponsabilidadedeatuarnaprevençãoecombateasdiversasexpressõesde preconceito,discriminaçãoesubalternizaçãodosnegrosenegrasnoescopodesuasintervenções.No tocanteàsPolíticasPúblicasvoltadasparaaigualdaderacialnoBrasil,existeoEstatutodaIgualdade Racial,oPlanoNacionaldePromoçãodaIgualdadeRacial,formuladoapartirdasdiretrizesdefinidas nasConferênciasNacionais,assimcomopolíticaselinhasdeaçãopropostasparaapromoçãoda igualdaderacial. 28 CabeaindalembrarqueoBrasiléumpaísmarcadopeladiversidadeétnicaecultural,expressa napluralidadedosmodosdeorganizaçãodavida,nassingularidadesculturais,assimcomonas peculiaridadesregionaisoulocaisegeográficas,queprecisamserconsideradasnotrabalhosocialcom famíliasenasuaorganização.Dessemodo,aobuscarprevenirsituaçõesderiscoefortalecervínculos familiaresecomunitários,aProteçãoSocialBásica,emespecialoServiçodeProteçãoeAtendimento IntegralàFamília(PAIF),temodesafiodevalorizaradiversidadeétnicaeculturalqueconfiguram diferentesarranjoseconceitosdefamília(Almeida,MDS/PNUD,2013),assimcomoarticularsuasações àPolíticaNacionaldeDesenvolvimentoSustentáveldosPovoseComunidadesTradicionais. Povos e comunidades tradicionais correspondem a “grupos culturalmente diferenciados e que se reconhecem como tais, que possuem formasprópriasdeorganizaçãosocial,queocupameusamterritórioserecursos naturaiscomocondiçãoparasuareproduçãocultural,social,religiosa,ancestral e econômica, utilizando conhecimentos, inovações e práticas gerados e transmitidospelatradição”(Art.3º,IdoDecretonº6.040). Umacaracterísticamarcantedealgumascomunidadesoupopulaçõestradicionaissãoos modosdevidaespecíficos,osvaloreseastradiçõesqueguardameprecisamserrespeitadasno trabalhosocialaserdesenvolvido.Garantirpolíticassociaisvoltadasparaascomunidadesindígenase quilombolas,porexemplo,eoacessodessaspopulaçõesaosserviçospúblicoseàsgarantias constitucionaisapresenta-secomoumimportantedesafionaproteçãosocialbrasileira.Alémda promoçãoevalorizaçãodaspeculiaridadesétnicasedadiversidadecultural,adiretrizde territorializaçãoérelevanteparaseplanejarotrabalhosocialcomessascomunidades. GÊNEROEDIVERSIDADESEXUAL Gênero Éigualmentefundamentalqueasaçõesdeassistênciasocialobservemerespeitemasdiferençasnas necessidadesdeproteçãosocialdeindivíduosefamíliasnoBrasil,semdiscriminaçãodegênero.A ProteçãoSocialBásicadeveconsideraraigualdadeentremulheresehomens,orespeitoàsdiferentes orientaçõessexuaiseaigualdadedeoportunidadesparatodasaspessoas. Caberefletirsobreopapelqueéreservadoàmulheremnossasociedade:mulherquecuida,protege, educa,alimentae,comisso,setornacentralnafamília.Masaomesmotempo,talcentralidadeacarreta culpabilizaçãopeloqueacontececomosmembrosdasuafamília.Seofilhoevadiudaescola,se envolveucomdrogas,seafilhaadolescenteengravidou,emgeral,amulher-mãeseráconsiderada culpada. Asubalternidadenolugardaigualdadefazcomque,muitasvezes,amulhersejavistaapenascomo partedeumgrupodomésticoenãocomocidadã.Subalternidadeenegaçãodacidadaniaque frequentementedobra,marcandoavivenciadadesigualdadedasmulheresnegras.Destemodo,é imprescindívelqueosprofissionaisqueatuamdiretamentecomasfamíliaspossamampliaras 29 discussõesdegêneroedefamílianoâmbitodaProteçãoSocialBásica,especialmenteatravésdoPAIF. Reconhecendooprotagonismofeminino,asfamíliasmonoparentais,ouoscontextosfamiliaresondeos papéiseasrelaçõesdeconvivênciadogrupofamiliarpesamdeformadesproporcionalsobreafigurada mulher-mãe. NotocanteàsPolíticasPúblicasvoltadasparaasmulheresnoBrasil,existeoPlanoNacionaldePolíticas paraasMulheres(PNPM),formuladoapartirdasdiretrizesdefinidasnasConferênciasNacionaisde PolíticasparaasMulheres(CNPM),aspolíticaselinhasdeaçãopropostasparaapromoçãodaigualdade degênero.OPNPMfoilançadocomomarcadeuma“inflexãopositiva”naspolíticasparaasmulheres dopaís.ExpressaoscompromissosinternacionaisqueoEstadobrasileirotemassumido,especialmente comaimplementaçãodasaçõespropostasnaConvençãoparaEliminaçãodeTodasasFormasde DiscriminaçãocontraaMulher(CEDAW),nasConferênciasdeCairo,Beijing,Durban,enosObjetivosde DesenvolvimentodoMilênio.Tambémreforçaocompromissodeenfrentaresuperarasdesigualdades degêneroeraçaemnossopaíscomaincorporaçãodaperspectivadegêneroeraçanaspolíticas públicas,reconhecendoeenfrentandoasdesigualdadesentrehomensemulheres,negrosenegras. Assimcomonocasodaspolíticasdeigualdaderacial,agestãoeomonitoramentodaspolíticasde gênerotêmcomofundamentoatransversalidade,pormeiodaqualsebuscaareorganizaçãodas políticaspúblicasedasinstituiçõesparaincorporartaistemas.Issosignificaque,naformulaçãoe implementaçãodaassistênciasocial,assimcomoemtodasaspolíticas,deve-seprocurarcontribuirpara consolidaraigualdadedegêneroederaça. Diversidadesexual AvulnerabilidadedapopulaçãoLGBT(Lésbicas,Gays,Bissexuais,TravestiseTransexuais)esua especificidadecomopúblicodaAssistênciaSocial,sereferemavivenciadopreconceitoediscriminação, presentenosmaisdiversosâmbitosdavidasocial.Entreseusimpactos,observa-se,comfrequência,a fragilizaçãoe/ourompimentodosvínculosfamiliaresecomunitários,atingindodireitosbásicosda pessoa.Adiscriminaçãosofridanasescolas,poisleva,muitasvezes,aoabandonodosestudos;oacesso aomercadodetrabalhoficafragilizado;asrelaçõessociaisesgaçadas. ATipificaçãoNacional(MDS,2009)tambémestabelececomousuáriosdosserviçosdaProteçãoSocial Especial,taiscomooPAEFIeoServiçodeAcolhimento,asfamíliaseosindivíduosquevivenciam violaçõesdedireitosemdecorrênciadeorientaçãosexual,resguardandoorespeitoàheterogeneidade, potencialidadesevaloresdasfamíliasedeseusmembros.Essapopulaçãotemespecificidadesque demandampolíticaspúblicaseaçõesafirmativasvisandoocombateàexclusão,oenfrentamentoda homofobiaeatransfobia,alémdegarantirapromoçãodacidadaniaLGBT. PESSOASCOMDEFICIÊNCIA Apolíticadeassistênciasocialtematuadodeformaprogressivamentemaisconsistenteparaassegurara integralidadedaproteçãosocialàspessoascomdeficiência,sejapormeiodaofertadoBenefíciode PrestaçãoContinuadadaAssistênciaSocial(BPC),quelhesassegurarenda,dosprogramaseserviços voltadosàspessoascomdeficiência,oudosesforçosdeintegraçãoentreserviçosebeneficios. 30 NocasodaPSB,aTipificaçãoNacional(MDS,2009)prevêqueparaaquelasfamíliascompresençade pessoascomdeficiênciaquevivenciamsituaçõesderiscosocial,devemserofertadosserviçosde convivênciaefortalecimentodevínculosnosequipamentospúblicosoounodomicílio,articuladoscom oPAIFecomaofertadosbenefíciosmonetários. São consideradas “pessoas com deficiência aquelas que têm impedimentos de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, os quais, em interação com diversas barreiras, podem obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdades de condições com as demais pessoas”(BRASIL,2011.Art.2o,Decretonº7.612). OsbeneficiáriosdoBPC,principalmenteosquetêmdeficiência,demandamatençãointegraleproteção socialparaoenfrentamentodasdiversassituaçõesdevulnerabilidadeeriscosocial,sendonecessárioo desenvolvimentodeaçõesarticuladas,intersetoriais,abarcandotodasasdimensõesdesuasvidas,de modoapromoveragarantiadedireitos,aautonomiaeamelhorianaqualidadedevida,ampliandoa possibilidadedeparticipaçãoeinclusãosocial.OsprogramasBPCnaEscolaeBPCnoTrabalhotêm buscadoaprimorarapolíticadeassistênciasocialparaestepúblico. OPlanoNacionaldosDireitosdaPessoacomDeficiência-PlanoViversemLimite(Decretonº7.612,de 17denovembrode2011)expressaocompromissofirmadopeloEstadoBrasileirocomostermosda ConvençãodaOrganizaçãodasNaçõesUnidas(ONU)sobreosDireitosdasPessoascomDeficiência. APNASampliaosusuáriosalcançadospelaassistênciasocial,naperspectivade superarafragmentaçãoexpressanaabordagemporsegmentos(criança,adolescente, idoso,pessoacomdeficiência,populaçãoderua,dentreoutros),aodefinircomopúblico usuáriodaassistênciasocialoscidadãosegruposqueseencontramemsituaçõesde vulnerabilidadeeriscos,taiscomo:famíliaseindivíduoscomperdaoufragilidadede vínculosdeafetividade,pertencimentoesociabilidade;ciclosdevida;identidades estigmatizadasemtermosétnico,culturalesexual;desvantagempessoalresultantede deficiências;exclusãopelapobrezae,ou,noacessoàsdemaispolíticaspúblicas;usode substânciaspsicoativas;diferentesformasdeviolênciaadvindadonúcleofamiliar,grupos eindivíduos;inserçãoprecáriaounãoinserçãonomercadodetrabalhoformaleinformal; estratégiasealternativasdiferenciadasdesobrevivênciaquepodemrepresentarrisco pessoalesocial(PNAS,2004,p.33). VulnerabilidadesnaPSB Importanteobservarque,tantoosprincípiosediretrizesdapolíticadeassistência social, os eixos estruturantes do SUAS previstos na PNAS, o Plano Decenal SUAS, quanto a Tipificação de Serviços Socioassistenciais reconhecem as múltiplas situações de 31 vulnerabilidade associadas a necessidades objetivas e subjetivas, nas quais se somam dificuldades materiais, relacionais e culturais que impactam sobre os vínculos familiares e comunitários.Assim,osserviçosdeproteçãobásicarevestem-sedefundamentalimportância para a compreensão das heterogeneidades, das particularidades de cada grupo familiar e da diversidadedospúblicos. Asmanifestaçõesdesituaçõesdeviolência,exploraçãoepreconceito,queincidem nos diversos públicos dos serviços socioassistenciais, apresentam-se como fenômeno social que passa a ter visibilidade e ser objeto de atenção das políticas setoriais e dos diferentes níveis de intervenção da assistência social, ofertadas de forma diferenciada, mas mantendo entresiumarelaçãosistêmica. VULNERABILIDADE Emquepesedeusocadavezmaisfrequentenoâmbitodaspolíticasdeproteçãosocial,otermo vulnerabilidadeguardasignificativaindefinição.Muitasvezesassociadoàprobabilidadedeocorrênciade riscos,outrasàfragilidadeoudependência,outrasaindaadesvantagenssociais,vulnerabilidadetem acolhidováriossentidos.EstudorecentedoIPEA(2015)identificaaomenosquatrosignificadosparao termo,enquantoProwse(2003)chamaaatençãoparaosdiferentesusos:enquantoparaalgunsautores vulnerabilidadesignificasuscetibilidadeàpobreza,outrosautilizamcomosintomadepobreza,outros aindacomoexpressãodasdimensõesdapobreza. Entreasdefiniçõesmaisinfluentesdevulnerabilidadeestáaquefoicunhadapelosociólogo RobertCastel,segundooqual“avulnerabilidadesocialéumazonaintermediaria,instável,queconjugaa precariedadedotrabalhocomafragilidadedossuportesdeproximidade.”(Castel,1998,p.24).Nesta conceitualização,ondeaênfaseédadaem“déficitsdetrajetória”,“dimensãoeconômicanãoé,pois,o diferenciadoressencial,eaquestãoapresentadanãoéadapobreza,aindaqueosriscosde desestabilizaçãorecaiammaisfortementesobreosquesãodesprovidosdereservaseconômicas.”(p.25). NaAssistênciaSocial,avulnerabilidadefoiconceituadapelaPNAS,comocaracterizando situaçõesdefragilidaderelacionalousocial,destacandosuaconexãocomassituaçõesde“pobreza, privação(ausênciaderenda,precárioounuloacessoaosserviçospúblicos,dentreoutros)e,ou, fragilizaçãodevínculosafetivos–relacionaisedepertencimentosocial(discriminaçõesetárias,étnicas, degênerooupordeficiência,entreoutras).”(PNAS,2004;pg.33). Veja que essas situações de vulnerabilidade são caracterizadas, por exemplo, no Caderno de Convivência e Fortalecimento de Vínculos (MDS, 2013) e apresentam-se como Destaforma,eindoalémdainsuficiênciaderenda,daideiadeprobabilidadedorisco,oumesmodeum conceitomultidimensionaldepobreza,avulnerabilidadeseinscreveaquiemcontextodenãoacessoa uma contribuição profícua para refletir sobre a dinâmica de convivência dos públicos da condiçõesadequadasdevidaeadireitossociais,assimcomoascondiçõesparticipaçãoerelações Assistência Social, uma vez que esses podem estabelecer relações de convívio conflitivas, de pessoaiseafetivas,comprometendoacondiçãodevidaedebemestareprejudicandoaautonomia,a violência, de preconceito/discriminação, de abandono, de apartação, de confinamento e/ou participaçãoeodesenvolvimentodascapacidadesdosindivíduosedascomunidadesemqueestão isolamentodeindivíduos,gruposoufamílias.ÉconsensoqueaProteçãoSocialérespostapara inseridos. Destacandoquevulnerabilidadenãoéumacondiçãodosujeito,masumreflexodeprocessosque 32 promovemavulnerabilidade,KogaeArreguichamamaatençãoparaofatodeque,“analisaras vulnerabilidadessociaissupõe,também,problematizararelaçãodeproteção-desproteçãoengendradano âmbitodaproduçãoereproduçãodasrelaçõessociais.Significaconsiderarasprópriasrespostasde situações de vulnerabilidade e que as vulnerabilidades relacionais podem ser de diversas naturezas. Estas incluem as vulnerabilidades relacionais que não se restringem ao ambiente familiar e que, por vezes, incidem sobre as comunidades e os grupos, assim como nas condiçõesderespostasdasfamílias,quandoacolhidasnosserviçossocioassistenciais. Importante você perceber que as situações de vulnerabilidades relacionais contribuem para compreensão das situações de violência, exploração e preconceito produzidosemrazãodediscriminaçõeseoutrasformasdeintolerânciaporquestõesetárias, deraçaeetnia,gênero,deficiência,dependênciaquímica,especialmentequandocombinadas entresiecomcondiçõesespecíficasdosgruposcomoocorrecomaspessoascomdeficiênciae idosas.Destaforma,crianças,osadolescentes,asmulheres,oshomossexuaiseosnegrossão considerados como os grupos mais vulneráveis às situações de violência, como maus tratos, abuso sexual, aliciamento para práticas delituosas e uso de drogas. Tais situações ganharam estatuto de crime há algumas décadas, colocando em evidência o que deixava de ser uma questãodeâmbitoprivado. Podemos concluir que o desenvolvimento da autonomia e da emancipação dos indivíduosdeverespeitaraspossibilidadesdecadaum,bemcomooseupotencialdeinserção edeparticipaçãosocial.Aorganizaçãodosserviçossocioassistenciaisdevelevaremcontaque os sujeitos se constituem e constroem a sua identidade individual e coletiva nos espaços e instituiçõessociais,ondetambémdevembuscaraafirmaçãodaidentidade,oresgatedesua autonomia, e o reconhecimento social, individual e coletivo em diversos ciclos de vida e nos territóriosonderealizamsuainteraçãosocial. Veja que, nessa perspectiva, considerar a identidade coletiva no processo de proteçãosocialbásicaéfundamental,umavezqueessaseconstituiaolongodotempoedáo sentido de continuidade aos indivíduos, por adotarem papéis, normas e valores válidos para todos os componentes do grupo; isso reafirma constantemente, através da memória, a realidadeobjetivaesubjetiva. A legislaçãobrasileiraconsiderao ato discriminatório como crime nas leis nº 7.853/89 (pessoa portadora de deficiência), lei nº 7.716/89 (raça ou cor) e lei nº 9.029/95(origem,raça,cor,estadocivil,situaçãofamiliar,idadeesexo). 33 A Constituição brasileira de 1988 define como “objetivo fundamental da República”(art.3º,IV)“promoverobemdetodos,sempreconceitosdeorigem,raça, sexo, cor, idade, ou quaisquer outras formas de discriminação”. Ao referir-se a quaisquer outras formas de discriminação a Constituição proíbe todas as formas de discriminação não mencionadas explicitamente, tais como a orientação sexual, dentre outras. A Lei Maria da Penha, denominação popular da Lei nº 11.340, de 2006, visa a coibiraviolênciadomésticaefamiliarcontraamulher. ALeinº12.188de2010instituioEstatutodaIgualdadeRacial. Estamoscaminhandomuitobem!JávimosquaisasFunçõesdaProteçãoSocialBásica eidentificamosopúblicoaquemelasedestina.Opróximopassoagoraésabercomose organizamosserviçosdaproteçãosocialbásica. 2.3.CRAS,redesocioassistencialearticulaçãointersetorial Emprimeirolugar,vamosconheceroCRASeidentificarsuasatribuições;aseguir, iremosdiscutiraconstruçãodessarededeproteçãosocialetambémconhecerasistemática daarticulaçãointersetorial. OCRASeaorganizaçãodosserviçossocioassistenciaisdaPSB OsserviçosdaproteçãosocialbásicasãoofertadosnosCentrosdeReferênciada AssistênciaSocial(CRAS)epelaredesocioassistencial,formadapelasentidadeseorganizações deAssistênciaSocialreferenciadasaoCRAS.CompõemtambémaProteçãoSocialBásicaos BenefíciosEventuais,oBenefíciodePrestaçãoContinuada(BPC)eoProgramaBolsaFamília (PBF),eprogramasestaduaisemunicipaisdetransferênciasderenda;alémdosProgramas PromoçãodoAcessoaoMundodotrabalho-AcessuasTrabalho,BPCnaEscolaeBPCTrabalho comoseverámaisàfrente. O CRAS é a unidade pública municipal, de base territorial, localizada emáreascommaioresíndicesdevulnerabilidadeeriscosocial,destinadaà articulaçãodosserviçossocioassistenciaisnoseuterritóriodeabrangênciae àprestaçãodeserviços,programaseprojetossocioassistenciaisdeproteção socialbásicaàsfamílias(Loas,2011,art.6º-C). 34 Éprecisotersempreemmenteque,noâmbitodosserviços,edadasuacapilaridade nosterritórios,oCRASsecaracterizacomoaprincipalportadeentradadoSUAS,sendo responsávelpelaorganizaçãoeofertadeserviçosdaproteçãobásicanasáreasde vulnerabilidadeeriscosocial.OCRAStambémpossuiafunçãodegestãoterritorialdaredede assistênciasocialbásica,promovendoaarticulaçãodasunidadesaelereferenciadaseo gerenciamentodosprocessosneleenvolvidos. Mas,afinal,comodeveocorreraorganizaçãoearticulaçãodasunidadesdarede socioassistencialreferenciadaspelocras? Observeque,naprática,aobuscaroconhecimentodoterritório,aorganizaçãoe articulaçãodasunidadesdaredesocioassistencialreferenciadaspeloCRAS,ogerenciamento daacolhida-processodecontatoinicialdousuáriocomoPAIFqueocorre,namaioriadas vezes,narecepçãodoCRAS-dainserção,doencaminhamentoedoacompanhamentodos usuáriosnoSUAS,otrabalhadordaPSBdevefocarna: ü Ampliaçãodacapacidadeprotetivadafamíliaedeseusmembros,oquepressupõe construir respostas na ausência da proteção, incluindo a falta de acesso a serviços públicosepassandopeloabandono,agressões,produzindogarantiadedireitos,ações de fortalecimento de vínculos, inserindo os indivíduos e famílias em serviços e/ou benefícios; ü Ampliação da densidade das relações de convívio e sociabilidade dos cidadãos, considerando seu cotidiano e os momentos de sua história de vida, fragilidades e potencial; ü Instalação de condição de acolhida, assegurando espaços de atenção, escuta, cuidadosemomentosdereflexão; ü Promoção do resgate de autonomia, protagonismo, projetos de vida, respeito e dignidade,parareduçãodasfragilidadesdevivênciaesobrevivência-geradasmuitas vezesporausênciadeprovimentoseaquisições; ü Redução e restauração de danos e riscos sociais e de vitimização, causadas por violência,discriminações,preconceitoseagressões(CadernoCapacitaSUAS2,2013). 35 AcapacidadedereferenciamentodeumCRASestárelacionada: I-aonúmerodefamíliasdoterritório; II-àestruturafísicadaunidade;e III-àquantidadedeprofissionaisqueatuamnaunidade, conformereferênciadaNOBRH.(NOB,2012,p.21). Vejabem!ÉnecessárioqueoCRAStenhaestruturafísica,coordenaçãoeprofissionais compatívelcomasorientaçõesespecíficasdecadaserviço,paraquepossaofertá-los adequadamente.Suasequipesdevemprestarinformaçõeseorientaçõesparaapopulaçãode suaáreadeabrangência,ofertarasaçõessocioassistenciaisdeformaarticuladacomaredede proteçãosociallocal,visandoàgarantiadosdireitosdecidadaniadosusuários,emanter constantevigilânciaquantoafatoresquegeramvulnerabilidadeeriscoàpopulaçãodaáreade abrangênciadoCRAS. AsfunçõesdoCRASsãodistintasdasfunçõesdoórgãogestorda políticadeassistênciasocial.OsCRASsãounidadeslocaisquetêmpor atribuiçõesaorganizaçãodaredesocioassistencialeofertadeserviços daproteçãosocialbásicaemdeterminadoterritório,enquantooórgão gestordaassistênciatemporfunçõesaorganizaçãoeagestãodoSUAS emtodoomunicípio(MDS,2009,p.11). ImportantelembrarqueoCRAStem,dentreasaçõessobsuaresponsabilidade,a articulaçãodaredesocioassistencial,bemcomoapromoçãodaarticulaçãointersetorial, visandoàgestãoterritorial,possibilitandodestaformaaconstituiçãoderedesdeproteção socialnosterritórios.Assim,aarticulaçãodeveenglobarosserviçosdasdiferentespolíticas, buscandoocompartilhamentodeolharesesaberesparaumaintervençãonoterritórioque viseàconstruçãodefluxosreferenciados. É preciso destacar que a Assistência Social é responsável por ações de prevenção, de proteção social e pelo provimento de um conjunto de garantias ou seguranças sociais que cubram,reduzamouprevinamexclusões,riscosevulnerabilidadessociais,(Sposati,1995)bem como atendam às necessidades emergentes ou permanentes decorrentes de problemas pessoaisousociaisdefamíliaseindivíduos. 36 Assimsendo,essasgarantiasseefetivampelaconstruçãodeumarededeproteção social,ouseja,umconjuntodeprogramas,projetos,serviçosebenefíciosvoltadosàproteção socialeaoatendimentodenecessidadessociaisdapopulaçãousuáriadessapolítica.O trabalhoemredetraduzumnovoparadigmaparaaatuaçãodoEstadoemconjuntocom setoresorganizadosdasociedade.Apropostadeumaaçãointegradaeemredeestánabase desseparadigma. REDE O termo rede sugere a ideia de articulação, conexão, vínculos, ações complementares,relaçõeshorizontaisentreparceiros,interdependênciadeserviços para garantir a integralidade da atenção aos segmentos sociais vulnerabilizados ou emsituaçãoderiscosocialepessoal.[...]umaredepodeseroresultadodoprocesso deagregaçãodeváriasorganizaçõesafinsemtornodeuminteressecomum,sejana prestaçãodeserviços,sejanaproduçãodebens.(Guará,1998). Observeque,emgeral,caracterizadaporsuaheterogeneidade,essarededeproteção social(constituídapelosórgãosgovernamentaiseporentidadesdasociedadecivil)opera serviçosvoltadosaoatendimentodeumvastíssimoconjuntodenecessidadessociais, particularmentedossegmentosmaispobresdasociedade:atendeasfamílias,idosos,crianças eadolescentes,desempregados,pessoascomdeficiência,migrantes,portadoresdoHIV, usuáriosdesubstânciaspsicoativas,denteoutras.Protegefamílias,pessoas,testemunhas, defendedireitoshumanoseacidadania,atendeadolescentesgrávidas,órfãos,combatea violência,criaempreendimentosautogestionados,deatendimentodomiciliaredeoutras iniciativasquecompõemocomplexoediversificadocampodaAssistênciaSocialàpopulação. ParaaPolíticaPúblicaconstituiraredeé,antesdequalquercoisa,umadecisãopolítica queexigeestratégiasprocessuaispactuadasedeliberadas,aliançasestratégicas,“adquirindo umaconfiguraçãoquasecontratual”equedevemsermaterializadasemprotocolos.Exigeum pactoentregestores,técnicos,saberes,pessoas,serviçoseinstituiçõesemsintoniacoma realidadelocal,comoterritóriodevivência,comsuaculturadeorganizaçãosocial. Mas,paraquetudoissoseconcretize,faz-senecessário queosagentestenhamclarezadeseuspapéiseatribuições,você concorda? 37 AtribuiçõesdoCRASedoórgãoGestorMunicipal Partimos do princípio que o CRAS existe no território e, conhecer este território, os riscos e vulnerabilidades que ali estão presentes, assim como seu potencial para superá-los, são uma precondição para sua atuação qualificada, como será tratado no módulo IV. Aqui, cabelembrardasatribuiçõesdoCRASfaceàgestãomunicipaldaassistênciasocial.Confirano quadroaseguir! ATRIBUIÇÕESDOCRASFACEÀGESTÃOMUNICIPALDAASSISTÊNCIASOCIAL ü O fornecimento de informações e dados para o Órgão Gestor Municipal ou do DF sobre o territórioparasubsidiar:aelaboraçãodoPlanoMunicipaldeAssistênciaSocial;oplanejamento, monitoramento e avaliação dos serviços ofertados no CRAS; a alimentação dos Sistemas de InformaçãodoSUAS;osprocessosdeformaçãoequalificaçãodaequipedereferência. ü AofertadoPAIFeoutrosserviçossocioassistenciaisdaProteçãoSocialBásica. ü AgestãoterritorialdaredesocioassistencialdaPSB. Da mesma forma, assinalamos as atribuições do coordenador do CRAS, que é responsávelpelaarticulaçãodarededeserviçosdeproteçãosocialbásicalocal,noquadroa seguir. ATRIBUIÇÕESDOCOORDENADORDOCRAS ü Organizar,segundoorientaçõesdogestormunicipaloudoDistritoFederaldeassistênciasocial, reuniões periódicas com as instituições que compõem a rede, a fim de instituir a rotina de atendimentoeacolhimentodosusuários. ü Organizarosencaminhamentos,fluxosdeinformações,procedimentos,estratégiasderesposta àsdemandas. ü Traçarestratégiasdefortalecimentodaspotencialidadesdoterritório. ü Avaliarosprocedimentos,demodoaajustá-loseaprimorá-loscontinuamente. ü ArticularaçõesdoSUASeintersetoriais. Ressaltamosque,emboraocoordenadordoCRAStenhaumpapelfundamentalna gestãoterritorial,aequipetécnicatambémdesempenhaumaimportantefunçãona 38 articulaçãodoPAIFcomosdemaisserviços,programas,projetosebenefíciosdaProteção SocialBásica.São,ocoordenadoreaequipe,responsáveisporpromoveraintegraçãodoPAIF comasaçõespresentesnoterritóriodeabrangênciaounopróprioCRASpormeiodereuniões sistemáticas,visitasàsunidades,entreoutrasestratégias. Importantedestacarqueaspráticasreligiosasnãodevemserinseridasna execuçãodosserviçossocioassistenciais.Énecessáriogarantiralaicidadenaoferta dosserviçossocioassistenciaisemtodasasregiõesdoBrasil,independentemente dacrençadosorientadoresetécnicosdereferênciadoCRAS.Comvistasa respeitaraindividualidadedosparticipantes,cuidadosespeciaisdevemser tomadosemrelaçãoàspropostasdeorações,cânticos,entreoutrasmanifestações, quandovindasdosusuários.Ouseja,ométododotrabalhosocialcomfamíliasnão podebasear-seempráticasreligiosas,sobpenadedesrespeitaraliberdade religiosadossujeitos,causandoperdasnadimensãoéticadoserviço.Inclusive,a temáticasobreadiversidadereligiosapodeserumaquestãoimportanteaser discutidanasaçõesdosServiços. Vejaaseguir,algumasatribuiçõesdoórgãoGestorMunicipaloudoDF: ATRIBUIÇÕESDOÓRGÃOGESTORMUNICIPALOUDODF ü AelaboraçãodoPlanoMunicipaldeAssistênciaSocial. ü O planejamento, a execução físico-financeira, o monitoramento e a avaliação dos serviços socioassistenciaisdoSUAS. ü AalimentaçãodosSistemasdeInformaçãoeMonitoramentodoSUAS. ü Aconstituiçãodasequipesdereferênciaedemaisprofissionaisdapolíticadeassistênciasociale capacitaçãoprofissionaldostrabalhadoresdoSUAS. ü A supervisão, o apoio técnico à oferta do PAIF e dos demais serviços socioassistenciais ofertados, tanto nas unidades públicas, quanto nas entidades privadas sem fins lucrativos, prestadoradeserviços. ü Agestãodaredesocioassistencialdomunicípio. ü A gestão do processo de conveniamento das entidades privadas sem fins lucrativos de assistênciasocial,quandoforocaso. ü A garantia da articulação da proteção básica com a proteção especial de assistência social, promovendoaorganizaçãodoSUAS. ü Contribuir para a articulação intersetorial, visando a organizar fluxos de encaminhamentos necessáriosparaapromoçãodoacessodasfamíliasaosseusdireitos. ü A estruturação da vigilância socioassistencial, garantindo fluxos de informação com os CRAS, sobre potencialidades e vulnerabilidades sociais das famílias e do território, de forma que se possaorganizaraofertadosserviçoseabuscaativa. ü A garantia de funcionamento do CRAS em espaço físico provido de adequada iluminação, ventilação,conservação,privacidade,salubridadeelimpezaequeexpresseaculturalocal. ü AdesignaçãodecoordenadorparaoCRAS. 39 OtrabalhosocialcomfamíliasdoPAIFédesenvolvidopelaequipede referênciadoCRASeagestãoterritorialpelocoordenadordoCRAS,auxiliadopela equipetécnica,sendo,portanto,funçõesexclusivasdopoderpúblicoenãode entidadesprivadasdeassistênciasocial(MDS,2009.p.10). Para aprofundar seus conhecimentos sobre a estruturação e o funcionamento do CRAS, sugerimos a leitura do documento “Orientações Técnicas: Centro de Referência de Assistência Social – CRAS”, publicado pelo Ministério de Desenvolvimento Social e CombateàFome,em2009. Valeaindadestacarque,paraqueasequipesdoCRASpossamefetivamenteatuarna perspectivadaprevençãodeocorrênciasedereincidências,asaçõesdevigilância socioassistencialsãoessenciais.Assim,deverásermapeadaaredesocioassistencial, diagnosticadasasdemandasporgarantiadeseguranças,conhecidaarealidadelocaledo território,eissoépossibilitadopelacoleta,sistematizaçãoeanálisededadoseinformaçõesda áreadeabrangênciadoCRAS,emconexãocomoutrosterritórios. Poisbem!Recapitulando,atéentão,conversamossobreasFunçõesdaProteçãoSocial Básicaejáidentificamosopúblicoaquemelasedestina;assimcomo,jáconhecemosoCRAS, vimossuasatribuiçõeseaorganizaçãodeseusserviços;vimostambémarede socioassistencialesuasarticulações.Agora,chegouomomentodetrocarmosideiassobreo trabalhosocialcomfamílianaPSB. 2.4.TrabalhosocialcomfamílianaPSB Otermo“trabalhosocialcomfamílias”éusualnapolíticadeassistênciasocial.Eleé definidocomoum Conjuntodeprocedimentosefetuadosapartirdepressupostoséticos, conhecimentoteórico-metodológicoetécnico-operativo,comafinalidadede contribuirparaaconvivência,reconhecimentodedireitosepossibilidadesde intervençãonavidasocialdeumconjuntodepessoas,unidasporlaços consanguíneos,afetivose/ousolidariedade–queseconstituiemumespaço privilegiadoeinsubstituíveldeproteçãoesocializaçãoprimárias(MDS,2012,vol.2, p.12). 40 Observequeosobjetivosdotrabalhosocialcomfamíliassãode“protegerseus direitos,apoiá-lasnodesempenhodasuafunçãodeproteçãoesocializaçãodeseusmembros, bemcomoasseguraroconvíviofamiliarecomunitário”(MDS,2012,vol.2,p.12), reconhecendo-seopapeldoEstadotantonaproteçãodafamíliaquantodeseusmembros maisvulneráveis. Assim, para efetivar esses objetivos, devem ser desenvolvidas ações de caráter “preventivo,protetivoeproativo”,reconhecendoasfamíliaseseusmembroscomosujeitosde direitosetendoporfocoaspotencialidadesevulnerabilidadespresentesnoseuterritóriode vivência(MDS,2012,vol.2,p.12). Importanteponderarqueotrabalhosocialcomfamíliasconsidera,pois, ocontextosocial,político,cultural,ambientalpresentesnoterritórionosquais asfamíliasvivenciamassuasexperiênciaseprojetosdevida.Esseéocenário paraquesejamidentificadasasvulnerabilidadeseosriscossociaisaosquaisas famíliasestejamexpostas,mastambémassuaspotencialidades. Nessa perspectiva, o trabalho deve primar por favorecer “o acesso à renda, aos serviços e programas das diversas políticas públicas, apoiando a família na construção de novos projetos de vida, com consciência crítica e protagonismo na construção coletiva de projetos participativos e societários” (MDS, 2014, p. 3). Para isso, deve ser desenvolvido por uma equipe de referência, composta por profissionais de diferentes áreas, que integram o SUAS e que terão a sua atuação pautada na interdisciplinaridade, com o objetivo comum de apoiar e contribuir para a superação das situações de vulnerabilidade e fortalecer as potencialidadesdasfamíliasusuáriasdosserviçosofertados(MDS,2009). AatuaçãodosprofissionaisdoSUASeasabordagensmetodológicasaseremadotadas devem ser pautadas nos princípios éticos e nos valores de liberdade, igualdade e justiça preconizadospelapolíticadeassistênciasocial,explicitadosnaNOB-RH(2009,p.17-18).São eles: ü Adefesaintransigentedosdireitossocioassistenciais; ü Ocompromissoemofertarserviços,programas,projetosebenefíciosdequalidade que garantam a oportunidade de convívio para o fortalecimento de laços familiaresesociais; ü Apromoçãodoacessoàinformaçãoaosusuários,garantindoconheceronomeea credencialdequemosatende; 41 ü A proteção à privacidade dos usuários, observando o sigilo profissional, preservandosuaprivacidadeeopçãoeresgatandosuahistóriadevida; ü Ocompromissoemgarantiratençãoprofissionaldirecionadaparaaconstruçãode projetospessoaisesociaisparaautonomiaesustentabilidade; ü Oreconhecimentodosdireitosdosusuáriosateracessoabenefícioserendaea programaseoportunidadesparainserçãoprofissionalesocial; ü O incentivo aos usuários para que esses exerçam o seu direito a participar de fóruns,conselhos,movimentossociaisecooperativaspopularesdeprodução; ü A garantia do acesso da população à política de assistência social, sem discriminação de qualquer natureza (gênero, raça, étnica, credo, orientação sexual, classe social, ou outras), resguardados os critérios de elegibilidade dos diferentesprogramas,projetos,serviçosebenefícios; ü A devolução das informações colhidas nos estudos e pesquisas aos usuários, no sentidodequeestespossamusá-lasparafortalecimentodeseusinteresses; ü A contribuição para a criação de mecanismos que venham desburocratizar a relaçãocomosusuários,nosentidodeagilizaremelhorarosserviçosprestados. Comovocêjápercebeu,aPolíticadeAssistênciaSocialestabeleceimportanteinserção no processo de emancipação das famílias, enquanto sujeito coletivo. As famílias produzem e sãoprodutorasdetransformaçõessociais,ouseja,influenciamesofremosrebatimentosdos processos históricos de inclusão/exclusão que surgem na sociedade. O reconhecimento das pressõesqueestesprocessosgeramsobreasfamíliasbrasileiras,acentuandosuasfragilidades e contradições, é de fundamental importância para os operadores da Política de Assistência Social. Mas, afinal, por que o trabalho social com famílias deve ser considerado um instrumentoestratégiconapolíticadeassistênciasocial? VejaqueoTrabalhoSocialcomFamílias(TSF)éuminstrumentoestratégiconaPolítica deAssistênciaSocialnomomentoemqueédefinidaacentralidadedafamílianasproposições da PNAS/SUAS. É estratégico, não apenas para atingir o alvo dessa política – que são seus usuários/famílias – como também para instauração de processos participativos no campo da defesaegarantiadedireitosedocontrolesocial.Nessesentido,oTSFtambéméalçadonuma 42 perspectivaestratégicadebuscargarantir,atravésdeumaaproximaçãodiretacomasfamílias, determinadas condições para o desenvolvimento tanto de sua autonomia como de seu protagonismonoâmbitodaesferapública. ParaMioto(2015),deve-seentenderoTSFcomoumprocessodetrabalhoquese desenvolve no campo da política social, desencadeado a partir de demandas postas por usuáriosaosserviçossocioassistenciaisequetemcomoreferênciaafamília.Paraaautora: Enquantoprocesso,oTSFnãoédadoapriori.Elesedesenvolve,deforma coletiva, por meio de um conjunto de ações profissionais que envolve diferentes profissionais, serviços e instâncias políticas e administrativas. As ações profissionais estão condicionadas pelos fundamentos teóricometodológicosqueenvolvemconcepçõesacercadecategoriascentraispara o seu desenvolvimento, tais como proteção social, direitos de cidadania, autonomia, necessidades humanas e também de família. São justamente essasconcepçõesquevãosustentarasfinalidadesquesequeralcançarcom oTSF.Portanto,ancoradosnosseusfundamentosemirandosuafinalidade, se projeta um percurso para o TSF. Tal projeção se sustenta no conhecimento das situações familiares e das opções que profissionais e gestores realizam, tendo em vista o atendimento das necessidades postas pelasfamíliasemdeterminadosterritórios.(MIOTO,2015). Amplie seus conhecimentos buscando informações em: MIOTO, R. C. T. Consultoria: Elaborar Orientação Técnica sobre trabalho Social com Famílias no âmbito da política Nacional de AssistênciaSocial.DocumentoTécnico5.Brasília:MDS/SNAS,2015pp 16-17(noprelo). Seguindo nosso raciocínio, por ser um trabalho estratégico, a orientação de todo processo de trabalho bem como a prospecção de suas ações está diretamente vinculada à finalidadequesequeralcançare,portanto,aclarezanasuadefiniçãoécondiçãonecessária parasuacondução. ParaMioto(2015),nocasodaPNAS,afinalidadedoTSFestádadapelassegurançasde proteção que devem ser asseguradas por ela, e assim a consecução de tais seguranças constituiohorizonteparaoqualtodasasaçõesdevemconvergir.Porém,otrajetoparaessa convergência não é dado de forma aleatória. Ao contrário, ele se define a partir de determinados fundamentos teórico-metodológicos que sustentam a sua trajetória e direcionalidade. NaPNAS,taisfundamentosseassentamemconcepçõesacercadaassistênciasocial como direito de cidadania e em concepções de família e de matricialidade sociofamiliar. A concepção de matricialidade sociofamiliar deve estar conectada a outras concepções que 43 orientam e estruturam o SUAS, tais como concepção de território, de autonomia, de participaçãoedeintegraçãoàseguridadesocialeàspolíticassocioeconômicas. Esperamosque,atéentão,nossasconversastenhamseconstituídoemaprendizagens significativas,capazesdeaguçarsuainteligência,sensibilidadeeemoção.NopróximoMódulo vamos ver como o trabalho social com família é realizado nas ofertas da Proteção Social Básica.Aguardamosvocê! 44 MÓDULOIII–AsofertasdaPSB NestemóduloapresentamosasofertaspermanentesdaProteçãoSocialBásica(PSB)– os Serviços Socioassistenciais, os Benefícios Socioassistenciais e os Programas no âmbito da ProteçãoSocialBásicadoSUAS,comointuitodeproporumareflexãoacercadaimportância dessesinstrumentosparaqueosdireitossocioassistenciaissejamassegurados. Espera-seque,aofinaldasleituras,vocêestejaaptoa: ü ü ü ü IdentificarosServiçosSocioassistenciaisdaPSB; IdentificarosBenefíciosSocioassistenciais; IdentificarosProgramasofertadosnoâmbitodaProteçãoSocialBásica; Reconheceraimportânciadessasofertaspermanentesparaaarticulaçãoeinserçãona rededeserviçosdaspolíticassociais. 3.1.ServiçosSocioassistenciaisdaPSB Comcertezavocêjápercebeuqueapolíticapúblicadeassistênciasocialvemsefirmando comoparteintegrantedaproteçãosocialbrasileira.Ocaminhopercorridolevouàconstituição doSUASeaorganizaçãoeexpansãodesuasofertas,ampliandoeconsolidandosua responsabilidadeprotetiva.ComofoivistonoMóduloI,aconstruçãodassegurançassoba responsabilidadedapolíticadeassistênciasocialfazcomqueestasejaaúnicadaspolíticasda seguridadesocialbrasileiraaexecutartantobenefíciosmonetárioscomoaofertadeserviços. Apartirdeagora,nossaexpectativaéversarsobreessasofertaspermanentes–serviços, programasebenefícios,certamente,contandocomsuaativaparticipação. ServiçosSocioassistenciaisdaPSB Osserviçossocioassistenciaissãoaquelesofertadosdeformacontinuadanoâmbitoda proteçãosocialbásicaedaproteçãosocialespecial,paraosquaissãoestabelecidasrotinase atividadessucessivas. ConformeaTipificaçãoNacionaldeServiçosSocioassistenciais(2009),osserviços ofertadosnoâmbitodaProteçãoSocialBásicasão: 45 ü ServiçodeProteçãoeAtendimentoIntegralàFamília(PAIF); ü ServiçodeConvivênciaeFortalecimentodeVínculos(SCFV); ü ServiçodeProteçãoSocialBásicanodomicílioparapessoascomdeficiênciae idosas. Vamoscomeçarfalandosobreoterceiroserviçotipificado,oServiçodeProteção SocialBásicanoDomicílioparaPessoascomDeficiênciaeIdosasemsituaçãode dependência,quevisaapreveniragravosqueresultemnorompimentodevínculosfamiliares esociaisdepessoascomdeficiênciaepessoasidosas.Cabelembrarqueesteserviçoaindanão temestabelecidoofinanciamentopelogovernofederalenormativascomplementares. Todavia,esteserviçodevepossibilitaragarantiadedireitos,odesenvolvimentode mecanismosdeinclusãosocial,aampliaçãodecuidadosadequadoseapoioaocuidador,a participaçãoeodesenvolvimentodaautonomiaapartirdenecessidadesedepotencialidades individuaisesociaisdeidososedepessoascomdeficiência,nosentidodeprevenirsituações derisco,exclusãoeisolamento.Pretende,portanto,minimizarimpactoserompimentode vínculosfamiliares,comunitáriosesociaisdessaspessoas. SuaatuaçãosedirecionaprincipalmenteparabeneficiáriosdoBenefíciodePrestação Continuada-BPCemembrosdefamíliasbeneficiáriasdeprogramasdeTransferênciade Renda.EsteServiçotem,ainda,oobjetivodedesconstruirpreconceitos,sensibilizarfamíliase grupossociaisquantoadireitosenecessidadesdeinclusão,promovendooacessoabenefícios eserviçossocioassistenciais,identificandosituaçõesdedependênciaeprevenindoa institucionalizaçãoeoconfinamentodeidososedepessoascomdeficiência. ATipificaçãoNacionaldeServiçosSocioassistenciais(Resoluçãonº109,do CNAS,de11denovembrode2009)normatizaeorganiza,pormeiodeumamatriz, osserviçossocioassistenciais,deacordocomseuníveldecomplexidade.Para ampliarseusconhecimentos,bastaacessarolinkaseguir. Disponívelem:http//www.mds.gov.br/assistenciasocial/secretaria-nacional-deassistencia-social-snas/livros/tipificacao-nacional-de-servicossocioassistenciais/tipificacao-nacional-dos-servicosassistenciais 46 CabelembrarqueosserviçosdaPSBdesenvolvidosnoterritório,inclusivepelas entidadesouorganizaçõesdeassistênciasocialinscritasnoConselhodeAssistênciaSocial, devemserreferenciadosnoCRAS.Istosignificaquedevemreceberorientaçõesealinhar-seàs normativasdoSUAS,devempactuarcompromissoserelações,definirfluxoseprocedimentos quereconheçamacentralidadenamatricialidadefamiliarefornecersubsídiosparauma melhorexecuçãoeintegraçãoentreosserviçoscomvistasaofortalecimentodoSUAS. Aseguir,serãodetalhadosemtópicosespeciaisoServiçodeProteçãoeAtendimento IntegralàFamília(PAIF)eoServiçodeConvivênciaeFortalecimentodeVínculos(SCFV),já acolhidosetratadosemCadernosdeOrientaçõesTécnicasdoMDS. ServiçodeProteçãoeAtendimentoIntegralàFamília(PAIF) Vamoscomeçarlembrandoque,em2004,emconsonânciacomaPNAS,foiinstituído, pormeiodaPortarianº.78de08deabrilde2004,oProgramadeAtençãoIntegralàFamília comoaçãocontinuadadapolíticadeassistênciasocial,devendoserofertada,obrigatoriae exclusivamente,nosCRAS. Em2009,comaTipificaçãoNacionaldeServiçosSocioassistenciais,oPAIFpassouaser denominadodeServiçodeProteçãoeAtendimentoIntegralàFamília,consonantecomo conceitodeaçãocontinuadaprevistonaLOAS.Adecisãopormanteramesmasiglafoifeita comointuitoderesguardarahistoricidadedasaçõesdesseserviço,jáconhecidase legitimadasnosestados,municípioseDistritoFederal. OPAIF,portanto,éumserviçoqueintegraaproteçãosocialbásicaetemporobjetivo: “prevenirsituaçõesderiscosocial,pormeiododesenvolvimentodepotencialidadese aquisiçõesedofortalecimentodevínculosfamiliaresecomunitários”(MDS,2012,vol.1,p. 11).Ouseja,atuadeformapreventiva,protetivaeproativa,comvistasaatenderasfamílias nasuaintegralidade.Emsíntese, OPAIFconsistenotrabalhosocialcomfamílias,decaráter continuado,comafinalidadedefortalecerafunçãoprotetiva dasfamílias,prevenirarupturadeseusvínculos,promoverseu acessoeusufrutodedireitosecontribuirnamelhoriadesua qualidadedevida.Prevêodesenvolvimentodepotencialidades eaquisiçõesdasfamíliaseofortalecimentodevínculos familiaresecomunitários,pormeiodecaráterpreventivo, protetivoeproativo(MDS,2012,p.12). 47 Usuários ATipificaçãoNacionaldosServiçosSocioassistenciais(2009)apontacomousuáriosdo serviçoasfamíliasemsituaçãodevulnerabilidadesocialdecorrentedapobreza,doprecário ounuloacessoaosserviçospúblicos,dafragilizaçãodevínculosdepertencimentoe sociabilidadee/ouqualqueroutrasituaçãodevulnerabilidadeeriscosocialexistentenos territóriosdeabrangênciadoCRAS,emespecial: ü Famílias beneficiárias de programas de transferência de renda e benefícios assistenciais; ü Famílias que atendem aos critérios de elegibilidade a tais programas ou benefícios, masqueaindanãoforamcontempladas; ü Famílias em situação de vulnerabilidade em decorrência de dificuldades vivenciadas poralgumdeseusmembros; ü Pessoas com deficiência e/ou pessoas idosas que vivenciam situações de vulnerabilidadeeriscosocial. ÉimportanteobservarqueasaçõesdesenvolvidasnoâmbitodoPAIFdevemser planejadaseavaliadaspelaequipedereferênciaemconjuntocomasfamílias.Essasações devemcorresponderaosobjetivosquesepretendealcançar,quesão: ü Fortalecer a função protetiva da família e prevenir a ruptura dos seus vínculos familiares e comunitários, contribuindo para a melhoria da qualidade de vida nos territórios; ü Promoveraquisiçõesmateriaisesociais,potencializandooprotagonismoeautonomia dasfamíliasecomunidades; ü Promover acessos às ações de proteção social no campo da assistência social, favorecendoousufrutodosdireitossocioassistenciais; ü Promoveracessosaserviçossetoriais,contribuindoparaapromoçãodedireitos; ü Apoiar famílias que possuem, dentre seus membros, indivíduos que necessitem de cuidados,pormeiodapromoçãodeespaçoscoletivosdeescutaetrocadevivências familiares(MDS,2012,vol.1,p.15). OtrabalhosocialcomfamíliasdesenvolvidonoPAIFéestratégicoparaapolíticade assistênciasocial,poisconsolidaamatricialidadesociofamiliarnoâmbitodoSUASnoterritóriode abrangênciadoCRAS,pormeiodesuaarticulaçãocomosdemaisserviçosdaproteçãosocialbásica ofertadosnopróprioCRAS,bemcomoosserviçosespecializadosemseuterritóriodeabrangência. Nesteaspecto,oconhecimentodoterritório,inclusiveosdadoseinformaçõesdavigilância socioassistencial,sãoimprescindíveisparaodesenvolvimentodotrabalho(MDS,vol.2,2012). 48 OServiçodeveestruturar-sedeformapreventiva,protetivaeproativa,reconhecendo aimportânciaderesponderàsnecessidadeshumanasdeformaintegral,paraalémdaatenção asituaçõesemergenciais,centradaexclusivamentenoriscosocial.Paraajudá-loaconsolidar cadavezmaisseuconhecimentoeapensarcomprecisão,elaboramosoquadroaseguir.Veja! Açãopreventiva Açãoprotetiva Açãoproativa Temporescopoprevenirocorrênciasqueinterfiramnoexercíciodos direitosdecidadania.Otermo‘prevenir’temosignificadode“preparar; chegarantesde;dispordemaneiraqueseevitealgo(dano,mal);impedir queserealize”.Assim,aprevençãonoâmbitodaProteçãoSocialBásica– PSB-denotaaexigênciadeumaaçãoantecipada,baseadano conhecimentodoterritório,dosfenômenosesuascaracterísticas específicas(culturais,sociaiseeconômicas)edasfamíliasesuashistórias. Ocaráterpreventivorequer,dessaforma,intervençõesorientadasa evitaraocorrênciaouoagravamentodesituaçõesdevulnerabilidadee riscosocial,queimpedemoacessodapopulaçãoaosseusdireitos. Significacentraresforçosemintervençõesquevisamamparar,apoiar, auxiliar,resguardar,defenderoacessodasfamíliaseseusmembrosaos seusdireitos.Assim,aPSBdeveincorporaremtodasasintervençõeso caráterprotetivo,envidandoesforçosparaadefesa,garantiaepromoção dosdireitosdasfamílias. Estáligadaaoreconhecimento,àtomadaderesponsabilidadeeà intervençãofrenteasituações–problemaqueobstaculizamoacessoda populaçãoaosseusdireitos,masqueaindanãoforamapresentadascomo tal.Aproatividadeéocontráriodereatividade,queéapropriedadede reagiraosestímulosexternos.Assim,serproativonoâmbitodaPSBé tomariniciativa,promoveraçõesantecipadasouimediatasfrentea situaçõesdevulnerabilidadeouriscosocial,vivenciadaspelasfamíliasou territórios,nãoesperandoqueademanda“bataàsuaporta”.Aação proativatemporfocointervirnascircunstânciasqueoriginaramas situaçõesdevulnerabilidadeeriscosocial,possibilitandoacriaçãode instrumentosquepermitempreverocorrênciasfuturas,bemcomoo contínuoaperfeiçoamentodaação,demodoaefetivar,omaisrápido possível,oacessodasfamíliasaosseusdireitos.Atuarproativamenteé imprescindívelparamaterializaraatuaçãointencionalpreventivae protetivadoPAIF. FONTE:OrientaçõesTécnicassobreoPAIF,Vol.1,2012.p.11 ConformepreconizaaResoluçãoCITn°.7,desetembrode2009,quedispõesobrea articulaçãoentreserviços,benefíciosetransferênciaderendanoâmbitodoSUAS,oPAIF contribuiparaaintegraçãodosserviçossocioassistenciais,programasdetransferênciade 49 rendaebenefíciossocioassistenciais,potencializandooatendimentointegralàsfamíliase indivíduos.Essaintegraçãoéuminstrumentodegestãoimportanteparaafiançaras segurançasprevistasnapolíticadeassistênciasocial.Maisdoqueumaestratégiadegestãodo SUAS,otrabalhoconjuntoentreoPAIFeosdemaisserviçossocioassistenciaisdaPSBePSEé umpressuposto.ConformepreconizaaPNAS/2004“osserviços,programas,projetose benefíciosdaproteçãosocialbásica(...),deverão,ainda,searticularaosserviçosdeproteção especial,garantindoaefetivaçãodosencaminhamentosnecessários”(PNAS,p.34). AequipedereferênciadoCRAS,aoatenderouacompanharuma família,noâmbitodoPAIF,eidentificarsituaçõesdeviolaçãodedireitos, devereferenciaressafamílianoCentrodeReferênciaEspecializadode AssistênciaSocial(CREAS),paraquesejaatendidapeloServiçode ProteçãoeAtendimentoEspecializadoaFamíliaseIndivíduos(PAEFI), mantendoanecessáriaarticulaçãoentreoPAIFeoPAEFI. Comotambémjáabordadoanteriormente,faz-senecessáriaaarticulaçãocomas demaispolíticaspúblicasofertadasnoâmbitolocal,comosistemadegarantiadedireitose comasorganizaçõescomunitárias,deformaagarantirasustentabilidadedasações desenvolvidas,oprotagonismodasfamíliasedosindivíduosatendidoseasuperaras condiçõesdevulnerabilidadeemqueseencontram. Muitobem!Apartirdeagora,iremostratardeoutrosaspectosdoPAIF:suas abordagensmetodológicas,asaçõesqueocompõem,oAtendimentoeAcompanhamentoeo PlanodeAcompanhamentoFamiliar.Acompanheconosco! a) DiretrizesTeórico-MetodológicasdoPAIF Éprecisoseatentarparaofatodequeasabordagensmetodológicasdotrabalho socialcomfamíliasnoâmbitodoPAIFdevemestarpautadasemumprocessodereflexão,que favoreçaapercepçãodadimensãoindividualecoletivadaproblemáticavivenciadapela família,bemcomofavoreçaadefiniçãoconjuntadeestratégiasedeprojetosindividuaise coletivosquevisemàsuperaçãodassituaçõesdefragilidadesevulnerabilidades(MDS,2012, p.105a107). Nestaperspectiva,osprofissionaisqueatuamnodesenvolvimentodotrabalhosocial comfamíliasnoâmbitodoPAIF,devemobservarseisdiretrizesteórico-metodológicas,que 50 listamosaseguir.Leiaatentamentecadaumadelase,semprequeprecisar,revejaesse material! 1) Fortaleceraassistênciasocialcomoumdireitodecidadania: ü Reafirmaraassistênciasocialeaproteçãoestatalàsfamíliascomoumdireito decidadania,inclusiveodireitoàrenda. ü Adotarumreferencialteórico-políticodedefesaepromoçãodedireitos,com vistasàautonomiaecidadaniadasfamílias. ü EstimularadimensãodemocráticadoServiço,ouseja,estimularaparticipação dasfamíliasnoplanejamento,execuçãoeavaliaçãodetodasasatividadesnas quais estiverem envolvidas, de forma a promover o seu protagonismo e combaterpráticasprescritivas,modeladoraseverticalizadas. 2) Respeitaraheterogeneidadedosarranjosfamiliaresesuadiversidadecultural: ü Considerar a influência que as peculiaridades da realidade local e seus aspectossocioeconômicoseculturaistêmsobreasfamílias. ü Valorizar a relação entre gerações, sua convivência e trocas afetivas e simbólicasnoâmbitofamiliar. ü Respeitarasexpectativasedemandasdasfamílias,quantoaotrabalhosocial, bem como seus valores, crenças, identidades, cultura e sentimento de pertença. 3) Rejeitarconcepçõespreconceituosas,quereforçamdesigualdadesnoâmbitofamiliar: ü Negarposturasprescritivas,adaptativasemodeladorasnotrabalhosocialcom asfamílias. ü Fortalecer concepções, valores e posturas que promovam a igualdade de gênero. ü Estimularaparticipaçãotantodafiguramaternaquantodafigurapaternano cuidadoeproteçãodosdemaismembrosfamiliares. ü Fortalecer a cultura do diálogo, combatendo todas as formas de violência, preconceito,discriminaçãoeestigmatização. ü Construirmediaçõesjuntoàsfamíliasdemodoacombaterasdiversasformas de discriminação existentes no âmbito de suas relações, em especial aquelas baseadasnaorientaçãosexual,incidênciadedeficiênciaeorigemétnico-racial. 4) Respeitarepreservaraconfidencialidadedasinformaçõesrepassadaspelasfamíliasno decorrerdotrabalhosocial: 51 ü Manteremsigiloasinformaçõesrepassadaspelasfamíliasemtodooprocesso deacompanhamentofamiliar. ü Trabalhar, em especial nas atividades em grupos e/ou coletivas com as famílias, a importância do sigilo em relação a determinados conteúdos trabalhados. 5) Utilizar e potencializar os recursos disponíveis das famílias no desenvolvimento do trabalhosocial: ü Identificar e empregar as formas de organização, sociabilidade e redes informais de apoio que as famílias possuem, com foco no resgate de sua autoestimaenadefesadosdireitos. ü Relacionar a história das famílias com a história e contexto do território em que vivem, a fim de fortalecer seu sentimento de pertença e coletividade, ressignificaroterritório,traduzindo-ocomoforçaviva,capazdepotencializaro trabalhodesenvolvidocomasfamílias. 6) Utilizarmetodologiasquecontribuamparaainserçãoefetivadetodososmembrosda famílianoatendimentoeacompanhamentofamiliar: ü Garantirosmeiosecondiçõesparaoacessodaspessoasidosasepessoascom deficiência em todas as ações desenvolvidas no trabalho social com famílias, ouainda,parapessoasquedesempenhampapeldecuidadoresfamiliares. ü Utilizar linguagem simples e, sempre que possível, recursos diversos e atraentes, tais como desenhos, músicas, filmes, cartazes, entre outros, a fim defacilitaracomunicaçãocomasfamílias. b) AçõesquecompõemoServiçodeProteçãoeAtendimentoIntegralàFamília Importanteobservarque,noPAIF,otrabalhosocialcomfamíliasématerializadopor meiodeaçõesqueconvergemparaatenderaosobjetivosdoserviço,consonantecomas demandaseaparticipaçãodasfamílias.Essasaçõesdevemserplanejadas,monitoradase avaliadaspelosprofissionaisefamíliasparaperceberorealalcancedosobjetivos,comvistas aofortalecimentodosvínculosfamiliaresecomunitários. ConstituemaçõesdoPAIF: ü Acolhida; ü Oficinascomfamílias; ü Açõescomunitárias; ü Açõesparticularizadas; ü Encaminhamentos. 52 Paralheauxiliaremseutrabalho,vamosexplicarcadaumadessasações.Confira! Acolhida Aacolhidaéaprimeiraformadecontatodosprofissionaiscomasfamíliasepodeser feitacomumafamíliaouumdeseusmembros,oudemaneiracoletiva,commaisfamílias.No geral,oprofissionaldeveseapresentar,trataro(s)usuário(s)doserviçopelonome(oupelo nomedoqualelesereconhece),prestarasinformaçõessobreoCRASeoPAIF,garantirosigilo dasinformaçõesprestadaspelafamíliaedesenvolverumaescutaqualificadadasquestõesou doprópriocomportamentoqueafamíliaapresentarnomomentodaabordagem.Osdados coletadosduranteaacolhidadafamíliasubsidiarãooestudosocialaserelaboradopelo profissional. Aacolhida,portanto,éoprocessoinicialdeescuta(qualificada)dasnecessidadese demandastrazidaspelasfamílias,bemcomodeofertadeinformaçõessobreasaçõesdo Serviço,daredesocioassistencial,emespecialdoCRASedemaispolíticassetoriais.Équando ocorreoiníciodovínculoentreoServiçoeafamíliaedoprofissionaleafamília.Este vínculo/aliançaéimportanteparaconstruirareferênciadeproteçãosocial.Aacolhidapode serrealizadaemgrupo,particularizadanoCRASouparticularizadanodomicílio. Umexemplodeacolhidaemgrupoécomporpequenosgruposdefamíliasque vivenciamsituaçõessimilares,comofamíliasbeneficiáriasdoBPC,comoobjetivode:repassar informaçõesgeraissobreoCRASeoPAIFesobreosbenefíciossocioassistenciais;escutaras demandas/necessidadesgeraisdasfamíliaseorientá-las;compartilharexpectativasem relaçãoaotrabalhoaserdesenvolvido;dentreoutros. ESCUTAQUALIFICADA ÉumtermoutilizadonoâmbitodoSUASqueconvidaosprofissionaisaestabeleceremuma relaçãocomosusuáriosnaqualelespossamatuarcomoprotagonistasdesuapromoçãoecomo sujeitosdedireitos.Essaescutapermitequeosusuáriossejamouvidosnamultiplicidadede perspectivaspresenteemsuasnarrativas,apartirdeseusparadoxos,respeitandosuas diversidades,considerandosuasemoçõesepermitindoque,juntamentecomosprofissionais,eles sejamcopartícipesnaelaboraçãodeestratégiasdesuperaçãodasvulnerabilidadeseriscosociais. 53 OficinasComFamílias Asoficinascomfamíliassãoumrecursometodológicoquepossibilitaquefamílias compartilhemexperiênciasentresievivenciemsituaçõesdediálogoeconvívio.Asoficinas comfamílias“propiciamaproblematizaçãoereflexãocríticadassituaçõesvividasemseu território,alémdequestõesmuitasvezescristalizadas,naturalizadaseindividualizadas”(MDS, 2012,vol.2,p.24).Objetivamtrabalharquestõesreferentesàesferafamiliarecomunitária/ territorial.Asoficinaspodemterfoconareflexão,naconvivênciaounaação.Explicamos: Quandoofocoéareflexão,objetiva-sequecadafamíliareflitasobreumadada questãoquedizrespeitoàsuavivênciafamiliaroucomunitária.Umexemplo:nomêsde outubrorealizarumaoficinacomatemática“direitosdacriançaedoadolescente”, estimulandoasfamíliasarefletiremsobreacriançaeoadolescenteenquantosujeitosde direitoseopapeldafamílianocuidadoenodesenvolvimentodessesegmento. Quandoofocoaseradotadoéoestímuloàconvivência,busca-sesuscitarnos participantesosentimentodeidentidadeepertença,habilidadesdecomunicaçãoeinteração, participaçãosocialetrocadeexperiênciaecompartilhamentodeprojetossociaisedevida. Umexemplodeoficinascomfamíliascomfoconaconvivênciaseriaotrabalhodeintegração defamíliasqueresidemhámaistemponacomunidadeenovasfamíliasresidentesnaáreade abrangênciadoCRAS,comvistasafavorecerosentimentodepertençaedeconvivênciaentre si. Porfim,quandoofocoaseradotadonasoficinascomfamíliaséaênfasenaação,a oficinadevesuscitarnosseusparticipantesasensibilização,amobilizaçãoeaparticipação socialemtornodosseusdireitossociais.Umexemplodeoficinacomênfasenaaçãoéa desenvolvidacomfamíliasquepossuempessoascomdeficiênciadentreosseusmembros,em quesediscuteaacessibilidadecomoumdireitoesãoconstruídasintervençõesnacomunidade paraqueessedireitosejamaterializado,comoainclusãosocialdessepúbliconosserviçose espaçoscomunitários. 54 Importantedestacarque,paraparticipardasoficinas,asfamíliasdevemestar preparadasparacompartilharexperiênciasesaberescomoutraspessoasegrupos familiares.Alémdisso,noplanejamentodasoficinas,independentedofoco,deve-se definir:onúmerodeparticipantes(recomenda-sede7a15pessoas),aperiodicidade dosencontros(semanal,quinzenaloumensal),aduraçãodaoficina(recomenda-sede umaaduashoras)eostemas(preferencialmentetransversais)aseremabordados. AçõesComunitárias Asaçõescomunitárias,comoopróprionomediz,sãoaçõesdecarátercoletivo, voltadasparaadinamizaçãodasrelaçõesnoterritório.Possuemescopomaiorqueasoficinas comfamílias,pormobilizarumnúmeromaiordeparticipantes,edevemagregardiferentes gruposdoterritórioapartirdoestabelecimentodeumobjetivocomum(MDS,2012,vol.2,p. 37).Essasaçõestêmcomoobjetivopromoveracomunicação,amobilizaçãosocialeo protagonismodacomunidadenaresoluçãodequestõesafetasaela,bemcomofavorecera socialização,aintegraçãoeosentimentodecoletividade.Elaspodemteroformatode palestras,reuniões,eventos,campanhas,dentreoutros. Pensemosnumacomunidadequesesituapróximaarodoviasequetemvivenciado situaçãodealiciamentodejovensparaaexploraçãosexual.Poderãoserdesenvolvidas campanhascontraaexploraçãosexual,articuladascomasdemaispolíticaspúblicasecomos serviçossocioassistenciais,comooPAEFI.Oumesmoumeventoouumareuniãode sensibilizaçãodasprincipaisorganizaçõesdacomunidadeparapreveniressasituação. Tambémpoderãoserfeitaspalestrascomespecialistasnoassunto,parasensibilizarasfamílias eoutrosatoreslocaissobreesseriscosocial. AçõesParticularizadas Açõesdestetiporeferem-seaoatendimentoprestadopelaequipetécnicadoCRASà família(algummembrooutodoogrupofamiliar)demodoindividualizado,apósaacolhida.A adoçãodasaçõesparticularizadastemporobjetivoconheceradinâmicafamiliarouprestar umatendimentomaisespecíficoàfamília.Valedestacarqueasaçõesparticularizadasnão preveemencontrosperiódicosenãoseconfundecomoacompanhamentoparticularizado, 55 podendoocorrernopróprioCRASounodomicílio.Umexemplodeaçãoparticularizadaéo atendimentofeitonodomicílio,peloprofissionaldoPAIF,aumafamíliaquepossuiuma pessoacomdeficiênciaentreosseusmembros,comoobjetivoderealizaroestudosocialou realizarumencaminhamentoàredesocioassistencial. ESTUDOSOCIAL É“umaanálisetecnicamentequalificadasobreafamília,determinantepara explicitaranecessidadedeinserçãodafamílianoatendimentoounoacompanhamento familiar.Nestemomento,osprofissionaisresponsáveisdeverão,emconjuntocomas famílias:enumerarassituaçõesdevulnerabilidadesocialvivenciadas,buscando compreendersuasorigenseconsequências;identificaraspotencialidadeserecursos queasfamíliaspossuem;identificar/reconhecerascaracterísticaseespecificidadesdo territórioqueinfluenciame/oudeterminamassituaçõesdevulnerabilidadevivenciadas pelasfamílias.Oestudosocialdasituaçãofamiliarconstituimomentodecompreensão darealidadevivenciadapelasfamílias,bemcomodeafirmaçãodaassistênciasocial comodireitodecidadaniaedeverdoEstado”(MDSvol.2,2012,p.18). Encaminhamentos Observequeosencaminhamentossãoosprocessosdeorientaçãoedirecionamento dasfamílias,oualgumdeseusmembros,paraserviçose/oubenefíciossocioassistenciais,bem comoparaserviçosdeoutrasáreasdepolíticaspúblicas.Osencaminhamentospressupõem que,apartirdademandaousituaçãodevulnerabilidadeapresentadapelafamíliaepactuada noestudosocial,orientadosporcontatosprévioscomoutrossetoresoucomaprópriarede socioassistencial,sejamefetivadosoatendimentoeainclusãodafamília. Valeressaltarque,paraqueosencaminhamentosseefetivem,faz-senecessárioquea equipetécnicapossuaumdiagnósticodoterritóriodeabrangência,bemcomotenhaacesso aosdadosdavigilânciasocioassistencialdessaárea,possibilitandoefetivarprocessosde referênciaecontrareferência. Observa-se que as ações de inclusão produtiva não compõem o PAIF. No entanto os programas ou projetos com esse objetivo podem ser desenvolvidos no CRAS, desde que o equipamentopossuaaestruturanecessária.Paraumainformaçãomaisdetalhada,consulteas páginas52e53doVolume,2OrientaçõesTécnicassobrePAIF. 56 c) AtendimentoeAcompanhamentonoâmbitodoPAIFeoPlanodeAcompanhamentoFamiliar OdesenvolvimentodotrabalhosocialcomfamíliasqueparticipamdoPAIFpode ocorrerpormeiodedoisprocessosdistintos,mascomplementares: ü Asfamílias,umoumaisdeseusmembros,podemseratendidospeloPAIF. ü AsfamíliaspodemseracompanhadaspeloPAIF. Mas,emqueconsisteoacompanhamentofamiliarnopaif? Oacompanhamentofamiliarconsisteemumconjuntodeintervenções,desenvolvidas deformacontinuada,apartirdoestabelecimentodecompromissosentrefamíliase profissionais.Essescompromissosdecorremdeumadecisãoconjuntada(s)família(s)edo(s) profissional(is)sobreanecessidadedeacompanhamentofamiliarelevamàconstrução conjuntadeumPlanodeAcompanhamentoFamiliar.NoPlanodevemconstarosobjetivosa seremalcançados,aprevisãodemediaçõesperiódicas,ainserçãoemaçõesdoPAIF,buscando asuperaçãogradativadasvulnerabilidadesvivenciadas(MDS,2012,vol.2,p.54).Notebem!Éo Planoqueorganizaoacompanhamentoepermiteoplanejamentoconjuntodasaçõesque darãoconcretudeaocompromissoassumido. OPlanodeAcompanhamentoFamiliarconsistenoplanejamentoconjuntoentrea(s) família(s)eoprofissionaldoacompanhamentofamiliareneledevemestardescritos: ü Asdemandasenecessidadesda(s)família(s)(vulnerabilidades); ü Aspotencialidadesquedevemserfortalecidas; ü Osrecursosdoterritório(eforadele)aseremmobilizados; ü Asestratégiasaseremadotadas; ü Oscompromissosda(s)família(s)edostécnicos; ü Opercursopropostoparaoacompanhamento: o Asintervenções(quantas,duração,horários)aseremrealizadascomas famíliasreunidasemgrupo(paraoacompanhamentofamiliaremgrupo) oucomafamíliaemparticular(paraoacompanhamentoparticularizado), seusobjetivoseaquisiçõesesperadas; o Asações(coletivasouparticularizadasdoPAIF)deinteressedecada família; 57 o Aperiodicidadedasmediaçõescomosprofissionaisqueacompanhamas famílias,oqueseesperadessesmomentoseosresultadosquesequer alcançar.(MDS,2012,p.67-68). ü Oacompanhamentoérealizadomedianteconsentimentodafamíliaepode apresentarosseguintesformatos: o Acompanhamentoemgrupo. o Acompanhamentoparticularizado. Adiferençaentreosdoisformatoséqueoacompanhamentoparticularizado apresentafocosomenteemumafamília.Jáoacompanhamentoemgrupofocalizafamílias quevivenciamvulnerabilidadesetêmdemandase/ounecessidadessimilares.Caberáao profissional,pormeiodoestudosocial,definireacordarcomafamíliaqualaformade intervençãoaseradotada. Oprocessodeacompanhamentofamiliarpodeserdiferenciadodoatendimento, conformeilustradonodiagramaaseguir: Figura1–FluxodoProcessodeAcompanhamentoFamiliar Fonte:MDS,2012,vol.2,p.66 58 Observeque,odiagrama,alémdesistematizarotrabalhosocialcomfamíliasno âmbitodoPAIF,destacaabuscaativadasfamíliasemsituaçãodevulnerabilidadesocial existentenoterritório.Abuscaativareforçaocaráterproativodapolíticadeassistênciasocial aopropiciaromapeamentodasvulnerabilidades,demandasepotencialidadesdoterritórioe dasfamíliasalireferenciadasquenãoacessamosserviçospúblicos.Arealizaçãodabuscaativa temrelaçãodiretacomavigilânciasocioassistencial,poisérealizadaapartirdasinformações geradasporelaetambémpodeserfonteimportantededadoseinformaçõesparaavigilância. AbuscaativapossibilitaocontatoefetivodosprofissionaiscomoterritóriodoCRAS. MEDIAÇÕES SãomomentosemqueosprofissionaisdoPAIFemconjuntocoma(s)família(s) avaliamseasofertasdeserviçosdeassistênciasocialtêmtidooefeitodesejadoese atendemàsexpectativasdasfamílias,bemcomoseasrespostasaosencaminhamentos realizadosparaosserviçossetoriaisforamefetivas,ou,ainda,seoacessoàdocumentação civilouacessoàrendaforamgarantidos(MDS,2012,vol.2,p.69).Tambémpermitemo monitoramentodosresultadosalcançadospelasfamíliasnodecorrerdodesenvolvimento doPlanodeAcompanhamentoFamiliar. ServiçodeConvivênciaeFortalecimentodeVínculos(SCFV) Comovocêjásabe,noâmbitodaproteçãosocialbásica,adimensãorelacionaleo direitoaoconvíviodevemserasseguradosaolongodociclodevida,pormeiodapromoçãoda convivência,socializaçãoeconstruçãodeumsentimentodepertençaeidentidade.Devemos compreenderaconvivênciaeosvínculoscomoinerentesàcondiçãohumana,e, consequentemente,ànossasociedade,tendoemvistaqueestaéconstruídaentresujeitosde direitosqueseconstituemnamedidaemqueserelacionamentresiecomomeioemque vivem,demaneiraautônomaeigualitária. Observequesãováriosostiposdevínculoscujafragilizaçãoexpõeoindivíduoea famíliaasituaçõesdevulnerabilidadesrelacionais.Sãoeles: 1. de filiação/ parentesco – seja filiação natural (relação pai-filho) ou filiação social(filiaçãoadotiva); 2. de filiação de natureza eletiva – ligada a socialização do indivíduo fora da família,ouseja,emgrupos,instituições,comunidadesetc.; 3. de filiação orgânica – relacionada ao trabalho e à oportunidade de exercer umaatividadeprodutivae; 4. decidadania–queseexpressanosentimentodepertencimentoaumanação. 59 Diantedassituaçõesdevulnerabilidadesrelacionaiseconsequentefragilizaçãodos vínculosfamiliaresesociais,otrabalhosocialdesenvolvidonoSCFVdevedispordetecnologias emetodologiasqueminimizemousuperemtaissituações.Dessamaneira,asoportunidades deconvivênciapromovidaspeloSCFVdevemprimarporabordagensquefavoreçamencontros ediálogosentreosparticipantes. a) Diretrizesteórico-metodológicas OSCFVéumserviçodaProteçãoSocialBásicadoSUAS,regulamentadopelaResolução CNASnº109de2009,queaprovaaTipificaçãoNacionaldeServiçosSocioassistenciais,efoi reordenadopelaResoluçãoCNASno01/2013.Esseserviçoécomplementaraotrabalhosocialcom famíliasrealizadopormeiodoServiçodeProteçãoeAtendimentoIntegralàsFamílias–PAIFeServiço deProteçãoeAtendimentoEspecializadoàsFamíliaseIndivíduos–PAEF. Assimsendo,oSCFVpossuiumcaráterpreventivoeproativo,pautadonadefesae afirmaçãodedireitosenodesenvolvimentodecapacidadesepotencialidadesdosusuários, comvistasaoalcancedealternativasemancipatóriasparaoenfrentamentodas vulnerabilidadessociais.Deveserofertadodemodoagarantirassegurançasdeacolhidaede convíviofamiliarecomunitário,alémdeestimularodesenvolvimentodaautonomiados usuários. ConfiraagoraosobjetivosdoSCFV,conformeconstanaResoluçãoCNASnº09/2009: ü Complementarotrabalhosocialcomfamília; ü Prevenirainstitucionalizaçãoeasegregaçãodecrianças,adolescentes,jovenseidosos e,emespecial,daspessoascomdeficiência; ü Promover acessos a benefícios e serviços socioassistenciais, fortalecendo a rede de proteçãosocialdeassistênciasocialnosterritórios; ü Promover acessos a serviços setoriais - educação, saúde, cultura, esporte e lazer -, contribuindoparaousufrutodosdemaisdireitospelosusuários; ü Oportunizaroacessoàsinformaçõessobredireitosesobreparticipaçãocidadã; ü Possibilitaracessosaexperiênciasemanifestaçõesartísticas,culturais,esportivasede lazer; ü Favorecer o desenvolvimento de atividades intergeracionais, propiciando trocas de experiênciasevivências. Importanteobservarque,nointuitodeatingiressespropósitos,faz-senecessárioque aorganizaçãodesseserviçopossibiliteaosseususuários: 60 ü Espaçosdereflexãosobreopapeldasfamíliasnaproteçãodeseusmembros. ü Estímulos na construção e reconstrução de suas histórias, vivências individuais e coletivas,nafamíliaenoterritório. ü Vivênciadospercursos,conformeespecificidadedosciclosdevida. ü Trocasculturaisedevivências,pormeiodeatividadesintergeracionais. ü Incentivosàparticipaçãocomunitária,àapropriaçãodosespaçospúblicoseàatuação protagonistanoterritório.(MDS,2013,p.68-74). OSCFVéumespaçopara... Escutareser escutado Valorizaro outro Exercitar escolhas Dialogar para resolver conflitos Reconhecer limitese Produzir possibilidades coletivamente Construir projetosde vida Reconhecer enomear Admiraras emoções Aprendere diferenças ensinarde igualpara igual Tomar decisões Éfundamentalnãoperdermosdevistaocaráterpreventivoeproativodesseserviço que,comoosdemaisserviçosdeProteçãoSocialBásica,antecipa-seàssituaçõesde desproteçãofamiliareàquelasconstatadasnoâmbitopúblico,oferecendoalternativas emancipatóriasaosusuáriosparaoenfrentamentodavulnerabilidadesocial.Osencontrosdo SCFVsãosituaçõesdeconvivênciaparadiálogosefazeresqueconstituamalgumasdessas alternativas.Nessadireção,essesencontrossãoumespaçoparapromover: 61 ü processosdevalorização/reconhecimento:estratégiaqueconsideraasquestõeseos problemasdooutrocomoprocedenteselegítimos; ü escuta:estratégiaquecriaambiência–segurança,interesseetc.–paraqueos usuáriosrelatemoupartilhemsuasexperiências; ü produçãocoletiva:estratégiaqueestimulaaconstruçãoderelaçõeshorizontais–de igualdade–,arealizaçãocompartilhada,acolaboração; ü exercíciodeescolhas:estratégiaquefomentaaresponsabilidadeeareflexãosobreas motivaçõeseosinteressesenvolvidosnoatodeescolher; ü tomadadedecisãosobreaprópriavidaedeseugrupo:estratégiaquedesenvolvea capacidadederesponsabilizar-se,denegociar,decompor,dereveredeassumiruma escolha; ü diálogoparaaresoluçãodeconflitosedivergências:estratégiaquefavoreceo aprendizadoeoexercíciodeumconjuntodehabilidadesecapacidadesde compartilhamentoeengajamentonosprocessosresolutivosourestaurativos; ü reconhecimentodelimitesepossibilidadesdassituaçõesvividas:estratégiaque objetivaanalisarassituaçõesvividaseexplorarvariaçõesdeescolha,deinteresse,de conduta,deatitude,deentendimentodooutro; ü experiênciasdeescolhaedecisãocoletivas:estratégiaquecriaeinduzatitudesmais cooperativasapartirdaanálisedasituação,explicitaçãodedesejos,medose interesses;negociação,composição,revisãodeposicionamentosecapacidadedeadiar realizaçõesindividuais; ü aprendizadoeensinodeformaigualitária:estratégiaquepermiteconstruir,nas relações,lugaresdeautoridadeparadeterminadasquestões,desconstruindoa perspectivadeautoridadeporhierarquiaspreviamentedefinidas; ü reconhecimentoenomeaçãodasemoçõesnassituaçõesvividas:estratégiaque permiteaprendereterdomíniosobreossentimentoseafetações,demodoa enfrentarsituaçõesquedisparamsentimentosintensosenegativosemindivíduosou grupos; ü reconhecimentoeadmiraçãodadiferença:estratégiaquepermiteexercitarsituações protegidasemqueasdesigualdadesediversidadespodemseranalisadase problematizadas,permitindoquecaracterísticas,condiçõeseescolhassejamtomados emsuaraizdediferençaenãoapartirdeumjuízodevalorhegemônico. b) AçõeseestratégiasdoSCFV Valeressaltarqueessasestratégiasdeverãosercondizentescomassituaçõesde fragilizaçãodevínculoseoqueasmotivou,ouseja,apartirdadefiniçãodequal intervençãoserámaisadequadaaoindivíduoouaogrupoqueparticiparádoSCFV,oque caracterizaaconstruçãodopercursodogrupo. 62 Aconvivênciapodesercompreendidacomoprocesso,mastambémcomo metodologiadetrabalhoqueassegureacoesãodogrupo.Paradesenvolvê-la,podemser utilizadosváriosrecursosmetodológicostaiscomo:narrativas/históriaoral;elaborarumjogo; leituradeumtexto;filmes;trechosdenovela,históriaoubiografias;confecçãodealgum material(colchaderetalho,bolsas,caixasetc.);brincadeirasderoda;jogosdramáticos;jogos cooperativos;dinâmicasdegrupo;visitaaequipamentosculturaisoulazer,dentreoutros. Vejaqueautilizaçãodessasmetodologiasreforçaocompromissodosserviços socioassistenciais,especialmenteoSCFV,comasuperaçãodasvulnerabilidadesrelacionais. Trata-sedecriarsinergiaecompromissomútuoentreprofissionais,gestoreseusuários,no sentidodesuperaressassituaçõesdefragilizaçãodosvínculosefavoreceraproteçãosocial. Alémdisso,permitematerializaraconvivênciaeofortalecimentodevínculoscomofinalidade dapolíticadeassistênciasociale,assim,favoreceromonitoramentoeaavaliaçãodosserviços socioassistenciais. Éimportantedestacarque,paraatingiressafinalidade,otrabalhosocialnoâmbitoda políticadeassistênciasocialdeveutilizarumenfoquemetodológicoqueestejaabertoaocontexto, àshabilidadesepotencialidadesdosprofissionaisqueestãoatuandonestetrabalho,aosinteresses eparticipaçãodosusuárioseàcriatividadedaequipe. Assim,faz-senecessáriaaconstruçãodeespaçosdeintercâmbioentreosserviçoseos profissionais,paraadisseminaçãodepráticasexitosasoureflexõessobreosprocessosdetrabalho, contribuindoparaaformaçãodostrabalhadoresdoSUAS(MDS,2013,p.46). OutrodadoquevocêprecisateremmenteéqueosusuáriosdoSCFVsãodivididosem gruposapartirdefaixasetárias,considerandoasespecificidadesdosciclosdevida.Otrabalho nosgruposéorganizadoempercursos,deformaaestimularastrocasculturaiseapartilhade vivências,desenvolverosentimentodepertençaedeidentidade,fortalecerosvínculos familiares,sempresobaperspectivadeincentivarasocializaçãoeaconvivênciafamiliare comunitária. Observequeaformaçãodosgruposdeverespeitarasnecessidadesdosparticipantes, levandoemconsideraçãoasespecificidadesdoseuciclodevida.Dessamaneira,noserviço podemserorganizadosgruposdecrianças,deadolescentes,dejovens,deadultosede pessoasidosas,adependerdademandadomunicípioouDistritoFederal(DF).Éimportante queacomposiçãodessesgrupospreserveadiversidadeexistentenoâmbitodasrelações sociaiscotidianas,assegurandoaparticipaçãodeusuáriosdediferentesraças/etnias,gêneros, 63 entreoutros,alémdegarantiraparticipaçãodaspessoascomdeficiência.Valeesclarecerque aobservânciaaosciclosdevidadosusuáriosparaaformaçãodosgruposnãoimpedea realizaçãodeaçõesintergeracionais,quandonecessárias. AindacomrelaçãoàextensãodosgruposdoSCFV,aorientaçãoédequetenham,no máximo,30usuáriossobaconduçãodoorientadorsocial,queéoprofissionalresponsável pelamediaçãodosgruposdoserviço.Gruposcomquantidadedeusuáriosmaiordoquea orientadaterãodificuldadesparaalcançarosobjetivosdoserviçoedeixamdecontemplaras característicasdessaoferta.Assim,respeitadaaquantidademáximapermitidadeusuários paraogrupo,otamanhodestepoderávariarconformeascaracterísticasdosparticipantes,ou seja,paradefini-lo,éprecisolevaremcontaacomplexidadedasvulnerabilidadesvivenciadas pelosindivíduosquecompõemogrupoe,ainda,asestratégiasdeintervençãoqueserão adotadas. Lembre-sedequehaverásituaçõesemqueumaquantidademenordeparticipantes poderáfavorecerodesenvolvimentodogrupo.Essecuidadotemporobjetivoassegurara qualidadeeaefetividadedotrabalhonoserviço,principalmentenoquedizrespeitoao necessárioacompanhamentodosusuáriosquecompõemosgrupos.Gruposdecriançascom até6anosegruposdosquaisparticipempessoascomdeficiênciamentaloufísica,por exemplo,deverãosermenores,poisdemandamdoorientadorsocialmaioratençãonosentido depreservarasuaintegridadefísicaeoferecerapoionasatividadesdesenvolvidas. Quantoàperiodicidade,éimportantequehajacertaregularidadedosencontrosdos gruposdoSCFV,tendoemvistaqueestesencontrostêmporfinalidadefortalecervínculos familiares,incentivarasocializaçãoeaconvivênciacomunitária.Éessencialqueasatividades desenvolvidasnessesencontrossejamplanejadaseconsideremoseixosnorteadoresdo serviço-convivênciasocial,direitodesereparticipação-,afimdeque,efetivamente,sejam criadassituaçõesdesafiadorasparaosusuáriosqueosestimulemeosorientemaconstruire reconstruirassuashistóriasevivênciasindividuaisecoletivas. c) Públicoprioritário ConformeprevistonaResoluçãoCITno.01de2013,quedispõesobreo reordenamentodoSCFV,sãoconsideradospúblicosprioritáriosparaoatendimentonoSCFV criançase/ouadolescentese/oupessoasidosasnasseguintessituações: 64 ü Emsituaçãodeisolamento ü Trabalhoinfantil ü Vivênciadeviolênciae/ounegligência ü Foradaescolaoucomdefasagemescolarsuperioradoisanos ü Emsituaçãodeacolhimento ü Emcumprimentodemedidassocioeducativasemmeioaberto ü Egressosdemedidassocioeducativas ü Situaçãodeabusoe/ouexploraçãosexual ü CommedidasdeproteçãodoEstatutodaCriançaedoAdolescente(ECA) ü Criançaeadolescentesemsituaçãoderua ü Vulnerabilidadequedizrespeitoàspessoascomdeficiência AssituaçõesprioritáriasparaoatendimentonoSCFVestãoelencadasna ResoluçãoCITnº1/2013enaResoluçãoCNASnº1/2013.O§2ºdoart.3º,deambasas resoluções,afirmaqueacomprovaçãodassituaçõesprioritáriasocorrepormeiode documentotécnicoquedeveráserarquivadonaunidadequeofertaoSCFVounoórgão gestor,porumperíodomínimodecincoanos,àdisposiçãodosórgãosdecontrole. ÉimportantevocênãoperderdevistaqueoacessodessepúblicoaoSCFVpoderáser feitopormeiodabuscaativaepordemandaespontânea,encaminhamentodosserviçosouda redesocioassistenciais,ouencaminhamentodasdemaispolíticaspúblicasedeórgãosdo SistemadeGarantiadeDireitos. QuandoosusuáriosforemencaminhadosparaoSCFVpormeiodoPAIFouPAEFI, caberáàsequipestécnicasdosreferidosserviçosindicara(s)situação(ões)deprioridade assumindoaresponsabilidadepeloacompanhamentofamiliar,umavezqueopúblico prioritáriopressupõeagravosouviolações.Quandooacessoaoserviçosederpelasdemais formase,apósainserçãodousuário,ocorreraidentificaçãodesituaçãodeprioridade,caberá àequipedereferênciadoSCFVencaminharparaosserviços(PAIFouPAEFI)pormeiodoCRAS dereferência. Emsíntese,ofluxodeprocedimentosaseremrealizadosatéqueousuárioem situaçãodeprioridadechegueaoSCFVéoseguinte:apósoatendimentodafamíliaoudo usuárionoPAEFI,otécnicoresponsávelpeloatendimentocomunicaoencaminhamentodo usuárioemsituaçãodeprioridadeaoCRAS.Otécnicodereferênciadoserviço–profissional denívelsuperiordaunidade–oencaminharáaogrupodoSCFV. 65 VejaaseguirofluxogramadeencaminhamentosparaoSCFV: d) DolocaldeexecuçãodoServiço ÉsemprebomlembrarqueesseserviçopodeserofertadonoCRAS,emoutras unidadespúblicas,comoosCentrosdeConvivência,ouementidadesouorganizaçõesde assistênciasocial,desdequereferenciadasaoCRASedevidamenteinscritasnoConselhode AssistênciaSocial.Asunidadespúblicasestataiseprivadas,conveniadasounão,queexecutam oSCFVsãodenominadasCentrosdeConvivência.Entretanto,devemsempreestar referenciadasaoCRAS. 66 Compromissos, informações, fluxose procedimentos. procedimentos EstarreferenciadoaoCRAS,significareceberorientaçõesemanadasdopoderpúblico, alinhadasàsnormativasdoSUAS,estabelecercompromissoserelações,participardadefinição defluxoseprocedimentosquereconheçamacentralidadedotrabalhocomfamíliasnoterritório econtribuirparaaalimentaçãodossistemasdaRedeSuas(eoutros).Significa,portanto,integrar oSistema(SUAS).Trata-sedefazergestão,apartirdoCRASedemaneiracoordenadacomarede socioassistencial,oacolhimento,ainserção,oatendimento,oencaminhamentoeo acompanhamentodosusuáriosnoSUAS(MDS,2014,p.18). Observeque,nessesentido,oreferenciamentoimplicaemassumircompromissos, repassarinformações,definirfluxoseprocedimentos,discussãoedefiniçãodoplanejamento dasações,enfim,avinculaçãoentreoSCFVeoCRASperpassaasdimensõesdeplanejamento eexecuçãodoServiço. Paramelhorrealizaressagestão,existemferramentasqueforamespecialmente desenvolvidasedisponibilizadasequevocêdeveconhecer! 67 SistemadeInformaçãodoSCFV(SISC) OSISCéumaferramentadegestãodoSCFV,pormeiodaqualérealizadoo monitoramentodoserviçoexecutadopelosentesfederados,assimcomoaapuração dosatendimentosrealizados,parafinsdecálculodocofinanciamentofederal.Este sistemafoidisponibilizadoaosmunicípioseDistritoFederal,parainserçãodosdados dosusuáriosatendidos,nodia10deabrilde2014. Ressalta-seque,nostermosdoart.3ºdaPortariaMDSn°134/2013,o preenchimentodoSISCéderesponsabilidadedogestorlocaldaassistênciasocial.Para acessarosistemaénecessárioterloginesenhaeestarcadastradonoCadSuas.O gestorpoderádelegarperfildeacessoaoSISCaoutrosprofissionaispormeiodo SistemadeAutenticaçãodeSenhas(SAA). VejaqueépossívelteracessoaoManualdoUsuáriodoSISCparaterorientaçõessobreautilização dessaferramenta. Bastaacessar: http://www.mds.gov.br/assistenciasocial/protecaobasica/SISC%20Manual_v%201%201.pdf/view O MDS lançou, em 2013, uma publicação sobre a “Concepção de Convivência e Fortalecimento de Vínculos” Brasília: MDS, 2013, p. 47-49. Este material traz, além de apresentação e reflexões sobre a temática, estudos de experiênciasexitosasnaárea. Veja também no site do MDS o documento denominado “perguntas frequentes sobre o SCFV” que traz informações sempre atualizadas sobre o serviço.Valeconferir! e) AintegraçãodoSCFVcomosdemaisserviçosdoSUASeoutraspolíticas. Comojáfoiditoanteriormente,paragarantiraintegralidadedasaçõesofertadaspelo SCFVfaz-senecessáriaumaarticulaçãocomosserviçossocioassistenciaisdoSUASecomas demaispolíticaspública. 68 Assim,agestãodoSCFVdeveestabelecercomoprioridades: ü Promover a articulação do SCFV com o PAIF, possibilitando o acompanhamento familiar, quando necessário, de modo a garantir a matricialidade sociofamiliar da políticadeassistênciasocial. ü Garantir a articulação do SCFV com os demais serviços, programas ou projetos de outras políticas públicas, possibilitando a realização de parcerias na oferta de atividades aos usuários do serviço de convivência, além de projetos locais existentes noterritório. ParaquevocêpossacompreendermelhoressasarticulaçõesdoSCFVcomoPAIF, observequeoSCFVtempapelcomplementaraotrabalhosocialcomfamíliasdesenvolvido peloPAIFe,emborasearticulecomoPAIFnointuitodefortalecervínculosdeseususuários,a principalestratégiadeaçãodoSCFVéapromoçãodemomentosdeencontroseconvivência entreosusuáriosquepossibilitarãoasuperaçãodevulnerabilidadesrelacionaisprópriasdo ciclodevida.Assim,famíliasqueestejamparticipandodoacompanhamentoouações desenvolvidasnoPAIF,poderãoteralgunsdeseusmembros(outodos)participandodoSCFV. AimportânciadaarticulaçãodaProteçãoSocialBásicacomaProteçãoSocial Especialpodeservistanaaçãodeprevençãodoingressoedareincidênciadecriançase adolescentesnotrabalho,ondeaPSBtemumpapelfundamental.Aparticipaçãodessas criançaseadolescentesretiradosdassituaçõesdetrabalhoinfantilnoSCFVéuma estratégiafundamentalparaenfrentamentodessassituações.Asatividadessocioeducativas previstasnoServiçopossibilitamaprevençãodassituaçõesdeviolaçãodedireitos,na medidaemquetrabalhamaconvivênciaeofortalecimentodevínculosfamiliarese comunitários. Paratanto,faz-senecessáriaumaarticulaçãoentreaProteçãoSocialBásicaea ProteçãoSocialEspecialnosentidodeintegraresforçospelaprevençãoepelaerradicação dotrabalhoinfantil,dentreoutrassituaçõesdeviolaçãodedireitos. ConformeResoluçõesCNASno8de18deabrilde2013,quedispõesobreasações estratégicasdoProgramadeErradicaçãodoTrabalhoInfantil-PETInoâmbitodoSUAS;ea deno10de15deabrilde2014,quealteraaResoluçãonº8,de18deabrilde2013,com vistasaestabelecercritériosparaocofinanciamentodessasações,aProteçãoSocial EspecialdevefazeragestãodoPETI.Noentanto,açõesestratégicaseaçõespreventivas competemaProteçãoSocialBásica,principalmente,pormeiodainserçãodessepúblicono SCFV. ParaquevocêpossacompreendermelhorasarticulaçõesdoSCFVcomosdemais serviços,programasouprojetosdeoutraspolíticaspúblicasveja,porexemplo,suaarticulação comaPolíticadeEducação.Considerandoosobjetivoseopúblicoprioritárioaseratendido peloProgramaMaisEducação(PME)easorientaçõesparaaofertadoSCFV,épossível 69 verificaraconvergênciadasaçõeseanecessidadedeambasasiniciativasatuarem,emalguns momentos,deformaconjunta,apesardeasintervençõeseobjetivosdoSCFVedoPMEserem distintos.Nestecenário,otrabalhointersetorial,aarticulaçãoeacomplementaridadedas açõesentreoSCFVeoPMEpromovemoatendimentointegradodosusuários,demaneiraa garantirascompetênciaseespecificidadesdecadaárea,aAssistênciaSocialeaEducação. Para aprofundar o conhecimento sobre essa articulação e integração do SCFV com a Política de Educação, sugerimos acessar a Instrução Operacional e Manual de Orientações nº 01 SNAS –MDS / SEB – MEC pelo link: http://www.mds.gov.br/assistenciasocial/protecaobasica/IO,P20SCFV,P20,P20final.pdf.pagespeed.ce.AxBo7YlEAt.pdf 3.2.BenefíciosSocioassistenciais OsbenefíciosquecompõemaPSBsãorelevantes,dadasàsdesigualdadessociais persistentesnopaís,econstituemrespostasimportantesparaagarantiadasegurançade sobrevivênciadasfamíliaspobres.Equandoassociadosaosserviçossocioassistenciais,os benefíciossãopotencializadosnosentidodegarantiraautonomiaeaemancipaçãodos indivíduosefamíliasatendidosnapolíticadeassistênciasocial. Benefícios Osbenefíciossãoformasdetransferênciaderendadiretaoudeentregade bensmateriaisaosbeneficiáriosquenecessitamdeformamaiscontínuaoude formacircunstancialdaproteçãosocialdoEstadonagarantiadesua sobrevivênciaimediata.Estessãoumimportantemecanismoparaasuperação devulnerabilidadessociais,frutodedesigualdadessócio-históricas. Valesalientarque,odesenvolvimentodoEstadoSocialnoSéculoXX,alémde consolidaraçõesamplasdoEstadonoprovimentodeserviçosqueasseguramdireitossociais, tambémorientouoprovimentodebenefíciosdiversos,baseadosnalógicadaTransferênciade Renda.Alemanha,França,Finlândia,ReinoUnido,Bélgica,Holanda,entreoutrospaíses, 70 possuemsistemasdeproteçãoquemantém,atéosdiasatuais,mecanismosnãocontributivos detransferênciaderenda. NoBrasil,ainstituiçãodosbenefíciosassistenciaistemcontribuídoparaaconsolidação do sistema de garantia de renda na proteção social brasileira e o PBF afirma-se como um componente importante nesse campo. À semelhança de outros países que se utilizam desse mecanismo protetivo (ver http://ec.europa.eu/social/main.jsp?catId=858&langId=pt), os benefícios socioassistenciais brasileiros cumprem o direito constitucional de sobrevivência e vidadigna,estandotambémamparadosemnormasinfraconstitucionais. BenefíciodePrestaçãoContinuada(BPC) OBenefíciodePrestaçãoContinuadadaAssistênciaSocial(BPC),instituídopela ConstituiçãoFederalde1988,éumbenefíciodaPolíticadeAssistênciaSocialqueasseguraa transferênciamensalde01(um)saláriomínimoàpessoaidosa,com65(sessentaecinco)anos oumais,eàpessoacomdeficiência,dequalqueridade,quecomprovenãopossuirmeiosde garantiraprópriamanutençãooudetê-laprovidaporsuafamília.Paraterdireitoao benefício,orequerenteprecisacomprovarquearendamensalpercapitadafamíliaéinferior a¼(umquarto)dosaláriomínimo. OBPCintegraaProteçãoSocialBásicadoSistemaÚnicodeAssistênciaSocial(SUAS), comoumbenefícioindividual,nãovitalício,intransferívele,paraacessá-lo,nãoénecessário tercontribuídocomaPrevidênciaSocial.Obeneficiopromoveu,emdezembrode2015,a proteçãosocialdemaisde2,32milhõesdepessoascomdeficiênciaedemaisde1,91milhões deidososemtodoBrasil,cominvestimentos,naqueleano,daordemde40,1bilhõesdereais. Éumdosmaisimportantescomponentesdocampodagarantiaderendadaproteçãosocial brasileira. Vejamosagora,comoessebenefíciotemsidogeridonoâmbitodaPSB.Confiraaquios passosimportantesquevãoauxiliá-lonatomadadedecisões. a) RequerimentoeconcessãodoBPC NoprocessoderequerimentodoBPC,ocidadãodevecontarcomasatençõesdo CentrodeReferênciadeAssistênciaSocial(CRAS)parareceberinformaçõessobreobenefício eosapoiosnecessáriospararequerê-lo.AparticipaçãodoCRASéfundamentalcomoportade 71 entradadosrequerentesdoBPC,considerandoaoportunidadedeidentificaçãodepotenciais beneficiários,asorientaçõessobreanaturezadobenefício,critériosdeelegibilidadee procedimentos,bemcomoosencaminhamentosnecessáriosparaatendimentoàsdemandas identificadas. ObservequeoagendamentodoatendimentoemAgênciadaPrevidênciaSocial-APS (INSS),osformuláriosparaorequerimento,adocumentaçãodosmembrosdafamília,a representaçãoformaldorequerenteeocomparecimentoàAPSpodemrepresentar dificuldadesparamuitosusuários.Ascondiçõesdeacessoaobenefícioprecisamserfacilitadas pelopoderpúblico,easequipesdoCRAStêmpapelimportantenesteaspecto.Hádesermais conhecidaeusufruída,porexemplo,aprevisãonormativadecusteiodasdespesasde transporteediárias,peloINSS,comrecursosoriundosdoFundoNacionaldeAssistênciaSocial, emdeslocamentoautorizadodorequerentepararealizaraavaliaçãodadeficiênciaem localidadedistintadaqueladesuaresidência. Aavaliaçãodacondiçãodepessoacomdeficiêncianoreconhecimento dodireitoaoBPCérealizadaporassistentessociaisemédicosperitosdoINSS. Estaavaliaçãoconsideraamultidimensionalidadedadeficiência,oquesignifica que,paraalémdosaspectosestruturaisefuncionaisdocorposãoconsideradas asbarreirasqueobstruemaparticipaçãodaspessoascomdeficiênciana sociedade,emigualdadedecondiçõescomasdemaispessoas. Nesteprocessodeavaliaçãopodeocorreranecessidadedeserequisitarinformaçõesa órgãospúblicos,inclusiveàáreadaAssistênciaSocial,quepossamsubsidiaracaracterização dadeficiência.Asinformaçõessobreoterritóriodevidadosrequerentes,condiçõesdevidaou outrasmaisespecíficasrelacionadasaosatendimentospelaspolíticaspúblicassãodedomínio dasequipesqueatuamnosterritóriose,disponibilizá-las,medianteprocedimentos estabelecidosparaestefim,imprimemaissegurançaeconsistênciaaoprocessodeanálisedo direitoaobenefício. Poroutrolado,nosatendimentosrealizadospeloINSS,tantonorequerimentoquanto namanutençãodoBPC,tambémsãoidentificadassituaçõesqueindicamriscossociaisou violaçõesdedireitosqueprecisamserapreciadaspelasáreascompetentese,paraestefim,o INSSdeverealizarosdevidosencaminhamentos.Todavia,osrequerentesquetêmobenefício 72 indeferidopodemtambémcontinuaraserdemandantesdeatençãodaassistênciasocialou deoutrapolíticapública. Assim,éimportantefortaleceraarticulaçãoentreaspolíticasdeAssistênciaSociale PrevidênciaSocialquantoaoatendimentoaosrequerentesdoBPCeaosbeneficiáriosesuas famílias,comvistasagarantiraproteçãosocialdaspessoascomdeficiênciaeidosasusuárias daAssistênciaSocial. b) IntegraçãobenefícioseserviçosparaatendimentoaosbeneficiáriosdoBPC AgoraquevocêjáviucomosedáoprocessoderequerimentodoBPC,certamente,já notouqueoBPCdeveserofertadoemarticulaçãocomoutrosprogramaseserviçosestatais destinadosàpessoacomdeficiênciaeàpessoaidosa. Aintegração/articulaçãoentreosserviçossocioassistenciaisdoSUAS eosbenefíciosdetransferênciaderendaestabeleceoelonecessárioentrea segurançaderendaeassegurançasdeconvíviofamiliar,comunitárioede desenvolvimentodaautonomiaprevistasnaPolíticaNacionaldeAssistência Social,demodoamaterializarosdireitossocioassistenciais. NoâmbitodoSUASéasseguradaaofertaprioritáriadeserviços socioassistenciaisparaosbeneficiáriosdoBPCesuasfamílias. AatençãoaosbeneficiáriosdoBPCnosserviçossocioassistenciaisdeveatentarparaa garantiadedireitos,odesenvolvimentodemecanismosparaainclusãosocialdeacordocom asbarreirasidentificadas,aequiparaçãodeoportunidadeseaparticipaçãoeo desenvolvimentodaautonomiadaspessoascomdeficiênciaepessoasidosas,apartirdesuas necessidadesepotencialidadesindividuaisesociais,prevenindosituaçõesderisco,de exclusãoedeisolamento.Ouseja,apoiarafamílianoseucaráterprotetivo,nocuidadode seusmembros. c) AçõesintersetoriaisdeacompanhamentodosbeneficiáriosdoBPC AsuperaçãodebarreirasvivenciadaspelosbeneficiáriosdoBPC,asquaislimitamasua participaçãosocialeoacessoàspolíticaspúblicas,demandaodesenvolvimentodeações articuladasdaassistênciasocialedeoutraspolíticascomoeducação,saúde,trabalho,dentre outras. 73 Nessesentido,osProgramasBPCnaEscolaeBPCTrabalho–queserãodetalhadosem seçãoposterior–constituemimportanteestratégiaparaainclusãodaspessoascom deficiêncianaspolíticaspúblicas.OBPCnaEscolatemporobjetivogarantiroacessoea permanêncianaescoladecriançaseadolescentescomdeficiência,de0a18anos, beneficiáriosdoBPC.JáoBPCTrabalho,visapromoveroprotagonismoeaparticipaçãosocial dosbeneficiárioscomdeficiênciadoBPC,pormeiodoacessoàqualificaçãoprofissionaleao mundodotrabalho,priorizandoafaixaetáriade16a45anos. AmbososProgramasrequeremquesejamidentificadasasbarreirasqueimpedemou dificultamoacessodosbeneficiáriosàspolíticaspúblicaseoacompanhamentodestesede suasfamíliaspelasequipesdereferênciadosserviçossocioassistenciais. Noentanto,paraasuperaçãodebarreirasénecessárioumconjuntodeiniciativas,que devemserdesenvolvidasnocontextodotrabalhosocialcomfamílias,realizadopelas proteçõessocialbásicaeespecialdaassistênciasocialemarticulaçãocomasdemaispolíticas públicas.Asalternativasparaacriaçãodeumambientesocialmaisinclusivosão,portanto, intersetoriais. d) AinclusãodosbeneficiáriosdoBPCnoCadastroÚnicoparaProgramasSociaisdo GovernoFederal UmaquestãorelevanteemrelaçãoaosbeneficiáriosdoBPCéoseucadastramentoe desuasfamíliasnoCadastroÚnicoparaProgramasSociaisdoGovernoFederal,umadasmetas doPactodeAprimoramentodaGestãodoSistemaÚnicodeAssistênciaSocial–SUAS (ResoluçãoCITn°13,de4dejulhode2013). OCadastroÚnicopossuiinformaçõesrelevantessobrearealidadesocioeconômicadas famíliascadastradas,oquetempossibilitadoadezenasdepolíticaspúblicasassumi-locomo referênciaparaadefiniçãodeseupúblico.Comisto,ainclusãodosbeneficiáriosdoBPCno CadastroÚnicoostornarelevantesparadiversasaçõesqueosfavorecem.Alémdisso,apartir de2016torna-serequisitoobrigatórioparaaelegibilidadeaobenefício. ImportantesalientarqueasinformaçõescontidasnoCadastroÚnicocontribuempara aassistênciasocialrealizardiagnósticosócioterritorial,planejarações,qualificarprocessosde atendimentoseacompanhamentofamiliar.Alémdisto,temgrandepotencialparaqualificar aindamaisaoperacionalizaçãoegestãodoBPC. 74 BPC Transferênciamensalde01(um)saláriomínimoàpessoaidosa,com65(sessentaecinco) anosoumais,eàpessoacomdeficiência,dequalqueridade,quecomprovemnãopossuir meiosdegarantiraprópriamanutençãooudetê-laprovidaporsuafamília. OBPCintegraaProteçãoSocialBásicadoSistemaÚnicodeAssistênciaSocial(SUAS),como umbenefícioindividual,nãovitalícioeintransferível.Constitui-secomodireitodecidadania noescopodaseguridadesocialbrasileira,conferindosegurançaderendaasegmentos populacionaissemmeiosprópriosparaproversuamanutenção. Aoferta,agestãoeaoperacionalizaçãodoBPCatendemàsseguintesprevisõeslegais:Lei OrgânicadaAssistênciaSocial(LOAS),Leinº8.742,de7dedezembrode1993;pelasLeisnº 12.435,de6dejulhode2011,enº12.470,de31deagostode2011,quealteram dispositivosdaLOAS;Decretosnº6.214,de26desetembrode2007,ealterações posteriorestrazidaspelosDecretonº6.564,de12desetembrode2008eDecretonº7.617, de2011. ProgramaBolsaFamília Atransferênciaderendaofertadapelonívelfederaldegovernodeformamais abrangente,atualmente,ocorrepormeiodoProgramaBolsaFamília(PBF),querepassa recursosmonetáriosdiretamenteasfamíliaspobres.Essatemsidoumaimportanteestratégia paraasuperaçãodaextremapobrezaedapobreza,incluindoocombateàfomeeaoutras formasdeprivaçãodedireitosquepodemgerarsituaçãodevulnerabilidadesocial,violaçãode direitosesituaçõesderisco. Diferentesabordagensconceituaiseanalíticasvêmsendoempregadasnaliteratura internacionalnosúltimosvinteanosparaestudoemensuraçãodofenômenodapobrezae seusepifenômenoscomoindigência,desnutriçãoefome.Apresentamosaseguiralgumas delas.Confira! Pobreza Pobrezaéumdosfenômenosquemaismobilizamodebatesocial,sejapúblicoou acadêmicoe,aomesmotempo,umdosmaisdifíceisdedefinir.ComodestacaPauloJanuzzi: Diferentesabordagensconceituaiseanalíticasvêmsendo empregadasnaliteraturainternacionalnosúltimosvinteanospara estudoemensuraçãodofenômenodapobrezaeseusepifenômenos comoindigência,desnutriçãoefome.Estesestudostêmse caracterizadoporavaliarofenômenopormeiodeváriasperspectivas diferentes:osestudosvoltadosaodimensionamentodapobreza comoexpressãodainsuficiênciaderendadisponível(pobreza 75 monetária),aquelesqueexpressampobrezacomoinsuficiênciade acessoaalimentosedeseuconsumo(desnutriçãoouinsegurança alimentar),aspesquisasancoradasnapercepçãodapobrezacomoa nãosatisfaçãodenecessidadesbásicasmonetáriasenãomonetárias dosindivíduos(pobrezamultidimensional);osestudosquetomama pobrezacomofenômenodeprivaçãorelativaenãoabsolutade rendaoudeoutrasdimensõessocioeconômicas(pobrezarelativa);os estudosqueinvestigamapobrezaapartirdoposicionamento declaradodosindivíduos(pobrezasubjetiva)(JANUZZI,2015). Comobemcolocouoautor,hámuitasdimensõespelasquaisapobrezasecaracteriza. Mas,éimportantenotarque,emquaisquerdasdimensõesconsideradas,apobreza,é expressãodiretadasrelaçõesvigentesemcadasociedade,noâmbitoderelaçõesconstitutivas dodesenvolvimentocapitalista,domercadodetrabalhoedaspolíticaspublicasdegarantiade renda,ampliaçãodobemestaredeoportunidades. Abordaraquelesquesocialmentesãoconstituídoscomopobresépenetrarnum universodedimensõesinsuspeitadas.Universomarcadopelasubalternidade,pelarevolta silenciosa,pelahumilhação,pelafadiga,pelacrençanafelicidadedasgeraçõesfuturas,pela alienação,pelaresistênciaepelasestratégiasparamelhorsobreviver.Emboraarendase configurecomoelementoessencialparaaidentificaçãodapobreza,oacessoabens,recursos eserviçossociaisaoladodeoutrosmeioscomplementaresdesobrevivênciaprecisaser consideradoparadefinirsituaçõesdepobreza.Éimportanteconsiderarquepobrezaé,mais queumasituação,reflexodeumprocesso,e,portanto,nãoseexpressaapenaspelacarência debensmateriais.Comportaumconjuntovariadodecarênciaseprivações.Comportaainda umadimensãopolíticaquesetraduzpelacarênciadedireitos,deoportunidades,de informações,depossibilidadesedeesperanças.(MARTINS,1991,p.15). ApobrezatemsidoparteconstitutivadahistóriadoBrasil,assimcomoossempre insuficientesrecursoseserviçosvoltadosparaseuenfrentamento. Submersosnumaordemsocialqueosdesqualificam,marcadosporclichês: ‘inadaptados’,‘marginais’,‘problematizados’,portadoresdealtosriscos, casossociais,alvodepedagogiasdereerguimentoepromoção(VERDESLEROUX,1986)ospobresrepresentamaherançahistóricadaestruturação econômica,políticaesocialdasociedadebrasileira(YAZBEK,2003,p.22). Observeque,nessahistória,ésemprenecessárionãoesqueceropesoda“tradição oligárquicaeautoritária,naqualosdireitosnuncaforamreconhecidoscomoparâmetrosno ordenamentoeconômicoepolíticodasociedade”.Estamosnosreferindoaumasociedade 76 desdesempredesiguale“divididaentreenclavesde’modernidade’eumamaioriasemlugar”, umasociedadedeextremasdesigualdadeseassimetrias. NessesentidoatuaoProgramaBolsaFamília(PBF)querepassarecursosmonetários diretamenteàsfamíliaspobres,demodoqueconsigamsuperarasituaçãodevulnerabilidade epobreza.Agoraquevocêconheceuoconceito,vamosentãofalarsobreseusobjetivos, condicionalidadeseimpactos.Mantenhasuaatenção! a) ObjetivoseBenefíciosdoPBF Comojáfoimencionado,oProgramaBolsaFamília(PBF)éumprogramadoGoverno Federaldestinadoàspessoasemsituaçãodepobrezaedepobrezaextremaqueconsistena transferênciaderecursosfinanceirosdiretamenteparaosbeneficiários.Deacordocomo Decreto5.209/2005,oProgramatemcomoobjetivos: ü Promover o acesso à rede de serviços públicos, em especial, de saúde, educaçãoeassistênciasocial. ü Combaterafomeepromoverasegurançaalimentarenutricional. ü Estimular a emancipação sustentada das famílias que vivem em situação de pobrezaeextremapobreza; ü Combaterapobreza; ü Promover a intersetorialidade, a complementaridade e a sinergia das ações sociaisdoPoderPúblico. ParaqueasfamíliasemsituaçãodepobrezaeextremapobrezasejamincluídasnoPBF elasdevemserregistradasnoCadastroÚnicoparaProgramasSociaisdoGovernoFederalque éobrigatoriamenteutilizadoparaseleçãodebeneficiárioseparaoacessoaprogramas sociaisdoGovernoFederal,comexceçãodosprogramasdaPrevidênciaSocialedoBenefício dePrestaçãoContinuada(BPC). 77 CadastroÚnico OCadastroÚnicoparaProgramasSociais(CadastroÚnico)éoinstrumentodeidentificaçãoe caracterizaçãosocioeconômicadasfamíliasbrasileirasdebaixarenda.OPBFéoprincipalProgramaque utilizaasinformaçõesdoCadastroÚnico,masdiversosprogramasfederais,comooMinhaCasa,MinhaVidae aTarifaSocialdeEnergiaElétrica,porexemplo,edeoutrosníveisdegovernotambémutilizamosseusdados. Permiteidentificareconhecerarealidadesocioeconômicadasfamíliascomrendamensaldeatémeiosalário mínimoporpessoa;ourendamensaltotaldeatétrêssaláriosmínimos.Asfamíliascomrendasuperiorameio saláriomínimopodemsercadastradas,desdequesuainserçãoestejavinculadaàinclusãoe/oupermanência emprogramassociaisimplementadospelopoderpúbliconastrêsesferasdoGoverno(MDS,SiteInstitucional, 2015). OregistronoCadastroÚnicoérealizadopelagestãomunicipaleas informaçõeslançadasservemdebaseparaqueoSistemadeGestãode Benefíciosselecioneasfamíliasdeformaautomatizada,conformea estimativadefamíliaspobresnomunicípioeordemdeprioridade-famílias commenorrendaporpessoaecomomaiornúmerodecriançase adolescentesde0a17anos. Cadamunicípiotemumaestimativadefamíliaspobres,consideradascomoametade atendimentodoprogramanaqueleterritórioeaconcessãodobenefícioàsfamílias cadastradasdependedadisponibilidadeorçamentáriadoGovernoFederal.Ainclusãode novosbeneficiáriosépossívelquandoocorreodesligamentodeantigosbeneficiáriosoua ampliaçãodasmetase/oudosrecursosdisponíveis. Faz-senecessárioobservarque,nemsempre,asfamíliaspotencialmentebeneficiárias doPBFtêmconhecimentosobreoCadastroÚnicoeapossibilidadedeacessoaoprograma. AssiméimportantequeaequipedereferênciadoCRASidentifiquepotenciaisbeneficiáriosdo PBFdentreosusuáriosdeserviçossocioassistenciaiseosresidentesnosterritóriosde abrangência(BRASIL,2009c). ACaixaEconômicaFederal,queéoAgenteOperadordoPBF,processaosdadoseas informaçõescoletados,identificaosbeneficiárioseatribuiorespectivoNúmerode IdentificaçãoSocial(NIS),quepermiteaobeneficiáriodoPBFseinscreveremqualquer programasocialdogovernofederal.ONISgaranteaunicidadeeaintegraçãodoCadastroem todososprogramasdetransferênciaderendaeasseguraracionalizaçãodoprocessode cadastramentopelosdiversosórgãospúblicos.CabeàCaixarealizaropagamentomensal diretamenteaobeneficiário. 78 OsbenefíciosfinanceirosdoPBFpodemseracessadospelasunidadesfamiliares,em situaçõesdiferenciadas.Vejamosasmodalidades: ü Benefíciobásico:destinadoàsfamíliasemsituaçãodeextremapobreza; ü Benefíciovariável:destinadoàsfamíliasemsituaçãodepobrezaouextremapobrezae quetenhamemsuacomposiçãogestantes,nutrizes,criançasentrezeroedozeanos ouadolescentesatéquinzeanos; ü BenefícioVariávelJovem:Destinadoàsfamíliasqueseencontrememsituaçãode pobrezaouextremapobrezaequetenhamemsuacomposiçãoadolescentesentre16 e17anos; ü BenefícioparaSuperaçãodaExtremaPobreza:Destinadoàsfamíliasquese encontrememsituaçãodeextremapobreza.Cadafamíliapodereceberumbenefício pormês.Ovalordobenefíciovariaemrazãodocálculorealizadoapartirdarendada famíliaporpessoaedobenefíciojárecebidonoProgramaBolsaFamíliaconsiderando aRENDAMENSALDAFAMÍLIAPORPESSOA,onúmerodecriançaseadolescentesde até17anos,degestantes,denutrizesedecomponentesdafamília. OscritériosdeacessoaoProgramaBolsaFamília,deacordocomoart.18do Decretonº8.232,de30deabrilde2014,são: OsvaloresdosbenefíciospagospeloPBFvariamdeacordocomascaracterísticasdecada famíliaFamíliasemsituaçãodepobrezasãoaquelascomrendafamiliarmensalpercapita entreR$77,01eR$155,00.Famíliasemsituaçãodeextremapobrezasãoaquelascom rendafamiliarmensalpercapitadeateR$77,00. b) Condicionalidades Importanteobservarque,depoisdeconcedidoobenefício,existemcondicionalidades aseremcumpridaspelasfamíliasnasáreasdesaúdeeeducação.Sãoelas: ü Saúde:Acompanhamentodocalendáriodevacinasedocrescimentoe desenvolvimentoparacriançasmenoresde7anos;dopré-nataldasgestantese acompanhamentodasnutrizes. ü Educação:Matrículaefrequênciaescolarmínimade85%paracriançaseadolescentes entre6e15anosemínimade75%paraadolescentesentre16e17anos. AscondicionalidadesdoPBFreferem-seàparticipaçãoefetivadasfamíliasnoprocesso educacionalenosprogramasdesaúdequepromovamamelhoriadascondiçõesdevidade seusmembrosnaperspectivadainclusãosocial.AscondicionalidadesdoPBFservempara: ü Estimularasfamíliasbeneficiáriasaexerceremseudireitodeacessoàspolíticas públicasdesaúdeeeducaçãopromovendoamelhoriadascondiçõesdevida; 79 ü Reforçararesponsabilizaçãodopoderpúbliconagarantiadeofertadosserviços socioassistenciais; ü Identificarasvulnerabilidadessociaisqueafetamouimpedemoacessodasfamílias beneficiáriasaosserviçospúblicosaquetêmdireito,pormeiodomonitoramentode seucumprimento. Oacompanhamentoeomonitoramentodocumprimentodascondicionalidades vinculadasaoPBFsãocompartilhadospelosseguintesMinistérios: ♦ Ministério da Saúde: atua no acompanhamento do crescimento e desenvolvimentoinfantil,daassistênciaaopré-nataleaopuerpério,davacinação, bemcomodavigilânciaalimentarenutricionaldecriançasmenoresde7anos. ♦ MinistériodaEducação:atuanoacompanhamentoàfrequênciamínimade85%da cargahoráriaescolarmensal,emestabelecimentosdeensinoregular,decrianças eadolescentesde6a15anosenoacompanhamentoàfrequênciamínimade75% paraadolescentesentre16e17anos. ♦ MinistériodoDesenvolvimentoSocialeCombateàFome:atuanoqueserefereao apoio,àarticulaçãointersetorialeàsupervisãodasaçõesgovernamentaisparao acompanhamento das condicionalidades do PBF, bem como na disponibilização das bases atualizadas do público com o perfil para o acompanhamento das condicionalidades de saúde e de educação aos Ministérios da Educação e da Saúde. Oresultadodoacompanhamentodascondicionalidadesdecadaperíodoéum importanteinstrumentoparaidentificarfamíliasemsituaçãodevulnerabilidadesocial.Esteé umalertadequeéprecisoimplementarestratégiasintersetoriaisparaatenderàs necessidadesespecíficasdessasfamílias. c) ImpactosdoPBF ImportantenotarqueosbenefíciosdoBPCedoPBFcumpremobjetivosdistintosno sistemadegarantiaderenda.EnquantooBPCsubstituiarendadotrabalhoparaidosose pessoascomdeficiênciaincapacitadasparaotrabalho,oPBFcomplementaarendadas famíliaspobrescujarendaoriundadotrabalhonãoésuficienteparagarantir-lhesuma vivênciaforadapobreza(MESQUITAetal.,2010apudIPEA,2014.p.63). Logo,osprogramasdetransferênciaderendacriampossibilidadesdeemancipação,de exercíciodeautonomiaàsfamíliaseaosindivíduosbeneficiários,assimcomoo desenvolvimentoeageraçãoderendanonívellocal,especialmentenosterritóriosonde vivemessasfamíliasbeneficiárias. 80 Atendendoaumapopulaçãopobre,majoritariamentecompostapor famíliascomcrianças,oPBFtemapresentadoresultadossociaisexpressivosparaalém darenda,comoatestamumconjuntodeestudosdivulgadosnosúltimosanose reunidospeloMDSnolivro“ProgramaBolsaFamília:umadécadadeinclusãoe cidadania”. Acessívelem:http://www.ipea.gov.br/portal/images/stories/PDFs/livros/livros/ livro_bolsafamilia_10anos.pdf). Entreosresultados,chamamaatençãoosestudosrecentessobreoimpactodas condicionalidades,revelandoamelhoriatantodosindicadoresdeeducaçãocomodesaúde, dascriançasdasfamíliasquerecebemoprograma. ü Noâmbitodasaúde,temseconstatadoqueosimpactosdoPBFsesomamaosdo ProgramaSaúdedaFamílianareduçãodareduçãodamortalidadeinfantil,tantogeral ecomoporcausasrelacionadascomapobreza. ü Noâmbitodaeducação,observou-seapartirdosdadosdoCensoEscolardaEducação Básicade2012,que: o ataxaabandonoescolardascriançasdoPBFsereduziu,tantonoensinomédio ounofundamentaleemtodasasregiõesdopais; o aaprovaçãoescolartambémmelhoroue,paraoensinomédio,observou-se queataxadeaprovaçãodosbeneficiáriosdoPBFerasuperioradosnão beneficiáriosdoPBF. Nãoobstanteorelevantepapelnagarantiaderendaaossegmentossociaisdebaixa rendae,portanto,acontribuiçãoinegávelparaaconstruçãodeumpaísmaisjusto,oPBF enfrentoudurascríticasnasuatrajetória,asquaisdecertomodoaindapairamnodebate público.Suspeitasmoraissobreocomportamentodosbeneficiáriosestãonosfundamentos destascríticas.Adespeitodaprofusãodeestudosempíricosprovandoocontrário,mitoscomo adesmobilizaçãoparaotrabalho(“efeitopreguiça”)eoestímuloàreproduçãodescontrolada dospobreseram(eaindasão)propagados. Valelembrarque,noquedizrespeitoàrelaçãoentreBolsaFamíliaeofertade trabalho,apesquisaAvaliaçãodoImpactodoBolsaFamíliaII(AIBFII)mostrouqueoprograma nãoafetaaparticipaçãodosbeneficiáriosnomercadolaboral,sejaemtermosdeocupação, procuradeempregoouextensãodajornadadetrabalho.Chefesdefamíliasbeneficiárias (entre30a55anos)apresentamníveisdeatividade,ocupaçãoejornadamuitosemelhantes 81 aosdechefesdenívelsocioeconômicoequivalenteenãobeneficiários(JANNUZZIePINTO, 2013apudIPEA,2014.P.71). Paraumaleituramaisaprofundadasobreacontribuiçãodosbenefíciossocioassistenciaisparao adensamentodosistemadegarantiaderendanamatrizdaproteçãosocialbrasileirasugerimosocapítulo 2 da publicação do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, “Assistência Social. Política Sociais: acompanhamento e análise / BBPS/N.22/2014”. Disponível em: http://www.ipea.gov.br/portal/index.php?option=com_content&view=article&id=23602 OutrasleiturassobreosefeitosdascondicionalidadesdoProgramaBolsaFamíliapodemserencontradas em: XIMENES, Daniel (org). Resultados, avanços e desafios das condicionalidades de educação do Programa Bolsa Família. Cadernos de Estudos Desenvolvimento Social em Debate n. 18, 2014. Disponível em: http://aplicacoes.mds.gov.br/sagirmps/ferramentas/docs/Caderno%20de%20Estudos%2018_final.pdf XIMENES,Daniel;Sousa,Marconi;Jaime,Patricia.Resultados,avançosedesafiosdascondicionalidadesde SaúdenoProgramaBolsaFamília.CadernosdeEstudosDesenvolvimentoSocialemDebaten.17,2014. Disponível em: http://aplicacoes.mds.gov.br/sagirmps/ferramentas/docs/Caderno%20de%20Estudos%2018_final.pdf SobreosimpactosdoPBF,podelertambem: • SAGI/MDS. Efeitos do Programa Bolsa Família (PBF) sobre a desigualdade e a extrema pobreza: análise e evidências a partir do Censo Demográfico 2010. Brasília, MDS-SAGI, Estudo TécnicoN.º14/2013,disponívelem: http://aplicacoes.mds.gov.br/sagirmps/simulacao/estudos_tecnicos/pg_principal?url=ano_new &ativo=sim • SAGI/MDS.BolsaFamíliaeseusimpactosnascondiçõesdevidadapopulaçãobrasileira: principaisresultadosdapesquisaAvaliaçãodeImpactodoBolsaFamíliaII.Brasília,MDS–SAGI: EstudoTécnicoNº03/2012. (http://aplicacoes.mds.gov.br/sagirmps/simulacao/estudos_tecnicos/pg_principal?url=ano_new&ativo=si m BenefíciosEventuais OsBenefíciosEventuaisdaPolíticadeAssistênciaSocialconfiguram-secomodireitos sociaisinstituídoslegalmenteeintegramorganicamenteasgarantiasdoSUAS.Possuem carátersuplementareprovisórioesãoprestadosaoscidadãoseàsfamíliasnassituaçõesde natalidade,funeral,vulnerabilidadetemporáriaecalamidadepública. Oobjetivodosbenefícioseventuaiséatendernecessidadesimediatasemsituações específicas,devendoserintegradosaosdemaisserviços,programas,projetosebenefíciosde assistênciasocialnomunicípio,demodoaproporcionarofortalecimentodaspotencialidades deindivíduosefamiliares,dosvínculosfamiliaresedaconvivênciaeparticipaçãocomunitária. 82 Osbenefícioseventuaisdevemserprestadosatodosque delesnecessitarem,semdiscriminaçãoesemaexigênciadequalquer contrapartidaoucontribuiçãoporpartedeseususuários.Aofertados benefíciosdevesepautarpelorespeitoàdignidadedocidadão,àsua autonomiaeaoseudireitoabenefícioseserviçosdequalidade,semqualquer comprovaçãovexatóriadenecessidade.Todostêmodireitoàproteçãosocial eaquelesqueseencontramemsituaçãoderiscoe/ouvulnerabilidadepessoal esocialpodemdemandaratendimentoemergencial,devendoosbenefícios eventuaisseremofertadosdeprontoatendimento. Vejaqueaofertadebenefícioseventuaispodeocorrermedianteapresentaçãode demandas,porpartedeindivíduosefamíliasemsituaçãodevulnerabilidade,oupor identificaçãodessassituaçõesquandodoatendimentodosusuáriosnosserviços socioassistenciaisenoacompanhamentosociofamiliarnoâmbitodaProteçãoSocialBásica (PSB)eProteçãoSocialEspecial(PSE). Suaconcessãopodeocorrerempecúnia,bensdeconsumooupormeiodaprestação deserviços,emcarátertemporário.Quandoempecúniaovalordeveserdefinidodeacordo comograudecomplexidadedasituaçãodevulnerabilidadeeriscopessoaldasfamíliase indivíduos,identificadosnosprocessosdeatendimentodosserviços. Importanteobservarque,competeaoPoderExecutivodosmunicípiosedo DistritoFederaldeliberar,financiareimplementarosbenefícioseventuais,assim comotornarpúblicososcritérios,procedimentosefluxosdeofertanasua prestação,explicitandoàpopulaçãoolocaldaprestaçãodobenefícioeaequipe responsável.Deveaindaorganizaranecessáriaarticulaçãodaprestaçãodobenefício eventualcomprogramasdetransferênciaderenda,serviçosdarede socioassistencialedemaispolíticaspúblicas. Lembramosqueasprovisõesrelativasabenefíciosdiretamentevinculadosaoscampos dasaúde,educação,integraçãonacionaledemaispolíticassetoriaisnãodevemserprestadas comobenefícioseventuaisdaPolíticadeAssistênciaSocial. Nosúltimosanosváriaspolíticasforamconsolidadascontribuindoparaquea AssistênciaSocialassumaatuaçãodirecionadaaoseucampoprópriodeatividadeedeixede atenderasdemandasqueanteriormentelheeramincumbidasporsereferiremapúblicosem 83 condiçãodepobreza.NessesentidocabeàpolíticadeAssistênciaSocialobservarasatuações específicas:dapolíticadeSegurançaAlimentareNutricionalquantoàofertadecestasbásicas, dapolíticadeHabitaçãoquantoao“auxílioaluguel”,dapolíticanacionaldeDefesaCivilnas situaçõesdecalamidade.Issopossibilitaqueaassistênciasocialnãoatuedeformasobreposta efragmentada,garantindoaosdemandantesdasofertasumaaçãoespecializada. CabeaosprofissionaisdaAssistênciaSocialpautaradiscussãodotemacomoutraspolíticas sociaisafimdeconsolidaraofertadebenseserviçosnasáreasdasaúde,habitação, segurançaalimentar,dentreoutras. 3.3.ProgramasnoâmbitodaProteçãoSocialBásicadoSUAS Osprogramasdeassistênciasocialcompreendemaçõesintegradasecomplementares comobjetivos,tempoeáreadeabrangênciadefinidosparaqualificar,incentivaremelhoraros benefícioseserviçossocioassistenciais,conformeprevêaLOAS. NoâmbitodaProteçãoSocialBásica,hátrêsprogramasquecumprempapel importantenaaçãopreventivaàssituaçõesdedesproteçãosocialdefamíliaseindivíduos. DoisestãodirecionadosexclusivamenteaosbeneficiáriosdoBPC-BPCTrabalhoeBPCEscola– e,apartirde2012,oProgramaNacionaldePromoçãodoAcessoaoMundodotrabalho– AcessuasTrabalho.Esteúltimofoicriadoedirecionadoparapopulaçõesurbanaseruraisem situaçãodevulnerabilidadeouriscosocial,comidadeentre16e59anos,comoobjetivode promoveraintegraçãodosusuáriosdaassistênciasocialaomundodotrabalho,pormeiode açõesarticuladasemobilizaçãosocial.Vamosconhecê-los! AcessuasTrabalho AResoluçãon.33/2011,doConselhoNacionaldeAssistênciaSocial(CNAS), representouumimportantemarconadefiniçãodopapeldaPolíticaPúblicadeAssistência Socialnapromoçãodoacessodosseususuáriosaomundodotrabalho.Reconhecendoqueo trabalhoéumcampoestruturadordeidentidades,sociabilidadeepertencimento,devendo promoveraautonomia,capacidades,potencialidadesedignidadedosujeito,aassistência socialtemhistoricamenteseoperadonapromoçãodaintegraçãoaomundodotrabalho.A 84 resoluçãosupracitadadoCNASorientaasaçõesnestecampo,estabelecendoprincípios, diretrizesemodelodeatençãoeresgatandoosentidoassociadoàfunçãodeproteçãosocial. Nessaperspectiva,aResoluçãoCNASn.33/2011afirmaqueaintegraçãoaomundodo trabalhonãoéderesponsabilidadeexclusivadaassistênciasocial,masresultadodeação intersetorialdediversaspolíticas.Emseuartigo2ºregistraqueaPromoçãodaIntegraçãoao MundodoTrabalhosedápormeiodeumconjuntointegradodeaçõesdasdiversaspolíticas públicascabendoàAssistênciaSocialofertaraçõesdeproteçãosocialqueviabilizema promoção,oprotagonismo,aparticipaçãocidadã,amediaçãodoacessoaomundodo trabalhoeamobilizaçãosocialparaaconstruçãodeestratégiascoletivas(CNAS,2011:2). Nestesentido,em2012foiinstituídopelaResoluçãoCNASnº18/2012,oPrograma AcessuasTrabalho,quesepropõeadesenvolveraçõesdearticulação,mobilizaçãoe encaminhamentoparagarantiadodireitodecidadaniaainclusãoaomundodotrabalho, assimcomoviabilizaroacessoacursosdequalificaçãoeformaçãoprofissional,açõesde inclusãoprodutivaeserviçosdeintermediaçãodemãodeobra. AimplantaçãodoProgramaAcessuasTrabalhosedeunocontextodaimplementação doPlanoGovernamentalBrasilsemMiséria(PBSM),coordenadopeloMinistériodo DesenvolvimentoSocialeCombateaFome(MDS).AparticipaçãodaAssistênciaSocialnas açõesdoPBSMtemcarátercentral,porsuaaçãocaracterísticadevocalizaçãodosdemais direitosafiançadospeloconjuntodeoutraspolíticassetoriaisecompetênciaespecíficade articulaçãodaspolíticassociaisemcadaterritório,fortalecendoadimensãoda intersetorialidadeetransversalidadedoPBSM. O acesso ao mundo do trabalho não é responsabilidade exclusiva da Assistência Social. É o resultado de uma intervenção intersetorial e da articulação de políticas comprometidas com a qualificação técnico-profissional, a intermediação públicademãodeobra,aeconomiasolidária,omicroempreendedorismoindividual,o acessoadireitossociais,dentreoutras. a) DasaçõesquecompõemoAcessuasTrabalho OProgramaAcessuasdesenvolveumconjuntodeaçõesprópriasparagarantiade oportunidadesdeacessodosusuáriosaomundodotrabalho.Sãoelas: 85 ü Articulação; ü Mobilização; ü Encaminhamento; ü MonitoramentodaTrajetória. Articulação Articulaçãoéprocessofundamentalparaorganizarasdiferentesaçõesvoltadaspara umpúblicoemcomum,apartirdadefiniçãodasresponsabilidadeseconhecimentodas finalidadesdecadaação,coordenandoasdistintasefortalecendoaquelascomuns, priorizando: ü Articularcomoutraspolíticaspúblicas,quevisemàmelhoriadaqualidadedevidae superaçãodasvulnerabilidadessociais; ü Articularcomasdemaispolíticasimplicadasnaintegraçãoaomundodotrabalho, desenvolvendoaçõesintersetoriais; ü Articularparceriascomórgãoseentidadesgovernamentaisenãogovernamentais,que ofertemaçõesdeformaçãoequalificaçãoprofissional,inclusãoprodutivae intermediaçãodemãodeobra; ü Articularcomórgãoseentidadesgovernamentaisenãogovernamentaisqueatuemno apoioàpessoacomdeficiência,paraoacessoàformaçãoequalificaçãoprofissional, inclusãoprodutivaeintermediaçãodemãodeobra. Paravisualizarmelhoresseconceito,observeatentamenteoquadroaseguir! Fonte:CadernodeOrientaçõesTécnicasAcessuas/MDS2013. 86 Mobilização Oplanejamentodasatividadesdemobilizaçãosocialdemandaaidentificaçãoprévia do público-alvo (sobretudo pela consulta ao CadÚnico) e ênfase na articulação institucional com órgãos governamentais e não governamentais, outras políticas públicas, órgãos e entidadeslocais. Observe que a mobilização dos usuários deve incluir, além da articulação, a sensibilização e orientação às famílias sobre as oportunidades de participação em cursos de qualificação profissional e ações de inclusão produtiva. Para isso, devem ser utilizados instrumentos de divulgação (panfletos, rádio, informativos etc.) e orientação (palestras, oficinas,reuniõescomacomunidadeetc.). Asatividadesdemobilizaçãoincluem: ü IdentificaropúblicoprioritáriodoProgramapormeiodeconsultasaoCadÚnicoedas áreasindicadascomomaisvulneráveisnoPlanoMunicipaldeAssistênciaSocial; ü ParticipardaelaboraçãodacampanhademobilizaçãoededivulgaçãodoPrograma; ü OrganizarcomopúblicoprioritáriodoPrograma,palestras,reuniõesnosbairros,nas associaçõesdemoradoresetc.; ü Divulgaràpopulaçãoalistadasunidadesofertantesearelaçãodoscursosoferecidos. Encaminhamento Com certeza você se lembrou que o encaminhamento para as vagas disponíveis em cursos de capacitação profissional do município está intrinsecamente relacionado ao conhecimento do território, à articulação com as políticas públicas envolvidas e às ações de mobilizaçãodosusuárioserepresentaafinalidadedoACESSUASTRABALHO.Issoporqueéa partirdoencaminhamentodousuárioquesetornapossívelsuainclusãonoscursos,nomundo dotrabalhoenasociedade. Importanteregistrarque,alémdoencaminhamentoaoscursosdequalificaçãoe capacitaçãoprofissionaledocadastramentonoCadÚnico,osusuáriosalcançadospelo ACESSUASTRABALHOtambémdevemsercontempladoscomoutrasaquisições,tais como:emancipação;empoderamento;reconhecimentodotrabalhocomodireito; reconhecimentodesuascapacidadesepotencialidades;desenvolvimentodeseu protagonismonabuscapordireitoseespaçosdeinteraçãorelacionadosaomundodo trabalho;resgatedaautoestima;autonomiaeresiliência;emelhorianaqualidadede vida,atravésdodesenvolvimentopessoal,dasrelaçõesinterpessoais,dainclusãosocial, daautodeterminaçãoedoacessoadireitos. 87 Naprática,asatividadesdeencaminhamentoincluem: ü Identificarfamíliascomperfilparaacessoàrendaeencaminhá-lasparainclusãono CadÚnico; ü Encaminharosusuáriosparaacessoaoscursosdeformaçãoequalificaçãoprofissional, bemcomo,aosprogramaseprojetosdeInclusãoProdutivaeserviçosde intermediaçãodemãodeobra,conformenecessidades; ü Viabilizaroacessodosusuáriosdosserviçossocioassistenciaiseparticipantesdos cursosofertadosviaPRONATEC,bemcomooacessoaoutrasaçõesdeinclusão produtiva(cursosgratuitos),aserviços,programas,projetosebenefícios socioassistenciaisedetransferênciaderenda,noscasosemquesefizernecessário; ü ArticularcomaSecretariaMunicipaldeTrabalhoouSINEoencaminhamentopara açõesdeintermediaçãodamãodeobradosbeneficiáriosdoACESSUASTRABALHO. MonitoramentodaTrajetória Destacamosqueomonitoramentoconsistenoacompanhamentodosusuáriosdesdeo acesso ao curso de qualificação/profissionalização, a permanência e à conclusão, provendo apoiosocioassistencialaosusuários,noscasosemquesefizernecessário. Como você pode perceber, o monitoramento da trajetória vai além do acesso do usuário ao curso de qualificação e deve acompanhar o acesso aos cursos de formação e qualificação/profissionalização, acompanhar o ingresso, a frequência e o desempenho dos usuários nos cursos de qualificação profissional, acompanhar as informações sobre a permanência e a evasão dos usuários e promover articulação com a equipe pedagógica dos ofertantesdoscursosparaidentificaçãodosdesafiosenfrentadospelosusuáriosdaAssistência Social visando a construção de estratégias coletivas para garantia da permanência desses usuários. Aessaaltura,vamosdarumapausapararelembrarque,aexpectativaemrelaçãoaos programas de assistência social deve compreender ações integradas e complementares com objetivos, tempo e área de abrangência definidos para qualificar, incentivar e melhorar os benefícios e serviços socioassistenciais, conforme previsto na LOAS. Pois bem! Dando continuidadeàsnossasconversas,vamosfalaragorasobreoBPCnaEscolaeoBPCTrabalho. BPCnaEscola 88 O programa BPC na Escola, instituído pela Portaria Interministerial MDS/MEC/MS/SEDHno18,de24deabrilde2007,temporobjetivopromoveraelevaçãoda qualidade de vida e dignidade das pessoas com deficiência beneficiárias do BPC, prioritariamentede0a18anosdeidade.PormeiodessePrograma,crianças,adolescentese jovens com deficiência, membros de famílias pobres, são beneficiados por diferentes ações destinadas a garantir-lhes o acesso e a permanência na escola, por meio de articulação intersetorial, envolvendo as políticas de educação, assistência social, direitos humanos e saúde. MASEMQUECONSISTEOPROGRAMABPCNAESCOLA? O Programa BPC na Escola se constitui em estratégia para o enfrentamento, diminuição e/ou eliminação das barreiras vivenciadas por pessoas com deficiência beneficiárias do BPC, contribuindo para a criação de um ambiente social mais inclusivo, toleranteàdiversidadehumana,oquefavorecenãoapenasaosbeneficiáriosdoBPC,masa todosossujeitos. As barreiras são identificadas por meio da aplicação de questionário específico que contemplaamplossetoresdavida–QuestionáriodeIdentificaçãodeBarreirasparaoAcessoe Permanência na Escola dos Beneficiários com Deficiência do BPC. O resultado desta ação subsidia as equipes do município na elaboração de diagnósticos, na definição das ofertas diretas ao beneficiário e sua família e na identificação de necessidade de acionar redes institucionaisparaatendimentoademandascoletivas. Importanteobservarqueacoletadasinformaçõespormeio doquestionárioealeituradosdadosderealidadevividapelos beneficiáriosesuasfamíliasdevemserrealizadasdeformamais interativapossívelentreaspolíticasdeassistênciasocial,educação, saúdeedireitoshumanos. A constituição de Grupos Gestores Locais do Programa visa dar organicidade à interação entre as políticas, sendo também necessário garantir processos ampliados de discussãoedefiniçãodealternativasparaasuperaçãodasbarreirasvivenciadaspelaspessoas comdeficiência.Promoverespaçosdemobilizaçãoeparticipaçãosocialemtornodatemática da inclusão social junto a diferentes setores da sociedade amplia as possibilidades dos 89 cidadãose,emparticular,dasfamíliasdosbeneficiários,sereconheceremcomodetentoresde direitodeacessocomequidadeàspolíticaspúblicas. Com o intuito de subsidiar o planejamento das ações a serem desenvolvidas para a superaçãodasbarreiras,omódulo“AcompanhamentodeBeneficiários”,doaplicativoSistema BPC na Escola, classifica, a partir da inserção das informações coletadas no questionário, as principais barreiras. Dentre elas, as mais associadas à política de assistência social são as situaçõesdedesconhecimentodedireitos,deausênciadeiniciativadafamíliaparaestimularo convíviosociofamiliar,comunitárioesocialeoutrasdecaráteratitudinal. Importantenãoperderdevistaque,oacessoàescolapormeiodainclusãoemclasse comum,aoatendimentoeducacionalespecializadoeaosdemaisrecursoseducacionais,assim como a outros serviços públicos, conforme as suas necessidades, sem preconceitos e discriminações,éumdireitoaindaemconquistapelaspessoascomdeficiências. Veja que a política de educação tem investido muito na formação profissional, na ampliação de acessibilidade física e de equipamentos, no fornecimento de tecnologia assistivas. Além disso, o uso de transporte em veículos adaptados, o acesso a tecnologias já disponíveisparapessoascomlimitaçõesdefala,audiçãoevisão,acompanhamentomédicoe odontológicoregular,cotasreservadasemcursosdoProgramaNacionaldeAcessoaoEnsino TécnicoeEmprego(PRONATEC),dentreoutrasmedidas,constituemestratégiasdeinclusão. Aáreadesaúdeigualmentefortaleceuseusinvestimentosnasatençõesquesevoltam àspessoascomdeficiências.Estasaçõeseasdaassistênciasocialprecisamseentrelaçarnos territórios,tornarem-sepautatantoparaosagentesenvolvidosnagestãoquantoparaaqueles naexecuçãodoPrograma. Saibaque,paraaderiraoBPCnaEscola,prefeitosegovernadoresdevemassinartermo de adesão específico. Em seguida, o MDS, com base nos dados do CadÚnico, envia listas de beneficiáriosaseremvisitadosnalocalidade.OCRASdevepromovervisitasàsfamílias,para que sejam identificadas, por questionário, as principais barreiras que dificultam o acesso e a permanência das pessoas com deficiência na escola. O acompanhamento das ações cabe à escola, ao CRAS, às unidades de saúde que cuidam da criança, adolescente ou jovem e ao ConselhoTutelarlocal. 90 ParasabermaissobreaadesãodosmunicípiosaoBPCnaEscolasugerimosquevocê acesseosite: http://www.mds.gov.br/falemds/perguntas-frequentes/assistencia-social/bpc-beneficio-deprestacao-continuada-1/bpc-programa-bpc-na-escola Leiatambém: -PortariaInterministerialnº01,de12demarçode2008queestabeleceosprocedimentoseaprova osinstrumentosparaaadesãoaoProgramadeAcompanhamentoeMonitoramentodoAcessoe PermanêncianaEscoladePessoascomDeficiênciaquesãobeneficiáriasdoBenefíciodePrestação ContinuadadaAssistênciaSocial-BPC. -CartilhaViversemLimite-PlanoNacionaldosDireitosdaPessoacomDeficiência–2013. Naprática,aequipedaProteçãoSocialBásicadoSUASparticipadagestãodoBPCna Escola,pormeiodasseguintesatividades: ü IdentificaçãodopúblicobeneficiadoedaquelequepodeviraserbeneficiadopeloBPC (crianças e adolescentes de 0 a 18 anos), visando ampliar o acesso aos serviços socioassistenciais; ü Busca ativa de crianças e adolescentes portadores de algum tipo de deficiência, que estãoforadaescola; ü Identificação de casos que demandam atendimento especializado visando à reabilitação; ü Acompanhamentosistemáticodosbeneficiáriosedassuasfamílias,visandoaprevenir situaçõesquedificultemouimpeçamafrequênciaàescola; ü Incentivo ao diálogo permanente intersetorial e com as instituições de defesa dos direitosdapessoacomdeficiência; ü Promoçãodecampanhasdedivulgaçãodosdireitosdaspessoascomdeficiência; ü Promoçãodacapacitaçãodecuidadores; ü IncentivoàcriaçãodoConselhoMunicipaldaPessoacomDeficiência. BPCTrabalho EsteProgramatemoobjetivodepromoverainclusãoeamanutençãodepessoascom deficiêncianomercadodetrabalho.OBPCTrabalhovisaaaproximarobeneficiáriode experiênciasespecíficasdomundodotrabalho,semrestriçãodedireitos.Trata-sedaofertade oportunidadesparaaquelesqueencontrammuitasbarreirasnasuatrajetória,masalmejam ampliarasuaparticipaçãosocialmedianteaqualificaçãoprofissionaleoexercíciodeuma atividadelaboral.Alémdisso,oProgramasustenta,comoumdeseusprincípiosbasilares,que 91 talexercíciosedênosmarcosdotrabalhodecente,portanto,nãoprecarizadoesobampla proteçãosocial. o A Lei N 12.470, de 31 de agosto de 2011, promove alterações na legislação referente ao BPC, como a garantia de retorno ao benefício a quem solicitarasuspensãoparatrabalhar,masposteriormenteperderoemprego,sem necessidade de novo requerimento e avaliação. A referida lei autoriza o contratadocomoaprendizaacumularosaláriodeaprendizcomovalordoBPC pordoisanos. Importantedestacarque,compõeoescopodoPrograma,aefetivaçãodearticulações eparceriasparaoportunizaroacessoàqualificaçãoprofissional,sejapormeiodaparticipação emcursostécnicos,profissionalizantesouemprogramasdeaprendizagemprofissional,como tambémpelaoportunidadedeacessoaomundodotrabalho,pormeiodoencaminhamentoàs ofertaslocaisdeinserçãoprofissionaleintermediaçãodemãodeobra.Dessaforma,a interaçãoentrepolíticas,açõeseserviçospresentesnoterritórioimpõe-secomoum expedienteprivilegiadoparaainclusãodaspessoascomdeficiênciabeneficiáriasdoBPCnas oportunidadeslocaisdequalificaçãoprofissionaleinserçãoprodutiva. Dentreasestratégiasparaainclusãodapessoacomdeficiêncianomundodotrabalho, aaprendizagemprofissionalsedestaca,poisarticulaacontrataçãoformaldosadolescentese jovens,suapermanêncianaescolaesuaqualificaçãoprofissionalteóricaeprática,naqualo aspectoformativosesobrepõeaoprodutivo.Aofinaldoprogramadeaprendizagem,o aprendizpoderáserefetivadonaempresa,casohajainteressedaspartesemfazê-lo.De acordocomoart.428,§5ºdaConsolidaçãodasLeisdoTrabalho(CLT),nãohálimitemáximo deidadeparaacontrataçãodoaprendizcomdeficiência.Outroaspectoimportante,já mencionadoanteriormente,éapossibilidadedeoaprendizcomdeficiênciaquerecebeoBPC acumular,poratédoisanos,orecebimentodobenefíciocomaremuneraçãopagaemrazão daaprendizagem. Masobserveque,qualqueroutrorendimentofrutodoingressodobeneficiáriono mundodotrabalho,sejaadvindodoempregoformal,doempreendedorismooude empreendimentosdaeconomiasolidária,éincompatívelcomamanutençãodopagamentodo BPC.Entretanto,nessasituação,oBPCnãoserácessado,massuspensoenquantodurara 92 atividadelaboral.Paratanto,bastaqueobeneficiáriosolicite,juntoaumaAgênciada PrevidênciaSocial,noiníciodaatividadelaboral,asuspensãoemcaráterespecialdo pagamentodoBPC,easuareativação,quandoaatividadeforinterrompida. Aodiscutireampliarasoportunidadesdequalificaçãoprofissionaledeinclusãono mundodotrabalhoparaosbeneficiáriosdoBPC,oProgramaBPCTrabalhopropõe,emsua essência,contribuirparaoexercíciodedireitos.Paratanto,éimportantearticularesforçose açõesdaassistênciasocialedasdemaispolíticas,comosentidodesetornaralcançávela plenainclusãosocialdapessoacomdeficiênciaemcondiçõescompatíveisàsdemaispessoas. Se,porumlado,háprogressostrazidospeloProgramaBPCnaEscolarelacionadosao acessodosbeneficiáriosdoBPCàeducaçãoeademaispolíticas,poroutro,muitoaindahá paraseavançarnocampodasgarantiasedireitoseparasuperarashistóricasomissõese exclusõesaqueforamsubmetidasaspessoascomdeficiêncianopaís.Barreirasatitudinais, culturais,físicaseinstitucionaispersistemeimpedemainclusãosocialplenaeefetivadessas pessoas. Aincidênciadetaisbarreiraséagravadapelascondiçõesdevulnerabilidade socioeconômica,comoasenfrentadaspelosbeneficiáriosdoBPC.Consequentemente,pessoas comdeficiênciaemsituaçãodepobrezaestãomaisdistantesdeacessardireitoseserviços, bemcomodeseremalcançadaspelobraçodaspolíticaspúblicas. Nessestermos,umdosaspectosaserenfrentadoparaoavançoda inclusãosocialdessepúblicoéaconcepçãodedeficiêncialigadaaconceitosde improdutividade,doençaeincapacidade.Asuperaçãodecompreensõesdessetipoé essencialparaqueaspessoascomdeficiênciatenhamoportunidadesadequadasaoseu potencial,aodesenvolvimentodesuashabilidadeseàbuscadesatisfaçãopessoal. Naprática,aequipedaProteçãoSocialBásicadoSUASparticipadagestãodoBPC Trabalhorealizandovisitasdomiciliaresebuscaativaparaaidentificaçãodopúblico, prioritariamentebeneficiáriosentre16e45anos,quequeiratrabalhar,masencontra dificuldadesparaasuainserçãoprofissional. Emsituaçõesqueobeneficiáriodesejefazercursosdeeducaçãoequalificação profissional,aequipedeveráarticularcomprofissionaisdeeducação,dequalificação 93 profissionaldoProgramaNacionaldePromoçãodoAcessoaoMundodoTrabalho(ACESSUAS TRABALHO)paraasuainserçãonarededeserviçosdaspolíticassociais,noscursosdo Pronatecououtroscursosdequalificaçãoprofissional. Chegamos,assim,aofinaldesteMódulo.Dadaarelevânciadosconteúdos apresentadosparaaformaçãodostrabalhadoresdoSUAS,éfundamentalcompreendermos queasofertasdeprogramas,projetos,serviçosebenefíciosseconstituemempotencialidades edesafiosnosentidodabuscadesuperaçãodasvulnerabilidadessociaispresentesnos diferentesterritórios.TeaguardamosnopróximoMódulo! 94 MÓDULOIV–GestãodaProteçãoSocialBásica NestemóduloapresentamosostemasrelacionadosàgestãodaProteçãoSocialBásica (PSB),tendoporpressupostoanecessidadededemocratizarequalificaragestãodoSUASno interior das estruturas administrativas. Abordamos as atribuições na gestão do CRAS e dos serviços socioassistenciais, bem como a articulação com a rede socioassistencial. Vamos dar continuidade às nossas conversas que, esperamos, possam tornar o seu estudo bastante produtivoeagradável! Espera-seque,aofinaldestemódulo,vocêestejaaptoa: ü ConhecerosprocessosdegestãodaProteçãoSocialBásica; ü IdentificarasatribuiçõesnagestãodoCRASedosserviçossocioassistenciais; ü Conhecerasistemáticadaarticulaçãonaredesocioassistencial; ü Reconhecer a importância da articulação entre setores e saberes de diferentes áreas de políticas públicas na perspectiva intersetorial para a gestão de serviços socioassistenciais. 4.1.AtribuiçõesnagestãodoCRASedosserviços Comovocêjádeveterpercebido,oaprimoramentodaofertadeserviçosebenefícios dependecadavezmaisdeumaboagestãodaspolíticassociais,incluindoseusdiferentes níveisdeoperaçõeseresponsabilidades.Emespecial,noâmbitodaprestaçãodiretados serviços,torna-seimprescindíveloaprimoramentonosprocessosdegestãoesuaapropriação pelostrabalhadores/coordenadoresqueaíatuam. AtribuiçõesnagestãodoCRASedosserviços Nessapróximaconversavamosapontarasprincipaisaçõesreferentesàgestãodos serviçosdaproteçãosocialbásica,emespecialnaqualificaçãodopapeldoCRAStantono conhecimentodoseuterritórioedasvulnerabilidadesaliexistentes,comoemsuaaçãodireta edereferênciaterritorialparaaredesocioassistencial.Assim,serãotratadososseguintes temas:Diagnósticosocioterritorial;Planejamento;MonitoramentoeAvaliação;Gestãodo trabalhodaequipe;eArticulaçãocomarede.Observequeesteconteúdoressaltaa importânciadoaprimoramentodagestãonoâmbitodosserviços. 95 Diagnósticosocioterritorial A perspectiva da territorialização materializa a diretriz de descentralização da AssistênciaSocialemnívellocal,propiciandoaofertadeserviçossocioassistenciaisemlocais próximos aos usuários e, com o conhecimento destes usuários, de suas demandas e expectativas. Veja que esse pressuposto aumenta a efetividade e eficácia das ofertas da política,poistornafavoráveisasaçõesdeprevençãoedeenfrentamentodasvulnerabilidades eriscos,assimcomoaidentificaçãoeoestímulodaspotencialidadespresentesnoterritório. AimplementaçãodasofertasdaPSB,nosentidodedarrespostas àsmúltiplasdemandasadvindasdascondiçõesdevulnerabilidadenos territórios,implicanacapacidadedeaçãodoCRASnosentidodeprover, articularecofinanciarserviçosebenefíciossocioassistenciaisdeforma pactuadaecolaborativa,respeitandoaautonomiadecadaesferade governo(federal,estadual,municipal). É necessário reconhecer que, novas exigências para os gestores e profissionais que atuam no campo da Assistência Social estão colocadas no contexto atual, a partir das transformaçõessociais,demográficasedasrelaçõesfamiliaresesociais.Dessemodo,torna-se imprescindível que as políticas públicas dêem respostas rápidas, impactando positivamente nascondiçõesdevida,principalmenteemterritóriosondeasvulnerabilidadessãomúltiplas. Assim sendo, o primeiro passo a ser dado em direção à gestão dos serviços da proteçãosocialbásicaéreconheceraimportânciadeserealizarodiagnósticosocioterritorial, conformedispostonaNOB/SUAS: Arealizaçãodediagnósticosocioterritorial,acadaquadriênio,compõea elaboraçãodosPlanosdeAssistênciaSocialemcadaesferadegoverno.O diagnósticotemporbaseoconhecimentodarealidadeapartirdaleitura dosterritórios,microterritóriosououtrosrecortessocioterritoriaisque possibilitemidentificarasdinâmicassociais,econômicas,políticaseculturais queoscaracterizam,reconhecendoassuasdemandasepotencialidades (art.20daNOB/SUAS,2012). ParaKoga(2009),oterritórioconceitualmuitasvezesestálongedorealeestepode não se revelar nos sistemas informatizados, sendo necessário relacionar as informações de indicadoresàquelasqueseapreendeatravésdapresençanolocaledasintervençõessociais.A autoraaindanosalerta“queousodainformaçãodásentidoàprática,asequipesprecisamde 96 informações e precisam analisar a sua intervenção, mas o resultado de sua análise, por sua vez,tambémdeveinformarequalificararedecomoumtodo”(CAPACITASUAS3,2013,p.41). Destacamosque,aelaboraçãodediagnósticosmuniciaoplanejamentodasaçõeseidentifica os objetivos a serem alcançados, sendo um instrumento basilar para a qualificação da política de assistência social. A análise de dados primários (coletados diretamente) conjugados com dados secundários (tais como os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a Pesquisa NacionalporAmostradeDomicílios(PNAD),oCadastroNacionaldeInformaçõesdoSUAS(CadSuas),o Cadastro Único para Programas Sociais do Governo Federal (CadÚnico) possibilita uma interpretação dasfragilidadesepotênciasdosterritóriosemicroterritórios. OPlanejamentodoCRASdeveserpautadono diagnósticosocioterritorial. Oprocessodiagnósticoterritorialéfundamentalparagarantiroaprimoramentodos serviços,tendoporbasearealnecessidadedapopulaçãodaáreadeabrangência,desenhada pelaespecificidadedosgrupospopulacionais,pelahistóriadoterritório,pelapresençavivadas organizaçõeseexpressõesdapopulaçãoepelasrelaçõesdepoder.Tambémécentralquese tenhatotalconhecimentodarealidadedevulnerabilidadeerisco,alémdaofertadeserviços públicosexistente. Território Évistocomo“umcampodeforças,comoolugardoexercício,de dialéticasecontradições(...)entreoEstadoeomercado,entreouso econômicoeousosocialdosrecursos”(Santos,19994apud Steinberger,2006,p.60). Vale aprofundar o estudo de território! Dentre os muitos autores, recomenda-se Milton Santos, que estuda o território considerando as relações econômicas, políticas e sociais e a história doterritório. 97 Oterritóriocomoespaçodeproteçãosocial Importante não perder de vista que, o território, em conjunto com a matricialidade sociofamilarconstitui-secomoeixoestruturantedoSUAS,sendofundamentalparaagarantia daProteçãoSocialBásica. Quando utilizamos o termo território estamos nos referindo a um espaço determinado, mas que poderá estar em constante mutação, pois é dinâmico e está em construção e reconstrução. É, portanto, um espaço de contradições, conflitos, tensões, históriasdevida,culturasdiferenciadas. Território Oterritóriotemqueserentendidocomooterritóriousado,nãoo territórioemsi.Oterritóriousadoéochãomaisaidentidade.Aidentidadeé osentimentodepertenceràquiloquenospertence.Oterritórioéo fundamentodotrabalho;olugardaresidência,dastrocasmateriaise espirituaisedoexercíciodavida.(SANTOS,2002,p.14apudCapacitaSUAS Caderno3,MDS,2013). O território não se limita ao espaço geográfico, mas se constitui também como espaços coletivos, onde se configuram a solidariedade, o sentimento de pertença, a construçãodeidentidade,históriasdevida,ritosecostumes.Étambémnoterritórioquese evidenciam as contradições, fragilidades, conflitos, desigualdades que circundam as relações familiaresecomunitárias.Conheceresteterritório,osriscosevulnerabilidadesqueneleestão presentes, mas também seu potencial para superá-los é essencial para o planejamento e o desenvolvimentodasaçõessocioassistenciais. Énoterritórioqueocotidianoevivênciasacontecem,portantoéoespaçoprivilegiado para a compreensão das tramas sociais, vulnerabilidades e situações de risco, fragilização de vínculosedepertencimentos. Por território, não se entende necessariamente espaços geográficos ou espaços definidos por limites político-administrativos, mas o que Dirce Koga (apud Caderno de Convivência e Fortalecimento de Vínculos. MDS, 2013) denominou de “territórios vividos”. Paraqueaproteçãosocialsejareferenciadanessesterritórios, 98 énecessárioconhecerasdiferentesformasdevivênciaqueláocorrem.Ao ampliarofoco,trazendoaperspectivadoterritório,épossívelobservar comoasrelaçõessedãoecomoseexpressam,poisporvezestrata-sede convivênciasquedesprotegemetornamaspessoasmaisvulneráveis(p.14). Portanto, a territorialização torna possível a identificação das condições de vulnerabilidade e risco existentes num determinado território, das pessoas e famílias que se encontram em situações de vulnerabilidade e risco pessoal e social, assim como o reconhecimento do potencial e da dinâmica de organização de determinados grupos sociais, docontextoqueincidesobreeles,dasestratégiasexistentesdeenfrentamento,dentreoutros aspectos. Paraumaleituramaisaprofundadasobreconcepçõesde território,sugerimosKOGA,Dirce.Ainterlocuçãodoterritóriona agendadaspolíticassociais. Disponívelem: http://www.bibliotecadigital.unicamp.br/document/?code=46143 a política de assistência social, ao referenciar o território, incorpora um Veja que espaço estratégico para a organização do SUAS. O território administrativo passa a ser essencialparaagestãoeorganizaçãodosserviçoseaçõessocioassistenciais,pois: ü Evidencia-seumanovalógicadeintegralizaçãodapolíticadeassistênciasocial rompendocompráticasconservadorasefragmentadas. ü Instaura-se um olhar para o todo daquele espaço, o que significa a identificação ou não de políticas públicas, a capacidade e o potencial de sociabilidade e integração daquela localidade, assim como as lacunas e limitaçõesnoqueserefereàssituaçõesdefragilizaçãodevínculos,violações dedireitos,vulnerabilidadeseriscoseminentes. ü Torna-sepossível,então,oenfrentamentodassituaçõesdevulnerabilidadee riscodeformamaisdinâmicaeeficaz. Porconseguinte,conheceroterritóriosignificaconhecercomprofundidadea demandaporproteção.Esseconhecimentocontribuierecebereforçodavigilância socioassistencialinstaladanoÓrgãoGestordomunicípio.Dadaàsuaimportância,aseguir, trataremosumpoucosobreavigilâncianaperspectivadereforçarsuaarticulaçãocoma gestãodosserviçose,emespecialodiagnósticosocioterritorial. 99 A Vigilância social está entre os três objetivos do SUAS, ou Funções da PNAS. Conjuntamente com a Proteção social e com a Defesa de direitos, a Vigilância socioassistencialtemopapeldeanalisarterritorialmenteacapacidadeprotetivadasfamíliase nela a ocorrência de vulnerabilidades, de ameaças, de vitimizações e danos. Ela produz, sistematizaedivulgainformações,indicadoreseíndicesterritorializadossobreassituaçõesde vulnerabilidadeederiscodasfamíliasedosterritóriosesobrearedeprestadoradeserviços socioassistenciais.Avigilânciasocioassistencialobjetivaaindaoaprimoramentoequalificação das ações que visem a notificação e a reconstrução de direitos violados e a interrupção de situaçõesdeviolência. Paratal,aVigilânciadeveproduzireorganizardados,indicadores, informaçõeseanálisesquecontribuamparaefetivaçãodocaráter preventivoeproativodapolíticadeassistênciasocial,assimcomoparaa reduçãodosagravos;edestaforma,fortalecendoacapacidadedeProteção SocialedeDefesadeDireitosdapolíticadeassistênciasocial.(Brasil,2012) OMDSrealizaanualmente,desde2008,oEncontroNacionaldeMonitoramentoeVigilância Socioassistencial.Estesencontrosseconsolidaramcomoespaçodedebatesobreoconteúdoe importânciadaVigilânciaSocioassistencial.Destesencontrosresultouapublicação“Orientações técnicasdaVigilânciasocioassistencial”,organizadapelaCoordenação-GeraldeServiçosde VigilânciaSocialdoMDS. Disponívelem: ww.mds.gov.br/webarquivos/publicacao/assistencia_social/Cadernos/Orientacoes_Vigilancia.pdf http://aplicacoes.mds.gov.br/snas/documentos/CapacitaSUAS_Caderno_3.pdf Importantesalientarque,afunçãodavigilânciaperpassatodososserviçosdo SUAS,poisépormeiodotrabalhosocialqueoconhecimentodarealidadedosterritóriosse traduzeminformaçõesreais,doterritóriovivo.Esseconhecimentoéresultadodocontato cotidianocomaspopulaçõeseoscontextosterritoriais,quenãopodeserdesprezado,bem comodainteraçãocomoutrosdadoseinformaçõesrelativosàsincidênciasde vulnerabilidades,riscoseviolaçõesdedireitos,edaspotencialidades. Vejaqueesseconhecimentoéqueviabilizaráaimplementaçãodepolíticasmais adequadasàrealidadeeàsdemandasdapopulação,possibilitandoqueasrespostasdopoder públicosejammaisefetivas. 100 Observeque,nointuitodedemocratizareaprimorarpermanentementeoacessodos usuários aos direitos socioassistenciais, é fundamental que as equipes motivem a sua participação nos processos de diagnóstico, planejamento e avaliação dos serviços. Para isso, existemváriaspossibilidadesemetodologias,desdearealizaçãodeencontroscomindivíduos, famílias e grupos sociais até diagnósticos participativos e o estímulo à participação nos conselhoseconferênciasdeAssistênciaSocial. Atéaquifoiressaltadaaimportânciadeseterumbomdiagnósticosocioterritorial paraqueoCRASetodososserviçospossamplanejarsuasaçõese,aindaaimportânciade integrarasinformaçõeslocaiscomaquelasproduzidaspelosinstitutosdepesquisa.Aseguir serãotratadososdemaismomentosdoplanejamentoquesucedemodiagnóstico. Planejamento Vamosagoraconversarsobreaimportânciadeplanejarcontinuamentenoâmbitodos serviços.Paraisso,recuperamosalgumasorientaçõesprevistasnosdocumentosqueinstruem oSUAS,editadospeloMDS,emespecialdoCadernoInstrucionaldocursodeatualizaçãoem PlanodeAssistênciaSocial–“CapacitaSUAS”.Vamosnosdedicarareforçararelevânciado processodeplanejarcontinuamentenoâmbitodosserviços,tendoemvistaqueo planejamentodeveservistocomofunçãoprecípua. OCadernodeOrientaçõesTécnicasdosCRASdedicaumcapítuloparatratardasua implantaçãoeorganização,comênfaseno“Planejamento,organizaçãodotrabalhoeregistro deinformações”.Algunspontosessenciais: 101 OplanejamentodaSecretariaMunicipal(oudoDF)deAssistência Socialoucongênere,comtodososCRAS,deveserformalizadoem instrumentopróprio.Possibilita-se,assim,visualizardemodocrítico arealidade;avaliaroscaminhosescolhidos;definiralternativase novaspossibilidadeseconstruirumreferencialfuturo,antecipando osresultadosesperados.Oplanejamentoéumprocessocíclicoe continuado,poispermiteaconstanterealimentaçãodeinformações, capazesdesuscitarnovaspropostasesoluçõesparasituações inesperadas,conferindoassimdinamismoeaprimoramentoàsações realizadas.(MDS/CRAS,2009:40). Destaca-senessaorientaçãoque,oprocessodeplanejar,alémdeorientar prospectivamenteasaçõesdosserviços,nãoselimitaaumúnicomomento,masé continuado.Háumaorientaçãoespecíficareferindo-seànecessidadedeplanejarasações cotidianas,semanalmente. Alémdisso,vejaqueomesmodocumentoevidenciaanecessidadedeserconsiderado naorganizaçãodoCRASotrabalhodaequipe: OscoordenadoresdeCRASdevemplanejarcoletivamenteas atividadessobsuaresponsabilidade,emespecialaquelas relacionadasàgestãodoterritórioedoCRAScomounidadedoSUAS; depessoaledosserviçosofertadospeloCRAS;edagestãoda informação.Nessadireção,antesdeaequipeiniciarotrabalho,o gestordeveassegurarcapacitaçãodosprofissionaisenvolvidos.O idealéqueestaformaçãosejacontinuadaequeseprevejam momentosdeestudoeaprimoramentodaação.(MDS/CRAS,2009: 41). Aotratardosregistros,destacaqueéessencialquesetenhaconhecimentocríticoe aprofundadodarealidadelocal,oquetambémcorroboracomasaçõesdevigilância socioassistencialemonitoramento. Oregistrodeinformaçõesconstituielementofundamentalpara gestão,monitoramentoeavaliaçãoe,consequentemente,parao aprimoramentodasaçõeseserviçosdoCRASedosserviçosaele referenciados.Deveserrealizadopormeiodeinstrumentaisque facilitemarmazenarosdadosdosusuários;osatendimentos realizadosnoCRASounosserviçosaelereferenciados;os acompanhamentosemcurso;osencaminhamentosparaserviçosda proteçãobásicaeespecialeasinformaçõesnecessáriasà alimentaçãodossistemasdaRedeSUAS,doCensoCRASedeoutros sistemasmunicipaisoudoDF”.(MDS/CRAS,2009:42) 102 NoscadernosPAIFvolume2tambémexisteumcapítuloqueressaltaaimportânciado Planejamentoeinstruiquantoàsprincipaisações. Nestecaderno,vocêpoderáconferirqueoitem4.2éinteiramentededicadoao Planejamentocomumaimportanteênfasenacoleta,organizaçãoeregistrotantodedados dasfamíliascomodoterritório. OplanejamentodoPAIForganizaasinformaçõessobreasfamílias nessasituação,elaborandoestratégiasdeatendimentoe/ou acompanhamentodasfamílias,apartirdasvulnerabilidades apresentadas53,traçandometasdeatendimentoe/ou acompanhamento,edelimitandooperíododealcancedetaismetas. (MDS/PAIF2,2012:82) TambémoCadernodeORIENTAÇÕESTÉCNICASSOBREOSERVIÇODECONVIVÊNCIAE FORTALECIMENTODEVÍNCULOSPARACRIANÇASEADOLESCENTESDE6A15ANOStratado temaPlanejamento. 103 Editadoem2010,ocapítulo10tratadotema.Nesseitem,destaca-seocaráter participativodoPlanejamento: Aelaboraçãodoplanejamentodeatividadeséumaoportunidadede promoveraparticipaçãoeoenvolvimentodasfamíliaseda comunidade.Paraquetalenvolvimentosedê,podemserpropostas questõesparaelaboraçãodeumroteirodeplanejamentodas atividades.Essasquestõespoderãosercolocadastantoentrea equipetécnica–eassimtrabalhadasinternamente,paradepois seremapresentadasacomunidade/famílias–quantoemencontros comosusuáriosdoServiço,suasfamíliasecomunidade.São sugeridastambémreuniõesintersetoriaisperiódicas,como envolvimentodetodos.(MDS/Orientaçõestécnicasparaserviçosde convivênciaefortalecimentodevínculos.2010:103-104) Planejamentonosserviços:caminhosdeconstrução OcotidianodetrabalhodosCRASedetodososserviçosdaPSB,cadavezmais,exige doseucoordenadoredesuaequipeumaprimoramentonoprocessodeplanejar,apartirde algumaspremissasfundamentais.Sãoelas: ü Oplanejamentoéumprocessotécnicoepolítico.Baptista(2000)destacaque há necessidade de superação de sua dimensão apenas técnica-operativa, apontandoque“adimensãopolíticadoplanejamentodecorredofatodeque eleéumprocessocontínuodetomadasdedecisões,inscritasnasrelaçõesde poder,oquecaracterizaouenvolveumafunçãopolítica.(Baptista,2000:17) ü O planejamento permite, ao coordenador e equipe, uma visão prospectiva e coletivizadoradotrabalho,poisemtodasassuasetapasécapazdearticulara realidade territorial, a demanda por mais proteção, a capacidade (gerencial, técnica e política) dos trabalhadores do SUAS. Desse modo, é o ato contínuo de planejar que garante e aprofunda a intrínseca relação entre o pensar e o fazer, e potencializa a capacidade de democratizar a Política de Assistência Social.ParaBaptista“oplanejamentoéaferramentaparapensareagirdentro de uma sistemática analítica própria, estudando as situações, prevendo seus limites e suas possibilidades, propondo-se objetivos, definindo estratégias”. (Baptista,2000:14) ü O Planejamento deve ser democrático e participativo e, portanto, envolver todosossujeitosdaPAS,ouseja,ostrabalhadores,osdestinatáriosdoSUAS, os coordenadores, entidades que prestam serviços socioassistenciais e representantedasdemaispolíticassociaispúblicascombasenoterritório. 104 Vejaqueesseprocessoéimportante,poispermiteampliaravisãoeorganizar informaçõessobrearealidadelocal,etambémcontribuiparaaconstruçãodeconvergênciase pactosemtornodosdireitosedasatribuiçõesdetodososserviços,segmentoepolíticasocial. Otrabalhointegradoeintersetorialcomeçacoma articulaçãodossaberesepráticasdosdiferentesparceiros.Torna fundamentalodebatedasespecificidadesdecadaterritório,tantono queconcerneàrealidadequantoasdiferentesofertasdeproteção social. Éanecessidadedereconheceracorrelaçãodeforças,asalianças,oscompromissose compreensões,considerandoacomplexidadedarealidadesocialquetornaomodelode planejamentoestratégicomaisessencial.Valeressaltarqueoplanejamentoestratégico situacionaltemfundamentosprópriose,umdeseusgrandesprotagonistasfoiCarlosMatus (economistachileno),cujoconjuntodaobrapermiteaapreensãodeseumétodo,atualmente difundidotantoparaplanejamentosgovernamentais,comodeinstânciasmenores. O CAPACITASUAS tem um curso específico sobre Plano e nele será possível aprofundar sobre as etapas e metodologias do planejamentoestratégico. Planejarnoâmbitodaproteçãosocialbásicasignifica tersempreemmenteasfunções(proteçãosocial,vigilância socioassistencialedefesadedireitos),asseguranças(renda, convívioeacolhida)easprovisõesdoSUAS. Destaca-sequeoprocessodeplanejarnãopodeprescindirdasdefiniçõesreferentesàs seguintesetapas: ü objetivosgeraiseespecíficos; ü diretrizeseprioridades; ü açõesestratégicascorrespondentesparasuaimplementação; 105 ü metas; ü resultadoseimpactosesperados; ü recursosmateriais,humanosefinanceirosdisponíveisenecessários; ü mecanismosefontesdefinanciamento; ü coberturadaredeprestadoradeserviços; ü indicadoresdemonitoramentoeavaliação; ü espaçotemporaldeexecução; ü proatividadedotrabalhosocialnoterritório. Importantedestacarque,paracadaumadessasetapasdoplanejamentoexistem conteúdosexplicativosqueorientamoplanejadoremtodooprocessodeelaboração.Vejaa seguir! Revisandoeresumindoosprincipaiscaminhosdoplanejamento Considerandotodasasorientaçõeseasprincipaismetodologiasprevistasparao planejamento,destacamosaseguir,deformaresumida,osprincipaispassosquesão imprescindíveis,poiséessencialqueoPlanejamentodosserviçosocorraperiodicamentee quetenhaconstantesrevisõesadependerdemudançasnarealidadeenadinâmicados trabalhos.Dessemodo,oscoordenadoresdevemorganizaroprocessodeplanejamento considerando: Ø Dadoseinformaçõesjáproduzidasnosdiferentesinstitutosefontesdeinformação:os responsáveis pelo planejamento devem se debruçar sobre dados já produzidos identificandoascaracterísticasespecíficasdoseuterritório.Umafonteessencialpara identificar os níveis de desproteção é o Cadúnico. Nessa análise de informações também é importante que se compare a realidade do território de abrangência dos serviçoscomosdadosgeraisdomunicípio,poisdessemodoserápossívelidentificarse hánecessidadedepriorizardeterminadoterritórioecomqueaçõesprevalentes. Ø TomarporbaseoPlanoMunicipaldeAssistênciaSocialqueérealizadoacada4anos. No Plano devem estar descritas as principais diretrizes, objetivos e estratégias da política municipal de assistência social e, certamente, apontam para as prioridades a seremcontempladasnoâmbitodosserviçosemcadaterritório. A NOB SUAS/2012 indica nos capítulos de 18 a 22 as orientaçõesparaqueosmunicípios,estadoseuniãoelaborem seusplanodeassistênciasocial. 106 Ø Identificar nas deliberações das conferências municipal e descentralizadas (préconferências) as proposições para os serviços e para a região onde ele está alocado. Alémdessasproposições,valerecorreràsmetasdopactodeaprimoramentodoSUAS easdiretrizeseprioridadesdoPlanoDecenaldaAssistênciaSocial.Estasinformações permitemquesejambalizadasasmetaseprioridadesparaosserviços. Documento emitido a partir da pactuação da CIT que define metas para os três entes federados. No site http://aplicacoes.mds.gov.br/sagi/RIv3/geral/index.php podeseencontrarasmetasparacadamunicípio. Ø Planejar em conjunto com a equipe: o coordenador deve contar, na medida do possível, com todos os trabalhadores do serviço estabelecendo um cronograma de debatesedeelaboração. Ø Contar com a participação dos coordenadores de outras instâncias do órgão gestor: convidarosdiretoresdeproteçãosocialbásicaedevigilânciaparaqueacompanheme contribuamnoplanejamento. Ø Garantir a participação da população: propor espaços preparatórios que permitam a compreensãodarelevânciadoplanejamentonoâmbitodosserviços;esclarecerdados e informações e privilegiar o espaço de fala dos sujeitos destinatários da política de assistênciasocial. Ø Convidar coordenadores dos serviços das demais políticas para participarem considerandoanecessidadedeintegraçãonomomentodoplanejamento. Ø Definirobjetivostangíveisecomprecisão.Considerarparatantoasprovisõesprevistas paraaproteçãosocialbásicaearealidadedoterritório. Ø Quantificarmetasdemodoquepossamseridentificadascomindicadoresqualificáveis noâmbitodapolíticadeassistênciasocial. Ø Definirprioridades,considerandoanecessáriaarticulaçãoeintegraçãodosserviçose benefícioseopúblicoquemaisnecessitadeproteçãodapolíticadeassistênciasocial. Paratanto,valelembrardasmetasestabelecidasnoPactodeAprimoramentodoSUAS pactuadoedeliberado,respectivamentepelaCITeCNAS. Ø Identificar as condições objetivas e subjetivas para o cumprimento dos objetivos e metas, considerando neste caso a equipe, a integração de outros atores como as entidadeseorganizaçõesdeassistênciasocialeosusuáriosdoSUAS. Ø Buscarapoioecompartilhamentodasproposiçõesdoplanejamentodoserviçocoma coordenaçãodoÓrgãoGestordapolíticaemnívelmunicipal. Ø Construir prospectivamente tendo por pressuposto a universalização de acesso, a descentralizaçãoeaparticipaçãopopular. 107 MonitoramentoeAvaliação Seoplanejamentoseconstituinapreparaçãodeumtrabalho,monitorareavaliarsão elementosessenciaisparaagestãodaspolíticassociais,massobretudo,paraaqualificação dosserviçosebenefícios.Apenascomumprocessocontínuodemonitoramentoeavaliação quesepodemcorrigirrumoseproporaprimoramentos. Durantedécadasaspolíticassociaisvêmadotandodiferenteslinhasavaliativas,quese modificamcomoprocessodeaprimoramentoeprofissionalizaçãodagestãopública.No Brasil,aConstituiçãoFederalde1988,passaaserummarconagestãodaspolíticassociais porquedefineasdiretrizesde“universalização,participaçãoedescentralização”,apontando assim,umcaminhodeaprimoramentoquesedelineiavisandoefetividadesociale democratização. OsgestoresetrabalhadoresdaspolíticassociaisemgeraledoSUASemparticular atuamemseucotidianocomosolhosnofuturoenasprovisõesqueapolíticadeassistência socialdeveafiançar.Assim,todooprocessodemonitorareavaliardeveprocurarresponder: [...]osmodernossistemasdeproteçãosocialnãosãoapenas respostasautomáticasemecânicasàsnecessidadesecarências apresentadasevivenciadaspelasdiferentessociedades.Muitomais doqueisso,elesrepresentamformashistóricasdeconsensopolítico, desucessivaseintermináveispactuaçõesque,considerandoas diferençasexistentesnointeriordassociedades,buscam, incessantemente,respondera,pelomenos,trêsquestões:quemserá protegido?Comoseráprotegido?Quantodeproteção?(SILVA, YAZBEKEGIOVANNI,2004:16) ImportanteobservarqueoSUAStambémseaprimora,namedidaemqueadota efetivossistemasavaliativosemtodasassuasinstâncias,tantonoquedizrespeitoaorigore ampliaçãonoregistrodosdados,quantonoolharatentoparaocumprimentodeseus objetivosesegurançassociais,queseoperacionalizamnaofertadeserviçosebenefícios.Por essemotivosãomuitososdocumentoseditadospeloMDSqueapontamparaanecessidade deinstalaçãodesistemasdemonitoramentoeavaliação. 108 Destaca-se,ainda,queexisteumarelaçãoindissociávelentrevigilância socioassistencial/monitoramentoeavaliação.Alémdanecessáriaarticulaçãoentreosórgãos responsáveisporsistematizaresocializarasinformaçõesemtodososentesfederadoseo trabalhocotidianodarededeserviçosterritorializada. OCensoSUAS,elaboradoepublicadoanualmente,apresenta umpanoramasobreoestágiodedesenvolvimentodoSUASeconta comdadosdetodososmunicípioseestadosbrasileirose,paratanto necessitadasinformaçõesadvindasdetodaarededeserviços. MonitoramentoeavaliaçãonoSUAS Inicialmente,vamosdistinguirosconceitosdemonitoramentoeavaliação. Monitoramento Omonitoramentoéoacompanhamentocontínuoouperiódicodeumprogramaoupolítica pública.Érealizadopormeiodacoletaeanálisesistemáticadedadoseinformaçõessobrea execuçãodoprograma,comafinalidadedeverificarseodesenvolvimentodesuaimplementação estádeacordocomospadrõesesperados,ouseja,deacordocomosobjetivosemetas inicialmenteplanejados.(VATSMAN,RODRIGUESePAES-SOUSA,2006;CEPAL,1997). Avaliação Refere-seaoconjuntodeprocedimentostécnicosparaproduzirinformaçãoeconhecimento,em perspectivainterdisciplinar,paradesenhoex-ante(prévio),implementaçãoevalidaçãoex-post (posterior)deprogramaseprojetossociais,pormeiodasdiferentesabordagensmetodológicasda pesquisasocial,comafinalidadedegarantirocumprimentodosobjetivosdeprogramaseprojetos (eficácia),seusimpactosmaisabrangentesemoutrasdimensõessociais,ouseja,paraalémdos públicos-alvoatendidos(efetividade)eacustoscondizentescomaescalaecomplexidadeda intervenção(eficiência)(JANNUZZI,2014). Identificam-se diferenças entre monitoramento e avaliação que podem ser aprofundadas na leitura do Caderno de Monitoramento e Avalição, mas está posto aqui seu pontoprincipal: 109 Acompanhamento ou monitoramento é uma atividade gerencial interna, realizada sistematicamente durante o período de execução e operação, que visa saber como a intervençãoevoluiaolongodotempo.Fazusodedadosdagerênciadoprojetosobremetas iniciais, indicadores e resultados associados aos programas. Por meio do monitoramento, portanto, gestores, pesquisadores ou outros agentes conseguem examinar como a implementação está sendo realizada, se está atingindos eus o bjeti vos e/o useestá ́ enfrentando algum tipo problema que esteja interferindo nas ações e processos e, por conseguinte, na consecução dos objetivos previstos (FARIA, 2005; CUNHA, 2006). De posse dessas informações, o monitoramento auxilia na recomendação dos ajustes necessários ao planoeàscondiçõesoperacionaisedacorreçãodosrumos. Por sua vez, a avaliação pode ser realizada antes, durante ou mesmo algum tempo depois da implementação. Em ambos os instrumentos é latente a função de provisão de informaçõessobreumdeterminadoprogramaoupolíticagovernamentalemtodooseuciclo, inclusiveomomentoinicialdeidentificaçãodoproblema. O fato é que Monitoramento e Avaliação são processos analíticosorganicamentearticulados,quesecomplementamnotempo,como propósito de subsidiar o gestor público de informações mais sintéticas e tempestivassobreaoperaçãodoprograma–resumidasempainéisousistemas de indicadores de monitoramento – e informações mais analíticas sobre o funcionamentodeste,levantadasnaspesquisasdeavaliação. Talcomo“termômetros”,osindicadoresdemonitoramentopodemapontarsinaisde “normalidade” ou “febre” em pontos críticos do desenho operacional de programas, orientando técnicos e gestores a tomarem decisões cabíveis de correção, e até mesmo, contratarem pesquisas de avaliação – ou “exames clínicos”, na metáfora adotada – para investigar as causas e a persistência da “febre”, isto é, do problema. (JANNUZZI, 2014, p.1213). Observe que a avaliação necessita das informações provenientes do monitoramento para realizar o julgamento que lhe cabe a respeito da eficiência, eficácia e efetividade dos programas. Veja que as atividades são, portanto, complementares. Porém, a avaliação vai além, pois verifica se o plano originalmente traçado está, de fato, produzindo as transformaçõespretendidas. 110 LeiasobreosCursosdeMonitoramentoeAvaliaçãonoCapacitaSagi. AcesseoCursodeMonitoramentonoseguintelink: http://aplicacoes.mds.gov.br/sagirmps/ferramentas/docs/CEGOV%20%202014%20-%20MDS%20C3%20Caderno%20de%20Estudos%20(v.2).pdf AcesseoCursodeAvaliaçãonoseguintelink: http://aplicacoes.mds.gov.br/sagirmps/ferramentas/docs/curso_avaliacao.pdf Importanteobservarque,aapropriaçãodoprocessodemonitoramentoeavaliação dosserviçosnãopodeprescindirdasorientaçõesnormativas,dessemodoiniciamoscomos alertasprevistosemalgunsdosdocumentosquetratamdoSUASedosserviçosdeproteção socialbásica. TodotrabalhadordoSUASdeveconheceremprofundidadeasnormativase orientações,sempredisponíveisnosite: http://mds.gov.br/central-de-conteudo/assistencia-social/publicacoes-assistencia-social/ ANOB/SUAS(2012)apontaemseuartigoXXVIIaintrínsecarelaçãoentremonitorare avaliareoaprimoramentodosserviços: Implantarsistemadeinformação,acompanhamento,monitoramento eavaliaçãoparapromoveroaprimoramento,qualificaçãoe integraçãocontínuosdosserviçosdaredesocioassistencial, conformePactodeAprimoramentodoSUASePlanodeAssistência Social(BRASIL/CNAS-2012) Essanormativatambémapontaparaaobrigatoriedadedoestabelecimentode indicadoresdeavaliaçãoedepromoveroaprimoramentodosserviçosapartirdesseprocesso avaliativocontinuado. Existemdoisimportantesâmbitosdeavaliaçãoemonitoramento: ü a realidade de proteção/desproteção social no território considerando os indicadoresdevulnerabilidade;e ü oriscoeaqualidadedeacessoàrededeserviços. 111 AProteçãoSocialBásicacomsuaredeinstaladanoterritóriodeveterconhecimento aprofundadodessesdoisâmbitos.Dessemodo,oCRAS,enquantoequipamentodereferência deveestabelecerumprocessocontinuadodemonitoramentoevigilânciasocioassistencial.O cadernodeorientaçõestécnicasdoCRAStraz,emdestaque,anecessidadedeseregistrar, organizareutilizarasinformações: Oregistrodeinformaçõesconstituielementofundamentalpara gestão,monitoramentoeavaliação,econsequentemente,parao aprimoramentodasaçõeseserviçosdoCRASedosserviçosaele referenciados.Deveserrealizadopormeiodeinstrumentaisque facilitemarmazenarosdadosdosusuários;osatendimentos realizadosnoCRASounosserviçosaelereferenciados;os acompanhamentosemcurso;osencaminhamentosparaserviçosda proteçãobásicaeespecialeasinformaçõesnecessáriasà alimentaçãodossistemasdaRedeSUAS,doCensoCRASedeoutros sistemasmunicipaisoudoDF.(BRASIL/MDS/CRAS,2009:42) Assim,osserviçosdevemterregistrosreferentesdecadausuário,aosprocedimentos adotadosetambémdarealidadesocioterritorial.Estafunçãoderegistraréinerenteaoserviço socioassistencial.Osdadosavindosdadinâmicacotidianadosserviçosdaproteçãosocial básicasãotambémessenciaisparaalimentaraosistemadevigilânciasocioassistencial,quese constituinumadasfunçõesdaAssistênciaSocialequeseintegracomtodasasesferasde gestãodessesistema. AVigilânciaSocioassistencialdeveapoiaratividadesde planejamento,organizaçãoeexecuçãodeaçõesdesenvolvidaspela gestãoepelosserviços,produzindo,sistematizandoeanalisando informaçõesterritorializadas:a)sobreassituaçõesde vulnerabilidadeeriscoqueincidemsobrefamíliaseindivíduos;b) sobreospadrõesdeofertadosserviçosebenefícios socioassistenciais,considerandoquestõesafetasaopadrãode financiamento,aotipo,volume,localizaçãoequalidadedasofertase dasrespectivascondiçõesdeacesso.(BRASIL/MDS/Vigilância socioassistentencial,S/Dpag.9). Aorganizaçãodosdadosquepermitemomonitoramento,aavaliaçãoecompõema vigilânciasocioassistencialtemporpressupostooconhecimentodoterritóriodemodoa entendersuadinâmicacotidiana,asproteçõesedireitosadquiridosousuainsuficiência.Não sertrata,portanto,deselimitaraosdadoscadastraisdecadafamília(emquepesea importânciadesseregistro),mas,paraalémdisso,éreconheceremquemedidaaredede serviçossocioassistenciaisgaranteassegurançasafiançadaspelaAssistênciaSocial. 112 UmaexposiçãodetalhadaebemexplicativapodeserlidanoCaderno3do CapacitaSUASque,aotratarcentralmentedotemadavigilânciasocioassistencial,dedica-se emumsubtemaaomonitoramentoeavaliaçãoapontando: Aomonitorareavaliarnãoestamosapenasmedindo,mas construindoumprocessosistemáticodeanálisedasdemandasde proteçãosocial,dasações,característicaseresultadosdos programas,serviçosebenefíciossocioassistenciais,paradeterminar omérito,arelevância,aqualidade,pertinênciaeefetividadedas ações,gerandorecomendaçõesparaasuacorreçãooumelhoria. (MDS/Caderno3CapacitaSuas,2013:38). Sobreotemadavigilânciavaleler: Disponívelem: http://aplicacoes.mds.gov.br/snas/documentos /CapacitaSUAS_Caderno_3.pdf Oprocessodemonitoramentoeavaliaçãoécontínuoedeve articularosobjetivosemetaspresentesnoplanejamentoearealidadesocial naqualseatuacomdestaqueparaarelaçãodasdesproteçõessociais (vulnerabilidadeserisco)eaofertadeserviçosebenefícios.Monitorar, avaliareplanejarcompõemmovimentosintegradoscapazesdepromover aprimoramentocontínuonoprocessodegestão. 113 Asinstruçõessobremonitoramentoeavaliaçãocontidasnocadernodeorientaçãodo CRASapontamparatrêsdiferentestiposderegistro: a)Informaçõesparaoacompanhamentodasfamílias; b)Informaçõesparamonitoraraçõeseserviços; c)RegistrosnecessáriosàalimentaçãodoCensoCRAS,daRedeSUASeoutros. Sobreotemavaleler: Mais um lembrete! A análise dos dados é fundamental para a compreensão da realidadenaqualseatua,mastodoprocessoanalíticonecessitadeindicadoresquepermitam o acompanhamento processual do desempenho dos serviços, benefícios e dos resultados do SUAS em determinado município. Sobre a construção e utilização de indicadores pode-se adotaroquenosdizJanuzzi(2001): Umindicadorsocialéumamedidaemgeralquantitativadotadade significadoconceitosocialabstrato,deinteresseteórico(para pesquisaacadêmica)ouprogramática(paraformulaçãodepolíticas). Éumrecursometodológico,empiricamentereferido,queinforma algosobreumaspectodarealidadesocialousobremudançasque estãoseprocessandonamesma.(JANUZZI,2001,p.15). Essacompreensãoindicaqueasistematizaçãoeaapropriaçãodasinformaçõesporparte dostrabalhadoresdoSUASedossujeitosaquemsedestinamosserviçosebenefíciostorna-se essencialparaoseuaperfeiçoamento,namedidaemquepermiteumaleituraaprofundadada realidadeedopotencialdeproteçãosocialquearedetemoferecidoequepodeoferecer. AvançosNecessários 114 Emsepensandonaprática,muitasvezes,arotinadosserviçosnãopermitepriorizar açõesdegestãocomoplanejamento,monitoramentoeavaliação.Noentanto,éfundamenta quevocêpercebaqueessasaçõessãocapazesderesgataracapacidadedearticularopensare oagiredereconhecer,nopúblicodestinatáriodapolíticadeassistênciasocial,suacapacidade emintervireinteragircomessapolítica. Oplanejamento,monitoramentoeavaliaçãopermitem,emúltimainstância,avaliare propornovoscaminhosparaoalargamentodaproteçãosocialnãocontributivaemcada territórioe,porconseguinte,noBrasil.Trata-sedeumaperfeiçoamentoque,alémde caminharnumcampodemodernizaçãoeaprimoramentogerencial,tambémassociaa capacidadededemocratizaçãoeintegra-seàleituradoquantomaisdedignidade,justiça socialeproteçãosepodeoferecerpormeiodacapacidadedearticulação,integração, descentralizaçãoeuniversalizaçãodetodasaspolíticassociais. EquipesdeReferência Agestãodosserviçostambémexigeumolharatentoparaseustrabalhadorescomo objetodelhesgarantircondiçõesadequadasparaoexercíciodesuasfunçõese,alémdisso, fortalecerotrabalhosocialemequipe. Nãoseráobjetodaexposiçãonesteitemacomposiçãoeatribuiçõesdecadaequipeda proteçãosocialbásica,masvalelembrarqueesseconteúdoestáexpostotantonaNorma OperacionalBásicadeRecursosHumanosdoSUAS(NOB-RH/SUAS)quantonasorientações técnicasespecíficas.Paraaprofundamentosobreotemavalebuscarasespecificaçõesquanto àcomposiçãoeatribuiçõesdasequipesdoPAIF,dosServiçosdeConvivência(SCFV)edas equipesvolantes. 115 Sugerem-seasleituras: -NormaOperacionalBásicadeRecursosHumanosdoSUAS–NOB-RH/SUAS,anotadae comentada. -ResumoExecutivodasOrientaçõesparaexecuçãodeServiçosdeProteçãoSocialBásicaeações porEquipesVolantes. Disponívelem: http://www.mds.gov.br/assistenciasocial/protecaobasica/REsumo%20Caracterizacao%20Equipe _Volante%20alteracoes%20CIT%20pos%20pactuacao%20CNAS.pdf/download -Trabalhodasequipesvolantesnaassistênciasocial. Disponívelem: https://www.youtube.com/watch?v=dATuD7WRgQo -EquipesvolantesdaassistênciasocialampliamoacessoaserviçosprestadospeloSuas. Disponívelem: https://www.youtube.com/watch?v=iqv2J_MmHfs Muitorecentemente(em2015)comoobjetivodeorientarosestados,DistritoFederal emunicípiosquantoaofinanciamentofederaldestinadoaopagamentodostrabalhadoresdo SUAS,oMDSlançouumcadernoqueretomaasprincipaisinformaçõessobreasequipesde referênciaequeestãodisponíveisnosite: http://www.mds.gov.br/webarquivos/publicacao/assistencia_social/Cadernos/Oriencoesga stosSuas.pdf AsequipesdereferênciasãoestabelecidaspelaNormaOperacionalBásicadeRecursos HumanosdoSUAS–NOB-RH/SUAS,instituídapelaResoluçãodoCNASnº269de13de dezembrode2006,como: (...)aquelasconstituídasporservidoresefetivosresponsáveispela organizaçãoeofertadeserviços,programas,projetosebenefíciosde proteçãosocialbásicaeespecial,levando-seemcontaonúmerode famíliaseindivíduosreferenciados,otipodeatendimentoe aquisiçõesquedevemsergarantidasaosusuários.(p.25) Agestãodotrabalhodeveconsiderarasatribuiçõesecompetênciasnecessáriasparacada serviçoeasdemandas/necessidadesdecadaterritórioeaespecificidadeprofissionaldecada membrodaequipe.NoquetangeàgestãodotrabalhojásetemmuitosavançosnaNOB/RHe mesmonaPolíticaNacionaldeEducaçãoPermanentedoSUAS,quepodembalizarasaçõesdo 116 coordenadordoCRASedosserviçosemrelaçãoàsuaequipedereferência.Destacam-se,aqui, algunspontosquenãopodemseresquecidos.Sãoeles: ü Reconheceracompetênciatécnica,éticaepolíticadotrabalhadordoSUAS; ü Fortalecerotrabalhointerdisciplinardasequipes; ü Organizaradivisãodetarefasreconhecendoaptidõesecompetências(conhecimentos, habilidadeseatitudes); ü Apoiaràcapacitaçãopermanenteeàatualizaçãotécnicaeteóricadaequipe; ü Construirespaçosdedeliberaçõesdemocráticasnagestãodoserviçoe/oudo equipamentodoCRAS; ü Apoiarasformasdeorganizaçãodostrabalhadores. Recomenda-seaocoordenadordoserviçoeaostrabalhadoresdoSUASqueleiamcom atençãoaNOB/RHquepodeseracessadanosite: http://www.mds.gov.br/webarquivos/publicacao/assistencia_social/Normativas/NOBRH_SUAS_Anotada_Comentada.pdf TambéméimportanteconheceraPolíticaNacionaldeeducaçãopermanentedo SUAS,acessonosite: http://aplicacoes.mds.gov.br/sagi/simulacao/capacitaSUAS2013/documentos/POLITICA_NACI ONAL_DE_EDUCACAO_PERMANENTE_DO_SUAS.pdf TambémacoletâneaGestãodoTrabalhonoSUAS,quepodeseracessadanosite: http://aplicacoes.mds.gov.br/snas/documentos/gestaodotrabalhonoambitodosuas.pdf 4.2.Articulaçãocomarede Atéaqui,nessemódulodedicadoaoprocessodegestãodosserviçosdeproteçãosocial básica,tratamosdasatribuiçõesrelacionadasaoplanejamento,monitoramento,avaliçãoeda gestãodotrabalho.Agora,vamosabordarmaisumaimportantefunçãodoCRASnoquese refereàgestãodosserviçosdaPSB:aarticulaçãodarededeserviços.Nossasconversas tratarãodeaspectosrelevantessobrearededeserviçossocioassistenciais,apartirdeuma perspectivaintersetorial,localizadanoterritório. 117 TrabalhoemRede IniciamosnossaconversaretomandoaconcepçãodispostanoglossáriodosCadernos CapacitaSUASsobrerededeserviçosnapolíticadeassistênciasocial.Naturalmenteexistem muitosoutrosescritossobreotema,masnessecaso,éimportantequesejareconhecidoo pressupostofundamentalquedeveráinstruirostrabalhadoresdoSUAS. Como sabemos, cabem à Assistência Social ações de prevenção e de proteção e do provimento de um conjunto de garantias ou seguranças sociais que ampliem e alargam a proteção social, (Sposati, 1995). Essas garantias se efetivam pela construção de uma rede (governamentalenãogovernamental)deproteçãosocial,ouseja,umconjuntodeprogramas, projetos,serviçosebenefíciosvoltadosàproteçãosocialeaoatendimentodenecessidadesda populaçãousuáriadessapolítica. O fenômeno é novo e é visto por alguns como novo paradigma para a atuação do Estadoemconjuntocomsetoresorganizadosdasociedade.Apropostadeumaaçãointegrada eemredeestánabasedesseparadigma. Rede “Otermosugereaideiadearticulação,conexão,vínculos,ações complementares,relaçõeshorizontaisentreparceiros,interdependência deserviçosparagarantiraintegralidadedaatençãoaossegmentos sociaisvulnerabilizadosouemsituaçãoderiscosocialepessoal.”[...] "umaredepodeseroresultadodoprocessodeagregaçãodevárias organizaçõesafinsemtornodeuminteressecomum,sejanaprestação deserviços,sejanaproduçãodebens.”(Guará,1998). Em geral, caracterizada por sua heterogeneidade, essa rede socioassistencial, constituída pelos órgãos governamentais e por entidades e, ou organizações da Assistência Social, opera serviços voltados ao atendimento de um vastíssimo conjunto de necessidades particularmentedossegmentosmaispobresdasociedade. Veja que, para a Política Pública, constituir a rede de serviços é, antes de qualquer coisa,umadecisãopolíticaqueexigeestratégiasprocessuaisdeliberadas,alianças,“adquirindo 118 uma configuração quase contratual.” Exige um pacto entre gestores, técnicos, saberes, pessoas,projetoseinstituiçõesemsintoniacomarealidadelocal. ArticulaçãodeServiçoseAçõesSocioassistenciais SegundoaTipificaçãoNacionaldeServiçosSocioassistenciais,aarticulaçãoemrede sinaliza: acompletudedaatençãohierarquizadaemserviçosdevigilânciasocial, defesadedireitoseproteçãobásicaeespecialdeassistênciasocialedos serviçosdeoutraspolíticaspúblicasedeorganizaçõesprivadas.Indicaa conexãodecadaserviçocomoutrosserviços,programas,projetose organizaçõesdosPoderesExecutivoeJudiciárioeorganizaçõesnão governamentais(CNAS,2009.P.5). A articulação em rede constitui-se, portanto, como um mecanismo pelo qual se mantémconexõesentrediferentesorganizaçõeseserviços.SegundoasOrientaçõesTécnicas doCRAS(2009),asaçõesdegestãoterritorialdaPSBdevemserealizarpormeiodaarticulação daredesocioassistencialdeproteçãosocialbásicareferenciadanoCRASedabuscaativaaos usuáriosqueaindanãoforamidentificados.Essarededeveofertarserviçosebenefíciosque visamàgarantiadeacessosaosdireitossocioassistenciais. Constituiumespaçoderelacionamentointer-organizacional,para potencializaresforços,meioseinformaçõesquealcancemaintegralidadee acompletudederespostasdevidasàpopulaçãousuáriaoupotencialmente usuáriadessasprestações(CadernoCapacitaSUAS2,2013,p.88). Considerandoessespressupostos,aredesocioassistencialécomposta porinstânciasestataise/oupororganizaçõeseentidadesnãogovernamentais, quetêmumarelaçãodecomplementaridade,cooperaçãoe corresponsabilidade,integrando-senumarelaçãoorgânicanoâmbitodoSUAS. Asredesdevemseorganizaremantervisandoresponderàsdemandascoletivas eindividuaisapartirdasdiretrizespactuadasnacionalmente. Lembramos que a articulação intersetorial também é estratégica para o desenvolvimentodaPSB,estandopresentenaconcepçãodaPNASedoSUASdearticulaçãode uma rede pública com outras politicas e ações (programas, projetos e benefícios), num funcionamento integrado com base nos parâmetros legais constituídos. A ideia é superar 119 práticas fragmentadas e desconectadas garantindo patamares uníssonos e eficazes de proteçãosocial. O território é um importante meio de articulação intersetorial, uma vez que diferentespolíticasofertamsuasaçõesnummesmoterritório. No território podem-se adotar encontros sistemáticos entre a rede de serviços socioassistenciais e das demais políticas públicas. Nessas “reuniões de rede”, das quais devem participar o coordenador de cada serviço/equipamentos podem ser discutidas açõesintegradasrelacionadasaossegmentospopulacionaisprioritáriosparaaproteção,a exemplodosbeneficiáriosdoBPC,quesãoacompanhadospordiferentespolíticassociaise diferentesserviços. Acesse: https://www.facebook.com/ArticulandoRedesFortalecendoComunidades/?fref=ts Avisãodetotalidadenoâmbitodoterritóriosignificaoconhecimentoeaanálise das diferentes situações identificadas e suas conexões com a dinâmica deste espaço, o que permiteaconstruçãodefluxosdelineandoasresponsabilidadesecompetênciasdapolíticade assistência social e as competências das outras políticas públicas. Esta interlocução intersetorial provoca uma relação dialógica com as diferentes instâncias que atuam no território. A intersetorialidade torna-se cada vez mais necessária quando consideramos a complexidadedassituaçõesquedemandamporrespostasurgentesdaspolíticaspúblicas: anecessidadedessaarticulaçãoseimpõecadavezmais,especialmenteno campodosserviçossociaisdevidoàmultiplicidadeeinterdependênciade fatoresqueincidemnascondiçõesdossujeitosqueessaspolíticasse propõemaatender.Nenhumapolíticapúblicatalqualestáorganizada dispõedetodasasrespostasedapossibilidadedeabarcaratotalidadedas necessidadesqueseapresentam.Amultidimensionalidadedasquestões impõeacoordenaçãoeaconjugaçãodesaberesederespostas especializadaseintegradas.Asrespostassociaistensionamporrespostas integraisearticuladasqueafirmemdireitoseodeverdoEstado(Caderno CapacitaSUAS2,2013,p.94). Portanto, a concretude da garantia dos direitos não prescinde de intervenções sociais criativas e qualificadas que alcancem as redes sociais territoriais e societárias e integremefortaleçamarededesegurançasocialpública(CadernoCapacitaSUAS2,2013). 120 Assim sendo, a proposta de atuação intersetorial deve tornar-se uma prática continuadaesistemática,avaliadanodecorrerdeseuprocessoentreosdiferentesníveisde gestão. IntersetorialidadeeIntegralidade As situações de vulnerabilidade e de risco existentes nos territórios e que incidem sobreasfamíliaseosindivíduosquedemandamproteçãosocialbásicageralmenteevidenciam a complexidade e a dimensão de seu alcance. Sendo assim, é preciso lembrar que as ações socioassistenciaisdevemserarticuladasàsaçõesdeoutrossetoresdepolíticaspúblicas,para quesepossaefetivamenteproduzirmudançasnasvidasdaspessoas.APNASestabeleceque Osserviços,programas,projetosebenefíciosdeproteçãosocialbásicadeverãose articularcomasdemaispolíticaspúblicaslocais,deformaagarantira sustentabilidadedasaçõesdesenvolvidaseoprotagonismodasfamíliaseindivíduos atendidos,objetivandosuperarascondiçõesdevulnerabilidadeeapreveniras situaçõesqueindicamrisco.Eaindasearticularaosserviçosdeproteçãoespecial, garantindoassimaefetivaçãodosencaminhamentos(PNAS,2004,p.35). A perspectiva intersetorial para a gestão de serviços socioassistenciais traduz-se comoumaarticulaçãoentresetoresesaberesdediferentesáreasdepolíticaspúblicasvisando responder, de forma integrada, a problemas comuns, na busca da superação de ações fragmentadas. Essa perspectiva parte do pressuposto de que ações intersetoriais têm o potencialparagerarmaioreficácia,eficiênciaeefetividadeemsituaçõescomplexas. Observe que, paraaconcretudedeumaatuaçãointersetorial, faz-se necessário o reconhecimento dos limites de cada espaço institucional, e a busca por relações horizontais em uma postura de valorização, respeito, adesão e reconhecimento da contribuição de cada política setorial para o alcance dos objetivos comuns. A intersetorialidade “deve favorecer a trocadeexperiênciaseabuscadeapoioedesoluçõesparaproblemascomunsdemaneiraa construir uma rede de proteção social” (Orientações Técnicas Centro de Referência de AssistênciaSocial,2009,p.26). 121 A intersetorialidade, portanto, é um processo dinâmico de interrelações sob o princípio de universalidade, equidade, responsabilidade pública, transparência e eficiência nos serviços prestados, numa lógica de estabelecimentoderedes.PrevistanoSUAScomoresultadodepactosnos diferentesníveis,elaseconsolidaprincipalmentenoâmbitodosmunicípios emicroterritórios. Opapel do poder público no sentido de promover a intersetorialidade torna-se cada vez mais imprescindível, devido à multiplicidade e à interdependência de fatores vivenciados pela população que é demandante dessas políticas públicas. É necessária uma conjugação de esforços e saberes que, de forma integrada e articulada, possam garantir a prevençãodesituaçõeseaatençãonoscasosemqueosriscossãoeminentes,possibilitando condição de cidadania a esses sujeitos sociais, resguardando as especificidades e particularidadesdecadapolíticapública. Aintersetorialidadeimplicanaampliação,emconjuntocomasoutras políticaspúblicas,dosconceitosdeproteçãosocialedireito,assimcomo explicitaanecessidadedeampliaçãoeadequaçãodasoutraspolíticasaopúblico prioritáriodapolíticadeassistênciasocial.Nessesentido,seuobjetivoé provocarnovasaçõesempolíticastradicionais,procurandofavoreceratrocade experiênciaseabuscadeapoioedesoluçõesparaproblemascomuns,de maneiraaconstituirumarededeproteçãosocial. A construção de pactuação, de protocolos e de fluxos possibilita uma corresponsabilizaçãodaredesocioassistencialnapromoçãodaautonomiadasfamíliasedos usuários, o que aponta para a necessária continuidade das ações no intuito de se alcançar efetividadenosresultados. ApreocupaçãoquantoàintegralidadeinternaestánabasedoProtocolodeGestão Integrada de Serviços, Benefícios e Transferências de Renda no âmbito do Sistema Único de Assistência Social (2009). O Protocolo estabelece responsabilidades compartilhadas pelos entesfederados,necessáriaarticulaçãoentreasaçõessocioassistenciaiseosmeiosparaquea integração ocorra. O documento estipula procedimentos para garantir a oferta prioritária de serviçossocioassistenciaisparaasfamíliasbeneficiáriasdoProgramaBolsaFamília(PBF)edo Programa de Erradicação do Trabalho Infantil (PETI), assim como para os beneficiários do 122 BenefíciodePrestaçãoContinuada(BPC).Ainda,quantoaosbenefícios,ressaltaosmeiospara queelessejamassociadoseintegradosaosserviços,consolidandooentendimentodequeos riscosevulnerabilidadesnãoserestringemàdimensãoderenda,equeaofertasimultâneade renda somada ao acompanhamento familiar por meio dos serviços, programas e projetos, potencializaacapacidadeorganizativa,deautonomiaeprotetivadasfamílias,minimizandoou superandopossíveisciclosdeviolênciaeriscosocialepessoal. O Protocolo de Gestão Integrada (2009) também destaca a integração na perspectivadassegurançasaseremafiançadaspelaproteçãosocial,oqueindicaaarticulação, integração e estabelecimento de fluxos entre os níveis de proteção social. Nesse sentido, a segurançaderendadeveserassociadaàssegurançasdoconvíviofamiliarecomunitárioeda autonomia, isto é, o acesso de indivíduos e famílias a benefícios socioassistenciais e à transferência de renda deve ser associado à oferta de serviço socioassistenciais no SUAS, ofertadospeloCRAS,CREAS(localouregional),CentroPOP,dentreoutros,nosterritóriosque possuemestasunidades. OtextoIntegralidadecomoFimnaProduçãodaCidadaniado Cuidado,trazalgunsimportantessubsídiosparapensaraintegralidade. Disponívelem: http://www.epsjv.fiocruz.br/dicionario/verbetes/intsau.html Soma-seàofertadeaçõessocioassistenciaisintegradas,arelevânciadeassociá-las às ações de vigilância socioassistencial. O planejamento e a execução de ações devem ser orientados pela análise cuidadosa dos dados e informações produzidas para o nível do território, o que permite a identificação e a localização das famílias que, por meio da busca ativa,poderãoserinseridasnosserviçosoubenefíciossocioassistenciais. Chegamos,assim,aofinaldestecurso!Esperamosqueessaexperiênciatenhasido significativaparavocêequeesseprocessodeaquisiçãodeconhecimentospossateauxiliarno aprimoramento de suas competências pessoais, profissionais, a desenvolver suas potencialidadese,sobretudo,motivá-loembuscadenovasaprendizagens. 123 REFERÊNCIAS ALMEIDA,AidêCançado.ProjetoPNUDBRA/12/006.Produto3:DocumentocomOrientações Técnicasparaaprimoramentodoplanejamentoeexecuçãodosserviçoseaçõesrealizadospor equipesvolantes.Brasília,2014. ______.ProjetoPNUDBRA/12/006.Produto1:Documentotécnicodescritivoeanalítico contendoasistematizaçãodolevantamentobibliográficosobreaáreadaAssistênciaSocial. Brasília,2013. ______.ProjetoPNUDBRA/12/006.Produto2:Documentotécnicodescritivoeanalítico contendoasistematizaçãodasentrevistasrealizadaseinformaçõesobtidasduranteotrabalho decampoparaconhecerosserviçoseaçõesdeproteçãosocialbásicaexecutadosporequipes volantes.Brasília,2014. 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