Política de Assistência Social Referências CFESS. Parâmetros para atuação de Assistentes Sociais na Política de Assistência Social. Brasília-DF, 2009 (Série: Trabalho e projeto profissional nas políticas sociais). OLIVEIRA, H. M.J. Cultura Política e Assistência Social: desafios à consolidação de uma singular política pública no âmbito da proteção social. In: Revista SER SOCIAL 12 pag 9 a 36. Programa de Pós-Graduação em Política Social. Departamento de Serviço Social v.1 nº1. Brasília: UnB, 1998. Objetivos Discutir a Política de Assistência Social no contexto dos Sistemas de Proteção Social. Indicar tendências presentes na Cultura Política da Assistência Social O que é a Política Nacional de Assistência Social PNAS? É uma política que junto com as políticas setoriais, considera as desigualdades sócio-territoriais, visando seu enfrentamento, à garantia dos mínimos sociais, ao provimento de condições para atender à sociedade e à universalização dos direitos sociais. Público O público dessa política são os cidadãos e grupos que se encontram em situações de risco. Ela significa garantir a todos, que dela necessitam, e sem contribuição prévia a provisão dessa proteção. Sistema de Seguridade Social no Brasil CF/88: Assistência, Previdência e Saúde – direitos sociais Parâmetros de organização da Assistência Social • Descentralização político-administrativa • Participação da população (CF e LOAS) • Responsabilidade de Estado: pressupondo visão de universalidade e de cobertura e de atendimento Distância entre “ótimo abstrato” e “péssimo concreto”. Marcos Legais da Política de Assistência Social • Constituição Federal de 1988; • Lei Orgânica da Assistência Social – LOAS/1993; • Política Nacional de Assistência Social – PNAS/2004; • Norma Operacional Básica da Assistência Social – NOB SUAS/2005; • Norma Operacional Básica de Recursos Humanos – NOB RH/2006; • Protocolo de Gestão Integrada de Serviços Benefício e Transferências de Renda no Âmbito do SUAS – 2009; • Tipificação Nacional de Serviços Socioassistenciais – 2009; A inserção da assistência social na seguridade social, com a Constituição Federal de 1988, aponta para seu caráter de política de proteção social articulada a outras políticas da área social e econômica, destinadas à garantia de direitos e a melhoria da qualidade de vida de todas as pessoas. PNAS, 2004. A proteção social refere-se às ações destinadas a resguardar todas as pessoas das situações de vulnerabilidade e risco social inerentes aos ciclos de vida, bem como responder as necessidades geradas em diferentes momentos e contextos históricos relacionadas a uma multiplicidade de situações individuais ou coletivas. Caderno SUAS – estruturação e implantação do Sistema Único de Assistência Social para Estados e Municípios: Caderno 1 – SUAS: configurando os eixos de mudança. A desigualdade social, inerentes à sociedade capitalista contemporânea, acarreta diferentes modalidades de desproteção social que exigem ação estatal para seu enfrentamento, tais como ausência ou insuficiência de renda, desemprego ou trabalho precário, acesso restrito ou nulo a serviços sociais, vivência de discriminações e preconceitos, e a perda ou fragilização de vínculos familiares, comunitários e de pertencimento. Sistema Único de Assistência Social Sistema Único país; compõem um conjunto articulado e integrado, entre: serviços, programas, projetos e benefícios; entes federados; público e privado. é organizado de modo a apresentar-se: como uma unidade; sistema nacionalizado, com mesma organização em todo o Assistência Social política pública, dever do Estado e direito de cidadania, destinada a todos que dela necessitar. Afiança as seguintes seguranças sociais: Acolhida; Renda; Convívio Familiar e Comunitário; Desenvolvimento da Autonomia; Sobrevivência a riscos circunstanciais. Sistema Único de Assistência Social Proteção Social garantia das seguranças afiançadas pela política de assistência social Serviços, Programas, Projetos e Benefícios organizados a partir da complexidade que o atendimento socioassistencial exige proteção social básica proteção social especial Proteção Social Básica Objetivos: Prevenir a presença e o agravo de vulnerabilidades e riscos sociais por meio do desenvolvimento de potencialidades e aquisições, do fortalecimento de vínculos familiares e comunitários, e da ampliação do acesso aos direitos de cidadania. Conhecer, de modo territorializado, a incidência das situações de vulnerabilidade social; Contribuir na ampliação da capacidade e dos meios para que as famílias revertam às situações de vulnerabilidade vivenciadas. Proteção Social Básica Assume como foco de atuação a ação preventiva, protetiva e proativa, reconhecendo a importância de responder as necessidades humanas de forma integral, para além da atenção a situações emergenciais, centradas exclusivamente nas situações de risco social. Por essa razão, afirma-se que a proteção social básica possui uma dimensão inovadora, pois supera a histórica atenção voltada a situações críticas, que exigiam ações indenizatórias de perdas já instaladas, mais do que asseguradoras de patamares de dignidade e de desenvolvimento integral. Proteção Social Especial É destinada ao atendimento de famílias e indivíduos que se encontrem em: a)situação de risco pessoal e social ou violação de direitos, por ocorrência, de: abandono; violência física ou psicológica; abuso ou exploração sexual; cumprimento de medidas socioeducativas; situação de rua; trabalho infantil; e outras, e a)situação de contingência, necessitando de cuidados especializados em decorrência de deficiência ou processo de envelhecimento. Serviços Socioassistenciais PROTEÇÃO SOCIAL BÁSICA 1. Serviço de Proteção e Atendimento Integral à Família – PAIF 2. Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos 3. Serviço de Proteção Social Básica no Domicílio para Pessoas com Deficiência e Idosas PROTEÇÃO SOCIAL ESPECIAL Média Complexidade 1. Serviço de Proteção e Atendimento Especializado a Famílias Indivíduos – PAEFI 2. Serviço Especializado de Abordagem Social 3. Serviço de proteção social a adolescentes em cumprimento de medida socioeducativa de Liberdade Assistida (LA) e de Prestação de Serviços à Comunidade (PSC) 4. Serviço de Proteção Social Especial para Pessoas com Deficiência, Idosos(as) e suas Famílias 5. Serviço Especializado para Pessoas em Situação de Rua Alta Complexidade 6. Serviço de Acolhimento Institucional 7. Serviço de Acolhimento em República 8. Serviço de Acolhimento em Família Acolhedora 9. Serviço de proteção em situações de calamidades públicas e de emergências Unidades e Serviços da Proteção Social Básica São Serviços da Proteção Social Básica, de acordo com a Tipificação Nacional de Serviços Socioassistenciais: Serviço de Proteção e Atendimento Integral à Família – PAIF; Serviços de Convivência e Fortalecimento de Vínculos; Serviço de Proteção Social Básica no Domicílio para Pessoas com Deficiência e Idosas; Constituem Unidades de Implementação dos serviços, programas e projetos da Proteção Social Básica: Centro de Referência de Assistência Social – CRAS; Centro de Juventude; Centro de Convivência dos Idosos; e demais unidades que ofertam serviços, programas/projetos da Proteção Social Básica. Centro de Referência de Assistência Social – CRAS O CRAS deve localizar-se em áreas que concentram situações de vulnerabilidade social. Caracteriza-se como a principal porta de entrada do SUAS, ou seja, é uma unidade que possibilita o acesso de um grande número de famílias à rede de proteção social de assistência social. Deve dispor de espaços que garantam a oferta de ações, procedimentos e serviços previstos pelo PAIF e demais serviços ofertados. Os CRAS devem funcionar, no mínimo, por 40 horas semanais, 5 dias por semana. Alguns Números Segundo o Censo CRAS 2009, há atualmente no Brasil: 5.798 CRAS 4.329 municípios 77, 8% Sendo: 5.355 CRAS cofinanciados pelo governo federal. E ao final de 2010 poderemos chegar a 7.190 CRAS cofinanciados no país. Alguns Números Formação Profissional da Equipe de Referência do CRAS (Censo CRAS, 2009) Regimes de Welfare State (Esping-Andersen) Social-democrata Conservador/corporativista Residual ou liberal (ou institucional (meritocrático-particularista) redistributivista) Características - abrangente - cobertura universal - benefícios garantidos como direitos - benefícios desvinculados de contribuição por parte do beneficiário -assegura mínimos vitais com critérios de equidade e não de mérito -caráter mais desmercadorizante e universalista Países: Norte da Europa (países escandinavos) Características Características - caracteriza-se pelos testes de meios para eleger beneficiários - beneficiários são atendidos a partir de critérios de seletividade e mérito - limites para intervenção estatal e espaços para mercado distribuir benefícios - o direito do beneficiário não está tão ligado ao desempenho e sim a Países: Europa Continental comprovação das (Alemanha, Austria, Japão, Bélgica necessidades. etc), América Latina/ Brasil Países: Estados Unidos, (Draibe). Austrália, Canadá, Suiça. - marcado pelo corporativismo e esquemas de estratificação ocupacional - vincula ao emprego o acesso aos benefícios - tem como fundamento a previdência estatal e compulsória -premissa de que pessoas provê suas necessidades com base no trabalho (mérito). Proteção Social (Fleury) – Dimensões Política Institucional - Expressão jurídica e política - Cidadania Invertida - Cidadania Regulada - Cidadania Universal - Natureza da proteção social - Assistência Social - Seguro Social - Seguridade Social Crítica ao modelo: - não é a perspectiva da CF/88 e da LOAS - reconhece mercado como canal de satisfação das demandas sociais - Assistência Social tem conotação de assistencialismo (filantropia e práticas caritativas) Proteção Social - Vianna - Relata dificuldade de transportar conceitos de uma realidade para outra (padrões americanos de proteção social). Análise: Crise do Sistema de Proteção Social no Brasil tem como elemento importante o fato da orientação legal ser inspirada no modelo socialdemocrata, de caráter universalista e a vertente pragmática seguir uma tendência mais liberal, de origem norte-americana. Argumento central Comportamento político afeta as diferentes área da Seguridade Social, impedindo a sua consolidação nos moldes legalmente estabelecidos. A cultura política permitiu a emergência, consolidação e crise dos sistemas de proteção social. Desenvolvimento da Assistência Social LOAS - Construção de nova dinâmica de gestão da Assistência Social. - Perspectiva de uma cultura democrática. - Perfil universalista e redistributivo de atendimento à população. Convive com: Mentalidades e valores das culturas com traço conservador Estímulo às ações emergenciais de caridade e pronto-socorro aos pobres Assistência Social As ações são sustentadas por uma cultura política: 1. Que comportamentos políticos se inscrevem no contexto? 2. A que modelos de Assistência Social dão origem? Conclusão: Distintas orientações políticas podem ser favorecedoras de práticas democráticas ou de práticas elitistas e clientelistas. Cultura Política e Assistência Social Reflexo de processo de construção permanente onde os valores dos atores sociais recebem influência dos acontecimentos da política. Valores sofrem interferências de: 1. atitudes políticas - identificação partidária 2. pertinência cultural - filiação religiosa e origem étnica 3. variáveis demográficas – idade, sexo, nível de renda, grau de instrução 4. níveis de participação e informação política 5. opiniões sobre as instituições e classe política Distintas classificações de culturas políticas (Viola e Mainwaring) 1. autoritárias de direita: autoristarismo político + elitismo social 2. autoritárias de esquerda: igualitarismo social + autoristarismo político 3. semidemocráticas: atitude instrumental em face da democracia 4. democráticas liberais: defendem democracia representativa de um ponto de vista instrumental 5. democráticas radicais: crença na democracia política com preocupação com igualitarismo social A eliminação do regime autoritário não significou a superação dos altos níveis de elitismo e clientelismo que continuam a caracterizar estilo de fazer política no país. Culturas que mais incidem na composição da Assistência Social Democrática Características - pauta-se por marcos descentralizados e participativos - gestão negociada e articula da política entre Uniao, Estados e Municípios - definição de atribuições e comando único em cada esfera de governo - organização e funcionamento das instâncias partitarias e deliberativas de gestão - incumbe ao Estado papel decisivo no enfrentamento da pobreza. Tecnocrática Clientelista Características Características - política com perfil limitado e - incidência do clientelismo ambíguo estímulo às ações emergenciais e descontínuas despolitização dos mecanismos de participação social - Assist Social é vista como ação compensatória para neutralizar riscos - descentralização se limita a um processo administrativo - respeito à hierarquia - (ideia de dádiva e favor) - gestão desarticulada e fragmentada se limitando a concessões pontuais e descontínuas. - em tempos de crise social, as necessidades sociais transformam-se em moeda de troca para obtenção de favores. Variáveis presentes nas concepções orientadoras da Política de Assistência Social Descentralização: pirâmide de governos com o poder fluindo do topo para baixo, remetendo responsabilidade da gestão para outra instância. Federalismo: matriz de governos com poderes distribuídos (autonomia decisória). LOAS: Prevê descentralização política e administrativa Críticas a implementação: - Centralização de capacidade decisória a nível federal, inviabilizando equidade social e incentiva disputas regionais. Filantropia Assistência Social - ótica do dever moral - pode estar submetida a interesses clientelistas e paternalistas espaço da ação voluntária e espontaneísta - se move na contramão do direito - caráter público - defesa e garantia de direitos - transparência das ações -primazia do Estado na execução das ações - Gratuidade