Juliene Azevedo Oliveira

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JULIENE AZEVEDO OLIVEIRA
Efeitos da Psicoterapia e da Ioga nos indicadores de Depressão e
Ansiedade em Mulheres idosas.
Dissertação
apresentada
ao
Programa
de
Pós-graduação
Stricto Sensu em Educação Física
da Universidade Católica de
Brasília como requisito para
obtenção do título de mestre.
Orientador: Prol Dr. Ricardo Mário Arida
BRASÍLIA DF
2005
11
Dissertação
defendida
em_-'O""-......
S'--__de__--"'S_\:_1...;:.LI.:....4'-"Ü'--
e
aprovada,
de J.(lO
Pela banca examinadora constituída pelos professores:
Prof. Or. Ricardo Mário Arida
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Prof. Dr. Ricardo Jacó de Oliveira
c~;I\~
Prõt::hííícls"co Martins da Silva
iii
5
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho aos meus pais Helio Oliveira
e lvlárcia 1vleire que souberam ser compreensivos e
sempre apoiaram irrestritamente a realização deste.
IV
AGRADECIMENTOS
Dedico este espaço às pessoas que foram importantes no êxito deste trabalho.
A Deus, que em todas os momentos manifestou sua presença trazendo tranqüilidade e
discernimento nos momentos difíceis.
Aos meus irmãos Silvia e Hélio pela compreensão.
Ao meu diretor, prof'. Df. Ricardo Jacó de Oliveira que com seu notório saber
ajudou-me a crescer pessoalmente e profissionalmente, tornando - se pai e amigo presente.
Ao Prof. Df. Ricardo Mário Arida que me orientou nesta reta final com paciência e
dedicação.
Ao tio André Dutra que com amor motivou-me a sempre estar alegre, e que a
dedicação a este trabalho seria um passo grandioso.
A equipe do Laboratório LEEFS, em especial a Isabela Parente, Misael, Alessandra,
Elen Marques, Marco Aurélio e Weslen que com carinho e carisma estavam sempre
dispostos a apoiar-me no que fosse necessário.
Ao meu noivo Poty que com amor e tranqüilidade esteve sempre presente para
motivar-me.
Aos prof. Df. Adriana Giavoni, que estivera sempre disposta a apoiar-me com
orientação e coleguismo.
A todas as senhoras voluntárias que participaram do estudo com assiduidade e
responsabilidade.
Aos meus colegas de mestrado: Lídia Mara, Ricardo Lira, Carlos Magno, Luciana,
Adriano e Moacir que sempre tiveram espírito de coleguismo.
v
Até aqui nos ajudou o Senhor
(1 SamueI 7-12 b)
VI
1
SUMÁRIO
l.INTRODUÇÃO
3
2.0BJETIVO
5
3.REFERENCIAL TEÓRICO
5
3.I.Envelhecimento
5
3.I.l.Conceituação de velhice
5
3.1.2.Aspectos Sociais do Envelhecimento
7
3. I .3.Aspectos Psicológicos do Envelhecimento
8
3.1.4.Aspectos Neurofisio1ógicos do Envelhecimento
9
3.2.Depressão
10
3.3.Ansiedade
13
3.4.Ioga
16
3.5.Psicoterapia
19
4. METODOLOGIA
19
4.I.Caracterização da pesquisa
21
4.2.População
21
4.3.Amostra
21
4.4. Local de realização
22
4.5. Instrumentos
22
4.5.I.Questionário de Saúde e Hábitos de Vida
22
4.5.2. Testes Psicológicos
23
4.6.Procedimentos Experimentais
23
4.6.I.Ioga
24
4.6.2.Psicoterapia
24
4.7.Tratamento Estatístico
25
2
4.8.Comitê de Ética
25
5. RESULTADOS
25
6.DISCUSÃO
27
7. CONCLUSÃO
32
8.REFERENCIAS BIBLIOGRÃFICA
33
9.ANEXOS
40
ANEXO A - Questionário PAR-Q (ACMS, 1998)
41
ANEXO B - Inventário de Depressão Beck.
42
ANEXO C - Inventário de Ansiedade Traço - Estado: !DATE.
45
ANEXO D - Aceite do comitê de ética
48
ANEXO E - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
49
lO.ABSTRACT
52
52
RESUMO
o propósito deste estudo foi verificar os efeitos da psicoterapia e da ioga na
depressão e ansiedade de mulheres idosas. A amostra foi composta por 32 mulheres
com idade média de 65 anos, subdividida em três grupos distintos - grupo I (G1 - Ioga,
n= 15), grupo II (GIl - Psicoterapia, n= 14), grupo UI (GUI - Psicoterapia e Ioga, n=
13). A prática de Ioga foi realizada três vezes por semana e psicoterapia uma vez por
semana, durante 24 semanas. Os indicadores de depressão foram avaliados através do
Inventário de Depressão de Beck (Beck Depression lnventory - BOI), e os indicadores
de ansiedade foram avaliados através do inventário de Ansiedade Traço-Estado
(lDATE) antes e após o tratamento (Ioga e Psicoterapia). Após 24 semanas verificamos
a mudança, houve uma diminuição nos indicadores de depressão e ansiedade no GIlI
(Ioga e Psicoterapia). Os resultados do nosso estudo sugerem que a prática de Ioga
associada à Psicoterapia pode alterar os níveis de ansiedade e depressão em mulheres
idosas.
Palavra-chave: Psicoterapia, Ioga, Ansiedade, Depressão.
11.ABSTRACT
The aim of this study was to verify the effect of yoga and psychotherapy on
depression and anxiety leveIs in elderly women. The sample was consisted of 32 women
with mean age of 65, subdivided into three different groups - group I (GI Yoga, n = 15),
group II ( GIl Psychotherapy, n= 14), group UI (GIII - Psychotherapy and Yoga, n=
13). They practiced yoga three times a week and had psychotherapy sessions once a
week for 24 weeks. The depression indicators were assessed using the Beck Depression
53
Inventory - BDI, and the anxiety indicators were assessed using the Anxiety Trace State
(IDATE) before and after treatment (Yoga and Psychotherapy). The changes were
checked 24 weeks later. There was a decrease in both anxiety and depression indicators
in GIII (Yoga and Psychotherapy). The results of this study suggest that the practice of
Yoga combined with Psychotherapy may alter anxiety leveIs as wel1 as depression
leveIs in elderly women.
Palavra-chave: Psychotherapy, Yoga, Anxiety, Depression.
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4
a falta de sintonia com a mentalidade do tempo presente, o desinteresse pelo cotidiano,
o humor irritadiço, a desconfiança no futuro e o desamor ao trabalho.
A depressão é um problema comum em pessoas idosas especialmente entre as que
possuem várias enfermidades médicas. O envelhecimento provoca numerosas perdas
que poderiam influenciar a produção de uma síndrome depressiva, como por exemplo, a
perda da saúde, do companheiro e dos papéis sociais. O transtorno do humor na terceira
idade é uma enfermidade séria. Segundo CVJETKOVIÃ (2000), a taxa de suicídio entre
os idosos é muito alta, sendo que cerca de 90% sofrem de depressão. Para CHEN
(1999), a depressão aumenta em 80 a 83% a incidência de óbitos entre pessoas idosas. O
tratamento adequado inclui a redução e o solucionamento dos sintomas, prevenindo sua
recorrência, desta forma melhorando a qualidade de vida e reduzindo a mortalidade e os
custos com a saúde.
Para os de transtornos do humor temos os medicamentosos, embora possam
causar efeitos colaterais, e até mesmo dependência. Temos os tratamentos alternativos
interessantes que podem levar à diminuição do transtorno do humor; a psicoterapia
breve de grupo e a atividade fisica.
A psicoterapia breve em grupo proporCIOna em seu sentido genérico, como
prática que se propõe a ajudar pessoas com sofrimentos psicológicos, inclusive naquilo
que as incomoda, que lhes trazem sofrimentos, como por exemplo, o envelhecimento, e
as suas alterações psíquicas, visando troca de vivências e reinserção ao convívio social
(FONSECA, 1996).
O exercício fisico orientado traz beneficios que podem levar ao bem-estar fisico,
mental e a autoconfiança, por meio do domínio do corpo, redução do stress, diminuição
da ansiedade e melhora no autoconceito (PERAL TA, 1999).
5
Muitos estudos têm mostrado a influência da atividade fisica na ansiedade e
depressão. Vários tipos de exercícios fisicos podem interferir neste processo. A Ioga
tem sido amplamente utilizada como ferramenta para reduzir a ansiedade e depressão
(JACOB, 1994; HOFFMAN, 2003). Sendo o transtorno do humor uma psicopatologia
vivenciada na terceira idade, principalmente nas mulheres, a essência deste estudo foi
compreender se existe alguma influência da Ioga e da psicoterapia breve em grupo de
apoio na ansiedade e depressão em mulheres idosas.
2. OBJETIVO
Verificar os efeitos da psicoterapia breve de grupo e da Ioga nos indicadores de
depressão e ansiedade em mulheres idosas.
3. REFENCIAL TEÓRICO
3. I. ENVELHECIMENTO
3. I. I.CONCEITUAÇÃO DE VELHICE
O envelhecimento pode ser definido como uma série de processos que ocorrem
nos organismos vivos e que, com o passar do tempo, leva à perda da adaptabilidade, à
alteração funcional, que resulta na morte (NETTO, 1996; PERALTA, 1999).
PERALTA (1999), observou que existe a dificuldade de classificar o inicio da
velhice. A senilidade começa em diferentes idades para distintas pessoas. O declínio do
funcionamento corporal começa cedo para algumas pessoas, mais tarde em outras, e,
esse evidente envelhecimento fisico seria um sinal importante do começo da terceira
idade. A idade cronológica constitui um indicador não tão satisfatório do
envelhecimento, menor ainda do que a maneira como a pessoa se sente ou atua. Estima-
6
se que, a partir dos trinta anos, perde-se anualmente cerca de I % do nosso potencial
orgânico, sem que isso signifique que o idoso torna-se doente (GUIMARÃES, 1999).
As transformações no corpo durante os anos constituem-se em eventos
extremamente significativos para a mulher. Isto ocorre porque o corpo pOSSUi um
significativo social e, por extensão, um significativo psicológico que vai interferir
diretamente na auto-estima e na personalidade desta mulher idosa (BARRETO, 1992).
A esse respeito, SCHROOTS & BIRREN (1990) procuraram definir diferentes
conceitos de tempo e suas relações com o envelhecimento:
•
Tempo físico: medidos em calendário, relógio, data de nascimento e outros. É
mensurável e quantificável, podendo ser relacionado à idade do organismo. Esse
tempo físico não corresponde ao tempo biológico, fazendo sentido apenas na
perspectiva pura do relógio e do calendário;
•
Tempo biológico: é aquele que se refere aos relógios biológicos, ritmos circadianos
e metabólicos de sincronização individual;
•
Tempo psicológico: definido como a experiência subjetiva do tempo e o modo
como este é percebido e vivenciado pelo individuo.
Compreende-se então que, no envelhecimento, todos esses componentes estão
presentes em maior ou menor grau, contribuindo, portanto, para dificultar uma
definição cronológica da velhice.
3.1.2.ASPECTOS SOCIAIS DO ENVELHECIMENTO
O processo de envelhecer, como já foi visto anteriormente não é composto apenas
do processo fisiológico, o aspecto social é muito importante nesta fase do
desenvolvimento. Envelhecer é um processo multi fatorial e, geralmente, associa-se
velhice à enfermidade. É certo que há mais problemas de saúde com pessoas velhas que
7
com jovens, mas
ISSO
não detennina que a velhice esteja necessariamente ligada a
doenças (PERALTA, 1999).
A velhice não é bem qualificada por muitas pessoas que a concebem nos outros,
mas nunca em si próprios. Existem vários estereótipos acerca da terceira idade, que
apresentam seus ganhos a aspectos positivos da velhice, referindo-se a ela, por
exemplo, como a época de tranqüilidade, idade de ouro, de paz e sabedoria. Porém, a
maior parte dos aspectos são negativos, ressaltando perdas e limitações nas pessoas
idosas, tais como, diminuição da coordenação, cansaço, doenças freqüentes,
incapacidade de recordar as cOIsas mais simples, e ausência de desejo sexual
(PAPALIA & OLDS, 1998).
A perda de capacidades pode começar bem cedo e nem sempre é ocasionada por
doenças, isso quer dizer que baixo nivel de capacidade funcional numa pessoa idosa
não é necessariamente conseqüência de "velhice". Nossa sociedade é ideologicamente
orientada para os mais jovens e envelhecer numa cultura de jovens, pode significar a
perda de papéis e de valor social, pois o modelo social de pessoa perfeita e completa é o
modelo jovem, principalmente a mulher jovem. Nesse sentido, para a mulher,
envelhecer pode significar perder a beleza, a juventude e a capacidade de atração
sexual, pois esses três elementos citados estão diretamente relacionados com a
aceitação social da mulher. Pode-se inferir, então que a estruturação do ego da mulher
depende em grande parte de fatores externos a própria mulher (CHANIDERMAN,
1996; PERALTA, 1999).
Existem dois tipos de envelhecimento, o normal e o patológico. O nonnal seria
aquele advindo do desenvolvimento do ser humano, que ocorrem alterações estruturais
e funcionais, e que tem ausências de patologias biológicas e psicológicas. O
8
envelhecimento patológico tem presença de síndromes típicas da velhice e/ou de
doenças crônicas (NETTO, 1996).
3.1.3. ASPECTOS PSICOLÓGICOS DO ENVELHECIMENTO
Os aspectos fisiológicos juntamente com os sociais influenciam os psicológicos,
todos estes aspectos são extremamente importantes para entender o envelhecimento.
Em relação às caracteristicas psicológicas deste periodo, as alteraçôes são muito
individuais, pois cada um lida de uma forma particular com as mudanças e isto
dependerà da estrutura psíquica de cada um e das questões sociais e orgânicas
envolvidas (NERI, 1995).
Dentre os aspectos psicológicos relacionados à velhice estão a constante
elaboração de perdas, adaptação às mudanças e reafirmação da identidade (PASIAN &
JACQUEMIN 2001).
PIKUNAS (1979) descreve algumas alterações cognitivas que irão influenciar no
modo do idoso perceber a si mesmo e considerar-se como capaz ou incapaz. Segundo o
autor, a falha de memória, a diminuição do desempenho em execução de tarefas
simples (capacidade funcional), o déficit de atenção e ainda outras modificações,
aliadas a um controle emocional diminuto e a uma exacerbação de pequenos
sofrimentos e sintomas, podem desenvolver no idoso sentimento de inutilidade social.
3.1.4. ALTERAÇÕES NEUROFISIOLÓGICAS DO ENVELHECIMENTO
O envelhecimento fisiológico compreende uma série de alterações nas funções
orgânicas e mentais devido, exclusivamente, aos efeitos da idade avançada sobre o
organismo, fazendo com que o organismo perca a capacidade de manter o equilíbrio
homeostático e que todas as funções fisiológicas gradualmente comecem a declinar
9
(LEITE, 1990; STRAUB et aI., 2001). Tais alterações têm por característica principal a
dimínuíção progressiva da reserva funcional. Isto significa que um organismo
envelhecido, em condições nonnais, poderá sobreviver adequadamente, porém, quando
submetido às situações de estresse fisico ou emocional, pode apresentar dificuldades em
manter sua homeostase e, desta fonna, manifestar sobrecarga funcional, a qual pode
culminar em processos patológicos, uma vez que há o comprometimento dos sistemas
endócrino, nervoso e imunológico (JACOB et aI., 1994; STRAUB et aI., 2001).
Durante o envelhecimento vários processos fisiológicos se modificam. No
sistema nervoso central, ocorre uma diminuição do seu volume (perda de neurônios)
(BERGER & MAILLOUX-POIRIER, 1995; STRAUB et aI., 2001). As funções
intelectuais também se alteram, como dificuldade nos processos de aprendizagem e de
memória, o que provavelmente está relacionado com as alterações químicas,
neurológicas e circulatórias que afetam a função cerebral (BRAVER & BRACH, 2002).
Por conseguinte, há uma assimilação mais lenta de conhecimento, refletindo
significativamente na fonnação de memória de curto prazo (imediata) apesar da
conservação da memória de longo prazo (fixação). Entretanto, em relação à inteligência,
não se pode afinnar que haja declinio acentuado com o_avançar da idade, o que ocorre é
fadiga mental, desinteresse, diminuição da atenção e concentração; fatores estes que
geralmente estão associados ao declinio da inteligência (BERGER & MAILLOUXPOIRIER, 1995; BRAVER & BRACH, 2002).
Tem sido relatada também a existência de uma ligeira perda na aptidõe
psicomotora, em especial por capacidades naquelas relacionadas à coordenação, à
agilidade mental e aos sentidos (visão e audição) levando os idosos a um desempenho
menos satisfatório quando submetidos a testes que exigem rapidez de execução ou longa
duração (BERGER & MAILLOUX-POIRIER, 1995; BRAVER & BRACH, 2002).
10
Além disso, ocorre uma diminuição na velocidade dos reflexos e da execução de gestos
e um aumento do tempo de reação devido à diminuição da resposta motora a um
estímulo sensorial (BERGER & MAILLOUX-POIRIER, 1995).
A mudança mais rápida e dramática acontece em mulheres em tomo dos 50
anos, período este que se convencionou chamar de menopausa. Há, nesta fase,
diminuição progressiva dos níveis de estrógenos e diminuição da atividade das
glândulas sudoríparas (RUIPEREZ & LLORENTE, 1998). Entretanto, as duas
mudanças mais importantes do ponto de vista clínico na atividade endócrina durante o
envelhecimento envolvem o pâncreas e a tireóide. Aproximadamente 40% dos
indivíduos com idades entre 65 - 74 anos e 50% dos individuas com mais de 80 anos
possuem algum problema relacionado à capacidade de tolerância a glicose, ou diabete
mellitus (RUIPEREZ & LLORENTE, 1998).
3.2. DEPRESSÃO
A palavra depressão vem do latim deprimere: de (baixar) e premere (pressionar),
que literalmente significa abaixanlento do nivel causado por peso e pressão. A
depressão se insere nas classificações nosográficas dos manuais psiquíátricos intituladas
transtorno do humor, que englobam transtorno bipolar e suas variantes, como a
ciclotimia e transtorno depressivo maior e suas variantes, como a distimia. A décima
versão da classificação internacional de doenças (CIO-lO), formulada pela OMS,
estabeleceu 36 subdivisões para transtornos do humor. Um conjunto de sintomas e
comportamentos foram estabelecidos para facilitar seu diagnóstico, entre eles o humor
deprimido, a perda de interesse ou prazer por atividades, apetite diminuído,
fadigabilidade ou cansaço, baixa auto-estima ou idéias de culpa, diminuição da
concentração, idéias ou atos de auto-agressão e alteração do sono (OMS, 1993).
II
A ausência de esclarecimento da etiologia da depressão justifica-se, talvez, pela
heterogeneidade dos sintomas por ela apresentados (DUNN & DISHMAN, 1991), ou
pela variedade de respostas a uma mesma intervenção entre pessoas com o mesmo
diagnóstico. Apesar de vários progressos nesta área, a relação da depressão com a
hereditariedade, influências ambientais, marcadores biológicos ou anomalias biológicas
comuns aos portadores, ainda se encontra no campo especulativo (RODRIGUES, 2000).
A depressão em pessoas idosas é um problema cuja prevalência está aumentando,
afetando cerca de 15% da população com mais de 60 anos. Vários fatores podem
explicar esse aumento. Em primeiro lugar, a percentagem dessa população está
aumentando. Em segundo lugar, depressão é uma doença mental comum em qualquer
idade. Depressão na velhice pode ser uma recorrência de episódios que iniciaram
precocemente na vida, uma continuação de depressão crônica que ocorre cedo, ou
episódios originados após os anos 60. Dessa forma, é possível encontrarmos todos os
tipos de depressão entre os idosos: depressão bipolar, depressão maior crônica, distúrbio
dístmico, distúrbio de ajustamento ambos em episódios únícos ou recorrentes. Muitas
vezes a depressão em idosos não é diagnosticado a tempo, em conseqüência de seus
sintomas serem atribuídos e mascarados por outras patologias. Presume-se que 70 a
90% dos casos de depressão na velhice não sejam diagnosticados por este motivo
(MILLS & HENRETTA, 2001).
Do ponto de vista vivencial, o idoso está numa situação de perdas continuadas; a
diminuição do suporte sócio-familiar, a perda do status ocupacional e econômico, o
declínio fisico continuado, a maior freqüência de doenças físicas e a incapacidade
pragmática crescente compõem o elenco de perdas suficientes para um expressivo
rebaixamento do humor. Também do ponto de vista biológico, na idade avançada é
12
mais freqüente o aparecimento de fenômenos degenerativos ou doenças físicas capazes
de produzir sintomatologia depressiva (BEEKMAN, 1995; GIRLING, 1995).
Assim sendo, embora os fatores bio-psico-sociais agravantes possam estar
associados ao rebaixamento do humor na idade avançada, eles podem gerar confusào a
respeito das caracteristicas clínicas da depressão nessa idade. Os clássicos conceitos de
depressão reativa, depressão secundária e depressão endógena se confundem na
depressão senil (BEEKMAN et.al., 1995; GIRUNG et.al, 1995; VALVANNE et.al,
1996).
O tratamento da depressão no idoso segue quase a mesma orientação do
tratamento em jovens, utilizando apenas um pouco mais de critério pela maior
fragilidade orgânica apresentada por eles. Os antidepressivos são vastamente utilizados
no tratamento da depressão. Mesmo com todo avanço fannacológico, estes
medicamentos apresentam, em alguns casos, efeitos colaterais inconvenientes, como por
exemplo a incompatibilidade dos antidepressivos com outros medicamentos em caso de
patologias associadas, o que é comum no idoso (GIRLNG et.al,1 995; MURPHY, 2000).
Nas últimas décadas, estudos vêm observando uma íntima relação entre o
neurotransmissor serotonina e a saúde mental. Deficiências no sistema serotoninérgico
são presumivelmente responsáveis pela etiologia de algumas desordens emocionais, ou
mostra-se apenas como um cofator importante na fisiopatologia da depressão, mal que
apresenta maior prevalência entre pessoas idosas (WEINSTEIN, 1980; WILLIAMS
WARD & CAMPBELL, 1988; TUNE, 1992).
3.3.ANSIEDADE
Estamos vivendo na era moderna como a idade da ansiedade, associando a este
acontecimento psíquico a agitada dinàmica existencial da modernidade; sociedade
13
industrial, competitividade, consumismo desenfreado e assim por diante. Diz-se que a
simples participação do indivíduo na sociedade contemporânea já preenche, por si só,
um requisito suficiente para o surgimento da ansiedade. Portanto, viver ansiosamente
passou a ser considerado uma condição do homem moderno ou um destino comum ao
qual todos estamos, de alguma maneira, atrelados (BYRNE, 2002).
Em uma questão biológica, podemos dizer que a ansiedade sempre esteve
presente na jornada humana desde a caverna até a nave espacial. A novidade é que só
agora estamos dando atenção à quantidade aos tipos e efeitos da ansiedade sobre o
organismo e sobre o psiquismo humano, de acordo com as concepções da prática
clínica, da medicina psicossomática e da psiquiatria (BYRNE, 2002).
Segundo SONENREICH, KERR, ESTEVÃO (1991), biologicamente a etiologia
da ansiedade parece estar relacionada ao Sistema Noradrenérgico, Gabaérgico e
Serotoninérgico do lobo frontal e do Sistema Límbico. As pessoas ansiosas tendem a ter
tônus simpático aumentado e respondem emocionalmente de forma excessiva aos
estímulos ambíentais, demorando mais a adaptar-se às alterações do Sistema Nervoso
Autônomo (SNA). Sendo a ansiedade uma grande mobiJizadora de distonias
(desarmonias) do SNA, a sintomatologia do Transtorno de ansiedade é rica em
elementos físicos e vegetativos. Portanto, neste tipo de transtorno encontramos não
apenas uma sintomatologia psíquica, mas sobretudo, física. (BYRNE, 2002).
A ansiedade passou a ser objeto de distúrbios quando o ser humano colocou-a
não a serviço de sua sobrevivência, como fazia antes, mas a serviço de sua existência,
com o amplo leque de circunstâncias quantitativas e qualitativas desta. Assim, o
estresse passou a ser o representante emocional da ansiedade. O fato de um evento ser
percebido como estressante não depende apenas da natureza do mesmo, como
acontece no mundo animal, mas do significado atribuído a este evento pela pessoa, de
14
seus recursos, de suas defesas. Isso tudo diz respeito mais à personalidade que aos
eventos do destino em si (NAND1, 2001).
Sobre a sintomatologia geral da ansiedade, recomenda-se a observância de pelo
menos 6 dos seguintes 18 sintomas, quando freqüentemente presentes: 1- tremores ou
sensação de fraqueza; 2-tensão ou dor muscular; 3-inquietação; 4-fadiga fácil; 5-falta de
ar ou sensação de fôlego curto; 6- palpitações; 7- sudorese; 8-boca seca; 9- vertigens e
tonturas; 10- náuseas e diarréia; 11- rubor ou calafrios; 12- polaciúria (aumento de
numero de urinadas); 13- bolo na garganta; 14- impaciência; 15- memória prejudicada;
17- dificuldades de concentração; 18- irritabilidade. Convém sublinhar que esses
sintomas costumam estar relacionado a estresse crônico, pois tem um curso flutuante,
variável e tendência a cronificação. Com certa freqüência a ansiedade está associada à
depressão, á fobia ou a outros sintomas emocionais (BYRNE, 2002).
A ansiedade pode se manifestar em três niveis: neuroendócrino, visceral e de
consciência.
O nivel neuroendócrino diz respeito aos efeitos da adrenalina,
noradrenalina, glucagon, honnônio antidiurético e cortisona. Na consciência, a
ansiedade se manifesta por dois sentimentos desagradáveis: através da consciência das
sensações fisiológicas de sudorese, palpitações, inquietação e através da consciência de
estar nervoso ou amedrontado. No plano visceral a ansiedade corre por conta do SNA
na reação de alanne ns fases de esgotamento (SCHAUB, 2000; STANLEY, 2000).
Muito embora os atuais manuais de classificação de doenças mentais tratem
separadamente os quadros ansiosos afetivas (depressão), autores têm se preocupado em
estabelecer relações entre os estados psíquicos de depressão e ansiedade. KENDELL
(1982), ao longo de cinco anos de observação constata que o diagnóstico de depressão
passa para a ansíedade em 24% dos casos. Pode-se constatar também que antigos
quadros ansiosos costumam evoluir no sentido da depressão (ROTH, 1982, AKISKAL
15
1986). Sustenta ainda a idéia da evolução do estresse para ansiedade e em seguida para
depressão. São conhecidos os expressivos sintomas depressivos em doentes com
transtornos ansiosos e parece não se justiticar, simplesmente, falar em transtornos
ansiosos e depressão secundária.
CUNNINGHAM (1997), encontra sintomas
depressivos em 65% dos ansiosos e ROTH (1972) detecta em grande número de
pacientes, simultaneamente, irritabilidade, agorafobia, ansiedade, culpa e agitação. O
medo, por exemplo, seja de característica fóbica ou não reflete sempre uma grande
insegurança e pode aparecer tanto nos transtorno de ansiedade quanto nos transtornos
afetivos de natureza depressiva.
Principalmente na terceira idade as situações "estressantes" podem levar a
alterações cardiovasculares, hipertensão arterial, com diversas conseqüências, às vezes
graves, como o infarto do miocárdio, doenças gástricas e intestinais (SCHAUB, 2000;
STANLEY,2000).
A associação da depressão com crises de pãnico foi encontrada inicialmente, em
proporções que variam de 64 a 44% dos casos. Os quadros ansiosos com ou sem
depressão secundária, não diferem do ponto de vista da idade de instalação, duração,
tentativas
de
suicídio
versus
depressão.
Ansiedade
e
depressão
diferem
qualitativamente, quantitativamente ou associados (CLANCY, NOYES, HOENK,
SLYMEN, 1978).
3.4. ATIVIDADE FÍSICA
A prática regular de atividade física tem sido associada a mudanças significativas
nos estados psicológicos, gerando um bem-estar e aumentando a resistência do
indivíduo frente ao estresse psicossocial (THIRLAWAY &
MAROULAK1S & ZERVAS, 1993).
BENTON, 1992;
16
Diferentes tipos de exercícios ( aeróbico, alongamento, relaxamento) têm sido
associados a benefícios psicológicos (DUA & HARGREAVE, 1992). Para um melhor
entendimento do presente estudo, faz-se mister a explanação de alguns conceitos:
Atividade física: MATSUDO, MATSUDO & NETO (2001) definem
atividade fisica como "qualquer movimento corporal produzido em conseqüência da
contração muscular que resulte em gasto calórico".
Exercício fisico: de acordo com OKUMA (2002), define o exercício como
sendo uma atividade física orientada e planejada a qual visa atingir objetivos
previamente definidos. Estas mesmas definições são trazidas por GUEDES &
GUEDES (1995), os quais ressaltam a importância de não se utilizar atividade física e
exercício fisico como sinônimos. Muito embora ambos impliquem em gasto de energia
e movimento corporal, o exercício fisico possui algumas particularidades como
repetição, planejamento, suporte e acompanhamento profissional.
A atividade fisica regular desempenha um importante papel no processo de
envelhecimento, no qual estão associados um processo complexo de perdas sociais,
cognitivas e fisiológicas capazes de comprometer a qualidade de vida do individuo
idoso. Porém, o envelhecimento é um processo natural e pode ocorrer de maneira
saudável com algumas alterações no estilo de vida. (MAZZEO et ai., 1998; OLIVEIRA
et ai., 2001).
LI et ai. (2001), mostram que 38% dos idosos apresentam, no minimo, um tipo
de limitação funcional e aproximadamente 88% deles têm pelo menos uma doença
crônica. E essas duas condições, somadas ao sedentarismo, comprometem a capacidade
física para o desempenho satisfatório das atividades da vida diária, aumentando o risco
de quedas e diminuindo a qualidade de vida.
17
A atividade fisica para a terceira idade já alcança algum destaque e há consenso
no reconhecimento dos beneficios tanto em seus aspectos psicossociais como
fisiológicos advindos da prática regular de exercícios fisicos. Da mesma forma, fazer
parte de programas de atividade fisica, aumenta a possibilidade de contatos sociais
proporcionando melhorias significativas na auto-estima e na qualidade de vida das
pessoas (MCWEN, 2000).
Uma atividade fisica interessante para esta fàixa etária seria a Ioga. Dentre os
benefícios fisicos temos as posturas que alongam e tonificam os músculos, ativam a
circulação, aumentando a oxigenação do organismo, o que é essencial para a idosa se
adaptar com mais facilidade às mudanças tlsicas e manter-se equilibrada diante das
alterações hormonais que podem afetar o humor e o bem-estar. Os beneficios mentais
incluem a pratica da respiração permitindo um melhor relaxamento e concentração da
idosa para melhor percepção de seu corpo, podendo atuar como coadjuvante, ou
complementar em tratamentos e terapias (GOMES et. ai., 2004).
A Ioga surgiu na Índia aproximadamente 6.000 anos a.C. É uma modalidade
caracterizada por posturas realizadas com o corpo (longa permanência) e exercicíos
respiratórios. O objetivo principal da Ioga é a integração de um corpo saudável e uma
mente livre de perturbações, através de técnicas milenares passadas oralmente de
mestre a discipulo (BLAY, 1995).
É amplamente reconhecida a utilidade das práticas respiratórias da ioga no
aumento da capacidade pulmonar, por exemplo, no tratamento da asma brônquica com
melhora dos sintomas, diminuindo o do consumo de medicamentos e do periodo de
crises (JOSHI et.al.,1992). A Ioga também proporciona beneficios músculo-esqueléticos
como a melhora na postura promovendo flexibilidade e força nos músculos da coluna e
de todo o corpo.
18
Têm sido também observado com a prática de Ioga, melhora no sistema
cardiovascular como redução da pressão arterial de repouso tanto sistólica quanto
diastólica, diminuição da freqüência cardiaca de repouso, diminuição do stress e níveis
de lipidios, principalmente em idosos (BERA et aI.,
1998; GONZALEZ e
WATERLAND-b, 1998; MANCHANDA & NARANG, 1998; MURUGESAN, 2000;
VYAS & DIKSHIT, 2002).
Efeitos significativos na função cognitiva e psicológica, como uma diminuição da
tensão emocional, da depressão e da ansiedade através das práticas de relaxamento e
meditação têm sido observado (GONZALEZ & WATERLAND-a, 1998).
Entre outros benefícios, os exercícios de ioga reequilibram o funcionamento das
glândulas, incluindo a glândula pineal, responsável pela liberação do neuro-hormônio
chamado melatonina (HOFFMAN, 2003; HASTING, 1997). A Melatonina é uma
substância classificada como indolamina e tem como precursora a serotonina. Apresenta
o seu pico máximo de produção aos 3 anos de idade e declina de forma importante entre
os 60 e 70 anos o que faz com que o idoso tenha um sono de má qualidade (HASTING,
1997; FALCÓN, 1999). Na medida em que envelhecemos nosso Sistema Imunológico
vai perdendo o desempenho vigilante, diminuindo as defesas e permitindo que nosso
organismo fique mais vulnerável às constantes agressões. As pesquisas atuais têm nos
sugerido haver uma importante relação entre alguns hormônios (Estrogênio,
Testosterona, Melatonina, Pregnenolona e Hormônio do Crescimento) e o Sistema
Imunológico (HASTING, 1997; HOFFMAN, 2003).
3.5. PSICOTERAPIA
A psicoterapia, em seu sentido genérico, como prática que se propõe a ajudar
pessoas com sofrimentos psicológicos, mesmo que com distúrbios orgânicos se
20
fundamentação
não
somente as questões
sócio-econômicas
institucionais
ou
particulares, mas também a observação de que uma situação de crise é limitada no seu
tempo de duração. Há também, em sua argumentação, a proposição colocada por
MALAN (1991) de que o período predeterminado para a duração do processo
desencadeia uma "ansiedade positiva", algo como no principio existencialista de que o
"reconhecimento da morte possibilita a vida!".
Assim, neste sentido, a Psicoterapia Breve tem a finalidade de wna "experiência
emocional corretiva", em que se oferece ao paciente a oportunidade de vivenciar uma
situação especial em um contexto relacional de aceitação e segurança, onde ele possa
chegar a uma formulação interna do conflito e reestruturar a sua vivência de ansiedade
frente a uma situação emocional antes insuportável (MOFFATT, 1982).
Espera-se na psicoterapia de grupo que o paciente possa solucionar seu problema.
Para isto, terá de reavaliar suas idéias, sentimentos e comportamentos ao longo de sua
história, num passado recente ou, se necessário, longinquo (BERCHELLI, 2002).
GILLIERON (1983), dispõe de 24 semanas para realizar a psicoterapia,
distribuindo este período conforme a natureza da problemática do paciente em 24
sessões de uma hora, 48 sessões de meia hora ou 64 sessões de 15 minutos. Portanto, a
proposta de psicoterapia breve de apoio a ser seguida no projeto será a de 24 semanas.
A focalização é de extrema necessidade por parte do terapeuta para se obter êxito
no processo, por isso a psicoterapia breve de apoio teve como objetivos que se propõem
situações que traziam desconforto no humor das mulheres idosas.
4. METODOLOGIA
4.I.CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA
Trata-se de uma investigação com delineamento do tipo quase experimental, onde
mulheres idosas foram submetidas aos inventários de depressão e ansiedade, antes e
21
depois nos fatores experimentais (psicoterapia e ioga) a serem aplicados
(CAMPBELL & STANLEY, 1979).
4.2.POPULAÇÃO
A população deste estudo foi composta por mulheres com idade entre 60 a 70
anos, residentes em Taguatinga, cidade satélite de Brasília - Distrito Federal.
4.3.AMOSTRA
A idade média foi de 65 anos, com desvio-padrão de 7.7.
Os critérios de inclusão foram: ser do sexo feminino, que demonstraram
prontidão para a prática de atividade física e que não tenha participado em pelo menos
6 meses de um programa de exercício físico.
Os critérios de exclusão foram os seguintes: quaisquer condições que pudessem
ser limitantes à prática da Ioga. Ter utilizado medicamentos antidepressivos ou
ansioliticos durante os últimos 6 meses. Não ter participado de psicoterapia há pelo
menos I ano.
O grupo de 45 pessoas foi randomizado, sendo 15 pessoas por grupo. Devido a
problemas pessoais de 03 idosas, os grupos foram: Grupo Experimental (GEI - n=15),
prática da Ioga, Grupo Experimental (GEII - n=14), prática da psicoterapia e Grupo
Experimental (GEIII - n=13), prática da Ioga e psicoterapia.
As pessoas foram orientadas a não participarem de outros programas de
exercícios físicos e a não alterar seus hábitos do dia-a dia durante a realização do
presente estudo.
22
4.4.LOCAL DE REALIZAÇÃO
O estudo foi realizado no Laboratório de Educação Física e Saúde (LEEFS) da
Universidade Católica de Brasília.
4.5.INSTRUMENTOS
4.5.I.QUESTIONÁRI0 DE SAÚDE E HÁBITOS DE VIDA
Um questionário, unindo perguntas do PAR-Q (sigla de Physical Activity
Readiness Questionnaire, ou Questionário de Prontidão para Atividade Física} e outras
questões inerentes a interesses específicos da pesquisa, foram aplicados com o objetivo
de traçar o perfil da amostra e fazer uma triagem para detectar casos de voluntárias que
se enquadrassem nos critérios de exclusão preestabelecidos.
4.5.2.TESTES PSICOLÓGICOS
Para avaliar os indicador do nivel de depressão das pessoas participantes do
estudo, foi utilizado o Inventário de Depressão de Beck (Beck Depression lnventoryBDI), um dos mais freqüentes instrumentos utilizados para mostrar indicadores de
depressão na população, versão em português, validada para a população brasileira. O
BDI consiste de 21 grupos de afirmações contendo quatro frases cada um. Após uma
leitura cuidadosa, o avaliado deve escolher a frase que mais se adequa à maneira que
está se sentindo. Os itens do inventário tem por finalidade avaliar os sintomas e atitudes
como: tristeza, pessimismo, sensação de fracasso, falta de satisfação, sentimento de
culpa, sentimento de punição, autodepreciação, auto-acusações, idéias suicidas, crises
de choro, irritabilidade, retração social, indecisão, distorção da imagem corporal,
inibição para o trabalho, distúrbio de sono, fatigabilidade, perda de apetite, perda de
peso, preocupação somática e diminuição da libido. O ponto de corte para distinguir os
23
níveis de depressão utilizados pelo BDI utilizado nesse estudo seguiu a proposta do
Center for Cognitive Therapy que, em escores menores que 10, o indivíduo é
considerado sem depressão; de IDa 18, com depressão leve; de 19 a 29, com depressão
moderada e escores de 30 a 63 são considerados portadores de depressão grave
(GORESTEIN & ANDRADE, 1998).
Para avaliar os níveis de ansiedade das pessoas participantes do estudo, foi
utilizado o Inventário de Ansiedade Traço-Estado (IDATE),
construído por
SPIELBERGER et.a!. (1979), traduzido e adaptado para a população brasileira por
BIAGGIO & NATALÍCIO (1979), que se constitui de duas partes, I e
n. Na parte
Ia
pessoa terá que classificar seu estado emocional, como muitíssimo, bastante, um pouco,
absolutamente não. Na parte
n a pessoa terá que classificar seu estado emocional como
quase sempre, freqüentemente, às vezes, quase nunca. Os níveis de ansiedade foram
classificados como: escores menor ou igual a 30 (baixo nível de ansiedade), escores de
31 a 49 (nível de ansiedade médio), escores igualou acima de 50 (nivel de ansiedade
alta).
4.6.PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL
4.6.1. IOGA
O programa de Ioga foi orientado pela Professora Lídia Mara, licenciada em
educação física, e mestranda do programa Strictu Sensu da Universidade Católica de
Brasília. O programa de Ioga teve duração de 24 semanas, com práticas de três
vezes/semana com I hora de duração cada sessão. A aula foi dividida em 3 partes:
I") 5 minutos de relaxamento com exercícios respiratórios pelas narinas e 5 minutos de
aquecimento das articulações.
2") 50 minutos de posturas (BLAY, 1995), com pennanência de 15 a 20 segundos.
24
3") 10 minutos de relaxamento final com respiração natural e espontânea pelas narinas
deitada em decúbito dorsal e de olhos fechados.
4.6.2.PSICOTERAPIA
A Psicopterapia foi orientada por luliene Azevedo Oliveira, psicóloga e
mestranda do programa Strictu Sensu da Universidade Católica de Brasília.
A psicoterapia breve de grupo apoio teve duração de 24 semanas, com sessões de
OI vez por semana com I hora de duração. Foi dividido didaticamente em três etapas,
procurando-se ordenar o processo terapêutico, segundo proposto por BLAY (1998):
I") acolhimento - esta primeira etapa é de extrema importância, pois o êxito do
processo terapêutico dependerá substancialmente do sucesso de sua concretização. Aqui
deverá o terapeuta dirigir seus esforços no sentido de organizar uma estrutura de
sustentação na qual o paciente se instalará, criando uma verdadeira "placenta
terapêutica".
2") resolução - o objetivo desta fase é despertar no paciente a sensação de que não
está sozinho neste mundo e que será compreendido e ajudado exatamente no que
precisa, sendo que esta etapa é a "espinha dorsal" de todo o tratamento. Trata-se do
momento em que se irá abordar dramaticamente o "foco" da situação critica apresentada
pelo paciente.
3") (Re) projetação - esta etapa ocorre concomitante com a anterior, pois o papel
social potencialmente mobilizado na fase de Resolução será aqui solicitado a
demonstrar seu desenvolvimento e "lapidado" em suas arestas. Isto significa que, na
elaboração de um novo projeto, é fundamental a analise crítica e o questionamento
sucessivo, a fim de se assegurar da solidez das soluções propostas.
25
4.7.TRATAMENTO ESTATÍSTICO
O tratamento estatístico adotado foi de natureza paramétrica, sob a forma de
estatística descritiva e inferêncial, através de analises de variância (Split Plot Anova).
Em todas as análises foi adotado um erro amostral de 5%.
4.8.COMITÊ DE ÉTICA
O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade
Católica de Brasília para análise e aprovação (Anexo D).
5. RESULTADOS
Foi realizada inicialmente uma análise exploratória dos dados. Não foram
observados casos faltosos na amostra e as variáveis estudadas não apresentaram desvios
de normalidade.
A tabela I mostra a analise split-splot Anova realizada sobre a variável de
indicadores dos niveis de depressão. Houve diferença significativa entre o grupo GEI e
o grupo GEIII. Entretanto em relação à diferença intragrupos foi observada apenas
diferença significativa entre os períodos pré e pós no grupo GEIII, onde as médias préteste de 25, segundo a escala estariam com depressão moderada, após o tratamento
passando para uma média de 8,9 estando assim sem depressão.
Tabela 1 - Valores dos indicadores de depressão em mulheres idosas.
Período
Indicadores de Depressão (Beck)
Ioga (GEI)
Psicoterapia (GEII)
Ioga + Psicoterapia
(N= 15)
(N= 14)
(GEIII)
(N= 13)
Pré
13.5±6.9
18.9±4.3
25.7±5.6
t. %
20.8
21.8
65.2
Pós
10.7±4.9
14.8±2.7
8.9±3.7 t #
Os valores são expressos em média ± desvio-padrão e delta percentual. 'Efeito
significante p= 0,003 entre os grupos GEI e GEIII. # Efeito significante p= 0,00 I entre
pré e pós no grupo GEIII.
A tabela 2 relata a analise split-splot Anova realizada sobre a variável de
indicadores dos níveis de ansiedade-traço. Observa-se uma diferença significativa entre
26
o grupo GEI e o grupo GEIII. Entretanto em relação à diferença intragrupos apenas
foram observadas diferenças significativas entre o período pré e pós no grupo GEIII,
sendo que os sujeitos após o tratamento (M=54), com ansiedade-traço alto, segundo o
Inventário (IDATE) apresentaram uma diminuição nos níveis de ansiedade-traço
quando comparados ao inicio do tratamento (M=34), apresentando uma ansiedade
média.
Tabela 2 - Valores de indicadores em Ansiedade-traço em mulheres idosas
Período
Indicadores Ansiedade-traço (Idate)
Ioga (GEI)
Psicoterapia (GEII)
Ioga + Psicoterapia
Grupos
(N= 15)
(N= 14)
(GEIII)
(N= 13)
Pré
41.4±&.6
41.5±6.9
54±10.9
~ %
6.4
lU
35.4
Pós
3&.7±7.6
36.&±&.0
34.&±9.0 t #
Os valores são expressos em média ± desvio-padrão e delta percentual. Efeito
significante p= 0,00 I entre os grupos GEI e GEIII. # Efeito significante p= 0,00 I entre
pré e pós no grupo GEIII.
A tabela 3 mostra a variável de indicadores dos níveis de ansiedade-estado,
através da análise split-plot. Houve diferença significativa entre o grupo GEI e o grupo
GEIII. Entretanto em relação à diferença intragrupos foi observada apenas diferença
significativa entre os períodos pré e pós no grupo experimental (GEIII). No pré-teste as
idosas apresentavam uma (M=42) ansiedade-traço média, após o tratamento sua média
diminuiu para (M= 20) ansiedade-traço baixo.
Tabela 3 - Valores de indicadores em Ansiedade-estado em mulheres idosas
Periodo
Indicadores Ansiedade-estado (Idate)
Grupos
Ioga
Psicoterapia
Ioga + Psicoterapia
Pré
33.5±7.3
32.&±9.&
42.3±5.6
~%
13.3
20.5
50.5
Pós
29.1±5.3
26.l±4.0
20.9±4.&t #
Os valores são expressos em média ± desvio-padrão e delta percentual. Efeito
significante p= 0,001 entre os grupos GEI e GEIII. # Efeito significante p= 0,001 entre
pré e pós no grupo GEIII.
27
6.DISCUSSÃO
No envelhecimento, a prevalência de depressão e ansiedade é awnentada, sendo as
mulheres mais susceptíveis a adquirirem estas patologias. Os resultados apresentados
corroboram as hipóteses apresentadas de que o exercício possa atuar como agente
antidepressivo e ansiolítico (BERGER, 1996, DISHMAN, 1997; FECHIO et. aI. , 1997;
PALUSKA, 2000; SALMON, 2001; JÃNIG & HÃBLER, 2003), direcionando cada vez
mais para a possibilidade de que o exercício físico possa ser reconhecido como
tratamento alternativo para estes transtornos.
Vários autores sugerem que o exercício fIsico pode auxíliar na terapia de
reabilitação em pacientes com distúrbios psicológicos (FOX & MATHEUS, 1989;
McARDLE et al., 1992; MARIN-NETO et aI. 1995; MÁRQUEZ, 1995; PALUSKA,
2000;
ANTUNES,
2001a;
SALMON,
2001),
atuando
como
catalisador
de
relacionamento interpessoal e estimulando a superação de desafios (ANTUNES et. al.,
200Ib).
O exercício físico (Ioga) desempenha um importante papel na depressão, sendo
está uma das causas do isolamento. Como é feita em grupo, pode facilitar e desenvolver
a comunicação, gerando um compartilhamento de idéias e vivencias. O aumento do
contato social durante estas atividades poderia proporcionar melhorias significativas na
auto-estima e na qualidade de vida.
Contudo o nosso estudo demonstrou que o tratamento com psicoterapia e a Ioga
provocou uma melhora nos indicadores de depressão e ansiedade em mulheres ídosas. A
atividade física, neste caso a Ioga, pode ser vista como potencializadora da psicoterapia,
pois o Grupo GEIII mostrou resultados significativos nas três varíáveis.
O exercício físico pode trazer grandes benefIcíos psicológicos ao ser hwnano,
produzindo estimulação e relaxamento psíquico. Uma melhora do humor, da auto-
28
estima e da capacidade de trabalho tem sido observada em pessoas saudáveis e em
pessoas submetidas a reabilitação cardíaca. A atividade física reduz o rísco de
aparecimento de depressão e a incidência de depressão em pacientes com predisposição
para tal, além de haver uma melhor capacidade de adaptação ao estress (SONENREICH
etal,1991).
Os benefícios fisiológicos e psicológicos, observados após a prática de exercícios
físicos, podem estar relacionados a alterações bioquímicas envolvidas com liberação de
neurotransmissores, com a ativação de receptores específicos e com a adequação dos
níveis serotonínérgicos (SONENREICH et aI., 1991).
Estudos têm demonstrado alterações dos níveis de neurotramissores (serotonina e
noradrenalina) após um programa de exercício físíco (FRIES, 1981; CARDOSO, 1992;
McARDLE, 1992; MEEUSEN
& DEMEIRLEIR, 1995; MARIN-NETO, 1995;
LOPES, 2001). Sendo assim, o exercício físico (Ioga) estaria possivelmente provocando
uma série de alterações fisiológicas e bioquímicas envolvidas com a liberação de
neurotransmissores e ativação de receptores específicos. As reduções dos escores
indicativos de depressão e ansiedade poderiam estar relacionados com alterações desses
neurotransmissores, que tem sido atribuído para o aparecimento ou redução dessas
patologias.
Outra explicação para os resultados pode estar relacionada com o tipo do exercício
físico realizado. A Ioga provoca efeitos significativos na função cognitiva e psicológica,
diminuindo a tensão emocional, a depressão e a ansiedade através das práticas de
relaxamento, meditação e exercícios. (GONZALEZ & WATERLAND-a, 1998),
podendo estar contribuindo para uma melhora nos indicadores de depressão e ansiedade
nas mulheres idosas de nosso estudo.
29
Entre outros benefícios, os exercícios de Ioga reequilibram o funcionamento das
glândulas, incluindo a glândula pineaJ, responsável pela liberação do neuro-hormônio
chamado melatonina. Uma caracteristica importante da melotonina seria atuação no
Sistema Imunológico, pois ela é capaz de aumentar a mobilidade e atividade das células
de defesa, fortalecer a formação dos anticorpos, facilitar a defesa contra os virus,
moderar a superprodução de corticóides gerados pela depressão e ansiedade.
O exercício físico é um meio que integra e socializa o indivíduo, principalmente
quando é realizada em grupo. O grupo III, composto dos mesmos participantes na Ioga e
Psicoterapia, potencializou a socialização entre elas com conseqüente diminuição dos
índices de ansiedade e depressão.
Psicoterapia Breve de grupo adotada no nosso estudo demonstrou que os
membros do grupo conquistam a auto-estima ao conhecer outras pessoas com
problemas semelhantes, o que possibilita intensa troca de experiências. Foi também
observado um estímulo do grupo para a adoção de uma atitude mais saudável diante dos
problemas pessoais e o apoio do grupo para que essa atitude permaneça. A percepção de
que a adesão à atividade fisica repercute na dimensão psicológica do ser humano fica
evidente quando expressam que esta é uma forma encontrada por elas para relaxamento,
distração e alívio de tensão para alcançar o bem-estar.
De um modo geral, as barreiras percebidas pelas mulheres para a prática da
atividade física estão geralmente relacionadas à falta de ânimo e condicionamento
físico, como também pela própria limitação física. As mulheres participantes do estudo
tiveram uma adesão ao tratamento, tanto da psicoterapia quanto do programa de
exercícios físicos. Estas indicam que necessitam ter um tempo para si, sair do
comodismo, e principalmente, terem força de vontade, revelando que estes são
qualificadores a serem conquistados por elas mesmas (BIFFI, 2003).
30
PIAZZINI et ai. (200 I), constataram que o nivel de interesse do idoso com a sua
saúde vai se deteriorando com o passar dos anos e pode proporcionar um estágio de
total desinteresse e despreocupação com sua vida. Depois de aplicar questionários de
ansiedade (!DATE) e depressão (BECK) em 30 idosas, estes autores concluiram que a
principal causa para o insucesso no tratamento dessas pacientes são a ansiedade e
depressão, sendo evidenciada uma maior ansiedade tipo traço (aquela formada a partir
da personalidade). Esses dois transtornos psiquiátricos (ansiedade e depressão)
sobrepunham-se a toda idéia construtiva ou tentativa de ajuda por parte de pessoas
envolvidas no tratamento e na vida dos pacientes.
Para verificar o significado da atividade fisica para o idoso (OKUMA 1998,
1999), ressalta alguns pontos que merecem consideração: a- a saúde percebida é mais
preditiva de satisfação na velhice do que a saúde medida por indicadores objetivos; b- a
vivência de experiências positivas com a atividade fisica é mais significativa para o
idoso do que a falta das negativas; c- a atividade física toma-se um compromisso
interno e termina sendo um recurso para lidar com o estresse_emocional, possibilitar a
convivência com os pares, desenvolver a auto-eficácia e romper com o estereotipo que a
sociedade atribui ao idoso.
Além desses benefícios psicológicos e sociais da atividade fisica no organismo,
as evidências mostram que existem também alterações nas funções cognitivas dos
individuos envolvidos com a atividade fisica regular (CHODZKO-ZAJKO e MOORE,
1994; SPIRDUSO 1995). Entende-se como função cognitiva ou funcionamento
cognitivo as fases do processo de informação como a percepção, aprendizagem,
memória, atenção, vigilância, raciocínio e solução de problemas. Por outro lado, o
funcionamento psicomotor (tempo de reação, tempo de movimento, velocidade de
desempenho) também é freqüentemente incluido neste conceito (CHODZKO-ZAJKO &
31
MOORE 1994; SUUTAMA e RUOPP1LA 1998). Estas evidências sugerem que o
processo cognitivo é mais rápido e mais eficiente em indivíduos fisicamente ativos por
mecanismos diretos: melhora na circulação cerebral, alteração na síntese e degradação
de neurotransmissores e mecanismos indiretos como: diminuição da pressão arterial,
diminuição nos níveis de LDL no plasma, diminuição dos níveis de triglicerídeos e
inibição da agregação plaquetária. Contudo a associação entre aptidão física e cognição
é altamente dependente da tarefa executada: é observada mais provavelmente em tarefas
que requerem um processo cognitivo rápido ou de certa dificuldade do que em tarefas
de processo automático ou auto-controladas.
Os achados do nosso estudo demonstram que após o tratamento com IOga e
psicoterapia, houve uma mudança significativa nos indicadores da depressão e da
ansiedade. O que se observa é que o número de sujeitos com indicativos de normalidade
depois do programa aumentou consideravelmente com redução no número de sujeitos
com depressão severa. Portanto, os extremos, normalidade e depressão severa, foram
proporcionais depois do programa, o que nos indica um excelente índice de resposta que
reflete a tendência de terapia alternativa no tratamento depressão e ansiedade de
mulheres idosas.
A angústia, a solidão, o estigma, a ansiedade e a depressão são fatores que
freqüentemente pioram o estado de saúde dos idosos. E dentre os fatores que mais dão
prazer e ajuda no tratamento estão o respeito e a valorização do idoso, reconhecímento
de que são úteis para a sociedade em que convivem (PALUSKA, 2000).
O entendimento de que a velhice é uma fase do desenvolvimento, e
necessariamente não precisa ser patológico visto como doença e sim normal, facilitaria o
ingresso destes em tratamentos alternativos como a Psicoterapia e a prática de exercício
32
fisico, não precisando em certos casos utiliza tratamentos medicamentosos, que podem
causar efeitos colaterais (SUURMEIJER, REUVEKAMP, ALDENKAMP, 2001).
Contudo a pratica de exercícios fisicos e psicoterapias podem auxiliar na
qualidade de vida do idoso e no seu estilo de vida, pois se eleva a auto- estima e obtém
segurança e a confiança (PALUSKA, 2000; SALMON, 2001).
7. CONCLUSÃO
Os resultados do estudo demonstraram que a Ioga potencializou os efeitos da
psicoterapia sobre os indicadores de depressão e ansiedade traço-estado mensurados pelo
inventário Beck e Idate. Dessa forma, concluímos que, o programa de exercício fisico
orientado associado à psicoterapia breve de grupo de 24 semanas propiciou uma
mudança positiva nos níveis de indicadores de depressão e ansíedade traço-estado.
Ainda, nosso estudo sugere que a prática de exercício fisico associado à
psícoterapia pode desempenhar um papel fundamental na qualidade de vída dos idosos,
principalmente no aspecto psicossocial e de seus distúrbios.
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40
8.ANEXOS
Anexo A - Questionário PAR Q (ACMS, 1998) - Para determinação da Prontidão
da Atividade Fisica
PESQUISA DE MESTRADO DA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE BRASíliA
Nome:
Endereço:
Bairro:
Fone:
Data Nascimento:
Tabela 1: Questionário para determinação da prontidão para atividades físicas (ACSM, 1998).
PERGUNTAS
SIM
NÃO
01 - Seu médico já dissse que você possui algum problema cardíaco e recomendou
atividades físicas apenas sob supervisão médica?
02 - Você tem dor no peito provocada por atividades físicas?
03· Você teve dor no peito no último mês?
04 - Você já perdeu a consciência em alguma ocasião ou sofreu alÇjuma queda em
virtude de tontura?
05 - Você tem algum problema ósseo ou articular Que poderia agravar-se com as
atividades físicas propostas?
06 - Algum médico já lhe prescreveu medicamento para a pressão arterial ou para o
coração?
07· Você tem conhecimento, por informação médica ou pela própria experiência, de
alaum motivo Que ooderia imoedi-Ia de oarticioar de atividades físicas sem suoervisão
médica?
* Se você respondeu .:.:.§..l.M.: a qualquer uma das perguntas acima, procure seu médico ou
o serviço de saúde antes de começar ou iniciar a sua atividade tisica.
TABELA 2: Fatores de risco para doenças coronarianas (ACSM, 1998).
SIM
NÃO
FATORES
DESCRiÇÃO
Homem acima de 45 anos ou
IDADE
mulher acima de 55 anos
Acima de 241 ma/DL ou desconhecida
COLESTEROL
Hg ou desconhecida ou usa medica
PRESSÃO ARTERIAL
menta cara oressão
TABAGISMO
DIABETES
HISTÓRICO FAMilIAR DE ATAQUE CARDIACO
Atividade profissional sedentária e
SEDENTARISMO
menos de 30 min de atividade física
IDelo menos 3 vezes Dor semana.
Mais de 10 Ko de excesso de oeso.
OBESIDADE
> O primeiro teste que deverá ser aplicado é o da Tabela 1
> O segundo teste a ser respondido, Tabela 2, procura identificar os fatores de risco coronariano.
> A partir das respostas dos dois questionários, os indivíduoS são encaminhados para a Avalia-
ção F uncional. Que deverá ser acompanhada ou não por um médico.
> As pessoas que responderam NÃO a todas as perguntas do Par-Q e possuem menos de
2 fatores de risco na Tabela 2, NÃO PRECISAM de exame médico prévio e podem procurar
a orientaçêlo do professor de Educação Física.
> As pessoas que responderam SIM a alguma das perguntas do Par-Q ou que possuem mais
de 2 fatores, PRECISAM se submeter ao exame médico e terão a sua Avaliação Funcional acomloanhada por um médico.
41
Anexo B - QUESTIONÁRIO DE AUTO-AVALIAÇÃO
INVENTÁRIO DE BECK
Nome:
Número: - - - - -
Este questionário consiste em 21 grupos de afirmações. Depois de ler
cuidadosamente cada grupo, faça um circulo em torno do número (O, 1,2 ou 3)
diante da afirmação, em cada grupo, que descreve melhor a maneira como você
tem se sentido nesta semana, incluindo hoje. Se várias afirmações num grupo
parecerem se aplicar igualmente bem, faça um círculo em cada uma. Tome o
cuidado de ler todas as afirmações, em cada grupo, antes de fazer a sua escolha.
1. O Não me sinto triste.
I Eu me sinto triste.
2 Estou sempre triste e não consigo sair disso.
3 Estou tão triste ou infeliz que não consigo suportar.
2. O Não estou especialmente desanimado quanto ao futuro.
I Eu me sinto desanimado quanto ao futuro.
2 Acho que nada tenho a esperar.
3 Acho o futuro sem esperança e tenho a impressão de que as coisas não podem
melhorar.
3. ONão me sinto um fracasso.
I Acho que fracassei mais do que uma pessoa comum.
2 Quando olho para trás, na minha vida, tudo o que posso ver é um monte de
fracassos.
3 Acho que, como pessoa, sou um completo fracasso.
4. O Tenho tanto prazer em tudo como antes.
I Não sinto mais prazer nas coisas como antes.
2 Não encontro um prazer real em mais nada.
3 Estou insatisfeito ou aborrecido com tudo.
5. O Não me sinto especialmente culpado.
I Eu me sinto culpado às vezes.
2 Eu me sinto culpado na maior parte do tempo.
3 Eu me sinto sempre culpado.
6. ONão acho que esteja sendo punido.
I Acho que posso ser punido.
42
2 Creio que vou ser punido.
3 Acho que estou sendo punido.
7. ONão me sinto decepcionado comigo mesmo.
I Estou decepcionado comigo mesmo.
2 Estou enojado de mim.
3 Eu me odeio.
8. ONão me sinto de qualquer modo pior que os outros.
I Sou critico em relação a mim devido a minhas fraquezas ou meus erros.
2 Eu me culpo sempre por minhas falhas.
3 Eu me culpo por tudo de mal que acontece.
9. ONão tenho quaisquer idéias de me matar.
I Tenho idéias de me matar, mas não as executaria.
2 Gostaria de me matar.
3 Eu me mataria se tivesse oportunidade.
10. ONão choro mais que o habitual.
I Choro mais agora do que costumava.
2 Agora, choro o tempo todo.
3 Costumava ser capaz de chorar, mas agora não consigo mesmo que o queira.
11. ONão sou mais irritado agora do que já fui.
I Fico molestado ou irritado mais facilmente do que costumava.
2 Atualmente me sinto irritado o tempo todo.
3 Absolutamente não me irrito com as coisas que costumavam irritar-me.
12. ONão perdi o interesse nas outras pessoas.
I Interesso-me menos do que costumava pelas outras pessoas.
2 Perdi a maior parte do meu interesse nas outras pessoas.
3 Perdi todo o meu interesse nas outras pessoas.
13. OTomo decisões mais ou menos tão bem como em outra época.
I Adio minhas decisões mais do que costumava.
2 Tenho maior dificuldade em tomar decisões do que antes.
3 Não consigo mais tomar decisões.
14. ONão sinto que minha aparência seja pior do que costumava ser.
I Preocupo-me por estar parecendo velho ou sem atrativos.
2 Sinto que há mudanças permanentes em minha aparência que me fazem parecer
sem atrativos.
3 Considero-me feio.
1S. OPosso trabalhar mais ou menos tão bem quanto antes.
I Preciso de um esforço extra para começar qualquer coisa.
2 Tenho de me esforçar muito até fazer qualqucr coisa.
3 Não consigo fazer nenhum trabalho.
16. ODurmo tão bem quanto de hábito.
I Não durmo tão bem quanto costumava.
2 Acordo uma ou duas horas mais cedo do que de hábito e tenho dificuldade para
voltar a dormir.
43
3 Acordo várias horas mais cedo do que costumava e tenho dificuldade para voltar a
donnir.
17. O Não fico mais cansado que de hábito.
I Fico cansado com mais facilidade do quc costumava.
2 Sinto-me cansado ao fazer quase qualquer coisa.
3 Estou cansado demais para fazer qualquer coisa.
18. O Meu apetite não está pior do que de hábito.
I Meu apetite não é tão bom quanto costumava ser.
2 Meu apetite está muito pior agora.
3 Não tenho mais nenhum apetite.
19. ONão perdi muito peso, se é que perdi algum ultimamente.
I Perdi mais de 2,5 Kg.
2 Perdi mais de 5,0 Kg.
3 Perdi mais de 7,5 Kg.
Estou deliberadamente tentando perder peso, comendo menos: SIM ( ) NÃO ( )
20. ONão me preocupo mais que o de hábito com minha saúde.
I Preocupo-me com problemas físicos como dores e aflições ou perturbações no
estômago ou prisão de ventre.
2 Estou muito preocupado com problemas físicos e é difícil pensar em outra coisa
que não isso.
3 Estou tão preocupado com meus problemas físicos que não consigo pensar em
outra coisa.
21. O Não tenho observado qualquer mudança recente em meu interesse sexual.
I Estou menos interessado por sexo que costumava.
2 Estou bem menos interessado em sexo atualmente.
3 Perdi completamente o interesse por sexo.
44
Anexo C - QUESTIONÁRIO DE AUTO-AVALIAÇÃO IDATE
PARTES I e 11
Nome:
Número:
_
INSTRUÇÕES
Nas páginas a seguir há dois Questionários para você responder.
Trata-se de algumas afirmações que tem sido usadas para descrever sentimentos
pessoais.
Não há respostas certas ou erradas.
Leia com atenção cada uma das respostas da Parte I e assinale com um círculo um dos
números (1,2,3, ou 4), á direita de cada pergunta, de acordo com a Instrução do alto da
página.
Quando terminar, passa para a Parte II e proceda do mesmo modo, depois de ler seu
cabeçalho.
NÃO VIRE A PÁGINA ANTES DE RECEBER ORDEM
TRABALHE RÁPIDO PORÉM SEM PRECIPITAÇÃO
45
PARTE I
Leia cada pergunta e faça um círculo ao redor do número à direita da afirmação que
melhor indica como você se sente agora, neste momento.
Não gaste muito tempo numa única afirmação, mas tente dar uma resposta que mais se
aproxime de como você se sente neste momento.
AVALIAÇÃO
Muitíssimo
Bastante
4
3
Um pouco
Absolutamente não
2
.!
2
3 4
2
3 4
3. Estou tenso (a)
2
3 4
4. Estou arrependido (a)
2
3 4
5. Sinto-me à vontade
2
3 4
6. Sinto-me perturbado (a)
2
3 4
2
3 4
2
3 4
2
3 4
10. Sinto-me "em casa"
2
3 4
11. Sinto-me confiante
2
3 4
12. Sinto-me nervoso (a)
2
3 4
2
3 4
14. Sinto-me uma pilha de nervos
2
3 4
15. Estou descontraído (a)
2
3 4
1. Sinto-me calmo (a)
2. Sinto-me seguro (a)
7. Estou preocupado (a) com possíveis infortúnios
I
I
8. Sinto-me descansado (a)
9. Sinto-me ansioso (a)
13. Estou agitado (a)
I
I
16. Sinto-me satisfeito (a)
I
2
3 4
17. Estou preocupado (a)
I
2
3 4
46
18. Sinto-me superexcitado (a) e confuso (a)
1 2
3 4
19. Sinto-me alegre
2
3 4
20. Sinto-me bem
2
3 4
PARTE 11
Leia cada pergunta e faça um círculo ao redor do número à direita da afirmação que
melhor indica como você geralmente se sente.
Não gaste muito tempo numa única afirmação, mas tente dar uma resposta que mais se
aproxime de como você se sente geralmente.
AVALIAÇÃO
Quase sempre
4
Às vezes
2
Freqüentemente
3
Quase nunca
l
I. Sinto-me bem
1
2
3 4
2. Canso-me facilmente
I
2
3 4
3. Tenho vontade de chorar
2
3 4
4. Gostaria de ser tão feliz quanto os outros parecem ser
2
3 4
5. Perco oportunidade porque não consigo tomar decisões
2
3 4
rapidamente.
6. Sinto-me descansado (a)
1
2
3 4
7. Sou calmo (a), ponderado (a) e senhor (a) de mim
1
2
3 4
2
3 4
2
3 4
mesmo.
8. Sinto-me que as dificuldades estão se acwnulando
de tal forma que não as consigo resolver.
9. Preocupo-me de mais com coisas sem importância
10. Sou feliz
I
2 3 4
47
2
3 4
2
3 4
2
3 4
14. Evito ter que enfrentar crises ou problemas
2
3 4
15. Sinto-me deprimido (a)
2
3 4
2
3 4
2
3 4
2
3 4
2
3 4
2
3 4
lI. Deixo-me afetar muito pelas coisas.
I
12. Não tenho nenhuma confiança em mim mesmo (a)
13. Sinto-me seguro (a)
16. Estou satisfeito (a)
I
I
17. Às vezes idéias sem importância me entram na cabeça
e ficam-me preocupando.
18. Levo os desapontamentos tão a sério que não consigo
tira-lo da cabeça.
19. Sou uma pessoa estável
20. Fico tenso (a) e perturbado (a) quando penso em meus
problemas do momento.
I
. • , • Li"\.\}
lJ
Universidade Católica de Brasil i3 - UCB
Comitê de Ética em Pesquisa - CEP
Brasilia. 15 de abril de 2004
Ofício CEP/UCB N" 01212004
Prezado senhor,
É com satisfação que informamos formalmente a Y. Sa. que o projeto "Contribuição
da psicoterapia e da ioga na depressão e ansiedade de mulheres idosas" foi aprovado por este CEP
em sua 25<1 Reunião, realizada em 14 de abril do corrente ano, podendo, pOl1anto, ter a sua fase de
coleta de dados iniciada. Informamos ainda que no prazo máximo de I (um) ano a contar desta data
deverá ser enviado a este CEP um relatório sucinto sohre o andamento da presente pesquisa.
Esperando poder servi-lo em outra ocasião, apresentamos nossos votos de estima e
consideração.
Atenciosamente,
I'ml'~I'~,","
1;;rc~~~~Executivo
M ,
Comitê de Ética em Pesquisa - UCB
limo Sr.
.Iuliene Azevedo Oliveira
Brasília - DF
NESTA,
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