“FAMÍLIA E AMIGOS TÊM PAPEL IMPORTANTE NO TRATAMENTO”

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ZERO HORA
SÁBADO E DOMINGO,
20 E 21 DE AGOSTO DE 2016
A DEPRESSÃO
É uma doença causada por alterações
químicas no cérebro, atingindo principalmente
os neurotransmissores (noradrenalina,
serotonina e dopamina), substâncias
responsáveis por transmitir impulsos nervosos
entre as células. A depressão também pode ser
provocada por estresse.
Normalmente, fatores psicológicos e sociais
que se poderiam associar como causas são, na
verdade, consequências da doença.
Um quadro depressivo pode ser leve, médio
ou severo – conforme a intensidade com
que se manifesta, a doença pode ser
considerada grave.
Existe também a depressão crônica,
chamada distimia. A doença não age de forma
tão profunda quanto uma depressão severa
e, sob tratamento, a pessoa consegue tocar a
vida quase normalmente, apesar do constante
sentimento de negatividade.
ENTREVISTA
“FAMÍLIA E
AMIGOS TÊM PAPEL
IMPORTANTE NO
TRATAMENTO”
Psiquiatra Antonio Geraldo da Silva,
presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria
Como diferenciar a tristeza da
depressão?
Tristeza é uma emoção decorrente
de situações negativas. Costuma durar
até que o fator desencadeador seja
assimilado. A depressão é uma doença e
não precisa de fatores desencadeadores.
Frequentemente, tem tristeza associada
a outros sintomas como desânimo, falta
de prazer, irritabilidade, alterações de
sono e apetite que persistem por duas
semanas ou mais.
Qual a importância da
compreensão e do apoio de amigos
e familiares no tratamento?
A família e os amigos formam
uma rede de apoio e têm papel muito
importante. Quando o paciente
enfrenta o preconceito, o tratamento
se torna mais difícil. A família deve
se comprometer e acompanhar o
tratamento, principalmente quando o
paciente expressa vontade de morrer.
O suicídio é uma causa de morte
passível de prevenção, quando a
depressão é tratada adequadamente.
Fonte: Associação Brasileira de Familiares,
Amigos e Portadores de Transtornos Afetivos
Quais os primeiros sinais da doença
que devem ser observados?
Os sintomas clínicos que observamos
primeiro são tristeza persistente,
desinteresse por atividades que
antes eram prazerosas, mudanças na
qualidade e na quantidade do sono,
fadiga, mudança no apetite e alteração
de humor. Deve-se sempre buscar
ajuda do psiquiatra quando os sinais
persistirem por mais de duas semanas
ou quando forem graves o suficiente
para causar prejuízos no cotidiano.
Quais medicamentos são utilizados?
Predominantemente, o tratamento
é a base de antidepressivos, o que não
descarta o uso de outras classes de
medicamentos, como ansiolíticos e
estabilizadores de humor, a depender dos
sintomas apresentados. O tratamento
é sempre individualizado.
Em quanto tempo o tratamento
começa a fazer efeito?
Depende de cada paciente e da classe
de medicação usada. Normalmente,
em três ou quatro semanas já se
verifica alguma melhora clínica com
uso de antidepressivos. Uso regular
das medicações, atividades físicas,
psicoterapia e hábitos saudáveis ajudam a
potencializar os efeitos.
Além dos medicamentos, o que
pode ajudar o paciente?
Existem inúmeros fatores que
contribuem para o tratamento como
psicoterapia, alimentação saudável,
prática de exercícios físicos, realização de
atividades prazerosas, apoio dos amigos
e familiares e eventualmente suporte
religioso, dentre outros.
Como deve ser a reinserção do
paciente na vida social e profissional?
De que forma família e colegas
podem ajudar?
Primeiro, os familiares e amigos
devem compreender que a depressão é
uma doença e necessita de tratamento e
atenção. Seguir a orientação do médico é
fundamental. Cada paciente tem os seus
limites. Então, o momento de reinserção
precisa ser avaliado.
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