A chegada do cólera

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E Saúde
A chegada do cólera
A situação não é alarmante, mas é preciso intensificar os programas de combate e prevenção da doença
Sonha Mana
Gilvânla W. Cosenza ó
supervisora adjunta de
Epidemiologia da
Secretaria de Saúde
Cólera - doença do século passado que cau- caracterizado como importado, pois o doente não contraiu
sava pânico nas pessoas, pois uma vez que a doença dentro do Estado. Segundo a Supervisora Adjunalguém a contraísse, não escapava da morte. ta de Epidemiologia da Secretaria de Estado da Saúde,
Hoje, a um passo do século XXI, ela volta a Dra. Gilvânia Westin Cosenza, todos os casos registrados
no Estado, entre dezembro de 91 e 93, foram importados.
atacar, só que sem o terror do passado.
No
entanto, de acordo com Gilvânia, a situação mudou um
Ela chegou ao Brasil, através do Peru, em
pouco
a partir de janeiro de 93, quando foi detectado o
abril de 91, com entrada pelo Município de
Benjamim Constant, situado no Estado do primeiro caso de infecção contraída em Minas Gerais. Foi
Amazonas. A partir daí, disseminou-se pelo na cidade de Pedra Azul, no Nordeste de Minas. Até
Norte e Nordeste do país, até que no final de meados de março foram registrados dezessete casos no
outubro, inicio de novembro de 92, chegou ao Estado de Minas Gerais - afirma a supervisora.
Apesar destes dados estatísticos, a situação ainda não
Sul da Bahia.
é
alarmante.
Desde que o cólera chegou ao país, uma série
A doença se caracteriza por uma espécie de
de
medidas
preventivas
foram tomadas pelas autoridades
infecção intestinal aguda, transmitida por uma
competentes.
Dentre
as
iniciativas,
a realização de treinabactéria - vibrião colérico, que se encontra nas
mentos
profissionais,
elaboração
de fóruns técnicos,
fezes contaminadas.
contatos
com
hospitais
e
outras
instituições
no sentido de
O primeiro caso registrado no Estado de Minas Gerais
ocorreu em dezembro de 91, quando um peruano em férias formar comissões estaduais e municipais de prevenção e
adoeceu no Município de Belo Horizonte. Este caso foi combate ao cólera.
Controle exige campanhas educativas
Hábitos de
higiene mais
rigorosos
ajudam a
prevenir o
cólera e outras
doenças menos
graves
Muitas instituições estão envolvidas no trabalho de
prevenção e combate da doença. Em Belo Horizonte a
Secretaria de Estado da Saúde, Unidade Central, a Diretoria Regional de Saúde e a Secretaria Municipal de Saúde
estão atuando em várias frentes. A Prefeitura Municipal
lançou, no último dia 3, a car 'anha "BH Contra a
Cólera", com o objetivo de mostL'às pessoas que vivem
em áreas de risco as maneiras de prevenir e tratara doença.
No entanto, Dra. Gilvânia não descarta a possibilidade
de, cada órgão público fazer uma campanha educativa
interna. Para ela, quanto mai_uistituições estiverem
preocupadas com isto, envolvidL, repassando informação, melhor para a divulgação.
Já o Dr. Renato Barros Costa, clínico-geral do Departamento de Saúde e Assistência da Casa, não acha
necessário que seja feita uma campanha por instituição.
Ele sugere, no caso da Assembléia Legislativa, um treinamento para o pessoal encarregado de fazer a comida da
cantina. Renato acredita que, como a principal forma de
contaminação do cólera é por via oral, através de água e
alimentos contaminados, nada é melhor do que conscentizar aqueles que são responsáveis pela preparação dos
alimentos dos funcionários. Nesta linha de raciocínio,
Renato sugere cuidados especiais às pessoas que fazem
suas refeições fora de casa. Elas só devem comer em
lugares limpos, que não sejani,de higiene duvidosa, dar
preferência para alimentos c ,)s, principalmente peixes e mariscos, e evitar picolés, sacolés e outros derivados
de procedência desconhecida
Embora não haja nenhum caso de cólera registrado em
Belo Horizonte, a Dra. Gilvânia não considera que a
situação seja tranqüila. Para ç esse fato só leva a uma
vigilância maior e cuidados r&Íobrados das autoridades.
Ela considera que todos devem permanecer em alerta à
vigilância epidemiológica, procurando os casos, fazendo
momtoramento ambientale verificando se não está havendo circulação do vibrião em Belo Horizonte. Gilvânia
Westin faz questão de frisar que "as pessoas têm que ficar
atentas, pois o fato de não terem contraído a doença até
agora não quer dizer que não possam vir a contraí-Ia."
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