ESTÁTICA – DEC 3674 9 2 Noções da estática clássica1 2.1 Princípios e conceitos fundamentais Embora o estudo da Mecânica se tenha iniciado no tempo de Aristóteles (364-322 A. C.) e Arquimedes (287-212 A. C.), ela teve que esperar até Newton (1642-1727) para encontrar uma formulação satisfatória de seus princípios fundamentais e sua validade permaneceu imutável até Einstein (1905). Apesar de suas limitações terem sido reconhecidas, a mecânica newtoniana ainda permanece sendo a base das ciências atuais de Engenharia. Mecânica pode ser definida como a ciência que descreve e prediz as condições de repouso ou movimento de corpos sob a ação de forças. E dividida em três partes: mecânica dos corpos rígidos, mecânica dos corpos deformáveis e mecânica dos fluidos. A Mecânica dos corpos rígidos é subdividida em Estática e Dinâmica; a primeira se refere a corpos em repouso e a segunda, a corpos em movimento. Neste curso, os corpos são considerados perfeitamente rígidos (pequenas deformações não influenciam apreciavelmente as condições de equilíbrio ou de movimento da estrutura considerada). A Resistência dos Materiais é a parte da mecânica dos corpos deformáveis. Os conceitos básicos usados na Mecânica são os de espaço, tempo, massa e força: • O conceito de espaço é associado à noção de posição de um ponto P. A posição de um ponto pode ser definida por três comprimentos medidos a partir de um ponto de referência, ou de origem, segundo três direções dadas. Esses comprimentos são conhecidos como as coordenadas de P. • O tempo ou instante em que o evento ocorre, também deve ser dado. Para definir um evento não é suficiente definir sua posição no espaço. • O conceito de massa é usado para caracterizar e comparar os corpos com base em certas experiências mecânicas fundamentais. Dois corpos de mesma massa, por exemplo, serão atraídos pela terra da mesma maneira; eles oferecerão também a mesma resistência a uma variação do movimento de translação. 1 Mecânica vetorial para engenheiros - Ferdinand P. Beer e E. Russell Johnston, Jr.; McGraw-Hill, 1976 ESTÁTICA – DEC 3674 10 • A força representa a ação de um corpo sobre outro. Pode ser exercida por contato ou à distância (caso de forças gravitacionais ou magnéticas). Uma força é representada por um vetor e caracterizada pelo seu ponto de aplicação, sua intensidade, direção e sentido. Na mecânica newtoniana, espaço, tempo e massa são conceitos absolutos, independentes um do outro. Por outro lado a força resultante que atua sobre um corpo depende da massa do corpo e da maneira como sua velocidade varia com o tempo. Por partícula entendemos uma pequena porção da matéria que pode ser considerada como se ocupasse um ponto no espaço. Um corpo rígido é uma combinação de um grande número de partículas que ocupam posições fixas, relativamente uma à outra. O estudo da mecânica elementar repousa em seis princípios fundamentais baseados na demonstração experimental. A Lei do Paralelogramo para a Adição de Forças. Estabelece que duas forças atuantes sobre uma partícula possam ser substituídas por uma única força, chamada resultante, obtida pela diagonal do paralelogramo cujos lados são iguais às forças dadas. O Princípio da Transmissibilidade. Estabelece que as condições de equilíbrio ou de movimento de um corpo rígido permanecerão inalteradas se uma força que atua num dado ponto do corpo rígido é substituída por outra de mesma intensidade, direção e sentido, mas atuante num ponto diferente, desde que as duas forças tenham a mesma linha de ação. Primeira lei de Newton. Se a força resultante que atua sobre uma partícula é zero, a partícula permanecerá em repouso (se estava originalmente em repouso) ou mover-se-á com velocidade constante e em linha reta (se estava originalmente em movimento). Segunda lei de Newton. Se a força resultante que atua sobre uma partícula não é zero, a partícula terá uma aceleração proporcional à intensidade da resultante e na direção desta. Esta lei pode ser expressa como F = ma, onde “F”, “m” e “a” representam respectivamente, a força resultante que atua sobre a partícula, sua massa e sua aceleração. ESTÁTICA – DEC 3674 11 Terceira lei de Newton. As forças de ação e reação entre corpos em contato têm a mesma intensidade, mesma linha de ação e sentidos opostos. Lei da Gravitação de Newton. Enuncia que duas partículas de massas M e m são mutuamente atraídas com forças iguais e opostas F e -F de intensidade F dada pela fórmula: F =G Mm r2 onde r é a distância entre as partículas e G é a constante de gravitação. Um caso particular de grande importância é o da atração da Terra sobre uma partícula localizada na sua superfície. A força F exercida pela Terra sobre a partícula é então definida como o peso P da partícula. Sendo M a massa da Terra, m a massa da partícula e r o raio R da Terra, e introduzindo a constante g: g= GM , a intensidade P do peso de uma partícula pode ser expressa como: P = mg R2 Observa-se que o valor de g varia com a posição do ponto considerado. Depende da altura do ponto considerado e também de sua latitude, pois a Terra não é esférica. Na maioria dos cálculos de engenharia é suficientemente preciso supor g = 9,81 m/s2. 2.2 Sistema Internacional de Unidades Histórico Em 1948 a 9° Conferência Geral de pesos e Medidas (CGM) iniciou estudos para o estabelecimento de um "Sistema pratico de Medidas a ser adotado por todos os países signatários da Convenção do Metro". A 10° CGPM (1954) adotou como unidades de base deste "Sistema Prático de Unidades" as unidades das seis grandezas seguintes: comprimento massa tempo intensidade de corrente elétrica temperatura termodinâmica intensidade luminosa metro quilograma segundo ampère kelvin candela m kg s A K cd ESTÁTICA – DEC 3674 12 A 11° CGPM (1960) adotou o nome "Sistema Internacional de Unidades" com abreviação internacional "SI" e estabeleceu regras para os prefixos, para as unidades derivadas e as unidades suplementares e a 14° CGPM (1969) introduziu a "Unidade de Quantidade de Matéria como a sétima unidade de base do Sistema Internacional de Unidades. quantidade de matéria mol mol Unidades Derivadas As unidades derivadas são constituídas, a partir das unidades de base, por expressões algébricas. Muitas dentre essas unidades derivadas receberam nome especial e símbolo particular, que podem ser utilizados por sua vez, para expressar outras unidades derivadas. A seguir são apresentadas algumas das Unidades Derivadas mais comuns na engenharia civil. Unidades Derivadas expressas a partir das Unidades de Base superfície volume velocidade aceleração massa específica metro quadrado metro cúbico metro por segundo metro por segundo ao quadrado quilograma por metro cúbico m2 m3 m/s m/s2 kg/m3 Unidades Derivadas possuidoras de nomes especiais força pressão newton pascal N Pa m kg s-2 m-1 kg s-2 Unidades Derivadas expressas com emprego de nomes especiais momento de uma força tensão superficial metro newton newton / metro N.m N/m m2 kg s-2 kg s-2 Unidades Suplementares As unidades suplementares são aquelas que, a critério do usuário, podem ser consideradas como unidades de base ou derivadas. Esta categoria comporta apenas duas unidades: a de ângulo plano e a de ângulo sólido. angulo plano radiano rad ESTÁTICA – DEC 3674 13 Múltiplos e submúltiplos decimais das unidades SI 1012 109 106 103 102 101 tera giga mega quilo hecto deca 10-1 10-2 10-3 10-6 10-9 10-12 T G M k h da deci centi mili micro nano pico d c m µ n p Unidades não pertencentes ao Sistema Internacional minuto hora dia grau minuto segundo litro tonelada min h d ° ' " A t (em uso com o Sistema Internacional) 1 min = 60 s 1h = 60 min = 1d = 24 h = = ( π/180 ) rad 1° 1' = (1/60)° = 1" = (1/60)' = = = 1 dm3 1A 1t = 103 kg 3600 s 86400 s ( π/10800) rad ( π/648000 ) rad 10-3 m3 No Brasil o sistema de unidades MKS (metro, kilograma-força, segundo) foi reconhecido como sistema oficial até a adoção do Sistema Internacional de Unidades SI. A principal diferença entre estes sistemas se dá nas grandezas que empregam a unidade de medida Força. • MKS: denomina-se quilograma-força (kgf) ou quiloponde (kp) a força que produz, na massa de um quilograma, a aceleração da gravidade (g = 9,8 m/s), • SI: denomina-se Newton (N) a força que produz, na massa de um quilograma, a aceleração de 1,0 m/s. Conversões 1 kgf (kp) 1N = 9,8 N = 0,102 kgf (kp) 1 Pa 1 Kgf/cm2 = 1 N/m2 = 0,102 MPa = 1 MPa 1 MPa 1 MPa 1 MPa 1 MPa = 1 N/mm2 0,1 KN/cm2 10,2 kgf/cm2 0,1 KN/cm2 = 1 MN/m2 Obs.: usualmente se trabalha com a aceleração da gravidade g = 10,0 m/s 14 ESTÁTICA – DEC 3674 2.2.1 Precisão Numérica A precisão do resultado de um problema depende de dois fatores: a precisão dos dados fornecidos e a dos cálculos realizados. A precisão do resultado não pode superar a destes dois fatores. Por exemplo, se a carga de uma ponte é de 750 kN com um possível erro de 1 kN, o erro relativo que mede o grau de precisão do dado é 1 / 750 = 0,0013 = 0,13 % Em problemas de engenharia, raramente os dados são conhecidos com uma precisão maior que 0,2%. Portanto é desnecessário realizar os cálculos com precisão maior. 2.3 Noções de cálculo vetorial – Forças coplanares. Uma força representa a ação de um corpo sobre outro. Ela é caracterizada por seu ponto de aplicação, sua intensidade, direção e sentido. A intensidade de uma força é dada por um número (em N ou kN), a sua direção é definida pela reta ao longo da qual a força atua e caracterizada pelo ângulo que forma com algum eixo fixo e, finalmente, o sentido da força é indicado por 10 kN A 30º uma seta. Os vetores são definidos como entes matemáticos que possuem intensidade, direção e sentido. Um vetor usado para representar uma força que atua em uma dada partícula tem bem definido o seu ponto de aplicação e, esse vetor é dito fixo e não pode ser deslocado sem modificar as condições do problema. Independentemente de terem ou não o mesmo ponto de aplicação, dois vetores de mesma intensidade, direção e sentido são ditos iguais e, podem ser indicados pela mesma letra. As forças, como vetores, se adicionam de acordo com a lei do paralelogramo. Outras entidades também seguem a lei de adição do paralelogramo: os deslocamentos, as velocidades, as acelerações e os momentos, são outros exemplos de quantidades físicas que possuem intensidade e direção e que são adicionadas de acordo com a lei do paralelogramo. Todas estas grandezas podem ser representadas matematicamente por vetores, enquanto aquelas que não possuem direção, tais como volume, massa ou energia, são representadas por números ordinários ou escalares. ESTÁTICA – DEC 3674 15 Lei do paralelogramo para a adição de duas forças Duas forças P e Q, atuantes sobre uma partícula A podem ser substituídas por uma única força R que tem o mesmo efeito sobre a partícula. Esta força é chamada de resultante das forças P e Q e pode ser obtida pela construção de um paralelogramo, usando P e Q como lados do paralelogramo. A diagonal que passa por A representa a resultante. F1 F1 A R R A F2 A F2 Como o paralelogramo construído com os vetores P e Q não depende da ordem segundo a qual P e Q são tomados, concluímos que a adição de dois vetores é comutativa e escrevemos: PQ = QP Da lei do paralelogramo, tem-se um método conhecido como a regra do triângulo: como o lado do paralelogramo oposto a Q é igual a Q em magnitude e direção, pode-se desenhar apenas a metade do paralelogramo. A soma dos dois vetores pode ser então determinada pelo reposicionamento de P e Q, de modo que a origem de um vetor esteja sobre a extremidade do outro, e unindo a origem de P com a extremidade de Q, ou seja, a adição vetorial é comutativa A B B R Regra do triângulo R A O vetor negativo de um dado vetor P é definido como sendo um vetor que tem a mesma intensidade e direção de P e sentido oposto ao de P. O vetor negativo de P é representado por -P. Os vetores P e -P são comumente referidos como vetores iguais e opostos. A subtração de um vetor é definida como a adição do correspondente vetor negativo. Então, o vetor P - Q, que representa a diferença entre os vetores P e Q é obtida pela adição do vetor P ao vetor -Q. Escrevemos A soma de três vetores P, Q e S será, por definição, obtida pela adição inicial dos vetores P e Q e adicionando o vetor S ao vetor P+Q. Analogamente, a soma de quatro vetores será obtida pela adição do quarto vetor à soma dos três primeiros. Este raciocínio é válido para a soma de n vetores. ESTÁTICA – DEC 3674 16 A soma de n vetores pode ser feita pelo método da regra do triângulo, fazendo com que a origem de um vetor coincida com a extremidade do anterior e unindo a origem do primeiro vetor com a extremidade do último. Isso é conhecido como a regra do polígono para a adição dos vetores. A B C Regra do polígono R D E R=A+B+C+D+E+F F Fundamentos de trigonometria c B Dado um triângulo de lados A, B e C A b Lei dos senos: A B C = = sen a sen b sen c Lei dos co-senos: C = A2 + B 2 − 2. A.B.cos c cos a = B 2 + C 2 − A2 2.B.C C a A = B.cos c + C.cos b Exemplo 01. Determinar a resultante do sistema de forças. F2 10º 10º A F1 = 150 N F2 = 100 N F1 R θ F1 15º 15º β R α F2 10º γ ESTÁTICA – DEC 3674 Lei dos co-senos: 10º F1 65º 15º F2 ∴ C = A2 + B 2 − 2. A.B.cos c R = 1002 + 1502 − 2.100.150.cos115º θ = 15+90+10=115º Lei dos senos: 17 R = 205,607 N A B = sen a sen b R F1 sen 115º.F1 0,90631× 150 = → sen β = = = 0,90631 β = 39,76º sen 115º sen β R 212,55 γ = β + 15º = 54,76º ∴ A força resultante é de 205,61 N, 54,76º com a horizontal. Exemplo 02. y y' F = 200 N Decompor a força de 200 N em componentes nas direções dos eixos ortogonais xy e x’y’ e nas direções x’ e y. 40º A 30º x x' y' F = 200 N y F = 200 N β Fy' Fy 40º A 40º Fx Eixo xy x Fx' 30º a) α x' 30º Eixo x’y’ α = 30º b) β = 20º Eixo xy Eixo x’y’ cos 40º = Fx / F ∴ Fx = 153,21 N cos 70º = Fx’ / F ∴ Fx = 187,94 N cos 50º = Fx / F ∴ Fx = 128,56 N cos 20º = Fx’ / F ∴ Fx = 68,40 N ESTÁTICA – DEC 3674 18 Eixos y e x’ y 60º 60º Fx’ 70º Fy 70º 50º F = 200 50º 40º 30º 60º 30º Lei dos senos: A B C = = sen a sen b sen c x' Fx ' 200 sen 50 = ∴ Fx ' = 200 = 176,91 N sen 50 sen 60 sen 60 Fy 200 sen 70 = ∴ Fy = 200 = 217,01 N sen 70 sen 60 sen 60 Exemplo 03. Decompor a força F de 500 N em duas componentes nas direções das barras AB e AC de modo que a componente na direção AC fique dirigida B de A para C e tenha módulo de 400 N. Determinar o ângulo θ. 30º AC = 400 N 60º θ 30º A C 60º θ F = 500 N Lei dos senos: 120-θ F = 500 N 500 400 400 = ∴ sen (120-θ ) = sen 60º sen 60º sen (120-θ ) 500 sen (120-θ) = 0,866 x 0,8 = 0,68928 → 120-θ = 43,85 → θ = 76,15º Exemplo 04. o suporte da figura abaixo está submetido a duas forças F1 e F2. A Considerando que a resultante deve ser vertical e de módulo FR = θ 1000 N, Determinar: 20º a) os módulos de F1 e F2 quando θ = 30º; b) os módulos de F1 e F2 quando F2 é mínimo. F2 F1 ESTÁTICA – DEC 3674 a) 19 b) F2 F2 30º 20º F1 70º 20º F1 FR = 1000 N F1 = 652,7 N e F2 = 446,5 N FR = 1000 N F1 = 342 N e F2 = 939,7 N A menor distância do ponto A ao lado do paralelogramo é quando F1 e F2 são perpendiculares 2.4 Equilíbrio de uma Partícula Quando a resultante de todas as forças que atuam sobre uma partícula é zero, esta partícula está em equilíbrio. Uma partícula submetida à ação de duas forças F1 = 100 N A estará em equilíbrio quando essas duas forças tiverem a mesma intensidade a mesma linha de ação e sentidos opostos, pois, neste F2 = 100 N caso, a resultante das duas forças é zero. Determine a intensidade de T3 e sua direção para que o sistema esteja em equilíbrio. T2 T3 150 N T1 60 N 60º A θ F = 250 N T1 30º T2 Observe o polígono das forças a esquerda. F T3 θ Para a condição de equilíbrio, o polígono de forças precisa ser fechado, i.é: Primeira Lei do Movimento de Newton. Se a força resultante que atua sobre uma partícula é zero, esta partícula permanece em repouso (se estava originalmente em repouso) ou se move ao longo de uma reta com ESTÁTICA – DEC 3674 20 velocidade constante (se originalmente, estava em movimento). Desta lei e da definição de equilíbrio conclui-se que uma partícula em equilíbrio está em repouso ou movimenta-se sobre uma reta com velocidade constante. Quando efeito global das forças sobre uma partícula é zero a partícula é dita em equilíbrio. O polígono fechado é uma expressão gráfica do equilíbrio de A. Para exprimir algebricamente as condições de equilíbrio de uma partícula, escrevemos R = ΣF = 0 Decompondo cada força F em componentes retangulares, temos Σ ( Fx i + Fy i ) = 0 ou Σ ( Fx ) i + Σ ( Fy ) j = 0 Concluindo-se que a condição necessária e suficiente para o equilíbrio de uma partícula é: ΣFx = 0 e ΣFy = 0 Solução: 1) ΣFx = 0 T 3 . cos θ = T 2 . cos 60º +T 1 2) ΣFy = 0 F = T 3 . sen θ + T 2 . sen 60º e dividindo a segunda pela primeira tg θ = F − T 2 . sen 60º = 0,8896 T 2 . cos 60º +T 1 θ = 41, 656º e T 3 = 180, 688 N 2.4.1 Diagrama de corpo livre. Um grande número de problemas que envolvem estruturas reais pode ser reduzido, no entanto, a problemas referentes ao equilíbrio de uma partícula. Isto é feito escolhendo-se uma partícula conveniente e esquematizando-se em um diagrama separado, todas as forças que sobre ela são exercidas. Tal diagrama é chamado diagrama de corpo livre. Como exemplo, consideremos que um caixote entre dois prédios, pesando 70 N, está sendo colocado sobre um caminhão, que o removerá. O caixote é sustentado por um cabo vertical ligado a duas cordas que passam por polias fixadas nos prédios. Qual a força de tração em cada uma das cordas AB e AC. ESTÁTICA – DEC 3674 B 21 50º a) b) C 50º A c) d) 50º TAB TAB TAC 30º RAB RAC 50º 30º A 70 N 30º TAC 30º Para resolver este problema, é necessário o traçado de um diagrama de corpo livre, que mostre a partícula em equilíbrio e, neste caso o ponto A é adequado para servir como corpo livre para este problema e o diagrama de corpo livre é mostrado na figura b). Na figura c) mostra-se a os segmentos de reta RAB e RAC construídos, respectivamente, a partir do final e da origem do vetor da força. A intersecção dos dois segmentos de reta define a construção do polígono de forças (figura d) fechado, ou seja, em equilíbrio. TAC 70 TAB = = sen 60º sen 40º sen 80º Solução pela Lei dos senos: TAB = 70 x sen 60º/sen 80º = 61,56 N TAC = 70 x sen 40º/sen 80º = 45,69 N Solução algébrica: ΣFx = 0 ⇒ TAB cos 50º = TAC cos 30º ΣFy = 0 ⇒ TAB sen 50º + TAC sen 30º = 70 TAC = 45,689 N e ⇒ TAB = TAC ⇒ cos 30º = 1,3473 TAC cos 50º 1,3473 TAC . 0,766 + TAC 0,5 = 70 TAB = 1,3473 TAC = 61,557 N Exercício 01 - Numa operação de descarga de navio, um automóvel de 1750 kgf é suportado por um cabo. Uma corda é amarrada ao cabo em A e puxada a fim de que o automóvel seja centralizado na posição desejada. O ângulo entre o cabo e a vertical é de 2°, enquanto o ângulo entre a corda e a horizontal é de 30°. Qual é a tração nesta corda? 22 ESTÁTICA – DEC 3674 Exercício 02 - Determinar a intensidade, a direção e sentido da menor força F que manterá a caixa em equilíbrio. Observar que a força exercida pelos roletes sobre a caixa é perpendicular ao plano inclinado. Exercício 03 - Um pequeno barco está ancorado por três cordas amarradas a pilastras às margens do rio. A corrente exerce uma força de arrasto sobre o barco no sentido da jusante. As trações nas cordas A e B são medidas e encontrados os valores A = 120 kgf e B = 80 kgf. Determinar a intensidade da força exercida pela corrente e a tração na corda C. ESTÁTICA – DEC 3674 23 Exercício 04 - Um parafuso é utilizado para escorar três cabos de sustentação como está indicado. É dada a tensão em cada cabo. Determinar a intensidade, direção e sentido da força exercida pela fundação sobre o parafuso. Exercício 05 - Duas forças P = 1000 kgf e Q = 1200 kgf são aplicadas a esta conexão de avião. Sabendo que a conexão está em equilíbrio, determinar os esforços T1 e T2. Exercício 06 - Duas forças P e Q são aplicadas à conexão do avião. Em certo instante, quando a conexão está em equilíbrio, é medido que T1 = 560 kgf e T2 = 120 kgf. Determinar os valores correspondentes de P e Q, Exercício 07 - Uma partícula A está em equilíbrio sob a ação das quatro forças indicadas. Determinar a intensidade, direção e sentido de Q. Exercício 08 - Uma caixa de 600 kgf é suportada por vários arranjos de corda e roldanas, como mostra a figura. Determinar, para cada arranjo, a tensão na corda. (A tensão na corda é a mesma em cada lado da roldana). 24 ESTÁTICA – DEC 3674 Exercício 09 - Resolver as partes b e d deste exercício supondo que a extremidade da corda está fixada à caixa. Exercício 10 - Um caixote de 750 kgf é levantado por um cabo de guindaste CD. Uma alça A CB de 1,5 m de comprimento é afixada ao caixote de cada uma das maneiras mostradas. Determinar a tensão na alça em cada caso. Exercício 11 - Uma arca móvel e seu conteúdo pesam 370 kgf. Determinar a menor braçadeira ACB que pode ser usada para erguer a arca carregada, se a tensão na braçadeira não pode exceder a 450 kgf. 2.5 Equilíbrio de corpos rígidos Um corpo rígido é composto por inúmeras partículas, assim, estará em equilíbrio quando todas suas partículas estiverem. Em outras palavras, um corpo rígido sob a ação de uma ou mais forças, estará em equilíbrio quando as forças externas atuantes sobre ele formam um sistema de forças equivalentes a zero, isto é, quando as forças externas podem ser reduzidas a uma força nula e um conjugado nulo. As condições necessárias e suficientes para o equilíbrio de um corpo rígido são: Σ Fx = 0, Σ Fy = 0 e Σ M(i) = 0 Observe que em um corpo rígido em duas dimensões as forças, as reações dos apoios e as conexões da uma Estrutura estão contidas no plano da figura. Quando o sentido de uma força ou de um conjugado desconhecido não é previsível, devemos tomá-lo arbitrariamente; o sinal da resposta obtida indicará, então, se o sentido adotado é correto ou não. ESTÁTICA – DEC 3674 25 Exemplo 01 - Para a viga abaixo, traçar o diagrama de corpo livre e determinar as reações de apoio sabendo-se que a viga tem uma massa de 17 N por metro linear. 400 N P1 P2 HA MA A VA 6,0 m B 2,0 m 3,0 m B P1 = 400 . 6 . 1/2 = 1200 N aplicada no centro do triângulo = 1/3 da base P2 = pv . 6 = (17 . 10) . 6 = 1020 N aplicada no centro da viga Σ Fx = 0 (não tem forças horizontais aplicadas) Σ Fy = 0 P1 + P2 = VA Σ M(A) = 0 P1 . 2,0 + P2 . 3,0 = M(A) HA = 0 VA = 1200 + 1020 = 2220 N M(A) = 2400 + 3060 = 5460 N.m Veja que Σ M(i) = 0, ou seja, a somatória de momentos em qualquer ponto é nula. Exemplo 02 – Determinar as reações de apoio da viga representada pela figura abaixo, desprezando o peso próprio da viga no cálculo. F2 = 100 N 40º C A 2,0 m D 3,0 m F2 F1 sen 40º F1 = 600 N RHA F1 cos 40º B D C RVB RVA 2,0 m Solução: Σ Fx = 0 RHA + F1 cos 40º = 0 Σ Fy = 0 RVA + RVB = F1 sem 40º + F2 Σ M(A) = 0 F1 . sen 40º . 2,0 + F2 . 5,0 = RVB . 7,0 RHA + 459,63 = 0 → RHA = - 459,63 N RVB = - RVA + 385,67 + 100 RVB = (385,67 . 2 + 100 . 5) / 7 RVB = 181,62 N ESTÁTICA – DEC 3674 26 RVA = - RVB + 385,67 + 100 → RVA = 304,05 N Veja que foi obtido um valor negativo para RHA, ou seja, sentido contrário ao disposto. Exemplo 03 – Determinar as reações de apoio da estrutura representada pela figura abaixo. F1 = 700 N 1,0 m F1 = 700 N 1,0 m F2 = 800 N 2,0 m 2,0 m F2 = 800 N RHA A 0,25 m RVA A 0,25 m B RVB B Σ Fx = 0 RHA + F2 = 0 RHA + 800,0 = 0 RHA = - 800,0 N Σ Fy = 0 RVA + RVB = 700,0 → RVB = - RVA + 700 Σ M(A) = 0 RVB . 1,0 - F2 . 2,0 = 0. → RVB = (800 . 2) RVB = 1600,0 N RVA = 700 - RVB → RVA = - 900,0 N Veja que foram obtidos valores negativos para RHA e RVA, ou seja, sentidos contrários ao disposto.