Lombalgia Aguda Ai, as minhas costas! Incómodas e incapacitantes, as dores no fundo das costas melhoram com atividade física e medicamentos analgésicos tos para reduzir o sofrimento e os seus efeitos na vida dos pacientes. A aguda, à qual dedicamos este artigo, dura até seis semanas e a crónica, mais de um mês e meio. Em ambas, a palavra de ordem é não se entregar e fazer o possível para se manter ativo. O peso da dor ■ O risco de sofrer de dores no fundo das costas aumenta com a idade. A componente genética, por exemplo, ao nível de doenças dos discos intervertebrais, pode ter influência no aparecimento da lombalgia. Mas é a debilidade dos músculos abdominais e das costas, causada pela falta de exercício, que parece assumir maior importância. ■ As profissões que implicam tra- > suspeita de doença oculta vigilância atenta Se a lombalgia surgir antes dos 20 anos ou após os 50 ou estiver associada a uma das seguintes condições, fale com o seu médico. ´´ ´´ ´ ´´ ´ ´ Embate violento na zona atingida. Falta de força ou insensibilidade nas pernas. Perda de peso sem causa aparente ou febre. História prévia de cancro ou infeção recente. Anestesia epidural (a dor pode indicar danos na medula). Dificuldade em urinar ou incontinência fecal. Dor noturna. Toma habitual de medicamentos corticosteroides ou abuso de álcool ou drogas. Desenvolvimento progressivo de problemas neurológicos. teste saúde 105 outubro/novembro 2013 Poucos adultos poderão vangloriar-se de nunca terem tido uma dor no fundo das costas, conhecida por lombalgia. Apesar de poder surgir em qualquer idade, o problema é mais frequente entre os 45 e os 64 anos. O envelhecimento natural tem alguma influência no seu aparecimento, mas o grande responsável parece ser o sedentarismo: sem exercício físico, os músculos abdominais e das costas perdem força e tornam-se menos eficazes na função de ajudar a coluna a suportar o corpo. A coluna acusa a sobrecarga e queixa-se. Esta dor dita não específica, por não existir um problema ou doença que possa ser apontada como causa, é a mais comum: em cada 20 lombalgias agudas, 19 entram nesta categoria. São difíceis de curar, mas existem tratamen- 15 lombalgia aguda > Radiografia, TAC e ressonância Imagens sem benefícios balhos muito pesados, elevação de cargas, exposição a vibrações, pouca atividade física ou a permanência sentado durante longos períodos elevam a probabilidade de ocorrência. É o caso, por exemplo, dos trabalhadores da construção civil, dos operários que usam ferramentas pneumáticas, dos enfermeiros, dos cabeleireiros e dos empregados de escritório. ■ O tabaco, o stresse, a ansiedade, a baixa satisfação profissional, a falta de apoio social e a má relação com os colegas também parecem despertar o sofrimento. ■ Esta dor pode surgir de forma re- ✗ Os exames complementares de diagnóstico não determinam a causa da maioria das dores na zona lombar pentina sem nenhuma causa aparente ou, por exemplo, após um esforço ou uma distensão muscular. Em geral, limita-se à região lombar e à perna. Não produz formigueiro e pode piorar quando se torce, estica e dobra ou quando se deita na horizontal. Em geral, diminui ao adotar a posição fetal. ■ Por regra, o problema desaparece numa a duas semanas, mas a fase aguda pode estender-se até seis semanas. As recaídas são comuns. ■ Se a dor for muito incómoda ou estiver associada às situações descritas na caixa da página 15, consulte o médico. Com base no relato ✓ Regule o telescópio do aspirador, de modo a manter as costas direitas. Aspire à frente dos pés ´ Os exames médicos, como a ressonância magnética e a tomografia axial computorizada (TAC), só são recomendados quando há suspeita de que a dor tem origem numa doença ou num problema que necessite de tratamento. Em geral, o médico consegue distinguir estes casos através da história clínica e de um exame físico. ✓ ✗ ✓ Sentar ´ ✗ ✓ Conduzir ´ ✗ ´ teste saúde 105 outubro/novembro 2013 Levantar objetos ✗ Na ausência de sinais de alerta (ver caixa na página anterior), não é aconselhável avançar para exames complementares de diagnóstico, pelo menos, até seis a oito semanas após as primeiras queixas. A maioria dos doentes tem dor não específica, cuja causa é indetetável através destes exames, e melhora no prazo máximo de um mês. 16 Aspirar Os raios X oferecem pouca informação. Além disso, vários estudos têm demonstrado que as radiografias, ressonâncias e TACs não aceleram a recuperação. Alguns pacientes até pioram durante esta avaliação, comparativamente a quem se mantém ativo e toma analgésicos. Coloque os pés em torno do objeto e levante-o, fazendo força nas pernas e nos braços. Mantenha as costas direitas Adapte a altura da cadeira à da mesa de trabalho ou vice-versa. Apoie os pés no chão ou numa plataforma e mantenha as costas direitas Encoste-se bem ao banco e regule o encosto de cabeça, para que suporte a nuca. Apoie as costas direitas Além de não terem benefícios comprovados para a maioria dos que sofrem de lombalgia e poderem causar ansiedade, os exames pela imagem emitem radiações que aumentam o risco de cancro e de infertilidade (se atingirem os ovários ou os testículos). Por outro lado, podem motivar outros exames igaulmente desnecessários. Mau ✓ Bom Mochila coloque os objetos maiores e mais volumosos junto às costas. Transporte a mochila às costas, com uma alça em cada ombro, para equilibrar a carga Pouco leito e ação regular ■ Não permaneça na cama durante muito tempo. Tente retomar as atividades normais logo que possível. Durante a noite, pode obter algum alívio se colocar uma almofada entre os joelhos ou debaixo destes, consoante durma de lado ou de barriga para cima. ■ Os medicamentos analgésicos, como o paracetamol, podem ajudar a aliviar o sofrimento. Se não resultar, recorra a anti-inflamatórios não esteroides, como o ibuprofeno. Em casos mais resistentes, o médico pode receitar opioides, como a codeína, ou coxibes, como o etoricoxib. Os opioides fortes, como a morfina, estão reservados para casos graves. Se tiver espasmos musculares, podem ser indicadas benzodiazepinas (ansiolítico). ■ O exercício físico específico é outra solução. Fale com o médico sobre os exercícios a realizar na fase aguda. Estudos mostram que o ioga melhora a dor a curto prazo. ■ O calor e o frio aplicados na zona podem proporcionar melhorias momentâneas, mas as provas científicas que suportam a sua eficácia são fracas. Já no caso da acupuntura, alguns estudos revelam efeitos positivos, outros não. ■ A componente psicológica e social é também importante. Se a dor não ceder às abordagens descritas, pode ser útil consultar um psicólogo: estudos mostram que a terapia cognitiva comportamental ajuda a lidar com a dor. Nalguns casos, as orientações para melhorar as relações com outras pessoas e encarar o trabalho de forma positiva são o remédio mais adequado. Hérnia discal: uma causa de dor nas costas É mais comum na zona inferior das costas (coluna lombar). Ocorre quando um disco entre as vértebras se desloca e fica comprimido ou rompe e permite a saída da matéria mole que se encontra no seu interior. Anel fibroso Libertação do núcleo O anel fibroso do disco intervertebral desloca-se ou rompe-se, permitindo o deslizamento do núcleo pulposo. Este comprime os nervos e causa dor, que piora quando o paciente se movimenta, tosse ou ri. Urinar e defecar também podem ser atos dolorosos. Debilidade das pernas e formigueiro nos pés (em particular, nos dedos) são outros sinais de hérnia. Núcleo pulposo Vértebra Nervo teste saúde aconselha Postura correta e atividade física todos os dias ´ Se sofrer uma dor aguda no fundo das costas, tente prosseguir com a sua rotina diária, incluindo a atividade física e profissional. ´ Se necessário, tome analgésicos para combater a dor. O paracetamol é o mais indicado. Se não resultar, tome anti-inflamatórios não esteroides, como o ibuprofeno. ´ Os exames complementares de diagnóstico, incluindo a ressonância magnética ou a TAC, não têm utilidade na maioria dos casos. Não insista com o médico para que os prescreva. ´ Em geral, a dor desaparece no prazo de uma a quatro semanas, mas as recaídas são comuns. Vigie o peso: se ganhar uns quilos, a lombalgia pode surgir com maior frequência e intensidade. ´ Evite transportar objetos pesados. Se o fizer, caminhe com as costas direitas, esforçando os abdominais. Ao empurrar a carga, poupa mais as costas do que ao puxá-la ou carregá-la. ´ Não fume e pratique exercício físico regulamente. Caminhada, corrida ou natação: qualquer atividade ajuda. Não há provas de que exercícios específicos para as costas sejam mais eficazes do que manter-se em forma e ativo. ´ Se a dor persistir, consulte o médico de família. O psicólogo também pode ajudar, dado que a vertente psicológica e social influenciam o sofrimento. teste saúde 105 outubro/novembro 2013 do paciente, na história clínica e no exame físico, este verificará se é necessário fazer outros exames, para descartar doenças subjacentes. O mais certo é receber conselhos e medicamentos para controlar a dor. É raro esta derivar de problemas de saúde detetáveis por exames clínicos. 17