conceitos sobre o tdah em crianças: uma abordagem

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FACULDADE ALFREDO NASSER
CAMILA CAETANO DOS SANTOS RODRIGUES
CONCEITOS SOBRE TDAH EM CRIANÇAS: UMA ABORDAGEM EDUCACIONAL
APARECIDA DE GOIÂNIA-GO
2011
2
CAMILA CAETANO DOS SANTOS RODRIGUES
CONCEITOS SOBRE TDAH EM CRIANÇAS: UMA ABORDAGEM EDUCACIONAL
Trabalho apresentado como requisito parcial para
conclusão do curso de Licenciatura em
Pedagogia, do Instituto Superior de Educação da
Faculdade Alfredo Nasser, sob orientação da
professora Ms. Cristiene de Paula Alencar.
APARECIDA DE GOIÂNIA-GO
2011
3
CAMILA CAETANO DOS SANTOS RODRIGUES
CONCEITO SOBRE TDAH EM CRIANÇAS: UMA ABORDAGEM EDUCACIONAL
Esta monografia foi julgada adequada para
obtenção do título de Licenciado em Pedagogia e
aprovado em sua forma final pela banca
examinadora abaixo constituída, na área de
concentração Sociedade e Região.
Aparecida de Goiânia, ___ de _________________ de _____.
BANCA EXAMINADORA
________________________________________________
Presidente: Professora Ms. Cristiene de Paula Alencar – UNIFAN
_________________________________________________
Membro: Dr.
__________________________________________________
Membro: Ms.
4
Dedico este trabalho ao meu esposo que
sempre me apoiou e me incentivou nos
meus estudos sendo ainda compreensivo
e companheiro diante das minhas
necessidades, e a minha querida filha
Maria
Eduarda
por
entender
carinhosamente a minha ausência em
momentos que ela esperava a minha
presença.
5
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente a Deus por atuar em minha vida de forma tão
maravilhosa, me proporcionando saúde e dando-me condições de realizar esse
sonho.
Agradeço aos meus pais pelo amor dispensado a mim e que me motivam a
ser uma pessoa cada dia melhor. Sei que nos momentos difíceis eu tinha e tenho
alguém orando por mim....obrigada mãe! Obrigada pai!
Agradeço a minha linda e doce orientadora Cristiene Alencar que de forma
tão gentil e eficiente me orientou e me motivou na realização dessa pesquisa.
Às minhas amigas (Angélica, Sara Dalila e Fernanda) que nos momentos
que eu precisei não me negaram ajuda... muitíssimo obrigada!
Ao meu esposo Gledston e a minha filha Maria Eduarda, a quem é dedicado
esse trabalho, só posso dizer... amo vocês! Obrigada por estarem ao meu lado.
Agradeço também a um amigo que contribuiu bastante no desenvolvimento
do meu trabalho. Você colocou em minhas mãos aquele livro.... Exatamente o que
eu precisava... você sabe o que aconteceu com o livro, prefiro nem comentar, prefiro
agradecer pela compreensão e apoio dispensado a mim...obrigada!
Agradeço a todos que de forma direta ou indiretamente fizeram parte desse
período importante em minha vida. Obrigada!
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 08
CAPÍTULO I- CONCEITUALIZANDO O TDAH .......................................................... 10
1.1. Conceito de TDAH e TDA .............................................................................. 10
1.2. TDAH, TDA e comorbidades .......................................................................... 13
1.3 Características do TDAH ............................................................................... 18
CAPÍTULO II – DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO .................................................... 22
2.1 Instrumento de diagnóstico do TDAH ................................................................ 22
2.1.1 Entrevistas ................................................................................................... 26
2.1.2 Questionários ............................................................................................... 28
2.1.3. Avaliações .................................................................................................. 32
2.2 Tratamento ......................................................................................................... 35
2.2.1.Tratamento terapêutico ................................................................................ 35
2.2.2. Medicamentoso........................................................................................... 38
2.3. Intervenção escolar ........................................................................................... 39
CAPÍTULO III – ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL ....................................................... 42
3.1. Leis que amparam o TDAH ............................................................................... 42
3.2 Educação Escolar da Criança com TDAH ......................................................... 45
CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................................ 49
REFERÊNCIAS ........................................................................................................... 50
7
RESUMO
O Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) atualmente
vem sendo pesquisado e discutido buscando encontrar respostas às opiniões
divergentes que surgem na sociedade, escola e família com relação a suas
características e danos causados no indivíduo que apresenta TDAH. A sociedade
nem sempre considera o TDAH como um transtorno de desenvolvimento infantil,
essa realidade é refletida nas ações das pessoas. O estudo realizado por meio
deste, evidencia a importância da família e sociedade como um todo perceber a
complexidade e a problemática existente na vida de uma criança que apresenta
Déficit de Atenção e Hiperatividade. Portanto serão abordadas questões essenciais
que contribuirão na função do profissional que possui em sua responsabilidade uma
criança que apresenta TDAH, principalmente visando os educadores que necessitam
de uma prática pedagógica sistematizada. Contudo, serão apresentadas leis que
amparam à criança que possui TDAH e apresentados instrumentos avaliativos que
contribuem no processo de diagnósticos utilizados por profissionais especializados.
Palavras-chave: Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade, Prática
Pedagógica, Instrumentos avaliativos.
ABSTRACT
Actually the TDAH is a theme that is growing in terms of reserching and
discused trying to understand and meet answers to the different opinions that suffer
in the soicty, school and family with it’s caracteristics and problems caused in the
person Who presents the TDAH. The society even considers the TDAH as a
transtorn that appears in the people’s action. This study shows the importance of the
family and society to understand how is complex and how difficult is a child’s life
whem the TDAH appears. Although are showing relevant questions that will
contribute with the professional function that has in his ther responsibility the child
with TDAH, specially showing to the educators who need of systematic pedagogic
practice. So, are presented in this work laws that support the TDAH’s children and
presents avalution tools that contributs to the diagnostics used by professionals.
Keywords: TDAH; Pedagogic Practicing; Avaluation Tools.
8
INTRODUÇÃO
Um dos fatores relacionado à dificuldade de aprendizagem é o TDAH.
Crianças que apresentam Déficit de atenção e hiperatividade com predomínio de
desatenção ou hiperatividade e até mesmo na forma combinada, normalmente
apresentarão dificuldades de aprendizagem. No entanto, é necessário abordar que
dificuldades na aprendizagem não são características incontestáveis em indivíduos
com TDAH, ou seja, as dificuldades que surgem em consequência da falta de
atenção podem ser supridas por meio de uma boa capacidade intelectual da criança,
interesse na busca pelo conhecimento e sem dúvida, uma didática de ensino
adequada.
De acordo com a Declaração de Salamanca de Princípios, Políticas e
Práticas das Necessidades Educativas Especiais aprovada em 1994 na Espanha,
“toda criança tem direito a educação e ao acesso ao conhecimento”. Assim, a
educação de crianças com TDAH deve ser realizada por meio das instituições
públicas e privadas, baseadas no princípio da normalização, o qual pressupõe
modos e condições de vida diária o mais semelhante possível das formas e
condições de vida das crianças não portadoras do transtorno (MEC, Secretaria de
Educação Especial, Livro 1, 1994, p.66).
Pensando sobre este direito a hipótese que se apresenta é que para garantir
um bom ensino aprendizado ao aluno com transtorno e déficit de atenção e
hiperatividade se faz necessário conhecer sobre o TDAH para melhor conduzir a
educação escolar. Acredita-se ainda que este trabalho não se realize de forma
isolada contando com a parceria de outros profissionais. O que se propõem portanto
como objetivo central é conhecer e apresentar o transtorno de TDAH e TDA, os
profissionais que se envolvem com a temática e as contribuições destes para o
diagnóstico, tratamento e educação destas crianças.
Para alcançar tal proposta, este trabalho foi dividido em três partes não
como forma de isolar os fatos, mas na intenção de aprofundar sobre os fatos e
conceitos num movimento de interligação das ideias a serem apresentadas.
O primeiro capítulo trata-se da conceitualização do TDAH, envolvendo o
conceito de TDAH, TDA, comorbidades e suas características, no intuito de
apresentar informações precisas e sistematizadas científicamente. O segundo
9
capítulo abordou-se sobre o diagnóstico e tratamento do TDAH, assim como os
instrumentos de diagnóstico do TDAH, contando com as entrevistas e questionários
e por último o tratamento realizado por medicamentos ou terapias; No terceiro
capítulo discutirá sobre a orientação educacional envolvendo as leis que amparam o
TDAH e a educação escolar da criança com TDAH.
10
CAPÍTULO I - CONCEITUALIZANDO O TDAH
1.1. Conceito de TDAH e TDA
Para se tratar do tema de TDAH é preciso primeiramente esclarecer sobre
este conceito e aprofundar sobre a questão, percebendo que não se trata de uma
sigla ou nomenclatura dada a um determinado comportamento humano, mas algo
que ultrapassa o saber do senso comum direcionando a um estudo sistematizado e
científico sobre o conceito de transtorno e déficit de atenção e hiperatividade.
Para Phelan (2005, p. 68) a herança genética não é o único responsável
para o desenvolvimento do TDAH, mas é de fato o mais importante. “A
hereditariedade pode não ser a única explicação para todos os casos de pessoas
com Transtorno de Déficit de Atenção”. Os outros causadores do transtorno podem
ser: problemas durante o parto, desnutrição e fumo durante a gravidez. A causa ou
(causas exatas) da hiperatividade é desconhecida, a desordem pode ser resultado
de fatores genéticos; desequilíbrio químico; lesão ou doença na hora ou depois do
parto; defeito no cérebro ou sistema nervoso.
O TDA (transtorno de déficit de atenção) é um distúrbio que apresenta níveis
de intensidade variados e com tipos diferentes de TDA, tais como o TDAH (com
hiperatividade) e o TDA sem hiperatividade, do tipo desatento. De acordo com o
autor não há nenhum tipo de teste ou exame que poderá com total precisão
diagnosticar o TDA, somente pela coleta de dados e informações e por meio de uma
análise feita a essas informações será possível afirmar a presença ou ausência do
TDA. “A determinação final de que uma criança se enquadra ou não nesse
diagnóstico precisa estar baseada na integração de todos os dados coletados”
(PHELAN, 2005, p. 97).
De acordo com Rohde et al (2003), os sintomas do TDAH são provenientes
de problemas no funcionamento cerebral e provavelmente a origem desses sintomas
estão
relacionados
com
possíveis
alterações
em
diversos
sistemas
de
neurotransmissores localizados no lobo frontal, sendo que essa região é
responsável pelas funções cognitivas, tais como: atenção, percepção, planejamento
11
e organização, ações totalmente comprometidas em pessoas que possuem déficit de
atenção e hiperatividade.
O transtorno de déficit de atenção e hiperatividade vêm sendo pesquisado
de forma mais criteriosa desde a década de 90. Um grande número de pesquisas já
foi realizado, porém, ainda não é possível relatar as causas precisas do TDAH.
Sendo assim, um dos fatores mais utilizados como resposta às possíveis causas do
transtorno são os fatores genéticos e ambientais, o último citado, considera-se que o
ambiente familiar desestruturado com casos de criminalidade dos pais, discórdias
severas, problemas relacionados com a classe social baixa são fatores que podem
ter relação com o TDAH, ou seja, ainda não é possível relacionar os fatores
ambientais ao transtorno de forma precisa. Contudo, o avanço nas pesquisas com
relação à origem do TDAH tem sua relevância na área da medicina e psiquiatria
infantil para o paciente e sua família
Phelan (2005) pontua que foram excluídas teorias que afirmavam serem
fatores envolvidos no desenvolvimento do transtorno como o consumo de corantes e
conservantes, excesso de açúcar, luz fluorescente, deficiência de vitaminas e
problemas na tireóide, concluindo-se que a herança genética se mostra não como a
única, mas a mais relevante para o desenvolvimento do transtorno.
De acordo com Phelan (2005) ao longo dos anos vários nomes surgiram
relacionados com transtorno de déficit de atenção. Cita-se a doença de Still,
Distúrbio de Impulso, Lesão Mínima do Cérebro e Disfunção Cerebral. No entanto
em 1980 no Manual Diagnóstico e Estatístico dos Distúrbios Mentais III Edição (DSM
III) surge o nome Transtorno de Déficit de Atenção, esclarecendo que o problema
está relacionado com a concentração e atenção. “Essa nova definição deixava claro
que o ponto central do problema era a dificuldade de se concentrar e manter a
atenção”. (PHELAN, 2005, p.13).
Os sintomas do TDA podem estar mais relacionados com os sintomas da
desatenção, ou pode-se perceber da criança que apresenta TDAH, ações
relacionadas à impulsividade, em que predomina a hiperatividade-impulsiva ou até
mesmo a manifestação da forma combinada dos dois grupos: desatenção e
hiperatividade-impulsiva, sendo esta a mais comum nos consultórios e que
proporciona uma maior preocupação dos pais com relação a seus filhos. Contudo
faz-se necessário diagnosticar no mínimo seis sintomas, ou do grupo da desatenção
12
ou hiperatividade-impulsiva para haver uma confirmação da forma de predomínio no
indivíduo.
Na visão de Phelan (2005) diagnosticar o TDA não é como diagnosticar
problemas físicos ou psicológicos em clínicas especializadas, sendo que não há um
teste específico que venha garantir a existência do TDA. Outra dificuldade que se
encontra para diagnosticar a presença do TDA é que, no momento da entrevista com
a criança, ela se comporta de forma tímida, totalmente quieta, mesmo que no
momento que antecede a entrevista ela tivesse tido outra reação. Portanto, o
momento da entrevista não é o bastante para diagnosticar o quadro clínico, pelo fato
da criança não apresentar o que ela é na maior parte do tempo.
De acordo com Rohde et al (2003), a dificuldade em lidar com o TDAH está
relacionada com a impossibilidade do profissional da área de medicina em dar
prontamente um diagnóstico com precisão. O TDAH é relatado comumente como um
transtorno que necessita de critérios específicos e detalhados para se fazer o
diagnóstico. Sendo assim, é necessário obter dados válidos sobre a pessoa que
possui o TDAH, estes ajudarão o médico em suas avaliações possibilitando assim
um diagnóstico seguro.
Estudos foram realizados por vários pesquisadores que buscaram um maior
conhecimento
sobre
o
TDAH
e
que
pesquisaram
sobre
as
diferenças
comportamentais e cognitivas entre os sexos. Tais estudos foram realizados para
observar a taxa de prevalência do TDAH em meninos e meninas. Alguns tendem a
concordar que a taxa de prevalência é igual entre os sexos, porém, a maior
concordância entre os pesquisadores é que a taxa de prevalência do TDAH
predomina-se em meninos.
De acordo com Rohde et al (2003), os dados das pesquisas apontaram que
em meninas, o tipo predominante de TDAH é o desatento e elas possuem um menor
risco de desenvolver comorbidades como transtorno bipolar, transtorno de conduta e
transtorno desafiador de oposição, comparado aos meninos. No entanto, as
pesquisas apontaram que em meninos a taxa de distúrbios de aprendizagem e
problemas comportamentais são maiores em relação ao sexo feminino.
Observa-se portanto, que o diagnóstico de TDAH pode ser realizado
somente por um médico especializado e envolve uma observação clínica
sistematizada e acompanhada de diversos instrumentos de avaliação que
posteriormente será apresentada. A seguir traçaremos conceitos específicos sobre o
13
TDAH, o TDA e as comorbidades mais frequentes que aparecem nestes casos e
facilitam o diagnóstico e tratamento.
1.2. TDAH, TDA e comorbidades
Dado a importância de estabelecer critérios rigorosos sobre o diagnóstico de
TDAH e TDA será apresentados alguns distúrbios de comorbidades que algumas
crianças com TDA (diagnosticada ou não) poderão apresentar na infância e na
adolescência. Por razão desses distúrbios possuírem características em comum com
o TDA, muitas vezes eles são confundidos, no entanto problemas de concentração
podem acarretar problemas psicológicos como a depressão e ansiedade, mas
quando se trata de comportamento destrutivo, entende-se que esse tipo de
comportamento é característico do Transtorno de Déficit de Atenção (TDA),
Transtorno de Desafio e Oposição (TDO) e Transtorno de Conduta (TC).
Para Phelan (2005), o TDA na maioria das vezes vem acompanhado de
outros problemas psicológicos como ansiedade, depressão, distúrbio de humor,
aprendizado, e de acordo com pesquisas, 50% das crianças que apresentam TDA
apresentam também esses outros problemas. Os outros 50% que possuem o TDA,
mas não acompanhados de outros problemas psicológicos estão classificados como
portadores do TDA “puro”.
[...] Quando chegam à fase da adolescência, 50% de nossas crianças com
TDA (menino ou menina) também vão se enquadrar em um ou dois outros
diagnósticos do DSM-IV. Esses diagnósticos serão feitos nas categorias dos
distúrbios destrutivos, de ansiedade, de humor e de aprendizado. Os outros
50% de nossas crianças com TDA serão as assim chamadas portadoras de
TDA “puro” ou “limpo” (PHELAN, 2005 p.101).
Transtorno de Desafio e Oposição: normal acontecer 60% em meninos e
30% em meninas. Em alguns pontos esse transtorno se diferencia do TDA, apesar
de que as crianças com TDA e TDO apresentam temperamento e comportamento
difícil de lidar.
As crianças com TDO têm dificuldade em lidar com autoridade, são
desobedientes, desafiadoras e totalmente resistentes. Sendo assim, apresentam
dificuldades em assumir seus erros, jogam a culpa em outra pessoa, buscam irritar o
próximo propositadamente, são vingativos e rancorosos. Tais características não são
próprias das crianças portadoras de TDA, apesar de também possuirem
14
características fortes e impulsivas, elas também são desobedientes e têm o
temperamento difícil, mas não agem dessa forma com o intuito de irritar as pessoas,
mas pelo fato de apresentarem hiperatividade e impulsividade, fatores que
determinam suas ações. Crianças portadoras de TDO conseguem se concentrar,
realizar suas atividades escolares, trabalhos, e nos primeiros anos escolares,
apresentam poucos problemas de comportamento, diferente das crianças com TDA.
Transtorno de Conduta: pesquisas afirmam que esse tipo de transtorno é
encontrado 25% em meninos e somente 8% em meninas. Esse tipo de transtorno
está muito relacionado com a delinquência juvenil, sendo que este apresenta sérias
ações de mau comportamento em muitas vezes planejada por parte do indivíduo
que apresenta o transtorno, tais como: desejo de magoar pessoas, comportamento
muito agressivo, atitudes ameaçadoras, agressão física com pessoas e animais.
Jovens com TC geralmente roubam, agridem sexualmente, causam danos a locais
públicos, não aceitam regras. O autor afirma que muitas vezes as crianças
portadoras do TDO, não havendo um acompanhamento e tratamento adequado
evoluem para o TC, ou seja, sai de um estado difícil para um totalmente crítico.
Distúrbio de Ansiedade Múltipla: esse transtorno apresenta 30% em meninas
e meninos, sendo que estes apresentam fortes tendências para desenvolverem
problemas de ansiedade. As crianças que apresentam problemas de ansiedade na
maioria das vezes apresentam outros problemas relacionados com esse distúrbio. O
TDA, ansiedade de separação, distúrbio generalizado de ansiedade (ansiedade
infantil exagerada) e o Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC). Com o passar do
tempo a criança poderá apresentar fobias e crises emocionais.
Distúrbio Bipolar: 10% de crianças com TDA menino ou menina poderá
apresentar esse distúrbio. Diferente dos distúrbios unipolares, que apresentam
somente um lado, que seria o da depressão. O bipolar apresenta os dois extremos,
os altos e baixos, ou seja, momentos de bom humor, totalmente alegre e controlado
e por outro lado momentos totalmente depressivos e irritadiços, que duram até uma
semana. Os casos mais graves são conhecidos como episódios maníacos e os
menos graves como hipomaniacos. O autor comenta sobre a dificuldade de distinguir
o TDA do distúrbio bipolar ou distinguir os dois. Nem sempre é possível fazer um
diagnóstico correto por causa da medicação que é usada no tratamento do TDA,
essa medicação pode causar episódios maníacos e hipomaníacos em pacientes que
apresentam somente a bipolaridade com ou sem presença de TDA.
15
Phelan (2005) dá algumas sugestões de como é possível distinguir as
crianças com TDA das crianças bipolares, são elas: as crianças bipolares
apresentam mudanças de humor diferente das que apresentam TDA. Podem ocorrer
períodos de euforia alternados com momentos de pensamentos lunáticos,
sonhadores e eufóricos. As crianças bipolares apresentam ataques de birras piores
do que os das crianças com TDA. São excessivos, dramáticos, demorados e
necessitam de uma enorme dose de energia para executá-lo. As características
destrutivas do TDA geralmente são em razão da presença da desatenção ou
impulsividade presente na criança, já as características destrutivas bipolares é em
razão intencional. Com o tempo, o TDA tende a amenizar suas características
destrutivas, no entanto, as características destrutivas bipolares tendem a ficar cada
vez piores. Pesadelos e sonhos de morte e tragédia são mais característicos de
crianças bipolares. Os estimulantes pioram o comportamento do bipolar e os
estabilizadores de humor ajudam porém, os mesmos não causam nenhum efeito nas
crianças com TDA.
Distúrbios de aprendizado: 25% a 35% em meninos e 15% em meninas que
possuem TDA vão também apresentar dificuldades de aprendizagem (DAs), no
entanto, distinguir entre um e outro é uma tarefa muito complicada e nem sempre
isso é possível. Problemas de leitura (dislexia), raciocínio lógico, dificuldade de
concentração, problemas com cálculos matemáticos e registros históricos são
dificuldades de aprendizagem que geralmente estão acompanhadas pelo TDA. Os
distúrbios de aprendizado assim como o TDA são crônicos, não visíveis e sem
relação com o QI da criança.
Para distinguir entre DAs (dificuldades de aprendizagem) e DA (Déficit de
Atenção) é necessário analisar a história de desenvolvimento da criança. As
crianças que apresentam somente Déficit de Atenção, nos dois ou três primeiros
anos
de
idade
não
irá
demonstrar
agressividade
social,
hiperatividade,
impulsividade, ansiedade,etc. Porém, crianças que apresentam DAs, podem
apresentar esse comportamento em razão de ter estado frustrado e insatisfeito
durante anos no seu período escolar. Outro fato que deve ser analisado são os
resultados dos testes escolares com relação ao QI da criança, se não houver uma
diferença exagerada e os testes serem válidos, os distúrbios do aprendizado podem
ser desconsiderado.
16
O outro processo para distinguir entre DA e DAs seria a busca de
informações desde os primeiros anos escolares. Se desde o início da vida escolar
houve comentários com relação à distração e falta de atenção, o diagnóstico está
mais voltado para o TDA, sendo que as crianças com DAs apresentam momentos de
distração em áreas ou disciplinas em que elas encontram dificuldades, em outras,
apresentam concentração normal.
No que se refere a episódio maníaco, Phelan (2005) afirma que a vida de
relacionamento com as pessoas fica totalmente prejudicada, no entanto, as crianças
não conseguem perceber males ou perigos em suas ações, não entendem porque
as pessoas se preocupam com elas. Pessoas maníacas não possuem auto-estima
baixa, dormem pouco, falam muito e atividades perigosas como gastar muito
dinheiro e fazer sexo promíscuo trazem grande sensação de prazer.
Os casos dos episódios hipomaníaco também passam por períodos distintos
de humor, esforço mental e físico também podem se agravar entrando em um
período depressivo que pode durar semanas ou meses, mas geralmente os períodos
depressivos do hipomaníaco são mais curtos.
De acordo com Rohde et al (2003), os transtornos de aprendizagem são
abordados pelos dois principais manuais internacionais de diagnósticos: CID-10,
elaborada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e o DSM-IV, organizado pela
Associação Psiquiátrica Americana.
O DSM-IV estabelece os transtornos de aprendizagem no grupo dos
transtornos que geralmente pela primeira vez são diagnosticados na infância ou
adolescência, e avalia:
[...] Os Transtornos de Aprendizagem são diagnosticados quando os
resultados em testes padronizados e individualmente administrados de
leitura, matemática ou expressão escrita estão substancialmente abaixo do
esperado para sua idade, escolarização ou nível de inteligência. Os
problemas na aprendizagem interferem significativamente no rendimento
escolar ou nas atividades da vida diária que exigem habilidades de leitura,
matemática ou escrita. Em presença de um déficit sensorial, as dificuldades
de aprendizagem podem exceder aquelas habitualmente associadas com o
déficit de atenção. Os transtornos de aprendizagem podem persistir até a
idade adulta. (ROHDE ET AL, 2003, p.109).
A
CID-10
relata
com
precisão,
os
transtornos
desenvolvimento das habilidades escolares (TEDHE) e conceitua:
específicos
do
17
[...] Grupos de transtornos manifestados por comprometimentos específicos
e significativos na aprendizagem de habilidades escolares. Estes
comprometimentos na aprendizagem não são resultado direto de outros
transtornos (tais como retardo mental, déficits neurológicos grosseiros,
problemas visuais ou auditivos não corrigidos ou perturbações emocionais),
embora eles possam ocorrer simultaneamente em tais condições. Os
TEDHE frequentemente ocorrem junto com outras síndromes clínicas (tais
como transtorno de déficit de atenção ou transtorno de conduta) ou outros
transtornos do desenvolvimento (tais como transtorno específico da função
motora ou transtorno específico do desenvolvimento da fala e linguagem)
(ROHDE ET AL, 2OO3 p.109).
Os dois manuais em questão citam basicamente três tipos de transtornos
específicos: da leitura, escrita, e das habilidades matemáticas. Considerando a
complexidade desses transtornos faz-se necessário uma avaliação neurológica,
psiquiátrica, visual, auditiva, intelectual e emocional para decidir se houve prejuízo
em outras áreas que justifiquem o mau desenvolvimento escolar apresentado. Nem
sempre é possível estabelecer níveis de comprometimento que os transtornos
podem causar, eles podem ser considerados leves, moderados ou graves. Porém,
nestes ultimos, a criança tem direito a uma avaliação diferenciada, a escola deve
fazer uso de uma avaliação oral dos conteúdos, dando um suporte maior à criança,
incentivando-a a demonstrar seu conhecimento sem encontrar muitos desafios e
dificuldades
De acordo com Rohde et al (2003), o fato de a criança apresentar TDAH,
não significa que ela também apresentará transtornos de aprendizagem. Ao ser
avaliada, será percebido se a dificuldade de aprendizagem parte do TDAH ou se é
secundária ao transtorno de aprendizagem. No entanto, a escola, independente da
dificuldade do aluno, deve garantir que todos tenham acesso ao conhecimento,
entendendo a necessidade de se adaptarem às dificuldades e características do
aluno que possui necessidades especiais, sendo assim, crianças que apresentam
TDAH tem o direito de usufruir de recursos que venham diminuir as consequências
do Déficit de Atenção e Hiperatividade e ter acesso ao conhecimento com dignidade
e respeito.
Phelan (2005) relata que 35% ou mais de crianças com TDA apresentam
também distúrbios de aprendizado, e que esses problemas e essas dificuldades
devem ser analisados de forma separada. As dificuldades relacionadas com
percepções, memória, concentração e raciocínio lógicos são bastante comuns, como
também problema na caligrafia, esse porém, é difícil determinar se é um problema
relacionado com a pressa da criança ou se é um problema de coordenação visual.
18
Compreender
e
conhecer
as
diversas
comorbidades
remete
ao
esclarecimento de fatores múltiplos que acompanham ou não TDAH ou TDA
servindo como elemento norteador ao tratamento e ao posicionamento do educador.
Se faz necessário discorrer que conhecer essas multiplicidades que acomete a
criança ou pessoa com TDAH ou TDA não tem um fim no diagnóstico, mas o intuito
de obter conhecimento para lidar com a problemática, conhecendo-a e viabilizando
medidas, planos de ação e atuação pedagógica coerente com a realidade e
necessidade dos alunos.
1.3. Características do TDAH
O TDAH caracteriza-se por apresentar um desenvolvimento inadequado nos
mecanismos que são responsáveis pela atenção, reflexibilidade e pela função
motora do sujeito. Os sintomas são apresentados desde a infância, e tende a evoluir
causando problemas significativos no desenvolvimento do indivíduo, em vários
contextos de sua vida.
De acordo com Phelan (2005) ao longo dos anos vários nomes surgiram
relacionados com Transtorno de Déficit de Atenção. Cita-se a doença de Still,
Distúrbio de Impulso, Lesão Mínima do Cérebro e Disfunção Cerebral. No entanto,
em 1980 no manual Diagnóstico e Estatístico dos Distúrbios Mentais III Edição (DSM
III) surge o nome Transtorno de Déficit de Atenção, deixando claro que o problema
está relacionado com a concentração e atenção. “Essa nova definição deixa claro
que o ponto central do problema é a dificuldade de se concentrar e manter a
atenção” (PHELAN, 2005, p.13).
Mattos (2008) aborda várias atitudes em comum que podem ser
diagnosticadas nos indivíduos que apresentam TDAH. No entanto, suas ações se
diferem tendo em vista que pessoas que possuem TDAH apresentam tipos de
sintomas diferenciados, sendo que estes são caracterizados por meio de dois
grupos: Desatenção; Hiperatividade e Impulsividade. Phelan (2005) relata que no
Manual Diagnóstico e Estatístico dos Distúrbios Mentais encontra-se dois tipos de
TDA: com hiperatividade e sem hiperatividade.
De acordo com Rohde et al (2003), o avaliador deverá observar se a criança
enquadra em pelo menos seis dos nove itens que a caracteriza como indivíduo que
apresenta sintomas do TDA do tipo desatento ou hiperatividade-impulsividade. Na
19
classe da desatenção inclui-se: não prestar atenção em detalhes, não mantém a
atenção em tarefas e brincadeiras, não ouve quando lhe dirige a palavra, não
consegue terminar suas responsabilidades escolares e de casa, tem dificuldade em
organizar atividades, não gosta de atividades que forçam a mente, perde coisas
facilmente, distrai-se com facilidade e se esquece com facilidade.
Nos
sintomas
relacionados
à
hiperatividade-impulsividade
inclui-se:
hiperatividade, inquietude, corre de um lado para outro, não brinca em silêncio, age
como sendo movida a pilha, fala em excesso. Sintomas de Impulsividade: responde
antes de terminar a pergunta, tem dificuldade em esperar e intromete nos assuntos
alheios. O avaliador deve analisar em que grau de intensidade essas ações
acontece e de que forma elas causam distúrbios e prejuízos à vida da criança ou da
família em diferentes cenários.
Rohde et al (2003) afirma que em razão da criança que possui TDAH não
conseguir um desempenho satisfatório comportamental, de relacionamento,
planejamento, podem surgir dificuldades sociais, isto é, estão relacionadas com a
impossibilidade de desenvolver um bom desempenho em determinadas situações e
não por
falta de conhecimento. Principalmente em crianças com TDAH com
predomínio de hiperatividade e impulsividade, o problema não está em não saber
realizar algumas atividades ou tarefas, mas sim em não conseguir realizá-las
conforme o esperado por outras pessoas.
Em crianças e adolescentes que apresentaram sintomas de TDAH e não
foram tratados adequadamente, tais sintomas serão persistentes na vida adulta. A
baixa auto-estima, o baixo desenvolvimento social, poucos amigos são dificuldades
que deverão ser enfrentadas pelo indivíduo que possui o TDAH desde a infância e
que não passou por um tratamento com profissionais da área, desencadeando
assim problemas sociais complexos, em alguns casos o uso de drogas, transtorno
de personalidade e de conduta.
Na visão de Phelan (2005), outros sintomas podem ser percebidos em
pessoas que possuem TDAH, entretanto esses outros sintomas não são os
responsáveis em diagnosticar o problema, mas é comum encontrá-los nas pessoas
que apresentam TDAH, são eles: baixa auto-estima, essas pessoas demonstram
uma insatisfação consigo mesmo, muitas vezes, até mesmo sem intenção, duvidam
da sua capacidade de realizar algum tipo de trabalho. Sempre adia o que poderia
ser realizado logo, sente-se inseguro. Possuem uma facilidade de tornar o que era
20
agradável e interessante em algo chato e sem graça, ou seja, acontece facilmente
uma mudança de interesse. São impacientes às situações monótonas e repetitivas.
Tem necessidade de coisas que os estimulem e que sejam do seu interesse. Variam
sempre de humor. Encontrar dificuldade para planejar algo e executar o que foi
planejado.
De acordo com Rohde et al (2003) é notável que o tipo desatento, é
frequentemente predominante em crianças do sexo feminino. As crianças desatentas
apresentam mais dificuldades em questões que avaliam a capacidade de raciocínio,
como: matemática, física, geometria, planejamento, ou seja, tarefa que requer
controle mental, comparada com a criança que possui o TDAH do tipo combinado
(hiperatividade e impulsividade). A criança com predomínio em sintomas de
desatenção apresenta dificuldades em trabalhar em equipe, desenvolver habilidades
sociais, é mais retraída, voltada para o isolamento e apresenta alta taxa de
ansiedade e depressão.
É importante frisar que a desatenção, hiperatividade ou impulsividade como
sintomas isolados podem causar muitos problemas na vida da criança, tanto escolar
como social e familiar. É de total relevância que para o diagnóstico do TDAH,
analisar os sintomas de forma contextualizada, ou seja, observar se os sintomas
característicos do TDAH são apresentados em diferentes situações. Sendo assim, é
necessário observar algumas ações da criança, pois estas poderão estar indicando a
presença do transtorno, tais como: período de tempo que a criança vem
apresentando os sintomas de desatenção e ou hiperatividade e ou impulsividade. Na
maioria das vezes as crianças com TDAH apresentam esses sintomas já no início da
idade pré-escolar.
As crianças com TDAH que predomina a hiperatividade e impulsividade são
mais agressivas e impulsivas do que as crianças que apresentam o tipo desatento e
o tipo combinado. O tipo desatento frequentemente apresentado em crianças do
sexo feminino apresenta uma alta taxa de prejuízo escolar, assim como o tipo
combinado. Transtorno de conduta, oposição e de desafio ocorrem mais
frequentemente em crianças portadoras de qualquer um dos tipos de TDAH do que
em crianças tidas como normais. Porém, o tipo combinado tem mais chance de
desencadear esse tipo de comportamento e causar mais prejuízo ao portador na
área social, escolar e familiar.
21
Crianças que apresentam problemas de Déficit de atenção necessitam de
uma observação no intuito de perceber que tipo de comprometimento está
desencadeando nela, sendo que, Rohde et al (2003) afirma que é possível encontrar
em literaturas especializadas termos diversificados que caracterizam as alterações
que podem ocorrer na aprendizagem, termos como: dificuldades, problemas, falta de
habilidade, transtornos ou distúrbios, cada qual demonstram diferentes condições
nos desenvolvimento da aprendizagem.
22
CAPÍTULO II – DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO
2.1. Instrumento de diagnóstico do TDAH
Em razão da complexidade em diagnosticar o TDAH, é relevante considerar
a vida da criança como um todo, conhecendo sua história de vida, não limitar-se
apenas em sintomas que aparecem de forma isolada em determinadas situações. É
importante observar se os sintomas se manifestam em variados contextos, e se
realmente há um comprometimento da criança no contexto familiar, social e escolar
considerando assim, o grau desse comprometimento.
De acordo com Rohde et al (2003), o objetivo da avaliação diagnóstica na
criança com TDAH é definir a origem do problema a fim de estabelecer um novo
nível de tratamento pensando no paciente e na família do mesmo. Deste modo,
durante a avaliação é importante a participação da família identificando os motivos
pelos quais a família buscou auxílio em um profissional psiquiátrico.
No processo diagnóstico, o médico (psiquiatra, neurologista, ou pediatra)
deverá realizar uma pesquisa aprofundada sobre o nível de desenvolvimento da
criança, observando dificuldades comportamentais, características da criança e da
família, fatores ambientais, coletas de dados com o professor, pais, criança; ter
conhecimento do histórico de vida social, familiar e escolar da criança; dados sobre
a gestação da mãe da criança; como ela se envolve socialmente, em família; dados
sobre a história médica familiar; relatos de doenças e possíveis casos de TDAH.
Diante de tais informações, o médico responsável deverá entender sobre os
aspectos do desenvolvimento normal e ser conhecedor dos diferentes tipos de
comportamento e distúrbios apresentados no decorrer do desenvolvimento.
De acordo com Phelan (2005), não há testes psicológicos, físicos ou
médicos definitivos para a detecção do TDA, porém, algumas informações médicas
são importantes para que o profissional possa analisar e pensar a possibilidade por
meio das informações médicas em um possível TDA.
Rohde et al (2003) comenta sobre a coleta de informações para realizar a
avaliação diagnóstica. Na maioria das vezes não é comum a concordância entre
informantes (criança, pais e professores) com relação à saúde mental da criança.
Pais e professores normalmente invalidam a possibilidade da criança apresentar
23
sintomas psiquiátricos. Os autores afirmam que os pais são bons informantes para
atender os critérios necessários para o diagnóstico do transtorno. No entanto os
professores tendem a rotular o aluno como hiperativo e superestimar os sintomas de
TDAH, principalmente quando há a presença de outro transtorno de comportamento.
Na fase de adolescência, a coleta de informações com professores se torna menos
útil em razão do adolescente possuir vários professores, um professor para cada
disciplina, sendo assim, o professor passa pouco tempo em cada turma e isto
impede o professor de obter um conhecimento especifico de cada aluno.
O diagnóstico do TDAH é clinico e baseado em critérios definidos a partir de
sistema classificatório como o DSM-IV ou a CID-10. O DSM-IV exige pelo menos
seis sintomas de desatenção ou seis de hiperatividade e impulsividade para o
diagnóstico de TDAH. O DSM-IV divide o TDAH em três tipos são eles: TDAH com
predomínio de desatenção; o que predomina os sintomas de hiperatividade e
impulsividade e por último o TDAH do tipo combinado, que é a junção do tipo
desatento com hiperatividade e impulsividade.
Com os pais é fundamental a análise cuidadosa de todos os sintomas,
colhendo informações com relação a história do desenvolvimento da criança,
histórico médico, escolar, familiar, social e psiquiátrico. A coleta de informações com
os pais se torna ainda mais relevante quando a criança ou adolescente que está
sendo avaliado não consegue expressar verbalmente os sintomas e emoções.
Rohde et al (2003) menciona a importância de envolver a criança ou
adolescente com os sintomas apresentados em virtude do transtorno que possuem,
ou seja, torná-los conhecedores do problema, explicar as causas e prejuízos,
envolvê-los por meio de uma entrevista adequada de acordo com nível de
desenvolvimento, analisando o conhecimento que têm sobre a presença dos
sintomas do transtorno e apresentando respostas às dúvidas sobre o mesmo.
Durante a entrevista realizada com a criança que possui TDAH, pode
acontecer de não apresentar nenhum sintoma que a caracterize como uma pessoa
que apresenta TDAH, sendo que a criança com esforço voluntário pode controlar os
sintomas do TDAH por estar em um ambiente novo e que inibe suas ações. No
entanto, esse tipo de reação não exclui o diagnóstico de TDAH. Atividades que são
do interesse da criança são realizadas por horas pela criança portadora de TDAH,
como passar horas na frente do computador ou do videogame, mas a mesma não
consegue dispensar alguns minutos na frente de um livro ou ouvindo a professora na
24
sala de aula. A presença de sintomas na escola deve ser avaliada por meio do
contato com o professor responsável, pois os pais tendem a relacionar o
comportamento em casa ao comportamento escolar podendo então alterar as
informações necessárias na entrevista diagnóstica.
Mattos (2008) ressalta que até o momento não existem exames que possam
diagnosticar o transtorno, somente por meio de uma entrevista clínica realizada por
especialistas. Por esse motivo é necessário que o indivíduo que apresente sintomas
do TDAH realize acompanhamento com especialistas que se utilizam de critérios
definidos, sendo que exames como eletro encefalograma não fazem o diagnóstico.
Porém, o exame neuropsicológico é capaz de identificar problemas que estão
relacionados ao TDAH, como aprendizagem e linguagem.
Ao diagnosticar o TDA não é necessário fazer exames neurológicos sendo
que estes apresentam sinais neurológicos leves, como problema de coordenação
motora, excesso motores ou comportamento perseverantes. Mas esses sinais não
são características apenas ao TDA, mas também aparecem em crianças normais. O
médico com certeza poderá diagnosticar o TDA, no entanto ele precisa de algumas
horas disponíveis, fazer um histórico cuidadoso da criança, analisar as queixas
apresentadas pelos pais, realizar e analisar as coletas de dados escolares e utilizar
escalas de classificação apropriada para pais, professores e crianças.
Para uma confirmação mais exata do diagnóstico, Phelan (2005) considera a
necessidade de observar alguns pontos relevantes que não se prende a uma ordem
exata de sintomas, mas auxiliam na observação e parecer diagnosticada tais como:
se os sintomas apareceram antes dos 7 a 12 anos; se a criança apresenta os
sintomas de TDAH em contextos diferenciados, sendo que este descarta a
possibilidade de problemas de relacionamento; perceber se realmente há prejuízo
na vida do indivíduo em vários contextos sociais; se os problemas que os portadores
de TDAH enfrentam não sejam explicados por problemas similares, ou seja,
indivíduo ansioso e depressivo.
Rohde et al (2003) afirma que independente de como é classificado a
síndrome do TDA, as crianças que apresentam estes sintomas podem ser
percebidas em escolas, consultórios e em casa. Deve-se observar alguns sintomas
característicos em crianças com TDAH, tais como: dificuldade em prestar atenção
em detalhes, por esta razão erros em atividades escolares e em trabalhos são
comuns; dificuldade em se concentrar em tarefas e atividades lúdicas; parece não
25
escutar quando lhe dirigem a palavra; as instruções dadas não são realizadas e as
atividades escolares na maioria das vezes ficam sem terminar, assim como
atividades domésticas e obrigações profissionais; dificuldade em organização;
dificuldade em envolver em atividades que necessita de esforço mental; perde
coisas importantes necessárias para realização de tarefas e atividades.
É importante para o diagnóstico de TDAH que pelo menos seis dos sintomas
de atenção, hiperatividade ou impulsividade que foram citados, sejam percebidos
com exatidão no cotidiano da criança, sendo que de acordo com os autores
sintomas de desatenção, hiperatividade e impulsividade acontecem também em
crianças tidas como normais, no entanto em menor intensidade. É importante
analisar
se
os
sintomas
de
desatenção,
hiperatividade
e
impulsividade
frequentemente é apresentado em lugares diferenciados, como, (casa e escola). Se
os sintomas forem apresentados somente em um ambiente poderá se concluir
portanto que a falta de estrutura familiar ou a forma inadequada de ensino poderá
estar desencadeando os sintomas de desatenção, hiperatividade ou impulsividade
na criança.
Rohde et al (2003) comenta também, sobre os prejuízos significativos na
vida da criança. Sintomas de desatenção, hiperatividade e impulsividade sem
apresentar prejuízos na vida da criança, pode ser considerado estilo de
funcionamento ou de temperamento do que um transtorno psiquiátrico. Atentar ao
significado do sintoma. Para diagnosticar o TDAH é totalmente relevante a análise
criteriosa de cada sintoma apresentado. O fato de a criança apresentar alguns
sintomas de atenção, hiperatividade e impulsividade não a torna portadora de TDAH.
Uma criança pode ter dificuldade de seguir instruções por um comportamento de
oposição ou por querer desafiar o professor, tais ações estão relacionados com
transtorno opositor desafiante. Sendo assim, é necessário analisar se os supostos
sintomas estão realmente relacionados com déficit de atenção, hiperatividade e
impulsividade.
Mattos (2008) afirma que comumente as crianças que apresentam TDAH
distraem-se facilmente com ações ou objetos que estão ao seu redor e apresentam
esquecimentos em atividades que são realizadas diariamente. A hiperatividade é
notada por meio de diferentes características: agitação de mãos, pés, ficar
constantemente se remexendo na cadeira em sala de aula ou em outras situações
que seja necessário que a criança fique quieta; ficar sempre correndo, subindo em
26
móveis, pulando de forma demasiada em situações desapropriadas; dificuldade de
brincar de maneira mais calma, tranquila e silenciosamente; estar frequentemente
em constante agitação e
falar em demasia. Os sintomas de impulsividade são
caracterizados por: respostas precipitadas; muita dificuldade em esperar; envolverse em conversas ou assuntos alheios.
Pode-se dizer que o lugar ideal para diagnosticar o TDAH é na clínica, com a
presença do médico responsável, que utilizará os recursos necessários e cabíveis
para a realização de um diagnóstico confiável. A criança que apresentar sintomas de
TDAH de forma acentuada, seja na escola, ou em casa deverá passar por um
acompanhamento especializado, por uma avaliação, e se necessário, receberá o
diagnóstico de TDAH, mesmo se em exames neurológicos ou de neuroimagem, não
foram apresentados algum tipo de alteração.
2.1.1. Entrevistas
Na visão de Phelan (2005) deve haver um diálogo entre pais, professor,
psicopedagogo e psicólogo no tratamento da criança hiperativa. Cada qual
trabalhando em conjunto, é de suma importância a inclusão da escola e da família
para a elaboração do plano de tratamento para a criança hiperativa. Portanto, os
profissionais envolvidos no diagnóstico e tratamento devem conhecer e dominar os
procedimentos a serem realizados com a criança. Os pais devem ser os primeiros a
ter conhecimento de tudo o que envolve TDAH, para que possam servir de apoio a
seus filhos nos momentos de dificuldades ou até mesmo de descontrole e
ansiedade, entendendo que o mesmo necessita de compreensão e informações
necessárias para que com o tempo eles mesmos sendo conhecedores do seu
problema possam criar e desenvolver formas de obter uma vida mais controlada e
organizada, conhecendo seus limites e sendo estimulado a agir de acordo com eles.
É importante que as informações que os pais devem adquirir com relação ao
TDAH sejam de fontes comprovadas cientificamente, sendo que grande parte das
informações sobre TDAH encontradas em jornais, revistas, TV são apresentadas
apenas com intuito de controvérsia e chamar atenção. Portanto nem sempre se pode
basear nas concepções errôneas apresentadas pela mídia, sendo que de fato,
muitas das concepções encontradas na mídia sobre o TDAH são meramente mitos
27
que poderão confundir a mente daqueles que buscam informações verdadeiras
relacionadas ao TDAH.
Cardoso (2007) aborda a importância do profissional responsável no ato
entrevista com os pais, e levar em consideração que sendo eles pais biológicos da
criança, provavelmente apresentem problemas psicológicos, tais como: alcoolismo,
uso de droga, depressão, ansiedade, sociopatias, e até mesmo o próprio TDA.
Sendo assim, as chances de insatisfação conjugal, separações e divórcios familiares
são maiores.
Na maioria das vezes, a mãe é a pessoa que mais frequenta o consultório
do profissional para a entrevista, e ali, deposita toda sua insatisfação relacionada ao
filho, assim como de outras questões, mesmo porque ela poderá estar envolvida não
só com o problema do filho, mas também do marido, que pode apresentar outros
problemas também característicos de TDA.
A entrevista realizada com os pais nem sempre é fácil ou recheadas de
informações que contribuirão no diagnóstico do profissional, mesmo porque muitos
pais não conseguem fazer referência do que é normal para cada faixa etária de
idade, ou seja, muitas vezes, os pais não relatam fatos ao profissional por acharem
que certas ações ou reações de seus filhos são normais a sua idade. É importante
também que os pais informem ao profissional as informações sobre a gravidez,
sendo que o TDA pode estar relacionado com danos celebrais causados no prénatal, peri natais ou pós-parto.
Rohde et al (2003) afirma que é necessário que o entrevistador analise de
forma minuciosa o histórico familiar tendo como fator principal o pai, sendo que o
TDA é de característica genética predominante no sexo masculino. Portanto, uma
análise da fase escolar do pai levando em consideração os aspectos cognitivos
poderá auxiliar na coleta de informações, o mesmo deverá ser feito também com a
mãe, observando a possibilidade de que ela também tenha o problema, mas do tipo
desatento, característica feminina. A partir dessas coletas de dados, os pais poderão
perceber que o problema de seu filho é de ordem genética e não de criação.
Logo após a entrevista com os pais, acontece a entrevista com a criança.
Objetiva-se excluir outros problemas de ordem mental. Avalia-se a disposição da
criança em dialogar, expor suas opiniões com relação à escola, família, vida social e
a possibilidade de criar um relacionamento com ela. Por ser uma situação nova e
28
que intimida a criança, ela não demonstrará na maioria das vezes reações que
comprovem a hiperatividade, pelo contrário, sua reação será de quietude e timidez.
A maioria das crianças não gosta de ir ao consultório médico, algumas
conseguem se abrir e confiam que o profissional tem o intuito de ajudá-las, no
entanto, outras se fecham e desconfiam quando um adulto tenta ser amável ou
condescendente demais, portanto, é importante que o entrevistador não tente ser
muito amigável demonstrando assim uma posição totalmente profissional. Portanto,
é viável gastar alguns minutos deixando-as desenharem e pintarem enquanto o
profissional conversa com elas.
Mattos (2008) salienta que algumas crianças se mostram na defensiva no
momento de falar e expressar seus sentimentos, sendo assim, é interessante que o
profissional utilize de assuntos voltados ao seu interesse e que podem ser discutidos
de maneira proveitosa. Há vários formulários de auto-avaliaçao que a criança pode
preencher e que podem mais tarde serem usadas em entrevistas semi-estruturadas.
Rohde et al (2003) afirma que ao concluir as entrevistas, o médico deverá ter
uma percepção com relação ao funcionamento geral da criança, deve-se também
preencher os critérios diagnósticos do DSM-IV importante para o TDAH, observando
se os sintomas são apresentados constantemente sem considerar o ambiente ou a
ocasião.
A entrevista é um instrumento necessário já que revela ao médico a história
de vida e clínica da criança, porém, ela não é fator decisivo para o médico
diagnosticar um possível TDAH, a entrevista é somente um recurso há mais que o
médico utiliza dentro da avaliação que contribuirá no processo diagnóstico.
2.1.2. Questionários
Nos últimos anos tem aumentado o uso dos testes de questionário para
realizar a avaliação diagnóstica dos casos de TDAH e TDA, a seguir serão
apresentados alguns questionários e a relevância destes para o diagnóstico, como
fonte reveladora das características específicas de cada um.
Phelan (2005) discorre a respeito do teste contínuo de desempenho ( CPTs)
método usado principalmente por meio do computador. Neste teste, a criança é
instruída a clicar no botão apenas quando ela ver um determinado símbolo na tela.
Se a criança ver o símbolo e clicar, ganha um acerto, no entanto se ver outro
29
símbolo e clicar, comete o erro de comissão, o qual está relacionado com a
impulsividade, fator característico do TDA. Se a criança ver o símbolo certo e não
clicar, ela comete o erro de omissão, não característico nas crianças com TDA.
Esse teste também pode ocorrer os falsos negativos, sendo que mais de
30% de crianças com TDA conseguem passar no teste por enxergar nele algo
criativo, novo e divertido, conseguem então focalizar sua atenção e se sair bem no
teste. A criança passando no teste, não se pode dizer que ela não tenha TDA,
portanto, esses testes não podem ser usado de forma isolada para diagnosticar o
problema, eles devem ser usados como sendo um recurso a mais com o intuito de
alcançar um diagnóstico verdadeiro e seguro.
De acordo com Phelan (2005), alguns estudiosos apontam a área dos
distúrbios de aprendizado como sendo muitas vezes contraditório e complicado,
ainda assim é uma área que necessita de estudos e pesquisas aprofundadas,
criando novas possibilidades, novos conceitos, obtendo novas descobertas enfim, os
distúrbios de aprendizado é uma área ampla que deve ser explorada e conhecida
para então ser diagnosticado com precisão o problema e buscar soluções. “A área
de distúrbios do aprendizado é uma parte importante da educação norte-americana,
mas continua a ser uma categoria de serviço caracterizada pela inconsistência e
divergência”. (PHELAN, pag.94)
Com o intuito de definir distúrbios de aprendizado, Phelan (2005) cita o
modelo padrão de resultados, de acordo com a variação de mais de um desviopadrão (15 pontos) é possível dizer que há um distúrbio de aprendizado. É realizado
um teste de QI, teste de desempenho e o correlato de capacidade de
processamento de forma individual. Os resultados devem ser padrão em todos os
testes, com uma média de cem e um desvio-padrão de 15. Uma criança, por
exemplo, com QI de 103 pontos e alcançar nos outros testes 78 e 75, será
classificada como portadora de um distúrbio de aprendizagem. Porém esses testes
não são universalmente aceito nas escolas dos Estados Unidos, sendo que a
criança portadora de TDA poderá artificialmente baixar os resultados dos testes
possibilitando uma visão errada do potencial da criança.
Rohde et al (2003) sugere para uma avaliação complementar o
encaminhamento de escalas objetivas para escola, sendo a mais adequada
a
escala de Conners, um questionário com perguntas relacionadas ao comportamento
30
e ações da criança destinada a pais e professores, visando o diagnóstico da
hiperatividade.
Para Phelan (2005), a avaliação neurológica também é fundamental para
excluir a presença de patologias neurológicas, servindo também como reforço para o
diagnóstico, sendo que somado, o resultado do exame neurológico principalmente a
prova de persistência motora com os dados clínicos trazem grande contribuição no
momento do diagnóstico. Outra providência seria a testagem psicológica, esta
fornece informações relevantes na área clínica.
No que tange a testes psicológicos, o mais apropriado seria o Wechsler
Intelligence Scale for Children. É um teste de QI individualmente administrado para
crianças entre as idades de 6 e 16, que inclusive pode ser concluída sem ler ou
escrever. O WISC leva 65-80 minutos para administrar e gera uma pontuação de QI,
que representa a capacidade geral de uma criança intelectual. A sua terceira edição
(WISC-III) trabalha com fatores de distratibilidade utilizando números e aritmética,
esse teste pode ser importante, contribuindo no diagnóstico de TDAH e tendo uma
maior compreensão das habilidades e dos déficits da criança, descartando assim a
possibilidade de retardo mental, visto que essa patologia pode causar problema de
atenção, hiperatividade e impulsividade.
De acordo com Phelan (2005), as escalas de classificação estruturadas são
formas de avaliação realizada com a criança para a identificação do TDA e das
possíveis comorbidades. Tal avaliação é apresentada como um questionário
contendo várias perguntas que devem ser respondidas num espaço curto de tempo.
Sendo assim o médico responsável poderá avaliar a criança de acordo a pontuação
alcançada por meio do questionário. O autor afirma que essa avaliação deve ser
realizada, corrigida e analisada antes das realizações das entrevistas, sendo que por
meio dessa avaliação o avaliador obterá informações necessárias com relação ao
paciente.
As escalas de classificação freqüentemente são separadas em duas
escalas, as escalas de banda larga ou banda estreita. No entanto as escalas de
banda larga trabalham com o funcionamento geral da criança, possibilitando uma
análise abrangente de possíveis problemas que a criança possa desenvolver ou já
está desenvolvendo. Já a escala de banda estreita é mais direcionada a um
problema específico, ou seja, quando o profissional quer analisar de forma mais
31
detalhada o problema de forma individual, fragmentada, como exemplo o TDA e os
estados de comorbidades.
Phelan (2005) relata que as duas escalas comumente utilizadas pelos
avaliadores dentro da escala de banda larga que são a Lista de Verificação
Comportamental para crianças e adolescentes de Achenbach e o Sistema de
Avaliação de Comportamento para Crianças. Os dois tipos de avaliação têm versões
para pais, professores e crianças e possuem uma lista de subescalas semelhantes
entre si.
A lista de subescalas avalia os aspectos de comportamento agressivo;
comportamento
delinqüente;
comportamento
ansioso,
depressivo;
queixas
somáticas; problemas sociais; problemas de atenção; problemas de raciocínio;
problemas de retraimento e de hiperatividade.
Para Phelan (2005) a avaliação de Achenbach, Child Behavior Checklist,
Achenbach & Edelbrock (CBCL) tem normas claras, fácil de avaliar, porém, pode
gerar um falso diagnóstico. Essa avaliação pretende descrever e avaliar as
competências sociais e os problemas de comportamento da criança/adolescente, tal
como são percepcionados pelos pais ou seus substitutos. Ela é dividida em duas
partes. A primeira parte contém 20 questões sobre a quantidade e qualidade do
envolvimento do sujeito em várias atividades e situações de interação social, desde
os desportos e passatempos, até ao número de amigos e participação em clubes e
equipes, por exemplo. A segunda parte contém 120 itens relativos a diversos
problemas de comportamento e/ou perturbações emocionais. Os pais devem indicar
se a característica de comportamento descrita em cada item da Escala se aplica ou
não à criança em causa.
Outros instrumentos de avaliação são utilizados, como o Behavior
Assessment System for Children (BASC), também é bem aceito pelos profissionais e
seu diagnóstico é considerado mais seguro por apresentar boa correlação com
outras escalas de diagnósticos. Existe também a escala Cornner (CRS-R) que pode
ser usada para escala de banda larga e como de banda estreita, no entanto, ela
está mais voltada para a detecção de TDA, incluindo também a avaliação de
problemas cognitivos, de comportamento, sociais e emocionais.
Outro método de avaliação citado por Phelan (2005) são os questionários de
Barkley, para situações em casa e na escola. São coletas de informações contendo
dezesseis perguntas que os pais devem responder separadamente, indicando se a
32
situação apresentada no questionário é um problema em casa. Se a resposta é sim,
eles devem classificar o nível de gravidade em uma escala de 1 a 9. Na situação
escolar, o questionário possui doze itens, o professor deverá preencher o
questionário avaliando o aluno no âmbito escolar e nas realizações das tarefas. Os
critérios das respostas e a forma de pontuação são os mesmos do questionário para
os pais.
Phelan (2005) considera ainda importante, coletar informações da criança
com relação a testes de desempenhos passados. Esses testes são aplicados em
grupos, em geral, crianças com Déficit de Atenção se saem pior em grupo do que
em testes individuais, ou algumas crianças podem obter uma nota melhor no teste
de desempenho do que suas notas nas matérias. De acordo com o autor, essa
incoerência pode ser explicada entendendo que a criança está aprendendo o
necessário, mesmo que nas matérias ela apresente notas ruins.
No entanto, essa coleta de informações por meio dos testes de desempenho
é útil para informações clínicas, sendo que eles não podem medir o desempenho
real da criança e nem serem utilizados como fator determinante para diagnosticar o
TDA. Os questionários são norteadores da avaliação que a baixo será melhor
apresentada.
2.1.3. Avaliações
Avaliar o outro parece algo complicado e complexo porque tende-se a
pontuar aquilo que se vê ou se percebe, porém o médico utiliza de alguns
instrumentos como apresentados anteriormente que o direciona a uma análise
sistematizada sobre o diagnóstico de TDAH e TDA que busca uma análise dos fatos
e características mais marcantes relacionando-a com a história de vida de cada
pessoa.
Phelan (2005) aborda sobre a importância de colher informações atuais e
passadas sobre o desempenho escolar da criança. O problema de Transtorno de
Déficit de Atenção apresenta-se bem cedo na vida da criança, portanto se a criança
já está cursando uma série mais avançada do ensino médio, com certeza no boletim
do aluno ou em fichas de avaliações passadas, será normal encontrar observações
e comentários de professores com relação ao comportamento do aluno.
Comentários que poderão estar relacionados com o fator TDA.
33
Para Rohde et al (2003) é importante que o médico responsável pela criança
faça uma avaliação sobre o conhecimento que ela tem com relação à presença dos
sintomas do TDAH por meio de uma entrevista. Deve-se lembrar que o fato da
criança não demonstrar os sintomas ou comportamentos característicos do TDAH no
consultório, não exclui a possibilidade de um diagnóstico positivo para TDAH, sendo
que as crianças que o possui, de forma voluntária, também conseguem controlar
suas ações e os sintomas caso seja do seu interesse.
No processo de avaliação da criança com TDAH, Phelan (2005) relata a
importância de se realizar em primeiro lugar a entrevista com os pais, os quais
devem ser tratados sem julgamento, não atribuir o problema da criança aos pais,
mas lembrar que pode ser problema de característica genética. Porém, muitos pais,
por já estarem exaustos, estressados com o comportamento do filho, não
conseguem passar para o profissional uma boa impressão, isto é, são rotulados
como responsáveis pelo comportamento hiperativo do filho e não levam em
consideração que na maioria das vezes os pais não sabem lidar com o problema ou
até mesmo não têm um suporte emocional ou informação suficiente para lidar com o
mesmo.
As escalas de classificação estruturadas que detectam o TDA, assim como
possíveis estados de comorbidades são uma parte essencial da avaliação. Essas
escalas de classificação permitem realizar com a criança, uma grande quantidade de
pergunta em um curto espaço de tempo. A pontuação da criança pode ser
comparada à norma para seu grupo de idade. Os questionários são respondidos,
devolvidos e corrigidos antes da primeira entrevista com os pais, assim, o
profissional terá um conhecimento maior sobre quais as questões que necessitam de
uma pesquisa mais profunda.
De acordo com Phelan (2005), o processo de avaliação da criança envolve
coletas de informações com a criança, pais e professores. É necessário realizar a
avaliação interdisciplinar, neurológica infantil, psicológica e psicopedagógica. A partir
do momento que for diagnosticado através do médico responsável o TDAH no aluno,
existe alguns procedimentos que o professor poderá utilizar com o intuito de
minimizar a dificuldade do aluno com relação ao transtorno, tais como: manter portas
de armários fechadas a fim de que caixas, livros e demais materiais ali existentes
não distraiam a criança com suas cores, formas, e tamanhos diferentes; sentar o
34
aluno longe de portas e janelas; reduzir o número de aluno em sala de aula e
realizar atividades que trabalhem a coordenação de movimentos.
Uma avaliação psicopedagógica necessita de duas ou três realizações de
entrevistas com a criança e com os pais da criança; relatório escolar do aluno (fichas
de avaliação e tarefas) sendo de total relevância o contato do psicopedagogo com o
professor e com a escola da criança que está sendo avaliada. É necessário
aprofundar-se em todos os dados coletados referente à criança que possui TDAH,
mas, em um espaço de tempo não muito prolongado, sendo que nem todas as
crianças que buscam uma intervenção psicopedagógica necessitam de um
tratamento contínuo.
O profissional da psicopedagogia de forma mais específica avalia aspectos
característicos das habilidades metalinguísticas, leitura, escrita, matemática e outras
habilidades. No que tange as habilidades metalinguísticas, é avaliado o
desenvolvimento fonológico, pronúncia das palavras e fluência verbal. Com relação
à leitura, avalia-se o conhecimento do alfabeto, fluência do som das letras, leitura de
palavras, frases, textos e compreensão de leitura. Na função escrita, o profissional
da psicopedagogia irá avaliar a ortografia, produção textual e os aspectos gráficos.
Na
matemática
serão
avaliadas
as
resoluções
de
cálculos,
problemas,
desenvolvimento do pensamento. Com relação a outras habilidades serão avaliadas
noções de lateralidade, espaciotemporais e memória.
De acordo com Rohde et al (2003), ao final das avaliações o psicopedagogo
deverá fazer um relatório prático das avaliações que foram realizadas, apresentando
a atuação da criança quanto a leitura, escrita, na matemática, desenvolvimento do
pensamento e em outras habilidades apresentadas. Por fim, o profissional deverá
apresentar hipóteses diagnósticas, ou seja, um pré-diagnóstico, tendo como base os
dados coletados e a avaliação realizada. Pelo fato do psicopedagogo receber
diretamente das escolas crianças com dificuldades de aprendizagem e em muitos
casos ser ele o primeiro a ter contato com essas crianças, atribui-se a ele
reconhecer que em muitos casos faz-se necessário a intervenção de outros tipos de
atendimentos. Sendo assim, compete ao profissional da psicopedagogia entender
até que ponto ele poderá atuar de forma competente e responsável. Contudo, é
importante reconhecer suas limitações e fazer os encaminhamentos necessários e
adequados.
35
Uma das dificuldades mais comuns enfrentadas pelo professor é o controle
da indisciplina. A escola é também um ambiente social com regras e limites a serem
incorporados e assimilados, é onde a criança estabelecerá novos relacionamentos.
A disciplina da sala está diretamente ligada ao estilo da prática docente, ou seja, a
autoridade do professor, essa autoridade está relacionada e se manifesta no
domínio da matéria que ensina, nos métodos e procedimentos e no tato em lidar
com as diferenças existentes entre alunos. Crianças muito inquietas, agitadas,
agressivas, com pouco rendimento em sala de aula, representam um desafio para
sua família e escola. Sendo assim, a criança que apresenta TDAH é um grande
desafio para pais e professores.
De acordo com Rohde et al (2003), déficits de atenção relacionados ou não
a hiperatividade certamente comprometem o bom desenvolvimento escolar da
criança, sendo que, uma boa atenção a estímulos importantes é fator
importantíssimo na aprendizagem escolar. Porém, crianças que apresentam TDAH
possuem dificuldades de concentração em períodos de tempos longos, não somente
apresenta problemas de falta de atenção, mas também dificuldades em filtrar
informações necessárias para realizações de atividades, solucionar problemas,
estruturar tarefas, tendo ainda por agravante, situações em que as atividades são
realizadas em grupo, sendo que a quantidade de informações são maiores,
necessitando assim do máximo de atenção e concentração.
Diante da tamanha complexidade existente em avaliar o outro, cabe ao
professor buscar informações atuais sobre os sintomas de TDAH, entender as
limitações da criança que possui tais sintomas e aplicar práticas pedagógicas que
contribuíram no desenvolvimento cognitivo e social da criança com TDAH. Os
profissionais responsáveis em avaliar a criança utilizarão dos recursos apropriados
no processo avaliativo.
2.2. Tratamento
2.2.1. Tratamento terapêutico
O tratamento do TDAH envolve vários tipos de abordagem e a participação
de profissionais nas áreas psicossociais somadas com psicofarmacológicas.
36
De acordo com Rohde et al (2003), no que tange a participação das
intervenções psicosociais, ao âmbito educacional é dada a responsabilidade de
passar a família informações claras e precisas sobre o transtorno da criança
portadora de TDAH. É extremamente relevante que os pais da criança passem por
um processo de orientação em forma de programa, com o intuito de torná-los
conhecedores do transtorno e de estratégias necessárias para lidar com a criança
que possui o transtorno, sendo assim esse programa ajuda os pais a descobrirem
melhores formas de se trabalhar com seus filhos e auxiliá-los em suas respectivas
necessidades, tal como: propiciar ao filho um ambiente adequado em seus
momentos de estudos, sem barulhos ou estímulos visuais, retirar do ambiente de
estudos objetos que chamam a atenção da criança, utilizar-se de materiais
pedagógicos que trabalham o cognitivo da mesma, entre outros.
Outro fator importante são as intervenções escolares. Compreendendo que
o desempenho escolar do aluno com TDAH seja o alvo principal da instituição, nesse
sentido, a professora e o departamento gestor da escola devem ser orientadas
quanto à necessidade de uma sala de aula com menos crianças, bem estruturada e
padronizada, com intuito da atenção dos alunos serem voltados à professora e não
em detalhes diferenciados e diversificados existentes em sala; estratégia de ensino
ativo conjunta com atividades físicas no processo de aprendizagem, tarefas curtas e
explicadas passo a passo priorizando ao máximo um atendimento individualizado. A
criança que possui TDAH deve sempre sentar-se na primeira fila perto do professor
e longe de portas, janelas ou objetos que de alguma forma irão prender a atenção
do aluno.
Para Phelan (2005), no âmbito das intervenções psicossociais voltadas para
criança ou adolescente é indicado a psicoterapia individual que servirá de apoio e
orientação com respeito a abordagem das comorbidades, principalmente os
transtornos depressivos e de ansiedade; orienta sobre a abordagem dos sintomas
que acompanham o TDAH, tais como: baixa-estima, impulsividade e baixo
relacionamento social.
Rohde et al (2003) relata que os problemas relacionados a aprendizagem
podem ser divididos em duas categorias: dificuldades de aprendizagem e
transtornos de aprendizagem. As dificuldades de aprendizagem podem estar
relacionadas com a metodologia de ensino inadequada, causando assim quedas no
rendimento escolar; pouca presença do aluno na instituição e possíveis conflitos
37
familiares, problemas que muitas vezes são solucionados por meio de um trabalho
pedagógico e psicológico complementar
De acordo com Phelan (2005), quando pais ou professores buscam
tratamentos com psicólogos é importante que o mesmo faça coleta de dados com
pais e professores, conheça o ambiente familiar, escolar e demais ambientes
sociais, conheça a história gestacional e pré-natal e tenha conhecimento de
possíveis doenças psicopatológicas familiares, sendo assim o profissional terá
informações e poderá trabalhar como opção a terapia cognitiva, pensando-a não
como uma solução para o problema da criança e até mesmo dos pais, mas como
uma forma de repensar as ações, obterem uma percepção mais realista e ir aos
poucos treinando para sentir-se melhor, sendo que a parte emocional tanto da
criança como dos pais é afetada. Com relação a esse assunto Phelan (2005) diz: “A
terapia cognitiva certamente não remove toda dor, mas pode ajudar a fazer um belo
estrago nela” (PHELAN, 2005, p.136)
Cardoso (2007) afirma que o psicopedagogo está diretamente relacionado
às práticas educativas, deste modo cabe-lhe direcionar a prática pedagógica,
trabalhando de forma conjunta com todos os participantes na ação educativa da
criança. É importante salientar que o psicopedagogo precisa estar atento para
perceber que tipo de metodologia deverá ser usado em cada caso, auxiliando o
educador em sua atuação junto às crianças e indicando a utilização de técnicas
como jogos de exercícios sensório-motor, tais como: amarelinha, bola de gude, ou
de combinações intelectuais, como dama, xadrez, cartas, memórias, quebra-cabeça,
entre outros. Os jogos com regras trabalham o desenvolvimento cognitivo. Outra
técnica é o despertar na criança o gosto pela leitura, por meio de assuntos e temas
que sejam interessantes a elas estimulando a leitura e a escrita.
A indicação mais frequente do profissional da psicopedagogia ocorre nos
casos de transtornos de aprendizagem e não necessariamente com a criança com
TDAH que apresenta transtornos de aprendizagem. Somente por meio de uma
avaliação adequada o profissional poderá distinguir as dificuldades provenientes do
TDAH das do transtorno de aprendizagem e deste modo a família poderá buscar
tratamento adequado com profissionais qualificados para a criança que possui
algum tipo de dificuldade.
38
2.2.2. Medicamentoso
No que tange as intervenções psicofarmacológicas, Rohde et al (2003)
afirma que é necessário um
aprofundamento no tema tratado para que certas
afirmações sejam colocadas em questão. No entanto, atualmente o uso de
psicofármacos no tratamento de TDAH depende das comorbidades existentes.
Muitos autores em suas literaturas apresentam os estimulantes como sendo os
fármacos mais indicados e eficazes nesse tipo de tratamento. De acordo com os
autores, no Brasil, o único estimulante encontrado no mercado é o metilfenidato. Os
mesmos comentam que a meia-vida do estimulante é curta, sendo assim, os
usuários geralmente utilizam-se de duas doses por dia, sendo uma pela manhã e a
outra ao meio dia.
Rohde et al (2003) afirma que 70% dos usuários respondem de forma
positiva aos estimulantes. Esse tipo de medicação parece ser a primeira opção para
os indivíduos que apresentam TDAH sem comorbidades ou no caso de haver
comorbidades com transtornos depressivos, de ansiedade, da aprendizagem e leve
retardo mental. Também, dentro do tratamento de TDAH, encontram-se os
antidepressivos tricíclicos (ADT), sendo estes utilizados em casos em que a pessoa
que possui TDAH não responde positivamente ao uso dos estimulantes ou quando
há presença de comorbidades com transtorno de tiques ou enurese.
O indivíduo que por meio de indicação médica fará uso de ADT, deve
observar alguns aspectos de alta relevância, tais como: a dosagem e os efeitos
cardiotóxicos. No que se refere a dosagem de imipramina, um ADT utilizado no
tatamento de TDAH, a quantidade adequada é de 2mg-Kg-dia a 5mg-Kg-dia. No
tratamento de criança utiliza-se a subdosagem de ADT comumente. Quanto a efeitos
cardiotóxicos, de acordo com os autores (2000) existem relatos de morte súbitas em
crianças em uso de desipramina, também um ADT, utilizado no tratamento de
TDAH. Porém, essas mortes não foram provadas uma relação direta ao uso da
medicação. No entanto, por precaução
é indicada a realização de um
acompanhamento por meio de eletrocardiograma na criança que faz uso de ADT, e
esse acompanhamento se faz importante antes e durante o tratamento.
Não somente a imipramina e o desipramina têm demonstrado eficácia no
tratamento do transtorno, mas também o bupropiona demonstra resultados positivos
em crianças portadoras de TDAH. A dosagem desse antidepressivo é de 1,5 mg-Kg-
39
dia divididos em 2 a 3 tomadas. Porém, doses acimas de 450 mg dia aumenta o
risco de haver convulsões, sendo que este é o principal motivo em haver restrições
ao uso dessa medicação. Os principais efeitos colaterais são agitação, boca seca,
insônia, cefaléia, náuseas, vômitos, constipação e tremores.
Desta forma, observa-se a importância da ação pedagógica em ter
conhecimento ao tratamento medicamentoso, mas entendendo que a ação de
sugerir ou até mesmo informar sobre algumas medicações é unicamente
responsabilidade do médico responsável pela criança.
2.3. Intervenção escolar
Mattos (2008) aborda sobre a função da escola no tratamento de crianças
com TDAH, e relata que o seu papel é fundamental. Professores devem estar
seguros de que não estão sozinhos na tarefa de educar, mas recebem apoio dos
profissionais especializados, da família da criança, realizando assim um trabalho
conjunto e significativo. Contudo, de acordo com Rohde et al (2003) existem
diversas intervenções que o professor pode aplicar para contribuir na aprendizagem
dessas crianças. Na estruturação do ensino, o professor deve trabalhar com
pequenas quantidades de conteúdo, guias, gráficos e marcadores que orientem os
estudos, utilizar meios que facilitem o estudo, como: responder no livro sem passar
para o caderno uso de gravadores, computadores como recursos visuais, uso de
jogos confeccionados pelos próprios alunos, trabalhos com músicas, artes e outras
potencialidades dos alunos.
Rohde et al (2003) sugere ainda o uso diferenciado do material matemático.
Diminuir o número de problemas em uma página, trabalhar com objetos concretos
relacionados com os conteúdos a serem apresentados e permitir que as crianças
manipulem esses objetos, uso de calculadora para facilitar a realização dos
problemas, como também tabuadas, fórmulas e medidas, conforme a necessidade
da criança.
O professor, além de poder fazer essas adequações na forma de ensino e
nos recursos que poderão ser usados com crianças que possuem TDAH, de acordo
com Rohde et al (2003), ele pode desenvolver algumas habilidades que contribuirão
na aprendizagem da criança, garantindo a ela acesso ao conhecimento, tais como:
ter flexibilidade no processo de ensino, incentivar e motivar a criança diante suas
40
dificuldades; ser criativo, conhecer as dificuldades e necessidades individuais das
crianças; estar ciente das diferenças e características de cada criança e buscar
conhecimento para lidar com elas; conhecer sobre o TDAH e as possíveis
dificuldades que poderão surgir; dar o melhor de si para que a aprendizagem dessas
crianças se tornem prazerosa e eficaz.
A criança que possui o TDAH, muitas vezes não é evidenciada pelos pais,
mas, quando ela entra na escola, ela poderá ser percebida, até mesmo nos casos
mais leves, principalmente se a escola compara crianças com faixa etária iguais,
sendo que as necessidades de uma criança que possui o TDAH são diferentes da
que não possui.
De acordo com Rohde et al (2003), os sintomas do transtorno fazem com
que as crianças que possuem déficit de atenção e hiperatividade apresentem
alterações na linguística, dificuldade em reconhecer letras e números semelhantes
entre si, a criança pode apresentar pouca coordenação motora, muita inquietude em
momentos que seria necessário o bom comportamento e futuramente seriam
normais dificuldades acadêmicas e sociais.
Os sintomas de desatenção podem ser percebidos pela dificuldade de
prestar atenção principalmente a detalhes, cometer erros escolares por falta de
atenção, falta de organização em tarefas, relutância em envolver-se em atividades
escolares que necessitam de esforço mental por muito tempo, perda de objetos
importantes úteis no dia a dia escolar e distrair-se facilmente com estímulos internos
ou externos não relacionados à tarefa.
Rohde et al (2003) afirma que todos esses prejuízos causados pelo TDAH,
somam-se ainda o baixo rendimento escolar, problemas na área afetiva e emocional
da criança, problemas no relacionamento social e familiar, sendo que, os problemas
familiares são considerados umas das dificuldades mais
constante na vida de
crianças que apresentam o TDAH. É importante salientar que sintomas de TDAH
apresentados de forma isolada, podem ocorrer devido as dificuldades que a criança
enfrenta em determinadas situações, tais como: perda de ente próximo, mudanças
que influenciam na parte emocional da criança, problemas familiares, após esse tipo
de dificuldade, a criança poderá apresentar comportamento comparável aos
sintomas do TDAH, no entanto, ela não pode ser diagnosticada como sendo uma
pessoa que possui TDAH.
41
De acordo com Cardoso (2007), estudos revelam que, em geral, crianças
com TDAH apresentam maior dificuldade em concluir tarefas monótonas, que
exigem um nível de raciocínio maior e mais prolongado, ou seja, situações que
ultrapassem a capacidade da criança. Sendo assim, o professor está diante de um
grande desafio, o de criar possibilidades e aumentar as chances do aluno que
apresenta TDAH de ser bem sucedido no desenvolvimento da aprendizagem.
Segundo Phelan (2005), as notas da criança que apresenta TDA são
variáveis. É normal ao analisar os boletins passados encontrar todo o tipo de nota,
variando de 0 a 10. Essa variação de notas está relacionada também com a relação
professor aluno e do aluno com a matéria em questão.
Portanto, um conteúdo apresentado de forma criativa, por um professor
criativo e dinâmico possibilitará um melhor desenvolvimento do aluno, porém, se o
aluno já possui dificuldade em determinada matéria e não considera que o professor
possa auxiliá-lo na sua busca de conhecimento, o aluno que apresenta ou não TDA
poderá apresentar baixo rendimento e consequentemente diminuição de suas notas,
daí a necessidade do professor em desenvolver métodos que realmente estimule a
aprendizagem, sendo assim, crianças que apresentam ou não alguma dificuldade
serão favorecidas.
42
CAPÍTULO III – ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL
3.1. Leis que amparam o TDAH
O direito a educação deve ser preservado à todas crianças não somente as
crianças que apresentam necessidades específicas, o que remete também àquelas
que apresentam transtornos e déficit de atenção com ou sem hiperatividade. O que
se pretende tratar neste tópico é o direito da criança aprender e o dever das
instituições de ensino juntamente com o professor de assegurar esta lei universal.
De acordo com Martins (2008), a Educação Especial busca viabilizar o
atendimento a todos que possuem necessidades educativas especiais. Como
previsto pela Resolução do Conselho Nacional de Educação e Câmara de Educação
Básica (CNE-CEB) nº 2, de 11 de Setembro de 2001, artigo 5, consideram-se alunos
com
necessidades
educativas
especiais,
aqueles
que,
no
processo
de
aprendizagem apresentam dificuldades relacionadas a problemas físicos, visuais,
auditivos, altas habilidades, dificuldades acentuadas de aprendizagem e uma grande
limitação no processo de desenvolvimento.
Deste modo, faz-se necessário pensar em uma educação igualitária, que
busque suprir as necessidades educacionais de todos, dos que apresentam plenas
habilidades, como também dos indivíduos que apresentam alguma dificuldade. A
Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência (2007), no artigo 7º, com
relação às crianças com deficiências apresenta:
1. Os Estados Partes deverão tomar todas as medidas necessárias para
assegurar as crianças com deficiência o pleno desfruto de todos os direitos
humanos e liberdades fundamentais, em igualdade de oportunidade com as
demais crianças.
2. Em todas as ações relativas as crianças com deficiências, o que for
melhor para elas deverá receber consideração primordial.
3. Os Estados Partes deverão assegurar que as crianças com deficiência
tenham o direito de expressar livremente sua opinião sobre o todos os
assuntos que lhes disserem respeito, tenham sua opinião devidamente
valorizada de acordo com sua idade e maturidade, em igualdade de
oportunidade com as demais crianças, e recebam atendimento adequado a
sua deficiência e idade, para que possam realizar tal direito. (CNE-CEB,
2011, art. 5)
De acordo com Martins (2008), não se pode pensar em um tipo de ensino
que seja padrão e universal, ou seja, que haja uma única forma de ensinar
indivíduos que apresentam suas particularidades e diversidades com relação à
43
forma de aprendizagem. Essas particularidades apresentadas por cada indivíduo
necessitam ser atendidas e as diversidades respeitadas.
No que tange o direito a uma educação igualitária e de qualidade, a criança
que apresenta sintomas de TDAH, devem ser amparadas pelas leis que regem os
princípios da Educação Especial. Tais crianças devem usufruir do atendimento
necessário, visando potencializar suas habilidades, minimizar suas dificuldades e
serem preparadas para exercerem cidadania. Diante disso, a Lei de Diretrizes e
Bases (LDB) Lei nº 9.394, de 20 de Dezembro de 1996, dos princípios e fins da
Educação Nacional, artigo 2º, diz:
[...] A educação, dever da família e do Estado, inspirada no principio da
liberdade e nos ideais de solidariedade humana, tem por finalidade o pleno
desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da cidadania e
sua qualificação para o trabalho (LDB, 1996, p.8).
Martins (2008) afirma que pessoas que apresentam algum tipo de
necessidade educacional especial têm o direito de serem tratadas como cidadãos, e
por serem cidadãos, existem leis que lhes dão a oportunidade de lutar em prol de
seus objetivos, realizando assim conquistas e novas relações sociais. Diante disso,
apresenta-se o conceito de cidadão especial, que é aquele que deve ter seus
direitos garantidos como todo cidadão, porém, tem o direito especial, com
atendimento e acompanhamento especial, para que suas potencialidades sejam
desenvolvidas, tendo acesso à educação com qualidade e igualdade.
Em 1994, foi criado um dos mais importantes documentos mundiais que visa
atender as necessidades de pessoas que apresentam deficiência, a Declaração de
Salamanca. Trata-se de um documento que enfatiza os Procedimentos para
Equalização de Oportunidades para Pessoas Deficientes. Ela também defende os
direitos pertencentes a crianças que apresentam dificuldades educativas especiais a
uma educação regular e igualitária. Com relação à educação igualitária, apresenta:
[...] As escolas devem acolher todas as crianças, independentemente de
suas condições físicas, intelectuais, sociais, emocionais, linguísticas ou
outras. Devem acolher crianças com deficiência e crianças bem dotadas;
crianças que vivem nas ruas ou que trabalham; crianças de populações
nômades; crianças de minoria linguísticas, étnicas ou culturais e crianças de
outros grupos ou zonas, desfavorecidos ou marginalizados. (DECLARAÇAO
DE SALAMANCA, 1994, p.18)
44
Assim como na Declaração Universal dos Direitos da Criança (1959) que diz:
[...] A criança tem direito a educação, que deve ser gratuita e obrigatória,
pelo menos nos graus elementares. Deve ser-lhe ministrada uma educação
que promova a sua cultura e lhe permita, em condições de igualdade de
oportunidades, desenvolver as suas aptidões mentais, e seu sentido de
responsabilidade moral e social e tornar-se um membro útil a sociedade.
(DECLARAÇAO UNIVERSAL DO DIREITO DA CRIANÇA, 1959, princípio
7º).
A Declaração de Salamanca e Declaração Universal do Direito da Criança
defendem a educação como um direito de todos os seres humanos.
Martins (2008) coloca em pauta a discussão sobre as crianças que não são
incluídas nas leis referentes à Educação Especial, mas que necessitam de um
atendimento especializado, diferenciado e apoio educacional. São crianças que
apresentam dificuldades de aprendizagem ocasionadas pelo TDAH.
Na maioria das vezes, por falta de informação sobre o TDAH, falsas
interpretações são geradas e muitas vezes o TDAH é confundido com questões
comportamentais, como falta de educação, falta de limite, incapacidade dos pais e
professores em manter a disciplina. No entanto, o TDAH deve ser considerado como
uma dificuldade real que está presente no meio social que necessita de
compreensão e intervenções pensadas e planejadas por professores e especialistas
na área.
Martins (2008) afirma que a criança que apresenta sintomas de TDAH,
necessita ser compreendida pela sociedade e instituição de ensino, com o intuito de
evitar um fracasso escolar e social futuro. Do mesmo modo, o indivíduo que
apresenta problema visual, auditivo e físico deve ser compreendido e suas
necessidades supridas. Deste modo, o TDAH pode e deve ser entendido como uma
deficiência por apresentar comprometimento nas habilidades cognitivas da criança.
O fato da criança que possui TDAH não poder usufruir dos benefícios
educacionais voltados aos indivíduos com outro tipo de deficiência decorre da falta
de informação dos pais, da sociedade e da escola. A criança que possui TDAH, não
pode
ser
responsável
pela
dificuldade
existente
em
desenvolver
suas
potencialidades em razão de sua real condição. Essa criança deve ser percebida
como alguém que possui uma necessidade educativa especial. Ela deve ter a
garantia de uma educação com métodos que se adaptam as suas reais condições,
45
dando-lhe
a
oportunidade
de
desenvolver
suas
aptidões
mentais,
suas
responsabilidades e tornar-se um cidadão útil a sociedade que está inserido.
3.2. Educação Escolar da Criança com TDAH
Para discorrer sobre a educação escolar da criança com TDAH é preciso
evidenciar que o educar sempre será realizado por intermédio da parceria entre a
família, a escola e o aluno sendo o professor um mediador deste processo contando
ainda com a colaboração do médico, psicólogo e psicopedagogo.
De acordo com Cardoso (2007) deve haver um diálogo entre pais,
professor, psicopedagogo e psicólogo no tratamento da criança hiperativa. Cada
qual trabalhando em conjunto, é de suma importância a inclusão da escola e da
família para a elaboração do plano de tratamento para a criança hiperativa. Portanto,
os profissionais envolvidos no diagnóstico e tratamento devem conhecer e dominar
os procedimentos a serem realizados com a criança. Quando pais ou professores
buscam tratamentos com psicólogos, é importante que o mesmo faça coletas de
dados com pais e professores, conheça o ambiente familiar, escolar e demais
ambientes sociais, conheça a história gestacional e pré-natal e tenha conhecimento
de possíveis doenças psicopatológicas familiares.
Durante o tratamento com psicólogo ou outro profissional da área médica,
saúde mental e psicológica, é importante que os pais informem a escola o relatório
do profissional responsável pela criança e que o mesmo forneça recomendações a
escola que possam facilitar o progresso escolar. Os professores e psicopedagogo da
escola devem estar disponíveis para fornecerem serviços de apoio para o estudante
com TDAH. Esses profissionais devem ser de grande ajuda para os alunos e pais no
que diz respeito às necessidades educacionais da criança.
De acordo com Phelan (2005), no momento em que a criança é
diagnosticada como uma criança que possui TDAH, os pais já devem estar
envolvidos ativamente com professores e outros profissionais da educação, sendo
que os sintomas do TDAH são tipicamente mais evidentes dentro do âmbito escolar.
Diante disso, a relação pais, professor, psicólogo e psicopedagogo se tornam
frequente e indispensável para o bom desenvolvimento da criança hiperativa.
46
Vale ressaltar o ponto defendido por Martins (2008), de que a criança que
apresenta sintomas de TDAH, necessita ser compreendida pela sociedade e
instituição de ensino, com o intuito de evitar um fracasso escolar e social futuro.
Na maioria das vezes, por falta de informação sobre o TDAH, falsas
interpretações são geradas e muitas vezes o TDAH é confundido com questões
comportamentais, como falta de educação, falta de limite, incapacidade dos pais e
professores em manter a disciplina. No entanto, o TDAH deve ser considerado como
uma dificuldade real que está presente no meio social que necessita de
compreensão e intervenções pensadas e planejadas por professores e especialistas
na área.
Cardoso (1998) oferece algumas sugestões aos pais e professores a fim de
lidar de forma positiva com a criança com TDAH, tais como: tentar perceber as
emoções da criança e ajudá-la a entender o que está sentindo; levar a sério os seus
sentimentos; auxiliá-la a verbalizar suas emoções utilizando palavras que ajudem a
identificar o que sente; apontar a criança seu excesso em suas ações; não ceder
aos apelos da criança e não perder o controle diante da mesma.
Para Cardoso (2007) são constantes as queixas de professores com relação
às dificuldades de se trabalhar com crianças que demonstram comportamentos
inadequados, excesso de atividade motora, desatenção e impulsividade nas reações
sociais e realizações de atividades. Contudo, é importante salientar que quando
professores entendem exatamente o seu papel no ensino educacional e decidem
compartilhar informações e experiências em favor do aluno, novos métodos de
ensino e aprendizagem adequados e de qualidade farão parte de suas ações
pedagógicas.
Entendendo a complexidade de trabalhar com crianças, conhecendo o dever
de ensiná-las e educá-las, se torna ainda mais complexo desenvolver um bom
trabalho com crianças que necessitam de um trabalho diferenciado como as crianças
que apresentam TDAH. É importante conhecer sobre as dificuldades que elas
possuem e estar a par das informações atuais, ser paciente, desenvolver relações
interpessoais, sendo que o professor não deve se limitar a transmitir conteúdos, mas
criar possibilidades para que a aprendizagem realmente aconteça.
De acordo com Cardoso (2007), nem todas as escolas estão preparadas
para atender as diversidades com relação aos talentos e estilos de aprendizagem
dos alunos. Seria importante o ambiente escolar apreciar e ser capaz de trabalhar
47
com modalidades, tais como: arte, dança, música, esporte e outras formas de
aprendizagem apreciadas pelas crianças e que desenvolvem habilidades. O
professor, sendo conhecedor das consequências que o TDAH trás a criança, poderá
transformar a sala de aula em um ambiente motivador e estimulante, contribuindo
positivamente no desenvolvimento da criança, tendo em vista, que não se pode
desconsiderar a influência que o ambiente tem no comportamento da criança,
principalmente da que apresenta TDAH.
Cardoso (2007) discorre sobre a importância de o professor conhecer os
sintomas do TDAH e afirma que o mesmo necessita buscar informações por meio de
pesquisas, estudos e reflexões sobre o processo de ensino e aprendizagem. Tais
conhecimentos servirão como base para o professor, e assim, obter uma visão mais
abrangente sobre o problema e suas conseqüências. Deste modo, o professor
poderá evitar rótulos e afirmações errôneas e indesejáveis que surgem no ambiente
escolar direcionado à criança que possivelmente apresenta TDAH e intervenções
indevidas por parte do professor, comprometendo a interação social da criança e
contribuindo com a baixa auto-estima da mesma.
No processo de diagnóstico é relevante a participação do professor, sendo
que ele tem a oportunidade de observar diariamente, no período de aula, o
desenvolvimento da aprendizagem da criança. Sendo assim, estas informações são
de extremo valor no processo de diagnóstico. O professor tem a oportunidade de
observar a criança nas realizações de atividades individuais, grupais, interações com
os colegas e comparar o desenvolvimento da criança que apresenta possíveis
sintomas de TDAH, com outras da mesma idade que não apresentam os sintomas.
Diante disto, Cardoso (2007) afirma que o professor deve manter o equilíbrio
e não permitir que a irritabilidade causada pelo mau comportamento do aluno
influencie os registros que estão sendo realizados e que irão contribuir no processo
de diagnóstico. É importante frisar, que não cabe ao professor diagnosticar, e sim
compartilhar com os profissionais especializados as observações e intervenções
realizadas em sala de aula.
Cardoso (2007) cita alguns estilos de atuações de professores que
possivelmente não terão êxito em seus trabalhos com crianças com TDAH: professor
constantemente autoritário e que se preocupa apenas com resultados e produções
de tarefa. Este professor com certeza encontrará dificuldades em interagir com a
criança. O professor pessimista e que só percebe a parte negativa do aluno com
48
relação ao comportamento e realizações de tarefas, também não conseguirá manter
um bom relacionamento com a criança que apresenta TDAH. O professor crítico,
ameaçador, impulsivo e desorganizado, certamente encontrará ainda mais
dificuldade em trabalhar com essas crianças, sendo que esse tipo de professor se
sente perfeito e superior a todos, e seu estilo de comportamento é bem parecido
com as dificuldades enfrentadas pela criança que possui TDAH.
O modo de ensino do professor tem grande relevância no desenvolvimento
da criança que apresenta TDAH. Um professor flexível, criativo, com atitudes rápidas
e consistentes, mas, que não demonstram raiva ou insulto ao aluno, um professor
otimista, amigo e compreensivo e que saiba planejar e organizar formas de
modalidades que facilitem o processo de aprendizagem da criança que possui TDAH
motiva a criança e contribui para um relacionamento agradável entre professor e
aluno, dessa forma, a criança desenvolverá suas habilidades de aprendizagem com
mais segurança.
Evidencia-se a necessidade do professor em promover uma ação
pedagógica atendendo as necessidades da criança que apresenta ou não sintomas
de TDAH, pois toda criança tem direito de interagir com formas interessantes de
ensino com o intuito de desenvolver habilidades de aprendizagem, tendo em vista
que a criança que apresenta TDAH precisa de intervenções coerentes com suas
necessidades e dificuldades por parte do professor. Portanto, não basta somente
reconhecer os sintomas do TDAH, é necessário reconhecer, entender e buscar
formas adequadas de trabalhar com essas crianças.
49
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao realizar este trabalho de pesquisa propôs-se apresentar o conceito de
TDAH e TDA demonstrando a importância do conhecimento sobre a temática para o
trabalho pedagógico. O esclarecimento das características mais marcantes da
pessoa com transtorno e déficit de atenção com ou sem hiperatividade direciona o
olhar educacional para o reconhecimento deste sujeito, de suas particularidades,
suas necessidades e suas possibilidades.
A hipótese levantada é de que seja importante conhecer para saber
trabalhar com crianças que apresente TDAH e TDA e se faz necessário uma equipe
multidisciplinar para auxiliar a criança no processo de ensino-aprendizado, se
confirmou no instante que autores como Phelan, Martins, Cardoso e Ruhde travam
um diálogo possível e norteador para o entendimento e educação de crianças com
TDAH e TDA.
Percebe-se ainda que não se pode focar somente no professor como único
responsável pela educação da criança com TDAH, mas é necessário o envolvimento
dos profissionais que tenham como área de estudo a aprendizagem e suas
dificuldades, envolvendo as áreas cognitivas, afetivas e emocionais, tais como
psicopedagogo e psicólogo.
Cabe ainda ressaltar que este trabalho não se encontra esgotado, mas
pretende fomentar ideias, reflexões e novas buscas a respeito da temática. Sugerese, portanto aprofundar mais sobre o trabalho pedagógico que tem sido realizado
com TDAH e TDA.
50
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
BRASIL, MEC, Secretaria de Educação Especial. Política Nacional de Educação
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