O Sr. LEONARDO QUINTÃO (PMDB–MG) pronuncia o seguinte discurso: Senhor Presidente, Senhoras e Senhores Deputados, venho hoje a esta tribuna tratar de tema essencial para o nosso País, que é o programa da Bolsa Família como instrumento de proteção e inclusão social. O empenho do Governo em fortalecer e ampliar a rede de proteção social chega em boa hora e se soma às iniciativas previstas no Programa de Aceleração do Crescimento – PAC e às ações desenvolvidas, com o mesmo propósito, na área de educação. Com isso, o Brasil pode iniciar um círculo virtuoso de crescimento sustentado e de desenvolvimento social de forma a preparar o País para os desafios futuros do processo de integração com a economia global. Coordenado pela Casa Civil e elaborada pelo Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome – MDS, em parceria com os Ministérios da Saúde, da Educação, do Trabalho e Emprego e do Desenvolvimento Agrário, o novo plano objetiva avançar, de forma vigorosa, tanto do ponto de vista quantitativo quanto do ponto de vista qualitativo, no campo, por exemplo, da avaliação do impacto dos programas, monitoramento e construção dos indicadores. Apenas em relação ao Bolsa Família, programa que beneficia hoje mais de 11 milhões de famílias em todo o País, estuda-se a recomposição do valor do benefício do Programa Bolsa Família, já que o Governo entende necessário garantir o poder de compra das famílias mais pobres nos mesmos valores de outubro de 2003, quando da criação do programa. Estuda-se, também, a ampliação para 17 anos a idade dos jovens que permanecem com direito ao benefício, como forma de estimular os adolescentes situados nessa faixa etária a freqüentarem a escola, já que esta é uma das condicionalidades do programa. Como se sabe, atualmente a família com renda per capita entre R$ 61,00 e R$ 120,00 recebem R$ 15,00 por filho até 15 anos, limitado a três benefícios por família. Essa regra vale para as famílias consideradas pobres. Para as famílias vistas como extremamente pobres, com renda per capita de até R$ 60,00, o benefício também é limitado a R$ 15,00 por filho até 15 anos, limitado a três filhos, mas com direito a um adicional no valor de R$ 50,00. O MDS avalia, ainda, em parceria com o MEC, a concessão de um prêmio em dinheiro para o aluno de escola pública que passar de ano. A mesma bonificação deverá contemplar os alunos do ensino médio, como forma de combater a evasão escolar e ampliar a média de escolaridade. Além disso, o plano social inclui medidas de fortalecimento das ações de inclusão produtiva, capacitação profissional e geração de emprego e renda voltadas para os beneficiários do Bolsa Família e demais grupos sociais em situação de exclusão e vulnerabilidade social. Alguns programas já são desenvolvidos pelo MDS, pelo MDA, pelo Ministério do Trabalho e outros, com reflexos altamente positivos no processo de redistribuição de renda, no fortalecimento da economia local e regional, como é o caso, por exemplo, do Norte de Minas e Vale do Jequitinhonha. Em 2003, o MDS transferiu R$ 57,69 milhões a 387,8 mil beneficiários do Bolsa Família em Minas Gerais. Em 2004, o número de famílias atendidas alcançou 756,3 mil, com repasse anual de R$ 383,9 milhões; em 2005, 998,0 mil famílias mineiras receberam R$ 618,9 milhões; em 2006, o repasse anual chegou a R$ 752,1 milhões, beneficiando 1.128 milhões de famílias. Atualmente, são 1.073 milhões de beneficiários do programa em Minas, com repasse mensal da ordem de R$ 63,2 milhões, o que eqüivale a um desembolso anual (estimado) de R$ 758,4 milhões. Até junho/07, o MDS já havia repassado R$ 390,2 milhões a essas famílias cadastradas no programa. Isso sem incluir outras ações desenvolvidas pelo Ministério, como o Programa de Erradicação do Trabalho Infantil (PETI), Programa de Apoio Integral à Família (PAIF), Agente Jovem de Desenvolvimento, além dos programas relacionados à área de segurança alimentar e nutricional, como o Compra Local de Alimentos da Agricultura Familiar, o Restaurante Popular, Cozinhas Comunitárias e ações da Agricultura Urbana. Como se vê, a ampliação do plano social é imprescindível ao fortalecimento não apenas o Bolsa Família mas, também, dos demais programas de inclusão social, de redução da pobreza e de combate às desigualdades regionais, além de contribuir decisivamente para ativar a economia dos pequenos municípios brasileiros. Uma prova do efeito dos programas sociais são os estudos realizados por organismos como Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), o Banco Mundial e tantas outras instituições de pesquisa, que comprovam a contribuição do programa na queda acentuada da concentração de renda no País e na redução da pobreza. Estudo do IPEA mostrou, por exemplo, que apenas o Bolsa Família é responsável por 21% da redução das desigualdades de renda nos últimos anos. Outra pesquisa do IBGE revelou que a receita real do setor de supermercados cresceu mais de 16% entre 2004 e 2005. A avaliação dos responsáveis pela pesquisa é de que esse desempenho positivo se deve particularmente à expansão do Bolsa Família e seu impacto no consumo de bens não-duráveis. Preocupado com a avaliação do programa, o próprio MDS encomendou uma pesquisa ao Centro de Desenvolvimento e Planejamento Regional da Universidade Federal de Minas Gerais (Cedeplar/UFMG), que constatou significativa melhoria das condições de vida dos beneficiários do Bolsa Família, em especial na qualidade alimentar e na manutenção das crianças matriculadas nas escolas. Por outro lado, é imperioso destacar que o Bolsa Família não é um programa isolado, com caráter assistencialista. Ele compreende uma ampla rede de proteção social desenvolvida pelo MDS, em parceria com outros Ministérios, com o setor público e do setor privado, além do apoio dos demais entes federados. Por tratar-se de programa reconhecido internacionalmente por governos estrangeiros e organismos multilaterais, frequentemente o MDS vem sendo procurado por representantes de países e instituições em busca de informações sobre a experiência brasileira na área sócioassistencial. Além disso, estudos realizados por diferentes instituições de cooperação e pesquisa, dentre eles o Banco Mundial (Bird), mostram que o programa Bolsa Família está muito bem focalizado, senão de o de melhor focalização dentre os demais programas desenvolvidos na América Latina. Avaliado como um dos maiores programas de transferência de renda do mundo, o Bolsa Família, além de contribuir para mudar, para melhor, a realidade social da maioria das famílias pobres do País, vem transformando o quadro econômico da maioria dos municípios brasileiros. Seja no resgate da cidadania, seja estabelecendo padrões mínimos de cidadania para as famílias beneficiadas. Desenvolvido em interface com o Sistema Único de Assistência Social (SUAS) e com o Sistema Único de Segurança Alimentar e Nutricional (SISAN), o programa, ao se voltar para as famílias em situação de vulnerabilidade social, vem auxiliando no processo de fortalecimento dos vínculos familiares. Considerando a magnitude dessa rede de proteção social e levando em conta a valiosa contribuição ao fortalecimento da economia local, o Bolsa Família guarda relação com o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), com a economia solidária, em especial a partir do desenvolvimento de ações voltadas para inclusão produtiva e capacitação profissional, visando exatamente construir o caminho para a inserção de seus beneficiários no mercado de trabalho. Com esse amplo leque de proteção social o Governo procura evitar o agravamento do quadro de desagregação desses grupos sociais. Como se sabe que as famílias mais vulneráveis socialmente sofrem toda sorte de discriminação, essas iniciativas crescem em importância no esforço em favor do fortalecimento dos laços sociais e familiares. Entre outros aspectos, o sucesso do programa se consubstancia no alcance da meta de 11 milhões de famílias beneficiadas em todo o País, bem como nos resultados positivos colhidos com o cumprimento, pelos beneficiários, das condicionalidades nas áreas de educação e saúde. Além de elevar a média de escolaridade das famílias excluídas, essas exigências terão reflexo positivos na projeção da mobilidade social dessas famílias. Vale destacar que o cumprimento dessas condicionalidades pelas famílias só foi possível graças à gestão eficiente do Bolsa Família pelo MDS, o que permitiu um controle crescente da freqüência escolar dos alunos beneficiados pelo programa, processo que ocorre de forma contínua desde o final de 2004. Para se ter idéia desse avanço, atualmente mais de 80% das escolas informam regularmente a freqüência escolar, enquanto 90% dos municípios enviam ao Ministério da Educação (MEC) os dados referentes às condionalidades do programa. Antes do lançamento do Bolsa Família, em 2003, o percentual de informação da freqüência escolar dos beneficiários do Bolsa Escola não passava de 19% das escolas e apenas 3.197 municípios encaminhavam essas informações ao MEC. Paralelamente aos resultados positivos do programa, é importante ressaltar as ações de controle e fiscalização que o Governo e seus parceiros têm implementado, de forma a assegurar que o benefício efetivamente chegue àqueles que dele necessitam e atendem aos critérios de elegibilidade definidos em lei. Além disso, desde o início de 2005 o MDS promoveu diversas auditorias na base do Cadastro Único, incluindo levantamento comparativo com outras bases de informações sociais, como no caso da Relação Anual de Informações Sociais (RAIS), entre outras ações fiscalizadoras, o que tem permitido a transferência de recursos financeiros para as famílias que efetivamente necessitam do apoio do Estado para sua subsistência e uma vida mais digna. Em conseqüência desse controle, cerca de 1,5 milhões de famílias foram excluídas ou deixaram o programa, seja em razão da melhoria da renda média familiar, seja em conseqüência do fortalecimento dos mecanismos de controle instituídos pelo Governo. Por fim, não se pode ignorar que, ao permitir que as famílias excluídas tenham acesso a uma renda mínima e, por meio dela, melhores condições de alimentação, de assistência à saúde e acesso à educação de seus filhos, o Bolsa Família se consolida cada vez mais como um valioso instrumento de combate às desigualdades sociais e de redução da pobreza. Consciente de que a realização dessas metas na área social é, também, uma maneira de cumprir os ditames da Constituição Federal no que diz respeito à inclusão social das famílias pobres, entendo que o Presidente Lula está resgatando essa imensa dívida social do País para com os mais necessitados. Muito obrigado.