Alim. Nutr., Araraquara v.17, n.3, p.281-286, jul./set. 2006 ISSN 0103-4235 DEGRADAÇÃO DO ÁCIDO ASCÓRBICO EM GOIABADA INDUSTRIALIZADA SUBMETIDA A DIFERENTES CONDIÇÕES DE ESTOCAGEM* Jamilla TEIXEIRA** Mateus Henrique PETRARCA** Antonio Carlos TADIOTTI*** Célia Maria de SYLOS** RESUMO: A goiaba pode ser consumida in natura ou na forma industrializada, como goiabada. A goiaba é uma fruta rica em ácido ascórbico, minerais, fibras e carotenóides. O ácido ascórbico devido sua instabilidade pode servir como parâmetro de avaliação das condições de manuseio, estocagem e processamento de alimentos. Portanto, o presente trabalho objetivou avaliar a degradação de ácido ascórbico em goiabada industrializada, submetida a diferentes condições de estocagem. Amostras de goiabada foram acondicionadas em filme plástico de polipropileno biorientado e estocadas por 270 dias na temperatura de 5ºC (A) e a 30ºC com (B) e sem exposição à luz (C). Os teores de acidez total (ATT), nas goiabadas estocadas nas condições A, B e C, após 270 dias, foram respectivamente de 0,494; 0,512 e 0,508 g de ácido cítrico/ 100g de amostra. Os teores de sólidos solúveis totais (SST), nas mesmas condições, foram respectivamente de 73,54; 73,68 e 73,37%. Esses parâmetros não apresentaram diferenças significativas (p< 0,05) quanto às condições de estocagem. Os teores finais de ácido ascórbico, nas goiabadas estocadas nas condições A, B e C, foram respectivamente de 33,3; 28,5 e 30,9 mg/100g de amostra. A goiabada mantida a 5°C apresentou maior retenção do ácido ascórbico (68,6%) após 270 dias de estocagem do que aquela mantida a 30ºC sem exposição à luz (56,9 %), que foi maior que a mantida a 30º C com exposição à luz (46,0%). PALAVRAS-CHAVES: Estocagem; goiabada; ácido ascórbico; retenção do ácido ascórbico. INTRODUÇÃO O Brasil é o terceiro produtor mundial de frutas, com 38 milhões de toneladas, atrás apenas da China e da Índia. 10 Dentre as frutas tropicais brasileiras, a goiaba (Psidium guajava. L.) ocupa lugar de destaque, não só pelo seu aroma e sabor, como também pelo seu valor nutricional. O Brasil é o maior produtor de goiabas vermelhas e a Índia de goiabas brancas. 10 A goiaba pode ser consumida in natura e, também, industrializada na forma de goiabada, geléias, pastas, fruta em calda, purê, alimentos para criança, base para bebidas, refrescos, sucos e xaropes. 10 O consumo brasileiro da fruta in natura é considerado baixo, estimado em 300g/ per capita/ ano, embora a goiabada seja um doce bastante consumido no país 5. A goiabada é um produto resultante do processo de concentração da polpa de goiaba com açúcares e outros ingredientes, e tem uma vida-de-prateleira que depende do tipo de embalagem, podendo variar de um ano (polipropileno biorientado - BOPP), até dois anos (folha metálica tradicional - lata). 2,16 A goiaba é uma fruta rica em fibras, minerais e vitaminas, principalmente vitamina C (ácido ascórbico), contendo de 3 a 6 vezes mais desta vitamina do que a laranja. 1,17 A degradação da vitamina C possui um mecanismo específico e depende de vários fatores como pH, teor de acidez, íons metálicos, luz, teor de umidade, atividade da água, presença de aminoácidos, carboidratos e lipídios, enzimas e principalmente, temperatura. 15,17 A vitamina C compreende o ácido ascórbico na sua forma reduzida e o ácido dehidroascórbico na forma oxidada. O ácido ascórbico é instável, facilmente oxidado (reversivelmente) a ácido dehidroascórbico, que possui de 60 a 100% da atividade biológica do ácido L-ascórbico. O ácido L-dehidroascórbico pode ser transformado em ácido 2,3-dicetogulônico, que não apresenta atividade biológica. 8,15,17 O ácido ascórbico é essencial no corpo humano, podendo prevenir ou curar o escorbuto, efetuar a produção e manutenção do colágeno, formar aminas aromáticas (dopamina e serotonina), regenerar tecidos, atuar como antioxidante, proteger as células e tecidos contra os mecanismos de ataque dos patógenos, facilitar a absorção de minerais (ferro, zinco e cobre) e a excreção (chumbo, mercúrio, vanádio, cádmio e níquel). 7,12,13 No homem, o ácido ascórbico não é sintetizado devido à falta da enzima gulactona oxidase, que participa da biossíntese da vitamina C ou do ascorbato, sendo necessária a ingestão através da dieta alimentar.9 As principais fontes de ácido ascórbico são as frutas como acerola, cupuaçu, goiaba, frutas cítricas, abacaxi, tomate, maçã, banana, melão, cerejas e morango. Os vegetais _________________ *Parte da dissertação de mestrado da primeira autora - Bolsista Capes. **Departamento de Alimentos e Nutrição - Faculdade de Ciências Farmacêuticas - UNESP - 14801-902 - Araraquara - SP - Brasil. ***Indústria e Comércio de Conservas Alimentícias Predilecta. LTDA - 15999-000 - São Lourenço do Turvo - Matão - SP - Brasil. 281 também são fontes dessa vitamina (batata, repolho, cebola, cenoura, pimentas, brócolis, couve-flor, folhas verdes, etc). 13 Devido à sua sensibilidade, o ácido ascórbico pode ser utilizado como parâmetro de avaliação das condições de manuseio, estocagem e processamento de alimentos. As perdas relacionadas à oxidação do ácido ascórbico, principalmente durante a estocagem, formam diversas substâncias como dióxido de carbono e furfural que, além de diminuir ou eliminar a atividade do ácido ascórbico,15 alteram também as características sensoriais, provocando cor e sabor indesejáveis, diminuindo a aceitação dos alimentos e levando, eventualmente, a perdas econômicas consideráveis. 17 Nogueira et al. 14 encontraram concentrações de ácido ascórbico de 80,5 e de 778,5 mg/100g em goiaba (cultivar IAC-4) e em goiaba liofilizada, respectivamente. Existem poucos trabalhos sobre o efeito do processamento e do armazenamento sobre a composição da goiaba. Goiaba liofilizada e conservada em frasco âmbar a 35°C por 18 meses apresentou diminuição significativa dos teores de ácido ascórbico apenas nos 6 primeiros meses de estocagem.14 Segundo Jawaheer et al.,11 a produção de geléia de goiaba resultou em retenção de 37,5% de ácido ascórbico inicial e a de suco de goiaba, em 79,6%. O suco sofreu um aquecimento a 88°C, por 10 minutos enquanto a geléia foi processada por 35 minutos à mesma temperatura. Perdas de 70,2% do ácido ascórbico foram observadas na geléia estocada por 4 meses. Polpas congeladas e polpas pasteurizadas de goiaba, armazenadas em temperatura ambiente por 180 dias, apresentaram perdas de 12 e de 70-75% de ácido ascórbico, no mesmo período. As condições de estocagem, temperatura e presença de oxigênio na polpa pasteurizada influenciaram na maior perda da vitamina. 6 Em relação à goiabada, não existem trabalhos sobre estocagem. A goiabada pode permanecer um longo período nas prateleiras dos supermercados, ou mesmo nas próprias residências dos consumidores. Neste sentido, é importante estudar o que acontece com o ácido ascórbico durante a estocagem. Portanto, os objetivos do presente trabalho foram verificar o efeito da estocagem, por 270 dias, sobre a concentração de ácido ascórbico em goiabada industrializada, acondicionada em embalagem de filme de polipropileno biorientado (BOPP), armazenada em duas temperaturas (5°C e 30°C) e, o efeito da presença de luz, na goiabada armazenada a 30°C. Além da determinação do teor de ácido ascórbico, também foram determinados os teores de acidez total titulável (ATT) e de sólidos solúveis totais (SST). MATERIAL E MÉTODOS Amostras de goiabada foram coletadas em uma indústria processadora de frutas da região de Araraquara/ SP. As amostras de goiabada foram acondicionadas em embalagem de filme plástico de polipropileno biorientado (BOPP) de 400g, e estocadas por 270 dias nas temperaturas de 5ºC (câmara fria) e 30ºC (com e sem exposição à luz, em ambiente com temperatura controlada). As análises nos primeiros 21 dias ocorreram de 3 em 3 dias, depois foi realizada uma análise no 30º dia; nos dois meses seguintes, de 15 em 15 dias e as posteriores, mensalmente. O parâmetro principal analisado foi o teor de ácido ascórbico. Para determinar o teor de ácido ascórbico, utilizou-se o método oficial da A.O.A.C, que se baseia na redução do 2,6-diclorofenol indofenol por uma solução de ácido ascórbico, modificado por Benassi & Antunes4 com substituição do ácido metafosfórico por ácido oxálico como solvente. A determinação do teor de sólidos solúveis das amostras foi realizada segundo o método da A.O.A.C. nº 932.12,3 utilizando um refratômetro de Abbé e a tabela de correção de temperatura para 20ºC. A determinação da acidez nas amostras de goiabada foi realizada segundo método da A.O.A.C. nº 942.15.3 Todas as determinações foram realizadas em triplicata. Análise estatística Os dados dos teores de ácido ascórbico, da acidez total titulável e dos sólidos solúveis totais foram analisados pelo programa estatístico Sisvar - versão 4.2 da Universidade Federal de Lavras (MG). As médias foram comparadas e discutidas através do teste de Tukey ao nível de 5% de significância. RESULTADOS E DISCUSSÃO A goiabada analisada apresentou uma acidez média de 0,605 g de ácido cítrico/ 100g de amostra no tempo zero (Tabela 1), não apresentando um decréscimo significativo Tabela 1- Teores médios de acidez total titulável (ATT) presentes nas goiabadas, no tempo 0 (zero) e após 270 dias de estocagem, sob diferentes condições de armazenamento. Condições de estocagem 5°C 30°C (com exposição à luz) 30°C (sem exposição à luz) 1 Teor inicial (g de ácido cítrico/100g) 0,605 0,002 Teor após 270 dias de estocagem (g de ácido cítrico/ 100g) 0,494 0,003a1 0,512 0,004a 0,508 0,002a Médias de teores de acidez seguidas de mesma letra, na coluna, não diferem entre si, estatisticamente ao nível de 5% de significância, pelo teste de Tukey. 282 Tabela 2- Teores médios de sólido solúveis totais (SST) encontrados na goiabada, no tempo 0 (zero) e após 270 dias de estocagem, sob diferentes condições de armazenamento. Condições de estocagem Teor inicial (%) Teor após 270 dias de estocagem (%) 5°C 30°C (com exposta à luz) 73,91 73,54 0,46a1 73,68 0,18a 0,09 30°C (sem exposição à luz) 73,37 0,09a Médias de teores de SST seguidas de mesma letra, na coluna, não diferem entre si, estatisticamente ao nível de 5% de significância, pelo teste de Tukey. 1 Tabela 3- Teores médios de ácido ascórbico encontrados na goiabada, durante o seu armazenamento nas temperaturas de 5°C e 30°C (com e sem exposição à luz). Teor (mg/100 g)1,2 Tempo de estocagem (dias) 0 41,14 0,43aA 4 35,89 0,07aB 34,27 0,35bA 34,40 0,15bA 7 34,56 0,06bA 31,96 0,25bA 34,39 0,11bA 5°C 30°C com exposição à luz 41,14 0,43aA 30°C sem exposição à luz 41,14 0,43aA 14 34,95 1,20bcA 31,54 0,19bcB 30 34,25 1,23bcdA 31,30 0,28bcdB 32,90 33,33 0,31bcdAB 0,30bcA 60 32,73 0,36bcdeA 26,76 0,46bcdeB 30,03 0,06bcdeA 90 32,59 0,29cdeA 26,50 0,40cdeC 30,04 0,44cdeB 150 32,35 0,64cdeA 26,13 0,58cdeB 28,55 0,37cdeB 210 30,71 0,54efA 22,20 0,56efC 25,89 0,11efB 270 28,23 0,16fA 18,93 0,15fC 23,40 0,21fB 1 Médias de teores de ácido ascórbico seguidas de letras minúsculas iguais, na mesma coluna, não diferem entre si, estatisticamente, ao nível de 5% de significância, pelo teste de Tukey. 2 Médias de teores de ácido ascórbico seguidas de letras maiúsculas iguais, na mesma linha, não diferem entre si, estatisticamente, ao nível de 5% de significância, pelo teste de Tukey. (P<0,05) no teor de acidez ao longo de 270 dias de estocagem. O teor final de acidez não apresentou diferenças significativas quando se compararam as diferentes condições e o tempo de estocagem, indicando que a acidez total titulável da goiabada industrializada, não foi influenciada pela temperatura de armazenamento nem pela exposição à luz. O teor médio de sólidos solúveis encontrado na goiabada, no tempo zero, foi de 73,9 % (Tabela 2). Os valores de SST não apresentaram diferenças significativas quando se compararam as diferentes condições ou o tempo de estocagem. De Martin et al. 6 também relataram que em polpas congeladas e em polpas pasteurizadas de goiaba armazenadas a 25°C por 180 dias, os teores de sólidos solúveis totais e acidez total titulável não apresentaram diferenças significativas ao longo da estocagem. As variações dos teores de ácido ascórbico e das porcentagens de retenção foram determinadas durante 270 dias de estocagem, sob duas temperaturas, 5°C e 30°C (com e sem exposição à luz) e os resultados estão apresentados na Tabela 3 e nas Figuras 1 e 2. A concentração média inicial de ácido ascórbico na goiabada foi de 41,14 mg de ácido ascórbico/ 100g. Após 270 dias, os teores de ácido ascórbico foram de 28,23, 23,40 e 18,93 mg/ 100g, para as condições de 5°C, 30°C sem e 30°C com luz, respectivamente. Na temperatura de 5°C, as perdas de ácido ascórbico foram menores que na temperatura de 30°C sem luz, que por sua vez foram menores que a 30°C na presença de luz (Figuras 1 e 2). Após os primeiros sete dias de estocagem ocorreram as maiores perdas significativas de ácido ascórbico para as três condições de estocagem. Na seqüência, para a temperatura de 5º C as perdas foram menores, seguida da condição de 30ºC sem exposição à luz e da condição de 30º C com exposição de luz (Tabela 3). 283 Teores médios de ácido ascórbico (mg AA/ 100g de goiabada) 45 40 35 30 25 20 15 10 5 0 0 4 7 11 14 18 21 30 45 60 75 90 120 150 180 210 240 270 Tempo de estocagem (dias) Temperatura de 5°C Temperatura de 30°C ( sem exposição à luz) Temperatura de 30°C (com exposição à luz) FIGURA 1 - Avaliação da degradação de ácido ascórbico durante 270 dias, em goiabada submetida a diferentes condições de estocagem. Retenção do teor de ácido ascórbico (%) 110 100 90 80 70 60 50 40 0 40 80 120 160 200 240 280 Tempo de estocagem (dias) A ) Temperatura de 5°C B ) Temperatura de 30°C (sem expo sição à luz) C) Temperatura de 30°C ( co m expo sição à luz FIGURA 2 - Porcentagem de retenção de ácido ascórbico da goiabada, submetida a diferentes condições de armazenamento (5°C, 30°C com e sem exposição à luz), por 270 dias. A utilização de baixas temperaturas (temperatura de refrigeração) para estocagem de goiabada promoveu uma menor perda do ácido ascórbico. De Martin et al.6 observaram comportamento semelhante para polpa congelada de goiaba, em comparação com polpa pasteurizada estocada a temperatura ambiente, o que corrobora os resultados do presente trabalho para a goiabada estocada a 5ºC. 284 A estocagem da goiabada a 30ºC e com exposição à luz apresentou maior degradação no teor de ácido ascórbico e, conseqüentemente, menor retenção da vitamina (Figuras 1 e 2). Isto ocorreu devido ao fato da embalagem BOPP permitir a passagem de luz e de oxigênio. Na goiabada estocada a 5°C, a retenção média foi de 84% após 7 dias de estocagem, permanecendo sem perdas significativas até o 30° dia. Após 90 dias, a retenção foi de 78,1% do teor inicial e de 75,4% depois de 180 dias de armazenamento. No período de 270 dias a retenção de ácido ascórbico foi de 68,6%. (Figura 2). Para a temperatura de 30°C na ausência de luz, a retenção foi de 83,6% após 7 dias, semelhante a da goiabada estocada a 5°C. No período entre 7 e 90 dias não houve diferenças significativas entre as retenções de ácido ascórbico. Foram obtidas retenções de 80, 73, 64,5 e 66,9% para os produtos mantidos nesta condição por 30, 90, 180 e 270 dias, respectivamente (Figura 2). Nas amostras armazenadas a 30°C, na presença de luz após 7 dias, a retenção foi de 77,7%, menor que as obtidas para aquelas mantidas a 30°C na ausência de luz ou a 5°C. Após 30, 90, 180, 270 dias as retenções observadas foram de 76,1, 64,4, 54,2 e 46% respectivamente (Figura 2). A concentração média de ácido ascórbico e, conseqüentemente, as retenções médias foram significativamente maiores (p<0,05) para a goiabada estocada a 5ºC do que a 30ºC. A influência da temperatura na degradação do ácido ascórbico também foi observada por Yusof e Chiong,18 que verificaram maior perda no teor de ácido ascórbico, em bebida a base de carambola estocada a temperatura de 25°C do que em temperaturas menores. Uddin et al.17 estudando a retenção de ácido ascórbico da goiaba desidratada estocada em diferentes temperaturas (30, 40 e 50°C) e diferentes atividades de água (0,43, 0,75, 0,84 e 0,97) por até 24 dias, constataram que o aumento da temperatura e da atividade de água influenciaram na degradação do ácido ascórbico. A influência da luz na degradação do ácido ascórbico relatada neste trabalho, também foi reportada por Jawaheer et al.11 para estocagem por 4 meses de amostras de geléia e de suco de goiaba, onde a exposição à luz contribuiu para o aumento da degradação do ácido ascórbico. Pelos resultados encontrados pode-se verificar que a goiabada apresentou um decréscimo na retenção do teor de ácido ascórbico em função do tempo de armazenagem, característico de uma cinética de 1ª ordem. A velocidade de degradação foi maior na goiabada estocada a 30°C exposta à luz, seguida da armazenada a 30°C sem exposição à luz, e por último da goiabada mantida a 5°C. Essa velocidade de degradação pode ser verificada através da taxa de degradação em dias-1 (k), que foi de 0,002, 0,0014 e 0,0008 para essas mesmas condições citadas, respectivamente. Nogueira et al. 14 avaliando o teor de ácido ascórbico em goiaba liofilizada, estocada em frasco âmbar a temperatura de 35ºC, por 18 meses, verificaram que a vitamina C foi mais rapidamente degradada nos primeiros 6 meses de estocagem, do que nos meses subseqüentes. No presente trabalho, o teor de ácido ascórbico também foi significativamente reduzido nos primeiros 6 meses de análise, apresentando retenção de 75% para a goiabada estocada a 5°C, 64% para a estocada a 30°C sem exposição à luz, e 54% para a exposta à luz. Após 270 dias a retenção foi de 69, 57 e 46% para as mesmas condições citadas. A exposição à luz promoveu uma maior redução no conteúdo de ácido ascórbico em relação às demais condições. CONCLUSÃO A goiabada estocada a 5°C apresentou uma retenção significativamente maior de ácido ascórbico do que a goiabada estocada a 30°C, ao longo de 270 dias, mostrando que em temperaturas mais altas a perda dessa vitamina ocorre mais rapidamente. Na goiabada estocada a 30°C a retenção foi menor quando havia presença de luz, em relação ao armazenamento na ausência de luz, indicando que a presença de luz também foi um fator de degradação do ácido ascórbico. As perdas de ácido ascórbico podem ser menores quando fatores como luz, temperatura e tempo de estocagem, podem ser controlados. TEIXEIRA, J.; PETRARCA, M. H.; TADIOTTI, A.C.; SYLOS, C.M. Degradation of ascorbic acid in industrialized guava jam submitted to different storage conditions. Alim. Nutr., São Paulo, v.17, p.281-286, jul./set. 2006. ABSTRACT: Guava can be consumed in natura or industrialized as jam. The guava is a fruit rich in ascorbic acid, minerals, fibers and carotenoids. Due to its susceptibility, the ascorbic acid could serve as parameter of evaluation of the handling conditions, storage and processing of foods. The present work evaluated the degradation of ascorbic acid was appraised in industrialized guava jam submitted to different storage conditions. Samples of jam were conditioned in plastic film of "polypropylene bioriented" and stored for 270 days at temperature of 5°C (A) and of 30°C with (B) and without light exposure (C). Total acidity in the jams stored in the conditions A, B, and C, after 270 days, was respectively of 0.494; 0.512 and 0.508 citric acid g/100g of sample. The values of SST, in the same conditions, were respectively of 73.54; 73.68; and 73.37 %. These parameters did not differ significantly (p<0.05) for each other in the different storage conditions. The last values of ascorbic acid in the jams stored in the conditions A, B, and C were respectively of 33.3; 28.5; and 30.9 mg/100g, and the retention was respectively of 68.62, 46.02 and 56.89 %. The jam maintained in 5°C showed larger retention of ascorbic acid (68.6%) after 270 days of storage than the jam maintained in 30°C with light exposure. KEYWORDS: Storage; guavas; ascorbic acid; retention of ascorbic acid. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. AGOSTINI-COSTA, T. S.; ABREU, L. N.; ROSSETI, A. G. Efeito do congelamento e do tempo de estocagem da polpa de acerola sobre o teor de carotenóides. Rev. Bras. 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