PERFIL DOS MANIPULADORES DE ALIMENTOS DE UNIDADES DE ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO DA CIDADE DE GUARAPUAVA – PR. Simone Carla Benincá (UNICENTRO), Kélin Schwarz (UNICENTRO), Melissa Massaroli da Silva, Bogdan Demczuk, David Chacón Alvarez (Orientadores – Dep. De Engenharia de Alimentos/UNICENTRO), e-mail: [email protected] Palavras-chave: manipulador de alimentos, boas práticas, segurança alimentar. Resumo: Este estudo apresenta resultados parciais de uma pesquisa realizada na cidade de Guarapuava - PR. Tendo por objetivo avaliar o perfil dos manipuladores de alimentos em Unidades de Alimentação e Nutrição (UANs). Analisando conhecimentos técnicos, características como idade, sexo e escolaridade, aspectos relacionados ao estabelecimento e ao conceito do manipulador a cerca de sua função e ambiente de trabalho. Introdução É visível o crescimento acelerado dos serviços de alimentação e a procura das pessoas por alimentos de fácil acesso, principalmente fora de casa, devido às exigências do modo de produção capitalista vigente. No entanto, essa demanda nem sempre acompanha as adequações higiênico-sanitárias necessárias à produção de um alimento seguro. Os alimentos são potenciais fontes de contaminação e por isso merecem atenção especial, relacionados à qualidade da matéria prima, conservação, higiene e manipulação adequadas. Assim, os manipuladores de alimentos possuem fundamental importância na higiene e sanidade da alimentação servida, visto que cabe a eles o manuseio, tornando-se fonte potencial de contaminação caso ocorra falhas no processo de preparo (LAGAGGIO et al, 2002). Esse estudo tem como objetivo traçar o perfil de manipuladores de alimentos de UANs da cidade de Guarapuava, PR. Materiais e Métodos Entre os meses de outubro e novembro de 2007 foram aplicados questionários para a investigação do perfil dos manipuladores de alimentos de restaurantes do tipo self-service. Aleatoriamente foram entrevistados 2 manipuladores de cada estabelecimento, totalizando uma amostra de 12 manipuladores. Esse estudo está em andamento e tem como meta entrevistar 80 manipuladores. As questões que compõem o questionário abrangem características socioeconômicas (idade, escolaridade); aspectos relacionados com o estabelecimento, tais como o número de funcionários, experiência na área de alimentos, carga horária de trabalho, uniforme e responsabilidade técnica do estabelecimento; conhecimentos técnicos adquiridos; sua função e ambiente de trabalho. Os bancos de dados contendo as informações obtidas na pesquisa foram gerados utilizando o programa Microsoft Excel. Foi adotada a análise simples da ocorrência dos dados. Resultados e Discussão Os resultados obtidos mostraram que 100% dos manipuladores entrevistados são do sexo feminino e dessas, 58,3% encontram-se na faixa etária acima de 30 anos, variando entre 41 e 53 anos. Quanto à escolaridade, 41,7% dos manipuladores possuíam o ensino médio completo. Resultado semelhante ao encontrado por Ristow (2006), em que houve predominância do sexo feminino (96%), 50,0% tinham concluído o primeiro grau. Estudo realizado por Praxedes (2003) revelou que 73,8% dos manipuladores possuíam ensino fundamental, enquanto 18,5% ensino médio. Em relação ao número de manipuladores de alimentos do estabelecimento, obteve-se 50,0% com mais de 10 manipuladores (Gráfico 1). Em relação à carga horária, 100% dos manipuladores trabalhavam de 5 a 8 horas diárias. Ristow (2006) identificou que 61% trabalham no estabelecimento a mais de 5 anos e 92,0% afirmam trabalhar tempo igual ou superior a 40 horas semanais. Verificou-se que, 58,3% dos entrevistados já participaram de algum curso sobre as boas práticas de manipulação. Entretanto, 16,67% recebem uma vez a cada três meses, 8,33% uma vez a cada seis meses, 16,67% menos de uma vez por ano, 33,33% nunca receberam e 8,33% não informaram, conforme demonstrado abaixo (Gráfico 2). Sendo que 75,0% dos manipuladores já receberam algum material sobre Boas Práticas de Manipulação de Alimentos. Apenas 50,0% sabem o que são Boas Práticas e somente 41,7% sabem o que é Análise de Perigos e Pontos Críticos de controle. Andrade (2006), constatou que 75,0% dos estabelecimentos treinavam os seus manipuladores, porém 25,0% dos funcionários afirmavam que nunca receberam treinamento, o que é um percentual bastante significativo. Messias et al. (2006), verificou que, 66% dos entrevistados já participaram dos referidos treinamentos apenas uma vez. Constatou-se que em apenas 33,3% dos questionários analisados, o responsável técnico do estabelecimento é um profissional da área de alimentos. O que em inúmeras vezes pode ser um fator decisivo para aconselhamento técnico adequado. Gráfico 1 – Número de manipuladores de alimentos dos estabelecimentos. Gráfico 2 – Freqüência da participação dos funcionários dos estabelecimentos analisados, em cursos sobre manipulação, higiene e segurança alimentar. Conclusões A partir dos resultados obtidos, pode-se inferir que os manipuladores de alimentos não realizavam treinamentos freqüentes sobre a segurança do alimento o que poderia comprometer a qualidade higiênico-sanitária das refeições servidas. Sugere-se a implantação de um programa de treinamento contínuo para os manipuladores de alimentos, visando à melhoria da qualidade higiênica das refeições oferecidas em unidades de alimentação e nutrição e impossibilitando constrangimentos ao estabelecimento e principalmente ao consumidor. Referências ANDRADE, L. L.; ARAÚJO, E. M. Q.; SANTOS, K.; DIAS, B. A.; SOUZA, G. M.; COSTA, L. N.; PEIXOTO, Y. S. Aplicação das Boas Práticas de higiene de manipuladores de alimentos de restaurantes típicos do pelourinho. Revista Higiene Alimentar, v.21, n. 150, p. 480, abril 2006. LAGAGGIO, V. R. A.; FLORES, M. L.; SGABINAZI, S. D. Avaliação microbiológica da superfície das mãos dos funcionários do restaurante universitário da Universidade de Santa Maria, RS. Revista Higiene Alimentar, v.16, n.100, p. 107-110, 2002. MESSIAS, G. M.; TABAI, K. C.; BARBOSA, C. G. Perfil de manipuladores de alimentos de lanchonetes fast food da cidade do Rio de Janeiro, RJ. Revista Higiene Alimentar, v.21, n. 150, p. 459-460, abril 2006. PRÁXEDES, P.C.R., Aspectos da qualidade higiênico-sanitária de alimentos consumidos e comercializados na comunidade de São Remo, São Paulo, Capital. 2003. 120 p. Dissertação de mestrado; Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da USP; São Paulo. RISTOW, A. M.; SILVA, M. J. A.; FERREIRA, L. M. F.; SOUZA, K. F.; CORTEZ, N. M. S.; MIRANDA, Z. B. Avaliação higiênico-sanitária das unidades de alimentação e nutrição localizadas nos campi de uma universidade do Rio de Janeiro. Revista Higiene Alimentar, v.21, n.150, p.356, abril 2006.