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Avaliação Psicológica e os fatores de risco do suicídio
Dezembro/2016
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Avaliação Psicológica e os fatores de risco do suicídio
Emmanuel Fernandes Vasconcelos – [email protected]
Pós-Graduação em Avaliação Psicológica
Instituto de Pós-Graduação - IPOG
Teresina, PI, 04/02/2016
Resumo
O grande índice de suicídios e comportamentos suicidas na atualidade apontam para a
relevância de se estudar esse tema que está a cada dia mais presente na nossa sociedade
causando impactos importantes de serem analisados que já ultrapassam o campo da saúde
pública se tornando um problema social. O presente trabalho,tem por finalidade realizar uma
pesquisa bibliográficanas contribuições da Avaliação Psicológica na identificação dos
fatores de risco do suicídio, para uma possível prevenção. Dessa forma, servindo de base
para se avaliar tal comportamento que hoje é um dos grandes desafios para a psicologia. De
acordo com a Organização Mundial de Saúde (ONU) há uma previsão de que ocorram
aproximadamente 1.500.000 suicídios na próxima década. No Brasil, 24 pessoas cometem
suicídio por dia conforme apontam as pesquisas, a associação entre suicídios e transtornos
mentais é de mais de 90% com uma prevalência nos quadros de Depressão Maior e relação
estreita com personalidade agressiva (comportamento auto destrutivo) e impulsividade, bem
como transtornos psicóticos e uso de drogas. Conclui-se que os fatores determinantes do
comportamento suicida são múltiplos e de interação complexa, onde a produção de
conhecimento e discursão a respeito do tema ainda são escassas, onde o riscos de suicídio
não devem passar despercebidos em uma Avaliação Psicológica que avalie pessoas com
transtornos mentais ou não, e que se promova meios de quebrar o tabu desse diálogo com a
sociedade, pois a prevenção ultrapassa o campo profissional, já que quanto maior o o
conhecimento a cerca do tema suicídio por todas as pessoas, maior as chances de prevenção.
Palavras-chave:Suicídio, Avaliação Psicológica, Prevenção.
1. Introdução
O campo de estudo dessa pesquisa está relacionado ao trabalho de conclusão de curso (TCC),
do curso de Pós-Graduação em Avaliação psicológica do Instituto de Pós-Graduação IPOG.
Tem como objetivo geral explorar as contribuições da Avaliação Psicológica na identificação
de fatores de risco do suicídio.
O problema que me ajudou na escolha do tema, foi a preocupação com a saúde dos sujeitos
que tentam tirar as suas próprias vidas, bem como, ampliar os conhecimentos acerca dos
instrumentos para Avaliação Psicológica nesses casos e também por acreditar na prevenção
desse tipo de comportamento. Destaco ainda a dificuldade em realizar o trabalho devido
escassez de referências relacionadas a esse tema específico.
A partir da minha vivência atuando como psicólogo clínico, observei a necessidade de
conhecer instrumentos de Avaliação Psicológica que forneçam indícios de uma tendência
suicida. Sabe-se, que pesquisas vem demonstrando que 40% dos suicidas, procuraram pelo
serviço de saúde semanas antes de tentarem tirar a própria vida, sem demonstrar claramente o
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que estão sentindo, apontando assim para a necessidade de conhecimento técnico por parte
dos profissionais para identificar e prevenir um possível comportamento suicida. Assim,
espero que os dados obtidos possam dar suporte a outros profissionais.
DESENVOLVIMENTO
SUICÍDIO
Utilizamos o termo suicídio para nomear as mais diversas formas de tirar a própria vida. A
dimensão sobre o tema se tornou tão ampla que o Conselho Federal de Psicologia –CFP
(2013) promoveu diversos diálogos sobre o assunto em um deles nos explica que esse termo
surgiu por volta do século XII, oque havia antes eram forma de descrever o ato, que foi
sofrendo historicamente transformações na maneira de se pensar, desde uma conotação
pecaminosa, trazida por Santo Agostinho no século V, passando por uma visão de crime na
Idade média devido lesar os interesses da coroa, até os dias atuas, onde o poder “médico”
definem o ato negativamente deslocando o comportamento de pecado à patologia e
qualificando como loucura, por ser um ato na contramão da ciência, por essa buscar a
manutenção da vida a qualquer custo.
No artigo Depressão e Suicídio, fazem um breve levantamento do significado do suicídio:
Suicídio (do latim sui, "próprio", e caedere, "matar") é o ato intencional de matar a
si mesmo. Pensar em Suicídio é se entregar a uma busca incansável dos porquês. É
refletir sobre quais sentimentos, faltas, lacunas ou mistérios rondavam aquela
existência. Muitos questionamentos surgem, como por exemplo, por que as pessoas
se matam, o que aconteceu com aquela pessoa para desistir de viver e se matar, etc.
Isto consequentemente nos leva a uma busca por respostas no sentido de aliviar o
sofrimento e a sensação de indignação e inconformismo, por alguém ter decidido
acabar com sua própria vida.(BARBOSA;MACEDO;SILVEIRA, 2012).
Com a preocupação continuada sobre o tema, o Conselho Federal de Psicologia (CFP)
realizou debates em julho e agosto de 2013, no fim do mesmo ano, com base nos diálogos,
lança a publicação: “Suicídio e os Desafios para a Psicologia”, no intuito de aproximar
psicólogos do tema e ampliando o olhar para de uma simples culpa individual, para uma
responsabilização também da sociedade.
Por que, então, previne-se o suicídio? Se, como disse a princípio, as mortestrazem
consigo denúncias ou manifestações de coisas que se dão no âmbito da vida e da
saúde de uma determinada sociedade, essas mortes especificas,intencionalmente
provocadas, também vão explicitar essas questões. O que então essas mortes
voluntarias poderiam explicitar sobre a nossa sociedade?(CFP, 2013, p. 20)
Dessa forma, trazendo o diálogo para o contexto atual de uma sociedade capitalista, ou seja,
em um ambiente que está a cada dia mais individualista com desigualdades marcantes e
exploração marcada pela opressão e competitividade. Como analisar a influência dessas
variáveis na hora de analisar os fatores que envolvem as ideações, tentativas e suicídios
consumados?
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TENTATIVA DE SUICÍDIO
A tentativa de suicídio pode ser definida como a tentativa de cessar a própria vida, porém sem
consumação, acredito ser importante destacar que se deve diferenciara tentativa de suicídio de
outros comportamentos autodestrutivos, já que nesse não há intenção de colocar fim na
própria vida.
A maioria das pessoas sob risco de suicídio apresenta três características principais:
ambivalência, impulsividade e rigidez do pensamento. A ambivalência se refere ao
desejo de morrer e, ao mesmo tempo, de se manter vivo. Há uma coexistência de
atitudes e ideias antagônicas, sendo que muitas vezes a pessoa deseja morrer, mas
também, ser resgatado e salvo (BERTOLOTE; MELLO-SANTOS; BOTEGA).
Observa-se na literatura que o suicídio não é um ato isolado, e sim um processo que se
desenvolve através de estágios que vão da imaginação a concretização.
A ambivalência do ato suicida reflete o caráter de externalização do sofrimento
psíquico, ou um pedido de ajuda. Já o ato impulsivo geralmente é desencadeado por
acontecimentos negativos recentes, dessa forma, acalmando a crise o risco de
suicídio pode diminuir.(VERNI, 2012, p. 10)
Supõe-se que a pessoa passa por um pensamento ambivalente de “tudo ou nada”, onde passa a
creditar que a única saída para o problema seja acabar com a própria vida, assim, muitas vezes
a vontade não seja de acabar com a vida e sim de acabar com um sofrimento, daí surgem as
tentativas não concretizadas de acabar com a própria vida, que deve servir de alerta para algo
que deva ser entendido pelos profissionais, familiares, amigos e todas as pessoas próximas a
pessoa.
Os estudos apontam que a depressão é um grande fator de risco, que podem levar a ideação
suicida a depressão não está sendo tratada corretamente pelos brasileiros, e, que na maioria
das vezes muitas pessoas não buscam tratamento para a depressão por confundi-la com uma
tristeza profunda. Segundo as várias fontes pesquisadas, concordam que a causa da depressão
é multifocal, convergindo fatores como as vivências cotidianas, estrutura de personalidade,
histórico de vida familiar e predisposição genética.
Todas as fontes pesquisadas pontuam que as pessoas precisam compreender que
Depressão é doença que requer tratamento especializado. São vários os tipos e
subtipos de Depressão. E o diagnóstico dos estados depressivos deve considerar se os
sintomas são primários ou secundários a traumas psicológicos, doenças, uso de drogas
e medicamentos. No diagnóstico da depressão são considerados os sintomas psíquicos
(tristeza, angústia, autodesvalorização, culpa, diminuição da capacidade de
experimentar prazer nas atividades antes consideradas agradáveis, sensação de perda
de energia, dificuldade de se concentrar ou de tomar decisões), fisiológicos (alterações
do sono, alterações do apetite, redução do interesse sexual) e evidências
comportamentais
(retraimento/isolamento
social,
crises
de
choro,
ideações/comportamentos suicidas, lentificação ou agitação motora expressiva).
Fadiga ou perda de energia. Sentimento de inutilidade ou culpa excessiva. Capacidade
reduzida de pensar ou concentrar-se. (NOGUEIRA. 2012, p. 2)
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INDICADORES E EVIDÊNCIAS;
Conforme, Os autores indicam que os fatores de riscos e proteção, não podem ser vistos
separadamente e sim de forma agregada e no contexto de cada pessoa. “As pesquisas
referenciam que a maioria das pessoas com ideias de morte comunica seus pensamentos e
intenções suicidas, direta ou indiretamente aos amigos, familiares, colegas de
trabalho.”.(VERNI, 2012, p. 11)
Outro estudo, apontam para possíveis sinais que as pessoas que estão pensando em suicídio
podem apresentar, indicando a importância tanto dos profissionais estarem atentos, como a
família ou pessoas do ciclo de convivência, já que muitos vão tentar o suicídio, sem
primeiramente relatar o ideação a alguém. Vejamos:
[...]Elas, freqüentemente, dão sinais e fazem comentários sobre
“querer morrer”, “sentimento de não valer pra nada”, e assim por
diante. Todos esses pedidos de ajuda não podem ser ignorados.
Fiquem atentos às frases de alertas acima citadas. Por trás delas estão
os sentimentos de pessoas que podem estar pensando em suicídio. São
quatro os sentimentos principais de quem pensa em se matar. Todos
começam com “D”: depressão, desesperança, desamparo e desespero
(regra dos 4D).(NOGUEIRA. 2012, p. 2).
Mais adiante o autor especifica ainda mais os sintomas, que de forma nenhuma devem passar
despercebidos por um psicólogo que esteja acompanhando um caso de depressão sendo assim
interessante a avaliação do risco de suicídio.
Segundo a literatura psiquiátrica em muitos casos, a depressão é mascarada e os
pacientes apresentam apenas queixas somáticas. São sintomas que comumente se
apresentam na depressão: Cansaço. Tristeza. Perda de concentração. Ansiedade.
Irritabilidade. Distúrbios do sono; Dores em diferentes partes do corpo.Insônia
persistente; Negligência com os cuidados pessoais;Doença grave (particularmente
depressão psicótica); Déficit de memória; Agitação; Ataques de pânico. Em
episódios depressivos típicos, o indivíduo normalmente sofre de: humor deprimido
(tristeza), perda de interesse a prazer, redução na energia (fatigabilidade e
diminuição das atividades).(NOGUEIRA. 2012, p. 7).
Outros fatorestambém aumentam o risco de suicídio, em pessoas com depressão como idade
menor que 25 em homens, fases inicial da doença, álcool em excesso, fase depressiva de um
transtorno bipolar, Estado misto (maníaco-depressivo).
Em observação a literatura estudada em 97% dos casos, segundo váriaspesquisas
internacionais, o suicídio é um marcador de sofrimento psíquico ou de transtornos
psiquiátricos, não obrigatoriamente sendo um transtorno depressivo.
Éimportante destacar que esses dois fenômenos podem estar associados ou não, já que
sofrimento é de ordem existência e da natureza humana, principalmente em uma sociedade
competitiva (Capitalista), “onde todos nós em algum momento, em maior ou menor
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intensidade podemos desenvolver um sofrimento psíquico sem que necessariamente seja um
transtorno psiquiátrico.” (CFP, 2013).
Cabe ressaltar, que segundo a mesma fonte, a não existência de explicação universal para o
ato suicida, torna necessáriopara compreende-lo levar em conta a interação de três fatores: “os
precipitantes(normalmente atuais e externos ao sujeito), os internos (relacionadosa sua
historia de vida e aos transtornos mentais preexistentes) e o contextosociocultural do ato”.
Muitos estudos relacionam o suicídio a transtornos mentais, havendo umamaior
prevalêncianos casos de depressão, esquizofrenia e alcoolismo.A depressão, aparece com
mais incidência que os outros. Nesse momento creio ser de suma importância destacar que
outras pesquisas mostram que apenas 15% a 20% das pessoascom depressão se suicidam. O
que leva a duas conclusões: nem todo deprimidose suicida e nem todas as pessoas que
cometeram o suicídio cursavamcom depressão. Deste modo, parece mais prudente considerar
a depressão como um fator de risco, não como causa do suicídio.
Dentre outros fatores de risco relacionados aos dados sociodemográficos estão:
faixas etárias entre 15 e 35 anos e acima de 75 anos; residentes em áreas urbanas;
desempregados; aposentados; migrantes; solteiros ou separados; ede estratos
econômicos extremos (mais ricos e mais pobres), assim demonstrando que o suicídio
não é exclusivo de situações de pobreza mesmos sabendo que tal situação é geradora
de outrosestressores, como desemprego,preocupações financeiras e instabilidade
familiar, que podem levar a sofrimento psíquico.(VERNI, 2012).
Outros fatores de riscos que se observa, são condições clínicas incapacitantes, como: dor
crônica;lesões desfigurantes; epilepsia; trauma medular; neoplasias malignas; e AIDS. Emum
estudo realizado por Sá e colaboradores (2010), observa-se que 6,8% dos atendidos por
tentativa de suicídiopossuíam algum tipo de deficiência (física, mental, visual, auditiva,
outrasdeficiências/síndromes).
Verni (2012 apud BERLOTE, SANTOS e BOTEGA, 2010)ressalta que essasdoenças
representam um risco potencial de comportamentos suicidas, mas que uma doençaclínica
grave, por si só, não é potencialmente suicida. Estes autores apontam que a maioriados
suicídios ocorre em pessoas que estão sob influência de transtornos psiquiátricos.Na mesma
linha de pensamento, observa-se que:
Alguns fatores psicológicos também foram observados como de risco: perdas
recentes; perdas de figuras parentais na infância; dinâmica familiar conturbada;
datas importantes (reações de aniversário); personalidade com traços significativos
de impulsividade, agressividade, labilidade do humor (BRASIL, 2006). Histórico de
transtornos mentais e histórico de suicídio na família, principalmente de parentes
próximos, também podem ser fatores de risco para o comportamento suicida
(BERTOLOTE; MELLO-SANTOS; BOTEGA, 2010). De acordo com Botega e
Werlang (2004) este risco pode ser maior por conta tanto de mecanismos
psicológicos de identificação, como por uma predisposição genética para doenças
mentais.(VERNI, 2012, p. 13)
Outro ponto interessante sobre o assunto conforme Botega, Silveira e Mauro (2010), ése fazer
uma distinção entre fatores predisponentes que são as “causas” que criam o suicídio, de
fatores precipitantes,que são os fatores recentes que desencadearam o suicídio (separação,
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perda do emprego, diagnóstico, entre outros). Dessa forma o suicídio deve ser compreendido
como multifatorial e de interação complexa entre estímulos sociais, biológicos, genéticos,
fisiológicos, psicológicos, sociais e ambientais, ou seja, o suicídio é o resultado final da
interação de vários fatores.
AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA
Na busca por normatização,O Conselho Federal de Psicologia (CFP) oferece aos profissionais
do Sistema Conselhos informações de natureza ética, teórica e metodológica sobre a
Avaliação Psicológica, conforme a Cartilha de Avaliação Psicológica (2013), destinada a
orientar e aprimorar a qualidade dos serviços psicológicos oferecidos à sociedade brasileira
quesurgiu a partir dos vários fóruns de discussões promovidos. Nessa oportunidade foi dado
destaque especial à definição de critérios mínimos para a validação dos testes psicológicos.
Na constante busca de aprimorar os serviços oferecidos a sociedade, o Conselho Federal de
Psicologia (CFP) criou fóruns de discussões sobre Avaliação psicológica, assim como criou
de outros temas, na intenção de oferecer diretrizes éticas, teóricas e metodológicas sobre os
temas e principalmente sobre os critérios para normatiza a Avaliação Psicológica. Vejamos:
A avaliação psicológica é compreendida como um amplo processo de investigação,
no qual se conhece o avaliado e sua demanda, com o intuito de programar a tomada
de decisão mais apropriada do psicólogo. Mais especialmente, a avaliação
psicológica refere-se à coleta e interpretação de dados, obtidos por meio de um
conjunto de procedimentos confiáveis, entendidos como aqueles reconhecidos pela
ciência psicológica. (CFP, 2013, p. 8)
Assim, fica a critério do psicólogo planejar e realizar o processo avaliativo com base em
aspectos técnicos e teóricos. A escolha do número de sessões para a sua realização, Devendo
observar as questões a serem respondidas, instrumentos/técnicas de avaliação devem ser
utilizados e número de sessões necessárias. Baseada nos seguintes elementos conforme o
(CFP, 2013).
1. contexto no qual a avaliação psicológica se insere;
2. propósitos da avaliação psicológica;
3. construtos psicológicos a serem investigados;
4. adequação das características dos instrumentos/técnicas aos
indivíduos avaliados;
5. condições técnicas, metodológicas e operacionais do instrumento
de avaliação.
Contudo, também compete ao psicólogo analisar criticamente os resultados obtidos, no intuito
de verificar se realmente forneceramelementos seguros e suficientes para a tomada de decisão
nos várioscontextos de atuação do psicólogo.
Em consulta a Resolução 007do Conselho Federal de Psicologia, datado de 2003, o processo
de avaliação psicológica deve considerar que as questões psicológicas, têm determinações
históricas, sociais, econômicas e políticas, sendo as mesmas, elementos constitutivos no
processo de subjetivação, onde todos os aspectos devem ser analisados. Assim, o documento
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decorrente da avaliação deve considerar a natureza dinâmica, não definitiva e não cristalizada
do seu objeto de estudo.
ENTREVISTAS
Para se criar uma entrevista válida que atenda a uma análise se existe risco de suicídio,
acredito que o primeiro passo é responder há algumas perguntas, tipo: que fatores podem
levar uma pessoa a tentar suicídio? Como reconhecer o risco? Que sinais de alarme devemos
estar atentos? Cabe destacar que conhecer as evidências e não intervir de forma eficaz pode
tornar todo processo ineficaz, vejamos:
[...] Alguns sinais de alarme que frequentemente são exibidos pelas pessoas
deprimidas com intenção suicida são: sofrimento psicológico (tristeza intensa);
perda de auto-estima; constrição (redução dos horizontes a um simples tudo-ounada); isolamento (sensação de vazio e de falta de amparo); desesperança; mudanças
rápidas de humor; e egressão (fuga como única solução para acabar com a dor
intolerável). Também a impulsividade é um dos fatores importantes, pois ela modela
a rapidez com que se passa do pensamento ao ato. Estes são os sinais de alarmes
mais comuns: “Eu preferia estar morto”. “Eu não posso fazer nada”. “Eu não
aguento mais”. “Eu sou um perdedor e um peso pros outros”. “Os outros vão ser
mais felizes sem mim”. (NOGUEIRA. 2012, p. 6)
Sabemos que é bastante difícil entender por que um individuo decide tentar o suicídio à
medida que outro em situação parecida, não o fazem. As pesquisas e relatos de experiências
clínicas apontam para fatores psiquiátricos, emocionais, religiosos e socioculturais de uma
pessoa muitas vezes não que acabar com sua vida e sim com um sofrimento. Juliana em seu
artigo aponta para a dificuldade em prever um suicídio de fato, como a importância da
entrevista. Vejamos:
Não é possível prever quem irá cometer suicídio, entretanto pode-se avaliar o risco
de suicídio individual que o paciente apresenta, de acordo com os fatores de risco e
de proteção que são avaliados durante o atendimento. Estes fatores podem auxiliar a
identificar aqueles que têm maior ou menor possibilidade de tentar suicídio num
futuro próximo (KUTCHER; CHEHIL, 2007). Apesar de escalas terem sido criadas
com esse objetivo, a entrevista continua sendo a melhor forma de uma boa avaliação
do risco de tentativa de suicídio.(VERNI, 2012 apud BERTOLOTE; MELLOSANTOS; BOTEGA, 2010).
Botega, Silveira e Mauro (2010) explica que a entrevista nos casos de tentativa de suicídio,
tem dois objetivos principais, coletar informações e estabelecer vínculos oferecendo apoio
emocional, o que é de fundamental importância para o vinculo, acolhimento e proteção, de
maneira empática e sem julgamento.Juliana (2012)ressalta que algumas pessoas com ideação
suicida, não revelam suas intenções para pessoas próximas, familiares ou profissionais, no
entanto, o questionamento sobre o tema, com acolhimento e proteção pode encorajar a pessoa
a falar sobre intenções e planos suicidas.Juliana explica ainda que:
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Na entrevista com o paciente e familiares é útil procurar identificar os fatores de
risco, de proteção, predisponentes e precipitantes, histórico pessoal e familiares e
sua rede de apoio, (BERTOLOTE; MELLO-SANTOS; BOTEGA, 2010). Em
relação à investigação de comportamentos suicidas passados, é importante obter
informações sobre os tipos de comportamentos, a frequência e a letalidade (VERNI,
2012 apud KUTCHER; CHEHIL, 2007).
É fundamental que se avalie se o paciente mantém ideação suicida e se tem planos de como
executá-lo. Neste caso, é importante atentar para o grau de letalidade e a acessibilidade do
método, se o indivíduo já executa ações para preparar-se para o eventoe averiguar a duração,
intensidade e frequência dos pensamentos suicidas.
Conforme Botega, Silveira e Mauro (2010),alguns pacientes, porém, podem nãorevelar suas
intenções, mesmo quando questionados diretamente. Dessa forma, perguntarcomo ele se sente
em relação ao seu futuro ou como imagina podem fazer com que ele demonstre seus
sentimentos, como por exemplo, descrevendo seufuturo de forma fatalista e sem esperança
como nos informa(VERNI, 2012).
O caderno de orientação do Conselho Federal de psicologia indica algumas diretrizes e
procedimentos para que o processo de Avaliação Psicológica apresente alguns passos
essenciais para que seja possível alcançar os resultados esperados.
Para o Conselho Federal de Psicologia faz-se necessário:
• Levantamento dos objetivos da avaliação e particularidades do indivíduo ou grupo a ser
avaliado. Tal processo permite a escolha dos instrumentos/estratégias mais adequados para a
realização da avaliação psicológica;
• Coleta de informações pelos meios escolhidos (entrevistas, dinâmicas, observações e testes
projetivos e/ou psicométricos, etc.). É importante salientar que a integração dessas
informações deve ser suficientemente ampla para dar conta dos objetivos pretendidos pelo
processo de avaliação. Não é recomendada a utilização de uma só técnica ou um só
instrumento para a avaliação;
• Integração das informações e desenvolvimento das hipóteses iniciais. Diante dessas, o
psicólogo pode constatar a necessidade de utilizar outros instrumentos/estratégias de modo a
refinar ou elaborar novas hipóteses;
• Indicação das respostas à situação que motivou o processo de avaliação e comunicação
cuidadosa dos resultados, com atenção aos procedimentos éticos implícitos e considerando as
eventuais limitações da avaliação. Nesse processo, os procedimentos variam de acordo com o
contexto e propósito da avaliação.
TESTES
É de suma importância ressaltar que o Conselho federal de Psicologia orienta que o processo
de Avaliação Psicológica é um processo amplo que envolve a integraçãode informações
provenientes de diversas fontes, dentre elas, testes,entrevistas, observações e análise de
documentos, ou seja, o resultado desse processo, não é simplesmente o que aponta um teste
específico, pois atestagem psicológica pode ser considerada um processo diferente,
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cujaprincipal fonte de informação são os testes psicológicos de diferentes tipos.Vejamos
relato a cerca das orientações para escolha do teste.
O parecer favorável no Satepsi (satepsi.cfp.org.br) indica que o teste possui, pelo
menos, um conjunto mínimo de estudos que atesta sua qualidade. A utilidade para
algum propósito e contexto específicos dependerá de uma análise cuidadosa desses
estudos. Em suma, a escolha adequada de um instrumento/estratégia é complexa e
deve levar em conta os dados empíricos que justifiquem, simultaneamente, o
propósito da avaliação associado aos contextos específicos. No caso da escolha de
um teste, é necessário que o psicólogo faça a leitura cuidadosa do manual e das
pesquisas envolvidas em sua construção para decidir se ele pode ou não ser utilizado
naquela situação. Uma boa fonte de informações sobre pesquisas na Psicologia,
além do manual, é claro, é a Biblioteca Virtual em Saúde - Psicologia: www.bvspsi.org.br. (CFP, 2013, p. 18)
TECNICAS E MÉTODOS
Em um artigo,Botega e Freitas (2012) fizeram um levantamento de alguns instrumentos que
foram utilizados para uma pesquisa visando avaliar tendência suicida em jovens, entre eles
estão: a Escala Hospitalar de Ansiedade e Depressão (HAD), instrumento de autopreenchimento, com 14 questões de tipo múltipla escolha. Compõe-se de duas sub-escalas
(pontuação de 0 a 21), uma para ansiedade, outra para depressão. A HAD que foi
desenvolvida para ser aplicada a pacientes de serviços não-psiquiátricos de hospital geral ou
da atenção primária , já tendo sido validada no Brasil. A Escala de Ideação Suicida de Beck
(BSI), de auto-preenchimento, contendo 21 itens que foi validada por Cunha et al(1997). A
Entrevista Clínica Estruturada - edição revisada (CIS-R), que avalia transtornos psiquiátricos
não-psicóticos (minor psychiatric disorders). Consta de 14 seções: sintomas somáticos,
fadiga, concentração, alterações no sono, irritabilidade, preocupações com o funcionamento
corporal, depressão, ideias depressivas, preocupações, ansiedade, fobias, pânico, compulsões
e obsessões. A freqüência, a intensidade, a persistência e o grau de incômodo ocasionado pelo
sintoma. Para finalizar a CIS-R solicita que o investigador estime a gravidade do quadro
clínico, o que foi feito separadamente para ansiedade e depressão.Cabe ressaltar que esse
instrumento apresentou boa aplicabilidade em um estudo realizado em nosso país. (BECK 1).
Outro estudo, o back 2 utilizou no processo de avaliação para a identificação sóciodemográfica da amostra, uma ficha de dados pessoais com o objetivo de caracterizar e
descrever os sujeitos em estudo. Os outros instrumentos utilizados, em sua versão brasileira
foram: Escala de Ideação Suicida de Beck (BSI), Inventário de Depressão de Beck (BDI) e
Escala de Desesperança de Beck (BHS), todos validados para a população não-clínica de
adolescentes (Cunha, 2001; Werlang, Borges, & Fensterseifer, 2004).
Outro estudo, Pinto (2011), informou que utilizou no processo de avaliação a escala de
ideação suicida de Beck, versão portuguesa de Beck Scale for Suicide Ideation (BSI; Beck &
Steer, 1991), traduzida e adaptada por Cunha (2001), segundo ele, que detecta a presença de
ideação suicida e mede a extensão da motivação e planeamento de um comportamento
suicida. É composta por 21 itens e as afirmações variam entre 0 a 2. Os primeiros 19 itens
avaliam a ideação suicida, designadamente o desejo de viver, desejo de morrer, razões para
viver ou para morrer, tentativa de suicídio activa, tentativa de suicídio passiva, duração dos
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pensamentos suicidas, frequência da ideação suicida, atitude perante a ideação suicida,
controlo sobre a ideação suicida, obstáculos na tentativa de suicídio, razoes das tentativas de
suicídio, especificidade dos planos, disponibilidade e oportunidade para a execução do plano
suicida e a capacidade para levar avante a tentativa de suicídio. Os itens 20 e 21 questionam
acerca do número anterior de tentativas de suicídio.
Em síntese,conforme a editoraPerson, que retém os direitos autorais dos testes a seguir.As
Escalas Beck são compostas pelo Inventário de Depressão (BDI), Inventário de Ansiedade
(BAI), Escala de Desesperança (BHS) e Escala de Ideação Suicida (BSI). O BDI mede a
intensidade da depressão, e o BAI, a intensidade da ansiedade. A BHS é uma medida de
pessimismo e oferece indícios sugestivos de risco de suicídio em sujeitos deprimidos ou que
tenham história de tentativa de suicídio. A BSI detecta a presença de ideação suicida, mede a
extensão da motivação e planejamento de um comportamento suicida. Usadas em sujeitos
não-psiquiátricos, mas as normas foram desenvolvidas para uso com pacientes psiquiátricos.
Faixa etária:17 a 80 anos de idade. Sendo estas as escalas mais indicadas nos artigos
científicos que abordam o assunto.
PROTEÇÃO
Haverá mentes sãs, livres e criativas em nosso pais a medida que gozemos de um
corpo social livre, dinâmico e justo. Por isso, o objetivo não se limita a atender os
destroços e transtornos ocasionados pela guerra; o objetivo se pauta em construir um
homem novo em uma nova sociedade.(CFP, 2013 apudMARTIN-BARO, 2000).
Em observação as diretrizes expedidas pelo Conselho Federal de Psicologia nos deparamos
com: Qual vida estamos querendo proteger? Qual vida estamos querendo valorizar? Qual o
sentido da vida? Que mentalidade o modelo capitalista está criando? O que é valorizar a vida?
“Vale lembrar que para prevenir o suicídio ou promover a vida não se precisa tocar
especificamente ou diretamente no assunto suicídio, trata-se, justamente, de promover ou
valorizar entre as pessoas a questão da vida”.
Conforme suas orientações o comportamento suicida pode ser prevenido, mas para isso, um
bom planejamento e a criação de programas envolvendo diversos profissionais qualificados
para tal fim são necessários. Não só podemos trabalhar com os profissionais que estão no
posto de saúde, mas também com a comunidade e os voluntários que desenvolvem algum tipo
de trabalho nos bairros, com igrejas, organizações não governamentais (ONGs). É de grande
importância que o tabu de se falar sobre o suicídio seja quebrado, pois em um enfoque amplo,
a prevenção do comportamento suicida é um grande desafio não só para a Psicologia, mas
para toda a sociedade, e as mais diversas áreas, por ser um desafiosocial, econômico e
político.
De fato, em uma sociedade capitalista, que vive em busca da satisfação, que fica pra trás que
sente tristeza ou dor, que impõe as pessoas apenas ao sucesso e ao consumismo, onde em
maioria dos casos é a própria família que reproduz essa lógica desastrosa que está levando os
jovens a sentimentos inferiores e sofrimento psíquico, que pode buscar refúgio em uma
depressão ou diretamente em um ato suicida. Dessa forma, cabe ao profissional da Psicologia
ter conhecimento amplo sobre o tema.Bertolote, Mello-Santos e Botega (2010) apontam que
são três as principais funções do profissional de saúde em relação ao suicida: identificar o
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risco de tentativa de suicídio, pensar em estratégias para proteger o paciente e remover, ou
tratar, os fatores de risco associados. (VERNI, 2012). Salienta ainda que:
Alguns fatores que podem ter efeito protetor contra o suicídio são: ausência de
transtorno mental, rede de apoio positiva, relação terapêutica positiva, capacidade de
adaptação, emprego, religiosidade, gestação, presença de crianças na casa e teste de
realidade intacto (KUTCHER; CHEHIL, 2007). Além desses fatores, é importante
considerar a capacidade do sujeito em resolver problemas, suas habilidades sociais
que auxiliem a minimizar impactos de situações adversas e sua resiliência
(BERTOLOTE; MELLOSANTOS; BOTEGA, 2010), isto é sua capacidade de
enfrentar problemas e sair destes transformado e fortalecido, o que é reconhecido
como subsídio para a manutenção e promoção de saúde mental (GROTBERG,
2005). (VERNI, 2012, p. 14)
Contudo, é importante que o profissional tenha bastante cuidado na hora de identificar os
fatores de riscos do suicídio, para não minimizar fatores específicos a realidade de cada
pessoa. Sabe-se que alguns fatores gerais contribuem para a proteção ao suicídio, mas nunca
generalizar tal conhecimento em detrimento de se analisar fatores específicos que podem estar
sendo potencializados e podem em um momento de angústia levar ao ato suicida, onde uma
adequada Avaliação Psicológica pode indicar, para que providências protetivas específicas
possam ser adotadas, levando em consideração a subjetividade de cada um.
O Código de ética do psicólogo (2005) norteia ainda que o profissional deverá promover a
saúde e a qualidade de vida de todas as pessoas envolvidas, sempre atento e contribuindo para
a eliminação de quaisquer formas de negligência, discriminação, exploração, violência,
crueldade e opressão. Dessa forma, o profissional deve estar atento, mesmo que fazendo uma
avaliação com outras finalidades, para não negligenciar possíveisindícios de uma ideação
suicida.
CONCLUSÃO
De acordo com diversas pesquisas, o suicídio é hoje compreendido como um transtorno
multidimencional, que resulta de uma interação complexa entre fatores ambientais, sociais,
fisiológicos, genéticos e biológicos.Com basenos achados durante a realizaçãodesse trabalho,
observei uma escassez de publicações que relacionem Avaliação Psicológica e suicídio,
provavelmente devido à complexidade do tema, o que tornou minha pesquisa bastante
trabalhosa. Observa-se também que falta um manual de orientação mais preciso e específico
para nortear a atuação dos profissionais junto ao processo de Avaliação Psicológica na
questão do suicídio.
O psicólogo deve, então, conscientizar-se de que precisa ler mais, informar-se sobre
ofenômeno, capacitar-se sabendo que existem diversos fatores de risco que merecem atenção
e podem levaro sujeitoaosuicídio, como: transtornos psiquiátricos, desajustes
familiares,desemprego, desesperança, etc. Ou seja, pode existir uma vulnerabilidade psíquica
que precisaser compreendida e encaminhada para uma possível intervenção.
Podemos concluir que em linhas gerais as contribuições da Avaliação Psicológica na
identificação dos fatores de risco do suicídio, para uma possível prevenção. É estar gerando
conhecimentos amplos e específicos sobre os fatores que podem levar as pessoa as cometerem
o ato suicida, bem como demonstrar sua complexidade e multifatoriedade indicando quepara
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prevenção é necessário primeiramente que, o tabu de se falar sobre o assunto seja quebrado e
o conhecimento a cerca do tema deva ser propagado, não só para psicólogos, mas para que
outros profissionais também tenham esse olhar, bem como os familiares e toda a sociedade,
pois quanto maior o número de pessoas com maior conhecimento do tema, maiores as
chances de prevenção.
No caso específico dos profissionais da psicologia, acredito que é importante que se veja o
suicídio, não como um problema da Psicologia Clínica ou Hospitalar, partindo do princípio
que muitas pessoas com essa tendência, são sujeitos sem demanda, sem sintomas e sem
desejos que na maioria das vezes não irão buscar tratamento específico, devendo o
profissional psicólogo em qualquer área que esteja inserido, seja na clínica, na hospitalar, na
social, na escolar, na organizacional, etc. Estaremcapacitados a terem esse olhar seletivo para
possíveis indicadores, atentando para a necessidade de um possível encaminhamento para
avaliação mais específica e tratamento.Dessa forma, a psicologia terá agentes anti-suicidas
espalhados pelas diversas áreas de trabalho, dando uma contribuição importante e notória na
prevenção desse fenômeno que assombra a sociedade e que se chama suicídio.
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