Seca piora problemas respiratórios Estiagem é um dos principais fatores responsáveis pelo agravamento de quadros de doenças como asma e rinite alérgica A baixa umidade do ar, comum no período da seca, representa um verdadeiro tormento para portadores de doenças respiratórias como a rinite alérgica e a asma. Espirros freqüentes, coceira na garganta e no nariz e coriza são alguns dos sintomas agravados pela combinação entre a baixa umidade, o calor e a poeira. Na época da seca também aumenta a incidência dos casos de diarréias viróticas, viroses e doenças de pele. Algumas precauções podem minimizar esses problemas. No momento, a seca se manifesta com mais intensidade no Distrito Federal, nos estados de Goiás, Mato Grosso e Tocantins, no sul do Pará, no centro-norte do Mato Grosso do Sul, no oeste de Minas Gerais, no oeste da Bahia, no sul do Maranhão e no sul do Piauí. Tudo começa com a entrada do ar no corpo humano. Dentro das narinas, os pêlos têm como tarefa a umidificação e filtragem do ar. Como no período de estiagem o oxigênio entra mais seco pelo nariz para chegar ao pulmão, acaba havendo um esforço maior do sistema respiratório, o que pode desencadear reações alérgicas. ”Além disso, o ar seco, como fator irritante, leva a um processo inflamatório e, conseqüentemente, à produção excessiva de secreção”, informa Vera Lúcia Giancristóforo, técnica da Área de Saúde da Criança e Aleitamento Materno do Ministério da Saúde. Todo esse processo deixa o corpo humano mais vulnerável a várias doenças. Uma delas, que traz grandes incômodos é a sinusite, que tem como causa o acúmulo das secreções nas vias respiratórias. A sinusite apresenta como sintomas dores fortes na cabeça e nos olhos e obstrução nasal. Normalmente, pessoas alérgicas tendem a sofrer de sinusite. “Mas isso não quer dizer que quem não tenha alergia não possa desenvolver sinusite”, observa Vera Lúcia. Rinite e asma – Duas das doenças que mais afligem as pessoas e que se manifestam com grande intensidade durante a fase da seca são a rinite alérgica e a asma. Ambas necessitam de bastante atenção e cuidado. Rinite alérgica é um termo médico que se refere à inflamação da membrana do nariz, causada por reações alérgicas. Normalmente surge na infância ou na juventude. História familiar de alergia é um fator de risco importante para desenvolver rinite alérgica e asma. “Os processos alérgicos podem ser controlados, desde que não haja contato com substâncias que causam alergia e que o paciente use os medicamentos adequados”, recomenda Vera Lúcia. Nessas condições, o paciente vive bem, mas ao parar a prevenção ou a medicação, os sintomas voltam. Segundo os especialistas, lavagens nasais com soro fisiológico ou soluções salinas também aliviam os sintomas. Já a asma é uma doença crônica dos pulmões que se caracteriza por tosse, aperto e chiado no peito e falta de ar. Cerca de 70% das pessoas que sofrem da doença são portadoras de rinite. Também conhecida como "bronquite asmática" ou como "bronquite alérgica", a asma ataca os pulmões e causa inflamação crônica dos brônquios. As complicações da doença podem até levar o paciente à morte. Durante uma crise de asma, o peito do doente começa a chiar e fica cada vez mais difícil conseguir respirar. O fôlego fica curto e o seu peito pode se contrair quando o ar não chega aos pulmões na quantidade necessária pelo corpo. O tratamento da doença se baseia no uso de medicamentos antiinflamatórios e em broncodilatadores inalatórios. É fundamental que a família do paciente saiba reconhecer sinais de gravidade da doença, para não retardar o início do tratamento. Tratamento no SUS – Em novembro de 2004, o Ministério da Saúde lançou o Protocolo da Asma e da Rinite. O documento se propõe a capacitar profissionais de saúde para o correto diagnóstico e tratamento da asma e rinite alérgica. O tratamento de manutenção é importante para impedir que as crises aconteçam. São justamente as crises que aumentam a mortalidade. O programa incluirá ainda uma proposta de capacitação dos profissionais para manuseio dos medicamentos inalatórios. Os principais medicamentos contra essas doenças, como o Salbutamol em apresentação aerosol ( mais conhecida como bombinha), são disponíveis no kit do Programa Saúde da Família (PSF) de atenção básica. Cuidados aliviam efeitos de doenças Por pior que seja a estiagem, alguns cuidados podem ajudar a prevenir os efeitos de doenças respiratórias. A pessoa alérgica não deve ter em casa tapetes ou cortinas. Se a residência possuir persianas, elas precisam ser mantidas limpas. Os médicos também aconselham os alérgicos a manterem distância de bichinhos de pelúcia. Brinquedos laváveis são mais indicados para crianças com esse problema. Na hora da limpeza, é proibido varrer a casa. Deve-se preferir o uso de aspirador e do pano úmido. Ingerir muito líquido também ajuda. A pessoa com alergia tem de manter distância do cigarro. Fumar nem pensar; e ela deve ficar longe de pessoas fumando. Os portadores de doenças respiratórias precisam privilegiar ambientes arejados e devem tomar sol nos horários em que os raios estejam mais fracos antes das 10 e depois das 16h. Vera Lúcia Giancristóforo, do Ministério da Saúde, alerta para os cuidados com outras doenças, mais comuns e que também afligem as pessoas durante a seca. Inicialmente podem parecer problemas simples, mas também merecem atenção. A gripe é uma das doenças que mais atacam o organismo durante a estiagem. Pessoas com problemas respiratórios crônicos tornam-se mais vulneráveis ao vírus influenza, causador da gripe. “Se não tratada adequadamente, a gripe pode provocar processos inflamatórios nas narinas, na garganta, na faringe e na laringe. Chegando ao pulmão, esse quadro ainda tem chances de evoluir para uma pneumonia”, alerta Vera. A vacina contra a gripe é eficaz no combate às doenças respiratórias em casos onde esse problema pode trazer outras complicações. Ela é aplicada, gratuitamente, em idosos e em crianças portadoras de doenças crônicas como diabetes e insuficiência renal. Na temporada de seca, os cuidados com a pele também são muito importantes. Indica-se o uso do creme hidratante com a pele limpa, para evitar lesões, já que a área fica bem mais vulnerável nessa época. Proteger a cabeça contra o sol e usar chapéu, roupas leves, calçados confortáveis constituem outras recomendações importantes. Os médicos também pedem moderação com os exercícios físicos, principalmente nas horas de sol mais forte, pois a seca reduz a capacidade do corpo para a prática de atividades. Serviço Para diagnóstico e tratamento de doenças respiratórias, deve-se procurar uma unidade de saúde do Sistema Único de Saúde (SUS). O atendimento é gratuito. Mais informações pelo serviço Disque Saúde: 0800 61 1997.