Projeto temático: Padrões rítmicos, fixação de parâmetros e mudança linguística, Fase II Relatório no2 janeiro-dezembro 2006 III. Produção bibliográfica Artigos em periódicos: Publicados durante o período: SANDALO, F , MB ABAURRE, A.MANDEL & C.GALVES, “Secondary stress in two varieties of Portuguese and the Sotaq optimality based computer program”, Probus (Dordrecht), Holanda, 18, 2006, pp. 97-125. This paper presents an analysis of secondary stress in Brazilian and European Portuguese (BP and EP) based on Optimality Theory (OT). We argue that a representational analysis has the following advantages: (i) generating all the facts of Brazilian and European Portuguese without postulating any cases of absolute neutralization; (ii) not forcing the usage of the notion of directionality, thus implying a simplification of the phonological theory; and (iii) being able to generate variant forms in parallel. We have developed a computer program, sotaq, that tests proposed stress systems (formulated in terms of constraint hierarchies) for both varieties of Portuguese against observed actual stresses and in large corpora, thus allowing for automatic testing of Optimality Theory predictions for secondary stress. GALVES, C., M. A. T. MORAES & I. RIBEIRO “Syntax and Morphology in the Placement of Clitics in European and Brazilian Portuguese”, Journal of Portuguese Linguistics, 4-2, 2005, M. Kato & J. Peres (orgs.), pp. 143-177. [NB. apesar de figurar 2005, a publicação deste volume foi em 2006] This article proposes an analysis of clitic placement in European Portuguese and Brazilian Portuguese (henceforth, respectively EP and BP), from a comparative perspective. In the first part of the article, we use as a comparative corpus the original text of Paulo Coelho’s novel O Alquimista and the adapted version of the Portuguese edition in order to illustrate the differences between the two varieties of Portuguese. The second part of the article presents a review of some recent proposals dealing with enclisis in tensed clauses in EP and of the few studies that explicitly raise the question of the difference between BP and EP clitic-placement. In the third part we present a new comparative analysis for EP and BP cliticplacement. Our proposal is that the different behavior of clitics in EP and BP follows from the interaction of two different properties: i) a syntactic property: EP clitics are Infl-clitics and BP clitics are V-clitics. This analysis allows us to tighten the correlation between the placement of clitics in BP with the reduction of the paradigm of the accusative/dative clitics. We adopt Galves’s (2002) idea that a pure accusative marking that is structural requires an Agreement node. Since Infl no longer contains Agr in BP, the only alternative left is the inherent case marking/checking of the clitic by the verb; III. 1 ii) a morpho-phonological property: EP clitics, but not BP clitics, are required to be in a non-initial position with respect to some boundary. This part of the analysis is based in great part on Galves and Sândalo (2004) who consider clitics as phrasal affixes that are subject to word formation rules like any other affixes. This line of thinking is very much in accordance with recent proposals in the framework of Distributive Morphology. Finally, in the fourth part of this article, we argue that our analysis is preferable to others for both empirical and theoretical reasons. We show that it is able to explain EP clitic-placement in both tensed and infinitival clauses and to account for the variation observed in some contexts. We also bring historical data into the discussion, which we argue can be harmoniously integrated into our explanation of the synchronic facts. Aceitos para publicação: FERNANDES, F. R. “Tonal association in neutral and subject-narrow-focus sentences of Brazilian Portuguese: a comparison with European Portuguese”. A sair em Journal of Portuguese Linguistics, vol.5. This paper presents a comparative description and analysis of the intonational contours of Brazilian Portuguese (BP) sentences in neutral and subject-narrow-focus conditions. Making use of the literature on European Portuguese (EP) intonation, it also compares BP intonation with the intonation of EP sentences under the same conditions, looking for similarities and differences between the intonational patterns of these two Portuguese varieties. Our results indicate that BP neutral sentences can optionally show pitch accents associated with all prosodic words (s). In subject-narrow-focus conditions, the same type of pitch accents that are found associated with non-focused subjects can also be found with focused subjects. In addition, it is also possible to find a phrasal accent associated with the right boundary of the phonological phrase () that contains the focused subject. In contrast to BP, in EP neutral sentences, pitch accents are associated with the I-initial and I-final s. Furthermore, in this variety, in subjectnarrow-focus conditions there is always a special bitonal pitch accent carried by the focused subject and there are no phrasal accents associated with boundaries of the that contains the subject. GALVES, C. “Comentários sobre : Sobre a questão da influência ameríndia na formação do português do Brasil, de Lúcia Lobato”, a sair em Revista de Estudos Linguísticos. O artigo de Lúcia Lobato tem a força de um texto seminal. Precisa ser lido por todos os interessados em formular as grandes questões levantadas pela formação do Português brasileiro. Pela primeira vez no quadro teórico da gramática gerativa, são evocadas e questionadas as diversas hipóteses sobre essa formação, todas oriundas de outros quadros teóricos. São trazidos à tona conceitos tradicionais ou modernos da linguística histórica como : deriva, substrato, crioulização, aprendizagem imperfeita. São lembradas as grandes linhas da colonização do território brasileiro, os seus marcos geográficos que definiram o contato com as línguas indígenas e a origem e expansão dos falantes de línguas africanas no processo de colonização do interior. Ou seja, temos aqui todos os ingredientes básicos da questão, redinamizados no arcabouço teórico da III. 2 Teoria Gerativa. Diga-se de passagem, um dos grandes méritos do texto é estabelecer um diálogo – certamente imprescindível em Linguística Histórica – entre estudiosos de correntes teóricas distintas. Lúcia traz assim as reflexões e análises de Aryon Rodrigues, Paul Teyssier, Gregory Guy, Rosa Virgínia Mattos e Silva, Anthony Naro e Marta Scherre, contrapondo-as, e extraindo delas a matéria de sua própria reflexão. Capítulos de livros/anais publicados de congressos: Publicados durante o período: FERNANDES, F. R Peso fonológico e foco informacional no sujeito em português europeu. *Actas do* *XXI Encontro da Associação Portuguesa de Lingüística – Textos seleccionados. *Porto, 2006, p. 371–386. O presente trabalho tem como objetivo o estudo da frequência de preferência, pelos falantes nativos, da ocupação da periferia direita da sentença pelo sujeito com foco de informação em português europeu (doravante PE), levando em conta o peso fonológico dos constituintes sujeito e predicado, bem como o tipo de verbo (transitivo, inergativo e inacusativo). Autores como Costa (1998) e Âmbar (1999) afirmam que os elementos com foco informacional em PE ocupam a posição mais encaixada na sentença (periferia direita) e são identificados prosodicamente por portarem a proeminência fonológica principal de sentença, atribuída por default à cabeça do último sintagma fonológico do sintagma entoacional (cf. Nespor & Vogel, 1986 e, para PE, Frota, 2000). De acordo com Costa e Âmbar, quando o sujeito é o elemento focalizado, também é ele que ocupa esta posição: ‘Quem comeu a tarte? Comeu a tarte o João.’ Todavia, o presente trabalho traz evidências empíricas de que, quando se considera a relação entre peso fonológico dos constiuintes e a posição ocupada pelo sujeito focalizado, o peso fonológico dos constituintes pode condicionar a preferência dos falantes pela escolha de determinada ordem das sentenças, independentemente da posição sintática usualmente prevista para a ocupação pelo sujeito focalizado. Nossos resultados revelam que, se o sujeito é o elemento mais pesado fonologicamente nas sentenças, a frequência de preferência pelas sentenças com este elemento ocupando a periferia direita é maior por parte dos falantes. Já se o predicado é mais pesado fonologicamente, há uma frequência mais baixa de preferência, por parte dos falantes, das sentenças em que o sujeito ocupa a periferia direita e uma frequência maior de preferência pelas sentenças em que o predicado ocupa esta posição. Estes resultados parecem indicar a presença da relação entre ordem dos constituintes e peso fonológico em PE, o que corrobora a afirmação de Frota & Vigário (2001) de que nem toda sintaxe é fonologicamente livre, como prevê a versão mais forte do princípio da sintaxe fonologicamente livre (cf. Pullum & Zwicky, 1988), uma vez que há domínios da sintaxe que parecem ser sensíveis a requisitos fonológicos, como, por exemplo, o domínio correspondente ao nível da interface sintaxe-fonologia (sintaxe não-nuclear). III. 3 GALVES, C. & F. FERNANDES “Morfologia e sintaxe” , em E. Guimarães e M. Zoppi-Fontana (orgs.) Introdução às Ciências da Linguagem. A Palavra e a Frase, Campinas: Pontes, 2006, pp. 75-112. Este capítulo tem como objetivo apresentar a visão gerativa sobre a derivação da frase, domínio do componente sintático, e da palavra, domínio do componente morfológico, bem como problematizar o lugar e funcionamento destes componentes na arquitetura da gramática. Para exercício de tal tarefa, inicialmente apresentamos as definições de palavra e frase dadas pelas gramáticas tradicionais e as contrapusemos com as noções lingüísticas modernas destes dois elementos. Posteriormente, expusemos as principais questões tratadas na abordagem gramatical gerativa como: (i) a definição de gramática à luz da dicotomia Lingua-Interna/Língua-Externa – apresentada neste capítulo com base na comparação entre o português europeu e o português brasileiro; (ii) os universais da linguagem e os parâmetros de variação entre as línguas e; (iii) a variação intralingüística e sua relação com a mudança. Finalmente, focalizamos a palavra e o lugar da morfologia na arquitetura geral da gramática. Apontamos para a forte relação entre a Morfologia e a Sintaxe, apresentando teorias recentes que afirmam serem guiados pelos mesmos princípios gerativos os processos de construção de palavra e frase GALVES, C., C. NAMIUTI & M.C. PAIXÃO DE SOUSA “Novas perspectivas para antigas questões: revisitando a periodização da língua portuguesa”, in A. Endruschat, R. Kemmler & B. Schafer-Prie (orgs.) Grammatische Strukturen des Europaischen Portugiesisch, Tubingen: Calepinus Verlag, 2006, pp.45-75. Nesta comunicação discutimos algumas questões concernentes à periodização da Língua Portuguesa, propondo uma nova divisão das etapas históricas do idioma. Essa nova perspectiva parte de um conceito de mudança lingüística no quadro da Teoria da Gramática; e se fundamenta em um levantamento de dados obtidos graças a um extenso corpus digitalizado (o Corpus Histórico do Português Tycho Brahe, com 41 textos escritos por autores nascidos entre 1496 e 1845). Tradicionalmente, a periodização do Português Europeu toma em conta ao menos três períodos para a história da língua (cf. Mattos e Silva 1992 para um panorama): o Português Arcaico (do início do período documentado até o século 16); o Português Clássico (fundamentalmente, os séculos 17 e 18) e o Português Moderno (do século 19 até os dias atuais). Do ponto de vista atual de uma Teoria da Gramática, duas questões surgem a partir disso: i) Quais desses períodos tradicionalmente considerados correspondem efetivamente a etapas gramaticais – ou seja, a um determinado padrão de fixação paramétrica? ii) Podemos datar precisamente as fronteiras entre as diferentes gramáticas assim definidas? Os padrões de colocação de clíticos atestados em 20 textos escritos por autores nascidos entre 1542 e 1836 (no total, 24.974 sentenças finitas) nos revelam dois fatos fundamentais. Primeiro, quanto à interpolação, registramos que há uma etapa intermediária entre os padrões arcaicos e os padrões modernos; isso indicaria que não haveria uma alteração paramétrica única a atingir ao mesmo tempo a interpolação e a posição relativa clítico-verbo. Segundo, quanto ao padrão da posição relativa clíticoverbo (a variação ênclises-próclises), a elevação na freqüência de ênclises mostra-se substantiva apenas a partir dos textos representativos dos primeiros anos de 1700; isso III. 4 indicaria que a emergência da gramática do Português Europeu Moderno não acontece antes da segunda metade do século 17. Assim, é nossa proposta que os três períodos fundamentais na História da Língua Portuguesa, os quais podem ser caracterizados como diferentes etapas gramaticais, são: I. o Português Arcaico (do início do período documentado até o século 13-14); II. o Português Médio (do século 14-15 até o século 17); III. o Português Europeu Moderno (do século 18 em diante). PAIXÃO DE SOUSA, M.C. “Lingüística Histórica”. em C. Pfeiffer & J. Horta Nunes (orgs.) Introdução às Ciências da Linguagem Língua, Sociedade e Conhecimento. , Campinas: Pontes, 2006. Neste texto, refletimos sobre a lingüística histórica como o campo de conhecimento onde se articulam diferentes concepções de língua e diferentes concepções de história. Ou, em termos mais gerais: como o lugar onde a reflexão lingüística acaba se deparando com os processos e os efeitos do tempo. Na parte 1, partimos de uma breve recapitulação do que foi a lingüística histórica no século XIX e no século XX. Vimos que a reflexão histórica oitocentista funda a lingüística como disciplina científica; vimos que quanto à reflexão dos 1900, é fundamental entender o corte representado pelas propostas de Saussure, que funda a lingüística geralem contraposição à histórica. Na herança do estruturalismo, os estudos sobre a “mudança lingüística” irão se desenvolver como estudos diacrônicos. Os estudos históricos de base documental, no decorrer do século XX,se deslocam para outros lugares de análise, como por exemplo a tradição filológica. Em meados do século, a formação do sócio-variacionismo irá se contrapor à construção estruturalista da língua abstraída de sua realidade histórica. Neste processo, herdará num primeiro momento as narrativas documentais legadas pelos estudos históricos da primeira metade do século. Na parte 2, tentamos considerar alguns aspectos conceituais importantes: a distinção entre diacronia e história; a diferença entre abordagens experimentais e documentais; a historicidade como problema fundante da lingüística histórica, por conta da contingência da recomposição das narrativas. Lembramos então um exemplo da importância da recomposição das narrativas, no caso da história das línguas românicas. Na parte 3, defendemos que a lingüística histórica é fundamentalmente um fazer historiográfico: trata-se aí, sempre, de pensar sobre o tempo. As contingências do fazer historiográfico serão relevantes seja qual for a perspectiva teórica que se tome em termos de concepção de língua. Vimos, por exemplo, como elas podem ser relevantes em um quadro teórico que concebe a língua como entidade mental, como o gerativismo. PAIXÃO DE SOUSA, M.C. “Memórias do Texto”. Revista Texto Digital. Universidade Fedral de Santa Catarina: 2006. (http://www.textodigital.ufsc.br ) Este artigo relata os primeiros resultados do desenvolvimento de uma técnica de processamento de textos que permite controlar sucessivas etapas de edição, com o objetivo de aproximar a edição especializada de textos e os desenvolvimentos recentes das tecnologias de processamento em meio digital. Esta técnica surgiu como decorrência da experiência na construção do Corpus Histórico do Português Anotado Tycho Brahe. Desde o início da formação deste corpus eletrônico, em 1998, III. 5 enfrentamos desafios técnicos e teóricos resultantes da multiplicidade de objetivos potenciais do uso do material trabalhado. A meta inicial da construção desse corpus foi a de preparar textos para serem automaticamente analisados por ferramentas computacionais, com o objetivo de possibilitar buscas especializadas (por classes de palavra e por estrutura sintática). Nessa vertente, desenvolvemos um analisador de classes de palavras, e estamos desenvolvendo um analisador sintático para o português. A meta da análise lingüística automática tem impactos na preparação dos textos eletrônicos, por exemplo ao impor limitações à variação de grafia e à codificação de caracteres. De outro lado, nos deparamos com a questão dos parâmetros filológicos relevantes a serem respeitados na seleção e classificação dos textos incluídos no corpus. Inicialmente, o corpus incluía poucas edições de época, e diversas re-edições dos textos originalmente escritos nos 1500, 1600 e 1700. Com o decorrer das pesquisas sobre as mudanças lingüísticas com base nesses textos, a importância do uso de edições originais passou a se revelar para o grupo. De fato, a depender dos temas de pesquisa, pequenas alterações eventualmente trazidas pelas subseqüentes edições podem ter conseqüências importantes na análise lingüística do texto. Idealmente, o corpus seria formado apenas por edições de época. Na confluência dessas duas vertentes (computacional e filológica) encontramos o seguinte desafio: desenvolver um tratamento dos textos que permitisse o processamento automático sem perder a possibilidade do uso de material filologicamente consistente. O projeto Memórias do Texto (Paixão de Sousa, 2004) partiu desse desafio, e desenvolveu uma técnica de controle de edições cujos primeiros resultados já podem ser apresentados. O novo sistema, por sua vez, traz alguns novos desafios, e abre possibilidades interessantes para o trabalho com o texto digital em um plano mais amplo, conforme pretendo mostrar aqui. PAIXÃO DE SOUSA, M.C & T. TRIPPEL “Building a historical corpus for Classical Portuguese: Some technological aspects”. Proceedings of the V International Conference on Language Resources and Evaluation, 2006, Gênova (LREC 2006): 2006. This paper describes the restructuring process of a large corpus of historical documents and the system architecture that is used for accessing it. The initial challenge of this process was to get the most out of existing material, normalizing the legacy markup and harvesting the inherent information using widely available standards. This resulted in a conceptual and technical restructuring of the formerly existing corpus. The development of the standardized markup and techniques allowed the inclusion of important new materials, such as original 16th and 17th century prints and manuscripts; and enlarged the potential user groups. On the technological side, we were grounded on the premise that open standards are the best way of making sure that the resources will be accessible even after years in an archive. This is a welcomed result in view of the additional consequence of the remodeled corpus concept: it serves as a repository for important historical documents, some of which had been preserved for 500 years in paper format. This very rich material can from now on be handled freely for linguistic research goals. A sair III. 6 GALVES, C.“ L’identité du portugais brésilien”, Actes du Colloque La Langue portugaise, le Brésil, la Lusophonie, la mondialisation linguistique: un nouveau regard, Montreuil. La singularité linguistique du portugais brésilien par rapport au portugais européen, si elle commence à être bien décrite par les linguistes, est encore aujourd’hui mal reconnue, au Brésil comme au Portugal. Dans un texte republié en 2003, le grammairien et historien de la langue brésilien Sílvio Elia affirme: “O Português do Brasil concentra-se, mesmo hoje, no léxico e na pronúncia; da morfossintaxe, apenas alguns arranhões.” Le but de cette communication est de montrer qu’outre les différences lexicales et de prononciation, communément reconnues, le portugais brésilien (dorénavant PB) se différencie fortement du portugais européen (dorénavant PE) par sa morphosyntaxe, donnant tort ainsi à l’affirmation de Sílvio Elia qui, soit dit en passant, exprime dans le mot “égratignures” le préjugé courant qui veut que le PB soit un PE –plus ou moinségratigné. Chemin faisant, nous regarderons aussi de façon plus précise un des aspects des différences de prononciation, la prosodie, qui est la partie de la prononciation qui touche le plus de la syntaxe. Comunicações em congressos, colóquios e seminários: ANDRADE, A. L. “Formas de transmissão linguistica: um estudo de caso sobre documentos goianos” In: 54o. Seminário do Grupo de Estudos Linguisticos do Estado de São Paulo, 2006, Araraquara. 54o. Seminário do GEL - Caderno de Resumos. São Paulo : Ferrari, 2006. p. 299-299. O objetivo do presente artigo é descrever e analisar processos sintáticos e fonológicos encontrados em um pequeno corpus composto por cartas pessoais e escrituras de imóveis da região de Itaberaí-GO (antigo Corralinho), num total de treze documentos, escritos no período de 1841 até 1932. Chamou-nos à atenção a ocorrência de formas lingüísticas díspares, ora identificáveis a uma norma arcaizante, ora ao “português caipira”, distantes, portanto, do português culto brasileiro (PCB) de nossos dias. A presença de documentos representativos da língua padrão e não-padrão revela diferentes formas de transmissão dessas estruturas, ora pela norma culta, ora pela norma popular, que se por vezes se inter-relacionam. ANDRADE, A. L. . A sintaxe de clíticos em orações não-finitas do português clássico. In: 7o. Encontro do Círculo de Estudos Linguisticos do Sul, 2006, Pelotas. 7o. Encontro do CELSUL - Programação e Resumos. Santa Maria :Pallotti, 2006. p. 142-142. Os clíticos em contextos não finitos do português clássico podiam ocorrer em diversas posições, em próclise ou ênclise, tanto ao verbo finito matriz quanto ao verbo não-finito encaixado. O fenômeno chamado de alçamento de clítico refere-se ao licenciamento do clítico na oração matriz, o que suscita debates devido a sua dependência semântica ao predicado encaixado. Sua ocorrência se restringe a determinados verbos auxiliares em III. 7 línguas de sujeito nulo. O estudo realizado teve como objetivo descrever os padrões de cliticização encontrados em textos do Português Clássico, especialmente no testemunho de Pero de Magalhães Gandavo - História da Província de Santa Cruz a que vulgarmente chamamos Brasil, publicado em 1576 e presente no Corpus Tycho Brahe considerando, entre outras variáveis, a ocorrência de elementos intervenientes entre o verbo auxiliar e o verbo principal, tais como preposições, adjuntos e complementos prepostos. A partir dos dados obtidos, discuto a aplicação de diferentes propostas vinculadas ao quadro teórico da gramática gerativa, como as de Roberts (1997) e Cardinaletti & Shlonsky (2004), a primeira baseando-se no movimento de núcleos sintáticos, e a segunda, considerando duas posições para o clítico, sendo a posição oracional, mais alta, a que resulta no “alçamento”. Os resultados da pesquisa confirmaram a preferência pelo alçamento nos contextos relevantes, e apontou fatores que podem explicar a variação encontrada, como a relação com o fenômeno da interpolação do clítico. ANTONELLI, A. L. “Passivas Pronominais no Português Europeu: um Percurso de Mudança”. In: VII Encontro do Círculo de Estudos Lingüísticos do Sul - CELSUL, 2006, Pelotas. VII Encontro do Celsul - Programação e Resumos, 2006, 2006. p. 136137. Dentro da perspectiva da gramática gerativa, Raposo & Uriagereka (1996) mostram que, no Português Europeu Moderno (PE), sentenças passivas pronominais (envolvendo o pronome se) são estruturas ativas. Embora se assemelhem às passivas perifrásticas (verbo ser + particípio) especialmente por apresentarem concordância entre o verbo e o objeto lógico, existem evidências de que, quando em posição pré-verbal, o sintagma objeto lógico dessas construções não ocupa a posição gramatical de sujeito [Spec, Infl], como ocorre nas passivas perifrásticas, mas sim uma posição periférica à esquerda associada a tópicos deslocados. Por sua vez, como mostra Naro (1976), no período medieval as passivas pronominais eram de fato construções passivas. Assim, surge a questão: quando as passivas pronominais teriam sido reanalisadas como estruturas ativas? Assumindo também o quadro teórico da gramática gerativa, sugiro que a reanálise ocorreu na passagem do Português Médio para o PE, na primeira metade do século 18, quando acontece uma mudança na sintaxe de posição do verbo, que consistiria na perda do fenômeno V2. Enquanto língua V2, haveria no Português uma mesma posição préverbal para o sujeito e para tópicos deslocados. Com a mudança para um sistema SV, sujeitos pré-verbais e tópicos deslocados passam a ocupar posições distintas, como realmente ocorre no PE. Nesse contexto, a reanálise das passivas pronominais em estruturas ativas acontece pois a posição gramatical que passa a ser reservada para o sujeito não pode ser compartilhada por tópicos. Para delimitar o momento em que as passivas pronominais são reanalisadas e comprovar a nossa hipótese, analisamos sentenças com o clítico se em textos de escritores nascidos entre 1542 e 1836. Em sintonia com a hipótese de trabalho, nossos resultados apontam para alterações significativas nos padrões de superficialização do objeto lógico de passivas pronominais e do sujeito de sentenças com se de valor nãopassivo a partir do século 18. III. 8 ANTONELLI, A. L. Construções com SE Passivo e a Alternância Ênclise/Próclise no Português Clássico. In: 54o. Seminário do GEL, 2006, Araraquara. Caderno de Resumos do 54o. Seminário do GEL, 2006. p. 299-300. Estudos a respeito da sintaxe de colocação de clíticos no Português Europeu têm atestado a existência de uma alternância ênclise/próclise do século 16 ao 19 em determinados contextos sintáticos, ao passo que, nesses mesmos ambientes, a ênclise é a colocação categórica no Português Europeu Moderno (cf. Martins 1994, Paixão de Sousa 2004, Galves, Britto & Paixão de Sousa 2005). Com relação ao período em que se observa a variação, Galves, Britto & Paixão de Sousa notam que a colocação enclítica em textos escritos por autores nascidos nos séculos 16 e 17 está fortemente relacionada quantitativamente ao uso do clítico “se”. Na verdade, baseadas em trabalho preliminar, as autoras argumentam que o efeito do clítico “se” na opção pela ênclise seria devido especialmente ao pronome clítico “se” de natureza passiva. Este paradigma, entretanto, não é verificado em obras de escritores nascidos a partir de 1700. A fim de verificar em que medida a natureza das construções com o clítico “se” passivo de fato afetaria a colocação de clíticos em favor da ênclise até o fim do século 17, analisei um conjunto de sentenças com o clítico “se” passivo extraídas de textos escritos por autores nascidos entre 1542 e 1836. Seguindo a proposta de derivação para a ênclise e a próclise tal como formulada por Galves, Britto & Paixão de Sousa, apresento evidências de que o clítico “se” passivo não constitui um fator que favorece a colocação enclítica nos séculos 16 e 17. Na realidade, conforme já defendido por Galves (2001/2003) e mesmo por Galves, Britto & Paixão de Sousa, a ênclise e a próclise correspondem a estruturas distintas nesse período, durante o qual a opção entre elas é determinada por fatores estilísticos e textuais, e, como mostro neste trabalho, não levando em consideração o fator tipo de clítico. CARNEIRO, Z. & C. GALVES, C. “Clitic-placement in the history of Brazilian Portuguese: a case of three-grammar competition”, 9th Conference on Diachronic Generative Syntax (DIGS 9), Trieste, 8-10 de junho de 2006. In private correspondence written by educated and non-educated Brazilian people during the 19th century, we find variation between enclisis and proclisis in all syntactic contexts. This departs from both modern Brazilian and European Portuguese (henceforth respectively BP and EP) and for Classical Portuguese (henceforth ClP). In this talk, we shall argue that this variation is the effect of a competition between those three grammars. By grammars, we understand I-languages generating different structures, potentially instantiated as identical utterances. We use the notion of Competition of grammars as initially introduced by Kroch (1994). The basis of the analysis is a corpus of letters written by Brazilian people born between 1750 and 1850 edited by Carneiro (2005). Additional data is drawn from other corpuses of Brazilian texts written in Brazil at the same period. Comparing her corpus with the authors of the Tycho Brahe Corpus born at the same time, Carneiro observes an increase of enclisis in V2 context that is parallel to what happens in Portuguese texts, with roughly a 50-year delay. The same result is obtained by Pagotto (1992). This shows that Brazilian 19th c. texts instantiate the competition between ClP and EP observed in the Portuguese texts from 1700 on (cf. Galves Britto & Paixão de Sousa 2005). III. 9 But crucially, at the same time, we find evidence that the vernacular grammar, BP, is already active in written texts, since there are occurrences of proclisis in absolute first position, as in (2) above (7% of the cases for educated people and 15% for noneducated people), as well as non-ambiguous cases of AUX cl-PP, another Brazilian innovation. We thus find two opposite tendencies in the texts written in Brazil in the 19th century: on one hand, the increase of enclisis, which mimics the evolution of European Portuguese at this time, and, on the other hand, the presence of proclisis in previously impossible contexts, which attests the emergence of the BP grammar in written texts. This produces a mixture of data, which cannot be accounted for without using the notion of competition of grammars proposed by Kroch (1994). Furthermore, the data shows that such a competition can occur between more than 2 grammars. GALVES, C. “Gramática e variação: o caso da evolução da colocação de clíticos em português”, V Encontro Nacional de Língua Falada e Escrita, Universidade Federal de Alagoas (UFAL), 20 a 24 de novembro de 2006 (mesa redonda “Variação em sintaxe” coordenada por Maria Denilda Moura). Nesta comunicação, argumentarei que há os dois tipos de variação sintática compatíveis com a Teoria de Princípios e Parâmetros: a (aparente) variação produzida por uma única lingua –I e a variação produzida pela competição de gramáticas (Kroch, 1994). Mostrarei que esses dois tipos são sucessivamente instanciados na história da colocação de clíticos em português europeu. GALVES, C. “A sintaxe dos clíticos”, V Encontro Nacional de Língua Falada e Escrita, Universidade Federal de Alagoas (UFAL), 20 a 24 de novembro de 2006 (mesa redonda “Evidências para a periodização histórica do português europeu e do portuguê brasileiro,com base em fenômenos sintáticos”, coordenada por Ilza Ribeiro). A sintaxe dos clíticos, em particular a alternância ênclise/próclise e a sintaxe da interpolação, nos permitem redefinir uma periodização para o português europeu. Baseada no trabalho de Namiuti (2000, 2004, em progresso) para a interpolação e no trabalho de Galves Britto e Paixão de Sousa (2005) para a alternância ênclise/próclise, mostrarei que se podem definir 3 gramáticas na história da lingua, sendo que a gramática intermediária entre o português arcaico e o português moderno ultrapassa os limites tradicionais do chamado português clássico (cf. Galves, Namiuti e Paixão de Sousa, 2006). GALVES, C. & T. LOBO “A ordem dos clíticos em textos de africanos na Bahia oitocentista” Colóquio “Caminhos da Língua portuguesa: África-Brasil”, Unicamp, 6-9 de novembro de 2006. A sintaxe dos clíticos distingue fortemente a gramática do português brasileiro (PB) da do português europeu (PE) moderno. Embora já largamente estudado por sintaticicistas brasileiros e portugueses, a partir dos mais diversos corpora e também sob as mais diversas orientações teórico-metodológicas, a retomada deste tópico aqui se justifica pela singularidade do corpus analisado - atas escritas pora aficanos semiletrados na Bahia oitocentista. Sendo a história lingüística do Brasil marcada por um processo de mudança de língua, do qual resultou ser o PB a língua hegemônica, saber como se deu a aquisição do português como L2 por africanos é, pois, uma questão central, recolocada a partir desse aspecto nuclear da gramática, a sintaxe dos clíticos. III. 10 GRAVINA, A. “A Realização do sujeito e as ordens vs/sv na diacronia do PB” In: XII SETA -Seminário de Teses em andamento, 2006, Campinas. XII SETA - Seminário de Teses em Andamento. Campinas: Unicamp, 2006. v.vol.1. p.15 O trabalho a ser apresentado é um projeto de dissertação de mestrado que está em andamento na Universidade Estadual de Campinas, sob a orientação da professora Dr.ª Charlotte Marie Chambelland Galves. O presente trabalho pretende analisar quantitativa e qualitativamente, através de um estudo diacrônico, a realização do sujeito no Português culto escrito no Brasil, em três tempos distintos: a) primeira metade do século XIX; b) segunda metade do século XIX; c) primeira metade do século XX. Pretende-se discutir a caracterização do PB quanto a duas propriedades das línguas prodrop: a possibilidade de licenciar sujeito nulo e a possibilidade de ordem verbo-sujeito. Para efeito de análise serão coletados artigos de jornais que circularam no estado de Minas Gerais nos referidos períodos de séculos. Os dados levantados por esse corpus além de passarem por uma análise quantitativa, serão analisados qualitativamente, verificando em que ambientes sintáticos as propriedades aqui estudadas se encontram. Após tais análises, buscar-se-á explicar de que maneira ocorre a distribuição da ordem do sujeito e a realização desse no PB, tendo como suporte teórico para hipóteses e explicações os moldes da Gramática Gerativa. GRAVINA, A. “Estudo Diacrônico de Sujeito nulo no Português Brasileiro” In: XI Simpósio Nacional e I Simpósio Internacional de Letras e Lingüística, 2006, Uberlândia. Caderno de Resumos do XI Simpósio Nacional e I Simpósio Internacional de Letras e Lingüística, 2006. p.42 – 42 A representação do sujeito na oração no Português Brasileiro já foi objeto de inúmeros trabalhos. Na literatura lingüística o interesse tem sido, em certo número de trabalhos da Teoria Gerativa, voltado para duas propriedades do sujeito: a possibilidade desse ser nulo (em orações com tempo) e a inversão do sujeito (ordem VS). Trabalhos de alguns autores, como Duarte (1993; 1995) e Tarallo (1993), defendem que o PB teria perdido a possibilidade de licenciar o sujeito nulo, já outros, como os de NIcolau (1997), defendem que essa possibilidade nunca deixou de existir na língua. A fim de apresentar subsídios para essa discussão, foi efetuado um trabalho seguindo a metodologia laboviana, em que se descreveu e analisou, quantitativamente, a representação do sujeito pronominal no Português culto escrito no Brasil, em quatro tempos distintos: a) primeira metade do século XIX; b) segunda metade do século XIX; c) primeira metade do século XX e d) segunda metade do século XX. Para efeito de análise, foram investigadas cartas e artigos de opinião (todos assinados) que circularam em jornais, no Estado de Minas Gerais, nos referidos séculos. O primeiro tempo analisado foi constituído de cartas e artigos assinados retirados do periódico literário O Recreador Mineiro (projeto FAPEMIG/2004), que circulou na cidade de Ouro Preto e região no período de 1845 a 1848. O segundo tempo analisado foi constituído de dados retirados de cartas pessoais formais enviadas à Arquidiocese de Diamantina no período de 1870 a 1900. O terceiro tempo analisado foi constituído de dados retirados do jornal Estado de Minas que circulou em Belo Horizonte e região, no período de 1947 a 1949. Por fim, o III. 11 quarto período foi constituído de dados retirados desse mesmo jornal nos anos de 1998 a 2000. A análise quantitativa em tempo real mostrou que não há indícios de mudança lingüística que envolva a representação de sujeito: se sujeito nulo ou se pronominal pleno na amostra avaliada. Dessa forma, tais resultados não corroboram hipótese de Tarallo (1993) e Duarte (1993, 1995) de que o PB estaria deixando de licenciar o sujeito nulo. Por outro lado, estão de acordo com resultados obtidos por Paredes da Silva (1988) e Nicolau (1994, 1997) que também apresentam altos índices de sujeito nulo no PB, em seus trabalhos. A partir dos resultados encontrados, o presente trabalho pretende elaborar um trabalho minucioso de lingüística histórica, no qual os principais objetivos serão analisar os ambientes sintáticos da presença/ausência do sujeito nesse corpus e detalhar a ordem VS e SV desses constituintes. Partimos da hipótese de que o PB seria uma língua de sujeito nulo diferente, pois não se iguala as condições de línguas denominadas pro-drop como o Português Europeu e nem a línguas denominadas nãopro-drop como a língua inglesa. Os dados levantados por esse corpus foram submetidos a uma análise quantitativa, o próximo passo será submetê-los a uma análise qualitativa, buscando explicar de que maneira a distribuição da ordem do sujeito e a realização desse no PB ocorre, tendo como suporte para hipóteses e explicações a Gramática Gerativa. PAIXÃO DE SOUSA, M. C. “Hypertext: conceptual and methodological frontiers” Seminário Internacional “Literaturas: del texto al hipertexto” Universidad Complutense de Madrid, Facultad de Filología Madri, 21 de setembro de 2006. <http://www.ime.usp.br/~tycho/participants/psousa/deltextoalhipertexto/index.html> This paper investigates some lines into the debate on the conceptual dimension of "digital text" in general and "hypertext" in particular, by exploring this forms of writing from the material point of view. I shall consider that digital text production is a watershed in the history of text diffusion, rather than an incremental point in the evolution of text-production techniques. Digital text is not a new instrument, but a new process of information codification in written form. I shall also point out that text markup languages related to digital text processing represent a break-through methodological instrument for text studies in various fields. PAIXÃO DE SOUSA, M. C. & Thorsten TRIPPEL “Metadata and XML standards at work: a corpus repository of Historical Portuguese texts”. V International Conference on Language Resources and Evaluation (LREC 2006), Gênova, 22 a 28 de maio, 2006. This paper describes the restructuring process of a large corpus of historical documents and the system architecture that is used for accessing it. The initial challenge of this process was to get the most out of existing material, normalizing the legacy markup and harvesting the inherent information using widely available standards. This resulted in a conceptual and technical restructuring of the formerly existing corpus. The development of the standardized markup and techniques allowed the inclusion of important new materials, such as original 16th and 17th century prints and manuscripts; and enlarged the potential user groups. On the technological side, we were grounded on the premise that open standards are the best way of making sure that the resources will be accessible even after years in an archive. This is a welcomed result in view of the additional consequence of the remodeled corpus concept: it serves as a III. 12 repository for important historical documents, some of which had been preserved for 500 years in paper format. This very rich material can from now on be handled freely for linguistic research goals. PAIXÃO DE SOUSA, Maria Clara “Padrões de Ordem Sujeito-Verbo do Português Médio ao Português Europeu Moderno”. V Encontro Nacional de Língua Falada e Escrita, Universidade Federal de Alagoas (UFAL), 20 a 24 de novembro de 2006. Este trabalho discute alguns resultados de um estudo sobre a sintaxe de textos portugueses representativos dos séculos 16 a 19, no qual o padrão de colocação de clíticos foi estudado em conjunto com os padrões de ordem Sujeito-Verbo. O estudo mostrou que a proporção relativa entre ênclises e próclises nos textos “clássicos” contrasta com a proporção atestada em textos medievais por Ribeiro (1995) – entretanto, o padrão de ordem Sujeito-Verbo dos textos clássicos aparece como mais próximo ao dos textos medievais que ao dos textos modernos pesquisados. Este resultado pode ser interpretado à luz de uma nova proposta para a delimitação dos ciclos gramaticais do português (apresentada em Galves, Namiuti e Paixão de Sousa, 2005), na qual a divisão tradicional dos períodos históricos do português é reformulada: o Português Europeu Moderno teria inicio no século 18, sendo antecedido por uma gramática que abrange os séculos 14 a 17. Essa gramática, a que denominamos Português Médio, se diferencia da gramática do PE centralmente pela posição ocupada pelos sujeitos pré-verbais; e de outro lado, se diferencia do Português Arcaico (séculos 12-13) fundamentalmente pela produtividade da construção de interpolação. A apresentação deste trabalho tem como objetivo primordial sugerir a relevância da continuidade de estudos comparativos entre textos dos três períodos (séculos 13-14, 15-17 e 18-19) quanto à posição de sujeitos. Dissertações e teses1: defendidas em 2006: CAVALCANTE, S. "O uso de "se" com infinitivo na história do Português: do Português Clássico ao Português Europeu e Português Brasileiro modernos", doutorado FAPESP. (defesa 27/01/2006) A análise da variação 0/se com infinitivo em amostras de fala (Nurc/RJ e Português Fundamental) e de escrita (jornais) do Português Brasileiro (PB) e do Português Europeu (PE) revela uma diferença no percentual do uso de se com infinitivo: PE apresenta uma média de 8% de presença de se nas amostras de fala e de escrita, ao passo que PB apresenta uma média de 25% e de 50% de se na fala e na escrita respectivamente. A partir de tais resultados, esta tese procura entender a evolução diacrônica de se com infinitivo que dá lugar a esse uso diferenciado em PE e PB. Para isso, trata da variação 0/se numa amostra de textos de autores portugueses nascidos entre os séculos 16 e 19, que compõem o corpus Anotado do Português Histórico -- Corpus Tycho Brahe. Nesta 1 Só menciono aqui as dissertações e teses diretamente relacionadas ao projeto. III. 13 amostra, a media de se com infinitivo sofre uma mudança: até o século 18 (período do Português Clássico -- PCl), há 20% de presença de se nas infinitivas; a partir do século 18 (Português Europeu), há 10% de presença de se nas infinitivas. A análise se fundamenta (a) no tipo de se que pode aparecer junto ao infinitivo: sepassivo, se-indefinido, se-impessoal (cf. Raposo e Uriagereka, 1996 e Martins, 2003), e (b) na natureza de Agr não-finito no PE e no PB (cf. Moreira da Silva, 1983, Galves, 1993 e Figueiredo Silva, 1996). Com base neste quadro teórico e nos resultados de um conjunto de mudanças ocorridas na gramática do PB, é possível argumentar a favor de que, enquanto no PE, um sistema em que Agr é forte, capaz de licenciar e identificar sujeitos nulos, aparecem o seindefinido e o se-impessoal; no PB, um sistema de Agr fraco no traço [pessoa], o se é o se-impessoal e aparece para identificar o referente indeterminado da posição sujeito de infinitivo, em variação com os pronomes a gente e você. No PCl, diferentemente, aparece o se-passivo nas infinitivas. Com esses resultados, procuro contribuir para uma descrição mais acurada das diferenças paramétricas existentes entre PE e PB. Esses resultados, aliados às pesquisa desenvolvidas dentro do quadro teórico gerativista, contribuem para se postular que estamos diante de três gramáticas distintas: a do PCl, a do PE e a do PB. com defesa prevista para o ano 2007 ANTONELLI, A. “O clítico se e a variação ênclise/próclise do Português Médio ao Português Europeu Moderno”, mestrado, FAPESP. (defesa, 17/1/2007) No Português Europeu, do século 16 ao 19, é atestado em textos escritos que a ênclise e a próclise podem ocorrer num contexto sintático semelhante, a saber, o das sentenças afirmativas finitas em que o verbo não se encontra em posição inicial. Basicamente, o elemento pré-verbal desse tipo de construção pode ser um sujeito, um advérbio ou um sintagma preposicional. Galves, Britto & Paixão de Sousa (2005) já observaram que, até por volta de 1700, o uso da próclise é quantitativamente maior que o da ênclise. Porém, a partir do início do século 18, começa a haver uma inversão nessa proporção, de tal modo que, no Português Europeu Moderno, os mesmos contextos que outrora admitiam a colocação proclítica apresentam agora a ênclise de maneira categórica. Para esse período da história da colocação de clíticos do Português Europeu, Galves, Britto & Paixão de Sousa já notaram que a opção pela ênclise em textos escritos antes do século 18 está fortemente associada ao uso do clítico se. As autoras mostram que, em textos dos séculos 16 e 17, um alto percentual de ênclise em sentenças sujeitoiniciais tipicamente traduz-se em uma alta proporção da ordem “sujeito + verbo + clítico se”. Esse mesmo paradigma, porém, não é observado para os textos dos séculos 18 e 19, já que, nos textos escritos por autores nascidos após 1700, a distribuição da ênclise com se e com os outros clíticos é muito mais balanceada. Dada essa particularidade no fenômeno da colocação de clíticos do Português Europeu envolvendo o pronome se, nossa investigação, dentro do quadro teórico da gramática gerativa, procura traçar a evolução da ênclise no universo de sentenças com esse clítico específico entre os séculos 16 e 19, tentando entender melhor em que circunstâncias a ênclise aparece e como isso se relaciona com a escolha pelo clítico se. Uma proposta como essa se justifica visto que um trabalho nesse sentido poderá esclarecer melhor não III. 14 apenas quais são as razões que favorecem a ênclise com o clítico se até o fim do século 17, mas também por que o tipo de clítico parece deixar de ser um fator importante na escolha da colocação enclítica desse momento em diante. Este trabalho insere-se no âmbito do projeto temático “Padrões Rítmicos, Fixação de Parâmetros e Mudança Lingüística (Fase II)” e toma como material para análise um conjunto de dados extraídos de 20 textos escritos por autores portugueses nascidos entre 1542 e 1836. Todos os textos dos quais retiramos o nosso material de análise estão presentes no Corpus Tycho Brahe (http://www.ime.usp.br/~tycho/corpus). FERNANDES, F. " Ordem, estratégias de focalização e preenchimento em português: sintaxe, entoação e ritmo’, doutorado direto, FAPESP. (defesa 16/4/2007) Este projeto de doutorado propõe a análise comparativa entre as diferentes estratégias de focalização escolhidas pelo português brasileiro (PB) e pelo português europeu (PE) para a marcação de foco de escopo estreito do elemento ‘sujeito’ em sentenças de mesma estrutura informacional nessas duas variedades de português. A hipótese desta pesquisa é de que as diferentes estratégias de marcação de foco de escopo estreito escolhidas pelas duas línguas não estão relacionadas somente a questões sintáticas, como a fixação do parâmetro pro-drop, mas também a questões que envolvem a otimização do ritmo, da estrutura prosódica e da estrutura entoacional em PB e em PE. NAMIUTI, C. "O fenômeno da interpolação na história da colocação de clíticos em Português", doutorado direto FAPESP (defesa agosto 2007) Na passagem do português arcaico (PA – século 13 à 16 – segundo a tradição) para o português clássico (PC - séculos 15 à 16), juntamente com a perda da interpolação dos vários constituintes do sintagma verbal e do fronteamento desses mesmos constituintes, há um aumento bastante significativo no uso da próclise em orações raízes e também há a emergência de uma nova sintaxe da interpolação da negação. A negação passa a ser interpolada não somente nas orações subordinadas e principais marcadas com partículas de foco, quantificadores e certos advérbios, mas também em orações matrizes e coordenadas finitas introduzidas por sujeitos e adjuntos, em completivas com o complementador nulo e ainda em infinitivas introduzidas pela preposição em: “E, chegando a alguma que com menos apêrto faça sua relação , me não pareceu enjeitar” (Lobo - séc. XVII) “e o não podemos averiguar, senão pelo Regimento daquela fortaleza...” (Couto – séc. XVI) “Não tive novas de Vossa Mercê e peço-lhe __ me não prive de um favor a que eu tenho tanta acção. (Bernardes - XVII)”. “e tanto à minha custa, que não só me condenam em os não ver, mas levantam testemunhos falsos da minha pobre pobreza. (Melo – XVII)”. Por volta do século 18, na passagem do PC para o português europeu moderno (doravante PE), a porcentagem da ênclise volta a subir e a ordem "XclnegV" desaparece nos contextos apresentados acima. Os dados sugerem um estado gramatical intermediário entre o PA e o português europeu moderno. Fato que leva nossa proposta ir no sentido oposto à hipótese de Martins (1994) que relaciona a perda da interpolação dos vários elementos do sintagma verbal com a perda da próclise em orações raízes. Para nós, estas são duas mudanças distintas. III. 15 em andamento : ANDRADE, A. Estudo diacrônico de orações infinitivas do português iniciadas por preposição, Doutorado, Fapesp. As orações infinitivas preposicionadas no português apresentam diversos aspectos de interesse para a pesquisa diacrônica. Nelas encontra-se a controvérsia sobre a origem das orações completivas iniciadas por "para", que, segundo as análises existentes, têm origem no Português Brasileiro, mas que também são encontradas no Português Europeu. Servindo-lhes de contraponto, o estatuto de complementizador preposicional das partículas "de/a" iniciadoras de orações infinitivas pode ser questionado face a comparações com outras línguas românicas. Um outro aspecto que questiona qualquer análise rápida é a colocação de clíticos nesses contextos, dada sua variação sincrônica e uma distribuição face ao tipo de preposição introdutora que sugere uma ambigüidade categorial, consoante levantamento piloto. Tais constatações são oferecidas como justificativas para a realização de análises de cunho quantitativo e qualitativo utilizando o "Corpus Histórico Anotado do Português Tycho Brahe" e outros corpora referentes ao Português Brasileiro, um dos quais a ser coletado pelo candidato em periódicos do Estado de Goiás. Dessa forma, a projeto terá por objetivo principal compreender a mudança na complementação infinitiva do Português Clássico para o Português Brasileiro e o Português Europeu Moderno, assim como a repercussão dos achados no quadro da mudança mais geral das gramáticas dessas variedades, tendo por base os pressupostos teóricos da Gramática Gerativa. FLORIPI, S. “Estudo da variação do determinante em sintagmas nominais possessivos do Português Médio ao Português Europeu Moderno”, doutorado, FAPESP. Este projeto de doutorado objetiva descrever e analisar, dentro de uma perspectiva diacrônica, a variação do uso do Determinante em estruturas com Sintagmas Nominais (DP) possessivos em 23 textos de autores portugueses nascidos desde o século 16 ao século 19. Os textos foram selecionados do Corpus Anotado do Português Histórico Tycho Brahe (doravante Corpus Tycho Brahe) que se encontram disponíveis na internet no site: www.ime.usp.br/~tycho/corpus. Como arcabouço teórico, tendo como pressupostos o Modelo de Princípios e Parâmetros, utilizarei uma abordagem minimalista (Chomsky (1995) e Kayne (1994)) e não lexicalista (Halle e Marants (1993)). Para o levantamento de dados serão utilizados os textos disponíveis do Corpus Tycho Brahe, pois, assim, poderei tartar quantitativamente de objetos mais complexos, tanto do ponto de vista do fenômeno envolvido quanto do período considerado; e, com base nesse tratamento quantitativo, arei uma análise qualitativa sustentável. GIBRAIL, A. “ As estruturas de topicalização do Português Médio ao Português Europeu Moderno, um estudo diacrônico e teórico”, doutorado. A tese que desenvolvo trata da descrição e análise das estruturas de topicalização do português clássico. O objetivo que norteia este trabalho é a investigação da freqüência III. 16 de uso e legitimação das formas variantes de realização desse tipo de estrutura nos processos de mudança em curso naquela gramática. Para este tipo de investigação, faço uso de dados levantados de 38 textos de autores portugueses nascidos entre 1502 e 1845, integrantes do Corpus Tycho Brahe. O levantamento dos dados revela ser este tipo de estrutura de uso comum e produtivo no português daquele período. Elementos em posição de tópico são legitimados em formas estruturais variantes, projetadas com e sem retomada pronominal. Nessas ocorrências, qualquer constituinte da oração pode ser realizado em posição de tópico: objetos diretos e indiretos, sintagmas adverbiais, sintagmas preposicionais, sintagmas adjetivais, e outros. Por outro lado, a análise quantitativa desses dados revela não haver uniformidade diacrônica na freqüência de uso dessas formas variantes. Com objetos topicalizados, a freqüência de uso da variante sem retomada pronominal diminui do séc. XVI ao séc. XIX, enquanto a freqüência de uso da variante com retomada pronominal aumenta na mesma proporção nesse período. Essas formas variantes de topicalização de objetos são assumidas nos estudos lingüísticos como fenômenos distintos, sendo a estrutura com retomada pronominal denominada Estrutura de Deslocação à Esquerda Clítica, DEC (no inglês, CLD), e a forma sem retomada pronominal definida propriamente como estrutura de topicalização.. Outro fato revelado no levantamento desses dados é que, paralelamente, à mudança de comportamento quanto à freqüência de uso das estruturas de topicalização e de Deslocação à Esquerda Clítica, outras mudanças são assinaladas no nível estrutural das sentenças. A co-ocorrência dessas mudanças é significativa na medida em que ela pode ser reveladora da atuação de uma mudança maior subjacente àquela gramática. Tendo em conta os objetivos a serem alcançados neste trabalho de pesquisa, o ponto fundamental a ser perseguido em etapas posteriores é determinar se os fatores responsáveis pela mudança de comportamento diacrônico na freqüência de uso dessas estruturas são os mesmos que promovem alteração na ordem superficial de realização do sujeito e outros constituintes nessas sentenças. III. 17 GRAVINA, A. “A representação do sujeito e a ordem VS na história do português brasileiro”, mestrado, submetido à Fapesp. O presente projeto pretende analisar quantitativa e qualitativamente, através de um estudo diacrônico, a realização do sujeito no Português culto escrito no Brasil, em três tempos distintos: a) primeira metade do século XIX; b) segunda metade do século XIX; c) primeira metade do século XX. Propõe-se discutir e apresentar a caracterização e a mudança do PB de uma língua com propriedades pro-drop para uma língua de Sujeito Nulo de natureza diferente, buscando apresentar subsídios para a identificação e análise dessa mudança em textos escritos de registro formal na diacronia do Português Brasileiro. Para efeito de análise serão coletados artigos de jornais que circularam no estado de Minas Gerais nos referidos períodos de séculos. Os dados levantados por esse corpus além de passarem por uma análise quantitativa, serão analisados qualitativamente, verificando em que ambientes sintáticos as propriedades aqui estudadas se encontram, e em seguida averiguando como essas propriedades evoluíram na história do PB. O quadro teórico para as hipóteses e análises sobre a natureza das construções estudadas e na mudança ao longo do tempo será a teoria da Gramática Gerativa. Com início em 2007 ANTONELLI, A. “Sintaxe de Posição do Verbo e Mudança Gramatical na História do Português Europeu”, Doutorado, Fapesp Este projeto de doutorado insere-se no âmbito do projeto temático "Padrões Rítmicos, Fixação de Parâmetros e Mudança Lingüística - Fase II" (Processo FAPESP 04/036430) e tem como objetivo investigar as características da sintaxe de posição do verbo em duas fases gramaticais do Português: a gramática do Português Europeu Moderno (PE) e a gramática do período imediatamente ao PE. Além disso, pretende-se delimitar no tempo o momento em que se dá a mudança entre esses dois sistemas gramaticais. Trabalhamos com a hipótese de que a gramática do Português Europeu era organizada com base no efeito V2 (verbo em segunda posição), vindo a perder essa característica a partir do século 18, quando se observa a emergência de certos aspectos sintáticos que caracterizam a gramática do PE e que não eram até atestados. III. 18