O CONSTRUTIVISMO COMO FERRAMENTA AUXILIAR NO ENSINO BÁSICO E FUNDAMENTAL POR RONALDO SÉRGIO DOS SANTOS BRANDÃO RIO DE JANEIRO INSTITUTO SUPERIOR DE ESTUDOS PEDAGÓGICOS 1999 1 AGRADEÇO AOS MEUS PROFESSORES PELAS SUGESTÕES, INCENTIVO E COLABORAÇÃO TÉCNICA, E AOS MEUS AMIGOS E PARENTES PELO ESTÍMULO DECISIVO. 2 SUMÁRIO INTRODUÇÃO ----------------------------------------------------------------------------------- p.4 1- CONCEITOS FUNDAMENTAIS ---------------------------------------------------------p.5 2- A MODERNIZAÇÃO DO SISTEMA EDUCACIONAL ------------------------------ p.6 ALFABETIZAÇÃO 2.1---------------------------------------------------------------- p.6 PRÉ-ESCOLA 2.2--------------------------------------------------------------------- p.7 2.3- ENSINO FUNDAMENTAL ------------------------------------------------------ p.8 2.4- GRUPO DE PAIS ----------------------------------------------------------------- p.9 3- A PROPOSTA CONSTRUTIVISTA ------------------------------------------------- p.10 3.1- BEHAVIORISMO ---------------------------------------------------------------p.10 3.2- DESENVOLVIMENTO HUMANO ----------------------------------------p.11 3.3- SOBRE JEAN PIAGET ------------------------------------------------------ p.11 3.4 MODIFICAÇÕES NA PRÁTICA PEDAGÓGICA DO PROFESSOR-p.13 3 4- UMA NOVA VISÃO SOBRE O CONSTRUTIVISMO ----------------------------p.15 5- CONCLUSÃO ------------------------------------------------------------------------------p.16 6- REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS --------------------------------------------------p.18 INTRODUÇÃO É importante ressaltar que a escola é só um momento - embora marcante da vida dos alunos. Ao concluir essa etapa, seguirão suas trajetórias de vida. Alguns ampliarão seus conhecimentos em outros cursos e há aqueles que não prosseguirão em estudos normais. Portanto, cabe à escola oferecer uma formação geral que capacite o cidadão a continuar aprendendo, isto é, contribua significativamente para sua autonomia .Por conseguinte, deve estar devidamente capacitado para realizar uma leitura crítica dos condicionamentos de sua existência; e tal capacitação só é possível se relacionada e avaliada em função da compreensão social e histórica em que se inserem todos os aspectos de sua vida. As escolas devem, então, ser espaços de liberdade de pensamento e expressão; devem ser espaços de democratização do saber; devem ser respostas às necessidades permanentes das comunidades nas quais estão inseridas e sobretudo devem ser espaços onde os horizontes individuais e coletivos se 4 encontrem com fim último do enriquecimento cultural de todos, para a construção de uma sociedade justa e igualitária. 1- CONCEITOS FUNDAMENTAIS Conhecer as características dos adolescentes, saber quais delas são suscetíveis de interagir com os procedimentos pedagógicos a serem selecionados, é de fundamental importância para esta proposta, por acreditar que oferece ao aluno a oportunidade de crescer e desenvolver-se respeitando a individualidade de cada um Propõe-se, então, o entendimento sobre todas as coisas, antes da aceitação das mesmas. O prazer de aprender está relacionado ao entendimento que a criança adquire sobre tudo ao seu redor. Entendendo e compreendendo, a criança aprende naturalmente. Busca-se o ser crítico, capaz de raciocinar sobre qualquer assunto que lhe seja apresentado, questionar e discordar se necessário, mas com consciência e responsabilidade sobre o que ocorre à sua volta. O objetivo final é a criança educada para a vida, não a criança amedrontada e obediente, mas educada e sociável, e conseqüentemente, útil à sociedade. 5 2- A MODERNIZAÇÃO DI SISTEMA EDUCACIONAL 2.1- A alfabetização segue o rumo natural dos acontecimentos na vida da criança, sem muitas complicações, procurando-se acompanhar o curso de sua vida, trazendo para a escola o que ela vivência fora dela. Este método procura não alterar o rumo da aprendizagem. Por exemplo: sabemos que uma criança de dois anos ou menos, já é capaz de reconhecer alguns símbolos ou palavras muito difundidas como: Coca-Cola, Nescau, etc. Por que não aproveitar esse elemento que já faz parte da natureza da criança e utilizá-lo no processo pedagógico? 6 2.2- A pré-escola tem um caráter eminentemente concreto e interativo. A ação é fundamental no processo de aquisição do conhecimento. A interação é decisiva para a utilização deste conhecimento na prática, na vida do aluno. A oferta de um leque de atividades, possibilita ao aluno a exploração de todo seu potencial em uma ou mais atividades, fazendo com que ele se perceba útil e capaz. A auto-estima é uma das grandes preocupações nessa fase do desenvolvimento. Uma boa auto-estima possibilita a ousadia, a tentativa, o acerto e o erro importam menos; o que vale é a ação de tentar e de fazer. 7 2.3- Respeitar as individualidades é a maior preocupação, pois entende-se que não há necessidade de homogeneidade no ensino, ao contrário, o trabalho com crianças em diferentes estágios de aprendizagem deste ou aquele assunto, torna o processo mais rico e interessante, possibilitando o auxílio mútuo e constante de todo o grupo. Pode-se dizer que as pessoas têm diferentes níveis de interesse e produção, dependendo da aplicação prática do resultado daquilo que estão estudando, em suas vidas. Por isso, todo o conteúdo programático do Ensino Fundamental deve ser trabalhado de forma à aplicação desses conhecimento em sua vida. Dessa maneira, os alunos, sentem-se estimulados durante todo o processo de aprendizagem. Portanto, temos a equação: CONTEÚDO + FORMA DE TRABALHO = APLICAÇÃO NA VIDA 8 2.4- Toda escola deve Ter um grupo de Estudos de Pais e Responsáveis com o intuito de informar e consequentemente estreitar ao máximo a relação ESCOLA-FAMÍLA; para isso nada melhor do que a participação dos pais na escola para reuniões informais onde serão discutidos temas referentes à educação de uma forma geral, sendo possível maior aprofundamento em questões como alfabetização, livros didáticos, sexualidade infantil, agressividade, construtivismo, disciplina, família e muitos outros que fazem parte do dia a dia da criança. 9 3- A PROPOSTA CONSTRUTIVISTA 3.1- BEHAVIORISMO O Behaviorismo nasce em 1913 e tem como fundador o americano John B. Watson. Esta tendência teórica também é conhecida como comportamentalismo, teoria do comportamento ou análise experimental do comportamento. O Behaviorismo tem como objeto de estudo o comportamento humano e suas manifestações em diferentes condições e diferentes sujeitos. Estuda a relação entre os aspectos do comportamento e os aspectos do meio. O ponto de partida para uma ciência do comportamento é o uso de estímulo e resposta como unidades básicas para a discrição do comportamento. Nesta linha teórica o homem é estudado como produto da aprendizagem pela qual passa desde a infância. Depois de Watson, o behaviorismo mais importante foi B. F. Skinner(1904-1990). A base da corrente Skinneriana é o condicionamento operante ou comportamento voluntário, que são todos os movimentos que 10 possuem efeito sobre o ambiente ou que fazem algo ao mundo ao redor, operando sobre a realidade. O condicionamento operante é fundamentado pela lei do efeito. Ou seja, o que mantém o comportamento é o efeito que ele provoca. 3.2- DESENVOLVIMENTO HUMANO A psicologia do desenvolvimento estuda o desenvolvimento do ser humano considerando os aspectos físico-motor, intelectual, afetivo-emocional e social. Outro adepto da teoria experimentalista foi Lev S. Vygotsky, que engenhosamente demonstrou que ao experimento cabia o importante papel de desvendar os processos que comumente estão encobertos pelo comportamento habitual. Portanto, ao invés do método clássico, um método experimental que procura traçar a história do desenvolvimento das funções psicológicas alinha-se melhor com os outros métodos históricos - incluindo a história da cultura e da sociedade ao lado da história da criança. 3.3- SOBRE JEAN PIAGET 11 Jean Piaget (1896-1980), pesquisou muito o desenvolvimento, principalmente no campo da educação. O desenvolvimento mental é construído de maneira contínua e se caracteriza pelo aparecimento gradativo de estruturas mentais. Estas estruturas vão se desenvolvendo até que cheguem a um estado de equilíbrio superior quanto a todos os aspectos. Piaget características. caracterizou A cada observação faixa destes etária como aspectos, particular para a em piscologia suas do desenvolvimento, era de fundamental importância para a educação porque, através delas, era possível planejar o que deveria ser ensinado e de que maneira. Todo conteúdo e forma educacional dependeria então da linguagem específica daquela faixa etária. Concluindo, Piaget nos mostrou que desde os primeiros anos de vida a criança já tem mecanismos de aprendizagem que ela desenvolve sem ter freqüentado a escola. A criança aprende diversos conceitos matemáticos, por exemplo: a idéia de que em um copo alto e estreito pode ser colocado a mesma quantidade de líquido que existe em um copo mais gordo e mais baixo. Essa idéia ela aprende utilizando copos de diferentes tamanhos, e com isso ela desenvolve o conceito de volume sem ser explicitamente ensinada. A criança desenvolve a sua capacidade intelectual interagindo com objetos do ambiente onde ela vive e utilizando o seu mecanismo de aprendizagem. Isto acontece sem que a criança seja explicitamente ensinada. É claro que outros conceitos também podem ser adquiridos através do mesmo processo. É um ambiente de aprendizagem onde o conhecimento não é passado para a criança, mas onde a criança, interagindo com os objetos desse 12 ambiente, possa desenvolver outros conceitos. Assim, do ponto de vista pedagógico, existem diversos aspectos que devem ser enfatizados, por exemplo: o controle do processo de aprendizagem está nas mãos do aprendiz e não nas mãos do professor. 3.4- MODIFICAÇÔES NA PRÁTICA PEDAGÓGICA DO PROFESSOR A concepção construtivista de aprendizagem tem implicações que levam, sem dúvida, a profundas modificações na prática pedagógica do professor. Em primeiro lugar, é fundamental que ele modifique o seu foco de preocupações sobre " o que, quando e como ensinar " para a reflexão sobre "o que fazer para que a criança aprenda " de modo a se apropriar, verdadeiramente, de nosso sistema de leitura e escrita, e não apenas reproduzi-lo. Nesse sentido, ele precisa ter a clareza de que "o que o professor ensina é diferente daquilo que o aluno aprende", pois cada criança vai assimilar as informações que circulam no seu meio e aquelas trazidas pelos colegas e pelo professor, de acordo com as concepções que ela tem sobre a escrita naquele momento. 13 Baseando-se em seus próprios conceitos, a criança vai, inevitavelmente, apresentar "erros" no seu processo de construção da língua escrita. É necessario que o professor compreenda que esses "erros" são lógicos do ponto de vista da criança e são o ponto de partida, em torno do qual ele lhe lançará desafios para que ela continue evoluindo no seu processo. Dessa maneira, o professor redimensionará o seu papel, assumindo a mediação na relação entre o aluno e o objeto de conhecimento. É preciso que ele se preocupe em conhecer bem os dois pólos de sua mediação: - o aluno, em suas dimensões social e psicológica; - a língua escrita, do ponto de vista sociolingüístico, psicolingüístico e lingüístico. A partir daí, refletindo e reformulando constantemente sua prática, o professor poderá planejar intervenções que favoreçam a ação do aluno sobre o aprendizado. É importante fazer o aluno ser capaz de compreender criticamente a realidade, fundamentando-se na abordagem científica - e no domínio dos procedimentos científicos - habituando-o a assimilar os conhecimentos já acumulados pela humanidade e a equacionar novas situações, cuja curiosidade se mantenha cada vez mais despertada para a vontade de adquirir conhecimentos, através do processo histórico de transformação da sociedade e da cultura, respeitando a pluralidade de idéias; oferecer um leque de 14 possibilidades de estudos em que o aluno possa ampliar conhecimentos e desenvolver potencialidades; oferecer condições para que os alunos possam compreender, através do acesso às diferentes linguagens, o universo técnico, artístico e cultural como possuidores de sentido sócio-histórico e utilizar o conhecimento cultural do aluno. 4- UMA NOVA VISÃO SOBRE O CONSTRUTIVISMO O professor, como mediador do conhecimento e possuidor de sólida fundamentação teórica, toma como ponto de partida a realidade do aluno, propondo-se a despertar sua curiosidade, desenvolver seu espírito crítico, aprimorando progressivamente seus métodos de investigação e análise. Deste modo promoverá a articulação do cotidiano do aluno como conhecimento formalizado e reciprocamente, isto é, as vivências do aluno são o referencial do processo ensino-aprendizagem já que o seu saber construído se constitui também em instrumento de compreensão e transformação do meio em que ele vive. A prática pedagógica deve ser orientada no sentido de conferir ao aluno a possibilidade de, em um espaço democrático, Ter garantido o desenvolvimento máximo de suas potencialidades. Entendemos, então, que ao saberes a serem veiculados através das disciplinas que compõem os campos de conhecimento só serão apropriados de forma significativa se ligados a uma vivência cultural mais abrangente, 15 fundamentada na interação da teoria com a prática. E é isto que se busca com esta pesquisa, a descrição do método pedagógico construtivista. Esta linha metodológia está estritamente ligada às finalidades e objetivos educacionais propostos e, portanto, ao tipo de avaliação a ser realizado. Não se pode realizar uma metodologia mecanicista e repetitiva e cobrar do aluno que seja criativo e inovador. A linha metodológia de construção do conhecimento é mais coerente com uma avaliação passo a passo do desenvolvimento do aluno, avaliando-se o maior número possível de atividades realizadas e não apenas testes ou exercícios realizados com a finalidade específica de verificação de aprendizagem. 7- CONCLUSÃO Já que as teorias construtivistas sobre a aprendizagem estão começando a remexer com o ensino em todos os países do mundo, é importante circunscrever adequadamente o que significa o construtivismo, para que se possa analisar o que está acontecendo também de forma adequada. 16 O Construtivismo, sozinho, não revoluciona e não produz efeitos surpreendentes nos resultados escolares do alunado porque ele é apenas uma das muitas facetas deste campo amplo. O Construtivismo diz respeito especialmente aos aspectos lógicos das aprendizagens e tem como principais pensadores: Baldwin, Piaget, Vigotsky e Walon. Este método inaugura a valorização do agir de quem aprende como elemento central para se compreender algo, isto é, a aprendizagem resulta da interação entre as estruturas do pensamento e o meio que necessita ser compreendido; já que toda a aprendizagem tem seu habitat no convívio com os outros, ela repousa sobre um tripé: quem aprende, o que se aprende e o outro; isto é, repousa sobre o sujeito, o objeto, o social. A criança, então, desenvolve a sua capacidade intelectual interagindo com os objetos do ambiente onde ela vive e utilizando o seu mecanismo de aprendizagem. Isto acontece sem que a criança seja explicitamente ensinada. Assim, do ponto de vista pedagógico, existem diversos aspectos que devem ser enfatizados, como por exemplo: o controle do processo de aprendizagem está nas mãos do aprendiz e não nas mãos do professor. 17 6- REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AZENHA, Maria da Graça. Construtivismo: de Piaget a Emília Ferreiro. SP: Ática, 1993. BRAGGIO, Sílvia L. B. . Leitura e Alfabetização: da concepção mecanista à sociolingüística. Porto Alegre: Artes Médicas, 1992. CAGLIARI, Luiz Carlos. Alfabetização e Lingüística. 5ª ed. SP: Scipione, 1992. CARVALHO, Karen C.. Alfabetização: um processo de aprendizagem permanente. Porto Alegre: Kuarup, 1991. COSTA, Dóris A . F.. Fracasso escolar: diferença ou deficiência? . Porto Alegre: Kuarup, 1993. CD-ROM ( Enciclopédia digital master ) . 1998. DOLLE, Jean-Marie, BELLANO, Denis. Essas crianças que não aprendem: diagnóstico e terapias cognitivas. RJ: Vozes, 1996. 18 FERREIRO, Emília. Reflexões Sobre Alfabetização. SP: Cortez Editora, 1993. FERREIRO, Emília. TEBEROSKY, Ana. Psicogênese da língua escrita. Porto Alegre: Artes Médicas, 1986. FREIRE, Paulo. A Importância do Ato de Ler: em três artigos que se completam. 25ª ed. SP: Cortez Editora, 1993. GADOTTI, Moacir. Pensamento pedagógico brasileiro. SP: Ática, 1991. INTERNET. ( Consultas ). KRAMER, Sonia (org.). Alfabetização: dilemas da prática. RJ: Dois Pontos Ed. Ltda., 1986. MEC. Parâmetros Curriculares Nacionais. 1998. MOURA, Vera. O Poder do Saber: relato e construção de uma nova experiência em alfabetização. 3ª ed. Porto Alegre: Kuarup, 1993. SILVA, Maria Alice S. S. . Construindo a leitura e a escrita: Reflexões sobre uma prática alternativa em alfabetização. SP: Ática, 1988. SMITH, Frank. Compreendendo a leitura: uma análise psicolingüística da leitura e do aprender a ler. Trad. Daise Batista. Porto Alegre: Artes Médicas, 1991. SOARES, Magda. Linguagem e escola: uma perspectiva social. 8ª ed. SP: Ática, 1991. TEBEROSKY, Ana. Psicopedagogia da linguagem escrita. 5ª ed. RJ: Vozes, 1993. 19 ZILBERMAN, Regina. Leitura: perspectivas interdisciplinares. SP: Ática, 1991. VYGOTSKY, L. S. . A Formação Social da Mente. 20