FISIOPATOLOGIA Hanseníase é predominantemente uma doença da pele, mucosas e nervos periféricos. A infecção ativa pelo Mycobacterium leprae é caracterizada por uma grande diversificação no curso clínico da infecção, variando de uma doença paucibacilar na qual poucos bacilos estão presentes, a uma doença multibacilar, na qual uma grande carga bacilar está presente nas lesões. O dano neural é atribuído a proliferação bacteriana ou a resposta imune do hospedeiro a relativamente poucos bacilos em nervos periféricos e áreas da derme adjacentes, que em última análise são responsáveis pela manutenção do estigma em relação à lepra. Para que a transmissão do bacilo ocorra, é necessário um contato direto com a pessoa doente não tratada. O aparecimento da doença na pessoa infectada pelo bacilo, e suas diferentes manifestações clínicas, dependem dentre outros fatores, da relação parasita / hospedeiro e pode ocorrer após um longo período de incubação, de 2 a 7 anos. O contato com o M. leprae se faz principalmente pelas vias aéreas superiores e a infecção subclínica ocorre em uma grande proporção de pessoas. Em uma minoria de indivíduos infectados ocorre propagação do bacilo para nervos periféricos e pele onde é fagocitado por células de Schwann e macrófagos. Este período de incubação é de 5 anos em média. É a epidemiologia de um bacilo lento, que faz uma divisão binária a cada 12 a 21 dias, e sua localização intracelular obrigatória no sistema fagocítico-mononuclear, que imprimem a característica de doença crônica à hanseníase. É importante entender que a interação do patógeno com o hospedeiro é complexa e multifatorial, porém nem sempre produzida diretamente pelo agente no macrófago. Após sua entrada dentro do macrófago, o M. leprae induz a produção de TNF-a, IL-12, IL-10 e TGF-b1 por macrófagos infectados. Essas são citocinas opostas em muitas formas de ação, incluindo suas ações sobre o próprio macrófago. De um lado, o TNF-a promove a ativação de macrófagos para a destruição intracelular de M. leprae e potencializa os efeitos do IFN-g, uma citocina produzida por células Th1, induzidas a proliferar na presença de IL-12, que também é produzida por macrófagos ativados na forma TT. Por outro lado, TGF-b1 e IL-10, citocinas macrofágicas, desativam os próprios macrófagos, aumentam a proliferação bacilar e contrapõem os efeitos do TNF-a, IFN-g e IL-12, com predomínio de resposta Th2 na forma LL. Referências utilizadas: GOULART, Isabela Maria Bernardes; PENNA, Gerson Oliveira; CUNHA, Gabriel. Imunopatologia da hanseníase: a complexidade dos mecanismos da resposta imune do hospedeiro ao Mycobacterium leprae. Rev. Soc. Bras. Med. Trop., Uberaba, v. 35, n. 4, Aug. 2002 . Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Políticas de Saúde. Departamento de Atenção Básica. Guia para o Controle da hanseníase. Brasília: Ministério da Saúde, 2002.