HANSENÍASE ASPESTOS CLINICOS EPIDEMIOLÓGICOS Descrição - Doença infectocontagiosa, crônica, curável, causada pelo bacilo de Hansen. Esse bacilo é capaz de infectar grande número de pessoas (alta infectividade), mas poucos adoecem (baixa patogenicidade). Seu poder imunogênico é responsável pelo alto potencial incapacitante da hanseníase. Definição de caso - Conforme define a Organização Mundial da Saúde, pessoa que apresenta um ou mais dos critérios listados a seguir, com ou sem história epidemiológica e que requer tratamento quimioterápico específico: lesões de pele com alteração de sensibilidade; espessamento de nervo(s) periférico(s), acompanhado de alteração de sensibilidade; e baciloscopia positiva para bacilo de Hansen. Observação - A baciloscopia negativa não afasta o diagnóstico de hanseníase. Os aspectos morfológicos das lesões cutâneas e classificação clínica nas quatro formas abaixo devem ser utilizados por profissionais especializados e em investigação científica. Operacionalmente, a OMS recomenda, para fins terapêuticos, a classificação operacional baseada no número de lesões cutâneas. O quadro final sintetiza as formas clínicas de hanseníase, com suas principais características. Sinonímia - Mal de Hansen; antes a doença era conhecida como lepra. Agente etiológico - Bacilo álcool-ácido resistente, intracelular obrigatório, denominado bacilo de Hansen ou Mycobacterium leprae. Reservatório - O homem, reconhecido como única fonte de infecção, embora tenham sido identificados animais naturalmente infectados. Modo de transmissão Contato prolongado de indivíduos suscetíveis com pacientes bacilíferos não tratados, especialmente no ambiente intradomiciliar. Período de incubação - Em média 5 anos, podendo variar de meses a mais de 10 anos. Período de transmissibilidade - Os pacientes multibacilares podem transmitir a hanseníase antes mesmo de iniciar o tratamento específico. A primeira dose de Rifampicina é capaz de matar as cepas viáveis do bacilo de Hansen em até 99,99% da carga bacilar de um indivíduo. Diagnóstico - Eventualmente, caso haja dificuldades para o diagnóstico clínico, pode ser necessário o apoio de centros de referência para procedimentos de média complexidade, como exames laboratoriais (ex.: bacilospia, histopatológico). É também importante a avaliação da história epidemiológica do paciente. Diagnóstico diferencial - Eczemátide, nevo acrômico, pitiríase versicolor, vitiligo, pitiríase rósea de Gilbert, eritema polimorfo, eritema nodoso por outras causas, granuloma anular, eritema anular, lúpus, farmacodermias, pelagra, sífilis, alopécia areata, sarcoidose, xantomas, esclerodermias. Tratamento - Não é eticamente aceitável o uso de qualquer tratamento monoterápico, sendo recomendável, portanto, a associação de drogas. Os pacientes devem ser tratados em regime ambulatorial. Características epidemiológicas - A hanseníase é mais comum em países em desenvolvimento. Tem baixa letalidade e baixa mortalidade, podendo ocorrer em qualquer idade, raça ou gênero. VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA Objetivo - Reduzir os coeficientes de detecção e prevalência da doença, através do diagnóstico e tratamento precoces dos casos, buscando interromper a cadeia de transmissão. Notificação - Doença de notificação compulsória no Brasil. MEDIDAS DE CONTROLE Diagnóstico precoce dos casos, através do atendimento de demanda espontânea, de busca ativa e de exame dos contatos para tratamento específico, que deve ser feito em regime eminentemente ambulatorial. Vigilância de contatos - Contato intradomiciliar é toda pessoa que resida ou tenha residido com o paciente nos últimos 5 anos. Examinar todos os contatos de casos novos. Os contatos sãos devem receber duas doses da vacina BCG-ID. Quando houver a cicatriz por BCG-ID, considerar como 1ª dose e aplicar a 2ª dose. Quando não houver a cicatriz, aplicar a 1ª dose e a 2ª após 6 meses. Paralelamente, os contatos sãos devem ser orientados quanto aos sinais e sintomas da hanseníase.