9ª Mostra da Produção Universitária – 13° Seminário de Extensão REFLEXÃO SOBRE A REALIDADE ENFRENTADA NUMA UNIDADE BÁSICA DE SAÚDE POR ALUNOS INTEGRANTES DO PET-SAÚDE Área temática: Saúde Isabel de Oliveira Neto (Coordenadora da ação de extensão) Isabel de Oliveira Neto¹ Inês Gullich²; Débora Lunkes Strieder³; Mara Cristina Soares Sampaio Passos4. Palavras-chave: PET-SAÚDE, comorbidades psiquiátricas, reflexão, PSF. Inspirado no Programa de Educação Tutorial – PET do Ministério da Educação, o PET-SAÚDE foi criado em 2008 como uma das ações para fortalecer a atenção básica em saúde. A educação pelo trabalho, o conceito-chave do projeto, é uma das estratégias do Programa Nacional de Reorientação da Formação Profissional em Saúde, o PRÓ-SAÚDE, em implementação no país desde 2005. O objetivo geral do PET-Saúde é fomentar a formação de grupos de aprendizagem tutorial em áreas estratégicas para o Sistema Único de Saúde (SUS), caracterizando-se como instrumento para qualificação em serviço dos profissionais da saúde, bem como de iniciação ao trabalho e vivências dirigidos aos estudantes das graduações em saúde, de acordo com as necessidades do SUS. O PET-SAÚDE, que atua diretamente com a Secretaria Municipal de Saúde do município de Rio Grande, reúne acadêmicos de graduação em medicina e enfermagem que atuam diretamente nas Unidades Básicas de Saúde (UBS). Os estudantes têm como preceptores médicos e enfermeiros da rede municipal. Esse programa tem como fio condutor a integração ensino- serviço -comunidade e, nesse sentido, são desenvolvidas atividades de prevenção e promoção em saúde, pesquisa e o acompanhamento da rotina normal das UBS. Numa das atividades de acompanhamento deparamo-nos com a situação de uma paciente de 17 anos, que foi acompanhada no período de 24/11/08 à 17/05/10 pela Equipe de Saúde da Família e pelos alunos do PET-SAÚDE, na cidade de Rio Grande-RS na UBS Dr. José Salomão. A queixa principal relatada foi: “Minha neta não sai do quarto há um ano”. Agendou-se uma visita domiciliar (VD) na qual a paciente reagiu com extrema agressividade, irritabilidade, negando-se a receber a equipe. Conversando com os avôs, constatou-se pouquíssimo convívio social (comunica-se apenas por cartas com uma amiga), abandono escolar, família 1234- Professora Doutora em Pneumologia da FAMED- FURG [email protected] Acadêmica do 5º ano do curso de Medicina da FURG Acadêmica do 3º ano do curso de Medicina da FURG Médica do Programa de Saúde da Família da SMS de Rio Grande. desestruturada, mãe com tendência suicida, pai alcoólatra, morando com avós desde os dois anos. Hipóteses diagnósticas: depressão (?); abuso sexual (?); esquizofrenia (?). A partir desta VD, e nas subseqüentes, deixaram-se bilhetes objetivando estabelecer uma relação médico-paciente efetiva e um diagnóstico mais acurado para uma posterior adesão ao tratamento. O seguimento deu-se através de VDs bimensais, com pequenos avanços a cada contato. Após discussão do caso com psiquiatra, chegou-se ao diagnóstico de depressão grave, sendo instituída terapêutica com fluoxetina que resultou em melhora significativa após 45 dias de uso. Acompanhando o caso podemos fazer várias considerações e reflexões: a) cada equipe do Programa de Saúde da Família (PSF) atende em média de 800 a 1000 famílias, portanto, fica inviável para o médico/equipe realizar VDs mais frequentes, o que em casos específicos como o da paciente acima citada, prejudicam o seu manejo e acompanhamento; b) a necessidade de uma rede de apoio bem estruturada nas UBS, com uma equipe multiprofissional para apoiar e orientar as ações de prevenção e promoção em saúde, bem como, para manejar as condutas terapêuticas destes pacientes; c) a importância do PET-SAÚDE, na medida em que está inserindo os alunos precocemente na realidade da comunidade e alertando para as dificuldades enfrentadas no atendimento da população. No caso da paciente em questão despertou o interesse dos acadêmicos para o estudo de transtornos mentais, tão pouco valorizadas durante a graduação; d) a relevância do PSF na contextualização da doença na realidade socialeconômica-cultural de cada paciente. Portanto, iniciativas como PSF e o PET-SAÚDE são fundamentais para otimizar e agregar qualidade no atendimento e na educação em saúde. Entretanto, o grande número de famílias atendidas por equipe dificultam/impedem uma atuação com a qualidade necessária e almejada. Percebemos durante o ano de trabalho como monitores do PET-SAÚDE , que um grande porcentual da população atendida pelas UBS apresenta alguma comorbidade psiquiátrica, e com isso, nota-se a extrema importância e urgência em adequar o ensino/currículo da graduação dos diferentes profissionais da saúde pra esta nova realidade.