Uso de antibióticos: novas regras visam o controle do uso

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Secretaria de Saúde de Passo Fundo - Coordenadoria de Vigilância em Saúde
Secretaria Estadual de Saúde - 6ª Coordenadoria Regional de Saúde
Universidade de Passo Fundo – UPF
Volume 7 – Nº 2 – Julho a Dezembro de 2011 – ISSN 1983 4454
Uso de antibióticos:
novas regras visam o controle
do uso indiscriminado
Leidiane Pedrotti- Acadêmica FM da UPF-Bolsista PET-Saúde/VS
Gilberto Oliveira- Acadêmico FM da UPF-Bolsista PET-Saúde /VS
Dorvana Ianzer- Enfermeira 6ªCRS-Preceptora PET-Saúde /VS
Marlene Doring- Enfermeira -Tutora PET-Saúde/VS
A venda de antibiótióticos será controlada.
Segundo o diretor-presidente da Agência Nacional
de Vigilância Sanitária “o uso indiscriminado de
antibióticos é um problema de saúde pública global.
A idéia é que o controle sobre esses medicamentos
seja feito de forma mais efetiva, contribuindo para
o consumo racional desses produtos” (ANVISA,
2010).
Segundo a Organização Mundial de Saúde
(OMS, 2009) mais de 50% das prescrições de
antimicrobianos no mundo são inadequadas. Ainda,
o comércio de antimicrobianos, somente no Brasil
em 2009, movimentou cerca de R$ 1,6 bilhões de
dólares. A ANVISA no dia 24 de Março de 2010,
realizou uma audiência pública cujo objetivo foi
discutir a ampliação do controle sobre esses
produtos e contribuir para a redução da resistência
bacteriana (ANVISA, 2010).
A resistência microbiana é um problema de
extrema importância e que a maioria dos indivíduos
desconhece. Refere-se a cepas de microorganismos
(populações de germes semelhantes) sobreviventes
ao medicamento, isto é, capazes de se multiplicar
em presença de concentrações de antimicrobiano
mais altas do que a dose eficaz para humanos, é
como se a bactéria perdesse a sensibilidade ao
medicamento. A resistência é um efeito biológico
comum, a grande questão é que o uso
indiscriminado contribuiu para a exacerbação desse
processo (WANNMACHER, 2004).
A prescrição de antimicrobianos exige
conhecimento
da
farmacocinética
e
farmacodinâmica do medicamento e, portanto,
deve, apenas, ser prescrita por um profissional que
possui tais conhecimentos. Além disso, a maneira
mais correta de se prescrever um fármaco, é após
uma cultura, isto é, exame laboratorial do doente
(coleta de materiais biológicos como: sangue, urina,
fezes, secreções, escarro, líquido ascítico/pleural,
líquor, dentre outros).O ideal seria aguardar esse
exame, mas também pode ser feito o uso empírico
baseado
no
diagnóstico
clínico,
exames
complementares, epidemiologia dos agentes e
possíveis sítios de infecção (MOTA, 2010).
Além das barreiras já apresentadas, há
ainda, a automedicação da população com
antibióticos, problema que tende a ser revertido
com a nova lei da ANVISA. Outra questão é a falta
de informação proporcionada na consulta ao
paciente sobre o uso adequado do medicamento,
seguida por pouca ou nenhuma orientação na
dispensação do fármaco. Todos esses fatores
resultam
em
abandono
do
tratamento,
precocemente, pelo usuário, administrações
perdidas ou ainda a utilização desnecessária (SÁ DEL
FIOL, 2010).
Com a nova Resolução publicada pela
ANVISA, 2010 e já em vigência, apenas profissionais
da saúde, médicos e odontólogos, podem
prescrever antibióticos. Também estabelece que a
receita médica deve ser prescrita em duas vias, uma
via ficando em poder do paciente e a outra
armazenada na farmácia que vender/dispensar o
medicamento.
As
receitas
de
antimicrobianos
correspondem a 12% de todas as prescrições
ambulatoriais, o que em geral, gera um dispêndio
de 15% dos 100 bilhões de dólares gastos
anualmente em medicamentos (WANNMACHER,
2004). Após a instauração da medida de controle da
ANVISA, ocorreu uma queda de 27% da venda de
antimicrobianos, no período de dezembro de 2010 a
maio de 2011. O maior pico ocorreu em fevereiro,
com 34%, época em que a campanha foi mais
intensificada pelo governo. Ainda, se considerarmos
os três principais antibióticos comercializados no
país (amoxicilina, azitromicina e cefalexina) a queda
foi maior, 40% (Sindusfarma, 2011).
Os
antimicrobianos
são
usados
frequentemente de forma irracional. Há vários
fatores que contribuíram ao longo da história para o
uso sem precauções como: poucas medidas de leis e
precária fiscalização por meio das autoridades
competentes, falta de um seguimento de protocolo
por parte dos médicos na prescrição de antibióticos,
limitada comunicação entre prescritor e paciente
resultando em uso inadequado dos medicamentos
por parte dos doentes, antimicrobianos usados para
moléstias de ordem não infecciosa por agentes
suscetíveis, acesso dificultoso ao profissional de
saúde qualificado para prescrever o remédio e
consequente auto-medicação (OLIVEIRA, 2010).
Dessa forma, o uso inadequado de
antimicrobianos foi se tornando fato corriqueiro,
porém desastroso a longo prazo. Tais
medicamentos devem ter um uso cuidadoso para
evitar a resistência microbiológica com intuito de
proteger, assim, o futuro da humanidade de
infecções sem um tratamento efetivo.
Referências
ANVISA. AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA
Disponível em http://portal.anvisa.gov.br/
Acessado em 15/07/2011.
MOTA, M.L., et al. Uso Racional de Antimicrobianos.
2010;43(2): 164-72.
Disponível em http://www.fmrp.usp.br/revista
Acessado em 15/07/2011.
OLIVEIRA.D.F.N. Uso indiscriminado de antibióticos nos
serviços de atenção básica: Revisão Bibliográfica.
Universidade Federal de Minas Gerais. 2010.
WORLD HEALTH ORGANIZATION. WHO. Medicines:
rational use of medicines. Fact sheet N°338. May 2010.
Disponível em
http://www.who.int/mediacentre/factsheets/f
Acessado em 8/07/2011.
_____.WHO. Urges countries to take measures to combat
antimicrobial resistance. Reportagem em 20/08/2010.
Disponível em
http://www.who.int/mediacentre/news/releases/
Acessado em 18/07/2010.
SÁ DEL FIOL, F., et al. Perfil de prescrições e uso de
antibióticos em infecções comunitárias. Revista da
Sociedade Brasileira de Medicina Tropical 43(1):68-72,
jan-fev, 2010. Disponível em
http://www.scielo.br/pdf/rsbmt/v43n1/a15v
Acessado em 18/07/2011.
SINDICATO DA INDÚSTRIA DE PRODUTOS
FARMACÊUTICOS NO ESTADO DE SÃO PAULO .Disponível
em: http://www.sindusfarmacomunica.org.br/
Acessado em 16/07/2011.
SOCIEDADE BRASILEIRA DE INFECTOLOGIA. Alerta para
uso racional de antibióticos. Disponível em:
http://www.infectologia.org.br/
Acessado em 18/07/2011.
WANNMACHER LENITA. Uso indiscriminado de
antibióticos e resistência microbiana: Uma guerra
perdida?. Vol. 1, Nº 4. Brasília, Março de 2004.
Disponível em http://www.opas.org.br
Acessado em 18/07/2011
Hepatite C: Perfil epidemiológico na
região norte do Rio Grande do Sul,
delimitada pela área da
6° Coordenadoria Regional de Saúde
Leidiane Pedrotti- Acadêmica FM da UPF Bolsista PET-Saúde/VS
Vivian Macuglia- Acadêmica FM da UPF Bolsista PET-Saúde/VS
Dorvana Ianzer- Enfermeira 6ªCRS Preceptora PET-Saúde /VS
Marlene Doring- Enfermeira - Tutora PET-Saúde/VS
A prevalência de Hepatite C (VHC) é alta
no Brasil e em praticamente todos os países do
mundo, tendo índices mais elevados em regiões
do Extremo Oriente, do leste Europeu e da
África. A Organização Mundial de Saúde (WHO,
2011) estima que cerca de 3% da população
mundial tenha sido infectada com o VHC e que
cerca de 170 milhões são portadores crônicos
com potencial risco de desenvolver cirrose
hepática associado ou não ao hepatocarcinoma.
No Brasil, segundo Ciorlia (2007), a estimativa
de portadores crônicos de Hepatite C é de 2
milhões de pessoas. (Figura 1).
Como é um problema grave de saúde
pública, essa afecção exige conhecimento de
sua epidemiologia para permitir um controle
eficaz da doença. Dessa forma, realizou-se um
estudo com o objetivo de analisar a situação
epidemiológica da hepatite C nos 58 municípios
de abrangência da 6º Coordenadoria Regional
de Saúde (CRS) de Passo Fundo.
Figura 1 – Prevalência de Hepatite C no mundo
2011
Analisaram-se os casos confirmados de
Hepatite C nos municípios pertencentes a 6°
CRS notificados no Sistema de Informações de
Agravos de Notificação (SINAN), do ano de 2007
a 2010.
Foram analisados variáveis como: faixa
etária dos indivíduos acometidos, apresentação
clínica, escolaridade, municípios de residência,
concomitância com outras infecções, forma
etiológica, apresentação clínica e as prováveis
formas de contágio subdividas em diversas
categorias, como: sexual, transfusional, uso de
drogas e medicamentos injetáveis, tratamento
cirúrgico e dentário, dentre outras. Os dados
importados do SINAN foram submetidos à
análise estatística pelo software SPSS v 18.
Durante os anos estudados, ocorreram
802 casos de hepatite C confirmados. O ano de
2008 apresentou o maior percentual (31,4%) e
2010 o menor registrado (19,5%) (Figura 2).
O sexo mais afetado é o masculino com
57% dos casos, sendo que neste grupo, o uso
de drogas/medicamentos representou a
principal e a mais provável forma de
transmissão. No sexo feminino, a via
transfusional foi a forma de transmissão mais
frequente. (Figura 3).
Figura 2: Distribuição de Casos de Hepatite C por
ano, 6° CRS, período de 2007 a 2010.
Salienta-se que em 65% dos casos não
foi possível identificar a fonte de infecção,
devido ao mau preenchimento das fichas de
investigação notificações ou pela dificuldade de
identificar a fonte de infecção por hepatite C.
Figura 4: Distribuição de Casos de Hepatite C por
município de residência, 6° CRS, período de 2007 a
2010.
Dos infectados, apenas 15,9% tem
vacinação completa para a hepatite B, e 71,8%
não são vacinados, fato importante, pois a
concomitância de ambas as infecções pode
piorar em demasia o prognóstico do paciente.
Apresentaram coinfecção com o vírus B,
2,6%, com o vírus da hepatite A 0,4% e, 5,6%
dos pacientes tinham HIV.
A faixa etária mais acometida foi dos 50
aos 59 anos com 26,8% dos casos. Porém,
observa-se prevalência importante dos 30 aos
49 anos e sessenta anos ou mais.
Figura 3: Distribuição de Casos de Hepatite C por
sexo e provável fonte de infecção, 6° CRS, período
de 2007 a 2010.
O município de Passo Fundo apresentou
maior freqüência de casos notificados, seguidos
pelo município de Marau e Lagoa Vermelha.
(Figura 4).
O nível escolar dos acometidos é
diverso, 40% estavam na faixa da 5º a 8º série
incompleta.
Outro dado importante para o manejo
do tratamento e também prognóstico dos
pacientes é o genótipo do vírus da hepatite C,
que apresentou resultado semelhante com o
nacional.
Figura 8: Distribuição de Casos de Hepatite C
por faixa etária , 6° CRS, período de 2007 a
2010.
Figura 11: Distribuição de Casos por
genótipo do Vírus C, 6° CRS, período de 2007 a
2010.
A hepatite C, na região da 6° CRS, como
em outras localidades é mais prevalente no
sexo masculino, chamando a atenção à alta
taxa de infecção devido ao uso de drogas
injetáveis. Logo, as intervenções para diminuir
novas infecções devem ser voltadas
principalmente para essa população.
Referências
Figura 10: Distribuição de Casos de Hepatite C por
escolaridade, 6° CRS, período de 2007 a 2010.
WORLD HEALTH ORGANIZATION. WHO. Hepatitis C.
Disponível em: www.who.int/csr/disease/hepatitis
Acesso em 19 de agosto, 2011.
CIORLIA, Luiz Alberto de Souza, ZANETTA, Dirce Maria
Trevisan. Hepatite C em profissionais da saúde:
prevalência e associação com fatores de risco. Rev. de
Saúde Pública. São Paulo, v.41, n.2, Abril, 2007.
PASSOS,
Afonso
Dinis
Costa.
ASPECTOS
EPIDEMIOLÓGICOS DAS HEPATITES VIRAIS. Ribeirão
Preto, 36:30-36, Jan-Marc. 2003.
LOPES, Carmen LR et al. Prevalência, fatores de risco e
genótipos da hepatite C entre usuários de drogas. Rev.
Saúde Pública [online]. 2009, vol.43, suppl.1, pp. 43-50.
ENDEREÇOS ÚTEIS
1. Secretaria Municipal de Saúde – SMS
3. Centro de Saúde
Autorização exames, autorização internação
hospitalar – AIH, solicitação do Cartão SUS, entre
outros serviços.
Endereço: Rua Paissandú, 1052 – Centro
Telefone: 3316-1000
Vacinas, Teste do Pezinho, Teste da Orelhinha,
entre outros serviços.
Rua Fagundes dos Reis, 270 Fone: 3311-6494
2. Secretaria Municipal de Saúde – SMS
Coordenadoria de Vigilância em Saúde
Vigilância em Saúde do Trabalhador-Telefone: 30460097
Vigilância Sanitária-Telefone: 3046-0084/3046 0154
Vigilância Ambiental-Telefone: 3046-0073
Vigilância
Epidemiológica-Telefone:
30460087/30460164
Endereço: Rua Silva Jardim, 727 (esquina com Rua
Independência)
4. 6ª Coordenadoria Regional de Saúde –
Secretaria Estadual de Saúde
Endereço: Rua Fagundes dos Reis, 270
Telefone: 3311-2555
5. Centro de Testagem e Aconselhamento - CTA
Rua Alcides Moura, 100 Bairro Popular
Telefone: 3311-7236
EXPEDIENTE
Conselho Editorial:
Bernadete Maria Dalmolin / UPF
Carolina Santos da Silva / SMS PMPF
Gilberto Santteti / 6ªCRS
Juliana De Marco Salvadori / SMS PMPF
Mara Salete Pitthan Dill / SMS PMPF
Maria Sônia Dal Bello/ UPF
Márcia M. Schneider / 6ªCRS UPF
Marlene Doring / UPF
Rejane R. Mocinho / 6ªCRS UPF
Rita Danielli / 6ªCRS
Equipe Executora:
Ana Caroline Secco Acadêmica IFCH UPF
Bolsista PET-Saúde/VS
Carolina Santos da Silva Terapeuta Ocupacional
Preceptora PET-Saúde/VS
Carolina Tagliari Acadêmica FM UPF
Bolsista PET-Saúde/VS
Gilberto Santetti Enfermeiro
Preceptor PET-Saúde/VS
Juliana Salvadori Farmacêutica Bioquímica
Preceptora PET-Saúde/VS
Priscila Dal Magro Acadêmica FM UPF
Bolsista PET-Saúde/VS
Vanessa da Silva Acadêmica FM UPF
Bolsista PET-Saúde/VS
Marlene Doring Enfermeira /
Coordenadora PET-Saúde/VS
Coordenação:
Marlene Doring /UPF
Mara Salete Pitthan Dill /SMS PMPF
Rejane Mocinho /6ª CRS/UPF
Elaboração:
PET-Saúde/Vigilância em Saúde UPF/SMS/6ª CRS
Tiragem: 1.000 exemplares
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Fone: 54 3316-8523
6ª Coordenadoria
Regional de Saúde
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