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ATIVIDADE FÍSICA COMO INTERVENÇÃO EM CRIANÇAS COM
TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA
Ariane Pinto Silva1
Gabriel Gomes da Silva2
Palavras-chave: Consciência corporal. Atividade física. Desenvolvimento motor.
INTRODUÇÃO:
O desenvolvimento motor é a mudança contínua do comportamento motor ao longo do
ciclo da vida, provocada pela interação entre as exigências da tarefa motora, a biologia do
indivíduo e as condições do ambiente. Quando compreendemos o processo de
desenvolvimento de um individuo típico, assimilamos orientações fundamentais importantes
para a eficácia do ensino e da aprendizagem. Para indivíduos com deficiência de
desenvolvimento, a compreensão do desenvolvimento motor fornece uma base sólida de
intervenção, terapia e medicação (GALLAHUE; GOODWAY E OZMUN, 2013).
O Transtorno do Espectro Autista (TEA) gera um atraso excepcional no
desenvolvimento motor, cognitivo e social da criança. Através da prática da Educação Física
realizam-se atividades coletivas e individuais, que potencializam a interação social e as
habilidades motoras de crianças que apresentam o transtorno. Quanto maior sua
consciência corporal, melhor socialização, condicionamento físico, controle de peso e
redução das estereotipias. Em uma visão holística, promove a capacidade de ser e agir em
um contexto psicossocial. É imprescindível a prática de atividade física para crianças com
TEA, pois tem reflexo direto em sua motricidade, permitindo maior segurança,
independência e autonomia em suas atividades diárias.
A prática regular das atividades físicas possibilita maior capacidade de aprendizado
em crianças com TEA, através de atividades motoras que permitam maior consciência
corporal, reflexos, agilidade, força, lateralidade, equilíbrio e percepção espacial e temporal,
para que aumentem seus focos de interesses e tenham condições de resolver conflitos,
oportunizando maior autonomia e melhor qualidade de vida.
Uma criança típica aprende, por meio de brincadeiras, com os pais, colegas e
professores na escola, faz amizades e adquire habilidades motoras e cognitivas,
simplesmente vivendo, ela aprende. As impressões na criança penetram em sua mente
pelos seus sentidos e a formam. Para uma criança com TEA, as coisas não são bem assim.
Há uma relação diferente entre o cérebro e os sentidos, e as informações nem sempre se
tornam conhecimento. Em todo processo de aprendizagem, há interpretações diferentes,
feitas por indivíduos diferentes, ainda que sejam em resposta a um mesmo estimulo. O
comportamento do ser humano depende de como ele percebe o exterior. As descobertas
das crianças com TEA são muito influenciadas pelas sensações com pouca inferência
cognitiva. Estimular a percepção de uma criança ajuda o desenvolvimento de abstrações,
pensamentos e ideias. Para isso é de suma importância que sejam trabalhados em sua
capacidade sensorial, capacidade espacial, capacidade de simbolizar, subjetividade,
linguagem, cognição, hiperatividade, estereotipias, psicomotricidade, genético, da
maturação, das experiências, da consciência corporal, ambiente socialização e afeto. O
comportamento da criança depende do potencial e socialização. (EUGÊNIO CUNHA, 2009)
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Centro de Atendimento ao Autista – Dr. Danilo Rolin de Moura – [email protected]
Universidade Federal de Pelotas – [email protected]
METODOLOGIA
Este trabalho é um relato de experiências das atividades realizadas no Centro de
Atendimento ao Autista Dr. Danilo Rolim de Moura, fundado em 2 de abril de 2014, na
cidade de Pelotas, que atende 276 alunos na faixa etária de 1 a 30 anos, dividindo-se entre
atendimento especializado, ludoterapia, psicomotricidade, educação física, tecnologia e
fonoaudiólogas.
Em fevereiro de 2015 teve inicio atendimentos direcionados para atividade física.
Este trabalho relata as atividades com crianças de 2 a 10 anos, onde cada aluno tem um
encontro semanal com duração de 50 minutos.
Durante os atendimentos eles experimentam as mais diversas sensações, bem
como, também são variadas suas respostas frente ao que lhe é proposto. Através de
circuitos, brincadeiras com bolas de diferentes texturas e tamanhos, bicicletas, patinetes,
piscina de bolinhas, bolhas de sabão, cordas, brinquedos de areia e pracinha, é possível
desenvolver sua motricidade, habilidades motoras, lateralidade e equilíbrio, conjuntamente
com freio inibitório, percepção espacial e rapidez de raciocínio, aumentando sua consciência
corporal, e também sua interação com os outros e com o meio.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
A atividade física estimula o cérebro, melhora concentração e atenção, aumenta o
apetite, reduz ansiedade, equilibra sono, proporciona maior gasto calórico, une a parte
motora e cognitiva e promove autonomia. É notório o progresso no que se refere ao aspecto
motor, concomitantemente com o cognitivo e socialização. Levando-se em conta que a
dificuldade de interação seja uma das características das crianças que estão dentro do
espectro, a atividade física tem possibilitado uma infinidade de recursos para que ocorra
redução significativa nesse contexto, bem como diminuição de movimentos repetidos e
estereotipados. A sensibilidade sensorial também está presente no diagnóstico, em um ou
mais dos cinco sentidos, o que pode ser controlado e minimizado com a frequência da
prática da atividade física.
Através das situações de grupo, exploração de outro espaço, contato com materiais
diversos, obediência a comandos e regras, há um aumento em suas experiências, tornando
maior sua consciência corporal, criatividade, rapidez de raciocínio, capacidade de resolver
conflitos e autonomia para suas tarefas cotidianas. No decorrer do ano todos apresentam
avanços, alguns bem significativos, sendo visível a evolução no ambiente familiar e na
escola. Além da assiduidade, outro fator que contribui para os resultados positivos ao longo
do processo, é o constante apoio da família, reforçando as regras, limites e participando
ativamente dos eventos, palestras e reuniões.
CONCLUSÃO:
As pessoas com sensibilidade sensorial apresentam maior dificuldade no
conhecimento do seu corpo, um bom desenvolvimento do esquema corporal pressupõe uma
boa evolução da motricidade, das percepções espaciais e temporais, e da afetividade.
Sendo consciência corporal a forma como o corpo se comunica consigo mesmo ou com o
meio, é de suma importância que crianças com TEA realizem atividades físicas em seu
cotidiano. Preconiza-se que as intervenções não sejam apenas em um âmbito, mas que seja
explorado todas as suas potencialidades, não somente através de seus focos de interesse,
mas mostrando e ensinado maneiras de se conhecer e se relacionar. Há diferentes tipos de
gravidade dentro do espectro, porém se a intervenção for precoce, os prognósticos serão
muito mais positivos.
REFERÊNCIAS:
Cunha, E. Autismo e Inclusão: psicopedagogias práticas educativas na escola e na família.
Rio de Janeiro: Wak Editora, 2009.
Gallahue, D.L.; Ozmun, J.C.; Goodway, J.D.; Compreendendo o Desenvolvimento Motor.
Porto Alegre: Artmed, 2013.
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