INTRODUÇÃO Presentemente, urge incluir em nossas políticas públicas educacionais os alunos portadores de necessidades especiais em instituições de ensino regulares. Neste intuito, faz-se necessário preparar docentes e habilitá-los para lidarem e inserirem de forma plena os alunos com Transtorno do Espectro Autista (TEA). O referido transtorno é uma doença que pode acarretar graves comportamentos, tanto no âmbito social quanto no escolar. Desta feita, o Educador devidamente qualificado em Inclusão e Educação Especial atuará na mediação entre professor e aluno objetivando promover e garantir uma boa integração entre todos envolvidos no processo ensino-aprendizagem para que realmente se possa falar em inclusão. De acordo com Maia (2011) as crianças portadoras de autismo possuem capacidades cognitivas variáveis, que vão desde as habilidades superiores até o retardo mental. Independentemente, as dotadas de capacidade cognitiva incólumes não são capazes de perceber o que o outro pensa ou sente e como seu comportamento é apreendido por outra pessoa. Em torno de 75% de portadores do tipo mais comum de autismo possuem dificuldades cognitivas severas. Não obstante o fato de apresentarem profundas deficiências em determinadas áreas, cerca de 10% das crianças autistas possuem uma surpreendente habilidade em áreas como a música e a matemática, inclusive sendo classificados como “autistas de alto funcionamento”. O Educador especializado na área deve estar devidamente informado sobre as reais necessidades dos alunos portadores de TEA, para poder prestar-lhes um serviço educacional harmonizado com suas necessidades dentro do contexto escolar. Essa adequação deverá ser levada a cabo em conjunto com a família e com os profissionais que atendem a criança no contexto extraescolar. Munido das informações necessárias e fundamentais acerca da criança, o Educador organizará em conjunto com o professor um esquema de metas claras e objetivas a serem alcançadas pelo aluno no decorrer do ano letivo. Somente com a presença do especialista no contexto escolar é que a inclusão do aluno autista poderá ser efetivada da maneira adequada, adaptando o currículo às necessidades do mesmo e provendo assim um ambiente onde realmente se dará um processo de aprendizagem real. Ainda que a causa do autismo não seja conhecida, há disponível uma considerável quantidade de pesquisas, artigos e livros para auxiliar e facilitar o trabalho do Educador que pretende lidar com o aluno portador de TEA, facilitando assim o seu trabalho na área da inclusão. O presente artigo apresenta-se dividido em três partes distintas: Inicialmente, tentaremos deixar claro o objeto do estudo em tela: O Transtorno do Espectro Autista. Já na segunda parte, investigou-se esclarecer os aspectos principais do referido transtorno e suas particularidades. Concluindo, propomos guiar o docente no processo de inclusão do aluno com TEA no contexto escolar, mormente no que diz respeito ao trabalho realizado em sala de aula. CAPÍTULO I Conceituando Espectro Autista e Inclusão 1. O Transtorno do Espectro Autista (TEA) O Transtorno do Espectro Autista ou simplesmente TEA, como doravante o chamaremos, constitui-se numa patologia bastante intricada, sofrendo mudanças quanto aos critérios de diagnóstico e mesmo quanto à sua terminologia. De acordo com o Código Internacional de Doenças, é definido como TGD (Transtorno Global de Desenvolvimento), abarcando o autismo infantil, incluindo o autismo mais raro e atípico, a Síndrome de Rett (Transtorno Desintegrativo da Infância), a Síndrome de Asperge, assim como outros Transtornos Globais de Desenvolvimento. O autismo é uma alteração que torna disfuncional a capacidade de comunicação da pessoa, uma disfunção global do desenvolvimento, que dificulta e mesmo impede o processo de socialização e estabelecimento de relações. Ele também compromete o comportamento, a resposta apropriada ao ambiente de forma normativa. Principais áreas de comprometimento. a) Capacidade de interação social: - Alheamento ao contexto social; - Quase inexistência de interação com crianças da mesma idade; - Dificuldade em comportamentos que exigem atenção conjuntas, tais como: apontar, compartilhar a atenção com os pais ou demais crianças, procurar com o olhar, etc. b) Estereotipização comportamental: - Repetição de padrões de padrões de comportamento, como por exemplo, entrelaçamento anormal dos dedos, inquietude das mãos, movimentos pendulares com o corpo; - Restrição severa de interesses; - Rotinas ou rituais incomuns; - Linguagem e comunicação de baixa qualidade, assim como considerável atraso, e mesmo ausência de linguagem falada ou ocorrência da mesma de forma descontextualizada. CAPÍTULO 2 Inclusão e Escola: Um desafio a ser superado. Nos hodiernos debates acerca do tema inclusão, os educadores brasileiros tem diante de si o desafio de buscar meios de resolver a questão do acesso e da permanência dos alunos nas escolas. Apesar de serem ainda poucas, algumas de sua organização e proposta pedagógica, de modo a, não só reconhecer, como valorizar as diferenças entre os alunos, sem segregações ou qualquer forma de discriminação. Embora surja uma ou outra resistência, cresce o número de instituições que buscam aderir a uma educação mais humanizada e atenta às diferenças existentes entre seus educandos. Tais ações são de salutar importância, tendo em vista que promove novas experiências e motiva um número significativo de questionamentos acerca de nossa prática docente. É necessário que a inclusão seja compreendida como uma proposta por maior igualdade e a mecanismos mais equitativos no acesso a bens e serviços e não somente num frio e burocrático cumprimento da lei: Fazer valer o direito à educação para todos não se limita a cumprir o que está na lei e aplicá-la, sumariamente, às situações discriminadoras. O assunto merece um entendimento mais profundo da questão de justiça. A escola justa e desejável para todos não se sustenta unicamente no fato de os homens serem iguais e nascerem iguais. Para Bobbio, a igualdade natural não tem um significado unívoco, mas tantas quantas forem as respostas às questões “Igualdade entre quem? Igualdade em quê?. A extensão desse valor, portanto, precisa ser considerada, para não entendermos que todos os homens sejam iguais em tudo.( MANTOAN et alii, 2006) , Para que seja instaurada uma política igualitária em nossas escolas não se pode conceber a errônea ideia de que nossos alunos sejam iguais em tudo, como acontece na prática em quase todos os modelos escolares adotados em nosso país. É de fundamental importância que levemos em consideração suas desigualdades naturais e sociais e ter a consciência de que somente estas últimas podem ser alvo de mudanças. As atuais políticas educacionais, em muitos momentos confirmam e promovem o ideal igualitarista/universalista da Modernidade. De certa forma elas participam do esforço moderno para superar o “estado da natureza”, domesticando assim os que fogem dos padrões. Como inserir as diferenças baseando-se num plano racional que as extinguem ou simplesmente as ignoram, pondo-as de lado como refugo que escapa à definição? (Bauman, 1999, p.15). Como podemos perceber, a igualdade é muitas vezes tratada de forma superficial e até mesmo leviana, como uma abstração, algo existente apenas mundo ideal e distante. Entretanto é preciso reconhecer que: A igualdade abstrata não propiciou a garantia de relações justas nas escolas. A igualdade de oportunidades, que tem sido a marca das políticas igualitárias e democráticas no âmbito educacional, também não consegue resolver o problema das diferenças nas escolas, pois elas escapam ao que essa proposta sugere, diante das desigualdades naturais e sociais. Apesar dos pesares, a negligência e descaso às diferenças está felizmente se extinguindo. No mundo atual, ignorá-las é algo fora da realidade, desfocado. Contudo, é necessário que estejamos atentos, pois é sempre delicada combinação entre igualdades e diferenças no contexto escolar. Porém, o mais importante e essencial é que os alunos sejam tratados segundo suas necessidades reais, jamais desvalorizados, discriminados ou inferiorizados. É dever nosso transformar nossos espaços educacionais em lugares saudáveis onde a discriminação, o isolamento e consequente esquecimento não mais ocorram. O âmago da questão consiste em compreendermos que é inútil falarmos de inclusão sem pensarmos em uma nova realidade, um novo modelo de escola. É preciso considerar as crescentes demandas por gestões mais democráticas e verdadeiramente engajadas num processo de democratização da realidade escolar. Sem repensar as mudanças profundas ocorridas em nossas sociedades e a ressignificação dos papéis sociais, nosso discurso quedará vazio e desprovido de sentido. Estamos diante de uma relação complexa: garantir uma escola para todos, mas de qualidade e que atenda as exigências cada vez mais plurais de nossa sociedade. Transformar uma escola e torná-la democrática de fato e acolhedora faz parte de um processo lento e deve primar pela responsabilidade, sobretudo quando o que se propõe é uma ruptura com modelos com modelos antigos e falidos, que embora tenham se mostrado ineficazes, ainda são majoritários e vale-se de um pesado corporativismo para se perpetuarem. O processo de inclusão, repetimos, é lento, porém, é justamente nesta suposta vagarosidade que reside suas chances mais reais e tangíveis de êxito. O engessamento do currículo escolar e o - suposto – despreparo por parte dos docentes, por sua vez, não podem mais servir de pretexto para a não efetivação da inclusão. Entretanto, como prepará-los para enfrentar esse desafio? Que motivação teriam para buscar novas práticas pedagógicas? Resumindo, a inclusão se impõe e não pode mais ser negligenciada, ignorada, está presente de tal forma que já não podemos fazer “vista grossa”. É preciso que contra todos os argumentos negativos, respondamos com a plenitude de sentido que damos à escola que queremos – uma escola inclusiva, onde as diferenças sejam reconhecidas e valorizadas.