INSTITUTO BRASILEIRO DE TERAPIA INTENSIVA – IBRATI

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INSTITUTO BRASILEIRO DE TERAPIA INTENSIVA – IBRATI
SOCIEDADE BRASILEIRA DE TERAPIA INTENSIVA – SOBRATI
MESTRADO PROFISSIONALIZANTE EM TERAPIA INTENSIVA
DEUSA HELENA DE ALBUQUERQUE MACHADO
PREDETERMINANTES DE SOBREVIVÊNCIA DE PACIENTES EM PARADA
CARDIORRESPIRATÓRIA SUBMETIDAS AO SERVIÇO DE ATENDIMENTO
MÓVEL DE URGÊNCIA
TERESINA-PI
MAR/2016
DEUSA HELENA DE ALBUQUERQUE MACHADO
PREDETERMINANTES DE SOBREVIVÊNCIA DE PACIENTES EM PARADA
CARDIORRESPIRATÓRIA SUBMETIDAS AO SERVIÇO DE ATENDIMENTO
MÓVEL DE URGÊNCIA
Dissertação
apresentada
ao
Programa de Pós-Graduação em
Terapia
Intensiva,
do
Instituto
Brasileiro de Terapia Intensiva, como
requisito parcial para obtenção do
título
de
Mestre
em
Terapia
Intensiva.
Orientadora: M.e Flávia Maria da
Silva Andrade.
TERESINA-PI
2016
DEUSA HELENA DE ALBUQUERQUE MACHADO
PREDETERMINANTES DE SOBREVIVÊNCIA DE PACIENTES EM PARADA
CARDIORRESPIRATÓRIA SUBMETIDAS AO SERVIÇO DE ATENDIMENTO
MÓVEL DE URGÊNCIA
BANCA EXAMINADORA
Prof. M.e Flávia Maria da Silva Andrade
Instituto Brasileiro em Terapia Intensiva – IBRATI
Examinador
Prof. M.e Edilson Gomes de Oliveira
Instituto Brasileiro em Terapia Intensiva – IBRATI
Examinador
Prof. Dr. Douglas Ferrari
Instituto Brasileiro em Terapia Intensiva – IBRATI
Examinador
AGRADECIMENTOS
A DEUS por todas as conquistas, pois sem as suas bênçãos não
poderíamos alcançar, esta grande vitória.
A minha família pelo respeito e estímulo nos momentos de ausência.
A minha orientadora, Prof. Flavia, pela diligência no préstimo de
informações, correção de desvios, atenção, especialmente pela disponibilidade
em ajudar.
Ao Prof. Douglas Ferrari Carneiro pelo exemplo de conduta sempre
pautada na humanização, pelos constantes incentivos e fonte de saber que
representa para os profissionais atuantes em Terapia Intensiva.
A este Instituto, seu corpo docente, direção, administração, que
oportunizaram meu engrandecimento profissional.
RESUMO
O serviço de atendimento móvel de urgência (SAMU 192) foi regulamentado no
Brasil a partir de 2003 com o objetivo de prestar socorro às pessoas em
situações de agravos urgentes. A grande maioria das ocorrências em que a
USA é acionada envolve pacientes em situações graves de saúde e muitos já
em parada cardiorrespiratória. Este estudo teve como objetivo avaliar as
medidas necessárias para o aumento da sobrevida dos pacientes em parada
cardiorrespiratória no ambiente não hospitalar que necessitam do atendimento
do SAMU. Trata-se de uma pesquisa bibliográfica utilizando como fontes de
pesquisa livros atuais, protocolos, artigos científicos pertinentes ao tema em
consultas à internet. Estima-se que a maioria das PCRs em ambiente extra
hospitalar sejam em decorrências de ritmos como fibrilação ventricular e
taquicardia ventricular sem pulso. É de extrema importância que as pessoas
devam ser capacitadas a atuar frente a uma PCR. É preciso que os gestores
invistam na sua continuidade, no aperfeiçoamento de sua implantação e
implementação e no seu monitoramento, buscando excelência e integração
com todo o sistema de urgência e emergência.
Palavras chave: Parada cardiorrespiratória, Samu e Pré-Hospitalar.
ABSTRACT
The emergency mobile care service (SAMU 192) was regulated in Brazil since
2003 in order to provide relief to people in situations of urgent grievances. The
vast majority of instances in which the USA is driven involves patients in serious
health situations and many already in cardiac arrest. This study aimed to
evaluate the necessary measures to increase the survival of patients in cardiac
arrest in non-hospital environment that require the SAMU service. This is a
bibliographic research using books as current research sources, protocols,
scientific articles relevant to the topic in Internet queries. It is estimated that
most of the additional PCRs in a hospital environment are derivations in rhythm
as ventricular fibrillation and pulseless ventricular tachycardia. It is very
important that people should be empowered to act opposite a PCR. It is
necessary that managers invest in their continuity, improvement of its
implementation and implementation and its monitoring, seeking excellence and
integration with all emergency system and emergency.
Keywords: Cardiopulmonary resuscitation, Samu and prehospital.
SUMÁRIO
1
INTRODUÇÃO......................................................................................................06
2
OBJETIVO.............................................................................................................07
3
METODOLOGIA....................................................................................................07
4
RESULTADOS E DISCUSSÃO..................................................................................07
4.1- TEMPO RESPOSTA.......................................................................................10
4.2- PCR PRESENCIADA.......................................................................................11
4.3- HORÁRIO DO CHAMADO..............................................................................12
4.4- MANOBRAS DE RCP......................................................................................12
4.5- RÍTMO CARDÍACO INICIAL............................................................................13
5
CONSIDERAÇÕES FINAIS.......................................................................................13
REFERÊNCIAS.......................................................................................................15
PREDETERMINANTES DE SOBREVIVÊNCIA DE PACIENTES EM PARADA
CARDIORRESPIRATÓRIA SUBMETIDAS AO SERVIÇO DE ATENDIMENTO
MÓVEL DE URGÊNCIA
INTRODUÇÃO
O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU 192) foi
regulamentado no Brasil a partir de 2003, com o objetivo de prestar socorro às
pessoas em situações de agravos urgentes, chegando precocemente à vítima,
em situação de urgência ou emergência de natureza clínica, traumática,
obstétrica, pediátrica, psiquiátrica, entre outras, que possa levar a sofrimento
físico ou psíquico, a sequelas ou mesmo a morte. É um serviço de atendimento
pré-hospitalar que objetiva vincular as vítimas aos serviços de saúde com o
menor tempo possível. (BRASIL, 2014)
A grande maioria das ocorrências em que a USA é acionada envolve
pacientes em situações graves de saúde e muitos já em parada
cardiorrespiratória. Situações que requer da equipe e do sistema agilidade e
competência, pois cada segundo de atraso contribui para a morte do paciente,
sem ter chances de sobrevivência. Para Ishitani et al.(2006) as causas
isquêmicas do coração são responsáveis por 80,0% dos casos de parada
cardiorrespiratória. Quando acontece uma parada cardíaca ou uma arritmia
severa e a pessoa perde a consciência, já com morte aparente, nos primeiros
minutos a vítima ainda pode ser recuperada, se prontamente atendida.
As arritmias cardíacas, e as consequentes mortes súbitas, podem
resultar da soma de fatores que as provocam. Assim, um coração previamente
doente poderá apresentar uma arritmia fatal se exposto a esforços
desproporcionais ou a certos medicamentos ou drogas. São cada vez mais
frequentes as mortes súbitas em pessoas tidas como sadias quando estão sob
o efeito da cocaína ou Ecstasy. ( EYE, 2016 )
OBJETIVO
Este estudo teve como objetivo identificar possíveis preditores de
sucesso dos procedimentos de Reanimação Cardiopulmonar (RCP) em Parada
Cardiorrespiratória (PCR) pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência. O
conhecimento dos resultados do atendimento pré-hospitalar de RCP poderá
auxiliar na definição de políticas de saúde que proponham as mudanças
necessárias para qualificar este tipo de assistência.
METODOLOGIA
Trata-se de uma pesquisa bibliográfica utilizando como fonte de
pesquisa: protocolos, artigos científicos pertinentes ao tema em consultas à
internet cujas fontes foram na base de dados SCIELO e BIREME e site
específicos da área, e em língua portuguesa, com recorte temporal de 2005 a
2015. A coleta nos bancos de dados foi realizada entre os meses de janeiro a
junho de 2016, por meio das palavras-chave: parada cardiorrespiratória, SAMU
e pré-hospitalar. Foram excluídos artigos em língua estrangeira, e os de língua
portuguesa anteriores a 2005 e que não contemplaram o problema em
questão.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Segundo Ferrari (2016) a Parada Cardiorrespiratória (PCR) é o limite da
gravidade que impõe o atendimento imediato por parte da equipe de saúde. Os
conceitos atuais reforçam a necessidade do atendimento imediato ou “hora
dourada” em virtude de não existir reserva de oxigênio na corrente sanguínea,
portanto a oxigenação tecidual deve ser prontamente estabelecida. Evitar a
hipóxia e anóxia cerebral é o objetivo de todo atendimento, haja vista o cérebro
não suportar mais que três minutos sem oxigênio, dando início à isquemia e
danos imprevisíveis o que, teoricamente, após dez minutos ou menos podem
surgir os sinais definitivos de morte encefálica. A medida imediata é a MRCP,
Manobra de Reanimação Cardio-Pulmonar, estabelecendo a viabilidade
imediata da circulação e oxigenação.
O SAMU funciona 24h e conta com unidades de suporte básico,
unidades de suporte avançado de vida, motolâncias, ambulanchas e unidades
aeromédicas habilitadas e disponíveis. Os profissionais que atuam no SAMU
exercitam diariamente uma luta em favor da saúde dos cidadãos e enfrenta
toda a sorte de urgências, do parto à parada cardiorrespiratória, da crise
convulsiva ao politraumatizado, da intoxicação a queimadura, da dor no peito a
hipoglicemia e muito mais. É um verdadeiro desafio diário na busca por uma
oferta de ações de saúde de qualidade. (BRASIL, 2014)
A Unidade de Suporte Avançado (USA) é sempre acionada para os
casos mais graves, em que necessita de atendimento imediato no local em que
ocorreu o agravo a saúde do paciente. As ocorrências envolvendo paciente em
PCR é sempre um desafio para a equipe, pois muitos são os fatores envolvidos
para a recuperação deste paciente.
A PCR permanece como um problema mundial de saúde
pública. Apesar de avanços nos últimos anos relacionados à
prevenção e tratamento, muitas são as vidas perdidas
anualmente no Brasil relacionadas à PCR, ainda que não
tenhamos a exata dimensão do problema pela falta de
estatísticas robustas a este respeito. Os avanços também se
estendem à legislação sobre acesso público à desfibrilação e
obrigatoriedade de disponibilização de DEAs (desfibriladores
externos automáticos), bem como no treinamento em RCP
(ressuscitação cardiopulmonar), missão esta em que a
Sociedade Brasileira de Cardiologia apresenta, há muitos anos,
uma posição de destaque. Podemos estimar algo ao redor de
200.000 PCRs ao ano, no Brasil, sendo metade dos casos
ocorrendo em ambiente hospitalar, e a outra metade em
ambientes como residências, shopping centers, aeroportos,
estádios, etc. (RÔLA JR, 2013).
Estima-se que a maioria das PCR em ambiente extra-hospitalar seja em
decorrências de ritmos como fibrilação ventricular e taquicardia ventricular sem
pulso, enquanto que, em ambiente hospitalar, a atividade elétrica sem pulso e a
assistolia respondam pela maioria dos casos. Esta diferença deve-se
provavelmente a um perfil diverso do paciente internado, em que a PCR é um
evento que reflete uma deterioração clínica progressiva, diferentemente do que
acontece fora do hospital, em que a maioria das PCR é súbita. E em grande
parte causada por arritmias decorrentes de quadros isquêmicos agudos, como
Infarto Agudo do Miocárdio.
O grande problema dos atendimentos em PCR, é que o paciente fica
muito tempo sem nenhuma manobra de reanimação até a equipe chegar. E
cada segundo transcorrido desse tempo menores são as chances de
sobrevivência.
A
Parada
Cardiorrespiratória
(PCR)
é
considerada
como
uma
intercorrência de alta complexidade comum a todas as especialidades médicas,
podendo ocorrer em qualquer setor de saúde. O atendimento nessas
circunstâncias
exige
da
equipe
multiprofissional
rapidez,
eficiência,
conhecimento científico, habilidade técnica no desempenho da ação bem como
o aprimoramento de suas habilidades cognitivas, motoras e atualização sobre
as manobras de reanimação, visto que a incidência deste tipo de ocorrência é
alta (ZANINI, NASCIMENTO, BARRA, 2006).
O atendimento pré-hospitalar é um importante recurso no atendimento
aos pacientes em PCR. No entanto, há muitas dificuldades da realização dessa
assistência em tempo hábil, para sobrevivência destes. Um atendimento de
qualidade inclui a chegada precoce a vítima, com uma equipe treinada, com
capacidade de realizar manobras de reanimação eficientes até a chegada a
uma Unidade Hospitalar.
Infelizmente grande parte dos atendimentos às pessoas em PCR resulta
em apenas na constatação do óbito. Muitas vezes as pessoas demoram a pedir
ajuda e não sabem como proceder até a chegada da ambulância, além das
próprias características da pessoa com PCR, como idade avançada dentre
outras.
Apesar da disponibilidade de recursos para o acionamento de
ambulâncias para o atendimento das vitimas com PCR em curto intervalo de
tempo, muitos outros fatores contribuem de forma negativa para o sucesso na
RCP em ambiente extra-hospitalar. Dentre estes, destacam-se os mais
variados locais em que se encontra a vítima, que muitas vezes necessita de um
ambiente melhor para a RCP, comorbidades da vítima, as características da
PCR e a presença de lesões associadas. Vale ressaltar que as manobras de
RCP não devem ser iniciadas diante de sinais claros de morte como livedo
postural, rigor mortis, algo mortis e lesões incompatíveis com a vida. Também
não se justifica a realização de RCP em pacientes com doenças crônicas em
estágio terminal, pois, se a reversão da PCR ocorrer, será temporária, já que a
doença de base não é passível de tratamento e controle.
Segundo Morais (2007) cerca de 80,0% das PCR ocorrem em ambiente
pré-hospitalar e vários fatores podem influenciar nos resultados do atendimento
ao paciente tais como tempo-resposta (TR) da ambulância, ritmo inicial de
PCR, dentre outros.
TEMPO RESPOSTA
O tempo-resposta da ambulância, ou seja, o tempo decorrido, em
minutos entre a transmissão do chamado à equipe pela Central de Regulação
até a chegada da ambulância ao local determinado é um dos indicadores de
desempenho de um serviço de atendimento pré-hospitalar.
Quanto menor tempo de deslocamento, mais rápido a vítima é assistida
o que pode fazer diferença na sua sobrevida. A portaria GM n. 1.864 de 29 de
setembro de 2003 determina que dentre os diversos indicadores o tempo
resposta deve ser avaliado, acompanhado e apresentado trimestralmente ao
Ministério da Saúde (BRASIL, 2014).
O estudo de Semensato, Zimerman e Rohde (2011), realizado em Porto
Alegre evidenciou um TR de 13 minutos e os autores relatam que apesar de
existirem outros fatores, esse alto TR possa ter comprometido a sobrevida das
pessoas de PCR.
A rapidez do atendimento é um fator crucial, relacionado à sobrevivência
e à ocorrência de sequelas incapacitantes. Sabemos que após 4 minutos de
parada cardiorrespiratória sem atendimento já começam a surgir lesões
irreversíveis, e que a cada minuto que passa, a chance de sobrevivência
diminui em torno de 10%. Portanto, após cerca de 10 a 12 minutos, estas
chances seriam mínimas (MARQUES, 2007).
Percebe-se que embora os médicos deste serviço orientem, por
telefone, como as pessoas devem proceder até a chegada da ambulância, nem
sempre essas orientações são seguidas. Corrêa (2010) relata que o
desequilíbrio emocional diante da situação, falta de habilidade adequada para a
realização das manobras de RCP e a possibilidade do paciente ser um parente
próximo muitas vezes impede o leigo de atuar adequadamente.
É de extrema importância que a população deva ser capacitada a atuar
frente a uma PCR, pois a realização de manobras de RCP, até a chegada do
serviço de atendimento móvel de urgência, pode aumentar a chance de
sobrevida do paciente, pois dependendo da distancia entre o ponto de apoio e
o local da ocorrência, esse tempo pode significar a morte do paciente sem ao
menos a tentativa de RCP.
Para a efetividade na assistência às pessoas vítimas de PCR, é
necessário
a
presença
de
uma
equipe
treinada,
medicamentos
e
equipamentos adequados e também um ambiente adequado para receber
pacientes com Retorno da Circulação Espontânea. Apesar de a PCR
representar, para algumas pessoas, o estágio final natural da vida, para outras,
é apenas um estágio transitório, com possibilidades de reversão (MORAIS,
2007).
O fator mais crítico para pacientes com uma PCR é o tempo entre o
início do colapso até o início do tratamento e a chance de sobrevida é menor
se esse evento não é presenciado por alguém. A cada minuto de retardo para o
tratamento a probabilidade de sobreviver diminui de 7 a 10%.
Para Ferrari (2016) o conceito de “Hora Dourada” reforça a necessidade
do atendimento rápido, correto e sequencial. Em todos os estudos, a primeira
hora corretamente assistida, salva vidas com diminuição das sequelas.
PCR PRESENCIADA
Refere-se à presença ou não de alguém no momento em que a pessoa
foi acometida pela PCR.
Um dos fatores que consistentemente está associado com maior
sobrevida Pós-PCR fora do hospital é o fato do evento ser testemunhado. A
testemunha permite um acesso mais rápido ao socorro e aumenta a
possibilidade de se iniciar precocemente com as manobras de ressuscitação,
fatores relevantes na cadeia da sobrevivência.
De acordo com estudo realizado por Morais (2012) as pessoas que
tiveram a PCR presenciada por alguém treinado em suporte básico de vida
tiveram 3,5 vezes mais chance de ter o retorno da circulação espontânea se
comparado com pessoas que não tiveram a PCR presenciada por esse grupo.
Quando a PCR foi presenciada por alguém da equipe do SAMU (USB ou USA),
as pessoas tiveram 2,9 mais chance de ter o RCE quando comparado com as
pessoas em que PCR não foi presenciada por alguém da equipe do SAMU.
Em um estudo realizado no SAMU/BH, em 2005, com pacientes
atendidos em PCR por equipes das USA, mostrou que nas situações que a
PCR foi presenciada pelas equipes de atendimento, as pessoas tiveram 2,8
vezes mais chance de ter o Retorno da Circulação Espontânea quando
comparado com as pessoas em que PCR não foi presenciada por alguém da
equipe do SAMU (MORAIS, 2007).
HORÁRIO DO CHAMADO
É o horário registrado na ficha de atendimento no momento em que a
equipe foi acionada para atender a ocorrência. As ocorrências em que a USA é
acionada durante a madrugada, nem sempre a hora da PCR foi justamente a
hora que foi acionado o SAMU, mas a hora que alguém percebeu que a vitima
se encontra em PCR.
MANOBRAS DE RCP
Refere-se à pessoa vítima de PCR que tenha recebido manobras de
RCP antes da chegada da USA no local.
Os estudos com desfibrilador automático mostram consistentemente que
o tratamento do paciente com parada cardíaca por fibrilação ventricular (FV)
nos primeiros 3-4 minutos através do choque desfibrilatório acarreta altos
índices de sobrevida ( SEMENSATO,2010).
RITMO CARDÍACO INICIAL
É o ritmo cardíaco da pessoa vítima de PCR mostrado no monitor
durante a primeira avaliação realizada pela equipe.
Para Semensato (2010) na parada cardíaca por fibrilação ventricular a
etapa mais importante é o choque desfibrilatório, alcançando índice de
sobrevida na alta hospitalar de até 74% nos que recebem o choque até o
terceiro minuto pós-parada. A compressão torácica realizada precocemente,
através do fornecimento de quantidade crítica de sangue ao coração e o
cérebro, prolonga o tempo de permanência em fibrilação ventricular e aumenta
as chances de desfibrilação com sucesso, principalmente quando o tempo
resposta é maior do que 4 a 5 minutos.
Dos ritmos cardíacos registrados no estudo realizado por Morais (2009)
a maioria (28-33,7%) das pessoas com sobrevida imediata pós-RCP,
encontrava-se com fibrilação ventricular ou taquicardia ventricular sem pulso
durante a avaliação inicial das equipes responsáveis pelos atendimentos. Esse
ritmo também foi o mais encontrado (25-39,7%) nas pessoas com PCR por
causas clínicas e com sobrevida imediata.
Para Ferrari (2016) a Fibrilação Ventricular caracteriza-se por arritmia
grave e leva a ausência total de circulação e pulso. Origina-se da atividade
desorganizada e caótica das fibras cardíacas, desencadeando no miocárdio um
padrão fibrilatório, impossibilitando a contração do miocárdio. Presente em 90%
das Paradas Cardíacas em adultos em ambiente extra-hospitalar é uma
arritmia fatal e de péssimo prognóstico, tendo como principal medida de
tratamento a desfibrilação precoce. A cada minuto decorrido sem que haja a
desfibrilação, aumentam-se em 10% as chances do insucesso da reanimação.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O Serviço de atendimento móvel de urgência (SAMU) foi criado para
padronizar e regulamentar um subsistema fundamental para salvar vidas,
justificando como política pública de saúde no Brasil, tendo já sido comprovada
sua eficácia em vários países do mundo. Portanto, é preciso que os gestores
invistam na sua continuidade, no aperfeiçoamento de sua implantação e no seu
monitoramento, buscando excelência e integração com todo o sistema de
urgência e emergência.
Muitos são os fatores que contribuem para o atendimento de qualidade e
eficaz, que depende de compromisso profissional, qualificação e investimento
dos gestores para amenizar os agravos à saúde da população, pois a
sobrevida é maior quando as manobras de RCP são realizadas de forma
eficiente e nos primeiros momentos da parada.
No entanto, trabalhos já realizados mostraram que a simples introdução
do sistema não é o suficiente para melhorar os índices de sobrevida desses
pacientes. Fatores relacionados tanto às características demográficas das
vítimas, as circunstâncias nas quais o evento ocorre e a organização do serviço
para fornecer os cuidados necessários é importante para o sucesso.
Recomenda-se que cada local avalie a efetividade de seu sistema medindo
desfechos como índices de sobrevida, bem como as variáveis preditoras de
mortalidade, além dos marcadores da qualidade da assistência prestada.
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