2/05/2008 - 17h00 Política industrial quer mais exportação; governo abre mão de R$ 21,4 bi em impostos Da Redação Em São Paulo O governo federal anunciou nesta segunda-feira as medidas que integram sua nova política industrial. Entre as metas, está o aumento das exportações. Para alcançar os objetivos, o governo disse que vai abrir mão de R$ 21,4 bilhões em impostos (a chamada renúncia fiscal). A idéia é financiar 24 setores da economia entre 2008 e 2010. Veja quadros com as principais medidas no fim deste texto. Fundo soberano será financiado por superávit primário Para ministro, pode haver corte de despesas Programa estimula exportações: veja as propostas Redução de encargos para softwares BNDES vai desembolsar R$ 320 bilhões até 2010 "A desoneração, a renúncia fiscal de R$ 21,4 bilhões vem se somar a outras desonerações que o governo vem fazendo para estimular o país", disse o ministro da Fazenda, Guido Mantega, durante a cerimônia de lançamento da Política de Desenvolvimento Produtivo, que já ganhou o apelido de "PAC da indústria", em referência ao Programação de Aceleração do Crescimento. "O objetivo da política industrial é aumentar os investimentos e as exportações para garantir a sustentabilidade de um ciclo de crescimento", acrescentou Mantega. "Precisamos de uma nova onda de exportações do Brasil." Repercussões CNI elogia medidas anunciadas Caminho é bom, mas câmbio atrapalha, afirma economista Incentivos devem ter pouco efeito prático, dizem especialistas O ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, afirmou que a queda do dólar não vai impedir o crescimento das exportações brasileiras, essencial para que o país atinja 1,25% do comércio mundial em 2010. Essa é uma das quatro metas do novo plano. Além do aumento da participação brasileira no comércio mundial -que no ano passado foi de 1,18%-, o plano prevê a elevação do investimento fixo para 21% do PIB até 2010, contra 17,6% no calendário passado, o aumento do investimento privado em pesquisa e desenvolvimento para 0,65% do PIB em 2010 e a ampliação em 10% do número de micro e pequenas empresas exportadoras, o que significaria 12.971 micro e pequenas empresas brasileiras exportando em 2010. INDÚSTRIA QUER REFORÇOS Empresas mantêm cautela Produção industrial segue forte Indústria em capacidade máxima Montadoras têm recorde em abril Indústria x dólar em queda Para Paulo Bernardo, a tendência de queda do dólar acontece no mundo inteiro e não adiantaria o governo brasileiro tentar inverter essa trajetória. "Seria muita pretensão nossa achar que temos condições de fazer uma política cambial capaz de reverter. Possivelmente nós gastaríamos muito dinheiro e não conseguiríamos reverter a tendência de queda do dólar", disse Bernardo. Ele afirmou que, nos últimos cinco anos, o setor exportador brasileiro vem crescendo a despeito da queda contínua da moeda americana. "Não vi ninguém dizer que quebrou por causa do dólar." O ministro Mantega, anunciou formalmente a criação do fundo soberano do Brasil, que terá como principal fonte o superávit primário do setor público (economia que o governo faz para pagar dívida). Ainda sobre o fundo soberano, Paulo Bernardo negou que ele tenha como objetivo influenciar o câmbio. Segundo ele, o objetivo do fundo será fomentar a atividade de empresas brasileiras no exterior. O ministro minimizou também as críticas à Política de Desenvolvimento Produtivo que está sendo anunciada. Segundo ele, os que dizem que deveria haver mais investimento em infra-estrutura não fizeram esse tipo de investimento nos últimos 25 anos. "O Brasil passou 25 anos sem investimento em infra-estrutura, e o PAC e essa política são tentativas", comentou. MEDIDAS TRIBUTÁRIAS DE ESTÍMULO AO INVESTIMENTO Prorrogação, até 2010, do previsto pela lei nº 11.051 de 2004: depreciação acelerada em 50% do prazo e crédito de 25% do valor anual da depreciação contra a CSLL Redução de prazo de apropriação de créditos de PIS e COFINS derivados da aquisição de bens de capital de 24 para 12 meses Redução do IPI para uma lista de setores a ser divulgada Eliminação da incidência do IOF de 0,38% nas operações de crédito do BNDES, Finame e Finep (Com informações da Reuters) FINANCIAMENTO DE RENDA VARIAVEL Ampliação do "funding" do BNDES: desembolso total projetado para indústria e serviços entre 2008 e 2010 de R$ 210,4 bilhões (capacidade produtiva, inovação e modernização) "Spreads" e prazo do BNDES: redução de 20% no spread básico do conjunto de linhas de financiamento do BNDES, de 1,4% para 1,1% ao ano Linhas para comercialização de bens de capital: -Redução de 40% do spread básico de 1,5% ao ano para 0,9% ao ano; duplicação do prazo para a indústria no produto Finame, de 5 para 10 anos 100% da TJLP (hoje 6,25% ao ano) Redução da taxa de intermediação de 0,8 para 0,5% (Com informações da Reuters)