Crescimento tímido A crise na economia norte

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Crescimento tímido
Wilson Benício Siqueira – Presidente do CORECON-MG
Artigo publicado no jornal Estado de Minas em 20/10/2008
A crise na economia norte-americana, que, apesar da aprovação do socorro
aos bancos, promete ser longa, certamente terá reflexos negativos no
crescimento da economia mineira. Com 61% do total de produtos exportados
centrados em commodities (minério de ferro, café), exceto automóveis, Minas
Gerais tem como principais importadores a China e os Estados Unidos,
respectivamente, que somente no ano passado, de acordo com dados da
Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico, responderam por 29,8%
das exportações do estado, representando um volume de negócios da ordem
de US$ 5,47 bilhões. Embora a China tenha emitido sinais de que seu sistema
financeiro está blindado – o vice-diretor do Departamento de Supervisão
Bancária, Liu Fischou, revelou que os bancos daquele país investiram somente
3,7% do seu patrimônio em fundos internacionais –, os dados mostram uma
discreta desaceleração do crescimento econômico daquele país. No primeiro
semestre deste ano sua economia cresceu 10,4%, resultado inferior em 1,7%
se comparado com o mesmo período do ano passado.
Outro sinal de cautela veio da Região Metropolitana de Belo Horizonte. A Fiat
Automóveis, segunda empresa no ranking das 10 maiores exportadoras de
Minas Gerais, que no ano passado respondeu por 6% das exportações do
estado, anunciou a antecipação de férias coletivas para 1,7 mil trabalhadores,
com duração entre 10 e 30 dias, o que resultará na redução estimada de cerca
de 10% da sua produção. O governo brasileiro também já reduziu a estimativa
de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) deste ano, de 4,5% no mês de
agosto, quando enviou o Orçamento de 2009 para o Legislativo, para 3,5% no
final de setembro, de acordo com pesquisa do Banco Central (BC). Com todos
os sinais de retração da economia mundial – da recessão norte-americana à
queda livre do preço dos commodities no mercado internacional – dificilmente
a economia de Minas repetirá, em 2009, os resultados positivos apresentados
no primeiro semestre deste ano, quando o PIB do estado cresceu 8,1% em
relação ao mesmo período do ano anterior, superando o crescimento do PIB
brasileiro, que foi de 6,13% na primeira metade de 2008.
O BC tem que produzir rapidamente respostas para que a disponibilidade de
reais e/ou dólar não venha baixar, gerando dificuldades para os consumidores,
exportadores, importadores quanto às linhas de crédito. Por outro lado, a
redução do depósito compulsório e o socorro aos pequenos bancos brasileiros
são medidas consideradas positivas, mas o BC precisa ter também a coragem
de reduzir as taxas de juros para que o governo disponibilize caixa para
investir nas áreas de infra-estrutura, como nas estradas, ferrovias e portos, na
melhoria da educação e da saúde, entre outras. Além disso, neste momento de
turbulência econômica, os governos federal, estaduais e municipais terão que
conter gastos para reduzir o déficit público.
Acreditamos que o BC brasileiro precisa parar de imitar o FED (banco central
norte-americano) e fazer uma política monetária visando aos resultados
positivos da economia real, a começar pela estabilização do câmbio com o
dólar abaixo de R$ 2; destravar a liquidez para auxiliar a manutenção do
agronegócio, das exportações, da indústria e do comércio. Do lado do governo
federal, espera-se a capacidade de negociar a aprovação da reforma tributária,
cuja tramitação está praticamente paralisada na Câmara dos Deputados, para
reduzir a carga de impostos até atingir o patamar de 30% do PIB na próxima
década, e a flexibilização da contratação de mão-de-obra temporária para as
empresas que mais contratarem durante a crise. Esse conjunto de ações por si
só já sinalizaria para os empreendedores que o Governo decidiu enfrentar a
crise de frente.
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