Caso não esteja visualizando este e-mail, clique aqui Ano 1 | Número 27 | Terça, 8 de setembro de 2015 Monitor Digital Dólar alto favorece exportações e investimentos Para o economista Mauro Rochlin, da Fundação Getúlio Vargas, o cenário econômico do país não é nada animador Gerar Arquivo PDF Para o economista Mauro Rochlin, da Fundação Getúlio Vargas, o cenário econômico do país não é nada animador. No atual momento, segundo ele, o mais importante para o governo é fazer o ajuste fiscal, uma vez que o nível de endividamento atingiu patamares insuportáveis. “O risco de o governo não conseguir efetivar o ajuste e de continuar se endividando é latente”. Em sua opinião, caso esse endividamento prossiga, o governo terá dificuldades de colocar novos títulos no mercado. Se isso ocorrer, de acordo com ele, a única alternativa será a emissão de moeda, que será muito ruim porque aponta para a possibilidade de hiperinflação. Em entrevista ao MONITOR MERCANTIL, o economista fala sobre vários aspectos envolvendo o câmbio, autonomia do Banco Central, entre outros assuntos relativos à alta do dólar A desvalorização da moeda chinesa tem reflexos no Brasil? – Sim. Tem importante reflexo na economia brasileira. O mercado chinês é importante para as exportações brasileiras e a queda do iuan torna o produto brasileiro mais caro na China. E também torna o produto chinês mais barato no mercado brasileiro e no mundo. Ou seja, isso aumenta a competitividade dos produtos chineses e diminui a competitividade brasileira em relação aos produtos daquele país. Então, isso prejudica as exportações e favorece a importação de produtos chineses. Com o dólar acima dos R$ 3,50, fica mais fácil exportar? – O dólar nesse valor favorece as exportações. O dólar alto prejudica investimentos? – Para investimentos estrangeiros favorece porque o estrangeiro percebe o mercado brasileiro como mais barato. Para o investidor brasileiro, o dólar alto também apresenta vantagens porque o produto importado fica mais caro e o nacional mais barato. Isso estimula o investimento produtivo no Brasil. O governo fala que tem mais de US$ 300 bilhões em reservas cambiais. O que isso significa? – O governo tem essa reserva de US$ 380 bilhões, o que lhe permite intervir no mercado cambial. Tem feito isso de outra maneira, através do uso de swap cambial. Não tem dado certo. O dólar tem aumentado mesmo o governo usando esse mecanismo. Qual a melhor maneira de se conter a alta do dólar? – O governo pode tentar conter a alta do dólar de duas maneiras. A primeira, vendendo reservas no mercado à vista. A segunda, utilizando o swap cambial. Também pode interferir, tentar intervir, no câmbio através da elevação das taxas de juros. O governo tem usado isso mais para conter a inflação. Mas também serve para atrair dólares de fora e, com isso, o valor cai. A atual política econômica deixa o país mais vulnerável a crises internacionais? – O câmbio no Brasil é flutuante. A idéia é o governo intervir ao mínimo. Isso tem dado certo? – Não. Isso é insuficiente para conter o câmbio porque não bastam apenas ações do governo. Há fatores externos como, por exemplo, a alta da taxa de juros nos Estados Unidos, que também influencia o câmbio. Em sua opinião, o Banco Central deveria intervir mais forte para fazer com que o dólar voltasse a um patamar aceitável? – Não, porque o dólar está muito barato. O patamar aceitável é aquele que recupera a competitividade do produto brasileiro. Acho que em torno de R$ 3,50 [N.R. a entrevista foi concedida quando a cotação ainda estava em R$ 3,40]. Se o Banco Central fosse autônomo, a situação atual estaria melhor? – Não, porque, na prática, ele vem fazendo uma política monetária compatível com as premissas do regime de metas da inflação. Link original: Clique aqui para ver o link original