auditoria em enfermagem

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INSTITUTO DE ENSINO SUPERIOR PEQUENO PRÍNCIPE
CURSO DE ENFERMAGEM
AUDITORIA EM ENFERMAGEM
DOMINIQUE CRISTINA S. DA COSTA SAKAGAMI
CURITIBA/PR
2006
Instituto de Ensino Superior Pequeno Príncipe
Curso de Enfermagem
Auditoria em Enfermagem
Dominique Cristina S. da Costa Sakagami
Trabalho
acadêmico
apresentado
como
avaliação da disciplina: Prática Profissional do
Instituto de Ensino Superior Pequeno Príncipe.
Professor (a): Kátia
IESPP
CURITIBA/PR
AUDITORIA EM ENFERMAGEM
Auditoria é a avaliação sistemática e formal de uma atividade, por alguém não envolvido
diretamente na sua execução, para determinar se essa atividade está sendo levada a efeito de acordo com seus
objetivos (Kurcgant, 1991).
A auditoria tem sua origem na área contábil, cujos fatos e seus registros datam do ano 2600 A. C.
Porém é a partir do século XII d. C. que esta técnica passa a receber o nome de auditoria, constatando-se na
Inglaterra o seu maior desenvolvimento. Com a Revolução Industrial no século XVII, a prática da auditoria
recebe novas diretrizes, na busca de se atenderem às necessidades das grandes empresas (Sá, 1969).
Na área da saúde, a auditoria aparece pela primeira vez no trabalho realizado pelo médico George
Gray Ward, nos Estados Unidos, em 1918; nesse trabalho, era feita a verificação da qualidade da assistência
prestada ao paciente através dos registros em seu prontuário.
Auditoria em enfermagem é a avaliação sistemática da qualidade da assistência de enfermagem,
verificada através das anotações de enfermagem no prontuário do paciente e das próprias condições deste.
Um dos primeiros trabalhos de auditoria em enfermagem data de 1955 e foi desenvolvido no
Hospital Progress, nos Estados unidos.
No Brasil a auditoria vem tomando impulso nos últimos cinqüenta anos, necessitando ainda de
arranjos que melhor adaptem o processo à nossa realidade.
FINALIDADES DA AUDITORIA
1- Identificar as áreas (unidades) deficientes do serviço de enfermagem, auxiliando, por exemplo, para que as
decisões quanto ao remanejamento e aumento de pessoal sejam tomadas com base em dados concretos.
2- Identificar áreas de deficiência em relação à assistência de enfermagem prestada, percebendo-se, por
exemplo, defasagem no atendimento da área psicoespiritual;
3- Fornecer dados para melhoria dos programas de enfermagem;
4- Fornecer dados para melhoria da qualidade do cuidado de enfermagem;
5- Obter dados para programação de reciclagem e atualização do pessoal de enfermagem.
TIPOS DE AUDITORIA
Auditoria retrospectiva
É a auditoria feita após a alta do paciente, em que se utiliza o prontuário para avaliação; portanto, os dados
obtidos não reverterão em benefícios deste paciente diretamente, mas sim para a assistência de maneira
global.
Também tem a desvantagem de não permitir saber-se o que foi feito e não foi feito. Fatores que podem ser
verificados nos prontuários:

Condições do paciente no ato de internação;

Método de admissão do paciente;

Atendimento das prescrições médicas;

Sistema de elaboração de plano de serviço para cada funcionário dos diversos plantões;

Relatório de enfermagem - completo, incompleto, em que partes incompleto, e quais as suas causas;

Chamadas do médico de plantão, verificando os porquês;

Sinais vitais checados de acordo com o diagnóstico e necessidade do paciente;

Anotações quanto a pequenas alterações do paciente, sistema de observação (freqüente ou continua),
reação pós-anestésica e pós-operatória;

Descrição da ferida operatória, anotação de acidentes, decisões tomadas para evitar acidentes,
decisões tomadas para evitar tais acidentes;

Anotações dos sinais vitais e sintomas;

Transferências e suas causas;

Condições de alta, orientação ao paciente no ato da alta e acompanhamento.
Auditoria operacional ou concorrente
É a auditoria feita enquanto o paciente está hospitalizado ou em atendimento ambulatorial, e pode ser
realizada das seguintes maneiras:

Exame do paciente e confronto das necessidades levantadas com a prescrição de enfermagem ou
avaliação dos cuidados in loco (acompanhar o funcionário e confrontar com os parâmetros estabelecidos);

Entrevista com o próprio funcionário logo após a prestação do cuidado, levando-o à reflexão e
servindo como material de auditoria;

Avaliação feita pelo paciente e sua família, verificando a percepção destes quanto à assistência
prestada; nesse caso, é importante que sejam selecionados familiares que tenham realmente acompanhando o
paciente;

Pesquisa junto à equipe médica, verificando o cumprimento da prescrição médica e interferências
das condutas de enfermagem na terapêutica médica (trabalho mais difícil e muito mais criterioso, em vista
das questões éticas envolvidas.
CLASSIFICAÇÃO DA AUDITORIA
1- Quanto à forma de intervenção:

Auditoria interna: é realizada por elementos da própria instituição.

Vantagens: maior profundidade no trabalho, tanto pelo conhecimento da estrutura
administrativa, como das inovações e expectativas dos serviços; como também a sua
vinculação permite sugerir soluções apropriadas;

Desvantagens: a dependência administrativa limitando a amplitude das conclusões e das
recomendações finais do trabalho. Pode haver envolvimento afetivo do auditor com os
elementos realizadores do trabalho, invalidando-o.

Auditoria externa: é realizada por elemento não-pertencente à instituição, contratando
especificamente para a auditoria.

Vantagens: gozar de independência administrativa e afetiva;

Desvantagens: o auditor não vivenciar a realidade da instituição, podendo realizar um
trabalho superficial, que apresente sugestões pouco adequadas à solução dos problemas
existentes.
2- Quanto ao tempo:

Auditoria contínua: avalia em períodos determinados, sendo que a revisão seguinte sempre se inicia
a partir da última.

Auditoria periódica: examina também em tempos estabelecidos, porém não se prende à
continuidade.
3- Quanto à natureza:

Auditoria normal: se realiza em períodos determinados com os objetivos regulares de comprovação.

Auditoria específica: atende a uma necessidade do momento.
4- Quanto ao limite:

Auditoria total: abrange todos os setores da instituição.

Auditoria parcial: é limitada a alguns serviços.
RECURSOS HUMANOS
Características dos membros:

Ter noção básica de auditoria;

Conhecer a instituição;

Interesse e compromisso pelo assunto e pelo desenvolvimento do trabalho;

Envolvimento com o cuidado do paciente;

Capacidade de trabalhar em grupo.
Funções da comissão:

Elaboração de normas e objetivos;

Elaboração e revisão do instrumento de auditoria;

Aplicação do instrumento;

Tabulação e análise dos dados;

Elaboração do relatório.
Recursos materiais:
Local no hospital especialmente destinado ao grupo de auditores. Possuir arquivos, escrivaninha,
formulários, microcomputador com programas específicos para facilitar o trabalho estatístico e elaboração
de relatórios. Limitações:

A auditoria não tem finalidade punitiva, ela verifica o cuidado, detecta erros e os analisa quanto a
natureza e significado. Fornece possíveis indicadores de padrões ou tendências, assim como
subsídios para a modificação de procedimentos de procedimentos e técnicas que são
responsabilidades administrativas;

A Auditoria não tem como objetivo primordial a melhoria dos registros de enfermagem, mas sim a
melhoria da assistência ao paciente, embora a partir dos resultados possam ser sugeridas ações no
sentido de melhorar os registros;

A auditoria não tem por finalidade avaliar o desempenho de um individuo ou de um grupo. Na
enfermagem, por exemplo, a avaliação do desempenho é um processo freqüentemente adotado para
avaliação do desempenho individual dos elementos que compõem a equipe de enfermagem.
RESOLUÇÃO-COFEN Nº 266/2001: dispõe sobre as atividades do Enfermeiro Auditor, capituladas
em 09(nove)partes.
I- É da competência privativa do Enfermeiro Auditor no Exercício de suas atividades: Organizar, dirigir,
planejar, coordenar e avaliar, prestar consultoria, auditoria e emissão de parecer sobre os serviços de
Auditoria de Enfermagem.
II- Quanto integrante de equipe de Auditoria em Saúde:
a) Atuar no planejamento, execução e avaliação da programação de saúde;
b) Atuar na elaboração, execução e avaliação dos planos assistenciais de saúde;
c) Atuar na elaboração de medidas de prevenção e controle sistemático de danos que possam ser causados
aos pacientes durante a assistência de enfermagem;
d) Atuar na construção de programas e atividades que visem a assistência integral à saúde individual e de
grupos específicos, particularmente daqueles prioritários e de alto risco;
e) Atuar na elaboração de programas e atividades da educação sanitária, visando a melhoria da saúde do
indivíduo, da família e da população em geral;
f) Atuar na elaboração de Contratos e Adendos que dizem respeito à assistência de Enfermagem e de
competência do mesmo;
g) Atuar em bancas examinadoras, em matérias específicas de Enfermagem, nos concursos para provimentos
de cargo ou contratação de Enfermeiro ou pessoal Técnico de Enfermagem, em especial Enfermeiro Auditor,
bem como de provas e títulos de especialização em Auditoria de Enfermagem, devendo possuir o título de
Especialização em Auditoria de Enfermagem;
h) Atuar em todas as atividades de competência do Enfermeiro e Enfermeiro Auditor, de conformidade com
o previsto nas Leis do Exercício da Enfermagem e Legislação pertinente;
i) O Enfermeiro Auditor deverá estar regularmente inscrito no COREN da jurisdição onde presta serviço,
bem como ter seu título registrado, conforme dispõe a Resolução COFEN Nº 261/2001;
j) O Enfermeiro Auditor, quando da constituição de Empresa Prestadora de Serviço de Auditoria e afins,
deverá registrá-la no COREN da jurisdição onde se estabelece e se identificar no COREN da jurisdição fora
do seu Foro de origem, quando na prestação de serviço;
k) O Enfermeiro Auditor, em sua função, deverá identificar-se fazendo constar o número de registro no
COREN sem, contudo, interferir nos registros do prontuário do paciente;
l) O Enfermeiro Auditor, segundo a autonomia legal conferida pela Lei e Decretos que tratam do Exercício
Profissional de Enfermagem, para exercer sua função não depende da presença de outro profissional;
m) O Enfermeiro Auditor tem autonomia em exercer suas atividades sem depender de prévia autorização por
parte de outro membro auditor, Enfermeiro, ou multiprofissional;
n) O Enfermeiro Auditor para desempenhar corretamente seu papel, tem o direito de acessar os contratos e
adendos pertinentes à Instituição a ser auditada;
o) O Enfermeiro Auditor, para executar suas funções de Auditoria, tem o direito de acesso ao prontuário do
paciente e toda documentação que se fizer necessário;
p) O Enfermeiro Auditor, no cumprimento de sua função, tem o direito de visitar/entrevistar o paciente, com
o objetivo de constatar a satisfação do mesmo com o serviço de Enfermagem prestado, bem como a
qualidade. Se necessário acompanhar os procedimentos prestados no sentido de dirimir quaisquer dúvidas
que possam interferir no seu relatório.
III- Considerando a interface do serviço de Enfermagem com os diversos serviços, fica livre a conferência da
qualidade dos mesmos no sentido de coibir o prejuízo relativo à assistência de Enfermagem, devendo o
Enfermeiro Auditor registrar em relatório tal fato e sinalizar aos seus pares auditores, pertinentes à área
específica, descaracterizando sua omissão.
IV- O Enfermeiro Auditor, no exercício de sua função, tem o direito de solicitar esclarecimento sobre fato
que interfira na clareza e objetividade dos registros, com fim de se coibir interpretação equivocada que possa
gerar glosas/desconformidades, infundadas.
V- O Enfermeiro, na função de auditor, tem o direito de acessar, in loco toda a documentação necessária,
sendo-lhe vedada a retirada dos prontuários ou cópias da instituição, podendo, se necessário, examinar o
paciente, desde que devidamente autorizado pelo mesmo, quando possível, ou por seu representante legal.
Havendo identificação de indícios de irregularidades no atendimento do cliente, cuja comprovação necessite
de análise do prontuário do paciente, é permitida a retirada de cópias exclusivamente para fins de instrução
de auditoria.
VI- O Enfermeiro Auditor, quando no exercício de suas funções, deve ter visão holística, como qualidade de
gestão, qualidade de assistência e quântico-econômico-financeiro, tendo sempre em vista o bem estar do ser
humano enquanto paciente/cliente.
VII- Sob o Prisma Ético.a) O Enfermeiro Auditor, no exercício de sua função, deve fazê-lo com clareza,
lisura, sempre fundamentado em princípios Constitucional, Legal, Técnico e Ético;
b) O Enfermeiro Auditor, como educador, deverá participar da interação interdisciplinar e multiprofissional,
contribuindo para o bom entendimento e desenvolvimento da Auditoria de Enfermagem, e Auditoria em
Geral, contudo, sem delegar ou repassar o que é privativo do Enfermeiro Auditor;
c) O Enfermeiro Auditor, quando integrante de equipe multiprofissional, deve preservar sua autonomia,
liberdade de trabalho, o sigilo profissional, bem como respeitar autonomia, liberdade de trabalho dos
membros da equipe, respeitando a privacidade, o sigilo profissional, salvo os casos previstos em lei, que
objetive a garantia do bem estar do ser humano e a preservação da vida;
d) O Enfermeiro Auditor, quando em sua função, deve sempre respeitar os princípios Profissionais, Legais e
Éticos no cumprimento com o seu dever;
e) A Competência do Enfermeiro Auditor abrange todos os níveis onde há a presença da atuação de
Profissionais de Enfermagem;
VIII- Havendo registro no Conselho Federal de Enfermagem de Sociedade de Auditoria em Enfermagem de
caráter Nacional, as demais Organizações Regionais
deverão seguir o princípio Estatutário e Regimental da Sociedade Nacional.
IX- Os casos omissos serão resolvidos pelo Conselho Federal de Enfermagem.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Kurcgant P et al. Administração em enfermagem. São Paulo: EPU, 1991. 237p. Sá A L. De Curso de
auditoria. 4.ed. , São Paulo:Atlas, 1969. v.1.
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