Saúde e energia no prato Especialistas atestam que uma alimentação saudável contribui para a prevenção de uma série de doenças, como obesidade, hipertensão e diabetes Quem nunca saiu da linha e acabou exagerando no doce ou na gordura, que atire a primeira pedra. Muitas vezes, até os mais esforçados, que passam semanas a fio em meio a rigorosas dietas, acabam se entregando a um churrasco ou feijoada no fim de semana. Afinal, qual a melhor postura para resistir às tentações do paladar e manter uma alimentação saudável? Para os nutricionistas, o consenso está em caprichar nos vegetais e evitar açúcar e gorduras. O programa Brasil Saudável, do Ministério da Saúde, tem como um de seus focos a promoção de uma alimentação saudável. Uma alimentação balanceada pode auxiliar na prevenção, tratamento e até cura de algumas doenças. Comer de forma saudável não serve apenas para manter uma boa forma física. Mais do que influenciar a estética, o hábito, aliado à prática de exercícios, é fundamental para manter o funcionamento do corpo humano e afastar graves problemas como obesidade, hipertensão, diabetes, derrame, risco de infarto do miocárdio e muitos tipos de câncer. A lista de pacientes que lotam os consultórios de nutrição apresenta em sua maioria diagnósticos diferentes, mas complicações semelhantes. A explicação para isso está relacionada ao estilo de vida e a hábitos alimentares pouco saudáveis. O peso excessivo pode representar um risco para a saúde. Pessoas hipertensas, obesas e diabéticas muitas vezes comem mal e não fazem atividade física. Apesar de os tratamentos serem individualizados, os nutricionistas dizem que uma das recomendações é básica: uma dieta balanceada, com pouca gordura e muitas frutas, verduras e legumes. Para os que apreciam os sabores da “boa mesa”, a gordura aparece como a vilã número um e deve ser reduzida a uma ou duas porções por dia, como aconselham os especialistas, o que representaria em torno de 20 à 25% do valor total da dieta. Os carboidratos, presentes em pães, massas, alguns tubérculos, como a batata e a mandioca, frutas, verduras e legumes, devem constituir a maior parte da dieta. Esses elementos constituem a base da alimentação e sua recomendação está em torno de 60% de um prato saudável. Os especialistas aconselham pelo menos seis porções de frutas e legumes por dia, complementadas por cinco porções de carnes, leite, queijos, ovos ou iogurtes. Alimentos protéicos devem fazer parte de 10 a 15% da dieta diária. Comida Colorida - Quanto mais variado o prato, mais nutrientes serão ingeridos. Segundo os nutricionistas, alimentos da mesma cor possuem propriedades semelhantes. Os de cor vermelha, como acerola, tomate, maçã, rabanete e melancia são ricos em carotenóides. Fazem bem para o coração, fortalecem olhos e a pele e ainda ajudam a prevenir alguns tipos de câncer. Os de cor verde como alface, agrião, rúcula, escarola, abacate, brócolis, chuchu, ervilha, vagem, pepino, quiabo e repolho são ricos em cálcio, ferro e fósforo, promovem o crescimento e ajudam na coagulação do sangue. Evitam também a fadiga mental e fortalecem ossos e dentes. Almeirão roxo, jamelão, repolho roxo, uva roxa, berinjela, beterraba e ameixa preta integram o grupo dos alimentos roxos e possuem propriedades antioxidantes, responsáveis pela prevenção de doenças cardíacas, além de auxiliar na saúde da pele, nervos, rins e aparelho digestivo. Os brancos, como aipim, banana, cará, couve-flor, graviola, pêra e nabo, têm grandes quantidades de vitaminas do complexo B, que atuam na proteção das células. Verduras e frutas com esta cor constituem excelentes fontes energéticas. Alimentos de cor laranja também ajudam a enriquecer a dieta. A antiga receita natural caseira, do suco de laranja para combater os sintomas da gripe, encontra respaldo científico. Assim como os vermelhos, os vegetais da cor laranja são fontes de vitamina C, importante proteção para o sistema imunológico e para saúde do coração. Fazem parte desse rol, frutas regionais como sapoti, nectarina, damasco, carambola, ameixa amarela e alimentos encontrados com facilidade em feiras e hortifrutigranjeiros como laranja, abóbora, caju, cenoura, mamão, manga, melão, tangerina e pêssego. Cura pela alimentação – Há uma série de receitas naturais que podem incrementar a alimentação do dia a dia. Um grande aliado da nutrição clínica é a dietoterapia, adotada em hospitais para equilibrar a alimentação do paciente e ajudar no tratamento de uma série de doenças crônicas. Profissionais de saúde recomendam o consumo de comidas com menos gordura para baixar a pressão arterial e diminuir o nível de colesterol ruim no sangue, o famoso LDL. Diabéticos são beneficiados com a retirada do açúcar da alimentação. O controle da glicemia (açúcar no sangue) impede o bloqueio dos vasos sanguíneos, danos à visão e aos rins. O diabetes mau controlado pode causar cegueira e afetar seriamente os membros inferiores, levando à amputação. O diabético que não controla sua alimentação pode ter uma sobrevida mais curta e sem qualidade, devido ao efeito devastador do açúcar no sangue desses pacientes. Outra doença facilmente evitável com a ingestão adequada de alimentos é a anemia. O problema, associado a sintomas como fraqueza constante, apatia, sonolência e baixa produtividade, pode ser prevenido com uma dieta rica em ferro. A indicação nutricional para esses pacientes é a ingestão diária de vegetais verdes escuros, e leguminosas, como o feijão, além de vísceras e carnes vermelhas. A dica para esses pacientes é comer os alimentos fontes de ferro de origem vegetal junto com alimentos que contenham vitamina C, como suco de acerola, limão e laranja. Eles ajudam na absorção do ferro no organismo. Mesmo com uma variedade enorme de frutas e verduras, às vezes parece impossível deixar de lado doces e salgadinhos. A dica é procurar fazer substituições. Trocar o pavê por uma salada de frutas ou o bolo doce por uma gelatina pode representar uma escolha menos calórica e mais nutritiva. O fruto proibido, porém, não está só nos doces. É importante ficar atento às refeições diárias. Uma ida ao self service pode significar um perigo para a saúde, quando os alimentos mais calóricos e gordurosos vão para o prato. Melhor escolher carnes magras e retirar a gordura aparente e a pele do frango. As massas podem dar lugar ao arroz com feijão e as saladas devem compor metade do prato. Assim a pessoa estará ingerindo macronutrientes como proteínas e carboidratos, sem deixar de lado as fibras e micronutrientes presentes nas saladas. Perguntas e respostas sobre hábitos alimentares - Existem diversos mitos que cercam a alimentação. Será que manteiga engorda mais que azeite de oliva? Jejum elimina impurezas? Tem gente que nasceu para ser gorda? São afirmações muitas vezes perigosas. Adotar uma dieta sem orientação de um profissional de saúde pode provocar distúrbios como hipoglicemia (queda na taxa de açúcar no sangue) e anemia (falta de nutrientes e vitaminas). Ficar sem comer não é a solução. Só é possível emagrecer comendo menos? Isto não é totalmente verdadeiro. Uma dieta ideal reúne a quantidade certa de nutrientes e enquadra-se nas necessidades de cada indivíduo. Uma forma saudável de emagrecer é comer menos gorduras e mais frutas, legumes e verduras. Os nutricionistas recomendam escolhas saudáveis, como, por exemplo, tomar suco natural em vez do refrigerante. Deve-se aumentar o consumo de verduras, legumes e alimentos integrais, fontes de fibras, essenciais para regular o intestino. Uma dieta equilibrada é aquela que respeita a quantidade mínima de calorias, aliada à prática de exercícios físicos e, principalmente, ao estilo de vida de cada um. Azeite de oliva engorda menos que manteiga? Não! Os dois alimentos possuem a mesma quantidade de calorias (9 Kcal por grama), embora o azeite seja mais saudável que a manteiga, pois trata-se de um óleo de origem vegetal, com um tipo de gordura chamada Omega 9 (ácido graxo monoinsaturado essencial para a diminuição do colesterol no sangue, que não é fabricado pelo organismo). A manteiga faz parte do grupo das gorduras animais, e quando consumida em excesso, pode aumentar as taxas de colesterol total, além de representar alguns quilos a mais, da mesma maneira que o consumo excessivo de azeite de oliva ou de qualquer outro tipo de gordura. Pessoas com problemas cardíacos devem ficar atentas à quantidade de manteiga e outras gorduras ingeridas na alimentação diária. Ficar em jejum emagrece? Emagrece, mas não é nem um pouco saudável. Ficar sem comer só vai fazer com que o organismo queime as reservas musculares. Durante o período de jejum, o corpo vai buscar na musculatura formas de se manter. E o problema não está apenas na queima de tecido muscular. O organismo precisa de todos os nutrientes para se manter saudável, sem comprometer nenhuma de suas funções. A energia que provém dos alimentos é fundamental para as atividades do corpo e da mente, como andar, trabalhar, pensar e tudo o mais que fazemos no dia-a-dia. Períodos prolongados em jejum podem levar à anemia, deficiências de vitaminas e minerais e até à desnutrição. Para quem quer emagrecer de forma saudável, o ideal é fazer seis refeições diárias, em pequenas quantidades, em intervalos de três em três horas. Assim, será possível acelerar o metabolismo e aumentar a queima calórica. Vitaminas são energéticas? O que dá energia para o organismo são as calorias presentes nas gorduras, nas proteínas e nos carboidratos. Não adianta, portanto, tomar suplementos vitamínicos com esse objetivo. As vitaminas participam de reações metabólicas. O mito de que as vitaminas são energéticas vem da ação das vitaminas do complexo B, que desempenham um papel importante nas reações químicas e fazem com que os alimentos liberem energia. É necessário tomar dois litros de água por dia? Sim. A água elimina toxinas e é importante para manter o corpo hidratado e saudável. Quem tem o hábito de beber água com freqüência tem menos problemas intestinais, já que o líquido é capaz de lubrificar e conduzir as fibras alimentares pelo intestino. Você está acima do peso? Para saber se você está acima do peso, é preciso fazer uma conta simples. É o Índice de Massa Corporal, conhecido como IMC. Aprenda a calculá-lo e descubra se você está com o peso apropriado. IMC = Peso ÷ (altura x altura) *IMC menor que 18,5 = Baixo Peso IMC de 18,5 a 24,9 = Adequado ou eutrófico IMC de 25,0 a 29,9 = sobrepeso IMC maior que 30,0 = obesidade Exemplo Se uma pessoa mede 1,60m e pesa 77kg, temos: IMC = 77 (1,60 X 1,60) = 77 ÷ 2,56 = 30,0 = obesidade * Fonte: Organização Mundial de Saúde (OMS).