um olhar reflexivo sobre a inclusão dos alunos surdos

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UM OLHAR REFLEXIVO SOBRE A INCLUSÃO DOS ALUNOS SURDOS
NO ENSINO REGULAR.
Edinéia Costa Rosa - e-mail: [email protected]
Orientadora: Anizia Costa Zych
Universidade Estadual de Centro Oeste - UNICENTRO/ DEPED/Irati
Palavras-chave: Inclusão do surdo, cidadania e educação.
Resumo
A presente pesquisa caracteriza-se como um trabalho investigativo que tem como
objetivo aprofundar estudos no sentido de verificar as implicações referentes ao
processo de inclusão do aluno surdo, no ensino regular, buscando investigar a
preocupação da escola, bem como dos educadores no sentido promover a
inclusão. Como ferramentas, foram realizadas análises do acervo bibliográfico
sobre a formação do professor com vistas à inclusão do aluno surdo. Foram
também identificadas algumas adaptações necessárias à instituição escolar e ao
professor, para a real promoção da inclusão.
Introdução
Com o objetivo de compreender como ocorre o processo de preparação
da instituição educacional para promover a inclusão dos alunos surdos nas
escolas do ensino regular, aprofundamos leituras e estudos de diversos autores
buscando orientações a respeito do assunto, de tal forma que se identificou que a
idéia de educação inclusiva é uma questão polêmica, e tem sido motivo de muitas
discussões no campo educacional.
Observando-se a linha histórica da educação das pessoas surdas,
constatamos que a resistência e a exclusão ocorrem desde as primeiras
formações das sociedades antigas. Somente a partir do novo milênio é que uma
nova filosofia expande os horizontes das pessoas com necessidades educacionais
especiais, entre elas os surdos, que passam a ser considerados educáveis.
Observa-se que apesar da preocupação existente por parte dos
pesquisadores na compreensão e promoção do processo de inclusão “ainda são
poucas as mudanças nas práticas de ensino que podem ser consideradas
significativas, assim como não houve melhoria relevante na qualidade de
aprendizagem para a maioria dos estudantes” (CARDOSO, 2003, p. 22).
Nesse sentido é possível compreender a emergente necessidade de as
escolas estarem se mobilizando para os desafios do movimento. Porém não é
suficiente estar preparado, é necessário estar alerta para receber os alunos,
acolhendo-os com alteridade. A busca da acessibilidade conjugada às adaptações
e adequações envolve, também o interesse pela qualificação dos profissionais que
de alguma forma interagem com este alunado que pelas suas especificidades
provocam grande impacto nas classes regulares do ensino fundamental.
As discussões que hoje permeiam o processo educacional dos alunos
surdos voltam-se para que as ações educativas se façam assentadas nos
pressupostos de uma educação inclusiva, mediada pela Língua Brasileira de
Sinais – LIBRAS, isto implica na formação de um professor cujo perfil de atuação
seja compatível com a evolução dos conceitos educacionais da atualidade. Os
novos paradigmas da educação de surdos apontam para a empregabilidade da
LIBRA, a presença do intérprete e do instrutor de LIBRAS, nas escolas onde
existem, alunos, não ouvintes, presentes. A partir da disseminação da LIBRA, é
que será facultada uma ampliação da rede de comunicação com os surdos.
Conforme Zych (2003, p.25), “Em sua existência o homem não pode
prescindir da linguagem, pelo seu importante papel, como principal meio de
comunicação; constitui-se no fundamento da humanização e da sobrevivência por
uma questão fisiológica, psicológica e principalmente sociológica.”
Diante do exposto, não se pode admitir que o estudante surdo
permaneça ignorado no espaço escolar alienado do contexto sócio-cultural, tendo
reduzidas suas interações em razão da exclusão de interlocutores relações prédeterminadas pela modalidade da língua que usa. É preciso contar com a
colaboração da escola, como instituição que permite extrapolar tais limites, criando
novas oportunidades e espaços que possibilitem ao surdo interagir
lingüisticamente no contexto sócio cultural tendo ampliadas suas possibilidades
de superar os desafios impostos pela surdez, não sendo prejudicado em seu
processo de desenvolvimento.
Material e métodos
Esta pesquisa foi desenvolvida através de aprofundamento de estudo
fundamentado em bibliografia especifica referente à abordagem sobre o tema
Inclusão e formação do professor, incluindo teses, artigos de periódicos da área,
documentos, legislação e textos elaborados pelo MEC. A complementação do
trabalho constou de interação com os educadores de surdos e, com os próprios
surdos e suas famílias.
Discussão dos resultados
A análise oportunizada pelas leituras efetivadas deixa evidente que há
uma preocupação subjacente, que motiva e impulsiona o desvelamento dos
fundamentos do processo de inclusão, ao mesmo tempo em que exige uma nova
postura atitudinal. A pedagogia da inclusão orienta para os aspectos necessários
a serem abordados no processo de formação dos educandos com vistas à
inserção dos alunos surdos no contexto sócio-educacional tendo condições de se
constituírem cidadãos participantes.
As discussões que permeiam o processo educacional das pessoas surdas
fundamentam-se nos pressupostos de uma educação bilíngüe, que rompe com o
modelo hegemônico de escola, implicando na formação de um professor cujo perfil
de atuação seja compatível com a evolução dos paradigmas educacionais que
hoje apontam para a interação na diversidade de talentos.
Desta forma, acreditamos que a inclusão dos surdos ocorrerá de maneira
efetiva a partir do momento em que o educando seja aceito com base nos valores
construídos e definidos pelo seu grupo social, tendo respeitada sua identidade
cultural. Assim para que o atendimento escolar seja adequado, a LIBRAS deve
ser vista como prioridade. Portanto disponibilizando condições de acessibilidade
ao conhecimento, estarão sendo facultadas ao surdo, além da oportunidade de
expressar-se e ser compreendido, a possibilidade de constituir-se sujeito de sua
própria história.
Segundo ARENDT (1997), o sentimento de solidariedade, de cooperação
e interação é que permite ao homem encontrar-se com o outro e ser reconhecido.
A experiência de poder interagir marca de forma definitiva a vida do homem e o
impulsiona a novas relações, portanto, torna-se essencial que a formação de
professores, seja revista, com responsabilidade de a escola assumir uma nova
identidade podendo oferecer atendimento melhor apropriado, fazendo com que os
conhecimentos suplantem os preconceitos. Cabe a inclusão escolar fornecer
suporte necessário para que este alunado ao concluir seus estudos sinta-se
preparado e capaz para promover sua auto realização.
Referências bibliográficas
ARENDT, Hannah. Entre o passado e futuro. São Paulo: Perspectiva, 1997.
BRASIL, Ministério da Educação. Diretrizes nacionais para a educação especial
na educação básica. 2ª. ed. Secretaria de Educação Especial - SEESP, 2001.
CARDOSO, Marilene da Silva. Aspectos históricos da educação especial:
da exclusão à inclusão – uma
longa caminhada. In: Educação especial: em
direção a educação inclusiva. 2. Porto Alegre, EDIPUCRS, 2003.
ZYCH, A.C. Avaliação do processo de escolarização de pessoas surdas em suas
interações no contexto social, Tese de doutorado. Campinas, São Paulo:
UNICAMP, 2003.
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