DOENÇAS EXANTEMÁTICAS: Principais Semelhanças, Diferenças e Tratamentos JUVENAL FERNANDES DOS SANTOS – UC11001293 Internato em Pediatria-6ª Série Orientação: Profª Dra. Carmen Lívia F.S. Martins www.paulomargotto.com.br Brasília, 29 de novembro de 2016 Doença Exantemática Patologia infecto-contagiosa que se acompanha de quadro cutâneo determinado pela ação direta do microorganismo ou por seus produtos tóxicos. Fisiopatogenia do exantema / enantema Ação direta do agente na pele/mucosa Liberação de produtos tóxicos Combinação dos dois mecanismos Indução de resposta imunológica e/ou inflamatória Vasodilatação Vasoclusão Vasculite Extravasamento de hemácias e leucócitos Edema Necrose local Pele Mucosa 1. EXANTEMA MACULOPAPULAR: Manifestação cutânea mais comum nas doenças infecciosas sistêmicas. Características: Morbiliforme Escarlatiniforme Rubeoliforme Urticariforme. 2. EXANTEMA PAPULOVESICULAR Presença de pápulas e lesões elementares de conteúdo liquido (vesicular). É comum a transformação de maculopápulas em vesículas, vesicopústulas, pústulas e crostas. Podendo ser localizado (herpes simples e zoster) ou generalizado (VARICELA, varíola, impetigo, estrófulo). Afebris, febris. Exantemas Papulovesiculares Exantemas papulovesiculares, geralmente FEBRIS: VARICELA Síndrome Mão-Pé-Boca Caso Clínico 1 F.K.L., masculino, 8 anos, apresenta febre, inicialmente leve, progredindo para altas temperaturas. Tosse proeminente, lesões maculopapulares eritematosas que começaram na fronte, seguindo para dorso, extremidades, sola e plantas, tornando-se confluentes na face e no tronco. Manchas brancas com halo eritematoso na face interna das bochechas, palato,lábios e gengivas. Apresentava essas mesmas manchas nas conjuntivas. http://www.sbp.com.br/departamentos-cientificos/socep-e-como-enfrentar-surto-de-sarampo-noceara/attachment/material_escrito_dr_-roberio_leite/ Sarampo P.I: 8-12 dias P.P: 3-4 dias Febre > 38.5º C e/ou >Tosse e/ou > Coriza e/ou > Conjuntivite Mancha de Koplik (1-2 dias antes do exantema) Descamação furfurácea Exantema 2-4 dias após o início dos sintomas http://portalsaude.saude.gov.br/index.php/o-ministerio/principal/secretarias/svs/sarampo Sarampo Vírus do sarampo – Gênero: Morbilivírus – Família: Paramyxoviridae Transmissão – Contato com secreções nasofaríngeas ou aerossol – De 3 dias antes até 4-6 dias após o início do E http://portalsaude.saude.gov.br/index.php/o-ministerio/principal/secretarias/svs/sarampo Sarampo * Sinal de Koplik: Patognomônico do sarampo; pequenas ulcerações brancoazuladas na mucosa jugal; contêm células gigantes, antígenos virais e nucleocapsídios virais identificáveis COMPLICAÇÕES SARAMPO Otite média aguda 7% - 9% Pneumonia 1% - 6% Diarréia 8% Desnutrição Complicações oculares Encefalite aguda 1/1.000 Panencefalite Esclerosante Subaguda tardia (10 anos) Na gestante - parto prematuro e RNBP http://www.sbp.com.br/departamentos-cientificos/socep-e-como-enfrentar-surto-de-sarampo-noceara/attachment/material_escrito_dr_-roberio_leite/ TRATAMENTO Hidratação adequada Antipiréticos Oxigênio umidificado Suporte ventilatório(casos graves) Ribavirina + Gamaglobulina( tratamento de imunossuprimidos) Vitamina A (no mesmo dia do diagnóstico) http://portalsaude.saude.gov.br/index.p hp/tratamento-sarampo Caso Clínico 2 B.X.B, feminino,4 anos, dor de garganta e febre baixa há quatro dias, foi levada ao médico por causa do aparecimento,há 48 horas, de uma erupção discreta,eritematosa, maculopapular e não coalescente na face que se espalhou para tronco e membros (progressão centrífuga e crânio-caudal), e no mesmo dia, ter se espalhado pelos MMII. O exantema diminuiu, mas iniciou-se um quadro de dor nos joelhos. Foi notado aumento dos linfonodos retroauriculares,cervicais posteriores e occipitais, discretamente dolorosos. http://www.sbp.com.br/departamentos-cientificos/socep-e-como-enfrentar-surto-de-sarampo-no-ceara/attachment/material_escrito_dr_-roberio_leite/ Exames Complementares Laboratoriais: Leucopenia, Trombocitopenia, Neutropenia ELISA – IgM específico para Rubéola. http://www.sbp.com.br/departamentos-cientificos/socep-e-como-enfrentar-surto-de-sarampo-noceara/attachment/material_escrito_dr_-roberio_leite/ Rubeóla 1) Fase Prodrômica: Febre baixa, dor de garganta,conjuntivite, cefaleia, mal-estar,anorexia e linfonodomegalia, principalmente as cadeias suboccipital,pós-auricular e cervical anterior. 2) Fase Exantemática: rash maculopapular róseo e irregular, de duração média de 3 dias, desaparecendo sem descamar. Manchas de Forcheimer(lesões puntiformes rosadas) em amígdalas e pilares. http://portalsaude.saude.gov.br/index.php/o-ministerio/principal/secretarias/svs/rubeola Rubéola Vírus da rubéola – Gênero: Rubivírus – Família: Togaviridae Transmissão – Contato com secreções nasofaríngeas dos infectados (5 dias antes até 6 dias após o início do exantema) http://portalsaude.saude.gov.br/index.php/o-ministerio/principal/secretarias/svs/rubeola Rubéola Complicações: Artrite Trombocitopenia, Encefalite Tratamento: Suporte – Analgésicos e Antipiréticos • Imunoglobulina e Corticóides ( indicados na trombocitopenia grave). Prevenção: Vacinação: 12 e 15 meses Pós-exposição – Vacinação de bloqueio até 72h http://portalsaude.saude.gov.br/index.php/o-ministerio/principal/secretarias/svs/rubeola Síndrome da Rubéola Congênita > 50% no primeiro mês gestação • Catarata • Retinopatia • Glaucoma • Doença cardíaca • Surdez • Problemas neurológicos • Baixo Peso • Hepatoesplenomegalia • Trombocitopenia www.vaccineinformation.org Escarlatina (SBHEG A) Período de Incubação: de 2 a 4 dias Pródromos : 12-24 horas Transmitido: direto (via oral) ou indireto (objetos, ar, leite de vaca) Contagioso até 24 horas após inicio da ATB Febre alta, cefaleia e mal-estar Amígdalas: hiperemia, hipertrofia, exsudato. https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmedh ealth/PMHT0024694/ Exantema: eritematoso puntiforme, embranquece à pressão. PELE EM LIXA Inicia-se no tronco e dobras cutâneas. Descamação extensa, laminar, acometendo mãos e pés. Palidez peribucal (sinal de Filatov) e linhas nas dobras de flexão (sinal de Pastia) e língua em “framboesa”. www.anm.org.br/img/Arquivos/.../Terça/Doenças%20Exantemáticas.pdf. acesso em 01.11.2016 Sinal de Pastia DIAGNÓSTICO Cultura de swab de orofaringe ASLO Anti-DNAse Leucograma – inespecífico – leucocitose com desvio à esquerda Escarlatina Tratamento: – Encurtar a duração da doença – Reduzir a transmissão – Reduzir o risco de complicações supurativas – Prevenir a febre reumática Penicilina Benzatina IM em dose única – Amoxicilina ou Pen Amoxicilina ou Pen-Voral por 10 dias – Alérgicos: Eritromicina ou clindamicina Caso Clínico 3 D.A.H.O.S, 9 anos, masculino, exantema e febre baixa. A mãe relatou que inicialmente as manchas avermelhadas estavam localizadas nas bochechas, estendendo após 2 dias para membros e tronco,passando a apresentar aspecto rendilhado. O exantema durou cerca de uma semana e desapareceu. Há três dias, houve reaparecimento das manchas após um trauma psicológico www.sbp.com.br/departamentos-cientificos/socep-e-como-enfrentar-surto-de-sarampo-noceara/attachment/material_escrito_dr_-roberio_leite/ Eritema Infeccioso Parvovírus B19, único parvovírus capaz de infectar humanos. Frequente entre 9 e 15 anos. Fase Prodrômica: Cefaleia, coriza, febre baixa, faringite, mal- estar 7-10 dias antes Fase Exantemática: 3 Estágios: Primeiro: Exantema em face, mais intenso nas regiões maxilares, com aspecto de “face esbofeteada” Segundo: disseminação do rash eritematoso para tronco e extremidades proximais, superfície extensora. Há um clareamento do centro das máculas dando aspecto de rendilhado. Terceiro: pode haver recidiva do exantema em 1-3 semanas, por exposição ao sol, calor, estresse e exercício físico. Tratamento/Prevenção Tratamento: Não existe tratamento específico para imunocompetentes. Imunossuprimidos: Imunoglobulina IV, 200 mg/kg/dia por 5-10 dias ou 1g/kg/dia por 3 dias Prevenção: Inexistem medidas específicas Crianças com exantema não necessitam isolamento SÍNDROME MÃO-PÉ-BOCA SÍNDROME MÃO-PÉ-BOCA Doença aguda comum Coxsackievírus A 16; Afeta principalmente crianças Febre (comum) + dor de garganta + mal-estar + cefaleia: muitas vezes precedem o início de lesões. Orofaringe inflamada com vesículas dispersas em língua, mucosa bucal, porção posterior da faringe, palato, gengiva, e/ou lábios. Lesões maculopapulares, vesiculosas e/ou pustulosas em mãos, dedos, pés, nádegas e virilha As lesões tendem a poupar a gengiva SÍNDROME MÃO-PÉ-BOCA Período de Incubação: 3-5 dias O vírus em: Secreção nasal Saliva Fluido das feridas Fezes Pessoas infectadas são mais contagiosas durante a primeira semana da doença. O vírus pode persistir por semanas após o desaparecimento dos sintomas, mais comumente nas fezes, permitindo a transmissão após a resolução dos sintomas SÍNDROME MÃO-PÉ-BOCA Tratamento: sintomáticos **NÃO UTILIZAR ASPIRINA Cuidado: desidratação (dor para beber/comer) Alimentos frios e/ou macios Prevenção: higiene das mãos, desinfetar mesa, brinquedos Evitar contato com doentes durante primeira semana da doença Exantema subito (HHV 6) (Roséola infantum) Pródromos 3-4 dias Febre >39.5 ºC - 3-4 dias Calafrios Exantema começando no tronco eritematoso papular) após o desaparecimento da febre Erupção: maculopápulas rosa-avermelhadas discretas. Inicio: no tronco, depois face e extremidades. Desaparecimento:em 02 dias, ocasionalmente em horas. A febre desaparece com o início do exantema AUSÊNCIA DE DESCAMAÇÃO Exantema Súbito Complicações: Convulsão Tratamento: Não existe tratamento específico – Uso de antipirético para febre DOENÇA DE KAWASAKI (DK) DK Principal causa de cardiopatia adquirida em crianças nos países desenvolvidos; Característica anatompatológica: vasculite extensa artérias de médio e pequeno calibre; preferência pelas coronárias. Etiologia: agente infeccioso? Febre, conjuntivite bilateral não - exsudativa, hiperemia de lábios e mucosa oral, alterações em extremidades e linfadenopatia cervical http://www.nhs.uk/conditions/Kawasaki -disease/Pages/Introduction.aspx DK Período prodrômico: 3-4 dias Edema, Eritema, Descamação nas extremidades Conjutivite Bilateral Exantema polimórfico, escarlatiniforme ou purpúrico com inicio no tronco e descamação lamelar. Adenopatia cervical Alterações nos lábios e na cavidade oral (edema, língua em framboesa) Artrite, dor abdominal Edema duro de dedos de mãos e pés http://www.nhs.uk/conditions/Kawasaki -disease/Pages/Introduction.aspx DIAGNÓSTICO http://www.nhs.uk/conditions/Kawasaki -disease/Pages/Introduction.aspx Classificação da American Heart Association Aneurismas: Pequenos: diâmetro interno da parede do vaso < 5mm Médios: diâmetro variando de 5 a 8mm Gigantes: › 8mm Fatores de risco: Febre recorrente a despeito do uso de IGIV VHS aumentado Anemia e hipoalbuminemia Sexo masculino Idade inferior a um ano Hiponatremia e trombocitopenia DK Complicações: Miocardite na fase aguda Aneurismas coronarianos – Solicitar ECOCARDIOGRAMA Tratamento: Objetivos – Diminuir a incidência da formação de aneurismas coronarianos Imunoglobulinas IV – 5% AAS Antiinflamatórios Corticoides ?? http://www.nhs.uk/conditions/Kawasaki -disease/Pages/Introduction.aspx VARICELA (Herpes Vírus) Período de incubação: 14 a 16 dias Período prodrômico: 1 a 2 dias em adolescentes com febre, mal-estar, cefaleia, anorexia, BEG Transmissão: contato, gotículas de muco ou saliva, aérea; ou indireta através de objetos recentemente contaminados por secreções do individuo infectado. Contagioso: desde o 1º dia até que todas vesículas tenham secado (1 semana) http://www.bio.fiocruz.br/index.php/var icela-sintomas-transmissao-eprevencao/46-o-instituto/governancacorporativa As vesículas localizam-se principalmente nas partes cobertas do corpo podendo aparecer no couro cabeludo e nas mucosas das vias aéreas superiores. Exantema Polimorfismo de lesões Céfalo--caudal; Duração de 7 a 14 dias Cicatrizes. Complicações da Varicela – Menores de um ano Celulite, abscesso – Adolescentes Pneumonia - 5 - 10 x maior Encefalite - 7 x maior Letalidade - 25 x maior erter ,1996 Complicações da Varicela em crianças 5% a 10% dos casos, em crianças Mais frequentes infecções pele e tecidos moles – Agentes: S. aureus e Streptococcus BHGA – > frequência em crianças de creches, onde há maior risco de infecção por SBHGA Otite média - 5% Trombocitopenia - 5 a 16%, geralmente leve Hepatite leve - 20% a 50% (transaminases) Ataxia - 1: 4.000 Encefalite - 1: 5.000 TRATAMENTO SUPORTE - Higiene adequada - Prurido - Cortar as unhas ANTIBIOTICOTERAPIA - SBHEGA e S.aureus – Oxacilina - Casos graves: penicilina cristalina + clinda Varicela Tratamento: Tratamento específico (não indicado na maioria dos casos) – Aciclovir intravenoso Doença grave ou progressiva imunossupressão RN com varicela neonatal por exposição perinatal Maiores de doze anos Prevenção: Pré-exposição: vacina Pós-exposição – Vacinação de bloqueio até 5 dias – Imunoglobulina (IGHAVZ) até 96 horas AGRADECIMENTO Bibliografia 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. Infectologia Pediátrica. Calil K. Farhat et al. 2ª edição. Ed. Atheneu; 1999. Fundação Nacional da Saúde/Ministério da Saúde. Sarampo e Rubéola - Treinamento Básico de Vigilância Epidemiológica, 2001. American Academy of Pediatrics. Pickering LK. Red Bood: Report of the Comittee on Infectious Diseases. 25th ed. Elk Grove Village, IL: American Academy of Pediatrics; 2000. Organización Panamericana de la Salud. Benenson, AS. Manual para el Control de Enfermedades Transmisibles. 16a ed. Washington, DC: OPS; 1997. Current Pediatric Diagnosis and Treatment. Hay WW et al. 12th ed. Appleton & Lange; 1995 http://www.bio.fiocruz.br/index.php/varicela-sintomas-transmissao-eprevencao/46-o-instituto/governanca-corporativa. acesso em 02.11.2016 https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmedhealth/PMHT0024694/ acesso em 15.11.2016