2.5.2. Equação geral da energia Combinando as equações anteriores, d p d (e ) V n dA Q WE Wcis e W dI e eV dndA vc sc vc sc dt dt o termo Note-se que trabalho W de escoamento foi mudado para o W p n VdA W W E cis I sc segundo membro e é tratado como termo de fluxo de energia. 2 2 d V V p ~ ~ I I Q WE Wcis WI ( g z u ) d ( g z u ) V n dA vc sc dt 2 2 Em escoamentos “reais”, formas úteis de energia são convertidas em formas de energia não utilizáveis “perdas”. assim, para escoamentos isotérmicos e incompressíveis, d ~ ~ perdas Q u d u V n dA sc dt vc Levando na equação anterior: 2 2 d V V p I I WE Wcis WI ( g z) d ( g z ) V n dA perdas vc sc dt 2 2 As perdas devem-se a dois efeitos principais: 1. A viscosidade causa atritos internos que resultam em aumento da energia interna ou de transferência de calor. 2. Mudanças bruscas na geometria resultam em descolamentos, que demandam energia útil para manter os movimentos secundários resultantes. Perdas distribuídas: - são perdas que ocorrem ao longo de trechos retilíneos do conduto, devido aos efeitos viscosos. Perdas singulares: - são perdas que ocorrem nas vizinhanças de uma mudança de geometria (válvulas, cotovelos, alargamentos, etc.) Em bombas, turbinas ou ventiladores (máquinas hidráulicas) as perdas são expressas em termos de sua eficiência. Exemplo: bomba com 80% de rendimento. Perdas = 20% da energia fornecida à bomba. 2.5.3. Escoamento permanente uniforme W E 2 V2 1 V1 W 0, Para W cis I volume de controle inercial, VI = V, escoamento permanente d/dt = 0 e, escoamento uniforme nas seções de entrada e saída (V2/2 + p/ + gz) = Cte. nestas seções, de modo que: =0 =0 =0 2 2 d V V p I I perdas WE Wcis WI ( g z) d ( g z ) dm vc sc dt 2 2 2 2 V p V p1 1 ( 2 2 g z )m perdas W ( g z1 )m E 2 2 2 2 1 g, vem: 1A1V1 2A2V2 . Dividindo por m Onde, m 2 2 W V V p p 1 E 2 2 1 z 2 z1 h L g m 2g 2 1 hL perda de carga, com: ~ u2 ~ u1 Q hL g g m Muitas das vezes é escrita em função do termo cinético: V2 hL K 2g “carga” energia por unidade de peso. W W N m kg m/s 2 m (m) compriment o 2 2 g m g kg m/s kg m/s m V2/2g carga de velocidade p/ carga de pressão z carga de posição p/ + z carga piezométrica V2/2g + p/ + z carga total. Na ausência do termo de trabalho de eixo e sem dissipação viscosa (perdas) a equação da energia pode ser escrita como: p1 V12 p 2 V22 z1 z2 1 2 g 2 2 g Observe que, para escoamento incompressível, 1 = 2 e a equação da energia toma uma forma idêntica à equação de Bernoulli. Porem, deve-se lembrar que: A Eq. de Bernoulli decorre da Eq. do movimento de Newton, sendo aplicável em uma mesma linha de corrente. A Eq. da energia decorre da 1ª Lei da Termodinâmica, sendo aplicável entre duas seções de um escoamento com distribuição de velocidades uniformes. A equação da energia, tal como escrita anteriormente, pode ser aplicada para qualquer escoamento permanente, uniforme com uma entrada e uma saída. O volume de controle deve ser escolhido de forma que as seções de entrada e de saída tenham uma carga total uniforme. Como exemplo, considere sua aplicação no escoamento da Figura 4.9, o qual mostra uma comporta em um canal aberto. Figura 4.9 Aplicação da Eq. da energia a uma comporta em um canal aberto A carga total na entrada e na saída pode ser calculada em qualquer ponto da entrada e da saída, respectivamente. Porém, uma escolha conveniente seriam os pontos situados na superfície da água; levando a: =0 =0 p1 V12 p2 V22 h1 h2 h L 1 2 g 2 2 g 0) (W E V12 V22 h1 h2 hL 2g 2g Considerando, como alternativa, os centróides das seções de entrada e saída, p'1 V12 h1 p'2 V22 h 2 hL 1 2 g 2 2 2 g 2 Neste caso, p’1 = h1/2 p’2 = h2/2 Levando estes valores na Eq. anterior, o resultado da primeira alternativa é recuperado. Considere agora o “T” da Figura 4.10. Figura 4.10 Aplicação da Eq. da energia a uma seção em T Neste caso há uma entrada e duas saídas. A Eq. da energia pode ser aplicada para cada uma das saídas. Ou seja: p1 V12 p2 V22 z1 z 2 h L1 2 1 2 g 2 2 g p1 V12 p3 V32 z1 z 3 h L13 1 2 g 2 2 g Sistema com bomba e turbina. Fazendo, W E H B HT g m Onde: HB adição de energia (bomba ou ventilador) HT extração de energia (turbina) De modo que: p1 V12 p2 V22 z1 H B z 2 H T h L12 1 2 g 2 2 g Potência hidráulica: bomba Ph B Q H B (W) turbina PhT Q HT (W) Potência de eixo: bomba PB Q HB ( W) B turbina PT Q HT T (W) Ou, de um modo geral, Ph P 1 Bomba Turbina 2.5.4. Escoamento permanente não uniforme Se a hipótese de perfil uniforme de velocidade não é aceitável, há necessidade de se corrigir o termo cinético na Eq. da energia. Considere o perfil de velocidades da figura abaixo. V dA V VdA peso que passa por dA na unidade de tempo V2/2g energia cinética por unidade de peso 2 V VdA energia cinética que passa na seção na unid. tempo 2g A Em termos da velocidade média, vem: 2 V VA energia cinética média 2g Introduzindo o fator de correção da energia cinética () 2 3 V VA V dA A 2g 2g 3 1 V dA A A V E a Eq. da energia, em termos da velocidade média, fica: p1 V12 p2 V22 1 z1 H B 2 z 2 H T h L12 1 2g 2 2g Perfis parabólicos em tubos circulares (escoamento laminar) = 2. Escoamento turbulento em tubos 1,05 Em aproximação = 1. Exemplo 4.6 A bomba da Fig. E4.6 é usada para aumentar a pressão de 0,2 m3/s de água de 200 kPa para 600 kPa. Se a bomba tem uma eficiência de 85%, qual a potência elétrica de que a bomba necessita? A área de saída fica 20 cm acima da área de entrada. Suponha que a área de entrada e de saída sejam iguais. Figura E4.6 Dados Q p1 p2 z2 - z1 g 200,0 200 600 85,0% 20 1000 9,81 l/s kPa kPa cm kg/m3 m/s2 0,200 2105 6105 0,200 m3/s Pa Pa m Solução: Considerando a Eq. da energia, =0 2 1 2 2 =0 p1 V p V z1 H B 2 z 2 H T h L12 1 2 g 2 2 g p2 p1 600 103 200 103 HB (z 2 z1 ) 0,200 40,97 m. 3 9,81 10 Cálculo da potência da bomba. Q g H B 103 0,200 9,81 40,97 3 PB 10 94,58 kW. 0,85 Exemplo 4.7 Água flui de um reservatório através uma tubulação com um diâmetro de 750 mm para uma unidade geradora (turbina) e sai para um rio que está localizado a 30 m abaixo da superfície do reservatório. Se a vazão do escoamento é de 2,50 m3/s, e a eficiência da turbina geradora é de 88%, calcule a potência de saída. Suponha um coeficiente de perda na tubulação (incluindo a saída) de K = 2. Dados D Dz Q K g 750 30,0 2,50 88,0% 2 1000 9,81 mm m m3/s kg/m3 m/s2 0,750 m Figura E4.7 Solução: Considerando a Eq. da continuidade, V 4Q 4 2,50 5,659 m /s. 2 2 D 0,750 Cálculo da perda de carga, V2 5,6592 hL K 2 3,264 m. 2g 2 9,81 Aplicando a Eq. da energia entre um ponto situado na superfície do reservatório e outro na superfície do rio, vem: =0 =0 2 1 =0 =0 =0 2 2 p1 V p V z1 H B 2 z 2 H T h L12 1 2 g 2 2 g H T (z1 z 2 ) h L12 30 3,264 26,74 m. Cálculo da potência da turbina PT Q HT T 9,81103 2,50 26,74 0,88 103 577,0 kW. Exemplo 4.8 O medidor Venturi mostrado reduz o diâmetro da tubulação de 10 para um mínimo de 5 cm (Fig. E4.8). Calcule a vazão e a vazão em massa, supondo condições ideais. Figura E4.8 Dados D1 D2 Dh g dHg 10,0 5,0 1,200 1000 9,81 13,6 cm cm m kg/m3 m/s2 0,100 0,050 m m Solução: Do manômetro de tubo em “U” e aplicando o caminhamento de 1 para 2, vem: p1 z Dh pa p b d Hg Dh z p2 p1 p2 (d Hg d ág ) Dh (13,6 1) 1,20 15,12 m. Da continuidade, 2 Q A1V1 A2V2 D A 10 V2 1 V1 1 V1 V1 4 V1 A2 5 D2 2 Uma vez que o escoamento se dá sob condições ideais, aplica-se a Eq. de Bernoulli, ou seja: p1 V12 p 2 V22 z1 z2 2g 2g p1 p2 V22 V12 16 1 2 15 2 V1 V1 2g 2g 2g V1 2 g p1 p2 15 2 9,81 15,12 4,447 m /s. 15 0,1002 Q A1V1 4,447 0,03493 m3/s. 4 Finalmente, Q 103 0,03493 34,93 kg/s. m Exemplo 4.9 A distribuição de velocidade para um certo escoamento em uma tubulação é V(r) = Vmáx(1 - r2/r02), na qual r0 é o raio do tubo (Fig. E4.9). Determine o fator de correção da energia cinética. Figura E4.9 Solução: Para determinar o fator de correção da energia cinética “” é necessário conhecer a velocidade média. Assim, 1 V V VdA máx2 A A ro 2Vmáx V ro2 r0 0 r2 2V 1 2 2 r dr máx 2 r r 0 o r0 r2 r4 2Vmáx 2 2 2 4 r r 0 0 o r0 0 r3 r 2 dr r0 r02 r02 1 Vmáx 2 4 2 Conhecida a velocidade média, pode-se calcular o . 3 1 V 1 dA 2 A A V r0 r0 0 3 r 2 1 2 2 r dr r0 2 16 r0 3 r 2 3 r 4 r 6 16 r0 3 r 3 3 r 5 r 7 2 1 2 4 6 r dr 2 r 2 4 6 dr r0 0 r0 r0 r0 r0 0 r0 r0 r0 16 r02 3 r02 3 r02 r02 16 1 2 2 12 r02 18r02 12r02 3r02 2 r0 2 4 6 8 r0 24 Conseqüentemente o fluxo de energia cinética associado à distribuição de velocidade parabólica através de um tubo circular é dado por: V2 V2 m A 2 (V n)dA 2 2 2.6. A Equação da Quantidade de Movimento 2.6.1. Equação geral da quantidade de movimento A segunda lei de Newton, muitas vezes chamada “equação da quantidade de movimento”, afirma que a força resultante agindo em um sistema é igual a taxa de variação da quantidade de movimento do sistema, quando media em um referencial inercial. DQsis F D t Princípio de conservação da q.d.m. linear. Com: Qsis Vd sis dQsis Vdm Considerando o TTR, D Nsis d d SC V ndA Dt dt VC Com Nsis Qsis , e dN dQsis V dm dm Então: d F dt VC Vd SC V(V n) dA F Resultante das forças externas agindo sobre o VC (sistema). Forças de superfície Engloba Normais pressão Tangenciais atrito viscoso Forças de massa (campo, corpo) Quando se aplica a Eq. da q.d.m., a quantidade F representa todas as forças agindo no volume de controle. Incluem as forças de superfície, resultante da ação do meio externo agindo sobre a superfície de controle e forças de massa que resultam dos campos gravitacional e magnético. A Eq. da q.d.m. é muitas vezes usada para determinar as forças induzidas pelo escoamento. Alternativas para a escolha do VC na aplicação da Eq. da q.d.m. Figura 4.11 Forças agindo sobre o VC de um bocal horizontal a) Volume de controle inclui o bocal e o fluido no bocal; b) Volume de controle inclui apenas o fluido no bocal. 2.6.2. Escoamento uniforme e permanente Escoamento uniforme cte. e V cte. em cada seção. Escoamento permanente 0 t Com estas simplificações, a Eq. da q.d.m. fica: N F i Ai Vi (Vi ni ) i 1 N = número de áreas de entrada e/ou saída. Com apenas uma entrada e uma saída e considerando a Eq. da continuidade, vem: F m (V2 V1 ) Observe que esta é uma equação vetorial, portanto, é representada por três equações escalares. F F F x ( V2 x V1x ) m y ( V2 y V1y ) m z ( V2 z V1z ) m Para determinar o componente em x, da força da junta no bocal da Fig. 4.11a, é necessário determinar os componentes das forças que atuam em x, como também os componentes das velocidades. Assim, V1x = V1 V2x = 0 F1x = p1A1 F2x = 0 (p2 = 0) Portanto, F x (V2 x V1x ) m V1 ( Fx ) junta p1A1 m V1 ( Fx ) junta p1A1 m Um exemplo de escoamento em canal é mostrado na Fig. 4.12 Figura 4.12 Forças do escoamento em uma comporta Neste caso, F1x F1 1 h1A1 , 2 V1x V1 F2 x F2 1 h2A2 2 V2 x V2 Na Eq. da q.d.m., vem: F x (V2 x V1x ) m (V2 V1 ) Fcomporta F1 F2 m Fcomporta 1 ( V2 V1 ) ( h1A1 h 2 A 2 ) m 2 Exemplo 4.11 Água escoa através de um cotovelo de uma tubulação horizontal e sai para a atmosfera (Fig. E4.11a). A vazão volumétrica é 8,5 l/s. Calcule a força em cada barra que segura o cotovelo em seu lugar. Despreze forças de massa, efeitos viscosos e forças de cisalhamento sobre as barras. = 40 mm = 75 mm Figura E4.11 Dados: Q D1 D2 g 8,5 75 40 1000 9,810 l/s mm mm kg/m3 m/s2 0,0085 0,0750 0,0400 m3/s Solução: É escolhido um VC. m m Calcula-se as velocidades nas seções de entrada e saída Q 4 Q 4 0,0085 V1 1,924 m /s. 2 2 A1 D1 0,075 V2 Q 4 Q 4 0,0085 6,764 m /s. 2 2 A 2 D 2 0,040 Sem efeitos viscosos, logo, da Eq. de Bernoulli, 2 1 =0 p1 V p 2 V22 z1 z2 2g 2g tubulação horizontal, logo: 2 103 2 p1 (V2 V1 ) (6,7642 1,9242 ) 21030 Pa 2 2 Aplicando a Eq. da q.d.m. na direção “x”, resulta: F (V2 x V1x ) m V1 p1A1 R x m x 0,0752 V1 21030 R x p1A1 m 103 0,0085 1,924 109,3 N 4 Em y, F y (V2 y V1y ) m V2 Ry m R y 103 0,0085 6,764 57,49 N A força resultante será: R R 2x R 2y 109,32 57,492 123,5 N O ângulo da força com a horizontal será de: arctg Ry Rx arctg 57,49 27,75 109,3 Atuando de baixo para cima e da direita para a esquerda. Exemplo 4.12 Quando a velocidade de um escoamento em um canal aberto, retangular, de largura “b” é relativamente grande, é possível que o escoamento “salte” de uma profundidade y1 para uma profundidade y2 em uma distância relativamente curta, como mostra a Fig. E4.12; chama-se a esse fenômeno de “ressalto hidráulico”. Expresse y2 em termos de y1 e V1; suponha um escoamento uniforme horizontal. Figura E4.12 Solução: Com a hipótese de atrito viscoso desprezível, tem-se: F x (V2 x V1x ) y1bV1 (V2 V1 ) F1 F2 m y1 y ( y1b) 2 ( y 2 b) y1bV1 ( V2 V1 ) 2 2 Da continuidade, Q V1 y1 b V2 y 2 b V2 V1 A1 y V1 1 A2 y2 Levando na equação anterior, vem: g 2 y y g ( y1 y 22 ) y1V12 ( 1 1) V12 1 ( y1 y 2 ) ( y1 y 2 )( y1 y 2 ) 2 y2 y2 2 2 y22 y1y2 V12 y1 0 g y2 y1 y12 g8 y1V12 2 1 y 2 ( y1 y12 g8 y1V12 ) 2 Exemplo 4.13 Considere o escoamento simétrico de ar ao redor do cilindro. O volume de controle, excluindo o cilindro, é mostrado na Fig. E4.13. A distribuição de velocidade à jusante do cilindro é aproximada por uma parábola, conforme mostrado. Determine a força de arrasto por metro de comprimento agindo sobre o cilindro. Use = 1,23 kg/m3. y2 u( y) 29 100 Figura E4.13 Solução: Hipóteses simplificadoras: • Escoamento permanente; • escoamento em um plano horizontal; • pressão constante na superfície de controle. Da continuidade (escoamento permanente) sc 10 V ndA 0 dm dm 2 u( y)dy 2U 1 10 A AD 10 AD 2 2m 0 A BC 0 y2 (29 )dy 2 U 10 0 100 AD ( 29 y m 3 A 10 m 10 m 10 y ) U 10 0 3 100 0 D B C AD m 103 1 1,23 30 10 1,23(29 10 ) 1,23 10(30 29 ) 8,20 3 100 3 AD 8,20 kg / s m Eq. da q.d.m. A F V(V n)dA D sc F Na direção x, tem-se: F x B C pABAAB pCDACD F F (pressão constante na superfície de controle) F AAD V(V n)dA ACD V(V n)dA ABC V(V n)dA V(V n)dA AB Discussão dos sinais das integrais. Nas seções AD e BC os fluxos de massa estão saindo, portanto: AD m BC ( ) m e Vx U Na seção CD o fluxo de massa também está saindo, então é (+). Por outro lado: Vx u( y) V n u( y) Na seção AB o fluxo de massa está entrando, portanto é (-). E: A D B C Vx U e A 2 10 1 AD F U m ACD BC 20 U U [u( y)]2 dA Um 2 10 AD 2 F 2U m 0 y2 29 dy 20 U 2 100 2 10 0 10 y2 y2 y4 2 29 dy 29 2 29 4 dy 0 100 100 10 103 105 29 10 58 8 605 2 4 3 10 5 10 2 Portanto: F 2 30 8,20 2 1,23 8605 20 1,23 302 478,0 N. Exemplo 4.14 Encontre uma expressão para a perda de carga em um alargamento brusco de seção, em um tubo, em termos de V1 e da relação de áreas (Fig. E4.14a). Suponha perfis de velocidade uniformes e que a pressão, na expansão súbita, seja p1. Figura E4.14a Solução: Hipóteses simplificadoras: • Escoamento permanente; • escoamento em um plano horizontal; • valores uniformes nas seções; • pressão p1 em toda a seção 1 (alargamento brusco). Figura E4.14b Considerando a Eq. da q.d.m. na direção x, F x (V2 V1 ) p1A2 p2A2 m (p1 p2 )A2 A2V2 (V2 V1 ) p1A2 p2A2 V1 p1 p 2 V2 ( V2 V1 ) g g V2 VC Aplicando a Eq. da energia entre as seções 1 e 2, p1 V12 p2 V22 z1 z2 hL 2g 2g p1 p 2 V22 V12 2V2 (V2 V1 ) (V2 V1 )( V2 V1 ) hL 2g 2g 2g V2 V1 (V2 V1 ) 2 hL (2V2 V2 V1 ) 2g 2g Da continuidade, V2 A1 V1 A2 Finalmente: 2 2 A1 V12 V1 h L 1 K 2g A 2 2g ( V2 V1 )2 hL 2g 2.6.3. A equação da q.d.m. aplicada a defletores O estudo de defletores compreende uma introdução ao estudo das Máquinas de Fluxo. Está separada em duas partes: • jatos de fluidos desviados por defletores estacionários; • jatos de fluidos desviados por defletores em movimento. Hipóteses simplificadoras: • • • • a pressão externa aos jatos é constante (pressão no fluido); efeitos viscosos desprezíveis; o espalhamento lateral de um jato é desprezível; a força de massa (campo) é desprezível. Defletor Estacionário Considere o defletor estacionário da Fig. 4.13. Figura 4.13 Defletor estacionário A aplicação da Eq. de Bernoulli com a hipótese adicional de mudança de elevação desprezível, leva a: =0 2 1 =0 p1 V p2 V22 z1 z2 2g 2g V1 V2 Uma vez que o escoamento é permanente e com distribuição uniforme de velocidades nas seções de entrada e saída, F m (V2 V1 ) Como p1 = p2 = 0, as forças de pressão são nulas. Assim, das forças de superfície resta apenas a força que o defletor exerce sobre o fluido. Então: Defletor Estacionário F (V2 x V1x ) m (V2 cos V1 ) m V1 (cos 1) R x m F (V2 y V1y ) m V1 sen Ry m x y Defletor em Movimento A situação envolvendo defletores em movimento deponde de haver um único defletor movendo-se ou de haver uma série deles em movimento (pás de uma turbina). O caso envolvendo um único defletor é mostrado na Fig. 4.14. Injetor Figura 4.14 Defletor em movimento Defletor movendo-se com velocidade VB = Cte., na direção x. O escoamento quando visto de um referencial fixo em relação ao injetor (inercial) é não permanente. Por outro lado, o movimento visto a partir de um referencia fixo em relação ao defletor (inercial) é permanente. Vr1 = V1 – VB (velocidade relativa). Essa velocidade permanece constante durante o escoamento. Vr1 = Vr2. A Eq. da q.d.m. é aplicada com valores relativos (escoamento permanente). F m r (Vr 2 Vr1 ) Em termos dos componentes, F r Vr1 (cos 1) m r (V1 VB )(cos 1) R x m F r (Vr 2 y Vr1y ) m r Vr1 sen m r (V1 VB ) sen Ry m x y r é que sofre a variação da q.d.m. Onde m r AVr1 A(V1 VB ) m Defletores Múltiplos (grade) As pás de uma máquina de fluxo axial (escoamento na direção do eixo) podem ser representadas através de um corte cilíndrico desenvolvido (aberto). Neste corte as pás são dispostas de forma eqüidistantes e contínua (corte cilíndrico desenvolvido). Esta disposição de pás é conhecida como “grade”. Uma grade, com um injetor é mostrada na Fig. 4.15. Figura 4.15 Escoamento por uma grade O jato deve sempre estar escoando sobre uma pá. Quando estiver deixando de atuar sobre uma, deve estar começando a atuar sobre a vizinha. A força atuando em uma pá, em particular, é zero até o jato incidir sobre ela; então, ela aumenta até um valor máximo e, em seguida, diminui até zero, conforme a pá deixa o jato. O movimento é idealizado como segue: suponha que, em média, o jato é defletido pelas pás, como mostrado nas Figs. 4.15 e 4.16a, quando visto de um referencial estacionário; o jato entra na grade com um ângulo 1 e sai com uma ângulo 2. Para não haver perdas por choque a velocidade relativa à pá, na entrada da grade, tem que incidir com o ângulo construtivo da pá, ou seja, o escoamento tem que ser tangente a esta. Figura 4.16 Detalhes da situação do escoamento envolvendo uma grade a) posição média do jato (escoamento absoluto) b) triângulo de velocidades na entrada c) triângulo de velocidades na saída. Assim: ângulo que o escoamento relativo faz com a direção x. ângulo construtivo da pá. Neste tipo de máquina (de ação) a velocidade relativa permanece constante enquanto o fluido se move pela pá. Do teorema de composição de velocidades, * VI V S r VI V S r velocidade absoluta (referencial estacionário) VI V * velocidade relativa (referencial móvel – em rotação) V Vr S0 velocidade de translação do referencial relativo r VB velocidade tangencial (movimento circunferêncial) Portanto: V Vr VB Eq. vetorial, cuja solução gráfica dá origem ao triângulo de velocidades Entrada 1 Vr1 1 V1 VB VB Saída 2 Vr2 V2 2 Vr2 x sentido do movimento das pás (circunferêncial) x O interesse está em determinar o componente da força na direção do movimento (x). Supondo que a pressão na entrada e saída do rotor é a mesma e que toda a massa que sai do injetor sofre uma variação na quantidade de movimento, pode-se, a partir da Eq. da q.d.m., escrever: Volume de controle absoluto. (V2 x V1x ) Rx m A potência é obtida ao se multiplicar a força que impõe o movimento (Rx), pela velocidade do movimento (VB). Havendo mais de um jato, multiplica-se pelo número de jatos (N). Deste modo: NR V PW x B Exemplo 4.15 Um defletor desvia uma folha de água de um ângulo de 30°, como mostra a Fig. E4.15. Qual força é necessária para segurar o defletor no lugar, se a vazão em massa é de 32 kg/s? Figura E4.15 Dados: m h b 32 1000 2 400 30º kg/s kg/m3 mm mm 0,002 0,400 m m Solução: Hipóteses simplificadoras: • • • • Escoamento permanente; escoamento em um plano horizontal; valores uniformes nas seções e pressão atmosférica atuando em todo o jato. Cálculo de V1 (continuidade). m 32 V1 3 40 m / s. A1 10 0,002 0,40 Considerando a Eq. da q.d.m. (escoamento permanente) F m (V2 V1 ) F x =0 =0 p1A1 p2 A2 cos R x (V2x V1x ) 32 40(cos 30º 1) 171,5 Rx m R x 171,5 N. (V2 y V1y ) 32 40(sen 30º 0) 640,0 N. Ry m Exemplo 4.16 O defletor mostrado na Fig. E4.16 move-se para a direita a 30 m/s enquanto o bocal permanece estacionário. Determine: a) os componentes da força necessária para sustentar o defletor; b) V2, como observado por um observador fixo e c) a potência gerada pela pá. A velocidade do jato é de 80 m/s. Figura E4.16 Dados: VB V1 h b 30 80 2 400 30º 1000 m/s m/s mm mm 0,002 0,400 m m Solução: Hipóteses simplificadoras: • • • • Escoamento permanente; escoamento em um plano horizontal; valores uniformes nas seções e pressão atmosférica atuando em todo o jato. kg/m3 Defletor móvel referencial fixo no V.C. Cálculo da velocidade do jato em relação ao V.C (em 1 = Vr1). Vr1 V1 VB 80 30 50 m / s Bernoulli p1 Vr12 p2 Vr22 z1 z2 2g 2g Vr1 Vr2 50 m / s a) Cálculo dos componentes da força necessária. Da Eq. da q.d.m. (escoamento permanente) F m (V2 V1 ) (Vr2x Vr1x ) Q Vr1 (cos 30º1) Rx m R x 103 502 0,002 0,40(1 cos 30º ) 267,9 N. (Vr2 y Vr1y ) Q Vr2 sen 30º Ry m R y 103 502 0,002 0,40 sen30º 1000 N. b) Cálculo da velocidade vista por um observador externo, na saída. V2x Vr2x VB 50 cos 30º30 73,30 m / s V2 y Vr2 y 50sen 30º 25,00 m / s V2 73,30 i 25,00 j V2 V22x V22y 73,302 25,002 77,45 m / s b) Cálculo da potência gerada. P = força velocidade na direção do movimento R V 267,9 30 8038 W PW x B Exemplo 4.17 Jatos de ar de alta velocidade incidem tangencialmente nas pás do rotor de uma turbina. O rotor da turbina tem 1,5 m de diâmetro e opera a 140 rps (Fig. E4.17a). Há 10 de tais jatos com diâmetro de 40 mm. Calcule a máxima potência de saída. A massa específica do ar é de 2.4 kg/m3. Figura E4.17 Dados: Dro N Dja V1 1 2 1,5 140 10 40 2,4 200 30° 30° m rad/s jatos mm kg/m3 m/s 0,040 m Solução: Hipóteses simplificadoras: • • • • Escoamento permanente; escoamento em um plano horizontal; valores uniformes nas seções e pressão constante atuando em todo o jato (atmosférica). Neste caso os defletores são as pás do rotor da turbina e estas não têm um movimento retilíneo, mas sim um movimento circunferêncial em torno do eixo do rotor (tangencial). Portanto: VB R 140 1,50 105,0 m / s. 2 Do triângulo de velocidades para a entrada do rotor, V1sen1 Vr1sen1 V1 cos 1 Vr1 cos 1 VB V1 Vr1 1 VB V1 cos 1 VB Vr1 cos 1 1 tan 1 V1 sen1 V1 cos 1 VB tan 1 200 sen 30º 1,466 200 cos 30º 105,0 Vr1 200 1 arctan 1,466 55,70º sen 30º 121,0 m / s. sen55,70º Da continuidade, 0,042 Q A1V1 200 0,2513 m3 / s. 4 Da Eq. de Bernoulli e tendo em vista que p1 = p2, vem: p1 Vr12 p2 Vr22 z1 z2 2g 2g Vr1 Vr2 121,0 m / s Com estes resultados, pode-se montar o triângulo de velocidades para a saída. VB V r2 tan 2 V2 2 Vr2 V2sen2 Vr2sen2 2 V2 cos 2 VB Vr2 cos 2 V2 121,0 sen 30º 352,3 105,0 121,0 cos 30º tan 2 Vr2 sen 2 VB Vr2 cos 2 2 arctan 352,3 89,84 Vr2sen 2 121,0 sen 30 60,52 n / s. sen 2 sen89,84 A Eq. da q.d.m. aplicada ao volume de controle absoluto, fornece: R x Q (V2x V1x ) R x 2,40 0,2513(60,52 cos 89,84º 200 cos 30) 104,4 N. Como há 10 jatos, cada um impondo a força acima, a potência será então: P N R x VB 10 104,3 105,0 103 109,6 kW. 2.6.4. Escoamento permanente não uniforme Se a hipótese de escoamento uniforme não é aplicável, o fluxo da q.e.m. pode ser calculada a partir da velocidade média. E: sc V(V n)dA A V2dA V 2 A 2 1 V dA A A V de modo que: F Q(2V2 1V1 ) Exemplo 4.18 Calcule o fator de correção da quantidade de movimento para um perfil parabólico a) entre placas paralelas e b) em uma tubulação circular. Os perfis parabólicos são mostrados na Fig. E4.18. Figura E4.18 Solução: a) Perfil parabólico entre placas paralelas - expresso por: y2 V( y) Vmáx (1 2 ) h dy y dA = w dy h h w Vmáx h V 1 y2 h 2 V VdA 2 (1 2 ) w dy máx (h ) Vmáx A A 2h w 0 h h 3 3 2 1 V 9 2 dA A A V 2 4 2h w 0 h 2 y2 1 2 w dy h 91 h3 h5 9 8 6 (h 2 2 4 ) 4h 3h 5h 4 15 5 b) Perfil parabólico em um tubo circular - expresso por: r2 V(r ) Vmáx (1 2 ) R dr r R dA = 2 r dr V 1 V VdA máx2 A A R 2 R 0 1 V 1 dA A A V 2 R 2 2Vmáx R 2 R 4 r2 1 (1 2 )2r dr ( ) Vmáx 2 2 R R 2 4R 2 R 0 2 r 41 2 2r dr R 2 8 R2 R4 R6 2 4 2 ( 2 2 ) 8 4 R 2 4R 6R 12 3 2.6.5. Referencias não inerciais Do teorema de composição de acelerações, d 2S d A 2 2 V ( r ) r a dt dt 2 d dS a* 2 2 V ( r ) r aceleração aparente dt dt A aceleração inercial a aceleração relativa (vista do referencial não inercial) De modo que: A a *a 2a Lei de Newton dF dm A - integrando, F A dm a *dm a dm sis sis sis DV D F FI sis Dt dm Dt sisVdm r r Qr Vdm sis DQ r F FI Dt dQ r V dm então: princípio da conservação da q.d.m. visto do referencial relativo. d dS FI a * dm [ 2 2 V ( r ) r ] dm sis sis dt dt FI resultante das forças aparentes (hipotéticas). 2 OBS. Ao se aplicar o TTR, as derivadas temporais, velocidades e acelerações têm que ser tomadas em relação ao VC (ref. Relativo). D Nsis d d V ndA Dt dt VC SC D F FI Dt sisVdn r derivada temporal vista do refer. Relativo. Com a grandeza extensiva Nsis, sendo igual a q.d.m. relativa, vem: Nsis Qr Vdm sis dN dQ r velocidade relativa V dm dm DQ r d F FI Dt dt Vd V(V n)dA VC SC 2.7. Equação do Momento da Quant. de Movimento No item 2.2 a Eq. da quantidade de movimento angular foi discutida, chegando-se a: DH sis Princípio de conservação da D M Dt sis ( r V)d Dt q.d.m. angular. Com: Hsis ( r V)d quantidade de movimento angular sis Pretende-se escrever esta equação sob o ponto de vista de volume de controle. Assim, considerando o TTR e tomando a quantidade de movimento angular como grandeza extensiva associada ao sistema, vem: D Nsis d d V ndA Dt dt VC SC Portanto, se: Nsis H r Vdm sis dN dH r V dm dm Levando no TTR, resulta: d M dt r Vd r V(V n)dA VC SC Em se tratando de referenciais não inerciais a Eq. da q.d.m. angular passa a ser escrita como: d M MI dt r Vd r V(V n)dA VC SC Com: M I r a * dm Sis