EVENTOS NÃO-EPILÉPTICOS Bárbara Moreira Storck Denys Assis Felipe Hirono Kauana Nitzsche Luís Henrique Bordini Ricardo Scarmagnani Rodolfo Engelbert Tsai I Lin • 25% dos pacientes acompanhados por suspeita de crise epiléptica não têm epilepsia. • A crise epilética tem vários sintomas possíveis, então vários grupos de entidades que podem simular essas crises... • ...Aqui abordamos: • Síncopes, • Transtornos psicológicos, • Transtornos do sono, • Transtornos do movimento, • Migrânea, • Eventos causadores de alucinação. Síncope Síncope • Síncope é a perda transitória da consciência e do tônus muscular devido a interrupção de fontes de energia para o cérebro • Elemento principal: redução ou interrupção do fluxo cerebral • Juntamente com as convulsões, constituem as principais causas de perda da consciência não explicada • Pode ser classificada de acordo com a causa: Síncope vasovagal; Síncope situacional; Hipotensão ortostática; Síncope cardíaca; entre outras Manifestações Clínicas da Síncope • Pré-síncope • sensação de desmaio iminente, mal-estar forte e mal definido, palidez cutânea, visão turva, sudorese profusa, que se acompanha frequentemente de náusea e de vontade de urinar ou defecar. • Perda da consciência • Diminuição do tônus muscular, período breve de inconsciência, podendo acontecer abalos clônicos ou mioclônicos (“síncope convulsiva”). Síncope Convulsão Desencadeantes (posição, emoção, Valsalva) Comuns Raras Sudorese e náusea Comuns Raras Aura (dejá vu, cheiro) Raros Comuns Antes da crise Durante a crise (de testemunhas oculares) Palidez Comum Rara Cianose Rara Comum Duração da PDC > 20s > 60s Movimentos Alguns abalos clônicos ou mioclônicos; breve postura tônica (alguns segundos); duração <15s; começam sempre depois da PDC Fase tônica prolongada; depois movimentos clônicos rítmicos prolongados; duração > 1min; podem começar no início da PDC ou antes; abalos universais (crise parcial) Mordedura da língua lateral Rara Ocasional Hipersalivação Rara Comum Confusão mental/desorientação Rara; < 30 s Comum; alguns minutos ou mais Características que não ajudam na diferenciação Incontinência, nível de prolactina, tonturas, medo, outra lesão além da mordedura lateral da língua, movimentos oculares (rolar para trás), automatismos breves, vocalizações, alucinações visuais ou auditivas Após a crise Desordens psicológicas Crise não epiléptica psicogênica (crise conversiva) • Desordem mais confundida com epilepsia • Geralmente categorizada como transtorno somatoforme ou dissociativo, provavelmente possui patogênese psiquiátrica heterogênea • Episódios superficialmente assemelham-se com crises epilépticas, mas são atípicos em uma ou mais características • VEEG costuma ser requerido para dx Sinal Duração Crise conversiva Usualmente > 2 min Olhos Crise epiléptica Usualmente curta (< 1-2 min) Abertos durante crise Atividade motora Estereotipada, sincronizada, Variável; Empurra pelve de um lado a outro, rola de um lado a outro, opistótono; Aumentam e diminuem Vocalização Atonia ictal prolongada Incomum Incomum Pode ocorrer Pode ocorrer Incontinência Sinais autonômicos Comum Cianose e taquicardia em TCG Incomum Incomum Sintomas pós ictais Confusão, sonolência, cefaléia Rapidamente disperto e reorientado; cefaleia é incomum Fechados durante crise (fechamento forçado à manobra de abertura sugere quadro) Ataques de pânico • Quando o pânico é confundido com crise epiléptica? 1. Quando não é precipitado por circunstância estressante 2. Associada com sentimento de despersonalização/desrealização • Quando a crise epiléptica é confundida com pânico? 1. Ansiedade é uma comorbidade 2. Medo como sintoma ictal (epilepsia de lobo temporal) • Usualmente em pacientes com transtornos ansiosos subjacentes • Varia em duração (minutos – horas) • Podem incluir: palpitações, dispneia, dor no peito, pré-sincope, sensação de desgraça eminente • Hiperventilação, taquicardia, diaforese e tremores Ataques de pânico • Sintomas da crise epiléptica “verdadeira” que auxiliam a diferenciar: • • • • • • Duração Natureza estereotipada Início súbitos Automatismos motores Não responsividade Letargia pós-ictal Distúrbios do sono Característica episódica e geralmente de natureza paroxística Alguns são eventos exclusivamente noturnos Narcolepsia • Distúrbio de sono REM que invade o estado de vigília • Tétrade – hipersonolência diurna, cataplexia, paralisia do sono, alucinações hipnagógicas. • Gatilhos emocionais. • Polissonografia: menor latência para o sono e para fase REM. Outros distúrbios de sono • Distonia paroxística noturna – episódios de discinesia ou distonia durante ou imediatamente após o despertar do sono não-REM. • Mioclonia benigna do sono – acontece entre a transição sono-vigília, geralmente acompanhado de sensação de queda. • Síndrome das pernas inquietas – desconforto nas pernas no repouso, aliviado com movimento periódicos. Clínica: Distúrbios de sono x Epilepsia Distúrbios do sono • Evento > 10min • Idade > 55anos • Vocalização coerente e articulada • Movimentos dirigidos complexos Crises epilépticas noturnas • Duração < 2min • Vários eventos por noite • Ocorre nos primeiros 30min do sono • Postura distônica • Eventos estereotipados Na dúvida diagnóstica, EEG e polissonografia são necessários. Distúrbios do Movimento Distúrbios do movimento(DM) • Hipercinéticos ou discinéticos: coreia, distonia, atetóse, tiques, tremores e balismo. • DM raramente são confundidos com convulsões. • DM não têm alteração da consciência. • Mas DM episódicos e crise epiléptica parcial simples com distonia focal podem ser confundidos. Discinesias paroxísticas • Discinesia paroxística cinesiogênica • Discinesia paroxísticas não cinesiogênica • Discinesia paroxística induzida por exercício • Discinesia paroxística hipnogênica Migrânea Migrânea • Migrânea ou enxaqueca é um transtorno crônico caracterizado por dores de cabeça recorrentes, de moderadas a graves, muitas vezes associadas a diversos sintomas do SNA. • Episódica, pode ter alterações visuais e auditivas. E tudo isso pode acontecer na epilepsia também. • Apesar de apresentarem traços em comum, epilepsia e migrânea são distintas em alguns aspectos: Epilepsia x Migrânea Sintoma • Cefaléia • Aura visual Epilepsia • 40-45% pós-ictal • Colorida, esférica, de curta duração • Atividade motora e • Consciência perda de consciência mais comumente • Sintomas • Se espalham rápido, somatosensori mas duram pouco ais tempo Migrânea • Sintoma cardinal • Geométrica, linear, de longa duração • Confusão ou letargia são incomuns, mas podem ocorrer • Demoram a se espalhar, mas duram mais tempo ALUCINAÇÕES Podem ser parte da aura da convulsão Ou Ocorrer como fenômeno episódico em uma variedade de condições TIPOS DE ALUCINAÇÕES: • SOMATOSENSORIAIS • VISUAIS • AUDITIVAS • OLFATÓRIAS CARACTERÍSTICAS DA ALUCINAÇÃO NA EPILEPSIA: • única modalidade sensorial ou múltiplas modalidades em sequência • concomitante à crise, breves, recorrentes e estereotipadas • é incomum ser a única manifestação da crise epilética OUTRAS SITUAÇÕES QUE CURSAM COM ALUCINAÇÃO: • Esquizofrenia • Depressão psicótica • Narcolepsia • Doenças neurodegenerativas ( Demência com corpos de Lewy, Doença de Parkinson, Doença de Alzheimer) • Migrânea • Crises de abstinência (álcool, anfetaminas, cocaína) • Delirium (por desequilíbrio metabólico) • Lesões cerebrais focais por AVC, Esclerose múltipla. • Drogas Desordens Paroxísticas Não-Epiléticas “Imitadores de Epilepsia” Referências bibliográficas • ROWLAND, L. MERRITT: Tratado de Neurologia. 11. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2007 • UpToDate, Nonepileptic paroxysmal disorders in adolescents and adults. Disponível em : < http://www.uptodate.com/contents/nonepileptic-paroxysmaldisorders-in-adolescents-and-adults?source=see_link> Acesso em 21 novembro de 2014