Marketing para o século XXI 1. A importância do marketing O marketing está por toda parte. Formal ou informalmente, pessoas e organizações envolvem-se em um grande número de atividades que poderiam ser chamadas de marketing. O bom marketing tem se tornado um ingrediente cada vez mais indispensável para o sucesso nos negócios. E o marketing afeta profundamente nossa vida cotidiana. O marketing está em tudo o que fazemos – das roupas que vestimos aos sites em que clicamos, passando pelos anúncios que vemos. O bom marketing não é acidental. O bom marketing resulta de planejamento e execução cuidadosos. Em quase todos os setores, as práticas de marketing estão sendo continuamente refinadas e reformuladas para aumentar as chances de sucesso. O sucesso financeiro muitas vezes depende da habilidade de marketing: finanças, operações, contabilidade e outras funções de negócios não terão sentido se não houver uma demanda para produtos e serviços suficiente para que a empresa obtenha lucro. O marketing não é nada simples e foi o calcanhar-de-aquiles de muitas empresas que foram prósperas no passado: empresas grandes e conhecidas, após se defrontar com consumidores mais exigentes e novos concorrentes, tiveram de repensar seus modelos de negócios Até mesmo líderes de mercado reconhecem que não podem se dar ao luxo de relaxar. Jack Welch, ex-CEO da GE, não se cansava de prevenir sua empresa: “mude ou morra”. Os gerentes de marketing precisam tomar decisões importantes, como quais características incluir em um novo produto, a que preço oferecê-lo aos consumidores, onde vender seus produtos e quanto gastar em propaganda e vendas. Os gerentes de marketing também devem tomar decisões mais detalhadas, como escolher as palavras e as cores para uma nova embalagem. As empresas sujeitas a maior risco são aquelas que não conseguem monitorar seus clientes e concorrentes com cuidado e aperfeiçoar sempre suas ofertas de valor. Essas empresas assumem uma visão de negócios de curto prazo, direcionada para vendas, e vão acabar por não satisfazer os acionistas, os funcionários, os fornecedores e seus parceiros comerciais. O marketing habilidoso é uma busca sem fim. 2. O escopo do marketing Para se preparar para trabalhar com marketing, você precisa entender o que é marketing, como ele funciona, a que se aplica e por quem é feito. 2.1 O que é marketing? O marketing envolve a identificação e a satisfação das necessidades humanas e sociais. O marketing supre necessidades lucrativamente. Definição de marketing da American Marketing Association: marketing é uma função organizacional e um conjunto de processos que envolvem a criação, a comunicação e a entrega de valor para os clientes, bem como a administração do relacionamento com eles, de modo que beneficie a organização e seu público interessado. A administração de marketing é a arte e a ciência da escolha de mercados-alvo e da captação, manutenção e fidelização de clientes por meio da criação, da entrega e da comunicação de um valor superior para o cliente. Marketing social: marketing é um processo social pelo qual indivíduos e grupos obtêm o que necessitam e desejam por meio da criação, da oferta e da livre troca de produtos e serviços de valor com outros. Marketing gerencial: marketing é a arte de vender produtos. Contudo, a parte mais importante do marketing não é vender! Vendas são a ponta do iceberg do marketing. Peter Drucker aborda esta questão da seguinte maneira: “Pode-se considerar que sempre haverá a necessidade de vender. Mas o objetivo do marketing é tornar supérfluo o esforço de venda. O objetivo do marketing é conhecer e entender o cliente tão bem que o produto ou o serviço seja adequado a ele e se venda sozinho. Idealmente, o marketing deveria resultar em um cliente disposto a comprar. A única coisa necessária então seria tornar o produto ou o serviço disponível”. 2.2 Troca e transações Uma pessoa pode obter um produto de quatro maneiras: Ela pode produzir o produto – caçando, pescando ou colhendo frutos, por exemplo. Pode utilizar a força para obter o produto, assaltando ou roubando. Pode mendigar, como fazem os moradores de rua para conseguir comida. Ou então pode oferecer um produto, serviço ou dinheiro em troca de alguma coisa que deseja. A troca, que é o conceito central do marketing, envolve a obtenção de um produto desejado de alguém oferecendo algo em troca. Para que o potencial de troca possa existir, cinco condições são essenciais: 1. Que existam pelo menos duas partes. 2. Que todas as partes possuam algo que possa ter valor para as outras partes. 3. Que todas as partes tenham capacidade de comunicação e de entrega. 4. Que todas as partes estejam livres para aceitar ou recusar a oferta de troca. E 5. Que todas as partes acreditem ser adequado participar da negociação. A efetivação ou não da troca depende de as duas partes concordarem com termos que deixarão ambas em uma situação melhor do que antes. A troca é um processo de criação de valor, porque normalmente deixa as partes envolvidas em melhor situação. Duas partes estão engajadas em uma troca se estiverem negociando. Quando se chega a um acordo, dizemos que ocorre uma transação. Uma transação é uma troca de valores entre duas ou mais partes. O dinheiro não tem que ser um dos valores trocados. Uma transação de permuta envolve a troca de bens e serviços por outros bens e serviços – o advogado João prepara o testamento do médico Artur em troca de uma consulta médica. Uma transação é diferente de uma transferência. Em uma transferência, Antonio dá um presente a João, mas não recebe nada em troca. Presentes, subsídios e doações são transferências. Os profissionais de marketing têm ampliado o conceito de marketing para incluir, além do estudo do comportamento de transação, o estudo do comportamento de transferência. Os profissionais de marketing têm como objetivo provocar uma resposta comportamental da outra parte. O marketing consiste na tomada de ações que provoquem a reação desejada de um público-alvo. Uma empresa deseja realizar uma venda, um candidato deseja um voto, uma igreja deseja um membro ativo, um grupo de ação social deseja a adoção acalorada de uma causa... Para realizar trocas bem-sucedidas, os profissionais de marketing analisam aquilo que cada uma das partes espera da transação. Simples situações de troca podem ser mapeadas por meio da identificação de dois participantes e do fluxo de desejos e ofertas existentes entre eles. 2.3 A que se aplica o marketing Os profissionais de marketing envolvem-se no marketing de bens, serviços, eventos, experiências, pessoas, lugares, propriedades, organizações, informações e idéias. Bens – bens tangíveis ou produtos constituem a maior parte do esforço de produção e marketing da maioria dos países. O Brasil produz e comercializa a cada ano uma grande quantidade de produtos frescos, enlatados, ensacados e congelados, além de milhões de carros, refrigeradores, máquinas e vários outros bens. E não são só as empresas que colocam bens no mercado; graças à Internet, até mesmo indivíduos podem comercializar produtos eficazmente. Serviços – à medida que as economias evoluem, uma proporção cada vez maior de suas atividades se concentra na produção de serviços. A economia brasileira consiste em um mix de 55% de serviços e 45% de produtos. Muitas ofertas ao mercado consistem em um mix variável de bens e serviços. Em um restaurante fast-food, por exemplo, o cliente adquire tanto um produto como um serviço. Eventos – em determinados períodos, empresas promovem eventos como grandes feiras setoriais, espetáculos artísticos e comemorações de aniversários. Há toda uma categoria de profissionais que se encarregam de planejar reuniões e elaborar detalhes de um evento, a fim de se certificar de que tudo sairá conforme o planejado. Experiências – orquestrando diversos serviços e mercadorias, é possível criar, apresentar e comercializar experiências. Pessoas – o marketing de celebridades tornou-se um negócio importante. Hoje, toda celebridade tem um agente, um empresário e ligações com uma agência de relações publicas. Artistas, músicos, presidentes de empresas, médicos, advogados, investidores profissionais e outros estão buscando a ajuda de empresas de marketing de celebridades. Lugares – cidades, estados, regiões e países inteiros – competem ativamente para atrair turistas, fábricas, sedes de empresas e novos moradores. Propriedades – são direitos intangíveis de posse, tanto de imóveis como de bens financeiros (ações e títulos). Direitos de propriedade são comprados e vendidos, e isso leva a um esforço de marketing. Organizações – as organizações trabalham sistematicamente para construir uma imagem sólida e positiva na mente de seu público-alvo. Para tanto, investem em propaganda de identidade corporativa. Universidades, museus, grupos de teatro e organizações sem fins lucrativos usam o marketing para melhorar sua imagem pública e competir por público e recursos. Informações – informações podem ser produzidas e comercializadas como um produto. É essencialmente isso que escolas e universidades produzem e distribuem, mediante um preço, aos pais, aos alunos e às comunidades. Enciclopédias e grande parte dos livros de não-ficção vendem informações. Até mesmo empresas que comercializam produtos físicos tentam agregar valor pelo uso da informação. Idéias – toda oferta de marketing traz em sua essência uma idéia básica. Produtos e serviços são plataformas para a entrega de algum conceito ou benefício. Os profissionais de marketing social estão sempre às voltas com a promoção de idéias como “amigos não deixam amigos dirigirem alcoolizados” e “a vida em primeiro lugar”. 2.4 Quem faz o marketing? Profissionais de marketing e clientes potenciais; mercados; principais mercados de clientes e locais de mercado, espaços de mercado e metamercados. 2.4.1 Profissionais de marketing e clientes potenciais Um profissional de marketing é alguém que busca uma resposta (atenção, compra, voto, doação) de outra parte, denominada cliente potencial. Se duas partes estão buscando vender algo uma para a outra, ambas são denominadas profissionais de marketing. Os profissionais de marketing são treinados para estimular a demanda pelos produtos de uma empresa, mas essa é uma visão limitada das tarefas que desempenham. Assim como os profissionais de produção e logística são responsáveis por gerenciar o suprimento, os profissionais de marketing são responsáveis por gerenciar a demanda. Os gerentes de marketing buscam influenciar o nível, a oportunidade e a composição da demanda para atender aos objetivos da organização. São possíveis oito estados de demanda: 2.4.1.1 Demanda negativa – os consumidores não gostam do produto e podem até mesmo pagar para evitá-lo. 2.4.1.2 Demanda inexistente – os consumidores não conhecem o produto ou não estão interessados nele. 2.4.1.3 Demanda latente – os consumidores compartilham uma forte necessidade que não pode ser satisfeita por nenhum produto existente no mercado. 2.4.1.4 Demanda em declínio – os consumidores começam a comprar o produto com menos freqüência ou deixam de comprá-lo. 2.4.1.5 Demanda irregular – as compras dos consumidores podem ser sazonais ou variar de acordo com o mês, a semana, o dia ou o horário. 2.4.1.6 Demanda plena – os consumidores compram adequadamente todos os produtos colocados no mercado. 2.4.1.7 Demanda excessiva – há mais consumidores interessados em comprar o produto do que produtos disponíveis. E 2.4.1.8 Demanda indesejada – os consumidores se sentem atraídos por produtos que têm conseqüências sociais indesejadas. Em cada um destes casos, os profissionais de marketing devem identificar a(s) causa(s) subjacente(s) do estado de demanda e determinar um plano de ação para alterá-la para um estado mais desejado. 2.4.2 Mercados Antigamente, um “mercado” era um local físico onde compradores e vendedores se reuniam para comprar e vender seus produtos. Hoje, os economistas descrevem um mercado como um conjunto de compradores e vendedores que efetuam transações relativas a determinado produto ou classe de produto (mercado imobiliário ou de grãos, por exemplo). Esse tipo de mercado abunda nas economias modernas. Os mercados são basicamente cinco: Os fabricantes (1) vão aos mercados de recursos (2) (mercados de matérias-primas, mercados de trabalho, mercados financeiros), obtêm os recursos e transformam-nos em bens e serviços; depois, vendem os produtos acabados a intermediários (3), que os vendem aos clientes finais (4). Os clientes finais/consumidores vendem seu trabalho e recebem dinheiro, com o qual pagam por bens e serviços. O governo (5) recolhe impostos para comprar bens dos mercados de recursos, bem como dos fabricantes e dos intermediários, e usa esses bens e serviços para fornecer serviços públicos. A economia de cada nação e a economia global consistem, dessa forma, em conjuntos de mercados em complexa interação e vinculados entre si por processos de troca. Os profissionais de marketing também usam o termo mercado para abranger vários agrupamentos de clientes. Eles vêem os vendedores como o setor e os compradores como o mercado. Falam em mercados de necessidades, em mercados de produtos, em mercados demográficos e em mercados geográficos; podem também expandir o conceito para cobrir outros mercados, como o mercado dos eleitores, o mercado de trabalho e o mercado dos doadores. Vendedores e compradores conectam-se por quatro fluxos. Os vendedores enviam bens, serviços e comunicação (anúncios, mala direta) ao mercado; em troca, recebem dinheiro e informação (atitudes, dados de vendas). O fluxo interno mostra uma troca de dinheiro por bens e serviços, enquanto o externo mostra uma troca de informações. 2.4.3 Principais mercados de clientes Consumidor, organizacional, global e sem fins lucrativos. 2.4.3.1 Mercado consumidor Empresas que comercializam produtos e serviços de consumo em massa investem parte significativa de seu tempo tentando estabelecer uma imagem de marca superior. Grande parte da solidez de uma marca depende do desenvolvimento de um produto superior, com uma embalagem adequada, disponível nos locais adequados e sustentado por propaganda contínua e serviço confiável. O mercado de consumo em constante mudança torna essa tarefa mais complexa. 2.4.3.2 Mercado organizacional Empresas que vendem bens e serviços para outras empresas deparam-se com profissionais de compras bem treinados e bem informados, que possuem técnicas para avaliar ofertas de vários concorrentes. Compradores organizacionais compram bens que permitem fabricar um produto ou podem ser revendidos para terceiros com lucro. As empresas que vendem esses bens devem demonstrar como eles ajudarão seus clientes a atingir receitas maiores ou custos menores. A propaganda desempenha um papel importante, mas um papel mais forte é desempenhado pela força de vendas, pelo preço e pela reputação da empresa no que se refere à confiabilidade e à qualidade. 2.4.3.3 Mercado global Empresas que vendem seus produtos e serviços no mercado global enfrentam decisões e desafios adicionais. Elas têm de decidir em que países entrar, como entrar em cada país (como exportador, licenciador de franquia, parceiro em joint-venture, fabricante sob contrato ou fabricante autônomo), como adaptar as características de seus produtos e serviços a cada um deles, como determinar preços para seus produtos em países diferentes e como adaptar suas comunicações a diferentes culturas. Essas decisões devem ser tomadas em face de diferentes exigências em relação a compra, negociação, propriedade e formas de uso dos bens, de diferentes culturas, línguas e sistemas jurídicos e políticos e de moedas cujo valor pode flutuar. 2.4.3.4 Mercados sem fins lucrativos (terceiro setor e governamental) Empresas que vendem seus produtos a organizações sem fins lucrativos precisam determinar seus preços com cautela, pois essas organizações têm poder de compra limitado. Preços mais baixos afetam as características e a qualidade dos bens e serviços que o fornecedor pode incluir em sua oferta. Muitas compras do governo exigem licitação, e, na ausência de fatores que justifiquem um preço mais elevado, é oferecida a proposta que apresenta o menor preço. 2.4.4 Locais de mercado, espaços de mercado e metamercados Hoje, podemos distinguir entre local de mercado (marketplace) e espaço de mercado (marketspace). O local de mercado é o espaço físico, como uma loja na qual se vão fazer compras; o espaço de mercado é digital, como um site na Internet pelo qual se podem fazer compras. Já metamercado descreve um agrupamento de produtos e serviços complementares estreitamente relacionados uns com os outros na mente do consumidor, mas que se estendem por vários setores. 2.5 Como as empresas e o marketing estão mudando “O mercado não é mais o que era antes”. O mercado está radicalmente diferente, em virtude de forças sociais importantes e algumas vezes interligadas que criaram novos comportamentos, oportunidades e desafios: 2.5.1 Mudança tecnológica – a revolução digital criou uma Era da Informação. A Era Industrial caracterizou-se pela produção e pelo consumo em massa, por lojas abarrotadas de mercadorias, por anúncios onipresentes e por grandes descontos. A Era da Informação promete levar a níveis de produção mais precisos, a comunicações mais direcionadas e a uma determinação de preços em bases mais consistentes. Além disso, grande parte dos negócios de hoje é efetuada por meio de redes eletrônicas: intranets, extranets e a Internet. 2.5.2 Globalização – os avanços tecnológicos no transporte, na expedição e na comunicação tornaram mais fácil, para as empresas, fazer negócios em outros países e, para os consumidores, comprar produtos e serviços de empresas estrangeiras. 2.5.3 Desregulamentação – muitos países desregulamentaram alguns setores para aumentar a concorrência e as oportunidades de crescimento. 2.5.4 Privatização – muitos países privatizaram suas empresas estatais para aumentar sua eficiência. 2.5.5 Aumento do poder do cliente – os clientes esperam maior qualidade e mais serviço, além de certo grau de customização. Eles têm cada vez menos tempo para gastar e querem mais conveniência. Percebem menos diferenças reais entre os produtos e mostram menos fidelidade à marca. Podem obter muita informação sobre produtos na Internet e em outras fontes, o que lhes permite um processo de compra mais inteligente. Além disso, estão mostrando maior sensibilidade ao preço em sua busca por valor. 2.5.6 Customização – a empresa é capaz de produzir individualmente bens diferenciados, sejam eles pedidos feitos pessoalmente, por telefone ou on-line. Ao se tornarem on-line, as empresas essencialmente propiciam aos clientes a elaboração de seus próprios bens de consumo. Elas também têm a capacidade de interagir pessoalmente com cada cliente, personalizando mensagens, serviços e o próprio relacionamento. 2.5.7 Concorrência ampliada – fabricantes de produtos de marca enfrentam intensa concorrência de marcas domésticas e estrangeiras, o que resulta em aumento nos custos de promoção e em redução das margens de lucro. Além disso, são fustigados por varejistas poderosos que comandam o limitado espaço de exposição e que estão lançando marcas próprias para concorrer com as marcas tradicionais. 2.5.8 Convergência setorial – as fronteiras entre os setores tornam-se cada vez mais indistintas à medida que as empresas se dão conta de que há novas oportunidades na intersecção entre dois ou mais setores. Empresas farmacêuticas, outrora essencialmente empresas químicas, hoje agregam recursos da pesquisa biogenética para formular novas drogas, novos cosméticos e novos alimentos. A mudança para a tecnologia digital, na qual os dispositivos necessários para a reprodução de conteúdo de entretenimento se parecem mais e mais com PCs, está alimentando essa convergência maciça. 2.5.9 Transformação no varejo – pequenos varejistas estão sucumbindo ao poder crescente das grandes redes de varejo e dos “dominadores de categoria” (category killers). Varejistas que possuem lojas físicas enfrentam a concorrência crescente de empresas de venda por catálogo, empresas de mala direta, anúncios diretos ao cliente veiculados em jornais, revistas e TV, programas de venda pela TV e e-commerce na Internet. Reagindo a isso, varejistas empreendedores estão incorporando atrações a suas lojas, como cafés, palestras, demonstrações e shows. Em vez de sortimento de produtos, eles estão vendendo uma “experiência”. 2.5.10 Desintermediação – o sucesso fantástico das primeiras ponto-com – como AOL, Amazon, Yahoo, eBay, E*TRADE e dezenas de outras que reduziram ou excluíram a intermediação na entrega de produtos e serviços – instilou o terror no coração de muitos fabricantes e varejistas bem estabelecidos. Em resposta a essa desintermediação, muitas empresas tradicionais iniciaram uma reintermediação e tornaram-se um misto de estabelecimento físico e on-line, agregando serviços on-line a sua ofertas normais. Muitos concorrentes “mistos” mostraram-se mais poderosos que as empresas puramente digitais, pois dispunham de maior variedade de recursos com que trabalhar, além de marcas fortes e bem estabelecidas. 3. Orientações da empresa para o mercado Que filosofia deveria orientar os esforços de marketing de uma empresa? Que pesos relativos deveriam ser dados aos interesses da organização, dos clientes e da sociedade? É muito comum que esses interesses entrem em conflito. As cinco orientações concorrentes com base nas quais as organizações conduzem suas atividades de marketing são: orientação de produção, orientação de produto, orientação de vendas, orientação de marketing e orientação de marketing holístico. 3.1 A orientação de produção A orientação de produção é um dos conceitos mais antigos nas relações comerciais. A orientação de produção sustenta que os consumidores dão preferência a produtos fáceis de encontrar e de baixo custo. Gerentes de empresas orientadas para a produção concentram-se em alcançar alta eficiência de produção, baixos custos e distribuição em massa. É um conceito também utilizado quando uma empresa deseja expandir o mercado. 3.2 A orientação de produto A orientação de produto sustenta que os consumidores dão preferência a produtos que oferecem qualidade e desempenho superiores ou que têm características inovadoras. Os gerentes em organizações que seguem essa linha concentram-se em fabricar produtos de qualidade e em aperfeiçoá-los ao longo do tempo. Entretanto, esses gerentes às vezes se vêem presos em um “caso de amor” com seu produto e podem escorregar no mito da “ratoeira melhor”, acreditando que uma ratoeira melhor fará com que as pessoas se acotovelem à sua porta. Um produto novo ou aperfeiçoado não será necessariamente bem-sucedido, a menos que tenha o preço certo e seja distribuído, promovido e vendido de forma adequada. 3.3 A orientação de vendas A orientação de vendas parte do princípio de que os consumidores e as empresas, por vontade própria, normalmente não compram os produtos da organização em quantidade suficiente. A organização deve, portanto, empreender um esforço agressivo de vendas e promoção. A síntese da orientação de vendas pode ser encontrada nas idéias de Sergio Zyman, exvice-presidente de marketing da Coca-Cola: o objetivo do marketing é vender mais coisas para mais gente por mais dinheiro, a fim de se obter mais lucros. A orientação de vendas é praticada de maneira mais expressiva com produtos pouco procurados, que os compradores dificilmente pensam em comprar, como seguros, enciclopédias e jazigos funerários. Quando dispõe de excesso de capacidade, a maioria das empresas pratica a orientação de vendas. Seu objetivo é vender aquilo que fabrica, em vez de fabricar aquilo que o mercado quer. Mas o marketing fundamentado em venda agressiva esconde altos riscos. O marketing baseado na orientação a vendas que clientes persuadidos a comprar um produto gostarão dele; caso isso não ocorra, imagina-se que esses clientes não vão devolvê-lo, não falarão mal dele, tampouco reclamarão a um órgão de defesa do consumidor – e talvez até voltem a comprá-lo. 3.4 A orientação de marketing A orientação de marketing surgiu em meados da década de 1950. Em vez de uma filosofia de “fazer-e-vender”, voltada para o produto, passamos para uma filosofia de “sentir-e-responder”, centrada no cliente. Em vez de “caçar”, o marketing passa a “plantar”. O que se precisa não é mais encontrar os clientes certos para seu produto, mas sim os produtos certos para seus clientes. A orientação de marketing afirma que a chave para atingir os objetivos organizacionais consiste em a empresa ser mais eficaz que os concorrentes na criação, na entrega e na comunicação de um valor superior (na opinião do cliente) a seus mercados-alvo escolhidos. Theodore Levitt, da Harvard Business School, elaborou uma comparação perspicaz entre as orientações de vendas e de marketing: “A venda está voltada para as necessidades do vendedor; o marketing, para as necessidades do comprador. A venda preocupa-se com a necessidade do vendedor de converter seu produto em dinheiro; o marketing, com a idéia de satisfazer as necessidades do cliente por meio do produto e de todo um conjunto de coisa associado a sua criação, entrega e consumo final”. Vários pesquisadores descobriram que as empresas que acolhem a orientação de marketing alcançam desempenho superior. Isso foi demonstrado pela primeira vez por empresas que praticavam uma orientação de marketing reativo – entender e suprir as necessidades expressas do cliente. Para alguns críticos, isso significa que as empresas desenvolveriam apenas inovações de baixo nível. John C. Narver, Stanley F. Slater e Douglas L. MacLachlan argumentam que a inovação de alto nível é possível se o foco estiver nas necessidades latentes do consumidor. Narver, Slater e MacLachlan denominam isso orientação de marketing proativo. Empresas que praticam as duas orientações – marketing reativo e marketing proativo estão implementando uma orientação total ao mercado e provavelmente serão mais bem-sucedidas. No caminho para se converter a uma orientação de marketing, a empresa enfrenta três obstáculos: resistência organizada, lentidão para aprender e rapidez em esquecer. Alguns departamentos da empresa (com freqüência produção, financeiro e P&D) podem acreditar que uma função de marketing mais forte ameace seu poder dentro da organização. Muitas vezes a função de marketing é vista como uma entre várias outras igualmente importantes em um relacionamento equilibrado, mas alguns profissionais de marketing argumentam que sua função é mais importante. Alguns entusiastas vão mais longe e dizem que o marketing é a função mais importante da empresa, pois sem clientes não há empresa. Profissionais de marketing mais esclarecidos elucidam a questão colocando o cliente no centro da empresa e defendem uma orientação para o cliente, em que todos os departamentos/funções trabalham juntos para responder a ele, servi-lo e satisfazê-lo. 3.5 A orientação de marketing holístico Todo um conjunto de forças que apareceram na ultima década exige novas práticas de marketing e de negócios. Hoje, as empresas têm novas capacidades que podem transformar a maneira como sempre fizeram marketing. As empresas precisam refletir profundamente sobre como operar e competir em um novo ambiente de marketing. Profissionais de marketing do século XXI reconhecem cada vez mais a necessidade de uma abordagem mais completa e coesa que transcenda as aplicações tradicionais da orientação de marketing. O marketing holístico pode ser visto como o desenvolvimento, o projeto e a implementação de programas, processos e atividades de marketing, com o reconhecimento da amplitude e das interdependências de seus efeitos. O marketing holístico reconhece que no marketing “tudo é importante” – o consumidor, os funcionários, outras empresas e a concorrência, assim como a sociedade como um todo – e que muitas vezes se faz necessária uma perspectiva abrangente e integrada. Os profissionais de marketing devem lidar com uma variedade de questões e certificarse de que as decisões em uma área são coerentes com as decisões em outras. O marketing holístico é uma abordagem do marketing que tenciona reconhecer e harmonizar o escopo e as complexidades das atividades de marketing. 3.5.1 Marketing de relacionamento Um dos principais objetivos do marketing é, cada vez mais, desenvolver relacionamentos profundos e duradouros com todas as pessoas ou organizações que podem, direta ou indiretamente, afetar o sucesso das atividades de marketing da empresa. O marketing de relacionamento tem como meta construir relacionamentos de longo prazo mutuamente satisfatórios com partes-chave – clientes, fornecedores, distribuidores e outros parceiros de marketing -, a fim de conquistar ou manter negócios com elas. O marketing de relacionamento constrói fortes ligações econômicas, técnicas e sociais entre as partes. O marketing de relacionamento envolve cultivar o tipo certo de relacionamento com o grupo certo. O marketing, que deve executar não só a gestão do relacionamento com o cliente (customer relationship management – CRM), como também a gestão do relacionamento com os parceiros (partner relationships management – PRM), se constitui de quatro elementos principais: clientes, funcionários, parceiros de marketing (canais, fornecedores, distribuidores, revendedores, agências) e membros da comunidade financeira (acionistas, investidores, analistas). Em última instancia, o resultado do marketing de relacionamento é a construção de um ativo insubstituível da empresa chamado de rede de marketing. Uma rede de marketing consiste na empresa e naqueles que a apóiam (clientes, funcionários, fornecedores, distribuidores, revendedores, agências de propaganda e acadêmicos, entre outros), com quem ela construiu relacionamentos profissionais mutuamente compensadores. Cada vez mais, a concorrência não se dá entre empresas, mas entre redes de marketing, sendo o prêmio conferido à empresa que tiver construído a melhor rede. O princípio operacional é simples: construa uma rede de relacionamento efetiva com os principais públicos interessados e os lucros serão uma conseqüência. 3.5.2 Marketing integrado A tarefa do profissional de marketing é delinear atividades de marketing e montar programas de marketing totalmente integrados para criar, comunicar e entregar valor aos consumidores. Uma maneira tradicional de descrever as atividades de marketing é em termos do mix (ou composto) de marketing, que vem sendo definido como o conjunto de ferramentas de marketing que a empresa usa para perseguir seus objetivos de marketing. McCarthy classificou essas ferramentas em quatro grupos amplos que denominou os 4Ps do marketing: produto, preço, praça (ou ponto-de-venda) e promoção. Decisões de mix de marketing devem ser tomadas para que se exerça influência sobre os canais comerciais, bem como sobre os consumidores finais. A empresa pode alterar seu preço, o tamanho de sua força de vendas e suas despesas com propaganda no curto prazo. Mas ela só pode desenvolver novos produtos e modificar seus canais de distribuição no longo prazo. Dessa maneira, no curto prazo, a empresa geralmente realiza menos mudanças de mix de marketing de um período para outro do que a variedade de decisões de mix de marketing pode sugerir. Observe que os 4Ps representam a visão que a empresa vendedora tem das ferramentas de marketing disponíveis para influenciar compradores. Do ponto de vista de um comprador, cada ferramenta de marketing é projetada para oferecer um benefício ao cliente. Robert Lauterborn sugeriu que os 4Ps do vendedor correspondem aos 4Cs dos clientes: 4Ps Produto Preço Praça Promoção 4Cs Cliente (solução para o) Custo (para o cliente) Conveniência Comunicação Empresas vencedoras serão as que conseguirem atender às necessidades dos clientes de maneira econômica e conveniente, com comunicação efetiva. Dois temas fundamentais do marketing integrado são: (1) muitas atividades de marketing diferentes são empregadas para comunicar e entregar valor e (2) todas as atividades de marketing são coordenadas de modo que seus efeitos conjuntos sejam maximizados. Por exemplo, uma estratégia de comunicação integrada envolve a escolha de opções de comunicação que reforcem e complementem umas às outras. Um profissional de marketing deve empregar seletivamente a televisão, o rádio e a propaganda impressa, a assessoria de imprensa e os eventos e as relações públicas e as comunicações via site, a fim de que cada elemento dê sua contribuição e, ao mesmo tempo, melhore a eficácia dos outros. 3.5.3 Marketing interno O marketing holístico incorpora o marketing interno, que garante que todos na organização, especialmente a gerência sênior, acolham os princípios de marketing apropriados. O marketing interno é a tarefa de contratar, treinar e motivar funcionários capazes que queiram atender bem os clientes. Profissionais de marketing inteligentes reconhecem que as atividades de marketing dentro da empresa podem ser tão importantes quanto as atividades de marketing dirigidas para fora da empresa — se não mais importantes. Não tem sentido prometer um serviço excelente antes que a equipe esteja pronta para fornecê-lo. O marketing interno deve acontecer em dois níveis. No primeiro deles as várias funções de marketing — força de vendas, propaganda, serviço ao cliente, gestão de produto, pesquisa de mercado — devem funcionar juntas. Infelizmente, é comum a força de vendas achar que os gerentes de produto estabelecem preços ou cotas de vendas 'altos demais'; é comum também o gerente de propaganda e o gerente de marca não concordarem quanto a uma campanha de propaganda. Todas essas funções de marketing devem ser coordenadas a partir do ponto de vista do cliente. 3.5.4 Marketing socialmente responsável O marketing holístico incorpora o marketing socialmente responsável assim como os contextos ético, ambiental, legal e social das atividades e dos programas de marketing. As causas e os efeitos do marketing vão claramente além da empresa e dos clientes para englobar a sociedade como um todo. Será que as empresas que conseguem satisfazer por completo os desejos de seus clientes estão necessariamente agindo em prol dos melhores interesses de longo prazo dos clientes e da sociedade? A orientação de marketing societal sustenta que a tarefa da organização é determinar as necessidades, os desejos e os interesses dos mercados-alvo e satisfazê-los de maneira mais eficiente e eficaz que os concorrentes, de um modo que conserve ou aumente o bem-estar do consumidor e da sociedade como um todo. A orientação de marketing societal convoca as empresas a incluir considerações éticas e sociais em suas práticas de marketing. Elas devem equilibrar, em um difícil malabarismo, os critérios frequentemente conflitantes de lucros empresariais, satisfação do cliente e interesse público. As empresas vêem o marketing de causas (societal) como uma oportunidade para melhorar sua reputação, aumentar a consciência de marca, aumentar a fidelidade do cliente e obter mais vendas e exposição na mídia. Elas acreditam que os clientes tenderão a procurar, cada vez mais, sinais de boa cidadania corporativa que vão além do fornecimento de benefícios racionais e emocionais. 4. Conceitos, tendências e tarefas fundamentais de marketing 4.1 Conceitos centrais Um conjunto principal de conceitos estabelece a base para a administração de marketing e para uma orientação de marketing holístico. 4.1.1Necessidades, desejos e demandas O profissional de marketing deve tentar entender as necessidades, os desejos e as demandas do mercado-alvo. Necessidades são os requisitos humanos básicos. Para sobreviver, as pessoas precisam de comida, ar, água, roupas e abrigo. Elas também têm fortes necessidades de recreação, instrução e diversão. Essas necessidades tornam-se desejos quando direcionadas a objetos específicos que possam satisfazê-las. Os desejos são moldados pela sociedade de cada um. Demandas são desejos por produtos específicos apoiados pela capacidade de comprálos. As empresas devem mensurar não só quantas pessoas querem seu produto, mas também quantas estariam realmente dispostas a comprá-lo e teriam condições para isso. Essas diferenciações lançam uma nova luz sobre a crítica frequente de que 'o marketing cria necessidades' ou 'o marketing faz as pessoas comprarem coisas que não querem'. O marketing não cria necessidades: as necessidades existem antes dele. O marketing, juntamente com outros fatores sociais, influencia os desejos. Entender as necessidades e os desejos do consumidor nem sempre é simples. Alguns clientes têm necessidades de que nem sempre estão cientes, não conseguem expressá-las ou usam palavras que requerem interpretação. O profissional de marketing precisa pesquisar mais a fundo. Podemos distinguir cinco tipos de necessidade: 1. Necessidades declaradas. 2. Necessidades reais. 3. Necessidades não declaradas. 4. Necessidades de 'algo mais'. 5. Necessidades secretas. Responder apenas à necessidade declarada pode não ser o bastante para o cliente. Muitos clientes não sabem o que querem em um produto. Os consumidores não sabiam muita coisa sobre telefones celulares quando estes foram colocados no mercado; as empresas de telefonia celular lutaram então para moldar as percepções dos consumidores em relação a eles. Os clientes estavam dispostos a aprender e as empresas criaram estratégias para moldar seus desejos. Simplesmente dar aos clientes o que eles querem já não basta — para obter vantagem competitiva, as empresas devem ajudar os clientes a descobrir o que querem. Antigamente, 'responder às necessidades do cliente' significava estudar as necessidades dele e fazer um produto que atendesse, na média, a tais necessidades; algumas empresas de hoje, no entanto, respondem às necessidades individuais de cada cliente. Essa filosofia de 'sentir-e-responder' representa um distanciamento e tanto da antiga filosofia de 'fazer-e-vender'. 4.1.2 Mercados-alvo, posicionamento e segmentação Uma empresa raramente pode satisfazer a todos em um mercado. Nem todos gostam do mesmo cereal, quarto de hotel, restaurante, automóvel, curso ou filme. Portanto, os profissionais de marketing começam dividindo o mercado em segmentos. Após examinar diferenças demográficas, psicográficas e comportamentais entre os compradores, eles identificam e descrevem grupos distintos, que podem preferir ou exigir vários mixes diferentes de produtos ou serviços. Então, decidem quais segmentos apresentam a maior oportunidade — quais são seus mercados-alvo. Para cada mercado-alvo escolhido, a empresa desenvolve uma oferta de mercado. A oferta é posicionada, na cabeça dos compradores-alvo, como algo que fornece um ou mais benefícios centrais. As empresas são mais bem-sucedidas quando escolhem seu mercado-alvo cuidadosamente e preparam programas de marketing sob medida para ele. 4.1.3 Ofertas e marcas As empresas atendem a necessidades emitindo uma proposta de valor — um conjunto de benefícios que oferecem aos clientes para satisfazer suas necessidades. A proposta de valor intangível é materializada por uma oferta, que pode ser uma combinação de produtos, serviços, informações e experiências. Uma marca é uma oferta de uma fonte conhecida. Essas associações formam a imagem da marca. Todas as empresas lutam para estabelecer uma marca sólida — isto é, uma imagem de marca exclusiva, forte e favorável. 4.1.4 Valor e satisfação A oferta será bem-sucedida se proporcionar valor e satisfação ao comprador-alvo. O comprador escolhe entre diferentes ofertas considerando qual parece proporcionar o maior valor. O valor reflete os benefícios e os custos tangíveis e intangíveis percebidos pelo consumidor. De maneira primária, o valor pode ser visto como uma combinação de qualidade, serviço e preço, denominada a 'tríade do valor para o cliente'. O valor aumenta com a qualidade e o serviço e reduz com o preço, embora outros fatores também possam desempenhar um papel importante. Valor é um conceito fundamental do marketing. O marketing pode ser visto como a identificação, a criação, a comunicação, a entrega e o monitoramento do valor para o cliente. A satisfação reflete os julgamentos comparativos de uma pessoa do desempenho (ou resultado) percebido de um produto em relação a suas expectativas. Se o desempenho fica aquém das expectativas, o cliente fica insatisfeito e desapontado. Se o desempenho alcança as expectativas, o cliente fica satisfeito. Se o desempenho supera as expectativas, o cliente fica altamente satisfeito ou encantado. 4.1.5 Canais de marketing Para atingir um mercado-alvo, a empresa usa três tipos de canal de marketing: Canais de comunicação, canais de distribuição e canais de serviços. 4.1.6 Cadeia de suprimento Enquanto os canais de marketing ligam a empresa aos compradores-alvo, a cadeia de suprimento (supply chain) é um canal mais longo, que se estende das matérias-primas aos componentes dos produtos finais — que são levados aos compradores finais. A cadeia de suprimento representa um sistema de entrega de valor. Cada empresa tem direito a apenas determinada porcentagem do valor total gerado pela cadeia. Quando uma empresa adquire concorrentes ou passa para um estágio superior ou inferior na cadeia produtiva, seu objetivo é capturar um percentual maior do valor da cadeia de suprimento. 4.1.7 Concorrência A concorrência inclui todas as ofertas e os substitutos rivais, reais e potenciais que um comprador possa considerar. 4.1.8 Ambiente de marketing A concorrência representa apenas uma das forças no ambiente em que a empresa opera. O ambiente de marketing é constituído pelo ambiente de tarefa e o ambiente geral. O ambiente de tarefa inclui os participantes imediatos envolvidos na produção, distribuição e promoção da oferta. Os participantes principais são a empresa, os fornecedores, os distribuidores, os revendedores e os clientes-alvo. Incluídos no grupo de fornecedores estão os de materiais e de serviços, como institutos de pesquisa de marketing, agências de propaganda, bancos, seguradoras, transportadoras e empresas de telecomunicações. Entre os distribuidores e revendedores estão agentes, corretores, representantes de fabricantes e todos aqueles que facilitam a busca de clientes e as vendas a eles. O ambiente geral é formado por seis componentes: ambiente demográfico, ambiente económico, ambiente natural (meio ambiente), ambiente tecnológico, ambiente político-legal e ambiente sociocultural. Todos contêm forças que podem produzir um impacto relevante sobre os participantes do ambiente de tarefa. Participantes do mercado devem prestar muita atenção nas tendências e nos acontecimentos desses ambientes e realizar ajustes oportunos em suas estratégias de marketing. 4.1.9 Planejamento de marketing Na prática, o marketing segue um processo lógico. O processo de planejamento de marketing consiste em analisar oportunidades de marketing, selecionar mercados-alvo, projetar estratégias de marketing, desenvolver programas de marketing e gerenciar o esforço de marketing. 4.2 Mudanças na administração de marketing Várias tendências e forças importantes estão propiciando um novo conjunto de crenças e práticas por parte das empresas. Os profissionais de marketing estão fundamentalmente repensando suas filosofias, concepções e ferramentas. 14 grandes mudanças na administração de marketing foram executadas por empresas inteligentes no século XXI. Serão bem-sucedidas as empresas que conseguirem mudar seu marketing no mesmo ritmo das mudanças de seu mercado — real ou virtual. 4.2.1 Do marketing faz o marketing para todos fazem o marketing Em geral, as empresas estabelecem um departamento de marketing que se responsabiliza pela criação e pela entrega de valor para o cliente. No entanto, como observou o falecido David Packard, da Hewlett-Packard, "o marketing é importante demais para que o deixemos com o departamento de marketing". As empresas agora sabem que o marketing não é feito apenas pelo pessoal de marketing, de vendas e de atendimento ao cliente — cada funcionário tem um impacto sobre o cliente e deve vê-lo como a fonte de prosperidade da empresa. Consequentemente, as empresas estão começando a enfatizar o trabalho em equipe interdepartamental para gerenciar processos-chave. Também se está dando maior ênfase à gestão integrada e contínua de processos de negócios essenciais, como o desenvolvimento de novos produtos, a aquisição e a retenção de clientes e o preenchimento de pedidos. 4.2.2 Da organização por unidades de produto para a organização por segmentos de clientes Algumas empresas estão deixando de ser centradas unicamente em produtos, com gerentes de produto e divisões de produto para gerenciá-los, para serem mais centradas em segmentos de clientes. 4.2.3 Do fazer tudo para comprar mais bens e serviços de outras fontes Mais empresas estão optando por possuir marcas, em vez de patrimônios ativos físicos, e cada vez com maior frequência estão subcontratando atividades de empresas terceirizadas. Sua máxima: terceirizar tudo o que outros possam fazer melhor e mais barato, mas reter as atividades essenciais. 4.2.4 Do uso de muitos fornecedores para o trabalho com menos fornecedores em sistema de “parceria” As empresas estão aprofundando acordos de parceria com fornecedores e distribuidores importantes. Essas empresas deixaram de pensar nos intermediários como clientes e passaram a tratá-los como parceiros na entrega de valor para os clientes finais. 4.2.5 Da dependência de velhas posições de mercado para o descobrimento de novas Em mercados altamente competitivos, as empresas devem sempre avançar com programas de marketing, produtos e serviços inovadores em sintonia com as necessidades dos clientes. As empresas devem sempre buscar novas vantagens, em vez de simplesmente depender de suas potencialidades do passado. 4.2.6 Da ênfase em ativos tangíveis para a ênfase em ativos intangíveis As empresas reconhecem que grande parte de seu valor de mercado provém de ativos intangíveis, em especial suas marcas, sua base de clientes, seus funcionários, suas relações com fornecedores e distribuidores e seu capital intelectual. 4.2.7 Da construção de marcas por meio da propaganda para a construção de marcas por meio do desempenho e das comunicações integradas Os profissionais de marketing estão deixando de apoiar-se demais em uma única ferramenta de comunicação, como a propaganda ou a força de vendas, e passando a mesclar várias ferramentas para entregar uma imagem de marca consistente aos clientes em cada contato. 4.2.8 Da atração de clientes por meio de lojas e vendedores para a disponibilização dos produtos on-line Os consumidores podem acessar fotografias dos produtos, ler as especificações, pesquisar os melhores preços e termos entre os vendedores on-line e clicar para pedir e pagar. A compra business-to-business está crescendo rápido na Internet. A venda pessoal também pode, cada vez mais, ser conduzida eletronicamente, com a possibilidade de comprador e vendedor verem um ao outro em tempo real na tela de seus computadores. 4.2.9 Da venda para todos para a tentativa de ser a melhor empresa a atender mercadosalvo bem definidos A concentração em mercados-alvo é facilitada pela proliferação de revistas, canais de TV e grupos de discussão na Internet dedicados a interesses especiais. As empresas também estão investindo pesado em sistemas de informações como a chave para baixar custos e obter uma vantagem competitiva. Elas reúnem informações sobre as compras, preferências, características demográficas e lucratividade de clientes individuais. 4.2.10 Do foco em transações lucrativas para o foco no valor do cliente ao longo do tempo Normalmente, as empresas têm como objetivo obter lucro em cada transação. Agora, estão concentrando seu foco nos clientes, produtos e canais mais lucrativos. Elas estimam o valor do cliente individual ao longo do tempo e projetam ofertas e preços de modo que obtenham lucro durante o ciclo de vida desse cliente. As empresas têm colocado muito mais ênfase na retenção de clientes. Atrair um novo cliente pode custar cinco vezes mais que se esforçar para reter os já existentes. 4.2.11 Do foco de obtenção de participação de mercado para um foco de construção de participação no cliente As empresas obtêm participação no cliente oferecendo uma variedade maior de produtos a clientes existentes. Elas treinam seus funcionários em cross-selling (venda cruzada) e up-selling (venda incremental). 4.2.12 De local para “glocal” (ao mesmo tempo global e local) As empresas estão adotando uma combinação de centralização e descentralização para equilibrar melhor a adaptação local e a padronização global. A meta é incentivar a iniciativa e o 'intrapreendedorismo' no âmbito local, ao mesmo tempo que se conservam as díretrizes e os padrões globais necessários. 4.2.13 Do foco no resultado financeiro para o foco no resultado de marketing A alta gerência vai além das simples receitas de vendas, examinando os resultados de marketing para interpretar o que acontece com a participação de mercado, com a taxa de perda de clientes, com a satisfação do cliente, com a qualidade do produto e com outras medidas. Ela sabe que mudanças nos indicadores de marketing predizem mudanças nos resultados financeiros. 4.2.14 Do foco nos acionistas para o foco nos interessados A alta gerência respeita a importância de criar prosperidade para todos os parceiros de negócios e clientes. Esses gerentes desenvolvem políticas e estratégias a fim de equilibrar os retornos para todos os interessados.