TERAPÊUTICAS ORGÂNICAS ANTIDEPRESSIVOS PROFESSOR WILSON KRAEMER DE PAULA LIVRE Docente em Enfermagem Psiquiátrica COREN SC 69256 Os Antidepressivos são usados no tratamento de Depressão, Síndrome do Pânico, DOC (ou TOC), Anorexia, Bulimia, Distúrbio Afetivo Bipolar, Enxaquecas, Tensão Pré - Menstrual (TPM), Tricotilomania, Dores Crônicas, Dores Reumáticas, Câncer, Enurese, Paralisia do Sono, etc. Antidepressivos são drogas que aumentam o tônus psíquico melhorando o humor e, conseqüentemente, melhoram a psicomotricidade de maneira global. São vários os fatores que contribuem para a etiologia da depressão emocional e, dentre estes, destaca-se a bioquímica cerebral. http://www.sosdepressao.com.br/Depressão.gif http://www.sosdepressao.com.br/Depressão.gif http://www.sosdepressao.com.br/Depressão.gif http://www.sbis.epm.br/dfisio/fisioneuro/ciencias.htm Farmacocinética Acredita-se que o efeito antidepressivo se dê às custas de um aumento da disponibilidade de neurotransmissores no SNC, notadamente da serotonina (5-HT), da noradrenalina ou norepinefrina (NE) e da dopamina (DA). Ao bloquearem receptores 5HT2 os antidepressivos também funcionam como antienxaqueca. • O aumento de neurotransmissores na fenda se dá através do bloqueio da recaptação da NE e da 5HT no neurônio pré-sináptico ou ainda, através da inibição da Monoaminaoxidase (MAO) que é a enzima responsável pela inativação destes neurotransmissores. • A ação das drogas antidepressivas empregadas na terapia dos transtornos da afetividade ocorre nos sistemas noradrenérgico o serotoninérgico do Sistema Límbico. • Os antidepressivos são classificados em 3 grupos: • 1 - Antidepressivos Atípicos • 2 - Inibidores da Monoaminaoxidase (IMAO) • 3 - Antidepressivos Tricíclicos (ADT) As principais diferenças entre um e outros antidepressivos são os possíveis efeitos colaterais. • 1 - ANTIDEPRESSIVOS ATÍPICOS • O termo "Atípico", tanto para antidepressivos, quanto para antipsicóticos, é completamente inadequado, da mesma forma que é inadequado o termo "de 2a. Geração". • Outros e novos produtos estão surgindo em velocidade agradavelmente espantosa, portanto, dentro em breve teríamos de 3a, 4a, e 5a geração, tornando o aprendizado complicado e de utilidade duvidosa. • "Atípico", da mesma forma, não expressa a verdade científica, já que, à medida que esses produtos vão sendo preferenciais e mais utilizados, criamos uma situação extravagante; o típico é usar atípico. • Até que apareça um termo melhor, são atípicos os antidepressivos que não se caracterizam como Tricíclicos (ADT), ou como Inibidores Seletivos da Recaptação da Serotonina (ISRS) e nem como Inibidores da MonoAminaOxidase (IMAOs). • Alguns desses Antidepressivos Atípicos aumentam a transmissão noradrenérgica, através do antagonismo de receptores a2 (pré-sinápticos) no sistema nervoso central, ao mesmo tempo em que modulam a função central da serotonina por interação com os receptores 5-HT2 e 5-HT3, como é o caso da Mirtazapina. • A atividade antagonista nos receptores histaminérgicos H1 da Mirtazapina é a responsável por seus efeitos sedativos, embora esteja praticamente desprovida de atividade anticolinérgica. • Outros atípicos, são inibidores da recaptação de Serotonina e Norepinefrina e alguns inibem, também, a recaptação de dopamina, como é o caso da Venlafaxina e da Mirtazapina ou da Riboxetina em relação a Noeadrenalina. • O efeito clínico inicial mais rápido pode ser alcançado pelas drogas que reduzem a sensibilidade dos receptores beta- adrenérgicos. Alguns atípicos, como é o caso da Tianeptina, embora sejam serotoninérgicos, não inibem a recaptação da Serotonina no neurônio présináptico mas, induzem sua recaptação pelos neurônios da córtex, do hipocampo e do sistema límbico. A Amineptina, outro atípico, é uma molécula derivada dos tricíclicos mas seu mecanismo de ação é essencialmente dopaminérgico, enquanto que os outros antidepressivos tricíclicos são essencialmente noradrenérgicos e serotoninérgicos. • A amineptina, normalizando a sensibilidade dos receptores pós - sinápticos beta – adrenérgicos, tem um resultado particular no tratamento das distimias subafetivas pela ação original de um mecanismo de que passa preferencialmente por um aumento da transmissão dopaminérgica. • Este efeito, diferencia claramente a amineptina dos antidepressivos clássicos (tricíclicos) que inibem principalmente a recaptação da noradrenalina e por vezes a serotonina. • A amineptina é um anti - depressivo de nova geração que aumenta significantemente as taxas de dopamina nos sistemas meso límbicos e meso - corticais implicados na regulação do humor e da vigilância. • Os efeitos dopaminérgicos deve - se essencialmente a uma inibição da fenda sináptica. O efeito direto sobre o a liberação de dopamina é mais modesto (15 a 20%); e isto distingue fundamentalmente a amineptina das substâncias do tipo anfetamina, que além de um efeito noradrenérgico tem um dopaminérgico por liberação direta a partir dos grânulos de estocagem pré - sinápticos com esgotamento das reservas. • A amineptina também permite normalizar a sensibilidade dos receptores pós - sinápticos beta - adrenérgicos.". As melhoras sintomáticas com a utilização dos antidepressivos atípicos poderão ser observadas a partir do 3º ao 5º dias e sobre o sono REM a partir do 20º dia de tratamento em posologia suficiente. Os antidepressivos atípicos comercializados no Brasil são os seguintes: AMINEPTINA – SURVECTOR FLUVOXAMINA – LUVOX MIRTAZAPINA – REMERON REBOXETINA - PROLIFT TIANEPTINA – STABLON VENLAFAXINA- EFEXOR TRAZODONA – DONAREM MIANSERINA – TOLVON MILACIPRANO -IXEL A mesma orientação para os antidepressivos, em geral, valem também para os atípicos, ou seja, não são drogas milagrosas, apesar de eficientes para o tratamento dos estados depressivos, demoram vários dias para fazer efeito e devem ser tomadas por longo período. • 2 - ANTIDEPRESSIVOS INIBIDORES DA MAO IMAOs • Os chamados antidepressivos Inibidores da Monoamina Oxidase (IMAO) promovem o aumento da disponibilidade da serotonina através da inibição dessa enzima responsável pela degradação desse neurotransmissor intracelular. • A monoaminoxidase (MAO), é uma enzima envolvida no metabolismo da serotonina e dos neurotransmissores catecolaminérgicos, tais como adrenalina, noradrenalina e dopamina. Os antidepressivos IMAOs são inibidores da MAO e, havendo uma redução na atividade MAO, produz-se um aumento da concentração destes neurotransmissores nos locais de armazenamento, em todo o SNC ou no sistema nervoso simpático. • Acredita-se que a ação antidepressiva dos IMAOs se correlacione também, e principalmente, com alterações nas características dos neuroreceptores, alterações essas no número e na sensibilidade desses receptores, mais até do que com o bloqueio da recaptação sináptica dos neurotransmissores, propriamente dita. Isso explicaria o atraso de 2 a 4 semanas na resposta terapêutica. • TRANILCIPROMINA Parnate, Stelapar • MOCLOBEMIDA Aurorix • SELEGILINA Elepril, Jumexil • 3 - Antidepressivos Inibidores Seletivos de Recaptação da Serotonina (ISRS) • Os antidepressivos se classificam de acordo com sua atividade no Sistema Nervoso Central (SNC). • Quando o antidepressivo aumenta os níveis de Norepinefrina, pode ocorrer superestimulação do SNC, com taquicardia, disfunção sexual, hipertensão arterial, etc. Vem daí a preferência de alguns autores pelos antidepressivos que aumentam predominantemente, o nível da serotonina e não da noradrenalina. • Também o aumento da Dopamina pode ser problemático, pode agravar sintomas psicóticos, sendo verdadeiro o contrário, ou seja, diminuindo-se os níves da dopamina reduz-se sintomas psicóticos. • Os antidepressivos chamados de Inibidores Específicos da Recaptação da Serotonina (ISRS) são aqueles que não interferem ou interferem pouco nos demais neurotransmissores além da serotonina (5HT). • CITALOPRAM Cipramil, Parmil, Procimax • FLUOXETINA Daforim, Deprax, Eufor, Fluxene, Nortec, Prozac, Verotina • NEFAZODONA Serzone • PAROXETINA Aropax, Pondera, Cebrilin • 4 - ANTIDEPRESSIVOS TRICÍCLICOS - (ADT) • O aumento da disponibilidade dos neurotransmissores na fenda sináptica é conseguido através da inibição na recaptação destas aminas pelos receptores pré-sinápticos. • Parece haver também, com o uso prolongado dos ADT, uma diminuição do número de receptores pré-sinápticos do tipo Alfa-2, cuja estimulação do tipo feedback inibiria a liberação de Norepinefrina. • Desta forma, quanto menor o número destes receptores, menor seria sua estimulação e, conseqüentemente, mais Norepinefrina seria liberada na fenda. • A ação dos ADT ocorre no Sistema Límbico aumentando a Norepinefrina e a 5HT na fenda sináptica. • "Quase todos os agentes antidepressivos influenciam a atividade dos neurotransmissores da monoamina e demoram várias semanas para começar a fazer efeito. • A classe mais antiga de Antidepressivos são os Tricíclicos (ATCs), cujo mecanismo de ação é principalmente a intensificação do efeitos da noradrenalina — retardando a sua recaptação nas terminações nervosas e modificando a sensibilidade dos receptores. • Alguns dos antidepressivos tricíclicos mais amplamente usados além da CLOMIPRAMINA Anafranil e IMIPRAMINA Imipra, Tofranil, são: • AMITRIPTILINA Amytril, Tryptanol • MAPROTILINA Ludiomil • NORTRIPTILINA Pamelor • Os ATCs atualmente estão sendo substituídos por outros fármacos devido a seus efeitos colaterais, resultantes de sua influência sobre a acetilcolina, um neurotransmissor não monoamina — boca seca, visão nublada, vertigem, sonolência, ganho de peso corporal, constipação e dificuldade para urinar. • Os tricíclicos apresentam também o risco de suicídio, já que uma quantidade suficiente para duas semanas de tratamento pode ser fatal se tomada de uma vez só. A retirada do medicamento deve ser gradativa a fim de evitar náuseas e insônia de rebote." • A - FARMACOCINÉTICA • Os ADT sofrem metabolização hepática por oxidação e hidroxilação numa via metabólica, noutra via sofrem dimetilação originando metabólitos também ativos. Eles têm uma forte tendência em ligar-se às proteínas plasmáticas, embora a fração livre tenha também uma grande importância na ação terapêutica. Apenas 5% da dose ingerida é excretada em sua forma original. • Como os metabólitos dos ADT são ativos terapeuticamente, as diferenças individuais de metabolização fazem com que as doses equivalentes prescritas resultem, com freqüência, em níveis plasmáticos discrepantes de uma pessoa para outra. • Os ADT agem no Sistema Límbico aumentando a NE e a 5HT na fenda sináptica. • O aumento da disponibilidade dos neurotransmissores na fenda sináptica é conseguido através da inibição na recaptação destas aminas pelos receptores pré-sinápticos. Parece haver também, com o uso prolongado dos ADT, uma diminuição do número de receptores pré-sinápticos do tipo Alfa-2, cuja estimulação do tipo feedback inibiria a liberação de NE. • Desta forma, quanto menor o número destes receptores, menor seria sua estimulação e, conseqüentemente, mais NE seria liberada na fenda. • Portanto, dois mecanismos relacionados a recaptação; um inibindo diretamente a recaptação e outro diminuindo o número dos receptores. • Desta forma, quanto menor o número destes receptores, menor seria sua estimulação e, conseqüentemente, mais NE seria liberada na fenda. • Alguns autores tentam relacionar subtipos de depressão de acordo com o envolvimento do sistema serotoninérgico ou noradrenérgico. • Bioquímica e farmacologicamente, a depressão ansiosa pode ser explicada pelo déficit de 5HT, e a depressão inibida pelo déficit de NE. • O período de latência para a obtenção dos resultados terapêuticos com ADT, normalmente são alcançados após um período de 15 dias de utilização da droga e, não raro, podendo chegar até 30 dias. • Os ADT são potentes anticolinérgicos e por esta característica seus efeitos colaterais são explicados. Enquanto os efeitos terapêuticos exigem um período de latência, o mesmo não acontece com os efeitos colaterais. Estes aparecem imediatamente após a ingestão da droga e são responsáveis pelo grande número de pacientes que abandonam o tratamento antes dos resultados desejados. Daí a importância na orientação ao paciente. • B - EFEITOS COLATERAIS • 1 – OFTALMOLÓGICOS • Freqüente dificuldade de acomodação visual dependendo da dose do ADT - não chega a ser importante para obrigar a interrupção do tratamento. • Midríase também é uma ocorrência que pode ser observada. • 2 – GASTRINTESTINAIS • Secura na boca ocorre em quase 100% dos pacientes. Em casos mais - gengivite e glossite. • Constipação intestinal também acontece em quase 100% - Minimiza com a mudança do hábito alimentar ou com a utilização de laxantes. • 3 – CARDIOCIRCULATÓRIOS Os ADT podem provocar: • Aumento na freqüência cardíaca mas as taquicardias importantes são de ocorrência rara. • aumento do intervalo PR, do complexo QRS ou do intervalo QT no ECG. • Devem ser observados, com maior preocupação os pacientes portadores do bloqueio AV anterior ao tratamento com ADT. • O potencial disrítmico dos ADT podem ter uma atuação até antiarrítmica, com efeitos semelhantes aos quinidínicos. • Hipotensão postural, suportável, não exige mudança na posologia. • 4 – ENDOCRINOLÓGICO • Alguns trabalhos apontam um aumento nos níveis de prolactina e, paradoxalmente, outros autores demonstram diminuição e outros ainda, níveis inalterados. A mesma disparidade encontramos em relação aos trabalhos sobre alterações dos hormônios tireoideanos. • Em relação ao eixo hipófise-supra-renal também não há nada conclusivo. A maioria dos autores concorda em que não há alterações neste sistema. Entretanto, parece ser relevante o aumento no nível do hormônio do crescimento com o uso de desipramina, um metabólito da imipramina. • 5 – GENITURINÁRIO • A retenção urinária pode ser observada, principalmente, em pacientes homens e portadores de adenoma de próstata. Embora deva ser dado mais atenção à estes pacientes, tal ocorrência não é contra-indicação absoluta ao uso dos ADT. Com muita freqüência encontramos disúria em ambos os sexos. • Na esfera sexual podemos ter uma diminuição da libido, retardamento do orgasmo e mais raramente, anorgasmia (em ambos sexos). Como freqüentemente na depressão a libido já se encontra diminuída ou até abolida, com a melhora do quadro afetivo pelos ADT o paciente notar comumente uma melhora desta função, ao contrário do que poderíamos esperar se considerarmos apenas os efeitos colaterais. • 6 - SISTEMA NERVOSO CENTRAL • A sedação inicial e sonolência são encontradas no início do tratamento, diminuindo sensivelmente após os 6 primeiros dias. Em doses terapêuticas a insônia, agitação e aumento da ansiedade não são comuns de se observar. • Em pacientes mais idosos podemos encontrar a chamada "síndrome anticolinérgica central" com agitação, confusão mental, delírios e alucinações. Daí considerar-se a utilização de doses menores em tais pacientes. Em pessoas predispostas, podem ocorrer convulsões do tipo generalizadas devido ao fato dos ADT diminuírem o limiar convulsígeno. C – INTOXICAÇÃO • Sinais de intoxicação começam a aparecer quando a ingestão de ADT ultrapassa 500 mg/dia • A dose letal e maior que isso: varia entre 1.800 e 2.500 mg(10). • Na intoxicação por ADT podemos encontrar agitação ou sedação, midríase, taquicardia, convulsões generalizadas, perda da consciência, depressão respiratória, arritmia cardíaca, parada cardíaca e morte. • Tendo em vista a grande afinidade protêica dos ADT, sua eliminação por diálise ou diurese é muito difícil. Nos casos de intoxicação está indicado o uso de anticolenesterásicos (Prostigmina IM ou EV) e medidas de sustentação geral. • CLOMIPRAMINA - Anafranil Ações terapêuticas da Clomipramina - Indicação: • Estados depressivos de variada etiologia e sintomatologia, como, depressão endógena, reativa, neurótica, orgânica, mascarada e suas formas involutivas; depressão associada à esquizofrenia e transtornos da personalidade; síndromes depressivas causadas por présenilidade ou senilidade, por condições dolorosas crônicas, por doenças somáticas crônicas; distúrbios depressivos do humor de natureza psicopática, neurótica ou reativa. Síndromes obsessivo-compulsivas. Condições dolorosas crônicas. • Propriedades • A Clomipramina inibe a recaptação neuronal de norepinefrina e serotonina (a inibição da recaptação de 5-hidroxitriptamina é o componente dominante). Também tem propriedades adrenolíticas a1, anticolinérgicas, anti-histamínicas e anti-serotoninérgicas (bloqueio do receptor de 5-HT). • Após a administração repetida de 50 a 150mg diários de clomipramina por via IV ou IM, as concentrações plasmáticas correspondentes ao período de estado são alcançadas na segunda semana de tratamento e variam de <15 até 391ng/ml para a droga inalterada e de <15 até 600ng/ml para a DMC (metabólito ativo=desmetilclomipramina), no mesmo momento. • Farmacocinética • Absorção. • Injetável: a clomipramina é completamente absorvida após injeção intramuscular. Após administração intravenosa ou intramuscular diária e repetida de doses entre 50 e 150mg de Clomipramina, atingem-se as concentrações plasmáticas de steady-state na segunda semana de tratamento. Essas variam de <15 a 447ng/ml para clomipramina, e de <15 a 669ng/ml para o metabólito ativo desmetilclomipramina. • Oral: a clomipramina é completamente absorvida do trato gastrintestinal. • A biodisponibilidade sistêmica da clomipramina inalterada é reduzida a cerca de 50% pelo metabolismo hepático de primeira passagem para desmetilclomipramina. • A biodisponibilidade da clomipramina não é significativamente afetada pela ingestão de alimentos.Apenas o início da absorção pode ser ligeiramente retardado e portanto o tempo para pico prolongado. As drágeas e os comprimidos de liberação controlada são bioequivalentes com respeito às quantidades absorvidas. • Durante a administração oral de doses diárias constantes de Clomipramina, as concentrações plasmáticas de steady-state da clomipramina apresentam elevada variabilidade entre pacientes. A dose diária de 75mg, administrada tanto como 1 drágea de Clomipramina 25mg três vezes ao dia, ou como 1 comprimido de Clomipramina SR 75mg uma vez ao dia, produz concentrações plasmáticas de steady-state entre 20 a 175ng/ml. • As concentrações plasmáticas de steady-state do metabólito ativo desmetilclomipramina acompanham um padrão similar.Contudo, a uma dose de 75mg de Clomipramina por dia, essas concentrações são 40 a 85% mais elevadas do que as de clomipramina. Distribuição: 97,6% da clomipramina se ligam a proteínas plasmáticas. O volume de distribuição aparente é de cerca de 12 a 17 litros/kg de peso corpóreo. • No fluido cerebrospinhal, a concentração é equivalente a cerca de 2% da concentração plasmática. A clomipramina passa para o leite materno em concentrações semelhantes às do plasma. Biotransformação: a maior rota de biotransformação da clomipramina é a desmetilação para desmetilclomipramina. • Adicionalmente, a clomipramina e a desmetilclomipramina são hidroxiladas para 8hidroxi-clomipramina e 8-hidroxidesmetilclomipramina, mas pouco se conhece a respeito de sua atividade in vivo. • A hidroxilação da clomipramina e da desmetilclomipramina estão sob controle genético semelhante ao da debrisoquina. Em metabolizadores fracos de debrisoquina, isso pode levar a altas concentrações de desmetilclomipramina, enquanto as concentrações de clomipramina são pouco influenciadas. • Eliminação • após administração IM ou IV, a clomipramina é eliminada do plasma com uma meia-vida terminal média de 25h (de 20 a 40h) ou 18h, respectivamente. A clomipramina administrada por via oral é eliminada do sangue com uma meia-vida média de 21h (de 13 a 36h), e a desmetilclomipramina com uma meia-vida média de 36h. Cerca de dois terços de uma dose única de clomipramina são excretados na urina, sob a forma de conjugados solúveis em água, e aproximadamente um terço nas fezes.A quantidade de clomipramina inalterada e de desmetilclomipramina excretada na urina é de cerca de 2% e 0,5% da dose administrada, respectivamente. • Sua meia-vida é de 12 a 36 horas, fixando-se em 965 dos casos às proteínas plasmáticas. • Possui efeito antimuscarínico e sedante moderado • Características nos pacientes: • em pacientes idosos: graças ao clearance metabólico reduzido, as concentrações plasmáticas de clomipramina em qualquer dose administrada são maiores do que em pacientes mais jovens. Os efeitos de insuficiência renal e hepática na farmacocinética da clomipramina não foram ainda determinados. • Reações adversas • Reações anticolinérgicas: secura na boca, constipação, suores, distúrbios de micção, distúrbios do SNC, sonolência, fadiga, aumento de apetite. Ocasionalmente podem ocorrer confusão ou alucinações, distúrbios do sono. • Sistema cardiovascular: hipotensão ortostática, taquicardia sinusal. Sistema gastrintestinal: náuseas, vômitos, diarréia, anorexia. Ocasionalmente, também, reações alérgicas cutâneas. • Precauções • Deverá ser administrada com cautela em pacientes com distúrbios cardiovasculares; controlar a pressão arterial, já que em indivíduos hipotensos ou com instabilidade circulatória pode haver reação de decréscimo da pressão. Dever-se-á ter precaução com pacientes com hipertireoidismo, com controle do quadro hemático, uma vez que pode ocorrer agranulocitose. A função hepática e renal deverá ser controlada. • Os pacientes com distúrbios afetivos bipolares podem passar da depressão para a mania; nestes casos, suspender o tratamento com clomipramina. Diante de uma superdose com sintomatologia grave, taquicardia, arritmias, estupor, ataxia, rigidez muscular, depressão respiratória, será necessária a hospitalização do paciente com vigilância contínua do sistema cardiovascular durante 48 horas. • Interações • Os pacientes que necessitam de um inibidor da monoaminooxidase deverão suspender o tratamento com clomipramina 15 dias antes de iniciar a dose de IMAO. Pode reduzir ou anular o efeito anti-hipertensivo de clonidina, guanetidina, betanidina, reserpina e metildopa. Pode reforçar o efeito cardiovascular dos simpaticomiméticos (epinefrina, norepinefrina e anfetamina), dando origem a arritmias, taquicardia ou hipertensão. • Administrado em associação com anticolinérgicos ou neurolépticos com efeito anticolinérgico, podem ocorrer estados de hiperexcitação ou delírio, como ataques de glaucoma. Também não deverá ser empregado em combinação com antiarrítmicos do tipo da quinidina. • Se administrada junto com estrogênios, a dose de clomipramina deverá ser diminuída, pois que os hormônios esteróides inibem o metabolismo destas substâncias, dando origem a toxicidade, mascarando os efeitos terapêuticos e piorando a depressão. • Ao diminuir o limiar das crises convulsivas com doses elevadas, diminui o efeito da medicação anticonvulsiva, requerendo, portanto, um ajuste da dose para o controle destas crises.O uso simultâneo com cimetidina inibe o metabolismo da clomipramina e aumenta a concentração plasmática, dando origem à toxicidade, podendo ser necessária uma diminuição da dose do antidepressivo tricíclico. • Contra-indicações • É contra-indicado em pacientes com hipersensibilidade conhecida aos antidepressivos tricíclicos do grupo das benzodiazepinas. Não deve ser administrada junto com inibidores da monoaminooxidase, bem como no estado agudo de enfarto do miocárdio. • A relação risco-benefício deverá ser avaliada nos seguintes quadros clínicos: asma, doença maníaco-depressiva, alterações cardiovasculares, principalmente em crianças ou idosos, disfunção hepática ou renal, esquizofrenia, crise convulsiva, retenção urinária. • Indicações • Estados depressivos de etiologias diversas: depressão associada com esquizofrenia e distúrbios de personalidade, síndromes depressivas senis ou pré-senis, distimias depressivas de natureza reativas, neuróticas ou psicopáticas, síndromes obsessivocompulsivas, fobias e ataques de pânico, estados dolorosos crônicos, enurese noturna (a partir dos 5 anos e prévia exclusão de causas orgânicas). • Dose • A dose e via de administração serão determinadas de forma individual para cada paciente, de acordo com seu quadro clínico. Em uma primeira etapa objetiva-se obter resultados ótimos com doses baixas, aumentando de forma cuidadosa, principalmente em jovens e pacientes idosos, que reagem mais intensamente que os pacientes de idade intermediária. • Posologia • Em depressões, síndrome obsessivocompulsiva e fobias - via oral: 1 drágea de 25mg 2 ou 3 vezes ao dia ou um comprimido de 75mg 1 vez ao dia. A dose diária será aumentada de forma gradual (por exemplo, 25mg ao cabo de alguns dias), 4 a 6 drágeas de 25mg ou 2 comprimidos de 75mg durante a primeira semana de tratamento. Em casos graves podem ser indicados até 250 mg diários. • Perante a remissão da sintomatologia, deverá ser estabelecida a dose de manutenção de 2 a 4 drágeas de 25mg ou 1 comprimido de 75mg. Via intramuscular: no início do tratamento, 1 a 2 ampolas de 25mg. A dose será aumentada em 1 ampola diária, até que o paciente receba de 4 a 6 ampolas ao dia.Uma vez atingida a melhora, diminuir a dose diária e ao mesmo tempo passar para via oral (dose de manutenção). • Infusão intravenosa: no início, 2 a 3 ampolas (50 a 75mg) 1 vez ao dia, dissolvidas em 250 a 500ml de solução salina isotônica ou glicosada durante 1½ a 3 horas. Diante da melhora do quadro, continuar com a infusão mais 3 ou 4 dias, e logo passar para via oral com 2 drágeas de 25mg. • Ataque de pânico: 10mg/dia em combinação com uma benzodiazepina. Aumentar a dose até atingir a resposta desejada e suprimir de forma gradual a benzodiazepina. A dose pode flutuar entre 25 e 100mg. • É recomendado não interromper o tratamento durante 6 meses e reduzir a dose lentamente durante este período. As doses em geriatria são mais baixas: iniciar com 10mg diários, podendo aumentar para 30 ou 50mg/dia em 10 dias, que serão mantidos até o final do tratamento. • Pediatria - Em crianças, inicia-se a terapêutica com 10mg/dia, e ao final de 10 dias aumenta-se a dose diária para 20mg em crianças de 5 a 7 anos; de 20 a 50mg em crianças de 8 a 14 anos; e para 50mg ou mais em maiores de 14 anos.Enurese noturna: para crianças de 5 a 8 anos, de 20 a 30mg/dia; de 9 a 12 anos, 1 a 2 drágeas • ANAFRANIL® (Novartis) • Composição: cada drág. tem 25 mg de Clomipramina; cada amp. tem 25 mg. de Clomipramina ANAFRANIL SR® (Novartis) • Composição: cada comp. de liberação lenta tem 75mg. de Clomipramina. • Laboratório: Novartis Biociências S.A. DEPENDÊNCIA À ANTIDEPRESSIVOS - Não pense "que azar que eu preciso tomar um remédio". Pense "que bom que existe um remédio para melhorar minha vida". - Interrompendo o uso de antidepressivos a depressão volta. - Embora não produzindo dependência física alguns antidepressivos, quando interrompidos bruscamente provocam uma sensação de "cabeça aérea", náuseas, tonturas ou uns “choquinhos” musculares que duram alguns dias e desaparecem. • Atualmente a expressiva maioria dos medicamentos usados pela psiquiatria não causa, por si mesmos, dependência. A dependência está, normalmente, mais relacionada à pessoa que ao medicamento, refletindo mais uma vulnerabilidade pessoal do que uma imposição bioquímica. Mas, mesmo assim, ainda existem alguns medicamentos capazes de proporcionar crises de abstinência, quando da interrupção abrupta de seu uso. Por isso a retirada da medicação deve ser preferentemente gradual. Os Antidepressivos mais usados (ordem alfabética do nome químico): Nome Comercial Nome Químico Tryptanol, Amitryl Amitriptilina Zyban, Wellbutrin, Zetron Bupropiona Cipramil, Procimax, Denil Citalopram Anafranil Clomipramina Cymbalta Duloxetina Lexapro Escitalopram Prozac, Verotina, Eufor, Deprax, Psiquial, Fluxene, Daforin Fluoxetina Luvox Fluvoxamina Tofranil Imipramina Ludiomil Maprotilina Tolvon Mianserina Ixel (saiu de mercado) Milnaciprano Remeron Soltabs Mirtazapina Aurorix Moclobemida Serzone (saiu de mercado) Nefazodone Pamelor Nortriptilina Aropax, Pondera, Cebrilin Paroxetina Prolift (saiu de mercado) Reboxetina Zoloft, Tolrest Sertralina Equilid Sulpiride Stablon (saiu de mercado) Tianeptina Parnate Tranilcipromina Efexor, Venlift Venlafaxina REFERÊNCIAS Ballone GJ - Antidepressivos, in. PsiqWeb, Internet, disponível em <http://www.psiqweb.med.br/farmaco/tricic.html> revisto em 2003 Dicionário de Administração de Enfermagem 2003/2004: Dame. EPUB, 2002. Dicionário de Especialidades 99/2000. São Paulo: JBM, 2000. RANG, H. P. et al. Farmacologia. Elsevier, 2003. Medicmaentos na Rio de Janeiro: Farmacêuticas: DEF 5.ed. Rio de Janeiro: