Terapia Nutricional em Cirurgia Grupo: Aline Bertoni, Cecilia Vidal, Flávia Raposo, Gabriel Monteiro, Igor Gomes, Nathalia Thompson Prof.: Pedro Portari Terapia nutricional O objetivo da terapia nutricional é ofertar aos pacientes por via oral, enteral ou parenteral, as necessidades de energia, nutrientes e água que, por algum motivo, não podem ser administrados plenamente pela via fisiológica. Porque a terapia nutricional é importante? De acordo com o Ibranutri (Inquérito brasileiro de avaliação nutricional): ≅48% dos pacientes internados apresentam desnutrição hospitalar. Eleva-se para ≅60% quando o paciente está internado há mais de 15 dias. Somente 10% deles estavam recebendo terapia nutricional. Terapia nutricional peri-operatória • Todo paciente deve ser triado na internação e submetido a avaliação do ponto de vista nutricional. • A intervenção nutricional no período pré-operatório está indicada por um período de 7 a 14 dias, no paciente de risco nutricional grave e candidato a operações eletivas de médio e grande porte; ou em pacientes com câncer, deve ser feita com imunonutrientes por 5 a 7 dias e continuada no período pós-operatório. Paciente com risco nutricional grave Pelo menos um dos itens abaixo: Perda de peso > 10% em 6 meses ou > 5% em 30 dias IMC<18,5kg/m Avaliação subjetiva global Albumina sérica < 3mg/dl O que é avaliação subjetiva global? • Método clínico, simples, rápido e de baixo custo. Exame físico + História Clínica (rápida e eficiente) • Avalia: Alterações na ingestão alimentar, no peso, no TGI e na capacidade funcional. • Os pacientes são divididos em três classes: A= Bem nutrido B= Moderadamente desnutrido ou em risco de desnutrição. C= Severamente desnutrido. Efeitos da terapia nutricional • Melhoras significativas na resposta imunológica • Menor taxa de infecção • Diminui a morbidade (ex: Fístulas anastomóticas) • Tempo de internação pós-operatória. Abreviação do Jejum Pré-operatório Jejum pré-operatório • Jejum noturno pré-operatório -> instituído quando as técnicas anestésicas ainda eram rudimentares para prevenir complicações pulmonares associadas a vômitos e aspirações do conteúdo gástrico • Início do século XIX -> pequeno copo de chá, poucas horas antes da operação . Cirurgia no período matutino: jejum a partir da meia- noite . Cirurgia no período vespertino: leve desjejum Jejum pré-operatório • Última década -> períodos rígidos de jejum (iguais ou superiores a 8 horas) passaram a ser substituídos por regimes mais flexíveis • Atualmente -> ASA recomenda regras mais liberais em relação ao jejum, liberando o uso de líquidos claros (água, chá, café e suco sem resíduos) até 2 horas antes da cirurgia Resposta orgânica ao trauma • Aumento da resposta orgânica pelo jejum préoperatório prolongado • Índices de insulina diminuem, ao passo que os do glucagon se elevam • Níveis séricos de GH se elevam • A atuação da gliconeogênese mostra-se vital, pois a reserva de glicogênio é modesta • Maior secreção de ACTH --> maior secreção de cortisol --> mobilização das proteínas musculares Resistência insulínica • Fenômeno transitório --> dura, aproximadamente, até 3 semanas • É proporcional ao porte da cirurgia • O jejum pré- operatório contribui para o aumento da resistência insulínica, piorando o estresse metabólico perioperatório • Esse estado metabólico muito se assemelha ao do diabetes mellitus tipo II • Simultaneamente, há aumento da gliconeogênese, de modo que a glicemia sanguínea encontra-se elevada, o que é um sério fator de risco para maior morbi-mortalidade • Quanto maior a resistência à insulina, maior o tempo de internação Recomendações do protocolo ACERTO • Não permitir jejum prolongado • Jejum para sólidos 6-8 horas antes da operação • Bebida com carboidratos (maltodextrina) 12%, 200 mL 2 e 6 horas antes da operação • Exceção se faz para os casos de obesidade mórbida, refluxo gastroesofágico importante, obstrução intestinal ou mal esvaziamento gástrico (gastroparesia ou estenose pilórica) Dieta Pós-operatória Precoce Íleo pós-operatório • É uma insuficiência da motilidade temporária que ocorre após operações abdominais ou extraabdominais, podendo durar até 3 dias. • Mecanismos fisiopatológicos: Inibição simpática Substância P, óxido nítrico Peptídeo intestinal vasoativo Anestesia geral Opiáceos Íleo pós-operatório • Como diminuir o íleo pós-operatório? Cuidado na manipulação dos tecidos Evitar ressecamento de alças Video-laparoscopia Não usar SNG de rotina Analgésicos não opiáceos Re-alimentação precoce Uso de pró-cinéticos Restrição de fluidos intravenosos no peri-operatório. Retorno da dieta no pós-operatório • Realimentação no mesmo dia ou no dia seguinte é segura e mais vantajosa. • Vantagens da Re-alimentação precoce: Alta mais precoce Menos incidência de complicações infecciosas Diminuição dos custos Dieta oral • Recomendada para pacientes com TGI íntegro e apto para receber nutrientes e que não estejam anoréticos. • Oral + Suplementação protéica +/- imunonutrientes Dieta oral • O enfermeiro e o nutricionista devem avaliar se o paciente ingere pelo menos 70% do que é oferecido via oral. Desse modo: Se o TGI está apto, mas o paciente não consegue atingir 70%Recomenda-se TNE Se o TGI NÃO está apto ou a TNE é impossível e não atinge o objetivo rapidamenteRecomenda-se TNP de forma única ou associada. Nutrição enteral pós-operatória • A realimentação precoce está associada a alta mais precoce, menor incidência de complicações infecciosas e diminuição dos custos. • Vias de administração da terapia de nutrição enteral (TNE): CNE ou jejunostomia - a ser definido pelo cirurgião. • Indicação: pacientes gravemente desnutridos que não toleram dieta oral em 7 a 10h após a cirurgia. Nutrição enteral pós-operatória • A TNE pode prevenir atrofia de mucosa gastrointestinal, atenuar a resposta ao estresse do trauma, colaborar para manutenção da imunocompetência e preservar a flora normal intestinal. • Reduz também a incidência de complicações infecciosas no PO e contribui para melhora da cicatrização. Nutrição enteral pós-operatória • A TNE apresenta menor morbidade quando comparada a TN Parenteral, porém apresenta contra-indicações. • Principal contra-indicação à TNE: Distensão abdominal -> reflete incapacidade do intestino em realizar suas funções. Causas: alterações hidroeletrolíticas, hipoalbuminemia, infecção, hipoperfusão. Recomendações do ACERTO • Em cirurgias da via biliar, herniorrafias, cirurgias anoorificiais e afins, dietal oral líquida deve ser oferecida no mesmo dia da operação (6-12horas após). • Em cirurgias com anastomoses gastrintestinal, entero-entérica, entero-cólica ou colorretal a dieta deve começar de rotina no 1° P.O. (dieta líquida). Caso o paciente aceite e esteja sem vomito, no mesmo dia da operação. Recomendações do ACERTO • Em cirurgias com anastomoses gastrintestinal, entero-entérica, entero-cólica ou colorretal a dieta deve começar de rotina no 1° P.O. (dieta líquida). Caso o paciente aceite e esteja sem vomito, no mesmo dia da operação. Recomendações do ACERTO • Em cirurgias com anastomoses esofágica, a dieta deve começar no 1° P.O. pela jejunostomia ou por sonda naso-entérica. • Sonda nasogástrica não deve ser usada de rotina em P.O. de cirurgia abdominal. Nutrição Parenteral • A Terapia Nutricional Parenteral é a forma mais correta de administrar nutrientes para a sobrevivência que não seja por meio do aparelho digestório (nutrição oral e enteral). Nutrição Parenteral • Vias de acesso: Veia Periférica: Calibre e fluxo sanguíneos baixos Não tolera osmolaridades >700mOsm/L Não deve ser mantida por > 7 dias Baixa quantidade de macronutrientes Veia Central: Osmolaridade >700mOsm/L Grosso calibre e alto fluxo sanguíneo. Nas primeiras 24h, velocidade de 60ml/h; na ausencia de complicações aumentar para 100-150ml/h. Nutrição Parenteral • Indicações: Acesso ao tubo digestivo impossibilitado Via enteral contra-indicada ou insuficiente Ex: Obstrução intestinal, íleo prolongado e má absorção. Monitoramento da TNP • Laboratorial: Hemograma Glicemia Na, K, Cl, Ca, Mg, P e uréia. Protrombina, bilirrubinas, transaminases e fosfatase alcalina Dosagens de proteínas (albumina, pré-albumina, transferrina) Lipidograma (colesterol e triglicerídeos) Monitoramento da TNP • Dados clínicos: Hidratação Sinais clínicos de distúrbios hidroeletrolíticos Alterações no nível de consciência Curva térmica Número de evacuações Sinais vitais Balanço hídrico Peso Nutrição Parenteral • Contra-indicações: Todos os pacientes que apresentem condições de se alimentarem adequadamente por via oral e/ou enteral e preservem estado nutricional adequado Pacientes hemodinamicamente instáveis Ex: hipovolêmicos, sépticos, com choque cardiogênicos, com edema de pulmão, anúria sem diálise ou com graves distúrbios metabólicos e eletrolíticos. Nutrição Parenteral- ACERTO • Pacientes cirurgicos desnutridos se beneficiam com TNP no período pré-operatório (por 7 a 10 dias) Diminuiu o risco de complicações. • Se a TNP for usada apenas no período pósoperatório Aumento do risco de complicações. • Usar TNP no período pré e peri-operatório, evitando no pós-operatório. TNP no pós-operatório- ACERTO • Indicações de TNP no pós operatório: Complicações operatórias ou do trauma que impeçam a alimentação digestiva, com tempo de jejum superior a cinco dias. • Na resposta orgânica ao trauma o metabolismo de lipídeos está alterado de modo que, recomenda-se, no 1° dia de P.O., a restrição de lipídeos na formulação da NP. Complicações da TNP • Complicações Mecânicas: Relacionadas a inserção do cateter • Complicações Metabólicas Ex: sobrecarga hídrica, hiperglicemia, hipoglicemia, deficiencia de ácidos graxos essenciais, hipertrigliceridemia, síndrome de realimentação, excesso ou deficiencia de vitaminas, etc. • Complicações Infecciosas Contaminação do cateter venoso central por microorganismos intra-hospitalares multirresistentes (Staphylococcus epidermidis, fungos, bacilos gram negativos e Staphylococcus aureus). Nutrição Enteral X Parenteral • A nutrição enteral é a primeira opção para o paciente criticamente enfermo. • Há benefícios da combinação de Terapia Enteral + Parenteral em casos de nutrição enteral hipocalórica sustentada. • A combinação precoce das duas terapias promove mais dano do que benefício. • A nutrição parenteral deve ser instituída, se a nutrição enteral sozinha não conseguir atingir as metas após alguns dias (não mais do que uma semana). Referências Bibliográficas