Curso de Ética - noções de ética

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Engenharia Mecânica IV: Ética
Parte I – Ética e Sociedade
Noções básicas de moral e
ética
O que é a ética?
• A CIÊNCIA QUE ESTUDA o
comportamento consciente do homem.
• conduta escolhida de acordo com uma
razão equilibrada.
• leva à máxima perfeição.
O que é a ética?
Ética é a doutrina sobre o que o homem é e está
chamado a ser ( ... ) Note-se que para caracterizar
a ética, estamos falando de realização (no
singular), e não das realizações (plural) nos
diversos aspectos da vida: financeiro, saúde,
status etc., pois a moral diz respeito precisamente
à realização; realização não deste ou daquele
aspecto parcial, mas afeta a totalidade, o que se é
enquanto homem.
O que pretende a ética?
• realização profunda da pessoa.
A que leva a falta de ética?
• caotização da vida pessoal.
• desordem no entorno social.
• ineficácia.
Ética das aparências
• falta da convicção do que é certo e do que
é errado.
• agir pelo medo de ser flagrado em alguma
ilegalidade ou transgressão.
• qualidade aparente
Ética da mediocridade
• Mediocridade: apontar o fim da ação para
um nível médio.
• Evitar o mal é o suficiente.
Ética normativa
• Ética Kantiana: preocupação de formular as normas
•
•
éticas. Imperativo categórico: formulações tais que
pudessem ser elevadas ao nível de uma exigência
universal.
Bentham (utilitarismo): teoria do mínimo ético. Direito e
ética como realidades semelhantes (conjunto de
normas), mas de extensões distintas.
Positivismo lógico-lingüístico (fortemente anglo-saxão).
Ética como conjunto de proposições de dever-ser (as
quais, contudo, não teriam nenhum valor científico).
Limitações de uma ética normativa
• Torna-se logo uma moral negativa, uma moral de
•
•
•
limites.
Ajuda pouco a resolver os casos difíceis.
Torna-se um saber para especialistas, e não do homem
da rua, quando, na verdade, todos os homens estão e
devem estar implicados pela ética.
Tende a tornar a ética algo externo ao homem. A ética a moral - seria algo necessário, mas externo ao homem
e que o limita; algo desvinculado do seu ser, ou que a
sociedade impõe, ou que a natureza ou a divindade
determinam.
Problemas éticos na visão
normativa
• É lícito ou não trabalhar em um hospital que faz
•
•
•
abortos?
Devo denunciar ou não um colega médico que
prescreve medicamentos porque recebe dinheiro
da indústria farmacêutica?
Preciso tirar o passaporte porque tenho uma
viagem importante em dois dias e a única forma
é pagar uma “taxa de urgência”. Devo ou posso
sujeitar-me a isso ou não?
Uma “coladinha” que ninguém perceba: posso
ou não? Não estou prejudicando ninguém.
Ética de virtudes ou ética da
excelência
• Busca do melhor e mais perfeito. Ciência da indagação
•
•
•
do que o homem está chamado a ser, do que é a
realização integral e plena do homem.
“Torna-te o que és” poderia ser o lema dessa
compreensão da ética. O que se busca é conhecer a
excelência humana
“Fazer triunfar o Homem dentro do homem” (Platão, A
República)
Uma orientação diferente: fim último do homem,
virtudes. Apresenta-se o modelo: a isso deve apontar a
conduta humana.
A descoberta da Ética
• O homem capta o que está à sua volta.
Conhece que as coisas têm suas leis e suas
necessidades.
• O homem contempla o mundo e capta
uma gama ampla de valores, sendo assim
capaz de apreciar o que o cerca e escolher
para além dos determinismos biológicos ou
instintos.
A descoberta da Ética
• Duas vozes chamam pela conduta do
homem:
– A interna: a das suas próprias necessidades
– A externa: a voz das coisas que o rodeiam
• Exigem do homem uma tomada de
posição frente aos deveres
A descoberta da Ética
• A inteligência abre os olhos para valores como:
–
–
–
–
–
o trabalho;
o bem da família;
a realização pessoal;
o serviço prestado aos outros;
a contribuição à sociedade por meio de um trabalho
bem feito
– etc.
Os Princípios Éticos Fundamentais
Utilizamos nossa experiência para
entender as demais coisas e as
compreendemos a partir do uso da
razão. Deduzimos que o que é bom
para nós deve ser bom para os outros
e ao contrário, o que é mau para nós,
deve ser mau para os demais.
Os Princípios Éticos Fundamentais
• Fazer o bem e evitar o mal
• Querer o bem dos outros como se quer o
próprio bem
• O fim não justifica os meios
Os Princípios Éticos Fundamentais
Assim o reconheceram já todos os grandes
espíritos, um Sócrates e um Platão, insistindo
sempre em que é melhor sofrer uma injustiça do
que cometê-la. (...) Um homem é incapaz de ser
moralmente bom se estiver cego ao valor moral
das outras pessoas, se não distinguir o valor
inerente à verdade do não-valor inerente ao erro,
se não entender o valor que há numa vida
humana ou o não-valor de uma injustiça.
Os Princípios Éticos Fundamentais
"A moral que é a arte de viver bem, é
também a arte de conjugar bens e deveres,
pôr cada coisa no seu lugar, pôr ordem nos
amores."
Consequência de uma vida
fundamentada em princípios éticos
• veracidade, imparcialidade, lealdade,
solidariedade, etc
• conformidade da atuação com os princípios
• estruturação harmônica da personalidade
• trabalho de qualidade
A vivência ética
O homem, no interior de sua
consciência, pode escolher
livremente suas ações e torna-se
responsável pela edificação do seu
próprio ser.
A vivência ética
• Como desenvolver o comportamento ético
pessoal?
– assimilando os valores humanos
– aplicando os princípios fundamentais
– praticando a arte de viver bem ou a arte da
aplicação dos princípios fundamentais às
situações que se apresentam
A vivência ética
• A educação orienta na busca do bem e dos
•
valores
Exemplos:
– os bens que têm a ver com a realização de
habilidades, destrezas e conhecimentos;
– prestígio social, boa fama e êxito profissional;
– as relações pessoais de amizade e amor;
– os bens estéticos;
– os costumes morais - as virtudes - que tornam o
homem honrado e honesto.
A vivência ética
• Aprender a desejar os bens próprios da
excelência humana exige:
– educação dos sentimentos
– aplicação dos princípios morais
– ordem nas escolhas pessoais
• No sentido contrário: acaba-se dominado
•
unicamente pela satisfação dos bens primários
A educação moral leva a distinguir e a possuir os
bens que realizam a pessoa em plenitude
A vivência ética
Junto à sua natureza biológica, recebida por nascimento, o
homem é capaz de adquirir uma segunda natureza:
repetindo ações livres, vai tecendo seu próprio estilo de
conduta, seu modo de ser melhor ou pior. Através dos atos
que repetimos e esquecemos, decanta-se em nós uma
forma de ser que permanece. Mas a liberdade oferece a
possibilidade permanente de atingir tanto uma conduta
digna do homem como uma conduta indigna e patológica.
Assim, alguns se fazem justos e outros injustos, uns
trabalhadores e outros preguiçosos, responsáveis ou
irresponsáveis, amáveis ou violentos, verazes ou
mentirosos, reflexivos ou precipitados, constantes ou
inconstantes.
Aretê e virtude
• Para os gregos, a idéia de excelência, contida na palavra
Aretê, é dos tempos mais remotos. Seu sentido exato foi
variando ao longo da história:
“A palavra virtude não expressa o sentido original do
grego aretê. Mas sim conserva algo do significado da
palavra latina vírtus. Aretê significa excelência,
capacidade, valia. Vírtus é originário de vir (varão) e
alude em seu sentido original a virilidade, mas
também simplesmente a excelência, a perfeição
moral. Aretê e vírtus designavam a excelência do
homem enquanto homem”
Virtude
• Existe uma excelência para o homem.
•
Qualidades como a coragem, a honestidade, a
veracidade, a prudência, a sinceridade, a
fortaleza são características que se adquirem,
que se forjam, e que, em todas as épocas,
foram admiradas
O homem cabal é sobretudo o homem virtuoso,
ainda quando seus dotes intelectuais ou sua
formação cultural não sejam os melhores ou
mais completos
Virtude
“(...) virtuoso no sentido clássico é não quem leva
uma vida incensurável porque não fez nada mal,
que é amável e bondoso, embora de resto não
valha muito, mas quem sempre usa suas
capacidades humanas para o bem, faz o bem de
modo soberano, constante e alegre, é competente
e engenhoso, sabe o que fazer e é capaz de
avaliar toda situação rápida e corretamente; em
suma: quem realiza o que Aristóteles denomina
“vida boa”, eupraxia”. (Rhonheimer)
Virtude
• “Muitas coisas dependem por inteiro de ti: a sinceridade, a
dignidade, a resistência à dor, (...), a aceitação do destino,
(...), a benevolência, a liberalidade, a simplicidade, a
seriedade, a magnanimidade. Observa quantas coisas podes
já conseguir sem que caiba alegar pretextos de incapacidade
natural ou inaptidão, e por desgraça permaneces
voluntariamente por baixo das tuas possibilidades. Por acaso
te vês obrigado a murmurar, a ser avaro, a adular, a culpar o
teu corpo, a dar-lhe satisfações, a ser frívolo e a submeter a
tua alma a tanta agitação, porque estás defeituosamente
constituído? Não, pelos deuses! Faz tempo que podias haverte afastado desses defeitos”
Meditações – Marco Aurélio
Virtude
“Pois bem... Sou assim. É natural. Herdei isso de
mamãe. Todos os Kröger têm inclinação para o luxo.
Com a mesma calma teria declarado que era leviana,
irascível ou vingativa. O seu senso de família, fortemente
desenvolvido, como que a tornava alheia às idéias de
vontade própria e de autonomia, a ponto de ela constatar e
confessar, com uma estoicidade quase fatalista, os traços
do seu caráter... sem fazer diferenças entre eles, nem
esforços para corrigi-los. Sem o notar, era da opinião de
que todos eles, quaisquer que fossem, significavam um
legado, uma tradição da família, sendo por isso veneráveis
e merecedores, em todo o caso, de serem tratados com
respeito”
Thomas Mann, Os Buddenbrook
Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 1981, p. 199
Ética, qualidade, responsabilidade
social
• Não são realidades substancialmente
diversas. As duas últimas são
conseqüências ou aspectos da primeira;
• Ética no seu sentido originário e completo
é a busca da excelência;
• A excelência e a responsabilidade social
nada mais são do que uma conseqüência
de um atuar ético
Processo de melhoria contínua
• identificar fatos, atitudes que
correspondem a problemas éticos,
pessoais e coletivos.
• conhecer as causas destes problemas.
• definir os meios e procedimentos para
atacar os problemas nas causas.
Lei moral/normas éticas
•Formulações das exigências da realização humana;
•Não configuram restrições à liberdade humana
corretamente entendida
“Dentro de um avião, o espaço é bastante reduzido e há pouca
liberdade de movimentos. Contudo, quem compra uma passagem para
Roma e entra no avião não afirma a sua liberdade saindo da aeronave
em pleno vôo. A liberdade que lhe interessa é a que lhe permitirá
chegar a Roma, e as restrições que lhe são impostas dentro do avião –
pressurização, altura, velocidade, etc. – são formas de tirar o máximo
partido do exercício da sua liberdade”
Normas proibitivas
•As normas proibitivas são condiçõeslimite da conservação da identidade
humana.
“Os raciocínios precedentes demonstram
que as normas proibitivas não são outra
coisa que a formulação dos limites do agir
humano" (M. Rhonheimer, p. 295)
Critério para o juízo ético
Éticas normativas
Conteúdo
Intenção
Circunstâncias
Ações de duplo efeito
• É lícito realizar uma ação em si boa ou
indiferente, que tem um duplo efeito, um
bom e outro mau, se:
– o efeito bom é imediato
– o fim do agente é honesto
– existe uma causa proporcionada para permitir
o efeito mau
SISTEMA ESPONTÂNEO
• Não é possível “formalizar” todos os aspectos de
•
•
•
um comportamento amistoso!
Atuação tendo como base critérios e princípios:
fazem o papel de bússola para as decisões.
É “algo” que faz funcionar bem a empresa.
A organização requer muito mais do que está
previsto no sistema operativo.
OS BENS E OS DEVERES
• O desenvolvimento da inteligência amplia enormemente
a possibilidade de descobrir bens, isto é, a possibilidade
de descobrir coisas que convêm. O instinto busca
localizadamente os bens que garantem a sobrevivência,
mas a inteligência vai muito mais além. Logo se aprende
a desejar como bem aquelas coisas que servem para
conseguir os bens primários. Por exemplo, o dinheiro
não é comestível, mas pode proporcionar comestíveis;
nessa medida é um bem. Para descobri-lo, necessita de
um raciocínio elementar: um animal é incapaz de captar
a relação entre dinheiro e comida, por isso não deseja o
dinheiro; por outro lado, a criança muito cedo é capaz
de entender essa relação e começa a querer o dinheiro
como um bem, ainda que não possa comê-lo. Essa
relação não consegue descobrir o instinto, é captada
pela inteligência.
Linguagem
• a mãe deve cuidar dos filhos.
• o ser humano é um ser tal que necessita
para seu completo desenvolvimento da
atenção não apenas material mas
espiritual dos seus pais.
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