Os campos da Filosofia e as questões éticas fundamentais Os campos da filosofia, que a filosofia investiga. • • • • • • • Conhecimento e constituição das ciências. A linguagem O ser A natureza O homem A ética A política A EXISTÊNCIA ÉTICA Senso moral e consciência moral • Sentimentos e emoções exprimem nosso senso moral (p.305). • Situações põem à prova nossa consciência moral: doença terminal, ravidez indesejada; emprego desonesto; dois amores. (p.305 – 306) • Decidimos o que fazer. • Senso moral e consciência moral referem-se a valores, ao bem e ao mal, ao desejo de felicidade e ao exercício da liberdade. (p.306 – 307) Juízo de fato e juízo de valor • Juízos de fato dizem o que as coisas são, como são e por que são. • Juízos de valor avaliam coisas, pessoas, ações como bons ou maus, desejáveis ou indesejáveis, se referem ao que deve ser, são normativos. • Somos educados como se o valores fossem naturais. Isso esconde que eles são criação histórico cultural. (p. 307) • Ética vem de éthos – caráter e êthos – conjunto de costumes de uma sociedade. (p. 307 Ética e violência • “ Em nossa cultura, a violência é entendida como violação da integridade física e psíquica de alguém, da sua dignidade humana.” • Os valores éticos se oferecem como garantias dos seres humanos ou sujeitos racionais e agentes livres. Os constituintes do campo ético • Pessoa moral: agente consciente, capaz de julgar o valor dos atos e das condutas. • A vontade é esse poder deliberativo e decisório do agente moral. • Valores e obrigações: conteúdos das condutas morais • Virtudes, condutas e ações conformes ao bem. (p. 308) • O agente moral: Ser consciente de si e dos outros; responsável, autor da ação; • Passivo deixa-se governar por seus impulsos. (p. 309) • Valores ou fins éticos • O que uma cultura e uma sociedade definem para si como sendo mal e bem. • Os meios morais (p. 309). • Fins éticos exigem meios éticos. • Educação: a ética é criada pela vida intersubjetiva. (p. 310) A FILOSOFIA MORAL Sócrates, o incansável perguntador • A ética nasce quando se passa a indagar sobre os costumes e o caráter das pessoas (p. 310) • Sócrates perguntava: O que é a coragem, a justiça, a amizade, a virtude, o bem? • “Somente aquele que sabe o que faz, conhece as causas e os fins de sua ação, o significado de suas intenções e de suas atitudes e a essência dos valores” (p. 311) Aristóteles e a práxis • “ O saber prático é o conhecimento daquilo que só existe como conseqüência de nossa ação e, portanto, depende de nós.” (p. 312) • “Na práxis, o agente, a ação e a finalidade do agir são inseparáveis ou idênticos.” • O campo das ações éticas é o campo da deliberação, portanto o campo do possível. • A principal virtude é a prudência. • “O prudente é aquele que, em todas as situações, é capaz de julgar e avaliar qual a atitude e qual a ação que melhor realizarão a finalidade ética…” (p. 312) O legado dos filósofos gregos • Virtudes: coragem, temperança, liberalidade, respeito próprio, magnificência, gentileza, veracidade, agudeza de espírito, amizade e justa indignação. (p. 312) • 1. Por natureza, os seres humanos aspiram ao bem e à felicidade, que só podem ser alcançados pela conduta virtuosa; • 2. A virtude é uma excelência alcançada pelo caráter,… • 3. A conduta ética é aquela que se refere ao que é possível e desejável para um ser humano. (p. 313) • O sujeito ético obedece apenas a sua consciência. A educação pode fortalecer a vontade. (p. 313). Três aspectos da ética dos antigos: • • • • 1. o racionalismo: a vida virtuosa é agir em conformidade com a razão, que conhece o bem, o deseja e guia nossa vontade; (p. 313) 2. o naturalismo: a vida virtuosa é agir conforme a natureza; 3. a inseparabilidade entre ética e política: inseparabilidade entre a conduta do indivíduo e os valores da sociedade, liberdade, justiça e felicidade. Ética concebida como educação do caráter do sujeito moral para dominar racionalmente impulsos e desejos, para orientar a vontade rumo ao bem e a felicidade. (p. 313). O cristianismo: interioridade e dever • • • • Indivíduos com fé num único Deus. A virtude se define por nossa relação com Deus; Pecado original torna a natureza fraca. O auxílio divino para nos tornar morais é a lei revelada. (p. 314) • A idéia de dever é a idéia de que a virtude é a obrigação de cumprir o que é ordenado pela lei divina. • O dever: oferece um caminho seguro para nossa vontade, livre, mas fraca, dividida entre bem e mal. Para obedecer à lei divina são necessárias: • - virtudes teologais: fé, esperança e caridade. • - virtudes cardeais: coragem, justiça, temperança e prudência; • - virtudes morais: sobriedade, prodigalidade, trabalho, castidade, mansidão, generosidade, modéstia. (p. 314) • Três tipos de conduta: moral; imoral; indiferente a moral (p. 315) • A idéia de intenção: no cristianismo o dever não se refere apenas as ações visíveis mas também às intenções invisíveis. (p. 315) Kant e a moral da razão prática • Rousseau: a consciência moral e o sentimento do dever são inatos e se opõe a razão utilitarista • Kant: por natureza somos egoístas, volta a afirmar o papel da razão na ética. • A razão prática é o exercício da liberdade como poder racional para instituir fins éticos. • O dever, longe de ser uma imposição externa à nossa vontade é a expressão de nossa liberdade, a presença da lei moral em nós. (p. 316) O imperativo categórico • A verdadeira liberdade precisa impor nosso ser moral pelo dever. (p. 316) • Quando o querer e o dever coincidem somos seres morais. (p. 317) • Formula geral: Age em conformidade apenas com aquela máxima pela qual possas querer ao mesmo tempo que ela se torne uma lei universal (p. 317) • Cultura e dever: aquilo que julgamos ser a forma universal e o conteúdo universal da moral esta culturalmente determinado. (p. 318) A perspectiva hegeliana -Moral e sociedade • Concebe a sociabilidade a partir dos laços fortes das relações sociais fixados pelas instituições sociais. • Somos seres históricos e sociais, além de nossa vontade individual existe uma outra vontade muito mais poderosa a vontade objetiva inscrita nas instituições e a cultura. • A vida ética é a harmonia entre a vontade subjetiva individual e a vontade objetiva cultural. (p.318) Moral e história • O declínio de uma cultura é quando seus membros contestam a moralidade vigente. (p.319) • Exp. Passagem da aristocracia para democracia na Grécia. (p.319) A reforma protestante e a passagem para a consciência moderna(p.320) • A perspectiva de Bergnson distingue entre a moral fechada e a moral aberta. História e virtudes • Comparando Aristóteles e cristianismo • A ética de Espinosa: novo quadro das virtudes. • A naturalidade das paixões. Somos seres naturalmente afetivos. (p. 321) • Nossos afetos são paixões quando causados por forças ou coisas externas. • Nossos afetos são ações quando causados por força interna. (p. 322) A servidão passional e a liberdade afetiva • A servidão é paixão a virtude é ação. (p. 322) • A virtude é a força para ser e agir com liberdade. • O bom é aquilo que é útil para o crescimento de nosso ser; • O mau, o que nos impede de alcançar algo bom para nossa existência. (p. 322) Uma concepção contemporânea de virtude • O que pode ser ético na família não o será na profissão e o que é ético em ambos poderá não sê-lo na política. (p. 323) • Desejo de coerência orienta nossas condutas. (p. 323) • “Virtude é o que propicia a unidade narrativa de nossa vida, isto é o que dá sentido às nossas buscas…” • A tradição morre quando seus valores e suas normas se tornam irracionais perante as mudanças históricas. (p. 324) Razão, desejo e vontade • Convergência entre as concepções intelectualista e voluntarista. • Somente como humanos temos desejo. (p. 326) • O desejo é paixão, a vontade, decisão. O desejo nasce da imaginação, a vontade se articula à reflexão. • Mas é o desejo que oferece à vontade os motivos interiores e os fins exteriores da ação. • Consciência e desejo referem-se às nossas intenções e motivações; a vontade, às nossas ações e finalidades. (p. 326) Éticas das emoções e do desejo • Nietzsche: A genealogia da moral • - A moral racionalista é repressora, transformou o que é natural em vício; paixão desejos e vontade referem-se à vida e à expansão de nossa força vital; foi inventada pelo fracos para controlar e dominar os fortes; • - transgredir normas e regras estabelecidas é a verdadeira expressão da liberdade. A força vital se manifesta como saúde do corpo e da alma, como força da imaginação criadora; • - a moral dos fracos é produto do ressentimento, envenenando a vida com a culpa e com o pecado; inventa uma outra vida, futura e eterna; • - a sociedade, governada por fracos hipócritas, impõe aos fortes modelos éticos que os enfraquecem; • - é preciso manter os fortes, dizendo-lhes que o bem é tudo o que fortalece o desejo da vida e é mal tudo o que é contrario a esse desejo. • A ética trabalho social para controlar a violência. • Os críticos da moral racionalista afirmam que a própria ética tornou-se a forma perfeita da violência. (p. 328) • Marx afirmava que os valores da moral vigente eram hipócritas numa sociedade violenta como a nossa, baseada na exploração do trabalho, na desigualdade social e econômica. (p. 329) • Para Marx, tratava-se de mudar a sociedade para que a ética pudesse concretizar-se. (p. 329) Ética e psicanálise • O que se passa em nossa consciência é simples efeito disfarçado cujas causas reais são inconscientes como falar em consciência responsável? (p. 329) • O id ama o proibido; o superego quer ser amado por reprimir o id, imaginando-se tanto mais amado quanto mais repressor. • A psicanálise é uma terapia para auxiliar o sujeito no autoconhecimento. • Uma das fontes de sofrimento psíquico é o rigor excessivo do superego. (p. 329) • Entre a violência da ética da sociedade e a violência dos sujeitos contra a sociedade, devemos aprender a ausência da violência interna e externa. (p.331)