GESTÃO MERCADOLÓGICA UNIDADE I APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA E DO CONTEÚDO Disposições gerais para compreensão da disciplina a ser estudada. Leia com atenção todas as informações presentes neste material e atente para o fato de esta disciplina (Gestão Mercadológica) ser a continuação da Administração Mercadológica. Você observará que ela é interessante e intensa, seus conhecimentos são facilmente reconhecidos no cotidiano por meio dos distintos veículos de comunicação que as organizações e a sociedade utilizam. É importante dizer que os conhecimentos intrínsecos a essa disciplina não são apenas relativos às organizações; eles também são aplicáveis às pessoas. Ementa O marketing no dia a dia das organizações. Desenvolvimento de novos produtos e do relacionamento com os clientes. Planejamento estratégico de marketing e o posicionamento do produto e/ou oferta ao segmento ideal. Ciclo de vida do produto. Embalagem e rotulagem. O processo de precificação. Construção de novas marcas. Tipos de varejo. Comunicação mercadologia. Compra por impulso e dissonância cognitiva. Objetivos gerais Preparar o discente para entender, compreender e utilizar o marketing no cotidiano da organização e em seu contexto competitivo, capacitar para o desenvolvimento de novos produtos, serviços e ideias, proporcionando o produto certo, ao cliente certo, da maneira certa. Objetivos específicos Desenvolver as capacidades de: a. avaliar tipos de novos produtos e suas características relevantes; b. compreender a importância da embalagem e da rotulagem; c. entender e desenvolver o processo de precificação; d. gerir a construção da marca ideal para o produto/serviço novo; e. conhecer os tipos de varejo; f. comunicar o produto e marca ao mercado-alvo (Modelo AINDA – atenção, interesse, desejo e ação); g. compreender o processo de compra, compra por impulso e dissonância cognitiva. Iniciação em marketing Primeiramente gostaria de destacar a você, aluno, que as disciplinas Administração Mercadológica (anterior a esta disciplina) e esta (2), Gestão Mercadológica, também poderiam ser conhecidas como Marketing I e Marketing II, ou, ainda, por Administração de Marketing I e II. Essa orientação é importante para que você compreenda que tais nomenclaturas fazem referência ao mesmo assunto, ou seja, são compreendidas como sinônimos. Além disso, a bibliografia sobre o tema é vasta, logo, você pode pesquisar a partir de qualquer um de tais nomes. Quanto às leituras, lembre-se de que muitos livros poderão ser estudados e abordados como pesquisa ao assunto. Você não deve tomar como totais os conhecimentos abordados neste material. Na verdade, este livrotexto representa apenas uma fração dos conteúdos e abordagem do marketing (na ótica da gestão de marketing). Em outras palavras, existe uma infinidade de bons livros e autores que você pode estudar para ampliar seus conhecimentos. Mas atenção, não tome como verdade irrevogável ou imutável as aplicações e/ou conhecimentos de marketing, pois, antes de tudo, ele se encontra em constante desenvolvimento, logo, traz novas abordagens de entendimento e aplicação. Além disso, existe muito material de boa qualidade disponível na rede mundial de computadores (Internet). Utilize–os a seu favor, mas atenção para não utilizar material inadequado e para não plagiar. A Internet é uma ótima e importante ferramenta para as ações de marketing, porém, nem tudo é de qualidade. Fique atento. O estudo de marketing A abordagem deste material é teórico-prática, logo, contextualizada. Com ela você poderá entender bastante sobre as ações do marketing no cotidiano das organizações e dos clientes (etc.), simplesmente observando o que é feito para atrair e reter clientes e, claro, pensando em como fazê-lo de maneira mutuamente benéfica (para as organizações e para eles). Leia o trecho a seguir (o mesmo foi extraído do livro-texto da disciplina Administração Mercadológica). Tal leitura ajudará a se inteirar um pouco mais acerca dos estudos sobre marketing: Pense, por exemplo, quando você assiste à tevê, e durante o intervalo da novela das oito da rede Globo, você assiste a um comercial de uma montadora chamando a atenção para o lançamento da mais nova versão de seu veículo “X”: Quem fez o comercial? Como foi elaborada aquela campanha? Quem solicitou o comercial? televisão? Quanto custa aquele espaço publicitário daquela emissora de Quanto custou o desenvolvimento da campanha? A quem a mesma se destina, ou seja, qual é o público-alvo daquela campanha televisiva? Qual foi o retorno do comercial ao anunciante? etc. Pense também que, na empresa em que você trabalha, todos estão envolvidos em uma ação (ou campanha de marketing) para aumentar as vendas e, consequentemente, aumentar seu retorno financeiro e sua participação de mercado. Pense nas seguintes condições: ‘Condição A’: a empresa em questão é um banco; ‘Condição B’: a empresa é uma padaria; ‘Condição C’: a empresa é um supermercado; ‘Condição D’: a empresa é uma loja de autopeças; ‘Condição E’: a empresa é uma farmácia. Será que, genericamente, as ações de marketing serão tão diferentes entre si? Para cada uma das condições expostas acima, naturalmente, não. O que mudará na verdade é o contexto em que cada organização está inserida, por exemplo, seu setor de atuação, seus concorrentes, sua localização, total de clientes e potenciais clientes, se já investe ou está disposta a investir em estratégias para atrair e reter clientes, etc. Com isso, muitas delas poderão utilizar ações de marketing que são conceitualmente iguais, mas com aplicações redimensionadas para cada caso. Pensando nisso, você pode entender que a finalidade do marketing envolve fazer com que as organizações cresçam, desenvolvam-se, portanto, que não morram, que não sejam destruídas por falta de visão, coragem e principalmente por falta de conhecimento (fazendo uma alusão ao livro Crescer, não destruir: cinco maneiras de implementar na sua empresa uma nova dinâmica de crescimento, de Robert M. Tom asko). A aplicação do marketing busca fazer com que sua em presa seja campeã em vendas, que sua equipe, não importando o tamanho da empresa e das equipes, seja vencedora, ou seja, que todas – trabalhando juntas – tragam bons resultados para a empresa (essa aplicação, logo, busca do marketing, me faz lembrar do livro Show de vendas, de Frank Bettger). O marketing deve preocupar-se em encantar o cliente, em fazer com que o mesmo deseje fazer negócio com a sua empresa e não com os concorrentes. Encantar o cliente significa ir além do básico, compreende a entrega de valor substancial ao cliente, sendo que tal valor deve ser capaz de gerar receita para a organização. Mas atenção: nenhuma empresa consegue encantar clientes se não tiver profissionais comprometidos com essa finalidade e se não tiver desenvolvido a capacidade de amá-los. Ou seja, para que alguma organização seja capaz de encantar os clientes, ela precisa, antes de tudo, gostar muito deles, amá-los (essa aplicação do marketing pode ser mais bem explorada se você ler o livro Encantar o cliente dá lucro: revolucione a sua empresa e ame os seus clientes, de Joel J. Santos). O marketing preocupa-se ainda com sua relação com a tecnologia, em especial quando sistemas de gerenciamento do relacionamento com o cliente são desenvolvidos, tais como os sistemas de Customer Relationship Management (CRM) e sistemas de Data Base Marketing (DBM), geralmente compreendidos como os sistemas de gerenciamento dos bancos de dados de marketing. Aliás, vale lembrar que nunca foi tão importante uma boa base de dados sobre os clientes quanto agora, pois é preciso conhecer o cliente e ter acesso a ele, em especial, para não consumir recursos (financeiros e humanos) em vão. Mas o marketing não para por aí; ele também oferece inter-relação com outros sistemas de apoio gerencial, como do Enterprise Resource Planning (ERP), o Supply Chain, etc. (alguns livros interessantes sobre o assunto são: CRM series cal center 1 to 1: um guia executivo para transformar call centers em centros de interação com clientes; CRM: o revolucionário marketing de relacionamento com o cliente, de Ronald Swift, entre outros). O marketing também deve preocupar-se com suas aplicações dentro das empresas, ou seja, o marketing realizado com os funcionários e para os funcionários. Ele precisa atentar para a preparação dos funcionários sobre os produtos ou serviços de que a organização dispõe: formas de pagamento e de acesso ao produto, etc. Além disso, precisa preocupar-se com a boa relação dos funcionários com tudo isso, e claro, precisa preocupar-se com a boa relação da organização com cada um deles. Neste momento, preparação e treinamento são palavras de ordem, pois pessoas bem treinadas certamente executam melhor suas tarefas. Empresas devidamente atentas conseguem atender aos seus clientes, em especial, quando eles fazem parte da folha de pagamento (uma leitura que não pode ser esquecida neste momento é a do livro Endomarketing: como praticá-lo com sucesso, de Saul Faingaus Bekin). Outra palavra de ordem dentro do marketing é “marca”. O marketing deve preocupar-se com a criação e o desenvolvimento das marcas no mercado. Para isso, é preciso saber o que são marcas, qual seu valor, como criá-la, etc. No marketing, a palavra branding é geralmente associada à gestão de marcas e a todas as necessidades que se tem relacionadas a elas. Esse é outro assunto farto na literatura mercadológica e que não pode deixar de ser estudado (recomendo a você duas leituras interessantes; são elas: Marca: valor do intangível, de Gilson Nunes e David Haigh; e Gestão estratégica de marcas, de Marcos Machado e Kevin Lane Keller). Destaco o assunto administração do relacionamento com o cliente (aliás, assunto tão importante que em algumas universidades tornou-se disciplina), cada vez mais presente no cotidiano das organizações, e, claro, fundamental para o bom resultados das mesmas (sugiro a leitura do livro Gestão do relacionamento como clientes, de Marcelo S. Zambon e Fábio Gomes da Silva; e sugiro Comportamento do cliente, dos autores Sheth, Mittal e Newman). Eu poderia listar mais uma infinidade de assuntos abordados pelo marketing, mas no momento vou parar por aqui. Mas que fique a seguinte mensagem: você encontrará um mundo incrível de literaturas sobre o assunto marketing e a ele relacionadas. Faça uma visita a livrarias e pesquise sobre assuntos de seus interesse dentro do marketing; por exemplo, marketing de serviços, marketing industrial, marketing de causa, marketing turístico, marketing de lugar, marketing de guerra, etc. Nota: gostaria de esclarecer que as reflexões relacionadas aos livros acima representam a importância da leitura e seus diferentes momentos. É importante fazer leituras atualizadas. É excelente. Porém, é igualmente importante lembrar que algumas são clássicas, portanto, podem ser praticadas a qualquer tempo. Outras, não tão clássicas assim, muitas vezes também podem ser lidas a qualquer momento porque representam conhecimento seguro e relevante sobre o assunto que abordam. Após essa introdução de contextualização, espero que esteja ainda mais inspirado a estudar marketing. Agora fica a sugestão para que você leia sobre marketing. Procure ter acesso a livros da área, busque compreender o que cada um aborda, a que se destinam, etc. Com isso, você poderá verificar que existem muitas abordagens diferentes sobre o assunto e que o mesmo é rico em literatura, tanto generalista como direcionada. 1 INFLUÊNCIA DO MARKETING Talvez o mais importante a dizer sobre a influência do marketing no cotidiano das organizações é que, de fato, ele é muito marcante e pode levar muitas organizações ao sucesso. Em outras palavras, as organizações o praticam, muitas vezes, até sem saber, estão envoltas por ele (até mesmo o praticado pelos concorrentes) e sempre necessitarão de ações de marketing (de alguma natureza) para terem melhores chances de se desenvolver. Para as pessoas, a realidade é exatamente a mesma. Pense, por exemplo, por quantas ações de marketing você passa todos os dias. Quantas, por exemplo, você vê, ouve ou lê por meio de televisão, revistas, jornais, outdoors, panfletos, etc. Como ele está ao redor das pessoas e das organizações, pense em como reconhecê-lo, como aproveitar-se dele, como torná-lo útil para as outras pessoas ou organizações. Sobretudo, como tomar proveito do potencial do mesmo? A resposta para essa pergunta tende à simplicidade: preste atenção a tudo a seu redor, observe o que as organizações estão fazendo para chamar sua atenção, o que os concorrentes de tais organizações fazem. Logo, pesquise, procure saber o que acontece. Esteja bem informado. Ainda nessa visão de marketing no dia a dia das organizações, pode-se destacar que uma das maneiras mais notáveis de entendê-lo e de compreender sua aplicação e potencial se dá por meio da análise do ciclo de vida dos produtos: As estratégias de marketing que funcionam bem para jornais não são as mesmas que funcionam para programas de busca na Internet. Há muitas razões para as diferenças, mas uma das mais importantes é que esses produtos estão em diferentes estágios de seu ciclo de vida. Os produtos, como os seres vivos, podem ser vistos passando por certos estágios de vida. O ciclo de vida do produto é, portanto, um modelo dos estágios do histórico de vendas e lucros de um produto (Churchill; Peter, 2005, p. 238). Partindo das colocações de Churchill e Peter, fica claro que o modelo de ciclo de vida do produto auxilia na análise do estágio de sua maturidade (ou de uma indústria). Além disso, permite comparações mais seguras com os principais concorrentes. Ele pode ainda ser utilizado para avaliar o estágio de desenvolvimento e maturidade de uma marca. Um dado importante para o qual você deve ficar atento é: quando se aborda o ciclo de vida de um produto, por exemplo, de aparelhos de fax, videocassetes, discos de vinil, etc., refere-se propriamente ao desenvolvimento de seu ciclo como um todo (introduzido, crescido, maturo e declinado ou não). Logo, a visão do ciclo de vida vai além de pensar no sucesso ou no fracasso de uma versão específica de um produto (por exemplo, uma linha de aparelhos de fax da Panasonic). Pode referir-se à indústria de discos de vinil, por exemplo. O ciclo de vida de um produto visa olhar além das fronteiras da organização, não necessariamente se preocupando com a competência da empresa avaliada, mas sim olhando para a viabilidade de um produto no mercado. Basicamente, a questão seria, por exemplo: vale a pena investir em pesquisas tecnológicas e em esforços de mercado, objetivando aumentar a produção e venda de fitas VHS? Por meio da análise do ciclo de vida do produto, é possível chegar a uma resposta segura para essa questão. Veja a figura a seguir. Ela representa um esboço tradicional para entendimento do ciclo de vida do produto. Trata-se de sua curva-padrão, podendo ser alterada de acordo com a realidade de cada produto analisado. Aliás, alguns produtos, felizmente, mesmo já com muita idade, não se encontram em declínio e talvez levem décadas para chegar a ele; por exemplo, a Coca-Cola (que, como produto, teria a curva abaixo até o ponto de maturidade, não havendo declínio). Os produtos têm ciclos de vida cada vez mais curtos, e muitos produtos em indústrias maduras são revitalizados por meio da diferenciação e da segmentação do mercado (lembre-se do livro-texto da disciplina Administração Mercadológica). É frequentemente difícil identificar com precisão quando cada estágio do ciclo de vida começa e/ou termina. Por esse motivo, a prática é caracterizá-los quando as taxas de crescimento ou declínio se tornam bastante pronunciadas (vultuosas/marcantes/visíveis) em termos de números = resultados financeiros. Ainda assim, as empresas devem avaliar a sequência normal do ciclo de vida e a duração média de cada estágio, até mesmo para, comparativamente, saber se seu produto está melhor colocado que o de um concorrente ou não. Logo, um profundo conhecimento de cada um desses estágios é essencial para os profissionais de administração e marketing, pois cada oferta de marketing requer estratégias diferentes para suas finanças, produção, logística e promoção em cada um de seus ciclos de vida. Resumidamente, veja os estágios do ciclo de vida: 1. Introdução O produto é apresentado ao mercado por meio de um esforço de marketing intenso e focado, visando estabelecer uma identidade clara e promover ao máximo o conhecimento do produto. Muitas compras de teste ou por impulso acontecerão nessa fase. É o período de crescimento lento das vendas. É preciso visão a longo prazo, pois o lucro é ainda inexistente nessa etapa, em que grandes despesas de lançamento são necessárias. Estratégias para a fase de introdução do produto: desnatamento rápido; desnatamento lento; penetração rápida; penetração lenta. 2. Crescimento Neste estágio, há uma rápida aceitação de mercado e uma melhoria significativa no lucro. O mercado apresenta uma abertura à expansão, que deve ser explorada. Caracterizado por vendas crescentes, este estágio também traz concorrentes. As ações de marketing buscam sustentação e as repetições de compra do consumidor. Estratégias para a fase de crescimento: melhoria da qualidade e adição de novas características; acrescentar novos modelos e produtos de flanco; entrar em novos segmentos de mercado; aumentar a cobertura de mercado e entrar em novos canais de distribuição; mudar o apelo de propaganda de conscientização sobre o produto para preferência do produto; reduzir preços para atrair novos consumidores. 3. Maturidade É o momento de redução no crescimento das vendas, porque o produto já foi aceito pela maioria dos consumidores potenciais. Este estágio se torna evidente quando alguns concorrentes começam a deixar o mercado, a velocidade das vendas é dramaticamente reduzida e o volume de vendas se estabiliza. O lucro estabiliza-se até entrar em declínio por conta do aumento das despesas de marketing para defender o produto da concorrência. Nesta fase, os consumidores fiéis repetem suas compras. Estratégias para a fase de maturidade: Modificação do mercado: expansão dos consumidores; expansão da taxa de consumo. Modificação do produto: melhoria da qualidade; melhoria de características; melhoria de estilo (design). Modificação do composto de marketing: preço; distribuição; propaganda; promoção de vendas; venda pessoal; marketing direto; serviços. 4. Declínio Período de forte queda nas vendas e no lucro. Este estágio pode ser causado por competição feroz, condições econômicas desfavoráveis, mudanças nas tendências ou outros fatos. É o momento de desaceleração, eliminação ou revitalização, com a introdução de um novo produto/serviço e seu próprio ciclo de vida. Estratégias para a fase de declínio: identificação dos produtos fracos: a. manter; b. modificar; c. abandonar; manter o nível de investimento; aumentar o investimento; reduzir o investimento: a. retrair seletiva mente; b. recuperar ao máximo; c. desacelerar rapidamente. O estudo do ciclo de vida dos produtos normalmente remeterá ao estudo das informações existentes na organização e no mercado, o objetivo do negócio e as demandas dos clientes, o perfil executivo dos gestores e a agilidade da empresa frente à concorrência, etc.; logo, é necessário levantar, explorar, analisar e registrar as informações tanto quanto possível e de tantas fontes quanto se identificar... É necessário desenvolver um bom Sistema de Informação de Marketing (SIM) e utilizá-lo. 1.1 Sistema de Informação importância para a tomada de organizações e dos clientes em Marketing (SIM) e decisões mercadológicas sua das Para que o exercício de planejamento de marketing seja adequadamente executado, é preciso que ele repouse sobre uma base sólida. Para tanto, é imperativo que se coloque à disposição dos responsáveis pelo planejamento de marketing todas as informações possíveis a respeito, por exemplo: dos desejos e necessidades dos consumidores; das ações dos concorrentes; da evolução do mercado; das capacitações e dos recursos disponíveis da empresa; da evolução das vendas e dos lucros da empresa; do comportamento das variáveis ambientais, etc. Somente com base em informações desse tipo é possível avaliar corretamente os riscos e as consequências das várias linhas de ação alternativas e escolher aquela que melhor convenha à empresa na ocasião. Há contínuas e aceleradas mudanças sociais, econômicas, tecnológicas e culturais que caracterizam o ambiente de marketing da organização, logo, das relações dessas com seus clientes. Tal realidade, associada às mudanças vividas no seio das próprias organizações, com acréscimos e perdas de capacitações, novas estruturações, alterações nas políticas e estratégias, aquisições e incorporações, disponibilidade ou não de recursos de vários tipos, dificuldades momentâneas, etc. fazem com que a tarefa do administrador (e homem de marketing) fique cada vez mais complexa e arriscada. A forma de reduzir esse risco é dispor do máximo de conhecimento a respeito dessas variáveis. Daí a importância do SIM, principalmente, quando o fim é conhecer o melhor possível as características comportamentais dos clientes (como pensam, do que gostam e do que não gostam, como reagem a certos estímulos, etc.). O conhecimento dessas variáveis envolve dois importantes aspectos: disponibilidade de informação com qualidade (condição necessária, mas não suficiente); o uso da informação envolve desde o saber dar-lhe valor, saber tirar a informação certa, até saber interpretá-la de forma correta. Atenção: às vezes, a empresa dispõe de grande quantidade de informações, mas de baixa qualidade, o que acaba comprometendo todo o processo de planejamento mercadológico. Informações incorretas sobre clientes, por exemplo, podem levar a decisões e estratégias equivocadas e grandes perdas. Contudo, quando a empresa dispõe de grande quantidade de informações de boa qualidade, mas os tomadores de decisões não percebem a importância de seu uso e tomam decisões confiando apenas na sua intuição e experiência, pode se comprometer significativamente o planejamento de marketing e destruir uma oportunidade potencial. Por fim, há empresas que dispõem de grande quantidade de dados com qualidade, os quais são usados para fundamentar decisões, mas o são de forma errada, quer por incapacidade dos responsáveis pelas decisões de fazer a triagem dos dados corretos, quer por interpretá-los de forma errônea, gerando, com isso, um comprometimento do processo como um todo (Mattar, 1982). Deve ficar claro que o SIM depende de informações corretas, numerosas e bem compiladas. Mesmo profissionais de marketing ligados à atividade de propaganda, grandes defensores da criatividade, reconhecem que esse processo fica mais difícil se não se dispuser de informações, aliás, das informações certas no momento certo. Sobre o SIM e o processo de coleta de informações é importante dizer que existe grande necessidade de coletar informações, o que pode ser feito de maneira direta ou indireta. Ou seja, quando se acumulam informações relativas ao problema a ser resolvido, a coleta é direta. Quando se buscam informações sobre tudo o que puder colaborar numa solução, mesmo que à primeira vista possa parecer não ter nada a ver com o problema, é coleta indireta (Duailibi; Simonsen apud Mattar, 1982). As decisões de marketing, alimentadas pelo SIM, são normalmente tomadas em ambiente complexo e em continuada mutação. São difíceis de serem tomadas e representam grandes riscos que apenas serão reduzidos à medida que se dispuser de informação adequada em quantidade e qualidade. Imagine que suas decisões envolvem as seguintes variáveis: econômicas (por exemplo, renda), geográficas (localidade), culturais (valores e crenças) e sociais (enquanto modo de vida), clientes ativos, tudo de uma só vez. Em marketing,anecessidadedeinformaçãoéparticularmente aguda por ser a área funcional da empresa que mais interage com as variáveis do ambiente externo em constante mutação. Os consumidores, por exemplo, reagem a mudanças políticas e econômicas, etc., bem como os seus concorrentes reagem às estratégias bem-sucedidas lançadas por sua empresa. Pense em qual seria o sentido de SIM se não fosse capaz de compreender a organização, seu micro e macroambientes e seus clientes, que são, na verdade, os responsáveis por sua existência e pelo destino de todas as suas atividades. 1.2 Da Pesquisa de Marketing (PM) ao Sistema de Informação de Marketing (SIM) A literatura de marketing, no período anterior à primeira metade da década de 1960, aborda a problemática da informação de marketing apenas por meio da pesquisa. Logo, a pesquisa de marketing estava voltada para o ambiente externo da empresa, mais precisamente, para o mercado. Porém, a necessidade de informação para o planejamento e o controle em marketing é muito mais ampla e extravasa outras fontes do ambiente externo (como o macroambiente e o extra-ambiente), além do interno. Após aquela data, os autores de marketing passaram a tratar a problemática da informação de forma mais integrada e sistêmica, provavelmente pela influência do desenvolvimento e da difusão da teoria dos sistemas, conforme aborda Alvin Toffler (1980). Atualmente, cristaliza-se a ideia de que somente por meio da utilização do SIM é que serão fornecidos os préreq uisitos para o desempenho das atividades de planejamento e controle de marketing. É possível crer que o que leva esse pensamento a tomar força são as variadas e profundas visões e revisões que se tem sobre os clientes e seu potencial de interferir no processo de oferta e demanda. Basta lembrar que hoje é considerado perda de tempo fazer para vender; é preciso ouvir (o cliente) para então fazer e só depois lhe entregar (vender). Assim, para que seja possível entender que o SIM é um desdobramento da pesquisa de marketing, tem-se: A pesquisa de marketing é a investigação sistemática, controlada, empírica e crítica de dados com o objetivo de descobrir e (ou) descrever fatos e (ou) de verificar a existência de relações presumidas entre fatos (ou variáveis) referentes ao marketing de bens, serviços e ideias, e o marketing como área de conhecimento de administração (Mattar, 2001, p. 15). Ainda segundo Mattar (2001, p. 15), o processo de pesquisa de marketing compreende quatro diferentes etapas, a saber: reconhecimento e formulação de um problema de pesquisa; planejamento da pesquisa; execução da pesquisa; comunicação dos resultados. Agora leia a seguinte definição de SIM proposta por Samara e Barros (2007, p. 4): Um Sistema de Informação de Marketing (SIM) é a estrutura presente na empresa que reúne, seleciona, interpreta e mantém um fluxo de informações a respeito do ambiente global de marketing no qual a empresa está inserida: microambiente (empresa, fornecedores, intermediários de mercado, clientes, concorrentes e públicos de relacionamentos) e o macroambiente (ambientes demográfico, sociocultural, físico, tecnológico, econômico, político e legal). 1.3 O Sistema de Informação (SI) Sistema é um conjunto de partes interdependentes que conjuntamente compõem um todo unitário, efetuando uma dada função (O’Shaughnessy, 1976). Um sistema é composto por três elementos básicos: [1] entradas, [2] processador e [3] saídas; e um elemento acessório: o controle. Um sistema construído requer ainda a definição de seu objetivo. Na figura a seguir, é apresentado o esquema básico de um sistema. Esquema básico de um sistema Fonte: Churman, 1972. Resumidamente: as entradas são tudo o que o processador do sistema recebe para processar, armazenar e produzir saídas. O processador ou processamento é o elemento que transforma as entradas em saídas, podendo efetuar várias operações, como calcular, juntar, transformar, armazenar, selecionar, etc. As saídas são os produtos finais do sistema, o resultado do processa mento. Um SI tem o objetivo de fornecer informações pertinentes a um determinado assunto, a alguém interessado. Os elementos de um SI são: dados, processador, informações e controle. Outra visão possível da figura acima é sob a ótica da informação: Elementos de um sistema de informação Fonte: Churman, 1972. Os dados são as entradas do SI. Podem ser coletados nas mais diversas fontes possíveis e, basicamente, da forma como se apresentam e se localizam, não têm utilidade por si. Para que sejam relevantes e úteis, faz-se necessário que os dados sejam coletados, triados, reunidos, armazenados, enfim, que se convertam em informações. Toda essa atividade de coleta, classificação, armazenagem de dados e a emissão de relatórios é feita pelo processador do sistema. A visão de Woiller (1974) pode ser útil nesse momento. Segundo ele, o SIM faz parte do sistema de informação da empresa (ou sistema de informação empresarial), devendo ser considerado, portanto, um subsistema. Para Jay Forrester, citado por Woiller (1974), pode-se dividir o sistemaempresa em três subsistemas: de decisão, de ação e de informação. O subsistema de decisão aciona o de ação, que, por sua vez, alimenta o de informação necessário para a tomada de decisão, conforme a figura a seguir. O sistema empresa e seus subsistemas Fonte: Churman, 1972. Segundo Woiller (1974), para que um subsistema de informação possibilite a tomada de decisões no nível de planejamento estratégico, planejamento e controle operacionais e planejamento e controle administrativos, ele deve ser concebido em dois níveis distintos: • o primeiro nível, o mais baixo, incorpora as decisões operacionais (vendas, produção, finanças, administração e outras) e poderá ser desenvolvido de forma manual ou mecanizada. Ele deve atender às necessidades de cada área funcional para esse nível de decisão e, na medida do possível, levar em conta as interligações com as decisões operacionais de outras áreas; • o segundo nível deve atender às necessidades para a tomada de decisões estratégicas e administrativas de cada área funcional, bem como possibilitar a quantificação, em termos financeiros, de todas as atividades desenvolvidas ou previstas. Para a decisão em nível estratégico, é necessário considerar também as informações sobre a empresa e o meio ambiente em que opera. Conforme essas colocações, o sistema de informações de marketing é um subsistema de informações do sistema-empresa. Para efeito deste trabalho, o subsistema de informações de marketing será tratado como um sistema. 1.4 O Sistema de Informação de Marketing (SIM): contexto O objetivo fundamental de um SIM é ajudar os gerentes a tomarem decisões melhores (Uhl, 1981). Em síntese, é um centro de consulta à disposição dos executivos da empresa (Samara; Barros, 2007, p. 4). O conceito de SIM nasceu com as críticas que se faziam às deficiências da pesquisa de marketing: basicamente as de não atender às necessidades do planejamento. Segundo Uhl (1881), apesar de os objetivos, nas definições de SIM e pesquisa de marketing, serem essencialmente os mesmos, na prática, ocorre a diferença. No passado, as principais críticas dos gestores à pesquisa de marketing eram: 1. produz dados irrelevantes; 2. preocupa-se com a pesquisa de problemas não repetitivos; 3. possui falhas em prover informações de marketing suficientemente relevantes e compensadoras. A definição mais completa e consagrada, no passado, de SIM, foi a de Cox e Good (1967), transcrita abaixo, e que em 1980 Kotler passou a utilizar: É um complexo estruturado e interagente de pessoas, máquinas e procedimentos destinados a gerar um fluxo ordenado e contínuo de dados, coletados de fontes internas e externas à empresa, para uso como base na tomada de decisões em áreas de responsabilidade específica da administração de marketing (Cox; Good, 1967, p. 24-45). Atualmente, outros autores de marketing adotam outras definições, como McCarthy (1982): “(...) é uma forma organizada de levantamento e análise de dados para se obterem informações que ajudem os administradores de marketing a tomar decisões”. Para Stanton (1980), o SIM trata de uma (...) estrutura de ação contínua, composta de pessoas, equipamentos e processos voltados para o futuro, destinados a gerar e processar o fluxo de informações de modo a ajudar nas decisões a serem tomadas pela diretoria, dentro do plano geral de comercialização da empresa. Algumas das principais vantagens do SIM são: pode proporcionar mais informação dentro das limitações de tempo exigidas pela empresa; pode levar a uma melhor integração das informações, sobretudo no caso de descentralizadas organizações de grande porte; permite maior exploração do conceito de marketing, especialmente o do marketing de relacionamento com os clientes; pode proporcionar a recuperação seletiva de informação: os usuários recebem apenas o que querem e necessitam, evitando desperdício de tempo e esforço; pode levar ao reconhecimento mais rápido das tendências que se desenvolvem; permite uso mais eficiente do material recolhido pelas empresas no decorrer de suas atividades, como, por exemplo, vendas por produto, por cliente e por região; permite melhor controle do plano de marketing da empresa; pode evitar que informações importantes sejam suprimidas, por exemplo, indicações de que um produto deve ser retirado do mercado; pode reduzir o número de decisões tomadas intuitivamente; permite filtrar o fluxo total de informações, identificando as que realmente interessam. Já a necessidade e o uso crescente de SIM são, segundo Boyd e Massy (adaptados por Zambon, 2007), justificados pelas seguintes tendências que afetam o marketing — logo, as organizações de quaisquer setores: aumento contínuo do número de grandes empresas multinacionais que estão expandindo suas linhas de produto; crescentes gastos com pesquisa e desenvolvimento e a quantidade de produtos novos lançados no mercado, especialmente nesse novo milênio, em que a atenção ao cliente deixou de ser, definitivamente, falácia para virar requisito; aumento da competição e ciclos de vida dos produtos cada vez mais curtos; a crescente utilização de planejamento estratégico para produtos, mercados e clientes, pelos profissionais de marketing; uso crescente de técnicas analíticas, cada vez mais sofisticadas, em marketing, incluindo modelos e cenários; crescente disponibilidade e barateamento de equipamentos de processamento eletrônico de dados, com a consequente baixa nos custos de processamento e arquivamento. Nesse sentido, essa lista pode ser ampliada com as tendências apresentadas por Kotler (1980), que apontou: mudança de marketing local para nacional e internacional; transição de necessidades do consumidor para desejos do consumidor; e transição de concorrência de preço para de não preço, ou seja, passa a valer a noção de valor do cliente. Já Santon (1980) destaca: ocorre a diminuição do prazo concedido ao executivo para tomar decisões; a atividade de marketing fica bem mais complexa e ampla em seu campo de ação; cresce a insatisfação do consumidor (dificuldade de satisfazer o consumidor), o que remete a organização a novas formas de pensar e agir, focadas nas necessidades e desejos e, especialmente, nas necessidades reais (que vão além das necessidades declaradas) dos consumidores. Além disso, Kotler (1976) cita as reclamações dos executivos com relação à existência de informações não confiáveis ou incorretas (más informações de marketing), ou seja, do SIM: há excesso de informações do tipo errado; não há informação do tipo certo; a informação está tão dispersa pela empresa que é necessário fazer um grande esforço para localizar fatos simples; importantes informações são suprimidas por subordinados quando imaginam que poderão repercutir desfavoravelmente sobre o seu desempenho; informação importante chega tarde demais para ser usada; a informação chega de tal forma que não dá ideia de sua exatidão e não há ninguém a quem se possa recorrer para obter confirmação. 1.5 Quanto aos modelos de Sistemas de Informação de Marketing (SIMs) O que primeiramente deve ser dito é que não há sistemas padronizados de informações nem um sistema de informação que sirva de modelo geral para todas as organizações. Muitos autores, inclusive Kotler, já em 1968, tentaram descrever pelo menos um roteiro genérico que poderia ser considerado, quando a questão é discutir o desenvolvimento e a implementação de um SIM. Portanto, o que os modelos farão, no máximo, é ajudar a preparar sua visão do que está por vir e então buscar fazer a coisa certa, mas não serão métodos prontos, simplesmente aplicáveis. Nesse sentido, vale estudar o sistema de inteligência de marketing e a pesquisa de marketing como forma de alicerçar o pensamento funcional do SIM. 1.5.1 Sistema de Inteligência de Marketing O Sistema de Inteligência de Marketing pode ser definido como a maneira pela qual os executivos da empresa se mantêm atualizados e informados sobre modificações de condições no macroambiente e no ambiente interno (microambiente) em que as tarefas são realizadas. Há uma preocupação constante em aprimorar e melhorar esse sistema. O sistema de inteligência pode ser melhorado por meio do aprimoramento das atividades de inteligência; da utilização de recursos adicionais de inteligência; e da aquisição de informações de terceiros. Os habituais agentes de inteligência de marketing são os vendedores, por serem a “linha de frente” da estrutura de marketing, e os dados que eles podem coletar têm potencial para serem transformados em importantes informações. Outra maneira de se agir de forma inteligente é obter o maior número de informações de caráter público que os concorrentes oferecem, além de serviços fornecidos por firmas especializadas em pesquisa de mercado e em obtenção de informações (por exemplo, institutos de pesquisa ou empresas que realizam as pesquisas e as publicam em matérias de revista ou jornais, etc.). Para que o sistema de inteligência não se torne distorcido e irrelevante, é importante aperfeiçoar-se continuamente a atividade de processamento de inteligência. Isso pode ser feito por meio de serviços de: avaliação: para se determinar o grau de importância e a validade da informação obtida; condensação: informações; para se racionalizar a apresentação das disseminação: para que a informação chegue às pessoas certas, da forma mais correta e oportuna; armazenagem e substituição: para que os arquivos contenham apenas informações úteis (Kotler, 1968). Resumindo: o sistema de inteligência fornece aos executivos os dados dos acontecimentos, daí sua importância, pois alimenta o processo de tomada de decisão, tornando-o mais eficaz. 1.5.2 A pesquisa de marketing É o processo sistemático e objetivo de geração de informação para ajudar na tomada de decisões de marketing. Esse processo inclui a especificação de como a informação é desejada, o desenho do método da informação, o gerenciamento e a implementação da coleta de dados, a análise dos resultados e a comunicação das descobertas e suas implicações (Zikmund, 2006, p. 3). A pesquisa de marketing visa oferecer aos executivos da organização informações sobre problemas e oportunidades em áreas relacionadas a levantamento de mercado, teste de preferência de produto, previsão de vendas por região, eficácia da propaganda, etc. Ela geralmente exige especialização dos executores, principalmente em estatística, elaboração de questionários, definição de amostras, etc. Usualmente, a pesquisa de marketing é aplicada no levantamento de dados sobre: características de mercado; potenciais de mercado; análises de vendas; estudos de produtos da concorrência; potencial de aceitação de novos produtos; previsão a curto prazo; previsão a longo prazo; tendências de negócios (Zikmund, 2006, p. 4). Nota: esses dados podem ser tratados com técnicas sofisticadas, tais como escala não métrica multidimensional, modelos econométricos, modelos amplos de marketing, laboratórios de testes de marketing e modelos multiatributivos de atitudes. Os procedimentos adotados numa pesquisa de marketing eficaz são os seguintes: definição do problema: perfeita identificação do que se deseja pesquisar; projeto de pesquisa: definido o problema, o projeto de pesquisa desenvolve os objetivos que se pretende alcançar e por quais meios se fará isso, decidindo-se que método de coleta de dados empregar, que instrumentos de pesquisa acionar e que plano de amostragem adotar; trabalho de campo: essa é a etapa mais cara e mais sujeita a erros do trabalho de pesquisa. Exige uma supervisão muito acurada para evitar viés (erros), tanto do entrevistador quanto do entrevistado, e precisa obter cooperação dos integrantes da amostra para não se distorcer todo o resultado da pesquisa; análise de dados: fase que transforma os dados em informações desejadas (utilizáveis), com a aplicação de técnicas estatísticas; preparação de relatório: o relatório deve conter as descobertas e as recomendações pertinentes, numa forma “administrativamente orientada”, como afirma Kotler. Portanto, uma pesquisa de marketing, para ser significativa e útil, deve conter as seguintes características: incorporar método científico na sua elaboração; ser criativa, apresentando inovações quanto aos meios de se resolver um problema; utilizar métodos múltiplos, adaptados ao problema, objetivando obter maior confiança nos dados coletados; apresentar interdependência de modelos e dados; ser feita uma boa análise do valor e do custo da informação. 1.5.3 Resumo sobre o Sistema de Informação de Marketing (SIM) SIM: serve de apoio ao processo de tomada de decisão. Informação é a combinação de muitos dados, baseada no conhecimento de pessoas que os interpretam e utilizam para uma finalidade pensada. SIM: processo pelo qual pessoas, equipamentos e procedimentos coletam, analisam e distribuem informações necessárias, precisas e atualizadas para os profissionais de marketing. Alguns fatos sobre o SIM: existe um excesso de dados e, em proporção muito alta, dados errados, não confiáveis; os dados se encontram dentro da empresa, porém, de forma dispersa, e exigem grande esforço para serem localizados; dados importantes são suprimidos (interesses) ou por serem polêmicos; por conveniência dados importantes chegam tarde demais; muitas fontes de dados (importantes) não são encontradas; a interpretação dos dados é muito pessoal; política dados e informações são formas de poder (objeto do desejo); formam-se feudos internos e externos (panelinha s). Objetivos do SIM: evitar surpresas desagradáveis; identificar ameaças e oportunidades (SWOT); obter e manter vantagem competitiva; reduzir o tempo de resposta ao mercado; reduzir custos (maximizar os resultados); acompanhar mudanças de valores, hábitos, tecnologias que envolvem os consumidores (as pessoas); necessidades, aprimorar e revisar continuamente o planejamento de longo e curto prazos; contribuir para a identificação da melhor estratégia a seguir. Origem dos dados: dados primários: são exclusivos, únicos, sob encomenda, específicos. São levantados por meio de pesquisa – levantamentos específicos ou dirigidos; dados secundários: são públicos, acessíveis por qualquer empresa ou pessoa; por exemplo: jornais, revistas, relatórios, associações, governo, teses ou pessoas; a origem de tais dados podem ser: interna (áreas ou departamentos da organização) e externa (do mercado, macroambiente); podem ter caráter: oficial e/ou informal. 1.6 Caso para estudo: você tem clientes demais Nota: caso extraído do site www.1to1center.com.br, um dos melhores sites (e grupo empresarial) sobre o assunto relacionamento e gestão de clientes disponíveis atualmente. Você tem clientes demais? Por Bruce Kasanoff Livre-se dos clientes de menor valor para cultivar os mais valiosos e colher lucros, não apenas receitas. A maioria das empresas depende hoje de estratégias que derivam da padronização feita para o mercado de massa. Nesse sistema, o produto é mais importante do que o cliente e o desenvolvimento de produtos é feito com base nas necessidades do cliente “médio”. O motor principal de uma empresa desse tipo é à busca de maior participação de mercado e o sucesso é medido pelo número bruto de clientes novos adquiridos pela empresa. Está ficando mais difícil vencer esse jogo. No melhor dos casos, esse tipo de empresa consegue apenas localizar todos os clientes dispostos a comprar seus produtos por determinado preço. Chega o momento em que a única maneira de continuar crescendo é reduzir o preço, já que todas as pessoas dispostas a comprar pelo preço antigo já compraram. A concorrência também desempenha um papel. Basta um único concorrente agressivo ou irracional começar a reduzir os preços para pressionar as margens da empresa pioneira. As empresas que operam em mercados de massa, aquelas que se concentram em mercados de nicho e as firmas que fazem marketing por bancos de dados – todas enfrentam esses desafios. Um número cada vez maior de empresas está procurando uma saída, fazendo a transição para a concorrência focada no cliente. Essas empresas utilizam práticas de negócios one-to-one para satisfazer as necessidades de cada cliente valioso. Note bem: não estamos falando das necessidades de todos os clientes, mas apenas dos clientes de maior valor. A concorrência focada no cliente muda a “direção” do sucesso. Você começa com um cliente importante, fornecendo um produto ou serviço sob medida para esse cliente. Em seguida, você começa a procurar outros meios de satisfazer as necessidades específicas desse cliente. A meta primordial é aumentar a participação no cliente, não a participação no mercado. Você atinge o sucesso quando retém os clientes existentes e incrementa o volume de negócios transacionados com eles. Muitas vezes as estratégias que visam aumentar a participação no cliente resultam em margens maiores sobre transações subsequentes com o mesmo cliente. Isso porque a empresa fornece produtos e serviços cada vez mais afinados com as necessidades do cliente. Quanto maior a compatibilidade do produto com as necessidades do cliente, mais valioso o produto será aos olhos dele. Soluções feitas sob medida Os partidários da escola da padronização serão tentados a interromper sua leitura neste ponto, para exclamar: “Mas o atendimento sob medida custa mais caro e esse custo mais alto anulará o aumento das margens!”. A ideia de que a única maneira de reduzir o custo é padronizar o produto está ultrapassada. A personalização não precisa custar mais. Aliás, graças à queda veloz do custo do poder de com putação, pode até custar menos. O avanço tecnológico tornou a personalização não apenas economicamente viável, mas lucrativa também. Por exemplo, a Hertz adapta seus serviços aos clientes #1 Club Gold, não apenas lhes permitindo contornar as filas e tendo um carro esperando por eles, com o nome de cada cliente exibido num quadro luminoso, mas lembrando-se de suas preferências em termos de marca, modelo, ajuste do banco e assim por diante. A Hertz descobriu que custa menos atender esses clientes do que os clientes menos valiosos. Lembrando-se de suas preferências, a Hertz consegue eliminar serviços de que não precisam ou que não valorizam. Um dos itens de maior custo para qualquer empresa é o estoque. A empresa focada no cliente tende a ter muito menos estoque porque o produto final não é montado até o recebimento do pedido, reduzindo-se dessa forma o custo do carregamento e o desperdício. Em muitos casos, a Dell Computer sequer encomenda uma peça antes de vender o produto final para o qual precisa da peça. Com isso, a Dell reduziu o nível de estoque ao equivalente de sete dias de produção em média, obtendo lucros e crescimento extraordinários. A British Airways está instalando um software novo, o System ESS da Industrie-Matematik International, que permitirá à companhia aérea oferecer aos clientes as revistas e itens pessoais de sua preferência ao tomarem assento no avião. Em breve, a BA entregará a cada voo a exata combinação de materiais necessária para atender às necessidades individuais de cada cliente. Os clientes da BA não serão os únicos a usufruir os benefícios desse novo processo de personalização em massa. Haverá benefícios para a empresa também. Graças ao System ESS, a British Airways poderá eliminar o desperdício e reduzir o estoque de forma dramática através da coordenação das entregas efetuadas por sua rede mundial de fornecedores. Mais iguais que os outros O mais importante é que o tratamento individualizado pode levar ao aumento dos lucros. Mas nem todos os clientes merecem tal tratamento. De modo geral, aqueles que o justificam têm as seguintes características: 1. Alto valor vitalício (Lifetime Value - LTV), atual ou em potencial: são esses clientes que trazem lucro, prestígio ou oportunidades promocionais através de suas interações com a empresa. 2. Necessidades complexas ou especiais: quanto mais as necessidades de determinado cliente diferem das necessidades de outros clientes, maior será a tendência de esse cliente valorizar o tratamento individualizado. Se você quer apenas um hambúrguer barato, basta procurar qualquer loja McDonald’s ou Burger King. Mas se estiver morrendo de vontade de comer sashimi feito com uma espécie rara e potencialmente venenosa de peixe, provavelmente você preferirá dirigir-se a um especialista de sushi que já conhece e em quem confia. 3. Vontade de colaborar: para fornecer produtos ou serviços realmente sob medida, a empresa precisa obter as especificações do cliente, ou pelo menos informações sobre suas preferências, seguidas de feedback contínuo do cliente para saber se está satisfazendo suas necessidades. Na maioria dos casos, essas informações só podem ser obtidas através do próprio cliente. Dez anos atrás, a Custom Research Inc. (CRI) procurou aumentar suas margens de lucro, focando exclusivamente em clientes de alto volume que voltavam sempre e pertenciam às 500 maiores empresas segundo a Fortune. Em 1989, a CRI incrementou a população de clientes de maior valor de 25 para 34, ao mesmo tempo reduzindo quase pela metade o tamanho da clientela total. Atualmente, a CRI tem índices de retenção muito altos e receitas fortes, podendo manter o foco no fornecimento de serviços da maior qualidade. “Relacionamentos são fundamentais para o negócio da CRI. Mais de 60 por cento de nossos projetos novos são obtidos através de relacionamentos existentes,” diz Beth Rounds, vice-presidente sênior. Antes de embarcar num projeto novo, a CRI compara as necessidades do cliente em potencial com a capacitação da empresa. Se não forem altamente compatíveis, a CRI recomenda algumas outras empresas de pesquisa que considera mais indicadas para satisfazer as necessidades em questão. A estratégia parece estar funcionando bem. No ano passado a CRI recebeu o prêmio Malcolm Baldrige, o mais importante dos EUA na área de qualidade. Com apenas 105 profissionais em tempo integral, a empresa é uma das menores a conquistar esse prestigioso prêmio até hoje. Como demitir clientes A ideia de recusar propostas de negócios deve parecer bastante radical para os partidários da antiga escola do mercado de massa. Mas a dura realidade é que a maioria das empresas tem recursos limitados. Uma iniciativa que visa atender sob medida os clientes valiosos precisa ser financiada antes de gerar resultados. Esses recursos financeiros terão de sair de algum lugar. Na maioria dos casos, a lógica indicaria que a empresa parasse de vender para clientes que dão prejuízo ou lucro marginal. Em certos casos a empresa talvez queira até parar completamente de trabalhar com esses clientes. No ano passado, apresentei uma série de palestras a especialistas em planejamento financeiro. De cidade em cidade, conheci dois tipos de planejador com características bem distintas. O primeiro grupo era composto de planejadores bem-sucedidos que muitas vezes explicavam como conseguiam delicadamente levar clientes de pouco valor e pouco potencial a procurar outro profissional, não raro um colega menos experiente. A segunda categoria, que aceitava todos os clientes que os procuravam, queixava-se sem parar da falta de tempo, do excesso de trabalho e dos lucros minguados que conseguiam obter. Qual dos dois grupos tem a estratégia empresarial mais inteligente? A FedEx tem 850 mil itens de hardware ou software instalados em clientes ao redor do mundo, número que inclui o VirtualOrder, seu novo sistema de comércio eletrônico. Esses sistemas não apenas ajudam os clientes a serem mais eficientes, mas fornecem uma quantidade de conhecimentos altamente valiosos à Fed Ex. A empresa utilizou seus sistemas avançados de informação para calcular a lucratividade de cada cliente. Em seguida, os vendedores da FedEx procuraram os clientes não lucrativos para negociar preços mais altos, ou simplesmente fecharam suas contas. Quando a poeira baixou, a Fed Ex havia deliberada mente rejeitado clientes que, juntos, geravam 150 mil encomendas por dia. Através de esforços desse tipo, a FedEx consegue permanecer focada no cultivo de relacionamentos duradouros com seus clientes mais lucrativos. A interação com esse grupo permite à empresa satisfazer as necessidades específicas desses clientes no setor de transporte expresso de modo rápido e eficiente. Qualquer cliente que quisesse mudar para um concorrente teria de abandonar os sistemas que está habituado a usar e reensinar ao concorrente tudo que a FedEx já sabe. Receitas versus lucros Chegou a hora em que as empresas líderes terão de fazer a simples, mas difícil opção: querem focar em transações ou relacionamentos? Mensurar o sucesso em termos de transações muitas vezes leva as empresas a recompensar aqueles vendedores que trazem receitas e desprezar ou minimizar o lucro. Basta observar a equipe típica de vendas na última semana do trimestre. Veja como o pessoal corre para fechar qualquer negócio nos dias finais, de modo a aumentar suas comissões. Mas pode apostar que muitos desses negócios darão prejuízo para a empresa. Em geral, não há qualquer incentivo que leve os vendedores a procurar negócios mais lucrativos. O foco é colocado exclusivamente na geração de mais receita. Esse tipo de estratégia faz com que as empresas aceitem todos e quaisquer clientes, até mesmo aqueles que nunca serão lucrativos. Tais clientes incluem os que nunca se dão por satisfeitos, se preocupam demais com preços ou não possuem os meios para reagir positivamente ao tratamento positivo. Mensurar sucesso em termos de relacionamentos é uma estratégia mais inteligente para o longo prazo. A empresa focada em relacionamentos começa por calcular não apenas o valor presente de determinado cliente, mas também o valor estratégico desse cliente, o quanto vale potencialmente no longo prazo. Esse tipo de empresa procura cada vez mais cultivar clientes cujo valor é robusto no longo prazo. Essa estratégia não é nova. Há décadas, empresas como a NeimanMarcus e a Nordstroms vêm se esforçando, sobretudo para atender às necessidades de clientes sofisticados, deixando o mercado de massa para a Sears e a Kmart. A novidade é que em termos econômico-financeiros se tornou muito mais factível a qualquer empresa personalizar seus produtos ou serviços em alguns aspectos para clientes individuais. Temos a felicidade de viver numa era caracterizada pela queda vertiginosa dos custos do processamento de dados, pela proliferação de meios avançados como a web e sistemas telefônicos interativos e pela criação de pacotes de software cuja capacitação parece no limite da mágica. Os lucros não são mais derivados da padronização para o mercado de massa, mas da personalização. Chegou o momento em que você deve auditar sua base de clientes e passar a cultivar aqueles cujo valor é suficientemente alto para justificar o tratamento one-to-one. 2 LANÇAMENTO DE NOVOS PRODUTOS O termo “novo produto” é um tanto confuso, porque seu significado varia muito. Na realidade, há diversas definições “corretas” para o termo. Um produto pode ser novo para o mundo, para o mercado, para o produtor ou para o vendedor, ou pode ser uma combinação disso (Lamb Jr.; Hair Jr.; McDaniel, 2004, p. 326). Nessa visão, é possível dizer que os novos produtos são importantes para sustentar o crescimento e o lucro de muitas organizações e para substituir itens (ou outros produtos) obsoletos no mercado. 2.1 O processo de desenvolvimento e lançamento de novos produtos Sem sombra de dúvida, uma das atividades mais marcantes para uma organização e seu departamento de marketing é o processo de desenvolvimento e lançamento de um novo produto. Tal atividade é importante porque significa, por meio de diferentes métodos, analisar o mercado, mais especificamente os clientes e consumidores, bem como a capacidade criativa e produtiva das organizações, para então desenvolver novas ideias que tragam à tona novos produtos que beneficiem tanto o mercado como a organização. Criar um produto novo, na maioria das vezes, não é fácil. Porém, com pete aos profissionais de todos os setores, não apenas os de marketing, apresentar suas ideias inovadoras no que se refere ao lançamento de algo totalmente novo ou à adaptação de algo que já existe em um novo contexto de uso, ou com novas características físicas ou novas funções agregadas. Um novo produto pode ser entendido como um produto que, de alguma maneira, é novo para a organização (Churchill, 2000, p. 292). Ou seja, o produto pode não ser novo para o mercado, mas pode ser novo para aquela organização porque agora a mesma passou a fabricá-lo. Além disso, outro entendimento possível é: um novo produto representa um bem, serviço ou ideia que é percebido como novo por alguns consumidores em potencial (Moreira; Pasquale; Dubner; 1999, p. 256). Essa interpretação sugere que um produto é definido como novo pelos consumidores e clientes, portanto, depende deles tal condição. Mas atenção: assumir que um produto será considerado como “novo” apenas a partir da opinião dos consumidores é muito arriscado e pode, sobretudo, trazer problemas de comunicação com os clientes mais bem informados sobre produtos e lançamentos. Já que um produto pode ser considerado como “novo” por meio de diferentes abordagens, é importante esclarecer os modos mais importantes de identificá-lo. 2.2 Classificando novos produtos (tipos de novos produtos) Há muitos meios de classificar novos produtos. Por exemplo: inovações contínuas (ou seja, as mudanças ocorrem em produtos existentes; podem ser vistas com a evolução de um produto existente) ou inovações descontínuas (ou seja, os produtos são completamente novos, não existe antecessor e o mesmo não é fruto da evolução de um produto existente). Os produtos podem ser também inovações voltadas para tecnologia (que vêm de pesquisa e desenvolvimento) ou inovações voltadas para os clientes (que vêm da análise de necessidades e desejos dos consumidores) (Churchill, 2005, p. 262). Essas duas formas aqui apresentadas são importantes porque representam duas grandes tendências do mercado: desenvolver novas tecnologias que integrem funções e melhorem a vida das pessoas e desenvolver produtos a partir do que os clientes realmente requerem e dizem, ou seja, lança-se o produto a partir das necessidades e até mesmo dos desejos dos clientes (sempre que possível e viável). Segundo Churchill e Peter (2005), do ponto de vista da empresa, uma classificação útil de novos produtos é: produtos novos para o mundo: são invenções que não existiam anteriormente, incluindo produtos como televisores, computadores e impressoras a laser. São muitas vezes revolucionários e podem mudar o modo como as pessoas vivem e trabalham. Geralmente trazem consigo novas demandas não pensadas anteriormente; novas categorias de produtos: produtos novos para uma empresa, mas não novas invenções. Incluem o primeiro xampu da Procter & Gamble, a linha de produtos de peru da Sadia e os cintos e camisas da Levi’s. Naturalmente, os produtos citados não foram lançados para o mundo por essas empresas; o que elas fizeram foi incluir em suas linhas de produtos o “xampu, produtos a base de peru, cintos e camisas” que outras marcas já fabricavam com sucesso; adições a linhas de produtos: esses produtos são extensões de linha como o sabão Omo Máquina em relação ao sabão em pó Omo tradicional, a Kaiser Light em relação a cerveja Kaiser tradicional e o Gol com quatro portas em relação ao Gol com duas; melhorias em produtos: são produtos novos na medida em que representam versões alteradas de produtos já existentes. Os exemplos incluem motocicletas Harley-Davidson com injeção de combustível, os antigos videocassetes da Panasonic que podiam ser programados para gravar programas a partir de números designados no guia de TV e patins Metroblade, da Rollerblade, que têm um tênis removível. Outros exemplos mais atuais, os televisores da LG conhecidos como “Time Machine”, com HD interno, que possibilita a gravação de mais de 33 horas de programação; reposicionamentos: produtos reposicionados para novos usos ou mercados, como o de bicarbonato de sódio como desodorizador de geladeiras, de uma loção para pele como repelente de insetos e das lâminas Gillette Sensor para mulheres e não só para homens. Tipos de novos produtos Fonte: adaptado de Churchill; Peter, 2005, p. 263. Importante Outras mudanças podem ser feitas num produto que o tornem novo em algum sentido, mas as apresentadas aqui certamente são as mais comuns e possivelmente aquelas com as quais você vai se deparar em seu cotidiano, apenas prestando atenção aos produtos ao seu redor. 2.3 O processo de desenvolvimento de novos produtos Como um novo produto pode representar o sucesso de uma organização, é importante conhecer de maneira sucinta o processo de desenvolvimento de novos produtos. Além, é claro, de saber que tais processos podem sofrer mutações dependendo da circunstância ou condição da organização e do mercado-alvo. Minimamente, um processo de desenvolvimento de um novo produto pode ser assim apresentado (veja o quadro a seguir): Processo de desenvolvimento de um novo produto 1. Geração de ideias Para que qualquer novo produto seja possível, muitas ideias deverão ser geradas à luz de novas possibilidades para o mercado. É importante enfatizar que a busca de novas ideias deve começar pelos desejos e necessidades dos clientes, ou seja, as novas ideias deverão atender a tais necessidades e/ou desejos ou, pelo menos, deverão ser capazes de gerar novos desejos e/ou novas necessidades. 2. Triagem de ideias Análise e seleção da ideia viável. 3. Análise comercial Análise dos profissionais de marketing para saber se a ideia pode ser comercialmente bem-sucedida, ou seja, se haverá demanda para o produto ou serviço decorrente da ideia. Nesse caso, inclui: a. gerar? Previsão de vendas: quanto de vendas o novo produto por b. Teste de conceito: pede-se aos clientes potenciais que avaliem fotos e outras características do produto. c. Previsão de custos: previsão de se o produto pode ser produzido e comercializado com lucro. 4. Desenvolvimento do produto 5. Teste de marketing Usado para testar e/ou conhecer a aceitação do produto. Deve avaliar o real potencial do produto sem os custos de uma introdução em grande escala. 6. Comercialização Estágio em que a administração empenha-se em introduzir o novo produto no mercado (de maneira geral) e na escala definida pela cúpula da organização. Fonte: adaptado de Churchill, 2005, p. 264. O processo de desenvolvimento de novos produtos deve levar em conta também as características particulares de cada mercado para o qual o novo produto será destinado. Por exemplo, criar novos produtos que atendem a demandas específicas de grandes centros urbanos ou exclusivamente a áreas rurais, produtos de tecnologia de segurança veicular ou residencial, produtos que sejam voltados para os homens ou para as mulheres, etc. Além disso, ao desenvolver novos produtos, deve ser levado em consideração se o produto ou serviço destina-se ao mercado interno ou externo. É notório que aprender sobre os clientes e suas necessidades e desejos é especialmente importante, ao criar uma nova estratégia de produto para atender a mercados internacionais, assim como nacionais. Levar em conta as diferenças entre os países pode ditar algumas modificações básicas no produto; por exemplo: carros produzidos para a Inglaterra e para o Japão requerem volantes do lado direito, enquanto no Brasil e nos Estados Unidos, do lado esquerdo. Em alguns casos, as organizações inventam novos produtos para atender às necessidades de um mercado global. Isso é especialmente verificável no setor alimentício, pois, como os gostos variam amplamente, os produtores de alimentos muitas vezes precisam criar produtos que correspondem aos hábitos locais. Para servir à Costa do Marfim, por exemplo, a Nestlé desenvolveu o Bonfoutou, uma versão de um prato local de batatadoce (Churchill; Peter, 2005, p. 265). Os gerentes têm melhor chance de comercializar produtos com sucesso se entenderem como os consumidores aprendem sobre produtos e os adotam. Uma pessoa que compra um produto que nunca tenha experimentado antes pode, no fim das contas, transformar-se em um adotante, um consumidor que ficou suficientemente feliz com sua experiência com o produto que o usará novamente (Lamb Jr.; Hair Jr.; McDaniel, 2004, p. 341). 2.4 Novas ideias para novos produtos As novas ideias para novos produtos podem surgir de diferentes fontes, algumas delas talvez você sequer tenha imaginado. Por exemplo, as novas ideias para os novos produtos podem surgir: dos próprios funcionários da empresa; dos clientes e consumidores que a empresa atende; dos distribuidores; cliente; por meio de pesquisa de mercado e da pesquisa de percepção do até mesmo dos concorrentes (diretos e indiretos) (Lamb Jr.; Hair Jr.; McDaniel, 2004, p. 329). Logo, é a criatividade o ventre das ideias de novos produtos, o que corresponde a dizer que não importa quem as conceba ou em que momento ou circunstância. O que importa é que uma nova ideia surge por força de algum movimento, como a insatisfação com uma realidade que se deseja que seja melhor (sair de uma situação atual para atingir uma situação ideal). Segundo Lamb Jr., Hair Jr. e McDaniel (2004, p. 330), foram desenvolvidas diversas abordagens técnicas para estimular o pensamento criativo. As duas consideradas mais úteis para gerar novas ideias de produtos são exercícios de brainstorming e de grupo de foco (focus group ou, ainda, grupo focal). 2.4.1 Brainstorming O brainstorming, ou, em tradução livre, “tem pestade cerebral”, é mais do que uma técnica de dinâmica de grupo. É uma atividade desenvolvida com o objetivo de explorar o potencial criativo de cada indivíduo, estimulando cada um a apresentar sua ideia ou ideias sobre uma determinada realidade, buscando, com isso, encontrar condições viáveis, após descartar as não aplicáveis de momentos ou aquelas que não são aplicáveis por serem equivocadas. Resumo: Originou-se nos Estados Unidos e sua autoria foi de Alex F. Osborn. Como técnica, o brainstorming é especialmente utilizado nas áreas de relações humanas, publicidade e propaganda. Consiste em fazer com que um grupo de pessoas pense em formas não limitadas de diversificar um produto ou resolver um problema (Lamb Jr.; Hair Jr.; McDaniel, 2004, p. 330). A técnica de brainstorming propõe que um grupo de pessoas (de duas até dez) se reúna e utilize diferenças em um produto, ou resolvem um problema (Lamb Jr.; Hair Jr.; McDaniel, 2004, p. 330). A técnica de brainstorming propõe que um grupo de pessoas (de duas até dez) se reúna e utilize diferenças em seus pensamentos para que possa chegar a um denominador comum eficaz e com qualidade, gerando, assim, ideias inovadoras que levem o projeto adiante. A técnica propõe que as pessoas envolvidas nesse método sejam, preferencialmente, de setores e competências diferentes, pois suas experiências diversas podem colaborar com a “tempestade de ideias” que se forma ao longo do processo de sugestões e discussões. Outro aspecto importante do brainstorming é que nenhuma ideia é descartada ou julgada como errada ou absurda. Todas são ouvidas e trazidas até o processo de brainwrite (em tradução livre, “ideia escrita”, ou seja, se escreve o que se pensa e analisa), que se constitui na compilação ou na anotação de todas as ideias ocorridas no processo de brainstorming, em uma reunião com alguns participantes de uma sessão, assim evoluindo até a chegada da solução efetiva. Sua importância também está no fato de que quando se requerem respostas rápidas a questões relativamente simples, o brainstorming é uma das técnicas mais populares e eficazes (ágil). Nota: Alex Faickney Osborn (1888-1966), nascido no Bronx, Nova Iorque, foi um reconhecido publicitário norte-americano, criador e autor das importantes técnicas de criatividade hoje conhecidas como brainstorming. 2.4.2 Grupo foco (focus group) O focus group, em português, “discussões de grupo” (também conhecidas como DG), é uma técnica utilizada em pesquisas qualitativas (ou em marketing, mais comumente na pesquisa qualitativa de mercado), na qual se emprega a discussão com um moderador (pessoa que faz as “provocações” para que os demais possam manter-se concentrados no assunto central da discussão). Os grupos podem ser compostos com pelo menos sete e idealmente não mais do que doze participantes (Moreira; Pasquale; Dubner, 1999, p. 137). As DGs costumam durar entre 90 a 120 minutos e devem ser coordenadas por um moderador experiente. O moderador é também um facilitador do processo de discussão, pois ajuda o grupo a interagir sempre que necessário. Normalmente, os focus groups são usados para discussão dos mais diversos temas e, frequentemente, são usados em testes da publicidade: testes de conceito e como pré-fase de estudos quantitativos maiores. Durante a DG, o cliente, ou seja, a empresa contratante, pode observar toda a discussão, através de uma janela espelhada, sem que sua presença seja percebida. Uma câmara de vídeo é usada para gravar a discussão, para ser vista por outros que não puderam estar presentes no momento ou para realizar novas reflexões acerca do que foi discutido. É utilizada, sobretudo, para evitar ou corrigir erros de interpretação. Por fim, ao analisar a DG, os analistas ou pesquisadores examinam mais do que apenas as frases (palavra a palavra) utilizadas pelos participantes. Eles estão interessados também nas expressões faciais, na linguagem corporal e na dinâmica de grupo para idenficar expressões mais seguras sobre a opinião de um tipo sobre um produto, de sua cor, peso, características, etc. 2.5 Atenção às características dos novos produtos As características de um novo produto referem-se àquilo que se deseja que o produto ofereça porque tal elemento (característica) foi nele introduzido. Os profissionais de marketing, por exemplo, selecionam quais características um novo produto deverá possuir a partir do que os clientes querem que ele ofereça (faça). Segundo Churchill e Peter (2005, p. 273), as organizações voltadas para o valor (valor para o cliente) procuram não só perguntar aos clientes potenciais e efetivos o que eles desejam, mas também procuram saber o que é provável que esses clientes precisem ou precisarão. Como exemplo: uma importante característica dos produtos para a qual, de modo geral, se deve atentar, é a cor. Imagine como seria para você comprar um veículo tipo caminhonete na cor rosa, com bolas verde-limão e ainda com desenhos que parecem bigodes azuis. É possível dizer que tal veículo chamaria a atenção. Mas que atenção será essa? E como seria o mesmo veículo nas cores prata ou preta? Tente imaginar a enorme diferença para tal característica aparentemente tão simples de ser estabelecida. 2.5.1 Design do produto O design do produto, também chamado de projeto de produto ou desenho industrial, é responsável pelo desenvolvimento de um produto que possa chamar a atenção dos clientes, agradando-os sem que o mesmo seja necessariamente mais caro. Um bom design, além de acrescentar valor a um novo produto, pode levar a produtos mais fáceis de utilizar, bem como mais agradáveis para os sentidos. Um projeto que apresente facilidade de uso e apelo estético a novos produtos pode ser difícil, mas é uma forma de diferenciá-los. Por exemplo, um repórter classificou um novo modelo da Honda com prático, de bela engenharia e divertido de dirigir. Lojas de roupas de shoppings centers, especialmente as de grife, lançam novos modelos que fazem sucesso praticamente sem propaganda. Apesar de seu preço mais elevado, os produtos são bonitos e dão status (Churchill; Peter, 2005, p. 274). 2.5.2 Segurança do produto Indo além de a segurança ser uma condição ética (os clientes não podem ser prejudicados pelos produtos ou serviços e seu defeitos) necessária, ela é também uma questão prática, pois clientes e consumidores irritados com produtos que conferem pouca ou nenhuma segurança, ou que não foram pensados para serem adequados a certas circunstâncias, não o compram mais. Ou seja, se os clientes percebem que certo produto não é seguro, tendem a evitá-lo, e com certa frequência o evitarão para sempre, não dando espaço para correções. O assunto segurança para uma organização nunca pode estar no campo de pensamento que afirma “Se não der certo assim, corrigimos depois”, pois os clientes, antes disso, deixam de comprar e migram para os concorrentes. 2.6 A embalagem Como definição simples, a embalagem pode ser explicada da seguinte maneira, segundo Moreira, Pasquale e Dubner (1999, p. 149): “invólucro que acondiciona e protege produtos”. Para marketing, uma embalagem é muito mais importante do que normalmente parece. Ela, de maneira geral, serve a vários propósitos que acrescentam valor para os clientes. Por exemplo, ela pode ser funcional, o que facilita o acesso ao produto e à própria estocagem, etc. Além disso, a embalagem pode ser utilizada para promover o produto, o que beneficia a organização, já que amplia o potencial de identificação de sua marca e seu produto no mercado, bem como beneficia o cliente, pois proporciona informações. Por fim, a embalagem pode e serve para distinguir o produto de seus concorrentes, talvez sendo essa sua função competitiva mais marcante. O uso da embalagem para distinguir um produto pode ser uma parte importante do composto de marketing para atingir certos mercados-alvo. Por exemplo, para alcançar consumidores mais velhos, os profissionais de marketing podem usar embalagens fáceis de abrir. Para atingir pessoas solteiras, os fabricantes de alimentos podem oferecer embalagens menores ou individuais. Para atingir famílias com filhos, podem usar embalagens com fechos de segurança, a fim de evitar que crianças mexam em produtos perigosos, como remédios ou artigos de limpeza (Churchill; Peter, 2005, p. 276). Partindo dos autores Churchill e Peter (2005), é possível identificar alguns cuidados ou atenções sobre as embalagens: • quanto ao custo: ao selecionar a embalagem para o produto, a organização deve levar em conta os custos e, claro, quais são as opções possíveis de embalagens (tipos e qualificações) para tal produto. Embalagens muito atraentes, superseguras, podem custar muito caro, ou seja, podem ser totalmente inviáveis para o produto ao qual estariam relacionadas. Portanto, os profissionais de marketing e suas respectivas organizações precisam selecionar as embalagens adequadas para cada caso; • quanto aos desejos e necessidades dos clientes: as embalagens precisam pelo menos, na medida do possível, serem voltadas para os clientes a fim de atenderem à suas necessidades e, se possível, seus desejos. Por exemplo, no caso dos refrigerantes, a maioria dos consumidores não se mostra disposto, tampouco interessado, em levar as garrafas retornáveis de volta às lojas. Embora muitos até façam isso, a realidade é que a grande maioria simplesmente não faz. 2.7 O rótulo Como definição simples, um rótulo pode ser assim explicado: é toda e qualquer informação referente a um produto que esteja transcrita em sua embalagem. Logo, o rótulo é uma parte importante das embalagens (Churchill; Peter, 2005, p. 277). Os rótulos podem variar muito. Podem ser desde pequenos e simples, como um adesivo numa maçã que se compra em qualquer rede de supermercado (que serve para identificar o produto com informações como “maçã argentina”, “maça gala”) a rótulos complexos, com informações sobre um solvente que pode ser tóxico quando mal utilizado. Uma importante função do rótulo para o marketing é promover o produto e acrescentar valor para os clientes ao oferecer informações que os ajudem na seleção e no uso. Os rótulos auxiliam os esforços promocionais da organização também por chamarem a atenção do cliente para o produto e seus benefícios; por exemplo, muitos dos produtos alimentícios trazem informações específicas em seus rótulos para chamar a atenção dos consumidores mais preocupados com a saúde com informações como “sem colesterol”, “zero açúcar”, etc. 3 PRECIFICAÇÃO: ESTABELECENDO O PREÇO DOS PRODUTOS NA ÓTICA DO MARKETING Para muitos, não existe elemento do composto de marketing (4Ps = Produto, Preço, Praça e Promoção) que mais encante as empresas do que o elemento preço, ou seja, o que trata da precificação — método de estabelecer o preço dos produtos = determinação de preço (Moreira; Pasquale; Dubner, 1999, p. 285). Segundo Ferrell; Hartline (2005, p. 216), há pelo menos três razões para se ter muita atenção e cautela com a precificação: a equação da receita é bastante simples; ela é igual ao preço vezes a quantidade vendida. Existem apenas dois caminhos para a empresa aumentar a receita: aumentar o preço ou o volume de produtos vendidos. Raramente se podem fazer as duas coisas simultaneamente; a precificação é, sem dúvida, uma das variáveis mercadológicas mais fáceis de mudar, porém, os elementos contemplados devem ser profundamente conhecidos e analisados antes de qualquer alteração. E mais: tudo deve ser feito rapidamente, para evitar perder mercado para concorrentes mais ágeis; as empresas têm muito trabalho para descobrir e antecipar as estratégias e táticas de precificação das empresas rivais, por isso devem sempre tentar antecipar-se aos movimentos competitivos dos concorrentes. Importante: O fato de os preços serem facilmente mutáveis não significa que a maioria das organizações faça um bom trabalho em termos de fixação de preços de seus produtos e/ou serviços. Pense na relação entre o preço e a receita: Quanto mais alto o preço, maior a receita e maior o lucro obtido em cada venda. Mas as empresas não podem cobrar altos preços sem uma boa razão para isso, pois, se o fizerem, não venderão ou venderão muito menos do que o esperado. 3.1 Uma análise mercadológica da formação de preço Para os pequenos empresários e administradores, talvez a formação do preço de venda de um produto ou serviço seja uma das tarefas mais desafiadoras encontradas dentro do composto mercadológico. Apesar de o preço ser um dos elementos mais flexíveis, pode ser rapidamente modificado e adaptado ao mercado ao sabor das variações da demanda e das competências (ou falta delas) de uma organização. O processo de precificar pode ser realizado de diferentes maneiras, mas pense em dois deles neste momento: o preço baseado no volume de vendas e o preço do produto. O primeiro sugere que os ganhos (lucros) estão ligados ao volume total de vendas, ou seja, quanto mais se vende, mais se ganha. O segundo sugere que os ganhos estão relacionados à margem de contribuição de cada produto individualmente, sendo que o resultado de uma venda será visto isolada mente (pelo menos em certa circunstância). Fatores como custo, ponto de equilíbrio, demanda, lucro, margem de contribuição e concorrência, aliados à sensibilidade do consumidor e a seu comportamento de compra, tornam complexo o assunto, que hoje é chamado de precificação. Dentre os vários estudos sobre preço, Parentes (2000, p. 165) aponta “(...) o comportamento do mercado consumidor como um dos principais determinantes que o varejista deve considerar quando estiver definindo suas políticas de preço”.O comportamento de escolha do comprador sofre mudanças com o passar do tempo. Alguns outros fatores, além do preço, também são levados em consideração para a tomada de decisão no momento da compra. A relação do custo (preços e ofertas) com o benefício (qualidade, variedade, ambientação, atendimento, etc.) que a empresa irá ofertar ao comprador terá que estar de acordo com um conjunto de características macroambientais, como, por exemplo, a moda e conceitos vigentes à época, que influenciarão na decisão de compra. A existência de sensibilidade ao preço demonstra o perfil dos consumidores: uns são pouco sensíveis ao preço, são influenciados pela compra de produtos exclusivos e que lhes dão alto valor de satisfação; outros são muito sensíveis e influenciados pela compra de produtos substitutos, que podem ser comparados, pela qualidade, em relação ao melhor custo-benefício. Segundo Kotler (1998, p. 372), o preço permanece ainda como um dos elementos mais importantes na determinação da participação de mercado de uma empresa e em sua rentabilidade. É preciso deixar claro que o consumidor possui uma renda limitada. Por isso busca, em um produto ou serviço, a maior satisfação possível, mas que seja compatível com suas possibilidades financeiras de compras. É possível acreditar que boa parte dos consumidores adora as liquidações. Com isso, as empresas fornecem preços baixos, na confiança de alavancar suas vendas e, consequentemente, os negócios. Essa abordagem funciona, mas não é absoluta, logo, não é a realidade de todos os consumidores, produtos e mesmo empresas. Além disso, tal abordagem funciona na medida em que ocorre a economia de escala, associada à produção em massa de bens e serviços, o que resulta em reduções de custos e, a cada redução de custos, possivelmente, em redução de preços. De acordo com Cobra (2001, p. 199), é importante que a empresa adquira conhecimento acerca das preferências de seus consumidores para transformá-lo na sabedoria da plena satisfação de necessidades e desejos explícitos e ocultos, procurem os consumidores preços menores ou maiores, desde que os produtos e serviços possam ser traduzidos em satisfação da relação custo-benefício. Adotar políticas de preço corretas significa determinar o preço, não somente com base na decisão financeira, mas incorporando o processo global de marketing da organização. As informações recebidas da análise mercadológica, juntamente com a análise financeira, deverão contribuir para estruturar adequadamente o processo de formação de preço. É útil lembrar que, em marketing, é importante ter “o produto certo, para o cliente certo, ao preço certo e na hora certa”. 3.2 Preço na perspectiva do vendedor Por sua própria natureza, aqueles que vendem tendem a inflar os preços porque querem receber o máximo possível na troca com o comprador. Da perspectiva do vendedor existem quatro questões fundamentais que se tornam importantes em estratégias de precificação (Ferrell; Hartline, 2005, p. 218): custo; demanda; valor do consumidor; preço dos concorrentes. O custo é uma importante consideração em qualquer estratégia de precificação. Além disso, quando a disponibilidade do produto é limitada, as empresas também devem levar em consideração os custos de oportunidade em sua estratégia de precificação. Outro fator, a demanda de mercado, também é uma questão fundamental na hora de estabelecer o preço – o fato de uma organização cobrir seus custos não significa que os consumidores irão pagar seu preço. 3.3 Preço na perspectiva do comprador Sob muitos aspectos, a perspectiva do comprador na precificação é o oposto da perspectiva do vendedor. Onde vendedores tendem a elevar os preços, compradores geralmente veem os preços como sendo mais baixos do que está sendo ditado pela realidade do mercado (Ferrell; Hartline, 2005, p. 219). Para os compradores, o preço é o que será dado em troca por um produto. Da perspectiva do comprador, duas questões fundamentais determinam a estratégia de precificação para a maioria das em presas: o valor percebido: o que os compradores darão em troca do produto depende, em grande parte, do valor que percebem no próprio produto; a sensibilidade ao preço: diferentes compradores e diferentes mercados-alvo têm diferentes perspectivas de valor; alguns são mais sensíveis do que outros até mesmo pelo volume de recursos de que dispõem ou não. Embora o preço monetário seja fundamental, alguns compradores dão mais importância a outros elementos da equação do valor. Para alguns, um bom valor tem a ver com a qualidade do produto; já para outros, depende da disponibilidade e da qualidade percebida dos produtos suplementares (Ferrell; Hartline, 2005, p. 220). 3.4 Principais determinantes da boa precificação É necessário que os custos da organização estejam claramente colocados e avaliados; é preciso conhecer muito bem os motivos da precificação estabelecida e, claro, é requerido que seja facilmente explicável para quem quer que seja; os preços deverão ser realistas, mensuráveis e realizáveis para que as vendas sejam concretizadas; a demanda deve ser conhecida, a fim de aferir se a mesma realmente existe e se é grande o suficiente para viabilizar o negócio, etc. 4 A COMUNICAÇÃO EMPRESARIAL Comunicação – ato ou efeito de comunicar-se. Ato ou efeito de emitir, transmitir e receber mensagens por meio de métodos e/ou processos convencionados, quer através da linguagem falada ou escrita, quer de outros sinais, signos ou símbolos, quer de aparelhamento técnico especializado, sonoro e/ou visual (Moreira; Pasquale; Dubner, 1999, p. 98). A comunicação empresarial pode ser entendida como uma atividade estratégica para os gestores das organizações (exemplo: para os diretores e presidentes das empresas). Ela engloba, nas organizações, por exemplo, supervisão da assessoria de imprensa, planejamento, implementação e condução das ações de comunicação interna – o que envolve o público interno, ou seja, os funcionários da empresa e todo e qualquer relacionamento com o público externo, no âmbito corporativo. Além disso, as atividades de comunicação empresarial englobam a atenção e o cuidado com a imagem corporativa, ou seja, com a marca da empresa (não confundir com as marcas dos produtos, por exemplo, o produto Coca-Cola e a empresa The Coca-Cola Company) e, assim, cuida de sua imagem (valores e conduta ética da empresa). Os profissionais dessa área continuamente se preocupam com o relacionamento da empresa como um todo com a sociedade e seus stakeholders (interlocutores). Eles olham esse relacionamento não de forma multifacetada, ou seja, apenas como clientes, fornecedores, parceiros, mas principalmente como formadores de opinião e membros de uma sociedade que podem auxiliar ou não na preservação da imagem da empresa. Trabalham na área de comunicação empresarial principalmente jornalistas, relações públicas e publicitários, mas, no Brasil, os postos de gerência-sênior e de diretoria têm sido ocupados por profissionais de outras áreas, como administradores e especialistas em marketing. Entenda os termos: Imprensa é a designação coletiva dos veículos de comunicação que exercem o jornalismo e outras funções de comunicação informativa em contraste com a comunicação puramente propagandística ou de entretenimento. 4.1 No Brasil A partir da década de 1960, principalmente depois da fundação da Associação Brasileira de Editores de Revistas e Jornais de Empresa (ABERJE), marca que representa atualmente a Associação Brasileira de Comunicação Empresarial e a Associação Brasileira de Comunicação Organizacional, a comunicação empresarial evoluiu de forma bastante acentuada, chegando a um status estratégico, fundamental para a excelência nos relacionamentos das empresas e instituições com os seus inúmeros públicos e perfis. A fundação da ABERJE, em 8 de outubro de 1967, foi obra de um grupo de jornalistas e relações-públicas, executivos de importantes empresas multinacionais e brasileiras, sediadas basicamente em São Paulo. Esse grupo era liderado por Nilo Luchetti, gerente da Pirelli, considerado pai da comunicação empresarial brasileira de relações humanas. 4.2 As bases da comunicação (modelo clássico de comunicação) Para que não ocorram análises equivocadas sobre a comunicação e suas bases, este é o momento de explicar de maneira simplificada o seu funcionamento tradicional. Para a comunicação acontecer, são necessários alguns elementos. Dentre eles, destacam-se, em sua primeira versão, o emissor, a mensagem e o receptor. Assim, num primeiro momento, pode-se ver a comunicação entre dois pontos ou duas pessoas como a primeira forma de comunicação, em que o indivíduo A é o emissor e transmite qualquer mensagem para o indivíduo B, que é o receptor. Outros fatores também devem ser levados em conta quando se estudam as bases do processo de comunicação. Por exemplo, é importante compreender que ela não se dá num buraco negro. Ela existe em algum lugar e pode sofrer influências, advindas de outros elementos (situações e personagens) presentes em tal ambiente; portanto, ela tem lugar e forma. Além disso, há a possibilidade de existirem múltiplos envolvidos (interlocutores do processo de comunicação) que, por sua vez, podem influenciar o conteúdo da comunicação, e essa é capaz de variar muito rapidamente ou sofrer análises que vão desde uma situação mais complexa e profunda até cair em discursos vazios que não dão conta de dizer algo relevante (em termos populares, “Ficou no blá, blá, blá”). Por fim, pense que existem signos durante a comunicação que podem influenciar, fortemente, o sentido do que é comunicado, bem como os meios que se empregam para transmitir tais signos, ou a comunicação de maneira geral, podem variar muito. Entendendo os termos: Habilidades comunicativas definem-se como sendo duas habilidades comunicadoras, a escrita (retórica) e a palavra falada (oratória), duas decodificadoras, a leitura e a audição, e o pensamento ou raciocínio. Suas atitudes, a facilidade de linguagem, a capacidade de comunicação influenciam os próprios pensamentos; sendo assim, as palavras das quais o indivíduo dispõe e a maneira como ele as reúne e organiza influenciam aquilo sobre o que se pensa, como se pensa e se realmente se pensa. Além do que foi apontado acima, é importante destacar a filosofia de Platão, pois foi ele quem introduziu a ideia de que o pensamento requer símbolos mentais, ou seja, imagens que o homem leva consigo. A teoria que afirma que a linguagem do homem influencia a sua percepção e o seu pensamento, em suma, que a linguagem de uma pessoa determina em parte o que ela vê, o que pensa a seu respeito e o método que usa para refletir e tomar decisões. Outro aspecto da comunicação a que se deve chamar a atenção é: as atitudes da fonte da comunicação (do emissor) podem influenciar no resultado geral da comunicação (mensagem), chegando a pelo menos três formas de percepção do público-alvo (receptor): favorável (ou positiva), desfavorável (ou negativa) ou indiferente. 4.2.1 A mensagem Os fatores que afetam a fidelidade da mensagem são: o código, o conteúdo, o tratamento. Abordando esses itens, devem ser considerados mais dois pontos, os elementos de cada um e o modo como eles são estruturados. Qualquer coisa que existe para o homem e que é por ele conhecida de alguma forma exige uma estrutura. Não se pode falar de coisa alguma sem impor a ela uma estrutura, sem denominá-la, sem lhe dar uma forma. O homem pode perceber o mundo da mesma forma que Willian James a ele se referiu, “uma florescente, vibrante con fusão”, mas o homem não pode funcionar no mundo, não pode falar sobre o mundo enquanto não o estruturar de algum modo. Usando a palavra, pode-se mudar o sentido dos elementos e estruturas na medida em que se muda o debate. O código da mensagem pode ser definido como qualquer grupo de símbolos capaz de ser estruturado de maneira a ter significação para alguém. Os idiomas são códigos que contêm elementos (sons, letras, palavras) que estão dispostos em certas ordens e têm significação. Entende-se por código tudo o que contém um grupo de elementos, um conjunto de métodos para combinar esses elementos de forma significativa (sintaxe). Para saber se um determinado conjunto de símbolos constitui um código, basta isolar o seu vocabulário e verificar se há modos sistemáticos (estruturas) de combinar seus elementos (música, dança, pintura). O conteúdo da mensagem pode ser definido como o material de mensagem, escolhido pela fonte para exprimir seu objetivo. O tratamento da mensagem pode ser definido como sendo as decisões que a fonte de comunicação (emissor) toma para selecionar e dispor tanto o código quanto o conteúdo. O canal pode ser definido como os veículos que transmitem (levam) uma mensagem. Como forma de auxiliar no entendimento, veja o quadro proposto a seguir: Enfim, o que é a mensagem? Ela é, dentre outras coisas, o que se pretende dizer; o que se diz; o que se entende; o que se pensa ter entendido. Enfim, a mensagem requer muitos cuidados para não se transformar em um problema e para comunicar bem. 4.2.2 Modelo clássico de comunicação Crescitelli (2007) e a comunicação de marketing Veja a figura a seguir, proposta pelos autores: Fluxograma do processo de comunicação segundo Ogden e Fonte: Ogden; Crescitelli, 2007, p. 13. Para tais autores, no caso específico da comunicação de marketing, a dificuldade no processo de comunicação é maior, pois, na maioria das vezes, o objetivo da comunicação não é apenas informar, mas também persuadir, motivar, criar a empatia do receptor por meio da mensagem que for proposta. Por isso, o trabalho sobre o conteúdo da mensagem e a forma de entregá-la é tão importante. Sendo assim, é necessário um processo de codificação da mensagem mais elaborado, que deve incluir sutilezas, nuances e um domínio absoluto do repertório do receptor. Fazer uma comunicação eficaz requer do emissor profundo conhecimento de valores, atitudes e reações dos repectores, assim como de todos os fatores que os influenciam. Sem esses conhecimentos, fica muito difícil elaborar uma comunicação, ou codificar uma mensagem, com o nível de sensibilidade necessário para impactar o público-alvo. Por essa razão, é tão difícil e complexo desenvolver uma comunicação globalizada, pois o modo de decodificação muda de país para país, de região para região, conforme mudam os valores, crenças, hábitos e culturas locais (Ogden; Crescitelli, 2007, p. 14). Visto sob a ótica da Comunicação Integrada de Marketing (CIM), o fluxo de processo de comunicação clássica fica assim: O emissor é como a organização que emite a mensagem, cujas premissas foram definidas no plano de marketing, a mensagem é a definição do conteúdo e a formatação da comunicação; e o receptor são os diferentes públicos envolvidos na cadeia de comercialização. 4.2.3 Distinção entre forma e meios de comunicação As formas de comunicação são as modalidades de comunicação existentes que constituem uma espécie de mix de instrumentos de comunicação, oferecendo à gestão a possibilidade de aplicá-los diferentemente em situações variadas. Por sua vez, os meios de comunicação são as mídias, ou seja, os veículos de comunicação responsáveis pela transmissão da comunicação propriamente dita. Veja a representação (em figura) a seguir: Diferenciação de forma e meio de comunicação 4.3 O mix da comunicação de marketing Naturalmente, existem outras hipóteses ou explicações para este item, mas, segundo Kotler e Keller (2006, p. 533), o mix da comunicação de marketing é composto por seis formas essenciais de comunicação. São elas: propaganda: qualquer forma paga de apresentação e promoção não pessoais de ideias, mercadorias ou serviços por um anunciante identificado; promoção de vendas: uma variedade de incentivos de curto prazo para estimular a experimentação ou a compra de um produto ou serviço; eventos e experiências: atividades e programas patrocinados pela empresa e projetados para criar interações relacionadas à marca, diariamente ou em ocasiões especiais; relações públicas e assessoria de imprensa: uma variedade de programas elaborados para promover ou proteger a imagem de uma empresa ou de seus produtos; marketing direto: utilização do correio, telefone, fax, e-mail ou Internet para se comunicar diretamente com clientes específicos e potenciais ou lhes solicitar uma resposta direta; vendas pessoais: interação pessoal (cara a cara) com um ou mais compradores potenciais com vistas a apresentar produtos ou serviços, responder a perguntas e tirar pedidos. É importante que fique claro que praticamente tudo comunica algo para os clientes, seja o estilo e o preço do produto, a cor e a forma da embalagem, a roupa e o comportamento do vendedor, a decoração do local, a identificação visual da empresa (a estética externa e interna e a organização dos ambientes). Sendo assim, todos os contatos que um cliente ou potenciais clientes tiverem com uma marca deve transmitir uma impressão que forneça motivos para os clientes lembrarem-se positivamente da marca. Ou seja, os elementos negativos devem ser identificados e corrigidos de tal forma que não se faça nada de “errado”. A ideia é bem simples: fortaleça a imagem da marca; com isso, a da empresa e de todos os seus produtos. Jamais forneça elementos que enfraqueçam a visão do cliente sobre quaisquer aspectos da organização. Uma maneira fácil de entender a atuação dos elementos do composto de comunicação propostos por Kotler e Keller (acima) é a visão dos elementos numa plataforma comum, que auxilia a identificação de cada elemento e seu exercício prático. O quadro a seguir procura demonstrar, com exatidão, tais elementos contidos na plataforma sugerida. Plataformas comuns da comunicação de marketing Fonte: Kotler; Keller, 2006, p. 533. 4.4 Reflexão complementar Para fazer uma reflexão complementar um tanto quanto distinta, veja a imagem abaixo e pense nas questões que seguem. Trata-se de uma análise que visa mostrar que imagens, assim como gestos e pequenas frases, podem fazer muito mais do que apenas mostrar o próprio objeto. Questões O que você acha da maçã vermelha? Qual o propósito (em comunicação) de dentre todas as maçãs verdes uma ser vermelha? Será que a maçã vermelha conseguiu atingir o objetivo de chamar a atenção e se destacar frente às demais? Respostas Naturalmente, a maçã vermelha chama mais atenção do que as demais, porque todas as outras são verdes. Trata-se de, sem deixar de ser maçã, ser mais atraente do que as demais, por ser positivamente diferente em algo. Seu propósito é justamente chamar mais a atenção do que as demais. E é claro que ela consegue chamar mais a atenção do que qualquer maçã verde. Sapatos Clarks Questões Como você entende a imagem? (Pense nisso antes de ler a próxima questão.) Se você fosse o responsável pela campanha de marketing que desenvolveu a imagem acima, como explicaria a escolha/criação da imagem, ou seja, o que ela pretende dizer? Respostas Parece claro que a mensagem que a campanha quis transmitir é simples, mais ou menos assim: “Você vai gostar tanto dos nossos sapatos que nem para tomar banho deixará de usá-los”. Em outras palavras, a campanha pretende convencer, criativamente, de que os sapatos da marca Clarks são tão bons que quem os utiliza não se dá conta de que está de sapatos, e mais, jamais quer retirá-los. 4.5 Endomarketing O endomarketing é uma atividade de marketing, batizada em 1990 por Saul Bekin, em seu livro Fundamentos do endomarketing. Endo, originário do grego, significa “posição ou ação no interior”, ou seja, “movimento para dentro”. Sendo assim, o endomarketing é um conjunto de ações de marketing institucional dirigido para o público interno (colaboradores, fornecedores, acionistas, vendedores, clientes). São as ações de comunicação que a empresa deve realizar para consolidar a sua boa imagem junto aos colaboradores. O endomarketing busca a satisfação do público interno e o seu com prometimento com os objetivos organizacionais. O endomarketing pode ser estudado ou aplicado, dividido em fases mais ou menos como estas: levantamento de informações; preparação para mudanças; integração (dos esforços internos); construção (de um plano de ação que inclui pessoas, organação, marca, etc.); superação (implementação de planos e correção de falhas). Mas fique atento ao seguinte: existem diferenças entre os termos endomarketing e marketing interno. O primeiro, devido ao nome, é usualmente confundido com o segundo. Na verdade, o marketing interno está relacionado às ações de treinamento ou qualificação dos colaboradores (funcionários) da empresa, visando a um melhor serviço para o cliente (consumidor). Com esse objetivo, o marketing interno pode utilizar o endomarketing. 5 A COMUNICAÇÃO DE MARKETING O contexto de marketing reflete a realidade das organizações e seus mercados. O aumento da competição é apenas uma das variáveis presentes na maioria das indústrias. O marketing moderno exige mais do que a criação de um bom produto a um preço adequado para torná-lo acessível para a maioria dos clientes que se deseja atingir. Hoje, segundo Kotler (2006, p. 532), para a maioria das organizações, o problema não é comunicar, mas “o que dizer, como dizer, para quem dizer e com que frequência dizer”. As comunicações se tornam cada vez mais difíceis à medida que um número cada vez maior de organizações precisa praticamente berrar para atrair a atenção dos clientes e consumidores. Novas e diferentes formas de comunicar-se precisam ser empenhadas a todo o momento para conseguir que os clientes deem atenção suficiente para garantir o processo de negociação. Pode-se dizer sobre a comunicação que: Está cada vez mais difícil! Há cada vez mais emissores! Requer mais criatividade! Mais clientes se irritam com certos tipos de mensagem! Mais segmentado está o mercado! Leia o caso a seguir (Kotler; Keller, 2006, p. 532): O minúsculo automóvel Mini foi vendido por apenas sete anos nos Estados Unidos, durante os anos 1960, até ser retirado do mercado devido à entrada em vigor de uma severa legislação referente à emissão de poluentes. Em março de 2002, a BMW decidiu relançar nos Estados Unidos um novo e modernizado Mini Cooper, tendo como alvo o público urbano moderno que desejava um carro bacana, divertido, pequeno e que custasse menos de 20 mil dólares. Com somente 20 milhões de dólares para gastar com o lançamento, os profissionais de marketing do Mini decidiram promover uma campanha de comunicação de guerrilha, com o uso inusitado de cartazes, pôsteres, anúncios impressos e iniciativas locais. Nada de anúncios na tevê. O Mini foi colocado na caçamba de três Ford Excursion e circulou em feiras de automóveis nacionais e em 21 cidades importantes. O carro apareceu em outros lugares incomuns, como dentro de um estádio, entre os assentos, como se fosse um torcedor, e dentro da Playboy como pôster dobrável no centro da revista. Cartazes sem imagens proclamam frases como “Golias perdeu”. Muitas comunicações eram vinculadas a um site brilhantemente planejado, que oferecia as informações necessárias sobre o produto. O resultado da criativa campanha: durante a primavera de 2002, os consumidores chegaram a passar seis meses na lista de espera pelo carro (Lundegaard, 2004, p. 111-116). Naturalmente, a comunicação de marketing poder ser altamente recompensadora, mas também pode ser um desastre total. Por isso é importante conhecer muito bem o produto e/ou serviço sobre o qual se vai comunicar. Além disso, é fundamental conhecer o público-alvo e a melhor maneira de falar com ele. 5.1 Entendendo a comunicação de marketing A comunicação de marketing pode ser entendida como o meio pelo qual as organizações buscam informar, persuadir e lembrar os consumidores, direta ou indiretamente, sobre os produtos e/ou serviços e sobre as marcas que comercializam (Kotler; Keller, 2006, p. 532). De certa forma, a comunicação de marketing é a representante da marca de uma empresa ou produto (é a voz da marca) e é o meio pelo qual ela estabelece um diálogo e constrói relacionamentos com os consumidores, já que busca interagir com o mesmo (mais ou menos como a prática de uma ação que provoca uma reação). A comunicação de marketing serve de diversas formas aos consumidores. Na verdade, colabora com eles (mesmo sendo esse seu objetivo, ela é capaz de informar e orientar, daí a ideia de que a mesma colabora com as pessoas destinadas de maneira geral). Por exemplo, um consumidor pode: conhecer como e por que o produto é usado; saber a qual tipo de pessoa o produto é destinado, quando e onde; receber informações sobre quem é o fabricante; saber o que a empresa e a marca representam; orientar-se sobre o que fazer em caso de dúvidas ou defeito; etc. receber incentivos e/ou recompensas se experimentar o produto, Em outras palavras, a comunicação de marketing permite às organizações conectarem suas marcas a outras pessoas, lugares, eventos, marcas, experiências, sensações e objetivos. Logo, além de informar sobre a existência de algo, ela busca gerar relacionamento por meio da informação e do compromisso, seus alicerces básicos. Uma realidade que não pode passar despercebida sobre a comunicação de marketing é que ela pode gerar posicionamento, pode posicionar a marca na memória dos clientes e criar uma imagem de marca mais forte e sustentável. Ou seja, pode ajudar as organizações a criarem e manterem marcas notadas por grande parcela da população, fazendo com que os respectivos produtos ligados a tais marcas sejam preferidos por muitos indivíduos (clientes e potenciais clientes). Nesse caso, a comunicação de marketing pode contribuir para a formação do brand equity (vide item 2.3). 5.2 A marca e a comunicação Antes de continuar as reflexões sobre a comunicação de marketing, é de suma importância conceituar e compreender profundamente o que é marca. A marca é um tipo de representação simbólica de uma entidade, qualquer que ela seja, algo que permite identificá-la de um modo imediato: por exemplo, um sinal de presença, uma simples pegada, o cheiro que permanece no ar. Na teoria da comunicação, pode ser um signo, um símbolo ou um ícone. Uma simples palavra pode referir uma marca. Segundo Moreira, Pasquale e Dubner (1999, p. 231), marca é a identificação sob a forma de nome, símbolo, termo, desenho ou alguma combinação de todos que diferencia um produto de seus similares. Atualmente, o termo é frequentemente utilizado como referência a uma determinada empresa: nome, marca verbal, imagens ou conceitos que distinguem o produto, serviço ou a própria empresa dos seus concorrentes. Quando se fala em marca, é comum se referir a uma representação gráfica no âmbito e na competência do designer gráfico, em que a marca pode ser representada graficamente por uma composição de um símbolo e/ou logotipo, tanto isolado quanto combinado. Entretanto, o conceito de marca é bem mais abrangente do que sua representação gráfica. Uma empresa, por meio de seu nome fantasia e de sua representação gráfica, comunica a “promessa” de um produto, seu diferencial frente aos concorrentes que o faz especial e único. O profissional de comunicação e marketing busca associar as marcas a uma personalidade ou a uma imagem mental positiva. Assim, pretende “marcar” a imagem na mente do consumidor, isto é, associar a imagem à qualidade do produto. Em função disso, uma marca pode formar um importante elemento temático para a publicidade. Uma marca possui vários níveis de significado; entre eles: cultura, atributos ou benefício. É fundamental entender que ela é mais intangível do que tangível, pois o consumidor de determinada classificação demográfica tem sensações, experiências e percepções diferentes sobre a mesma marca em relação a outro consumidor classificado demograficamente da mesma forma. Entendendo os termos: Nome fantasia é o nome comercial, nome de fachada. É a designação utilizada por uma instituição (empresa, associação, etc.), seja pública ou privada, sob a qual ela se torna conhecida ao público. Essa denominação opõe-se à razão social, que é o nome utilizado perante os órgãos públicos de registro das pessoas jurídicas. O nome fantasia pode ser formado a partir de palavras ou expressões oriundas da razão social (exemplo: Coca-Cola, cuja razão social é The CocaCola Company), bem como pode ser criado a partir da criatividade do empresário e de sua assessoria de marketing (exem plo: a grife de roupas Forum). Igualmente, o nome fantasia pode ser a fonte para a elaboração da razão social. De acordo com as regras de direito comercial, o registro de um nome fantasia é feito perante os órgãos de registro de marcas e patentes, sendo resguardado o direito à sua utilização ao primeiro que o registra. O impacto do nome fantasia junto ao mercado consumidor justifica os altos investimentos que são feitos pelas grandes empresas. Muitos nomes, inclusive, conseguem virar sinôminos do produto que vendem ou do serviço que prestam, figura de linguagem conhecida como metonímia (marca pelo produto), tal como ocorre, por exemplo, na letra da canção “Gita (eu sou)”, de Raul Seixas e Paulo Coelho, em que há referência aos “peg-pags do mundo” para dizer “su permercado”. A utilização do nome fantasia se dá em diversos momentos, desde a sua colocação na fachada do estabelecimento comercial até a sua aposição nos produtos fabricados, passando pela veiculação em material de publicidade. Resumidamente, é possível dizer que as marcas são importantes para a comunicação porque servem como referência. Ou seja, a marca do produto é comunicada, faz alusão à empresa dona do produto ou do serviço, representa um autoconceito da organização (missão, visão e valores para com o social e o ambiente). Além disso, lembre-se de que a comunicação constrói mente das pessoas. Embora seu nome possa nascer na mente empresário, por exemplo, é por meio da comunicação que pessoas e torna-se um diferencial comparativo quando interessado em adquirir algo. as marcas na criativa de um ela chega às alguém está Resumidamente, algumas respostas simples para a pergunta “Por que uma marca é importante?” a seguir: porque serve como referência; porque distingue; porque identifica; porque transfere segurança; porque se constrói em conceitos; porque seleciona. 5.2.1 Marcas segundo o Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI) Um outro dado importante é que, no Brasil, o Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI) é responsável pelo registro das marcas. Segundo a lei brasileira, uma marca é todo sinal distintivo, visualmente perceptível, que identifica e distingue produtos e serviços de outros análogos, de procedência diversa, bem como certifica a conformidade dos mesmos com determinadas normas ou especificações técnicas. Para obter o registro de uma marca, é necessário apresentar o pedido ao INPI, que o examinará com base nas normas legais estabelecidas pela Lei da Propriedade Industrial e nos atos e resoluções administrativos. Sobre as marcas, veja respondidas no site do INPI: a seguir algumas perguntas frequentes 1. Como registrar? R.: Em primeiro lugar, é aconselhável realizar uma busca prévia da marca para saber se já existe alguma depositada ou registrada(s) classe(s) pretendida(s). O pedido de marca deverá ser requerido em formulário próprio, recolhida a retribuição devida e anexados determinados documentos e apresentados outros para conferência, conforme for o caso. Para que se realize a busca ou se efetive o depósito, o interessado deverá se dirigir à sede do INPI ou a uma das delegacias ou representações dos órgãos existentes nos estados brasileiros. 2. O que é registrável como marca? R.: São registráveis como marca os sinais distintivos visualmente perceptíveis, não compreendidos nas proibições legais (art. 122 da LPI). Dispõe, portanto, esta norma legal, que: a marca deve consistir em sinal visualmente perceptível; os sinais visualmente perceptíveis devem revestir-se de distintividade, para se prestarem a assinalar e distinguir produtos ou serviços dos demais, de procedência diversa; a marca pretendida não pode incidir em quaisquer proibições legais, seja em função da sua própria constituição, do seu caráter de liceidade ou da sua condição de disponibilidade. 3. O que não é registrável como marca? R.: Os sinais irregistráveis estão compreendidos no art. 124 da LPI. A Lei Marcária brasileira não protege os sinais sonoros, g ustativos e olfativos. 4. O que é marca nominativa? R.: É aquela constituída por uma ou mais palavras no sentido amplo do alfabeto romano, compreendendo, também, os neologismos e as combinações de letras e/ou algarismos romanos e/ou arábicos. 5. O que é marca figurativa? R.: É aquela constituída por desenho, figura ou qualquer forma estilizada de letra e número, isoladamente. 6. O que é marca mista? R.: É aquela constituída pela combinação de elementos nominativos e figurativos ou de elementos nominativos, cuja grafia se apresente de forma estilizada. 7. O que é marca tridimensional? R.: É aquela constituída pela forma plástica de produto ou de embalagem, cuja forma tenha capacidade distintiva em si mesma e esteja dissociada de qualquer efeito técnico. 8. O que é marca coletiva? R.: É aquela que visa identificar produtos ou serviços provindos de membros de uma determinada entidade. 9. O que é marca de certificação? R.: É aquela que atesta a conformidade de um produto ou serviço com determinadas normas ou especificações técnicas notadamente quanto a qualidade, natureza, material utilizado e metodologia empregados. 10. Quais são os direitos e deveres do titular? R.: A marca registrada garante a propriedade e o uso exclusivo em todo o território nacional por dez anos. O titular deve mantê-la em uso e prorrogá-la de dez em dez anos. 11. Quando ocorre a perda do direito? R.: O registro da marca extingue-se pela expiração do prazo de vigência, pela renúncia (abandono voluntário do titular ou pelo representante legal), pela caducidade (falta de uso da marca) ou pela inobservância do disposto no art. 217 da LPI. 12. Pessoa física pode requerer o registro? R.:Apessoafísicapoderequereroregistrodemarca,desde que comprove a atividade exercida, através de documento comprobatório, expedido pelo órgão competente. Verifica-se a habilitação profissional diante do órgão ou entidade responsável pelo registro, inscrição ou cadastramento. 13. Como acompanhar o andamento dos processos? R.: O andamento dos processos deve ser acompanhado pela publicação oficial, ou seja, a Revista da Propriedade Industrial (RPI) disponível para download em nosso site. 14. Qual é o custo do registro? R.: Para o registro de marca, o interessado pagará uma taxa inicial correspondente ao depósito do pedido. Não havendo obstáculos processuais (exigência, oposição, etc.), deverá ser paga ao final do exame a taxa referente à proteção do primeiro decênio e a expedição do certificado de registro. Para microempresas e pessoa física, os valores para depósito e primeiro decênio da marca são reduzidos em 50%. Consulte aqui os preços. 15. A busca prévia é obrigatória? R.: A busca prévia de marca não é obrigatória, entretanto, é aconselhável ao interessado realizá-la antes de efetuar o depósito, na classe que o signo visa assinalar, com o intuito de verificar se já existe marca anteriormente depositada/ registrada. Essa busca pode ser solicitada na sede do INPI ou em uma das Delegacias ou Representações existentes nos estados brasileiros. Consulte aqui os preços relativos às certidões de busca. 16. Quando pode ser efetivada a transferência de titu laridade? R.: A petição de transferência pode ser efetivada a qualquer momento depois do depósito do pedido de registro de marca. 17. Qual é o tempo de duração de um registro de marca? R.: O registro de marca vigorará pelo prazo de dez anos, contados da data da concessão do registro, prorrogáveis por períodos iguais e sucessivos. O pedido de prorrogação deverá ser formulado durante o último ano de vigência do registro, instruído com o comprovante do pagamento da respectiva retribuição. Se o pedido de prorrogação não tiver sido efetuado até o termo final da vigência do registro, o titular poderá fazê-lo nos 6 (seis) meses subsequentes, mediante o pagamento de retribuição adicional. 18. Qual é o sistema de registro de marca adotado pelo Brasil? R.: O sistema de registro de marca adotado pelo Brasil é atributivo de direito, isto é, a sua propriedade e o seu uso exclusivo só são adquiridos pelo registro. 19. O que vem a ser direito do usuário anterior? R.: Toda pessoa que, de boa-fé, usava no país, há pelo menos 6 (seis) meses, marca idêntica ou semelhante, para a mesma atividade ou atividades afins, pode reivindicar o direito de precedência ao registro. Fonte: http://www.inpi.gov.br/faq/marcas/marcas.htm?tr1. Acesso em: 30/09/2007. 5.3 O branding e o brand equity O branding é o trabalho de construção de uma marca junto ao mercado. Sua execução é tomada por ações que posicionam a marca e a divulgam no mercado. O posicionamento é a técnica por meio da qual os mercadólogos tentam criar uma imagem ou identidade para um produto, marca ou empresa. É o espaço que um produto ocupa na mente do consumidor em um determinado mercado. O posicionamento de um produto é como compradores potenciais o veem e é expresso pela relação de posição entre os competidores. As ações de branding podem ser manifestadas e arquitetadas por meio do brand equity. Essa nova denominação se mostra como um conjunto de recursos, inerentes à uma marca, que se agrega ao valor de algo, proporcionando share por um produto ou serviço. A teoria do brand equity foi elaborada por David C. Aaker, busca explicar que há um conjunto de interações entre a marca e todos os seus públicos. Uma dinâmica de relações que tem como objetivo potencializar as percepções acerca de uma marca, que é fundamentada, acima de tudo, na cultura, na visão e nos valores da empresa. O brand equity, segundo Moreira, Pasquale e Dubner (1999, p. 67), é o valor agregado, resultado da transformação de um produto numa marca. O conceito de brand equity atribui a determinadas marcas um valor superior ao que os consumidores lhe atribuem. Mas a definição que realmente parece ser mais clara é a de Kotler e Keller (2006, p. 270). Brand equity é o valor agregado atribuído a produtos e serviços. Além dessas definições, ainda é possível dizer que o brand equity é o conjunto de ativos e passivos ligados a uma marca. O valor da marca, que na linguagem anglo-saxônica é designado por brand equity, por ser um conceito sobre o qual nos últimos anos muito se tem escrito e falado, está envolto em alguma confusão. Foram e são propostas muitas definições: umas sim plesmente qualitativas; outras, financeiras, outras na perspectiva de valor apenas para a organização; outras, na perspectiva do consumidor, o que resultou numa certa ambiguidade. Por outro lado, essa situação teve, do ponto de vista da gestão de marcas, um impacto positivo, na medida em que demonstrou a necessidade de as organizações se focalizarem nas estratégias de marca e analisarem os modelos mais adequados para avaliarem um dos seus ativos mais valiosos. De acordo com o conceito de brand equity, o modo como as associações de marca são formadas não importa. Ou seja, se o consumidor faz uma associação forte, favorável e exclusiva da marca Subaru com os conceitos “ar livre”, “ativo” e “rústico”, por causa da exibição de um anúncio na tevê que mostra o carro percorrendo um terreno acidentado em diferentes épocas do ano, ou se ele cria essas associações pelo fato de a Subaru patrocinar competições de esqui, caiaque e mountain bike, o impacto em termos de brand equity é idêntico, qualquer que seja a causa. Integração da comunicação de marketing com a construção do brand equity Fonte: Kotler; Keller, 2006, p. 534. É muito importante saber que as atividades de marketing (seja no contexto da comunicação de marketing, de branding, de brand equity e das demais formas e ferramentas de marketing) devem ser sempre “integradas” de forma que possam garantir a transmissão de uma mensagem clara, facilmente identificável e explicável, coerente e objetiva, além disso, deve ser estrategicamente bem posicionada. Segundo Kotler e Keller (2006, p. 535): O ponto de partida do planejamento da comunicação de marketing é levantar todas as interações potenciais que os clientes no mercado-alvo possam ter com a marca da empresa. Por exemplo, quando uma pessoa está interessada em comprar um computador novo, vai conversar com outras, olhar anúncios na televisão, ler artigos, procurar informações na Internet e examinar computadores em uma loja. Ainda de acordo com os autores citados acima, o profissional de marketing precisa avaliar que tipo de experiências e exposições exercem mais influências em cada etapa do processo de compra. Tal compreensão poderá ajudar a organização a alocar recursos para a comunicação de maneira mais acertada, evitando desperdícios e a ajudará também a projetar e implementar os programas de comunicação mais adequados, tanto para a organização quanto para os clientes ou potenciais clientes. Na figura acima, você pode verificar a relação dos programas de comunicação de marketing com o processo de desenvolvimento do brand equity. Na figura abaixo, poderá observar uma relação mais abrangente de como as marcas demonstram-se na forma de contato com o mercado. Ou seja, por meio de que formas as pessoas (clientes e potenciais clientes) entram em contato com a marca e, com isso, com a empresa. Marcas como forma de contato com o mercado Através da perspectiva da construção do brand equity, os profissionais de marketing devem avaliar todas as opções possíveis de comunicação de acordo com critérios de eficácia (em que medida a opção funciona bem) e de eficiência (quanto custa). Essa visão ampla das atividades de construção da marca é particularmente importante quando os profissionais de marketing avaliam as estratégias de melhoria da conscientização da marca. Tal conscientização depende do número de exposições relacionadas à marca e das experiências acumuladas pelos consumidores. Qualquer coisa que faça o consumidor notá-la e prestar atenção nela pode aumentar sua conscientização sobre a mesma, pelo menos em termos de reconhecimento (Kotler; Keller, 2006, p. 535). Atente para que a “conscientização da marca”, tratada por Kotler e Keller na citação acima, pode ser interpretada como referência ao “reconhecimento” e ao “posicionamento” da marca na mente das pessoas. O trabalho de gerar associações a uma marca (aumentando sua identificação), assim como o trabalho de gerar relações com a marca (cliente- empresa) e de gerar respostas da marca ao mercado podem ser desenvolvidos de várias maneiras. Todas as opções possíveis de comunicação de marketing devem ser consideradas com a intenção de criar o conhecimento e a imagem da marca desejados. Criar e manter uma marca é algo trabalhoso, mas algumas marcas podem chegar ao desejado contexto de “marca sinônimo de produto” - quando o nome (a marca) é que identifica o produto. Por exemplo: “Vai ao supermercado comprar um BomBril da Assolan.” 6 O PLANO ORGANIZACIONAL DE COMUNICAÇÃO NO PLANEJAMENTO Para que a comunicação de marketing atinja os resultados esperados, é necessário que seja realizado o planejamento adequado do uso dos esforços e recursos. Mas essa não é uma tarefa fácil ou simples, requer uma acurada atenção do que se deseja fazer, quando, para quem, como e por quê. Para ajudar nesse contexto, veja a seguir algumas explicações que podem contribuir para o que fazer. 6.1 Plano de negócio É o documento formal que contém uma declaração da missão, a descrição dos bens ou serviços da empresa, uma análise de mercado, projeções financeiras e uma descrição das estratégias da direção para alcançar os objetivos da organização (Moreira; Pasquale; Dubner, 1999, p. 279). O plano de negócios (do inglês business plan), também chamado “plano empresarial”, é um documento que especifica, em linguagem escrita, um negócio que se quer iniciar ou que já está iniciado. Ele é, normalmente, escrito pelos empreendedores, quando há intenção de se iniciar um negócio, mas também pode ser utilizado como ferramenta de marketing interno (endomarketing) e gestão. Pode ser uma representação do modelo de negócios a ser seguido. Reúne informações tabulares e escritas de como o negócio é ou deverá ser. Do ponto de vista da comunicação de marketing, o plano de negócios também pode ser utilizado para comunicar o conteúdo a investidores de risco, que podem decidir se aplicam recursos no empreendimento ou não. Em outras palavras, o plano de negócios pode ser utilizado para atrair novos investidores e investimentos. Para E. Bolson, plano de negócio “(...) é uma obra de planejamento dinâmico que descreve um empreendimento, projeta estratégias operacionais e de inserção no mercado e prevê os resultados financeiros”. Segundo o mesmo autor, a estratégia de inserção no mercado talvez seja a tarefa mais importante e crucial do planejamento de novos negócios. 6.2 Planejamento de marketing (plano de marketing) O planejamento de marketing (do inglês marketing planning) pode ser visto como uma prévia da ação futura, além de fixar alvos contra os quais o desenvolvimento pode ser mensurado. Frequentemente, o processo de planejamento de marketing é identificado como “estratégico” e é mostrado como consistindo em vários estágios (Leppard; McDonald, 1991). O processo de planejamento de marketing envolve vários estágios, por exemplo (Lewis; Littler, 2001, p. 234): a coleta de informações sobre o ambiente externo; a identificação de forças, fraquezas, oportunidades e ameaças (= análise SWOT); estágios; a definição das hipóteses em relação à empresa e a seu ambiente; a fixação dos objetivos de marketing à luz dos três primeiros a formulação de estratégias visando ao cumprimento desses objetivos; a preparação de programas definindo o timing das atividades, dos custos e das receitas; a definição das responsabilidades; os meios de monitorar o desempenho. A finalidade do plano de marketing é assegurar que a organização possua os rudimentos para implementar, monitorar e controlar a estratégia (estratégia geral do negócios e demais estratégias/operações táticas complementares). Sendo assim, é importante que o plano de marketing contenha objetivos específicos em termos de vendas (volume de vendas), lucro e participação de mercado; também requer o desenvolvimento e a implementação de estratégias de preço, de comunicação, etc. (Lewis; Littler, 2001, p. 234). Uma outra forma resumida de apresentar o plano de marketing é o quadro que segue. Um plano de marketing é um planejamento para a marca e para as linhas de produtos, visando atingir as metas da empresa. Normalmente, é composto das seguintes partes: resumo executivo e sumário; situação atual de marketing; análise de oportunidades e questões; objetivos; programas de ação; demonstrativo de resultados projetados; implementação; controles e realimentação. 6.3 Planejamento de mídia O planejamento de mídia envolve a seleção das mídias mais apropriadas para a transmissão de mensagens de marketing às audiências-alvo. Antes de preparar seu plano, as organizações devem decidir sobre seus mercados-alvo e objetivo de comunicação. A seleção da mídia pode ser afetada por fatores como a cobertura e a frequência desejadas, o impacto e a continuidade dos anúncios. Para Lewis e Littler (2001, p. 243), globalmente, as organizações desejam ser eficazes em termos de custos em suas escolhas de mídia, logo, as escolhas que estarão diretamente relacionadas aos custos relativos das mídias disponíveis. Na medida em que a seleção da mídia é atingida pelos itens destacados acima, é fundamental considerá-los, pois, além de o planejamento da mídia envolver recursos financeiros e humanos, ele visa ao retorno do empenho de tais recursos. 6.4 Planejamento estratégico O planejamento estratégico pode ser entendido como o processo gerencial que permite estabelecer um direcionamento a ser seguido pela organização, com o objetivo de se obter uma melhor relação entre a organização e seu ambiente. Sendo assim, ele diz respeito à formulação de objetivos para a seleção de programas de ação e para sua execução, levando em conta as condições internas e externas à organização e sua evolução esperada. Além do compromisso de conquistar e reter clientes satisfeitos, as organizações bem-sucedidas devem estar sempre prontas a se adaptar a mercados em contínua mudança. O planejamento estratégico orientado ao mercado cumpre exatamente essa função, pois busca manter uma flexibilidade viável de seus objetivos, habilidades e recursos, enquanto mantém um compromisso com o lucro, com o crescimento e com a sua missão organizacional. O estabelecimento de um planejamento estratégico de marketing envolve cinco atividades: definição da missão corporativa; análise da situação; formulação de objetivos; formulação de estratégias; implementação, feedback e controle. Apenas como efeito de esclarecimento: A missão corporativa diz respeito a compreender qual é o negócio exato a que a organização se presta. Também deve compreender quem é o cliente, o que deve ser oferecido de valor para ele, etc. Tais indagações precisam ser respondidas pelas organizações que almejam o crescimento contínuo. A missão deve ser definida em função de necessidades, e não de produtos. Por exemplo, a Xerox não quer fabricar copiadoras, mas ajudar a melhorar a produtividade dos escritórios, e a Missouri-Pacific Railroad não quer dirigir ferrovias, mas movimentar pessoas e bens. Portanto, as melhores missões são aquelas que buscam atender às necessidades dos clientes, dos acionistas, da sociedade e também dos funcionários. Na análise da situação é que se apresentam os dados históricos relevantes sobre o mercado, a empresa e o produto. Faz-se uma análise de como o composto mercadológico tem sido usado, e tem-se uma visão de como a concorrência tem atuado. Nesse momento, é imprescindível o bom uso da pesquisa de mercado1. Além da pesquisa de mercado, podem ser utilizadas as análises SWOT2 Pesquisa de mercado: resumidamente, pode ser entendida como coleta, análise, apresentação e utilização de dados a respeito de atitudes, bens, características, comportamentos, hábitos, motivações, necessidades, opiniões ou sentimentos de indivíduos, grupos, órgãos ou instituições. 2 Análise SWOT: a sigla SWOT vem das iniciais das palavras inglesas strenghts (forças), weaknesses 1 e/ou a Matriz BCG3; todas são boas formas de analisar o panorama macro e microambiental. É importante destacar também que na análise da situação (análise ambiental), algumas variáveis devem ser observadas; são elas: variáveis ambientais; variáveis culturais/sociais; variáveis demográficas; variáveis econômicas; variáveis jurídicas/políticas; variáveis psicológicas; variáveis tecnológicas. Após essas atitudes (acima), parte-se para a formulação dos objetivos, exatamente aqueles que se deseja atingir, é claro. Então, executase a formulação de estratégias, ou seja, os passos que a organização deverá seguir para atingir os objetivos previamente estabelecidos. Após a formulação de estratégias, é chegado o momento de realizar sua implementação, seu feedback e seu controle, justamente para verificar se os objetivos eram alcançáveis, implementados corretamente (com a estratégia correta) e também se deram retorno (feedback) a cada um dos envolvidos sobre os resultados de suas ações e/ou setores. UNIDADE II 7 A CONSTRUÇÃO DO POSICIONAMENTO: RELEMBRANDO A COMUNICAÇÃO De maneira geral, é preciso desenvolver com segurança o conceito de posicionamento. Por isso, a finalidade nesse momento é conceituá-lo objetivamente. No mundo dos negócios, mais especificamente em marketing, o posicionamento é uma técnica por meio da qual os profissionais de marketing buscam criar uma imagem ou identidade para um produto, marca ou organização (empresa). (fraquezas), opportunities (oportu n idades) e threats (ameaças), pois esses são justamente os pontos a serem analisados. 3 Matriz BCG é uma análise gráfica desenvolvida por Bruce Henderson para a empresa de consultoria empresarial americana Boston Consulting Group, em 1970. Seu objetivo é dar suporte à análise de portfólio de produtos ou de unidades de negócio, baseando-se no conceito de ciclo de vida do produto. Ela é utilizada para alocar recursos em atividades de gestão de marcas e produtos (marketing), planejamento estratégico e análise de portfólio. Nesse sentido, o posicionamento trata do espaço que um produto ocupa na mente do cliente/consumidor em um determinado mercado e momento. Logo, esse posicionamento é a maneira como compradores potenciais o veem e como é ele expresso pela relação de posição (comparação) entre os com petidores. Por exemplo, a comparação entre os diferentes ofertantes de carros sedans médios: sabe-se bem que o Corolla da Toyota (sedan mais vendido do mundo) possui ótimo custo-benefício em relação a seus concorrentes, pois o carro traz uma rede de concessionários considerável, baixo custo de manutenção, conforto, baixa desvalorização, segurança, baixo consumo de combustível na categoria, etc., o que confere a ele pontos frente aos concorrentes da mesma categoria. Um dos principais a destacar é a fama de “carro que não quebra”. Além do posicionamento, também é importante lembrar que existe o reposicionamento, que envolve uma nova mudança da identidade de um produto em relação à identidade de produtos concorrentes na mente dos consumidores. Tome como exemplo o caso das Havaianas, que reposicionaram o produto sandália de “feito para os mais pobres” para a posição atual em que ele é exportado para o mundo todo e é visto nos pés de Gisele Bündchen (pelo menos nas campanhas da marca). Mas atenção: posicionar marcas ou produtos atualmente, momento em que os clientes são bomba rdeados por todo tipo de estímulos publicitários, só é possível quando se trabalha para fazer a conexão do posicionamento desejado para a marca ou produto, com a percepção, os valores e desejos ou anseios já existentes nas mentes do público-alvo. No mínimo, deve ser possível “criar” novas necessidades (mostrar novas formas de uso/necessidades) para os clientes. Identificar oportunidades de posicionamento é um grande teste de habilidade de um profissional de marketing. Estratégias bem-sucedidas nessa área, normalmente, têm sua raiz na vantagem competitiva sustentável de um produto. Entenda os termos: A vantagem competitiva é uma vantagem que uma empresa tem em relação aos seus concorrentes. Ela nasce basicamente de uma competência central do negócio, competência esta que a organização desenvolveu de maneira superior aos concorrentes. Para ser realmente efetiva, a vantagem precisa ser difícil de imitar, única, sustentável, superior à competição e aplicável a múltiplas situações. 7.1 A diferenciação Ainda ligado à ideia de posicionamento, é importante destacar a existência da diferenciação. Em verdade, o posicionamento depende disso. Ou seja, o posicionamento, de certa forma, está ligado a algum tipo de diferenciação percebida (mesmo que seja apenas simbólica) pelo clientes. Em marketing, diferenciação representa a capacidade de uma empresa ser percebida como diferente dos concorrentes, em função de suas vantagens competitivas. Ela pode se diferenciar a partir da segmentação de seu mercado, seu posicionamento e seu mix de marketing (produto, preço, promoção e ponto de venda/distribuição). Por exemplo, para que ocorra a diferenciação de produtos, a empresa conta com uma extensa gama de parâmetros: forma; características; desempenho; conformidade; durabilidade; confiabilidade; facilidade de reparo; estilo; design. Todos os parâmetros acima estão ligados à comunicação de marketing, uma vez que cada um deles pode ser abordado e destacado para diferenciar o produto, a marca ou a organização em relação aos concorrentes. Imagine, por uns instantes, quais são as marcas que você mais conhece, pense o que as fez tão conhecidas para você, verifique qual dos elementos acima representa tal conhecimento. Ah, pense também em como a marca chegou a sua mente, ou seja, o que a organização fez. Lembre-se das campanhas publicitárias a que você assistiu na tevê, ouviu nas rádios ou viu em outdoors. Outro aspecto importante a ser considerado é: nem toda diferença é considerada significativa. Ela deve ser estabelecida até satisfazer os seguintes critérios, para os clientes e/ou para as organizações: importância: ela deve oferecer um benefício de alto valor; destaque: ela deve ser oferecida de maneira destacada; superioridade: ela é, realmente, superior a outras maneiras de se obter o benefício pretendido/apresentado (possível); exclusividade: concorrência; ela não pode ser facilmente copiada pela acessibilidade: ela deve estar ao alcance, logo, o comprador deve poder pagar pela diferença (deve ser capaz de justificar o quanto se paga por algo em relação aos concorrentes diretos); lucratividade: ela deve ser lucrativa para a organização. 7.2 Os micro e macromodelos do processo de comunicação Compreender os elementos fundamentais da comunicação que chegam a resultados positivos não é fácil, mas o estudo dos modelos (micromodelo e macromodelo) pode ajudar a compreender melhor essa relação entre comunicação e resultado das organizações (que são expectativas esperadas que foram previamente estabelecidas, e os resultados alcançados após a implementação das medidas cabíveis). Veja a figura a seguir. Note que ela é bastante parecida com a figura anterior, fluxograma do processo de comunicação, mas não igual. Por exemplo, nesta figura, aparecem a palavra “meio” e a palavra feedback, além de uma pequena mudança estrutural. Elementos do processo de comunicação segundo Kotler e Keller Fonte: Kotler; Keller, 2006, p. 536. A figura acima mostra um macromodelo de comunicação com novos elementos, sendo que dois deles representam as principais partes envolvidas na comunicação (o emissor e o receptor). Outros dois representam ferramentas de comunicação (a mensagem e o meio no qual a mensagem é proferida). Outros quatro elementos representam as principais funções da comunicação (codificação, decodificação, resposta e feedback). O último elemento é o ruído – mensagem aleatória e concorrentes que podem interferir na comunicação (Kotler; Keller, 2006, p. 536). 8 A COMUNICAÇÃO INTEGRADA DE MARKETING Quando se trata da comunicação integrada de marketing, uma forma fácil de fazer com que a mesma seja entendida é conscientizar-se de que, atualmente, frente à forte concorrência entre as organizações, tanto as organizações quanto os profissionais de marketing devem certificar-se de que as mensagens que chegam aos clientes e consumidores sobre os produtos e serviços sejam claras, concisas e integradas. Ou seja, cada membro da organização envolvido no marketing e na comercialização de um produto ou serviço deve transmitir ao consumidor a mesma mensagem (Ogden; Crescitelli, 2007, p. 13). Leia o excelente raciocínio descrito por Ogden e Crescitelli (2007 p. 14): Imagine-se em um supermercado, procurando uma marca específica de molho de tomate. Ao passar pelas prateleiras, você pode ver muitos rótulos. O que faz com que você escolha uma marca em especial entre tantas outras? É a embalagem? Ou talvez o próprio nome da marca? Ou, ainda, será a posição do produto de tal marca na prateleira? Você pode ter lido sobre o produto no jornal. Ou será que viu na televisão? Afinal, não foi um amigo que o recomendou? Ou, na verdade, um amigo seu disse que não tinha gostado de uma ou duas outras marcas ao lado da escolhida? O supermercado tem a marca que você está procurando? O preço lhe parece atraente? Não há apenas uma resposta certa. Uma ou todas essas razões fizeram com que você escolhesse aquele molho de tomate específico. Na verdade, muitas outras variáveis podem ter influenciado sua decisão. No final das contas, é sua percepção geral em relação ao produto que o impele à decisão de compra (grifo nosso). Já que a questão era a escolha do molho de tomate ideal, então reflita: Imagine-se tentando fazer a melhor escolha entre os molhos de tomate à venda. Na posição de consumidor, você pensa em todos os elementos envolvidos na produção de molho de tomate, desde o processamento até os recursos humanos? Do departamento jurídico ao de logística? Claro que não. Você não olha para aquele produto e pensa: “Uau, olha só que belo trabalho fizeram esses contadores!” ou “Poxa, dessa vez o pessoal de treinamento pesou na bola!” (grifo nosso) (Ogden; Crescitelli, 2007, p. 14). Sobre o trecho acima, o raciocínio é simples: lembre-se de que quando os clientes ou consumidores procuram um produto ou um serviço, eles, na verdade, estão simplesmente à procura das qualidades capazes de satisfazer suas necessidades ou seus desejos. Sendo assim, quaisquer mensagens que tenham recebido sobre um produto ou um serviço, seja pela tevê, rádio, Internet, opinião de amigos, etc. tornam-se importantes para a decisão de compra. Por causa disso, as gestões das organizações (administradores ou empresários) precisam ter certeza de que as mensagens que foram, são ou serão enviadas ao público-alvo (clientes e consumidores) sejam precisas, concisas e consistentes (integ radas com todo o contexto da organização). Em outras palavras, a comunicação estabelecida com os clientes precisa ser uma comunicação literalmente articulada, integrando-se aos diferentes esforços do mix da comunicação (e do mix de marketing) para atingir os melhores resultados possíveis, por isso todos os envolvidos precisam ser informados e orientados sobre o produto e/ou serviço, campanha de comunicação, etc., para que ninguém que esteja envolvido com a comunicação na organização, direta ou indiretamente, incorra em erros de informação aos clientes, por exemplo. Qualquer problema na comunicação, qualquer ruído ou distorção entre o que se desejava comunicar e o que foi comunicado de fato pode ser danoso para as organizações. Sempre que os clientes ou consumidores recebem diferentes mensagens sobre o mesmo produto, estabelece-se uma dificuldade para eles de escolher qual é a melhor mensagem, porque instaura-se a indagação: ”O que está errado? Por que as duas mensagens não dizem a mesma coisa?”. Para piorar a situação, se as mensagens forem conflitantes, certamente, o resultado da comunicação será negativo para a organização dona do produto e da marca, pois não é fácil para os clientes escolher em qual das mensagens ele vai acreditar, e acaba por desvalorizar toda a comunicação e, por consequência, a organização, a marca e o produto ligados à comunicação. As organizações devem se conscientizar de que todas as ações e variáveis de marketing e de comunicação se afetam mutuamente, além de afetarem os clientes e consumidores, é claro. As variáveis de comunicação afetam o marketing e é por isso que os esforços de comunicação de uma organização devem ser integrados. O resultado da integração é a criação de uma sinergia, ou seja, que os esforços combinados de todas as partes envolvidas gerem um efeito maior que a soma dos esforços individuais isoladamente (Ogden; Crescitelli, 2007, p. XIV). É a ideia de que a ação integrada de todos gera um resultado maior (e melhor) que a simples somas das partes. Portanto, a Comunicação Integrada de Marketing (CIM) envolve a divulgação do produto e/ou serviço, o que, para o composto de marketing (4Ps: Produto, Preço, Praça e Promoção) quer dizer que o composto “P” do produto é o qual recebe a principal atenção. O composto da CIM é formado por diversas formas de comunicação; entre elas, propaganda, promoção de vendas, marketing direto, marketing digital, venda pessoal, relações públicas. Na literatura brasileira, o conceito de comunicação integrada foi discutido por Kunsch (1986) para ressaltar a importância do planejamento de relações públicas na totalidade das atividades de comunicação. A compreensão da comunicação integrada parte das noções de interdisciplinaridade, da “(...) atuação conjugada de todos os profissionais da área” (Aberp apud Kunsch, 1986, p.107) e da interação das atividades de áreas afins da comunicação. Desta forma, “O importante, para a organização social é a integração de suas atividades de comunicação, em função do fortalecimento de seu conceito institucional, mercadológico e corporativos junto a todos os seus públicos” (Kunsch, 1986, p.112). Para Churchill (2000), a CIM é uma abordagem que combina os elementos do composto das comunicações em um todo consistente para fornecer maior clareza e impacto de marketing. Para Duncan e Moriarty (apud Duncan; Caywood, 1996), o conceito de CIM evoluiu para contemplar o processo estratégico de controlar ou influenciar todas as mensagens, encorajando um diálogo objetivo que cria e sustenta relacionamentos lucrativos com clientes e outros stakeholders. Ainda segundo Moriarty (2001), na CIM, o conceito não é apenas um aspecto específico da mensagem, é também o fator integrador sobre o qual é construída a imagem da empresa, do produto ou da marca. Segundo Kotler (1999), o conceito de comunicação integrada aborda não apenas a importância da coordenação das atividades de comunicação, mas também a necessidade de alinhamento das estratégias de comunicação com os demais elementos do composto de marketing. As políticas de comunicação devem ser coerentes com as características do produto, faixa de preço e forma de distribuição; por exemplo, uma campanha massiva é inócua para bens de especialidade, de preço premium e distribuição exclusiva; da mesma forma, a comunicação dirigida não é efetiva quando se trata de bens de conveniência, a preços populares, com distribuição intensiva. É importante considerar que, inicial e tradicionalmente, a CIM prevê a construção de uma mensagem organizacional única, através de diversos instrumentos de comunicação, respeitadas as características de cada veículo, mas com um único conteúdo. Hoje, com o surgimento de novas tecnologias de informação, a unicidade da mensagem não é mais obrigação; na verdade, passou-se a possibilidade de se ter a “multiplicidade” de mensagens, todas convivendo ao mesmo tempo. Seja como for, a ideia da CIM é a coordenação para se gerar um impacto máximo, ou seja, com o melhor retorno sobre o que foi programado na comunicação (objetivos da comunicação). Por fim, a comunicação integrada pode referir-se não apenas à integração de ações comunicativas, mas também à integração de informações organizacionais, condição fundamental para o aumento da competitividade organizacional e a realização dos objetivos de produtividade. Ou seja, a comunicação integrada, na prática, coexiste com o planejamento organizacional. 8.1 Entendendo a estrutura Comunicação Integrada de e forma de comunicação da Marketing Primeiramente, é importante salientar que o composto de comunicação de marketing pode ser dividido em categorias. Segundo Ogden Crescitelli (2006, p. 23), elas podem ser cinco categorias, a saber: No eixo horizontal: tradicionais; complementares; inovadoras. No eixo vertical: massificadas; segmentadas. Veja a tabela a seguir. Fonte: adaptada de Ogden; Crescitelli, 2006, p.24. Segundo os autores, no eixo vertical, a classificação é feita entre massificada (aquelas que atingem grande número de pessoas) e segmentada (aquelas que atingem um número restrito de pessoas). Por sua vez, as três categorias do eixo horizontal são: tradicional (forma clássica de comunicação de marketing), complementares (modalidades de comunicação que, apesar de serem pouco consideradas, são igualmente importantes, frequentes e utilizadas há tempos) e inovadoras (novas modalidades que surgiram com o avanço tecnológico, mais especificamente, com o avanço da tecnologia da informação). Um dado importante que não pode passar despercebido é que, embora não exista uma graduação no eixo vertical, é possível imaginar que, quanto mais a modalidade estiver localizada na parte superior, maior o nível de massificação, e quanto mais estiver na parte inferior, menor é o nível de segmentação. Em decorrência, as modalidades mais ao centro são as que podem ser tanto massificadas quanto segmentadas, como é o caso da promoção de vendas (Ogden; Crescitelli, 2006, p. 24). 8.2 Formas de comunicação da Comunicação Integrada de Marketing 8.2.1 Formas tradicionais 8.2.1.1 Propaganda A propaganda é um tipo de apresentação de venda impessoal, estabelecida em um nível predeterminado, visando a um público dentro de um período especificado de tempo; ela é paga por um patrocinador identificável, ou seja, qualquer forma paga de apresentação impessoal de ideias, produtos ou serviços efetuada por um patrocinador identificado (organização contratante da propaganda). Portanto, a propaganda envolve, de alguma forma, o pagamento por parte de um interessado (patrocinador) para que algo (informação sobre algo) seja veiculado em um ou mais canais de mídia com fins específicos para o pagante ou determinador, geralmente incremento de vendas, melhoramento da imagem institucional, etc. (Moreira; Pasquale; Dubner, 1999, p. 299). A propaganda é paga e repetitiva, e o patrocinador da mensagem é identificado, o que significa que trata de uma mensagem de conteúdo controlado. Isso sugere que uma propaganda sempre trará informações favoráveis sobre o produto ou serviço (Ogden; Crescitellli, 2006, p. 25), mas isso é apenas uma forma de explicar a propaganda, pois, se for realizada de maneira inconsequente ou pouco cuidadosa, pode representar um grande dificuldade para a organização ao invés de um ponto forte. 8.2.1.2 Publicidade e relações públicas A publicidade, por sua vez, é um tipo de atividade que promove uma empresa ou instituições, ou seus produtos ou serviços, pela inserção de notícias gratuitas na mídia. Nesse caso, não há patrocínio ou financiamento por parte daquele que tem seu nome veiculado, não há a figuração do dinheiro em vias de fato (pagamento). Ela é caracterizada por atividades de relações públicas, diretamente relacionadas à promoção de um produto ou serviço (Moreira; Pasquale; Dubner, 1999, p. 299). A publicidade é, portanto, a ocorrência de comunicação, positiva ou negativa, não paga pela organização que veicula seu nome direta ou indiretamente, de forma que, se positiva, teça comentários a ela favoráveis, apresentando seus pontos fortes, bem como seu comprometimento com um ou outro quesito social, ou vários deles (responsabilidade social, recuperação do meio ambiente, patrocínio e incentivo aos esportes, dentre outros). A publicidade, por não ser paga e programada por aquela que teve seu nome veiculado, acaba tendo forte apelo positivo na mente dos consumidores e/ou clientes. Segundo Ogden e Crescitelli (2006), a publicidade, para ser realizada, utiliza a mídia de massa da mesma maneira que a propaganda, porém, quando a empresa paga a veiculação, como no caso da propaganda tradicional, ela tem total controle sobre a forma e o conteúdo do anúncio. Já no caso da publicidade, que utiliza espaço não pago, o conteúdo da mensagem é determinado pelo meio de comunicação utilizado (tv, jornal, rádio, etc.). Sendo assim, a publicidade obtida é considerada “gratuita”, mas precisa ser direcionada. Dopontodevistadosprofissionaisdemarketing,acomunicação deve gerar notícias favoráveis sobre o produto e/ou serviço, sobre a organização, a pessoa, etc., porém, é aí que existem complicações. Lembre-se de que ela não é controlada pelos profissionais da organização (por exemplo, o departamento de marketing da Coca-Cola não é capaz de definir o que os redatores do jornal local de qualquer cidade vão escrever sobre a marca e o produto), mas sim pelos demais profissionais articuladores não ligados diretamente à organização (ou seja, profissionais que trabalham nos canais de mídia; por exemplo, Folha de São Paulo, Gazeta Mercantil, etc.). As relações públicas (RP) consistem nos meios para a criação de boas relações com os vários públicos da empresa, através da obtenção de publicidade favorável, a criação de uma “imagem corporativa” e o controle ou afastamento de rumores, histórias ou eventos desfavoráveis. As principais ferramentas de RP incluem relações com a imprensa, publicidade do produto, comunicações corporativas, lobbying e aconselhamentos. As RP são, ou podem ser, responsáveis, também, pela comunicação e outros relacionamentos que uma organização tem com suas várias audiências, isto é, clientes, acionistas, funcionários, governo, vizinhos, etc. (Moreira; Pasquale; Dubner, 1999, p. 316). Relações Públicas é a função administrativa que avalia atitudes públicas, identifica as políticas e procedimentos de um indivíduo ou instituição com o interesse público e executa um programa de ações para obter entendimento e aceitação pública (Kotler; Fox, 1994, p. 322). 8.2.1.3 Patrocínio O patrocínio é a forma de comunicação que deve estar inserida na estratégia de comunicação da organização, de modo a completar e estimular outras técnicas como publicidade, relações públicas, etc. Sua aplicação pode ser feita, minimamente, de duas maneiras: em eventos culturais e esportivos ou programas veiculados pela mídia (Moreira; Pasquale; Dubner, 1999, p. 271). O patrocínio é a prática de promover os interesses de uma empresa e suas marcas a um evento específico ou uma causa (Ogden; Crescitelli, 2006, p.26). Em suma, o patrocínio é o fornecimento de assistência, financeira ou em espécie, ou trabalho, a uma atividade por uma empresa com o propósito de atingir objetivos comerciais. Com isso, conforme Lewis e Littler (2001, p. 221), as razões ou objetivos do patrocínio estão inter-relacionados e incluem: a manutenção do nome da empresa perante o público; o desenvolvimento ou a alteração das percepções do público em relação à organização; a exibição de uma empresa socialmente preocupada e envolvida comunitariamente; a identificação com um mercado-alvo e, assim, a promoção de produtos e marcas; o enfrentamento de publicidade adversa; a melhora do recrutamento de novos funcionários; vendas. o aumento do número de clientes potenciais para a força de Essa é uma atividade já bastante antiga, mas só recentemente seu destaque aconteceu, provavelmente em função do desenvolvimento da CIM. Para Ogden e Crescitelli (2006), o patrocínio pode ser considerado uma forma de comunicação cuja essência está relacionada à construção de uma imagem por meio de associação com outra já estabelecida, ao contrário, por exemplo, da propaganda, que cria uma imagem. Mas a finalidade é a mesma, ou seja, ajudar na construção do posicionamento do produto ou serviço. Por ter essa característica, seu efeito também tende a ser de médio a longo prazo, pois a transferência da imagem não ocorre sem a manutenção da atividade por período prolongado. Por essa razão, desenvolver ações de patrocínio de curto prazo e com diferentes focos, em geral, pode tornar a empresa ou o produto mais conhecido, mas dificilmente gerará algum efeito na construção de sua imagem. O patrocinador é pessoa física ou jurídica que assume a responsabilidade financeira e assistencial, de manutenção, marketing e promoção, de pessoa ou grupo, time ou equipe, ou eventos. Escolher um patrocinador não é uma tarefa fácil; aliás, pode – se não for bem realizada – tornar-se um desastre. Por fim, o patrocinador quase sempre tem o retorno de seu investimento através de publicidade e marketing, valendo-se, para isso, da utilização da imagem e do nome de quem está sob seu patrocínio. Algumas vezes, também usufruem de direitos de abatimento em impostos e contribuições estaduais ou federais. 8.2.1.4 Promoção de vendas A promoção de vendas pode ser resumidamente entendida como os incentivos de curto prazo para encorajar a compra ou a venda de um produto ou serviço (Moreira; Pasquale; Dubner, 1999, p. 298). É uma atividade ou material que age como induzimento direto, oferecendo valor agregado e incentivo para um produto e revendedores, balconistas ou consumidores (Lewis; Littler, 2001, p. 264). A promoção de vendas é preparada para estimular consumidores e revendedores, levando-os a experimentar uma nova marca, através da compra do produto. O comprador pode ser o consumidor, um intermediário ou a própria equipe de vendas de uma organização. Toda ação de promoção visa agregar um benefício extra ao produto ou serviço, como forma de estimular a compra. Logo, a promoção de vendas pode ser entendida como um conjunto de técnicas de incentivo, impactante, de prazo determinado, objetivando estimular os diversos públicos à compra/venda mais rápida e/ou maior volume de produtos ou serviços (Ogden; Crescitelli, 2006, p. 27). 8.2.1.5 Marketing direto É o marketing efetuado através de propaganda em vários tipos de mídia que interagem diretamente com os consumidores, geralmente solicitando a eles que apresentem uma resposta direta (Moreira; Pasquale; Dubner, 1999, p. 234). Duas definições de marketing direto: segundo a Direct Marketing Association (DMA): “(...) um sistema interativo de marketing que usa um ou mais meios de propaganda para obter uma resposta e/ou transação mensurável em qualquer localidade”; segundo a Associação Brasileira de Marketing Direto (ABEMD): “(...) um sistema interativo de marketing que utiliza um ou mais veículos de comunicação que visa obter resposta e/ou transação mensurável em qualquer local, tendo seus resultados registrados em banco de dados”. Como fundamental característica do marketing direto, é importante citar que o mesmo permite a comunicação personalizada. Além disso, ele pode ser usado com muitos meios ou com apenas um. Por exemplo, a mala-direta pode ser usada sozinha para atingir o mercado-alvo ou pode acompanhar propaganda na tv. O marketing direto visa criar uma resposta imediata e mensurável do mercado. Segundo Ogden e Cresticelli (2006, p. 27), entre as várias formas de marketing direto, estão: mala-direta; o telemarketing; venda direta; a propaganda de resposta direta; as formas que utilizam meios eletrônicos. É importante lembrar que o aumento do uso do marketing direto também está ligado ao aumento dos custos da mídia tradicional (em especial a televisiva); com isso, os profissionais de marketing e gestões organizacionais passam a procurar outros métodos para atingir o público-alvo a um custo mais razoável. O avanço tecnológico, sobretudo o que recai sobre os bancos de dados, foi muito favorável à execução do marketing direto. 8.2.1.6 Venda pessoal A venda pessoal pode ser entendida como a apresentação oral, em uma conversação com um ou mais compradores em potencial, com o propósito de vender algo (Moreira; Pasquale; Dubner, 1999, p. 371). Além disso, a venda pessoal pode ser compreendida como o processo de informar consumidores e potenciais consumidores e de persuadi-los a comprar produtos e/ou serviços por meio de comunicação oral em uma situação de força, face a face ou por telefone (telemarketing ativo) (Lewis; Littler, 2001, p. 324). A venda pessoal ocorre na residência, nas lojas e em outras organizações (relações business to business) e sempre envolve a força de vendas. No caso da venda pessoal, as características e a personalidade do pessoal de vendas (profissional de vendas, ou simplesmente vendedor) são importantes, em particular porque as técnicas de persuasão, que incluem o uso de pequenas gratificações, podem ser relevantes. Segundo Ogden e Cresticelli (2006), a venda pessoal é utilizada para gerar os benefícios da comunicação individualizada e envolve diálogo entre a empresa e o consumidor; ou seja, é uma comunicação individual (por telefone ou pessoalmente) entre um comprador e um vendedor. 8.2.1.7 Assessoria de imprensa Embora não faça parte da estrutura dos elementos apontados até agora, a assessoria de imprensa, mesmo muitas vezes se misturando com relações públicas ou com a publicidade, não pode ficar sem a devida atenção. A explicação que segue, na verdade, tem mais a função de evitar confusões quanto ao uso dos termos e promover o correto entendimento dos mesmos. A assessoria de imprensa trata da gestão do relacionamento entre uma pessoa física, entidade, organizações, órgão público e a imprensa. No Brasil, os profissionais que desempenham a função de assessoria de imprensa costumam ter formação em relações públicas e em jornalismo. Em outros países, a função não é reconhecida como jornalística, e sim como de relações públicas apenas. Entendendo os termos: Imprensa é a designação coletiva dos veículos de comunicação que exercem o jornalismo e outras funções de comunicação informativa em contraste com a comunicação puramente propagandística ou de entretenimento. O termo imprensa deriva da prensa móvel, processo gráfico criado por Johannes Guttenberg no século XV e que, a partir do século XVIII, foi usado para imprimir jornais, então os únicos veículos jornalísticos existentes. De meados do século XX em diante, os jornais passaram a ser também radiodifundidos e teledifundidos (radiojornal e telejornal) e, com o advento da world wide web, vieram também os jornais on-line, ou ciberjornais, ou webjornais. O termo “imprensa”, contudo, foi mantido. A assessoria de imprensa é um instrumento dentro do composto da comunicação desenvolvida para as organizações, que faz parte das atividades da área de comunicação e marketing. Ao contrário do que alguns pensam, a tradução do inglês publicity não tem a ver com publicidade, mas apenas assessoria de imprensa. Sua principal tarefa é estabelecer ligação direta entre uma organização do primeiro, segundo ou terceiro setores. Uma assessoria de imprensa trabalha para um assessorado, que pode ser um cliente particular ou uma instituição; pode ser uma empresa qualquer, pessoas físicas como personalidades públicas, médicos, advogados, músicos, ou um administrador de uma grande corporação. Além disso, podem ser instituições e organizações estatais, autarquias, governos, partidos, sindicatos, clubes, Organizações Não Governamentais (ONGs). O interesse pela assessoria, em geral, é determinado pela geração de informações de interesse público, logo, informações destinadas ao público em geral ou segmentado. Principais objetivos ou funções do assessor de imprensa: capacitar o assessorado e outras institucionais a entender e lidar com a imprensa; fontes de informação estabelecer relações sólidas e confiáveis com os meios de comunicação e seus agentes, com o objetivo de se tornar fonte de informação respeitada e requisitada; criar situações para a cobertura sobre as atividades do assessorado, para alcançar e manter – e, em alguns casos, recuperar – uma boa imagem junto à opinião pública; apresentar, firmar e consolidar as informações pertinentes aos interesses do assessorado no contexto midiático local, nacional e internacional; implementar a cultura de comunicação de massa nos aspectos interno e externo relativamente ao assessorado por meio de condutas proativas junto à estrutura midiática. Portanto, uma das principais tarefas do assessor de imprensa é, justamente, aproximar dos meios de comunicação a realidade das organizações, no tocante a suas notícias e, principalmente, a informações de interesse público. Pense nisso: a assessoria de imprensa é fundamental, porque é impossível para os meios de comunicação ficarem sabendo de tudo o que ocorre em entidades privadas e organismos governamentais sem a ajuda de um assessor de imprensa. Entendendo os termos: Press-releases ou comunicados de imprensa, ou apenas releases são documentos divulgados por assessorias de imprensa para informar, anunciar, contestar, esclarecer ou responder à mídia sobre algum fato que envolva o assessorado, positivamente ou não. É, na prática, uma declaração pública oficial e documentada do assessorado. Geralmente, releases são usados para anúncios e lançamentos de novidades que a assessoria tem interesse que virem notícia. 8.2.2 Formas complementares Para efeito de simplificação, os autores Ogden e Crescitelli, (2006) foram escolhidos como fonte para os itens que segue. Tal fato se deu em função do excelente trabalho de compilação e explicação dos assuntos abordados por eles. 8.2.2.1 Product placement É a inserção de produtos em programas de televisão ou filmes. No Brasil, não se sabe exatamente por que, mas essa modalidade de comunicação é erroneamente chamada de merchandising, ou, mais especificamente, merchandising televisivo (ou em tv). Na verdade, trata da inclusão de produtos ou serviços em qualquer forma de produção em televisão ou filmes em troca de alguma forma de pagamento pelo anúncio. Apesar de não ser usual a tradução do termo, o mesmo poderia ser entendido como “inserção de produtos”. Exemplo: quando, em uma novela da Rede Globo, uma personagem qualquer diz que o sabonete da Natura que utilizou é ótimo (mostrando o produto e falando bem dele). 8.2.2.2 Ações coordenadas com o trade Neste caso, trata-se das campanhas de comunicação de varejo desenvolvidas conjuntamente pelos fabricantes e pelos varejistas, assinadas por ambos ou com participação explícita de um deles na comunicação. Muito embora essa não seja uma modalidade das mais relevantes, vem ganhando destaque em função dos crescentes investimentos em ações dessa natu reza. 8.2.2.3 Marketing digital Trata-se dos métodos de marketing e comunicação que utilizam o computador e as redes de computadores (Intranet e Internet). O uso de computador e da rede de computadores é conhecido como marketing digital, cuja função básica é utilizar o poder das redes on-line, da comunicação por computador e dos meios interativos para atingir os públicos-alvo. Entre os vários tipos de marketing digital estão: a criação de sites web; a inclusão de mensagens em sites de busca, compras, notícias, lazer e chats de terceiros; as ações de e-mail marketing (mas sem cair na tentação de envio de spam, que são mensagens consideradas lixo eletrônico); a criação de comunidades virtuais (como o Orkut). 8.2.2.4 Eventos Essa modalidade inclui férias, congressos, seminários, exposições, shows, etc. Os eventos podem ser classifi cados em duas categorias básicas: os eventos com orientação técnica e os eventos destinados ao público em geral. O primeiro e mais específi co (determinada área técnica ou do conhecimento científi co) é, por exemplo, um evento para investidores e potenciais investidores de hotelaria e turismo. O segundo envolve os produtos de compra comparada, logo, envolvem os eventos musicais, torneios de surfe, rodeios, salão do automóvel, feira do livro, etc. 8.2.2.5 Merchandising Essa atividade tem sua origem no processo de arrumação de mercadorias nas lojas, daí a origem da palavra, que vem do inglês merchandise (mercadoria). O merchandising tornou-se particularmente importante à medida que o varejo foi ampliado e diversificou a quantidade de itens e opções de marcas de cada item comercializado. O merchandising promove o produto no ponto de venda. Merchandising é a prática de marketing na qual a marca ou a imagem de um produto ou serviço é utilizada para vender outro, destacando-o da concorrência, isso acontecendo no ponto de venda. Merchandising também pode ser entendido como a ação de promover que usa a comunicação de marketing no ponto de venda e em espaços editoriais na televisão, mídia impressa e eletrônica, em filmes, em telenovelas e outros, para reforçar mensagens publicitárias feitas anteriormente, ou mesmo em substituição à publicidade, em alguns casos. Antigamente, os produtores rurais levavam as suas mercadorias para serem comercializadas nos armazéns, onde todos os feijões ficavam em embalagens iguais (venda a granel). Alguns produtores decidiram destacar os seus feijões dos outros inserindo uma inscrição na embalagem, assim diferenciando os seus produtos. A partir daí, essa diferenciação foi evoluindo até se separar do produto em si, passando a atuar isolada mente. 8.2.2.6 Folhetos ou catálogos Embora para muitas organizações e profissionais de marketing os folhetos e os catálogos sejam modalidades da comunicação que menos recebem atenção, para outras organizações, os folhetos estão tornando-se cada vez mais importantes. Veja, por exemplo, a comparação de preços e o simples informe de produtos presentes em um folheto ou catálogo de um supermercado, ou os do setor imobiliário, do setor bancário ou do setor de construção civil, como o caso dos materiais para construção. 8.2.2.7 Marketing de relacionamento É o marketing voltado para desenvolver relacionamento duradouro e sustentável com os clientes e/ou consumidores. É o processo contínuo de identificação e criação de valores e compartilhamento de seus benefícios com clientes individuais, durante todo o tempo de vigência da parceria. O marketing de relacionamento preocupa-se em entregar soluções úteis para os clientes, conhecer os consumidores, saber do que eles gostam e do que não gostam, o que pensam da organização e por que, etc. 8.2.3 Formas inovadoras 8.2.3.1 Advertainment O termo representa a fusão das palavras advertising (propaganda) e entertainment (entretenimento). Como o próprio termo sugere, trata-se de unir a propaganda ao entretenimento. Na prática, significa inserir uma mensagem mercadológica em uma atividade de entretenimento de tal modo que seja impossível desassociar uma da outra. Sua finalidade é melhorar a eficácia da mensagem, uma vez que o modelo tradicional de propaganda está cada vez mais desgastado. A expectativa dos gestores de comunicação ao utilizarem essa modalidade é melhorar a recepção da mensagem (pois ela evita a dispersão existente de modelos convencionais de propaganda) e, principalmente, aumenta seu impacto, associando a marca do produto da empresa a algo que seja agradável ou que dê prazer do público-alvo. 8.2.3.2 Marketing viral Essa é uma modalidade de comunicação recente, fruto da evolução tecnológica. Especificamente, fruto do advento da Internet. Pode-se entender o marketing viral como o boca a boca tendo a Internet como meio de suporte, isto é, uma versão digital da tradicional comunicação boca a boca. O termo ”marketing viral” tem como inspiração a epidemiologia, sendo a mensagem, nesse caso, considerada um vírus que ”infecta” os usuários da Internet, os quais, supostamente, repassarão para outros usuários. Por exemplo, você conhece alguém que nunca recebeu e retransmitiu uma mensagem por e-mail de que gostou muito, por acaso, aquela linda mensagem de Natal do ano passado, ou de Páscoa do ano retrasado? 8.2.3.3 Buzzmarketing O buzzmarketing é uma modalidade de comunicação cujo conceito se aproxima do de marketing viral, tanto que muitas vezes os dois são entendidos como a mesma coisa. Fundamentalmente, a diferença está no fato de que o marketing viral é feito exclusivamente pela Internet, enquanto o buzzmarketing não. Porém, ambos estão fortemente relacionados com a propagação da mensagem pelo boca a boca ou por formas não convencionais. A intenção do buzzmarketing, cuja primeira parte do nome – buzz – é uma onomatopeia4 do zumbido das abelhas, é criar burburinho, colocar um tema em evidência, fazer com que determinado assunto ganhe relevância nos comentários entre as pessoas, como “Só se fala disso na cidade”. É evidente que certos assuntos caem nessa situação naturalmente, devido ao interesse que despertam ou à carga de polêmica que contêm. Porém, gerar um buzzmarketing intencional e de caráter positivo para atender a um interesse empresarial ou comercial não é tarefa das mais fáceis. Contudo, essa é uma maneira não só de baratear a comunicação, mas de ganhar repercussão e credibilidade na mensagem emitida. 9 ÉTICA NA COMUNICAÇÃO Talvez, para muita gente, o assunto ”ética” seja repetitivo; porém, na verdade, o que se deseja é que o mesmo seja constante na vida das pessoas, ao ponto de não mais haver necessidade de se tratar dele porque se tornou intrínseco a cada homem e mulher. O que na verdade interessa é a utilização dos recursos (conhecimentos sobre ética) para formação de profissionais cidadãos conscientes de suas competências e atividades e preparados para desenvolverem seus papéis respeitando os demais indivíduos, seguindo as regras de convívio coletivo e preservando o direito à expressão, quando a mesma não se trata de um ataque vazio e descabido à imagem de uma pessoa, organização ou causa. Se a finalidade da ética é a busca constante pela felicidade, ou seja, garantir ao homem seu acesso à real condição de ser feliz sem agredir a moralidade alheia e sem interferir negativamente nos sensos e consensos dos demais, por que tantos homens e mulheres não conseguem rever seus próprios comportamentos, corroborando em um aprendizado que os tornaria melhores e mais felizes? Talvez não haja uma resposta para a questão acima no tocante aos complexos comportamentais da vida humana, mas certamente busca-se uma resposta que atenda à formação dos profissionais que se voltam à área de comunicação, seja ela mercadológica ou jornalística. Tal busca deve marcar a construção de responsabilidades e compromissos com aquilo que é comunicado, como é comunicado, quando e por quem e, claro, para quem é comunicado (público-alvo da comunicação). Lembre-se de que a comunicação pode influenciar positiva ou negativamente as pessoas, seja quando estão dentro das organizações, seja Onomatopeia – palavra que imita o som natural da coisa significada. Exemplo: tique-taque (Ferreira, 2000, p. 499). 4 quando estão nas suas casas – de porte de suas vidas cotidianas (através do jornal, rádio, Internet ou telejornal que as atingem). A conduta ética não é mera coadjuvante da vida humana, nem da arte de ser homem ou profissional; na verdade, ela é o que leva a discernir entre o melhor e o pior, o bem e o mal de maneira segura. Ela promove o livre arbítrio, garantindo que as escolhas individuais são também de responsabilidade individual, mesmo quando julgadas coletivamente; logo, ela é uma construção das relações de cada um (homem ou mulher) com o mundo em que está inserido, respeitando as semelhanças e especialmente as diferenças de cada indivíduo. O pensamento acima deve ficar claro para todos os profissionais de quaisquer áreas, mas é possível fazer uma menção especial aos profissionais que se voltam para a área da comunicação e marketing, uma vez que o exercício de sua profissão pode interferir mais diretamente no cotidiano de outros (pessoas, organizações), causando alegrias, mas também tristeza e/ou prejuízos. Em suma, a preocupação com a relação ética das coisas é lembrar a todos que ser ético, moral, etc. é uma escolha particular genericamente, logo, trace o seu caminho de acordo com suas convicções profissionais, mas lembre-se de desenvolvê-las de maneira a preservar o bem-estar da sociedade e do meio, das relações entre os agentes da mesma sociedade e, claro, suas relações com todos com que você desenvolve qualquer tipo de contato. 10 TIPOS DE VAREJO Em marketing e para as organizações, além de conhecer o atacado, que é a condição que envolve o atacadista, que pode ser entendido como organização que se destina a vender em grande volume, geralmente para outras organizações, é importante entender o que é e como funciona o varejo. O varejo pode ser entendido como todas as atividades envolvidas na venda de bens ou serviços diretamente para os clientes finais (consumidores) para seu uso pessoal, e não industrial (Moreira; Pasquale; Dubner, 1999, p. 46 e 368). 10.1 Tipos de varejo São muitos os tipos de organizações de varejo, e novas continuam surgindo. Para facilitar o entendimento, são citados aqui os principais tipos de lojas de varejo em que os consumidores podem efetivar suas compras (as lojas de especialidades, lojas de departamentos, supermercados, lojas de conveniência, lojas de descontos, lojas de liquidação – varejistas off-price –, showroom de vendas por catálogo, dentre outras) (Zambon; Benevides, 2003, p. 79). As lojas de especialidade apresentam como principal característica possuírem uma linha restrita de produtos, com uma grande variedade de itens correlatos, como as lojas de vestuário, lojas de artigos esportivos, lojas de móveis, livrarias e floriculturas. Há, ainda, dentro dessa categoria, subcategorias, tais como: uma loja de roupas seria uma loja de linha única; já uma loja de roupas masculinas seria uma loja de linha limitada; uma loja de camisas masculinas, feitas sob medida, seria uma loja superespecializada. As lojas de departamentos apresentam como principal característica possuírem várias linhas de produtos, como roupas, utensílios domésticos, produtos para o lar, sapatos, etc. Nesse tipo de loja, cada linha de produtos é separada por departamento especializado. Exemplos: Renner e C&A. Os supermercados apresentam como principal característica operações de autosserviço relativamente grandes, de baixo custo, baixa margem e alto volume, projetadas para atender a todas as necessidades de alimentação, higiene e limpeza doméstica. As lojas de conveniência apresentam como principal característica o fato de serem lojas relativamente pequenas, localizadas próximas a áreas residenciais, funcionando em horários prolongados durante toda a semana e exibindo uma linha limitada de produtos de conveniência de alta rotatividade, a preços ligeiramente mais altos. Muitas dessas lojas vendem também sanduíches, cafés, guloseimas. As lojas de desconto têm como principal característica o comércio das chamadas mercadorias-padrão, vendidas a preço baixo, com margens menores e volumes maiores. As verdadeiras lojas de descontos vendem regularmente mercadorias a preços mais baixos e oferecem, principalmente, marcas nacionais, porém, essa regra de produtos nacionais é facilmente quebrada devido aos preços baixos dos importados made in China, por exemplo. Tem-se visto um considerável deslocamento do varejo de desconto para o varejo especializado, como as lojas de artigos esportivos, lojas de produtos eletrônicos e livrarias. As lojas de liquidação (off-price) apresentam como principal característica a comercialização de mercadorias compradas abaixo dos preços normais de atacado e vendidas a preços inferiores aos de varejo. São frequentemente sobras de mercadorias, pontas de estoque e produtos com defeitos, obtidos a preço reduzidos dos fabricantes ou de outros varejistas. Os showrooms de vendas por catálogo apresentam ampla seleção de mercadorias de alto preço, alta rotatividade e marcas vendidas com descontos. Os clientes encomendam as mercadorias de um catálogo na loja e então retiram essas mercadorias em uma área de entrega dentro da loja, ou podem receber os produtos em casa. É importante, ainda, apontar a existência de lojas de fábrica, que são as lojas de propriedade dos fabricantes e por eles operadas. Esse tipo de loja, em geral, vende as sobras de estoque, produtos que saíram de linha e/ou artigos com defeito. Lojas de descontos independentes são lojas de propriedades de empreendedores ou de divisões de grandes corporações de varejo e por eles são operadas. Clubes de Atacadistas vendem seleções limitadas de produtos de mercearia, utensílios e roupas de marca e uma variedade de outros produtos vendidos com grandes descontos a seus sócios, que pagam anuidades; em geral, os clubes de atacadistas atendem a pequenos negócios e membros de grupos de órgãos governamentais, organizações sem fins lucrativos (ONGs) e algumas grandes corporações. Rotineiramente operam em instalações enormes e de baixo custo administrativo, semelhantes a depósitos, mas isso não é uma regra, e dispõem de poucos artigos supérfluos. Dentre todas as características dos clubes de desconto, certamente o que mais agrada a seus membros é o fato de oferecerem preços até quarenta por cento abaixo dos preços praticados nos supermercados e lojas de descontos (Kotler, 2000, p. 540). Referências bibliográficas BEKIN, Saul Faingaus. Endomarketing: como praticá-lo com sucesso. São Paulo: Prentice Hall, 2003. BETTGER, Frank. Show de vendas. Rio de Janeiro: Bestseller, 1971. BERLO, David. Modelo do processo de comunicação. O processo da comunicação: introdução à teoria e à prática. Tradução Jorge Arnaldo Fortes. São Paulo: Martins Fontes, 1979. CHURCHILL, Gilbert A.; PETER, J. Paul. Marketing: criando valor para o cliente. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2005. CHURMAN, C. West. Introdução à teoria dos sistemas. Rio de Janeiro: Voger, 1972. CRESCITELLI, Edson; OGDEN, James R. Comunicação integrada de marketing: conceitos, técnicas e práticas. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2007. COX, Donald F.; GOOD, Robert E. How to build a marketing information system. Harvard Business Review, 45(3):145, May/ June, 1967. DUNCAN, Tom; CAYWOOD, Clark. The Concept, Process and Evolution of Integrated Marketing Communication. In: THORSON, Esther; MOORE, Jeri. Integrated Communication: synergy of persuasive voices. Mahwah: Lawrence Erlbaum Associates, 1996. FERREL, O. C.; HARTLINE, Michael D. Estratégia de marketing. São Paulo: Thomson, 2005. KASANOFF, Bruce. Você tem clientes demais. Peppers and Rogers Group Brazil. Disponível em: <http://www.1to1center. com.br/>; publicado em 20/10/2000. KELLER, Kevin Lane; MACHADO, Marcos. Gestão estratégica de marcas. São Paulo: Prentice Hall, 2005. KOTLER, Philip; ARMSTRONG, Gary. Princípios de marketing. 7. ed. Rio de Janeiro: LTC, 1999. KOTLER, Philip; FOX, Karen F. A. Marketing estratégico para instituições educacionais. São Paulo: Atlas, 1994. KOTLER, Philip; KELLER, Michael. Administração de marketing. 12. ed. São Paulo: Prentice Hall, 2006. . A design for the firm’s marketing never center. In: Marketing information systems: a new era in marketing research. New York: Howghton Mifflin, 1968. . Administração de marketing: análise, planejamento e controle. São Paulo: Atlas, 1976. KUNSCH, Margarida Maria Krohling. Planejamento de relações públicas na comunicação integrada. São Paulo: Summus, 1986. . Relações Públicas e modernidade: novos paradigmas na comunicação organizacional. São Paulo: Summus, 1997. LAMB JR, CHARLES, W. Lamb; HAIR JR, Joseph F.; McDANIEL, Carl. Princípios de marketing. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2004. LAS CASAS, Alexandre Luzzi. Administração de marketing: conceitos, plenejamento e aplicações à realidade brasileira. São Paulo: Atlas, 2006. LEVITT, Theodore. Marketing myopia. Harvard Business Review, p. 4556, July/Aug, 1960. LEPPARD, J. W.; McDONALD, M. H. B. Marketing planning and corporate culture: a conceptual framework which examines management attitudes in the context of marketing planning. Journal of Marketing Management, 7 (3), p.213-236, july, 1991. LEWIS, Bárbara R.; LITTLER, Dale. (Org.). Dicionário enciclopédico de marketing. São Paulo: Atlas, 2001. LUNDEGAARD, Karen. ‘BMW Mini campaign: odd to the max’. Wal Street Journal, 28 fev. 2002; John Gaffney, ‘Most innovative compaign’, Business 2.0, maio 2002, p.98-99; Berger, Warren. ‘Dare-devils’, Business 2.0, abr. 2004, p.111-116. MATTAR, Fauze Najib. A informação de marketing e o sucesso no lançamento de novos produtos. Revista de Administração, 17(4):23-44, out./dez. 1982. . Sistemas de Informação de Marketing. Revista Mercado Global, Ano XIII, n. 67, Março/Abril 1986, p. 24 a 45. Disponível em: <http://fauze.com.br/artigo14.htm>. Acesso em 13/03/2007. MCCARTHY, E. Jerome. Marketing. Rio de Janeiro: Campus, 1982. MOREIRA, Júlio César Tavares; PASQUALE, Perrotti Pietrangelo; DUBNER, Alan Gilbert. Dicionário de termos de marketing. São Paulo: Atlas, 1999. MORIARTY, Sandra E. The circle of synergy: theoretical perspectives and an evolving IMC Research Agenda. In: THORSON, Esther; MOORE, Jeri. Integrated communication: synergy of persuasive voices. Mahwah: Lawrence Erlbaum Associates, 1996. NUNES, Gilson; HAIGH, David. Marca: valor do intangível. São Paulo: Atlas, 2003. O’SHAUGHNESSY, J. Organização de empresas. São Paulo: Atlas, 1976. OGDEN, James R.; CRESCITELLI, Edson. Comunicação integrada de marketing: conceitos, técnicas e práticas. 2. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2007. PEPPERS, D.; ROGERS, M. CRM series cal center 1 to 1: um guia executivo para transformar cal centers em centros de interação com clientes. São Paulo: Peppers and Rogers Group do Brasil, 2001. SAMARA, Beatriz Santos; BARROS, José Carlos. Pesquisa de marketing: conceitos e metodologia. 4. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2007. SANTOS, Joel J. Encantar o cliente dá lucro: revolucione a sua empresa e ame os seus clientes. Rio de Janeiro: Campus, 2008. SHETH, Jagdish; MITTAL, Banwari; Newman. Comportamento do cliente. São Paulo: Atlas 2001. SILVA, Fábio Gomes da; ZAMBON, Marcelo S. Gestão do relacionamento com o cliente. São Paulo: Thomson, 2006. SMITH, Samuel V.; et al.: Marketing In formation systems: a new era in marketing research. New York: Howghton Mifflin, 1968. 1980. STANTON, Willian J. Fundamentos de marketing. São Paulo: Pioneira, SWIFT, Ronald. CRM: o revolucionário marketing de relacionamento com o cliente. Rio de Janeiro: Campus, 2001. TOFFLER, A. A terceira onda. Rio de Janeiro: Record, 1980. TOMASKO, Robert M. Crescer, não destruir: cinco maneiras de implementar na sua empresa uma nova dinâmica de crescimento. Rio de Janeiro: Campus, 1997. UHL, Kenneth P. Sistemas de informação de marketing. In: BRITT, Steuart; BOYD, Harper. Marketing – gerência e ação executiva. São Paulo: McGraw-Hill, 1981. URBAN, Flávio Torres; URBAN, André Torres. Gestão do composto de marketing. São Paulo: Atlas, 2006. WOILLER, Sansão. Decisões e informações em empresas. de Engenharia – Energia, dez. 74. ZAMBON, Marcelo S.; BENEVIDES, Gustavo. Compra por impulso e dissonância cognitiva no varejo. In: _______ . Gestão de marketing no varejo. São Paulo: Edições OLM, 2003. ZIKMUND, William G. Princípios da pesquisa de marketing. São Paulo: Thomson, 2006. Bibliografia complementar 2000. AAKER, David A. Como construir marcas líderes. Futura: São Paulo, . Marcas: brand equity. Gerenciando o valor da marca. São Paulo: Negócio, 1998. 2003. BERLO, David K. O processo de comunicação. Martins Fontes: São Paulo, CESCA, Cleuza G. G. Organização de even tos. São Paulo: Summus, 1997. CHURCHILL, G. A.; PETER, J. P. Marketing – criando valor para os clientes. Saraiva: São Paulo, 2000. DIAS, S. R.; et al. Gestão de Marketing. Saraiva: São Paulo, 2003. LOVELOCK, C.; WRIGHT, L. Serviços - marketing e gestão. Saraiva: São Paulo, 2002. LUPETTI, Marcelia. Planejamento de comunicação. Futura: São Paulo, 2000. MIQUELINO, Fernando L. C. Application de l’intelligence compétitive (IC) par superposition de plans opérationnels et information nels, à l’aide de la communication marketing com me outil stratégique. Tese (Doutorado). Université Aix Marseille III: Marseille (França), 2003. POST, Peter. Etiqueta nos negócios. São Paulo: Negócio, 2002. SAMPAIO, Rafael. Marcas de a a z - como construir e manter marcas de sucesso. Campus: Rio de Janeiro, 2002. Anexos Texto complementar 1 Objetivo: provocar uma profunda reflexão de como decisões mercadológicas mal-avaliadas pode provocar um verdadeiro desastre para a organização. Criatividade tem limite O alto preço de ultrapassar a linha que separa a genialidade da falta de bom senso Por Daniel Hessel Teich (08.02.2007) Exame. Campanhas ousadas, repletas de nonsense e humor negro, transformaram a agência Crispin Porter + Bogusky (CP+B) em um mito da publicidade contemporânea. Seu diretor executivo de criação, Alex Bogusky, de 42 anos, é considerado um gênio capaz de conferir prestígio a qualquer tipo de produto — seja ele um carro, um sistema de câmbio de bicicletas ou um capacete para motociclistas. Há duas semanas, um anúncio exibido em horário nobre na TV americana provocou rachaduras nessa imagem — tanto na da agência quanto na do próprio Bogusky. O publicitário resolveu ressuscitar por meio de técnicas de computação gráfica um famoso garoto-propaganda morto em 1995 e reutilizálo em um novo anúncio com um tocador de MP3 na mão e fones no ouvido. O ressuscitado em questão é Orville Redenbacher, criador da marca de milho para pipoca que leva seu nome e protagonista de diversos comerciais do produto nos anos 70 e 80. Para a tarefa, a CP+B contratou uma empresa especializada em computação gráfica que criou os efeitos visuais de filmes como Titanic e Mar em Fúria. A empresa dona da marca, a ConAgra Foods, investiu 20 milhões de dólares na campanha publicitária. “A técnica é parecida com a que criou o personagem Gollum do filme O Senhor dos Anéis, mas é dez vezes mais sofisticada”, dizia o texto de divulgação da campanha, distribuído a jornalistas no dia da estreia do comercial. Mal o anúncio foi veiculado, o personagem digitalizado ganhou imediatamente o epíteto de “morto vivo”, e a iniciativa passou a ser destroçada pela crítica. Macabro e antiético foram alguns dos adjetivos utilizados para qualificá-lo. “O filme não é só grotesco para a audiência como é desrespeitoso com os mortos. Ainda que a representação digital tenha até alguma verossimilhança, Orville mais parece um boneco saído do Epcot Center do que um ser vivo”, escreveu o crítico Bob Garfield, especializado em publicidade. O publicitário Bogusky não demonstrou surpresa com as críticas. “Isso já aconteceu com outros anúncios, como os do Burger King. Eles começam despertando controvérsia, depois são aceitos e transformam-se em referência”, disse. O fato, porém, é que nenhuma outra campanha criada pela CP+B provocou tamanha rejeição. Uma pesquisa online rea lizada pelo site do jornal americano Advertising Age, especializado em propaganda, apontou que 82% dos entrevistados desaprovaram a reconstituição digital do velho Orville. A campanha da Orville Redenbacher é um exemplo de publicidade de grande impacto — conhecida também como stunt —, em que o objetivo é chamar a atenção pelo choque. É um recurso cada vez mais usado por publicitários e executivos de marketing interessados no imenso potencial de propagação da campanha, seja na internet, em outros veículos de comunicação, seja no boca a boca entre consumidores e interna utas. A CP+B sempre soube usar esse tipo de estratégia como nenhuma outra agência. O problema é que desta vez o tiro — pelo menos até agora — saiu pela culatra. Segundo executivos da ConAgra, o vídeo e os comentários a respeito dele já haviam atingido pelo menos 35 milhões de pessoas apenas na primeira semana de exibição — o que chegou a ser comemorado pela empresa. No entanto, esse número isolado não é capaz de revelar se as avaliações têm sido positivas ou não. Uma boa amostra é o site YouTube, em que os comerciais da CP+B sempre tiveram sucesso garantido. Todas as mensagens de usuários postadas ali são desfavoráveis ao anúncio. “Como puderam gastar dinheiro com um lixo como este?”, escreveu um dos internautas no espaço reservado a opiniões sobre o filme. O limite que separa uma ideia genial de uma obra de mau gosto costuma ser tênue. Apesar de fundamental, sobretudo em atividades como a publicidade e o marketing, o exercício da criatividade é permeado por alto risco. É do jogo. Os grandes problemas surgem quando o bom senso passa a ser desafiado. Há duas semanas, o canal de TV a cabo Cartoon Network, da Turner Broadcasting System, provocou uma onda de pânico na cidade americana de Boston ao instalar pequenos painéis luminosos que piscavam à noite em fachadas de prédios e junto a rodovias. A ideia era promover um novo desenho animado, mas os equipamentos foram confundidos com bombas. Esquadrões antiterrorismo foram mobilizados e estradas fechadas ao tráfego. Revelada a brincadeira, a prefeitura mandou uma conta de 750.000 dólares para a empresa, que foi obrigada a pedir desculpas à população. No Brasil, no mês passado, a fabricante de bebidas energéticas Red Bull expôs sua marca ao realizar uma ação promocional em meio ao descomunal buraco gerado pelo acidente nas obras do metrô de São Paulo. Três jovens promotoras da Red Bull, equipadas com vistosas mochilas da marca, distribuíram latas da bebida a policiais e bombeiros que participavam da operação de resgate às vítimas. “Eles subestimaram a gravidade do fato e a seriedade do trabalho de resgate”, diz Gustavo Fortes, diretor de planejamento e criação da agência Espalhe, especializada em marketing de guerrilha e ações promocionais de grande impacto. Em e-mail enviado a Exame, a Red Bull defendeu-se alegando que a ação foi iniciativa das promotoras — treinadas para distribuir os produtos a pessoas em trabalhos de exaustão física —, que foram para a cratera à revelia da direção da empresa. “A distribuição do produto na cratera do metrô não foi arquitetada pela empresa e jamais teve como objetivo beneficiar-se de uma tragédia. Isso seria de mau gosto e vai contra nossos valores”, diz o texto. A Red Bull já realizou campanhas bem-sucedidas em operações complexas, como o resgate às vítimas dos atentados de 11 de setembro, há cinco anos, e do tsunami na Indonésia, em 2004. A diferença entre essas duas ações e a realizada em São Paulo, segundo a empresa, foi a participação de seu comando na coordenação das operações, acertadas em parceria com as equipes de resgate. Cruzar o sinal vermelho é um risco intrínseco às campanhas que apostam no estardalhaço. “O objetivo desse tipo de estratégia é aparecer a qualquer custo, e as empresas têm se disposto a pagar um preço cada vez mais alto por isso”, diz André Laurentino, vice-presidente de criação da agência de publicidade Lew’Lara. “Essa situação é mais comum quando o produto ou a marca perderam ou têm pouca relevância e precisam se firmar em um ambiente altamente competitivo. Você não tem de gritar para vender um iPod.” Um dos casos clássicos de como uma sucessão de campanhas de alta octanagem pode culminar em um desastre completo é o da marca italiana de roupas Benetton. No início da década de 80, a empresa contratou o fotógrafo italiano Oliviero Toscani para dirigir sua publicidade. Primeiro vieram simpáticas imagens de crianças de várias raças vestidas com as roupas coloridas — um sucesso absoluto. Com o tempo, as campanhas foram tornando-se cada vez mais provocativas. Em 1991, um anúncio mostrando um beijo cinematográfico de um padre e uma freira atraiu a fúria do Vaticano. No ano seguinte, foi a vez de a Benetton estampar a foto de um jovem morrendo de Aids nos braços dos pais — o que provocou ainda mais protestos. A partir desse ponto, a cada ano, Toscani tentava superar-se na capacidade de chocar — em 1996, espalhou pelo mundo um cartaz com um cavalo negro e uma égua branca co pulando. O ápice desse processo ocorreu em 2000. Naquele ano, o fotógrafo pediu autorização a diversas penitenciárias americanas para retratar condenados à morte. A ideia inicial era fazer um livro com distribuição em dois continentes: Ásia e Europa. O projeto, no entanto, acabou alterado e fotografias dos prisioneiros foram espalhadas em outdoors e anúncios de revistas pelo mundo todo, inclusive nos Estados Unidos. A campanha, batizada de Nós, no Corredor da Morte, transformou-se numa convulsão de protestos nos Estados Unidos, um dos maiores mercados da marca. Toscani avaliou mal os riscos de fazer publicidade com um tema tão delicado — a pena de morte nos Estados Unidos é um dos assuntos que racham o país ao meio. O que se seguiu foram boicotes de consumidores e recusa de varejistas como a Sears de vender os produtos da marca. A Benetton viu-se enroscada em uma teia de processos, desde os que a acusavam de ter mentido sobre os reais propósitos das fotos até os que cobravam pagamento de cachê aos prisioneiros fotografados e indenizações a famílias das vítimas dos criminosos. Toscani foi demitido e a empresa aprendeu da maneira mais dura que confundir criatividade com falta de senso costuma custar caro. Fonte: http://portalexame.abril.com.br/revista/exame/edicoes/ marketing/ m01221 83.html 0886/ Texto complementar 2 A Matriz BCG Por Daniel Portillo Serrano5 - 13/12/2006 A Matriz BCG é uma ferramenta desenvolvida pelo Boston Consulting Group para analisar o posicionamento e possibilidades de cada unidade de negócios de uma empresa. A matriz é composta por 4 quadrantes localizados em um diagrama com o eixo “X” representando a participação relativa de mercado da Unidade de Negócios (da maior para a menor) e o eixo “Y” com a taxa de crescimento do mercado em que a unidade atua. O quadrante inferior esquerdo compreende os produtos chamados de Vacas Leiteiras ou Geradores de caixa. O quadrante inferior direito engloba os produtos chamados de Abacaxis, ou Cachorros (recentemente tem surgido a expressão “bichos de estimação - Pets” para não dar uma ideia pejorativa). Produtos no quadrante superior direito são chamados de Oportunidades ou Interrogação. Já os posicionados no quadrante superior esquerdo são denominados de Estrela. (veja o diagrama abaixo). Daniel Portillo Serrano (bacharel em comunicação social com ênfase em marketing e pós-graduado em Administração de Empresas) é mestrando em administração de empresas pela Universidade Paulista UNIP. 5 Simplificando: Produtos ou Serviços com alta participação Relativa de Mercado em um mercado de baixo crescimento são Vacas Leiteiras. Produtos ou Serviços com baixa participação relativa de mercado em um mercado de baixo crescimento são Abacaxis, ou Cachorros. Produtos ou Serviços com baixa participação relativa de mercado em um mercado de alto crescimento são oportunidades. Produtos ou serviços com alta participação relativa de mercado em um mercado com alto crescimento são estrelas. A denominação acaba sendo facilmente entendida ao se analisar os extremos: sem dúvida um produto posicionado em um mercado crescente com alta participação nesse mercado, só pode ser uma “estrela”. Já um produto com participação baixa em um mercado estagnado é na realidade um “abacaxi”.