(RE) SIGNIFICAÇÃO MATEMÁTICA: O QUE É? POR QUE ENSINAR? COMO SE ENSINA E SE APRENDE? (1) Alessandra Lucero Silva(2), Gabriel dos Santos Kehler(3) Estudo realizado no componente curricular de Filosofia da Educação (ensino) na Universidade Federal do Pampa – Campus Itaqui/RS. (2) Acadêmica do Curso de Matemática - Licenciatura, bolsista PIBID, Universidade Federal do Pampa; Itaqui/ RS; Universidade Federal do Pampa; Itaqui, RS; [email protected] (3) Orientador do estudo, Universidade Federal do Pampa – Campus Itaqui/RS; [email protected] (1) Palavras-Chave: Questões Primárias, Filosofia da Educação, Educação Matemática. INTRODUÇÃO Em consonância com García (2009), acredita-se que refletir acerca de questões primárias ao/no/do campo de saber disciplinar matemático, como: o que é? Por que ensinar? Como se ensina e se aprende? antecedem qualquer atividade docente e constitui-se como um movimento relevante para a compreensão da própria área de conhecimento. Ademais, essa atitude pedagógica de caráter filosófico, torna-se ainda mais necessária se considerarmos o contexto de definição das propostas curriculares, em especial, na escolha de conteúdos, atitudes de ensino, expectativas de aprendizagem e indicadores de avaliação. Nesse sentido, entende-se que refletir sobre essas questões, enquanto discentes – em devir formativo docente; vêm a ser de suma importância, e aqui, assumem a materialidade discursiva dos objetivos traçados para a reflexão. Além do mais, a movimentação da discussão está inscrita nas concepções da Filosofia da Educação, Filosofia da Matemática e em especial a Filosofia da Educação Matemática. METODOLOGIA Metodologicamente, este estudo apresenta um investimento de caráter qualitativo e perspectiva crítica de análise, com base em Lüdke; André (1986), realizando uma breve reflexão teórica sob credencial de revisão bibliográfica. Ademais, o intuito do estudo é trazer ao relevo do discurso, as contradições, emergências e potencialidades que fazem (re) significar o campo de saber disciplinar matemático. RESULTADOS E DISCUSSÃO Entendimentos acerca da Filosofia da Educação Matemática Segundo Bicudo e Garnica (2011), a Filosofia da Matemática define-se como um movimento de procedimento do pensar filosófico, ou seja, mediante análise crítica, reflexiva, sistemática e universal, ao tratar de temas concernentes à região de inquérito da Matemática. Dedica-se a entender seu significado no mundo, o sentido que faz para o homem, de um perspectiva antropológica e psicológica, a lógica da construção do seu conhecimentos, os modos de expressão pelos quais aparece ou materializa-se, cultural ou historicamente, a realidade de seus objetos, a gênese de seu conhecimento. García (2009) sugere como perguntas primárias que antecedem qualquer atividade docente: “O que é Matemática?”, “Por que Ensinar?” e “Como se ensina e se Aprende Matemática”. García aponta que as respostas para estas indagações são múltiplas e que ao decorrer de sua trajetória, o professor desenvolve sua própria concepção de Matemática e ensino/aprendizagem. Entretanto, Imnes (1990 apud García, 2009) destaca que a Matemática possui raízes na tradição ocidental, na Grécia Antiga, e, portanto pode-se estabelecer relações entre as concepções matemáticas e o mundo platônico das ideias. Com isso, a Matemática é concebida como tendo existência real e objetiva, perfeita e perene, ou seja, é entendida como tendo existência independente do homem. Dentre os efeitos desta concepção absolutista e “dura” da Matemática, têm-se a apresentação das ideias matemáticas aos estudantes segundo a precedência lógica, sem levar em consideração os aspectos psicológicos, sociais e culturais. O professor é entendido como ativo no processo de ensino e aprendizagem, detentor do conhecimento matemático, e o aluno como ser passivo no processo. O fracasso dos estudantes se dá em decorrência dos aspectos da Matemática, supracitados. Anais do 8º Salão Internacional de Ensino, Pesquisa e Extensão – Universidade Federal do Pampa Conforme Bicudo e Garnica (2011), a Filosofia da Educação Matemática é constituída por aspectos filosóficos da Filosofia da Educação e da Filosofia da Matemática: [...] da Filosofia mantém as características do pensar analítico, reflexivo, sistemático e universal e é iluminada pelas grandes perguntas de caráter ontológico concernentes ao que existe epistemológico, relativo ao como se conhece o que existe e o que é conhecimento; axiológico, sobre o que vale. Da Filosofia da Educação toma as análises e reflexões sobre educação, ensino, aprendizagem, escolarização, avaliação, políticas públicas da educação, os procedimentos assumidos para trabalhar esses temas, para mencionar alguns, e os olha da perspectiva daquele que está preocupado coma educação do outro (aluno ou estudante, no caso da escola) e, em particular, com o significado que a matemática, por meio do seu ensino e da aprendizagem, assume. Por focalizar a matemática no contexto da educação, a Filosofia da Educação Matemática também se coloca questões sobre o conteúdo a ser ensinado e a ser apreendido [...]. (p.47) Além disso, segundo Bicudo e Garnica (2011), pode-se destacar que a Filosofia da Educação Matemática analisa de modo crítico e reflexivo as propostas e ações educacionais no que concerne o ensino e aprendizagem da Matemática. No que tange a questão “O que é Matemática?”, García (2009) afirma que a Matemática é produção cultural e construção social; Os conhecimentos são adquiridos com participação ativa, situações e contextos diversificados. Também exige um modo de pensar lógico e organizado; É uma ciência que permite interpretar os fenômenos reais do mundo. Assim, como no que concerne à pergunta “Por que Ensinar Matemática?”, García (2009) defende que esta é uma pergunta fundamental para o professor pesquisador, pois esta reflexão orienta as propostas de intervenção para melhoria do ensino. Este autor diz que ensina-se matemática com o objetivo de desenvolver, conceitos, linguagens, ferramentas e o pensamento matemático auxiliando a perceber, descrever e analisar a realidade. A questão “Como se aprende Matemática?” diz respeito as decisões dos professores sobre os modos de apresentar o objeto matemático, sobre como transpor o conteúdo matemático. García (2009) afirma que há múltiplas variáveis que influenciam na aprendizagem em Matemática, tais como: ações, significados, propósitos, visões pessoais, experiências, necessidades, emoções, concepções, dentre outras variáveis. Em relação à pergunta orientadora “Como se ensina Matemática?”, García (2009) aponta que há estreita relação ao modo de se aprender Matemática, pois afirma que o professor deve entender e conhecer o contexto social, econômico e cultural do estudante para, então, desenvolver situações de ensino e aprendizagem que permitam ao estudante desenvolver o pensamento matemático. CONCLUSÕES Por meio do exposto acima, pode-se inferir que refletir acerca das perguntas primárias que antecedem qualquer atividade docente é importante pois impacta no processo de ensino e aprendizagem em Matemática. O professor pesquisador que reflete sobre estas questões está preocupado em propor situações que permitem ao estudante desenvolver o pensamento matemático. REFERÊNCIAS BICUDO, M. A. G., GARNICA, A. V. M.; Filosofia da Educação Matemática. 4.ed. – Belo Horizonte: Autentica Editora, 2011. GARCÍA, V. C. V; Fundamentação teórica para as perguntas primárias: O que é Matemática? Por que ensinar? Como se ensina e como se aprende? Educação. Porto Alegre, V.32, n.2, p.176-184, maio/agosto.2009. LÜDKE, M.; ANDRÉ, M. E. D. A. Pesquisa em educação: abordagens qualitativas. São Paulo: EPU, 1986 . Anais do 8º Salão Internacional de Ensino, Pesquisa e Extensão – Universidade Federal do Pampa