ARTICULAÇÕES CRÍTICAS ENTRE FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO, SOCIEDADE E CIDADANIA (1) Maurício de Moura Talhaferro(2), Gabriel dos Santos Kehler(3) (1) Trabalho realizado no Componente Curricular de Filosofia da Educação (Ensino) da Universidade Federal do Pampa – Campus Itaqui/RS. (2) Acadêmico do curso de Licenciatura em Matemática, bolsista do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência – Pibid Subprojeto Matemática; Universidade Federal do Pampa – Campus Itaqui/RS; E­mail: [email protected]; (3) Orientador do estudo; professor do curso de Licenciatura em Matemática da Universidade Federal do Pampa – Campus Itaqui/RS; E­mail: [email protected] Palavras­Chave: Filosofia, Educação, Sociedade, Cidadania. INTRODUÇÃO O ser humano no sentido mais amplo do termo, investido de certo grau de amadurecimento cognitivo formal e/ou experiencial (conhecimentos sociais, científicos, religiosos, culturais, etc.…), tende a se colocar em algum momento de sua vida, sob autocrítica de reflexão existencial e valorativa, em especial, em relação aos conhecimentos que considerou, até então, como regimes de verdade dados a priori. Entretanto, o sentido limitado do senso comum, costuma não questionar tais valorações, pois algumas certezas e convicções (eleitas como verdades universais) se naturalizam sem exposição da dúvida, ou seja, sem um exame crítico de imperativo filosófico. Da mesma forma, também contemplamos isso na educação, pois os processos de formação acadêmica, intelectual, moral, ética, etc., sofrem influências dos mais diversos meios/setores sociais, não estando ligada apenas ao conteúdo, mas aos objetivos, as metodologias, as reflexões da prática, estudos teóricos e discussões na busca de aprimoramentos educativos. Ademais, quando se fala sobre o processo de ensino e aprendizagem, é importante analisar como e por que algo se apresenta de um jeito e não de outro. Nesse sentido, o movimento de reflexão aqui empreendido, busca problematizar como se dão alguns aspectos das articulações da filosofia da educação na formação do sujeito como cidadão crítico. Analisando tendências filosófico­políticas e relatando efeitos de como isso influência no cotidiano escolar, na formação cidadã dos sujeitos escolares e como reflete no contexto social. METODOLOGIA Metodologicamente, este estudo credencia­se a uma abordagem qualitativa, de cunho analítico crítico e investe no exercício de reflexão teórica – com um breve levantamento bibliográfico. Ademais, o mesmo problematiza sobre as significações da filosofia da educação e seu papel na prática humana, em especial, na prática de escolarização, através das tendências filosóficas que se constituíram ao longo da prática educacional. RESULTADOS E DISCUSSÃO Luckesi (2011) na obra Filosofia da Educação, aponta cinco tendências filosóficas cruciais para compreender as relações entre filosofia da educação, sociedade e cidadania crítica, como discorre­se a seguir: a) O que é Filosofia e a sua concepção como corpo de conhecimento: o autor aponta que, filosofia é um corpo de conhecimento constituído a partir de um esforço que o ser humano faz para compreender o seu mundo e dar­lhe um sentido, um significado compreensivo. Assim pode­se dizer que, a filosofia é um campo de conhecimento que reflete o cotidiano dos seres humanos, sendo importante valorizar o que cada indivíduo é capaz de fazer/realizar, problematizando seus saberes e experiências. Nesse sentido, em um segundo ponto ­ b) A Educação como prática humana: enfatiza­se a educação como uma prática pedagógica articulada com uma pedagogia, que nada mais é que uma concepção filosófica da educação. Quando articulada a prática de educar com a filosofia, encontramos aspectos relevantes do ser humano no ato do filosofar e da formação de seu conhecimento. Ademais, o autor enfatiza que: Anais do 8º Salão Internacional de Ensino, Pesquisa e Extensão – Universidade Federal do Pampa [...] a filosofia se manifesta ao ser humano como uma forma de entendimento que tanto propicia a compreensão da sua existência, em termos de significado, como lhe oferece um direcionamento para a sua ação, um rumo para seguir ou, ao menos, para lutar por ele. Ela estabelece um quadro organizado e coerente de ‘visão de mundo’, sustentando, consequentemente, uma proposição organizada e coerente para o agir. Nós não ‘agimos por agir’. Agimos, sim, por uma certa finalidade, que pode ser mais ampla ou mais restrita” (LUCKESI, 2011, p. 35). Outrossim, encontramos um elo entre a Filosofia e Educação na projeção de uma formação potencialmente cidadã, em especial, através da propagação de valores que orientam uma sociedade, uma cultura, um povo, e que para serem bem fundamentados precisaram ser refletidos, estudados, tantos em termos teóricos, como em hipótese empíricas, isto é, a ação e seus efeitos propriamente ditos. Doravante, no terceiro tópico – c) Educação e Sociedade: é destacado o papel exercido pela filosofia e educação para com o ônus sobre as consequências e resultados incididos na sociedade, pois para o autor, inicialmente, há duas opções: ou se pensa e se reflete sobre o que se faz e assim se realiza uma ação educativa consciente; ou não se reflete criticamente e se executa uma ação pedagógica a partir de uma concepção existente na cultura vivida no dia a dia, e assim se realiza uma ação educativa com baixo nível de consciência. Quanto ao quarto aspecto ­ d) A Cidadania como objeto da formação escolar: no decorrer da história da humanidade surgiram diversos entendimentos de cidadania em diferentes momentos. Segundo Camargo (2016), a cidadania moderna, possui um caráter próprio dividido em duas categorias: formal e substantiva. A cidadania formal é indicativo de nacionalidade, de pertencimento a um Estado­Nação. A cidadania substantiva, já na ciência política e sociologia adquire sentido mais amplo, é definida como a posse de direitos civis, políticos e sociais, sendo esta última, o foco de nosso interesse aqui. E por último, Luckesi (2011) enfatiza – f) O papel do educador nesse processo: sendo o educador, enquanto mediador, aquele que pode contribuir para que os educandos consigam desenvolver suas habilidades e assim, participar da vida coletiva para a melhoria de sua formação, levando como objetivo a comunicação interpessoal, para se tornar agente do autodesenvolvimento e de mudanças sociais, desenvolvendo suas habilidades intelectuais para que sejam críticos e não aceitem tudo, assim, desenvolverão sua capacidade de inclusão nos grupos sociais, classes ou povo, de desempenho consciente dos direitos e deveres do que goza como cidadão. CONCLUSÕES Com o intuito em apontar algumas ponderações, mas não encerrar o debate, pode­se inferir que a educação não se manifesta como um fim em si mesma, mas como um instrumento de manutenção e/ou transformação social. Ademais, compreendemos que somente através de uma educação de qualidade, pautada em preceitos concretamente fundamentados e uma prática pedagógica associada à uma pedagogia pensada amplamente, ou seja, em um exame crítico de imperativo filosófico, é que será possível vislumbrar uma formação que represente o princípio valorativo de uma sociedade mais humana, com sujeitos que poderão participar ativamente em todos os âmbitos da sociedade. REFERÊNCIAS CAMARGO, O. O que é Cidadania?. Disponível em: <http://brasilescola.uol.com.br/sociologia/cidadania­ou­estadania.htm>. Acesso em: 02 jul. 2016. CASSIRER, E. Ensaio sobre o homem: introdução a uma filosofia da cultura humana. 2 Ed. – São Paulo: Editora WMF Martins Fontes, 2012. CHAUÍ, M. 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