ADMINISTRAÇÃO MERCADOLÓGICA CONCEITOS, ENTENDIMENTOS E APLICAÇÕES DE MARKETING ORIENTAÇÕES GERAIS APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA E DO CONTEÚDO Disposições gerais, para compreensão da disciplina a ser estudada. Leia com atenção todas as informações presentes neste material e presenteie-se com o interessante entendimento do que o marketing é e faz. Você verá que se trata de uma disciplina realmente interessante e prática, aliás, é um assunto notável em seu cotidiano pessoal e profissional. Ementa Conceito de marketing e administração de marketing. Orientações e tipos de marketing. Composto mercadológico (mix de marketing). Marketing e o valor para o cliente. Análise ambiental e pesquisa de marketing. Segmentação de mercado e a coleta e análise das informações. Gestão de marcas. Objetivos gerais Preparar o discente para desenvolver competências fundamentais de marketing: o que ele é, para que serve, como e por que deve ser utilizado, o que se pode esperar do mesmo (potencial do marketing). Capacitar o aluno a identificar e compreender os tipos de marketing e as características de seu desenvolvimento em uma ação mercadológica em qualquer tipo de indústria. Objetivos específicos Desenvolver a capacidade de selecionar e explicar as ferramentas de marketing utilizadas em uma ação organizacional. Entender a análise ambiental e o processo de decisão por meio da mesma. Compreender a relevância de uma marca e seu potencial. Preparar para realizar e utilizar as pesquisas de mercado para o melhor desenvolvimento das ações mercadológicas. Desenvolver senso crítico e a capacidade de contextualização sobre o assunto e a realidade das organizações e instituições. Estimular o trabalho em equipe e a organização dos esforços, operacionais e intelectuais, para sair de uma situação atual para uma situação ideal. Iniciação em marketing Primeiramente, gostaria de destacar a você, aluno, que as disciplinas (1) Administração de Marketing (esta disciplina) e (2) Gestão de Marketing (continuação desta disciplina) também poderiam ser conhecidas como Marketing I e Marketing II, ou, ainda, por Administração Mercadológica I e II. Esta primeira orientação é oportuna, principalmente, para que você compreenda que tais nomenclaturas fazem referência ao mesmo assunto, ou seja, são compreendidas como sinônimos. A disciplina Administração de Marketing representa uma introdução ao mundo do marketing, seus entendimento e aplicações; sendo assim, é muito importante que você concentre-se bastante nas leituras que poderá e deverá fazer para uma maior compreensão do assunto estudado. Quanto às leituras, devo destacar que muitos livros poderão ser estudados e abordados como pesquisa ao assunto. Você não deve tomar como totais os conhecimentos abordados neste material; na verdade, eles representam uma importante fração palavras, há uma infinidade de bons autores (e livros) para serem estudados. Além disso, existe muito material de boa qualidade disponível na rede mundial de computadores (Internet). O estudo de marketing Embora tenhamos aqui uma abordagem textualizada do marketing, portanto, visivelmente teórica, você deve atentar-se para o fato de que o marketing é uma disciplina fundamentalmente prática; você poderá compreender muitas coisas simplesmente observando o mundo ao seu redor. Pense, por exemplo, quando você assiste a tevê e, durante o intervalo da novela das oito horas da Rede Globo, você assiste a um comercial de uma montadora chamando a atenção para o lançamento da mais nova versão de seu veículo “X”; pense: • Quem fez o comercial? • Como foi elaborada aquela campanha? • Quem solicitou o comercial? • Quanto custa aquele espaço publicitário daquela emissora de televisão? • Quanto custou o desenvolvimento da campanha? • A quem a mesma se destina, ou seja, qual é o público-alvo daquela campanha televisiva? • Qual foi o retorno do comercial ao anunciante? • Etc. Pense também que, na empresa em que você trabalha, todos estão envolvidos em uma ação (ou campanha) de marketing para aumentar as vendas; consequentemente, para aumentar o retorno financeiro da empresa e sua participação de mercado. Pense nas seguintes condições: • “Condição A”: a empresa em questão é um banco. • “Condição B”: a empresa é uma padaria. • “Condição C”: a empresa é um supermercado. • “Condição D”: a empresa é uma autopeças. • “Condição E”: a empresa é uma farmácia. Será que, genericamente, as ações de marketing serão tão diferentes entre si para cada uma das condições expostas acima? Naturalmente, não. O que mudará, na verdade, é o contexto em que cada organização está inserida; por exemplo, seu setor de atuação, seus concorrentes, sua localização, total de clientes e potenciais clientes, se já investe ou está disposta a investir em estratégias para atrair e reter clientes, etc. Com isso, muitas delas poderão utilizar-se de ações de marketing que são conceitualmente iguais, mas com aplicações redimensionadas para cada caso. Pensando nisso, você pode entender que a finalidade do marketing envolve fazer com que as organizações cresçam, desenvolvam-se, portanto, que não morram, que não sejam destruídas por falta de visão, coragem e, principalmente, por falta de conhecimento (fazendo uma alusão ao livro Crescer não destruir: cinco maneiras de implementar na sua empresa uma nova dinâmica de crescimento, de Robert M. Tomasko). A aplicação do marketing busca fazer com que sua empresa seja campeã em vendas, que sua equipe, não importando o tamanho da empresa e das equipes, seja vencedora, ou seja, que todas – trabalhando juntas – tragam bons resultados para a empresa (essa aplicação, logo, busca do marketing, me faz lembrar do livro Show de vendas, de Frank Bettger). O marketing deve preocupar-se com encantar o cliente, com fazer com que o mesmo deseje fazer negócio com a sua empresa e não com os concorrentes. Encantar o cliente significa ir além do básico, compreende a entrega de valor substancial ao cliente, sendo que tal valor deve ser capaz de gerar receita para a organização. Mas atenção: nenhuma empresa consegue encantar clientes são não tiver profissionais comprometidos com essa finalidade e se não tiver desenvolvido a capacidade de amá-los, ou seja, para que alguma organização seja capaz de encantar os clientes, ela precisa, antes de tudo, gostar muito deles (essa aplicação do marketing pode ser melhor explorada se você ler o livro Encantar o cliente dá lucro, de Joel J. Santos). O marketing preocupa-se ainda com sua relação com a tecnologia, em especial quando sistemas de gerenciamento do relacionamento com o cliente são desenvolvidos, tais como os sistemas de CRM (Customer Relationship Management) e de DBM (Data Base Marketing) – geralmente compreendidos como os sistemas de gerenciamento dos bancos de dados de marketing; aliás, vale lembrar nunca foi tão importante uma boa base de dados sobre os clientes quanto agora, pois é preciso conhecer o cliente e ter acesso a ele, em especial, para não consumir recursos (financeiros e humanos) em vão. Mas o marketing não para por aí; ele também oferece inter-relação com outros sistemas de apoio gerencial, como ERP (Enterprise Resource Planning), o Supply Chain, etc. (alguns livros interessantes sobre o assunto são CRM Series – call center 1 to 1, da editora Makron Books; CRM: o revolucionário marketing de relacionamento com o cliente, de Ronald Swift; entre outros). O marketing também deve preocupar-se com suas aplicações dentro das empresas, ou seja, o marketing realizado com os funcionários e para os funcionários. Ele precisa atentar à preparação dos funcionários sobre os produtos ou serviços de que a organização dispõe – formas de pagamento e de acesso ao produto, etc.; além disso, precisa preocupar-se com boa relação dos funcionários com tudo isso, e, claro, precisa preocupar-se com a boa relação da organização com cada funcionário. Neste momento, preparação e treinamento são palavras de ordem, pois pessoas bem-treinadas, certamente, executam melhor suas tarefas. Empresas devidamente atentas conseguem atender aos seus clientes em especial quando eles fazem parte da folha de pagamento (uma leitura que não pode ser esquecida neste momento é a do livro Endomarketing: como praticá-lo com sucesso, de Saul Faingaus Bekin). Outra palavra de ordem dentro do marketing é marca; o marketing deve preocupar-se com a criação e com o desenvolvimento das marcas no mercado. Para isso, é preciso saber o que são marcas, qual seu valor e como criá-las, etc. No marketing, a palavra branding vem geralmente associada à gestão de marcas e a todas as necessidades que se tem relacionado a elas. Esse é outro assunto farto na literatura mercadológica e que não pode deixar de ser estudado (recomendo a você duas leituras interessantes: Marca: valor do intangível, de Gilson Nunes e David Haigh, e Gestão de Marcas, de Marcos Machado e Kevin Lane Keller). Destaco o assunto “administração do relacionamento com o cliente” (aliás, assunto tão importante que, em algumas universidades, tornou-se disciplina), cada vez mais presente no cotidiano das organizações e, claro, fundamental para o bom resultado das mesmas (sugiro a leitura do livro Gestão do relacionamento com o cliente, de Marcelo S. Zambon e Fábio Gomes da Silva; e sugiro a leitura do livro Comportamento do Cliente, dos autores Sheth, Mittal e Newman). Eu poderia listar mais uma infinidade de assuntos abordados pelo marketing, porém, no momento, vou parar por aqui. Mas que fique a seguinte mensagem: você encontrará um mundo incrível de literaturas sobre o assunto marketing e a ele relacionado. Faça uma visita a livrarias e pesquisa sobre assuntos de seu interesse dentro do marketing; por exemplo, marketing de serviços, marketing industrial, marketing de causa, marketing turístico, marketing de lugar, marketing de guerra, etc. Nota: gostaria de esclarecer que as reflexões relacionadas aos livros acima representam a importância da leitura e seus diferentes momentos. Fazermos leituras atualizadas é excelente, porém, é igualmente importante lembrar que algumas leituras são clássicas, portanto, podem ser lidas a qualquer tempo. Outras, não tão clássicas assim, muitas vezes também podem ser lidas a qualquer momento, porque representam conhecimento seguro e relevante sobre o assunto que abordam. Após essa introdução contextualizadora, espero que esteja ainda mais inspirado a estudar marketing. Importante (nota do professor ao aluno): Lembre-se de que haverá, no seu material de estudos, este livro-texto, materiais complementares de leitura obrigatória e a indicação de outras leituras. O que aparecer como material complementar anexado e/ou com endereço eletrônico disponível você deverá estudar, inclusive para suas provas. INTRODUÇÃO “O marketing está por toda parte. Formal ou informalmente, pessoas e organizações envolvem-se em um grande número de atividades que poderiam ser chamadas de marketing. O bom marketing tem se tornado um ingrediente cada vez mais indispensável para o sucesso nos negócios. E o marketing afeta profundamente nossa vida cotidiana. Ele está em tudo o que fazemos – das roupas que vestimos aos sites em que clicamos, passando pelos anúncios que vemos” (Kotler; Keller, 2006, p.2). Embora vários outros tipos de marketing sejam discutidos, e até serão apresentados neste material, o principal foco aqui é o marketing organizacional que visa ao lucro, alocado no nível do micromarketing. Sendo assim, seu olhar concentra-se na administração de marketing, que envolve o que as empresas fazem ou devem fazer para criar valor para si mesmas e, especialmente, para seus clientes, alcançando objetivos que tragam benefícios para as partes e que contribuam para o desenvolvimento de relacionamento sustentável e duradouro. De maneira geral, as tarefas da administração de marketing incluem [1] desenvolver planos e estratégias de marketing e [2] executar atividades de marketing para implementá-los e controlá-los. Com isso, conhecer o arcabouço do marketing fará com que você tenha condições de realizar tais tarefas com segurança. A esfera do marketing é muito ampla e igualmente interessante. Faça dela uma ferramenta a seu favor no mundo dos negócios; certamente, sempre encontrará como fazer algo de maneira melhor. Saiba que o marketing não é uma disciplina isolada, pelo contrário, trata-se de um campo do conhecimento fortemente apoiado em outros para se realizar/desenvolver. Tanto na sociologia como na psicologia, como na ética e na filosofia, o marketing vai buscar conhecimento e ferramentas para sua prática e realização. Além disso, o marketing, dentro da Administração de Empresas, relaciona-se muito proximamente às diversas disciplinas; por exemplo, as disciplinas que abordam a Administração da Produção (o marketing busca facilitar e realizar a comercialização de produtos, bem como busca correções nos produtos a fim de torná-los mais desejados, etc.), a Administração Financeira (marketing não existe sem boa administração dos recursos financeiros, bem como sua disponibilidade), as disciplinas responsáveis por processo e projetos, pois, geralmente, o marketing, além de ser executado nesta ótica, relaciona-se com o restante da organização assim administrada. A excelência é alcançada através de seleção ou desenvolvimento de critérios que devem ser rigorosamente postos em prática. O marketing segue esta métrica porque acredita que existe uma técnica para cada atividade mercadológica e administrativa, ou seja, embora tenhamos forte desenvolvimento criativo em marketing, o mesmo se sustenta, primeiramente, em conhecimentos técnicos claramente delineados e que servem de suporte para as inovações. 1 CONCEITOS, ENTENDIMENTOS E APLICAÇÕES DE MARKETING 1.1 O marketing no cotidiano das pessoas Muito se pode dizer sobre marketing, mas, especialmente, muitos erros podem ser cometidos, como, por exemplo, dizer que marketing é, unicamente, uma técnica de vendas, cuja ideia é empurrar os produtos dos fabricantes para os consumidores. Embora sua aplicação efetiva facilite o processo de comercialização, logo, o processo de vendas dos produtos aos interessados (consumidores), o marketing é mais que isso, aliás, ele é muito mais abrangente e faz, ou pode fazer, muito mais pelas organizações do que muitos estão habituados a observar. Então, pare por um momento e reflita: o que marketing de fato é? O que é marketing para você em seu cotidiano? O que é marketing para as organizações que dele fazem uso? O que o marketing faz ou pode fazer? Como o marketing interfere na vida das pessoas, mesmo quando não estão diretamente ligadas a ele? Uma boa forma de identificar a presença do marketing na vida das pessoas é pensar no cotidiano delas (para ajudar, pense em seu dia-a-dia.) Imagine que o dia está iniciando. Carlos, jovem profissional recém-formado em Arquitetura, que trabalha em uma grande empresa do setor de construção civil, com escritórios por todo o país, acaba de sair da cama e prepara-se para ir trabalhar. No banheiro, ele utiliza, por exemplo, uma pasta de dente da marca Colgate em sua escova de dentes Oral B; água tratada pela Sabesp, através de sua torneira Deca. Também lava o rosto e, ao secá-lo, utiliza uma toalha de rosto Buddemeyer, etc. Todos esses produtos foram comprados por Carlos em algum momento, mas, certamente, a escolha por essas marcas não se deu apenas pelo preço (mais caras ou mais baratas). Ainda falando da presença do marketing no cotidiano das pessoas, Carlos certamente foi, de alguma forma, influenciado pelo marketing até mesmo no que diz respeito à preparação de sua noite de sono. Veja, por exemplo, que ele utiliza uma cama box da marca Seally, lençóis Artex, travesseiros de pluma de ganso da Trosseox, lençóis da mesma marca, seu aparelho condicionador de ar é da linha ArtCool da LG, e utiliza televisor e aparelho de leitura de DVD também da mesma marca (LG), que usou para assistir a um trecho do filme Uma Mente Brilhante (que levou quatro prêmios do Oscar 2001, incluindo o de melhor filme) da DreamWorks. A presença das marcas no cotidiano das pessoas é, sem dúvida, uma forma de identificar e caracterizar a presença ativa do marketing, mas não se deve confundir o uso do marketing imaginando que seu papel é então o de vender produtos e apontar as marcas existentes apenas. Ele vai muito além, ele é responsável pela criação das marcas e por seu desenvolvimento na mente dos consumidores, pela geração de relacionamento entre a marca do fabricante e as marcas dos produtos fabricados, é responsável por chamar a atenção das pessoas para os produtos, sua correta utilização (quando utilizar e como fazêlo, etc.). Além disso, marketing, num contexto mais focado na comunicação e na interação estabelecida por ela, é responsável por desenvolver e gerenciar o relacionamento entre as organizações e as pessoas, sejam elas clientes, não clientes ou potenciais clientes. Continuando a reflexão sobre a presença do marketing no cotidiano das pessoas, imagine que o arquiteto Carlos acaba de vestir-se com uma calça jeans da Forum, meias Selene, cueca Mash, sapatos Democrata, camiseta Hering, um relógio Tissot (lembrando que no cabelo ele passou gel Bozzano) e está prestes a sair de casa; agora passa por seu chaveiro e pega a chave de seu carro, um Fiesta sedan da Ford. No caminho do trabalho, ele ouve na rádio Antena1 - FM um comercial de refrigerantes com um trecho que diz “Porque só Coca-Cola é Cola-Cola”; em seguida, ouve um trecho de notícias que relata os acontecimentos mais importantes das últimas horas (como o acidente com o avião da TAM no aeroporto de Congonhas – de 17 de julho de 2007). Passados alguns minutos de direção, Carlos já foi atingido por dezenas de anúncios de produtos e marcas diferentes até o trabalho; além disso, viu no caminho uma infinidade de modelos, marcas e versões diferentes de diversos automóveis. Por fim, já próximo ao escritório da Gafisa (grande e bem-sucedida construtora), Carlos para em uma padaria Barcelona, como faz de costume, para tomar seu café da manhã. Toma café da marca Pilão, com pão francês recém-preparado com presunto Sadia e queijo do tipo prato da marca Crioulo. Por ser um cliente bastante frequente, ele foi incluso no sistema de atendimento a clientes especiais, que lhe confere um cartão de descontos de 12% em tudo o que compra na padaria; além disso, tem suas compras registradas num banco de dados que gera cobranças quinzenalmente, facilitando o processo e resumindo o tempo nos caixas, já que paga por tudo que consumiu apenas no meio e no final do mês. Então chega ao escritório da empresa para trabalhar. O exemplo de Carlos (caso fictício, apenas criado como ilustração), na verdade, representa, de maneira clara, embora bastante simplificada, o cotidiano das pessoas e a forte atuação do marketing em suas vidas. Na verdade, seria possível fazer uma descrição muito mais minuciosa do caso e apontar em detalhes, por exemplo, todas as marcas (logotipos e logomarcas) que aparecem no cotidiano de qualquer pessoa, mais todas as interferências de comunicação sonora, como um slogan, jingle ou frase de efeito que diga/cante algo interessante, como “Pipoca na panela começa a arrebentar, que sede que dá...”. A situação apresentada acima ajuda a compreender melhor a presença do marketing, mas, certamente, ainda existem muitas dúvidas sobre o mesmo, especialmente no que diz respeito ao que ele é. Talvez, muitos estejam pensando no momento que marketing é a arte e/ou técnica de vender ou comunicar produtos. Será isso mesmo? Será que vai além? Então, é hora de uma reflexão sobre as definições mais comuns e aceitas de marketing, definições essas provenientes dos mais diversos e renomados autores e instituições sobre o assunto. 1.2 Definições de marketing Para que se possa fazer melhor uso do marketing frente às diferentes realidades possíveis em que o mesmo é utilizado, correspondendo a certas condições conjunturais e permeando peculiaridades que vagueiam entre o generalismo do termo e a ocorrência individualizada e única de seus métodos, é fundamental apresentar as principais definições do termo, que colaboram para seu conhecimento frente às diversas realidades em que o mesmo pode ser empregado e, claro, contribuir para o “pensar marketing” tendo como pano de fundo o enfrentamento de sua própria realidade contemporânea, competitiva e diferenciadora, numa realidade de acesso (acessibilidade), online e em real-time para pessoas e organizações. As instituições e organizações e as pessoas, não por completo, entendem a importância e abrangência de marketing, mesmo quando isso se dá indiretamente (caso da maioria das pessoas). Muitos compreendem que, seja socioeconômica ou culturalmente, vive-se rodeado por marketing, presente em praticamente tudo que é fabricado, divulgado, comercializado, mesmo nas ações que podem ser descritas como contramarketing (ou contra o marketing e os homens de marketing e as empresas e marcas que representam). Atenção! Na verdade, não fazem sentido posicionamentos contrários, ou mesmo críticas ao marketing propriamente, pois ele é um meio, um ferramental que torna conhecidas as ideias, os produtos, posicionamentos, etc. de quem quer que seja; logo, não é contra o marketing que se luta, mas contra seu uso inadequado proveniente de organizações e pessoas inescrupulosas (por exemplo, campanhas que prometem soluções milagrosas que a ciência ainda não deu conta de criar, afirmações de que o produto faz algo que na verdade não é capaz de fazer [propaganda enganosa], etc.). Então, o que marketing é? Seguem algumas definições importantes. Segundo a American Marketing Association (AMA), “Marketing é a planificação e execução de um conjunto de atividades comerciais, tendo como objetivo final a troca de produtos, ou serviços, entre produtores e consumidores” (Gracioso, 1998, p.10). Tal definição, segundo Gracioso, não reflete completamente a contemporaneidade do termo, talvez porque vários indícios sugiram que ela foi aflorada pelos grandes economistas ingleses dos séculos XVIII e XIX (contemporâneos da Primeira Revolução Industrial). Adam Smith, a princípio, e os economistas clássicos em seguida estavam perfeitamente a par das funções do marketing na economia de um país, assim como a interpretação da definição da AMA, acima, elucida (Gracioso, 1998, p.10). Uma crítica a essa definição refere-se ao modo como muitos economistas a encaravam, ou seja, frente a certos princípios e pensamentos mais ou menos sólidos, acabavam por marginalizar muitos dos fatos da vida real, deixando-os em um plano de análise muito superficial, para não dizer miserável. Consequentemente, muitos acabavam, mesmo que sem tal interesse, alocando o escopo de marketing em um grau de importância secundária, frente ao que se sabe do marketing atualmente. Obras como as de Torrens, James Mill e Ricardo acabaram por agravar tal condição, já bastante distorcida, sobre o saber daquilo que se conhece como marketing, pois se concentravam em apenas dois dos principais fatores ligados ao marketing: a produção e a distribuição. Desta forma, o consumidor e o processo de consumo acabaram ficando relegados a condições mínimas, aquém das necessidades do mercado e do potencial do marketing. Uma apreciação crítica sobre os últimos parágrafos, seguramente, sugere que muito tempo se passou antes que se compreendesse que uma nova técnica de produção, capaz de produzir determinado artigo mais rápido e de forma mais econômica, terá apenas valor teórico se não for possível aumentar a capacidade de absorção do mercado para aquele tipo de produto (Gracioso, 1998, p.11). Ou seja, se não houver acréscimo percentualmente mensurável de consumo de um determinado produto, certamente, o que pode existir é apenas uma hipótese (ou teoria), que não corrobora ao sustento de si mesma; por sua vez, se a constatação for possível, ocorre o mesmo que testar tal hipótese e concluir que a mesma apresenta efetivos meios para atingir os resultados idealizados total ou parcialmente. Pense sobre o que adianta produzir mais se a capacidade de consumo não crescer, pelo menos, nos mesmos patamares. Notadamente, essa é uma condição fundamental para o contínuo progresso econômico; logo, a evolução do processo produtivo em resposta ao acréscimo da demanda, ou vice-versa. Marketing se preocupa em aumentar a participação de um produto/marca no mercado, porque o mesmo deve ser mais desejado, não necessariamente porque o número de agentes demandantes (consumidores) cresceu. 1.2.1 Torrens: uma posição visionária Muitos homens e mulheres de marketing definem marketing atualmente como sendo o processo que se destina a levar o produto/serviço certo, ao consumidor certo, no local certo, na hora certa, com o preço e as condições certas. É fácil concordar com essa ideia, especialmente porque seus alicerces, claramente, são que os fins do produto/serviço frente ao que o mercado consumidor deseja, ou seja, o que se produz leva em consideração as necessidades 1 e os desejos 2 do consumidor, portanto, reduz-se drasticamente o produzir para vender e entra em cena o perceber para reagir (produzir). Muitos acreditam que esta seja a melhor e mais sensata forma de entender o marketing. A questão interessante nesta ideia é, notoriamente extraordinária; o precursor dela é o próprio economista inglês R. Torrens, que, ao pensar marketing, chegou à seguinte definição: “As atividades destinadas a tornar as mercadorias disponíveis, em momentos e lugares onde a demanda é maior do que no momento e lugar em que as mesmas foram produzidas, criam riqueza e utilidade, tanto quanto as atividades produtoras propriamente ditas“. 3 A notoriedade de tal frase se faz valer frente a sua realidade temporal, pois a mesma data do final do século XVIII, ou seja, desde lá, com Torrens, já se propunha a ideia das “condições certas”, assim como contemporaneamente utilizada pelos profissionais de marketing. Certamente é isso que faz desta definição uma das melhores, senão a mais bem-aplicada de todas, já que anteviu muito do que se diz hoje. 1.2.2 Outras definições de marketing Segundo Philip Kotler, “Marketing é um processo social por meio do qual pessoas e grupos de pessoas obtêm aquilo de que necessitam e o que desejam com a aquisição, oferta e livre negociação de produtos e serviços de valor com outros” (Kotler, 2000, p.30). Segundo Peter D. Bennett, citado por Kotler e com cuja opinião o autor corrobora, frente ao marketing, numa visão administrativa, tem-se: 1 Necessidade – segundo Sheth, Mittal e Newman (2001), é a condição insatisfatória de um cliente, que o leva a uma ação que tornará essa condição melhor. Portanto, a necessidade nasce de um desconforto nas condições físicas ou psicológicas da pessoa (p.59). 2 Desejos – segundo Sheth, Mittal e Newman (2001), é o afã de obter mais satisfação do que é absolutamente necessário para melhorar uma condição insatisfatória (a diferença entre necessidades e desejos é que a necessidade nasce de um desconforto nas condições físicas ou psicológicas da pessoa). Os desejos ocorrem quando e porque os seres humanos querem levar suas condições física e psicológica a um nível além do estado de conforto mínimo (p.59). 3 TORRENS, R. The economist refuted. Oxford. 1808. s.p. “Administração de Marketing corresponde ao processo de planejar e executar a concepção, a determinação do preço (pricing), a promoção e a distribuição de ideias, bens e serviços para criar trocas que satisfaçam metas individuais e organizacionais” (Bennett, 1995 apud Kotler, 1998, p.32). Segundo Jerome E. McCarthy, “O marketing indica que uma organização destina todos os seus esforços para satisfazer aos consumidores ou clientes – a certo lucro” (McCarthy, 1997, p.36). Para o autor, o conceito de marketing é uma ideia simples, mas muito importante, e estruturada sob a orientação de mercado à luz do marketing (orientação de marketing), que fundamentalmente está arraigada a três componentes: 1. satisfação do consumidor; 2. esforço total da empresa; 3. lucro (ou outra medida de sucesso em longo prazo) como objetivo. Segundo Alexandre Luzzi Las Casas, “Marketing é a área de conhecimento que engloba todas as atividades concernentes às relações de troca, orientadas para a satisfação dos desejos e necessidades dos consumidores, visando alcançar determinados objetivos de empresas ou indivíduos e considerando sempre o meio ambiente de atuação e impacto que essas relações causam no bem-estar da sociedade” (Las Casas, 2001). Segundo Terry G. Vavra, “Marketing deve mudar a mentalidade de completar uma venda para a de iniciar um relacionamento; de fechar um negócio para construir lealdade” (Vavra, 1993, p.32). O autor ressalta a importância de se conhecer as perspectivas do vendedor e as perspectivas do comprador, e pensar no marketing como relacionamento, construindo um relacionamento “sustentável” com o cliente e/ou consumidor. Ele atribui a este enfoque o nome de pós-marketing, fazendo uma alusão ao processo que se inicia assim que se encerra o processo de venda e estabelecese o relacionamento pós-venda, motor da recompra e do marketing boca a boca positivo, tão importante para a vinda de novos clientes. Segundo Al Ries e Jack Trout, “O marketing não é uma batalha de produtos. O marketing é uma batalha de percepções” (Ries; Trout, 1993, p.XI). Porém, essa linha de pensamento, segundo os próprios autores, é falha, se for vista apenas como uma questão de melhorar a percepção, especialmente porque é muito difícil realmente mudar uma decisão depois de tomada. Sendo assim, o marketing deve levar em consideração outras variáveis ou categorias para se fazer valer e, portanto, entender, dentre elas, as leis que eles propõem em livro (As 22 consagradas leis do marketing) de própria autoria, tais como: a Lei (1) da Liderança, (2) da Categoria, (3) da Mente, (4) da Percepção, (5) do Foco, (6) da Exclusividade, (7) da Escada, (8) da Dualidade, (9) do Oposto, (10) da Divisão, (11) da Perspectiva, (12) da Extensão de Linha, (13) do Sacrifício, (14) de Atributos, (15) da Sinceridade, (16) da Singularidade, (17) da Imprevisibilidade, (18) do Sucesso, (19) do Fracasso, (20) do Alarde, (21) da Aceleração e (22) de Recursos. A definição de Ries e Trout é resultado da lei de número quatro (Lei da Percepção), que é a lei mais consagrada e a mais fatal dentre as demais leis propostas, segundo a própria opinião dos autores. Segundo Júlio César T. Moreira, Perrotti P. Pasquale e Alan G. Dubner, “Marketing é um conjunto de atividades cujo objetivo é levar bens e serviços do produtor ao consumidor. A área de ação do marketing é mais ou menos ampla conforme o enfoque que lhe dê cada empresa. 2. Técnica de administração que sustenta que os objetivos organizacionais dependem da determinação das necessidades e desejos do mercado-alvo e da satisfação destes de maneira mais efetiva e eficiente do que os concorrentes. 3. Processo de planejamento, execução, preço, comunicação e distribuição de ideias, bens e serviços de modo a criar trocas que satisfaçam objetivos individuais e organizacionais. 4. Processo social e gerencial pelo qual indivíduos e grupos obtêm o que necessitam e desejam através da criação, oferta e troca de produtos de valor com outros” (Moreira; Pasquale; Dubner, 1999, p.232). Segundo Antonio Carlos Giuliani, “Marketing é o conjunto de esforços criativos e táticos que devem ser utilizados para adaptarmos o produto ou serviço ao mercado, às mudanças ocorridas no macroambiente, com o foco de conservar e tornar leal o cliente” (Giuliani, 2003, p.9). Giuliani traz um conjunto resumido de definições e abrangências de marketing construído através de um resgate histórico bastante útil neste momento, e que promove facilitações do entendimento do mesmo. Veja o quadro a seguir. Quadro 1: Definições de marketing consideradas por Giuliani. • AMA: “Marketing é a execução das atividades de negócios que dirigem o fluxo de bens e serviços do produtor ao consumidor ou utilizador”. • Peter Drucker, 1970: “O marketing deve ser encarado como uma fórmula para tornar o ato de vender supérfluo”. Frente à proposição de Drucker, Giuliani comenta que, ao analisar tal conceito, pode-se entender que sempre haverá, no marketing, necessidade de efetuar esforços para vender, tornando a venda supérflua; com isso, então, emana o foco em fazer o cliente compreender que o produto ou serviço se adapta a ele e, assim, venda-se por si só. • Kotler, 1980: “É uma atividade humana dirigida a satisfazer necessidades e desejos através do processo de trocas” • Gerald Zaltman, 1987: “Marketing é ligar a organização com o meio ambiente e com os valores, as normas e a cultura geral da sociedade”. • Kotler, 1990: “É um processo social por meio do qual pessoas e grupos de pessoas obtêm aquilo de que necessitam e o que desejam com a criação, oferta e livre negociação de produtos e serviços de valor com outros”. • Marcos Cobra, 2000: “É a ação de descobrir necessidades e desejos dos consumidores, visando desenvolver produtos e serviços que os encantem”. Fonte: Giuliani, Antonio Carlos. Marketing em Ambiente Global. 2003, p.9. 1.2.3 O profissional de marketing e as condições de demanda Depois de compreender todas as definições acima do que vem a ser marketing, fica claro que o profissional dessa área é alguém que se preocupa com alcançar uma resposta (atenção, compra, voto, doação) de outra pessoa ou organização, que são denominados de clientes potenciais (prospects). Também é importante saber que se as duas partes estão em busca de fazer negócio uma com a outra (como vender algo um para o outro), ambas são denominadas de profissionais de marketing, também conhecidos como homens de marketing. “Os profissionais de marketing são treinados para estimular a demanda pelos produtos de uma empresa, mas essa é uma visão muito limitada das tarefas que desempenham. Assim como os profissionais de produção e logística são responsáveis por gerenciar o suprimento, os profissionais de marketing são responsáveis por gerenciar a demanda. Os gerentes de marketing buscam influenciar o nível, a oportunidade e a composição da demanda para atender aos objetivos da organização” (Kotler, 2006, p.8). Ainda segundo Kotler (2006, p.8), são possíveis oito estados de demanda: • demanda negativa: ocorre quando os consumidores não gostam do produto a ponto de, até mesmo, pagar para evitá-lo; • demanda inexistente: ocorre quando os consumidores não conhecem o produto (não sabem que o mesmo existe) ou não estão interessados nele; • demanda latente: ocorre quando os consumidores compartilham uma forte necessidade que não pode ser satisfeita por nenhum produto existente no mercado. Em outras palavras, esta é a demanda da oportunidade imediata; • demanda em declínio: ocorre quando os consumidores começam a comprar o produto com menos frequência ou deixam de comprá-lo; • demanda irregular: ocorre quando as compras dos consumidores podem ser sazonais ou variar de acordo com o mês, a semana, o dia ou o horário; • demanda plena: ocorre quando os consumidores compram adequadamente todos os produtos colocados no mercado. Esse estado de demanda é o que mais se aproxima de um estado de equilíbrio perfeito entre demanda e oferta; • demanda excessiva: ocorre quando há mais consumidores interessados em comprar o produto do que produtos disponíveis; • demanda indesejada: ocorre quando os consumidores se sentem atraídos por produtos que têm consequências sociais indesejadas. Todas as ações dos profissionais de marketing ocorrem no que se conhece como mercado. Antes, um mercado era um lugar físico onde compradores e vendedores se reuniam para realizar suas transações (compra e venda de seus produtos). Atualmente, algumas alterações foram feitas nos conceitos de mercado, em função de um contexto mais amplo em que as transações podem ser realizadas. Hoje, os economistas descrevem um mercado como um conjunto de compradores e vendedores que efetuam transações relativas a determinado produto ou classe de produto (como o mercado imobiliário ou de ferro e aço, por exemplo), sendo que estas transações não necessariamente requerem um lugar físico em que ocorra uma reunião para que se faça a negociação, elas podem ser feitas de diferentes lugares por diferentes meios (telefone, Internet, fax). 1.3 Então, o marketing é É muito mais que vender; ele consiste em transformar o processo de vendas em algo supérfluo e aflorar no consumidor a vontade (desejo) de ter o produto, levando-o a comprá-lo sempre que possível. Logo, marketing consiste no desenvolvimento do processo de troca entre o agente ofertante e o agente demandante, como diriam os economistas. Ou seja, consiste no desenvolvimento do processo de troca entre uma empresa e os clientes/consumidores de seus produtos, de maneira que ocorram benefícios para ambos. Como exemplo, ao comprar uma caneta Mont Blanc, tanto o consumidor que compra quanto a empresa que vende tiveram algum tipo de benefício, senão a venda não teria sido realizada; o consumidor vê seu desejo de possuir um produto sofisticado, diferenciado e de luxo realizado, e a empresa realiza-se pelo dinheiro recebido pelo produto que detém, já que o mesmo é reconhecido e comprado, o que conserva para a empresa a situação de existir e desenvolver-se. Vale ficar então com essas definições, não para que sejam decoradas, mas para que sejam entendidas e sirvam de alicerce para novas e melhoradas interpretações: • marketing é o processo de planejar e executar a concepção, o estabelecimento de preços, a promoção e distribuição de ideias, bens e serviços a fim de criar trocas que satisfaçam metas individuais e organizacionais (AMA, citada por Kotler; Keller, 2006, p.4); • marketing, segundo Kotler, envolve a identificação e a satisfação de necessidades humanas e sociais. Para defini-lo de uma maneira bem simples, pode-se dizer que ele “supre necessidades lucrativamente” (promove meios de suprir as necessidades lucrativamente) (Kotler; Keller, 2006, p.4). Em minha concepção, a melhor definição sintética de marketing é: • marketing é ter o produto certo, com o preço certo, no local certo, nas condições certas, para o cliente certo. 1.3.1 Tipos de marketing Ainda tratando do entendimento do que é marketing, faz diferença saber que existem vários tipos do mesmo. Seja com ou sem fins lucrativos, quaisquer tipos de marketing podem ser utilizados; logo, não há restrição que direcione algum tipo de marketing apenas para aquelas organizações que visam ao lucro ou para as que não visam. Normalmente, o marketing praticado com fins lucrativos é mais elaborado, seu campo de conhecimento é melhor desenvolvido que o marketing que não visa ao lucro; tal fato parece claro quando se fala de uma sociedade capitalista. Porém, as estratégias de marketing para obter lucro, geralmente, são aplicáveis às organizações sem fins lucrativos e podem ajudá-las a alcançar seus objetivos (Churchill; Peter, 2005, p.5). Dentre os principais tipos de marketing, destacam-se: • marketing de produto: é o marketing utilizado para gerar trocas para produtos tangíveis. Ele se preocupa com mostrar os produtos ao público-alvo. Exemplo: as estratégias para vender os computadores da Dell; • marketing de serviço: é o marketing utilizado para criar trocas para produtos intangíveis. Ele se preocupa com mostrar os serviços disponíveis e seus benefícios e relevância na busca por melhorar a qualidade de vida das pessoas (público-alvo). Exemplo: as estratégias das locadoras de veículos para alugar carros para viajantes, como a Avis, que já se encontra presente em muitas das mais importantes cidades brasileiras; • marketing de pessoa: é o marketing utilizado para criar ações favoráveis em relação a pessoas. Ele se preocupa com formar e/ou chamar a atenção a certa pessoa (personallidade), geralmente procurando destacar os pontos fortes daquele indivíduo, explicando por que é merecedor de atenção ou algo mais (como seu voto ou apoio). Exemplo: as estratégias para obter votos para Fernando Henrique Cardoso ou Luís Inácio Lula da Silva; • marketing de lugar: é o marketing utilizado para atrair pessoas para determinados lugares. Esse tipo de marketing é bastante utilizado no contexto que se conhece como Marketing Turístico, embora esse termo seja mais abrangente. Exemplo: quando você anda pelas ruas de Santiago, no Chile, há vários outdoors que chamam a atenção para por que se deve visitar o México; quando você recebe em sua casa um fôlder sobre a Costa do Sauípe; quando você assiste a uma propaganda televisiva e vê belas imagens de gente, lugares e comida seguidas da frase “Visita a Minas Gerais, estamos esperando por você!”; • marketing de causa: é o marketing utilizado para criar apoio para ideias e questões de diversas ordens (social, política, moral...), ou para levar as pessoas a mudarem o seu comportamento socialmente inadequado ou indesejável. Ele se preocupa com gerar apoio a determinadas causas baseadas na ideia de que aquilo é “politicamente correto” ou adequado e que poderá fazer bem para a coletividade. Também é o marketing que frisa conversas, mesmo que poucas, para apoiar um estilo de vida ou comportamento. Exemplo: um ótimo exemplo desse tipo de marketing são as estratégias, quase sempre empenhadas pelo governo ou organizações não-governamentais (ONGs), para coibir o uso de drogas ilícitas, como a cocaína, ou para aumentar o número de doações de sangue; • marketing de organização: é o marketing utilizado para atrair doadores, membros, participantes ou voluntários. Ele utiliza estratégias ou ações muito parecidas com as de outros tipos de marketing, porém, o foco aqui é exatamente o convencimento e o crédito ao empenho de algum tipo de grupo, como as associações e/ou sociedades, fã-clubes, clubes, etc. Exemplo: as estratégias para aumentar o número de associados do fã-clube da cantora Madonna ou da cantora Ivete Sangalo. 1.3.2 Níveis de análise de marketing Tradicionalmente, o marketing tem desenvolvido suas estratégias para as empresas domésticas (o mais comum) e para as empresas globais (cada vez mais frequentes), mas, a cada dia que passa, os profissionais de marketing utilizam-no para descrever e avaliar atividades econômicas em outros países e gerar estratégias que os atinjam com o máximo lucro para a organização. Os níveis de análise de marketing são (Churchill; Peter, 2005, p.6): • global: análise da realidade total; serve com indicativo do tamanho do mercado. Por exemplo, qual a venda global de automóveis; • nacional: análise realizada em um país, geralmente sobre o comportamento e hábitos de todos, genericamente. Por exemplo, quais são as vendas totais de automóveis no Brasil; • organizacional: análise realizada no contexto da empresa (de uma organização) ou conjunto de organizações integradas ou visadas; • produtos: análise realizada frente à existência de um determinado produto ou potencial de existência. É o produto e suas interações, como demanda e oferta necessárias para atender o público-alvo; • marcas: análise realizada, por exemplo, frente à aceitação de uma determinada marca, seu nível de aceitação, etc. Exemplo: o nível de vendas de um carro Toyota Corolla no mercado doméstico brasileiro e global. Quando o foco são os níveis global e/ou nacional, trata-se de macromarketing (estudo de processo, atividades, instituições e resultados de marketing no nível da sociedade). Quando o foco são os demais níveis (organizacional, produtos ou marcas), trata-se de micromarketing (estudo de processos e atividades de marketing nos níveis organizacional, de produto ou de marketing, portanto, mais específicos a cada realidade mais homogênea). 1.3.3 Orientações tradicionais de marketing Antes de qualquer coisa, é importante saber que a orientação de marketing é um posicionamento, uma filosofia de negócios que se concentra em compreender as necessidades e os desejos dos clientes e construir produtos e serviços para satisfazê-los. As principais orientações de marketing são orientação à produção, às vendas, ao marketing e ao valor. Veja a seguir uma explicação adaptada de Churchill e Peter (2006, p.7). Fonte: Churchill, Gilbert A.; Peter, J. Paul. Marketing: criando valor para o cliente. 2006, p.7. 1.4 Administração de marketing A administração de marketing corresponde à arte e à ciência da escolha de mercados-alvo e da captação, manutenção e fidelização de clientes por meio da criação, da entrega e da comunicação de um valor superior para o cliente (Kotler; Keller, 2006, p.4). É possível dizer que a administração de marketing é a atenção ao processo de aplicar coordenadamente o marketing a fim de atingir resultados previamente estabelecidos e que promovam satisfação para organizações e clientes. Ela estabelece um maior e mais estrito controle das ações de marketing na busca por resultados que transcendem o quesito financeiro, que tratam inclusive do ponto de vista de valor para os indivíduos (especialmente sobre o que pensam das empresas das quais são clientes ou podem vir a ser), daí a importância do marketing de relacionamento com o cliente, no qual o propósito é atrair e reter clientes de maneira satisfatória para as partes (empresa e cliente), promovendo a existência dos clientes felizes (cliente feliz e cliente satisfeito com o desempenho das atividades a que a empresa se propõe, produto adequado, serviço estruturado e cordial, etc.). No tocante ao entendimento do marketing, é possível estabelecer duas definições diferentes sobre o mesmo. Uma definição está pautada na perspectiva social, e a outra, na perspectiva gerencial. A primeira trata do papel do marketing na sociedade, aproximadamente como o compromisso de fornecer um padrão de vida mais alto e agradável. A segunda trata do papel do marketing na condição gerencial, contexto no qual, muitas vezes, ele é descrito como “a arte ou técnica de vender produtos”; mas atenção: nessa condição, o marketing representa o vender apenas como a ponta o iceberg, o que leva muitas pessoas a se surpreenderem quando descobrem que a parte mais importante do marketing não é vender. Um dos principais teóricos da Administração que o mundo conheceu, Peter Drucker, tratou a questão da seguinte maneira: “Pode-se considerar que sempre haverá a necessidade de vender. Mas o objetivo de marketing é tornar supérfluo o esforço de venda. O objetivo de marketing é conhecer e entender o cliente tão bem que o produto ou serviço seja adequado a ele e se venda sozinho. Idealmente, o marketing deveria resultar em um cliente disposto a comprar. A única coisa necessária então seria tornar o produto ou o serviço disponível” (Drucker, 1973, p.64-65). Segundo Kotler e Keller (2006, p.4), quando a Sony projetou o PlayStation, quando a Gillette lançou o Mach III e quando a Toyota apresentou o automóvel Lexus, receberam uma enxurrada de pedidos porque haviam projetado o produto certo, todas elas baseadas em uma cuidadosa lição de casa de marketing. Obviamente, o que estas empresas fizeram bem foi administrar seus recursos mercadológicos a fim de atingir os resultados desejados. Enfim, o que é a administração de marketing? É o processo de estabelecer metas de marketing para uma organização e planejar, implementar e controlar as estratégias para alcançá-las (Churchill, 2005, p.18). Atualmente, muitas mudanças, quando se fala da administração de marketing (seu entendimento e aplicação), podem ser constatadas. Geralmente, tais mudanças fazem referência à condução e à aplicação do mesmo no cotidiano – ocorreu uma ampliação das ações do marketing, tornando-o mais tangível para muito mais pessoas. Veja a seguir, segundo Kotler e Keller (2006, p.25), algumas das principais mudanças: • o marketing passa do “marketing faz o marketing” para “todos fazem o marketing”. A ideia é simples, marketing é importante demais para ficar nas mãos exclusivas dos departamentos de marketing; ele deve ser desenvolvido por todos. As organizações descobriram que o marketing não é feito apenas pelo pessoal técnico da área, mas sim por todos os membros da organizações, nos mais diferentes momentos; • o marketing mudou do conceito da “organização por unidade de produto” para a “organização por segmento de clientes”. As organizações deixam de ser centradas apenas nos produtos e passam a focar os segmentos de clientes; • o marketing ampliou a ideia do “fazer tudo” para a ideia do “comprar mais bens e serviços de outros que fazem melhor”. Essa situação carrega a ideia da terceirização, especialmente porque as organizações entenderam que é mais vantajoso comprar ou contratar quem faz melhor do que desenvolver plantas industriais que fazem de tudo (além de caro, isso não permite máxima competitividade). É um processo de administração mercadológica focada naquilo que se faz bem, ou melhor. O restante contrata-se dos que fazem melhor que você, garantindo sua competitividade e seu preço; • o marketing desenvolveu mais cuidadosamente a ideia do “uso de muitos fornecedores” para o “trabalhar com o menor número de fornecedores em sistema de parceria”. As organizações estão buscando aprofundar seus acordos de parceria com fornecedores e distribuidores importantes, passando a tratálos como parceiros e não como clientes. Os pontos positivos desta medida são claros, uma vez que ajuda na manutenção de mercados dos parceiros, aumenta a segurança geral do negócio, reduz os custos administrativos burocráticos, já que são menos negociadores envolvidos, aumenta a confiança (e a necessidade dela) entre os parceiros, etc.; • o marketing preocupa-se com sair “da dependência de velhas posições de mercado” para o “desenvolvimento de novas posições”. Em mercados cada vez mais disputados, os competidores são implacáveis; logo, as organizações devem desenvolver-se em função dos clientes – das constantes mudanças de comportamento e expectativas dos mesmos. A necessidade do cliente passa a ser um guia fundamental para se atingir bons resultados; • o marketing muda a visão ou “ênfase em ativos tangíveis” para a visão ou “ênfase em ativos intangíveis”. O melhor exemplo disso, sem dúvida, são as marcas. As empresas passam a reconhecer que grande parte, senão a maior parte de seu valor de mercado (exemplo: Coca-Cola e Nike) é proveniente dos ativos intangíveis. Além das marcas, são exemplos de ativos intangíveis os funcionários, os clientes, o capital intelectual, suas relações com fornecedores e distribuidores; • o marketing deixa de enfatizar a “construção de marcas apenas pela propaganda” e passa a enfatizar a “construção de marcas através do desempenho e das comunicações integradas”. Essa realidade corresponde a deixar de focar demasiadamente um tipo de ferramenta de comunicação para utilizar uma mescla de várias outras ferramentas, todas integradas e ao mesmo tempo, a fim de entregar uma marca relevante aos clientes, impingindo-lhes uma marca forte, notada, organizada e ativa. Claro que as propagandas, em suas diferentes formas, continuam sendo a principal base para a comunicação das marcas, especialmente em certos mercados e economias, mas é cada vez mais forte o desenvolvimento de uma inteligência de marketing muito mais eficaz quando se trata de construir uma marca duradoura; • o marketing também desenvolve a revisão da atração de clientes, que vai do “por meio de lojas e vendedores” para a “disposição de produtos on-line”. Essa nova condição foi bastante útil aos clientes, uma vez que podem encontrar rapidamente o produto, ver fotos do mesmo, ler sobre suas características técnicas e garantias, pesquisar os melhores preços e condições de pagamento, etc. Essa evolução, inicialmente, era uma possibilidade ou oportunidade; hoje, para muitas organizações, já se tornou uma obrigação para não ficar fora do mercado; • o marketing tem melhorado seu jeito de realizar as vendas adequadas, saindo do “vender tudo para todos” para “vender/atender mercados-alvo bemdefinidos”. Essas, com o advento de sistemas como o Gerenciamento do Relacionamento com o Cliente – CRM (Costumer Relationship Management) –, têm ficado mais fáceis e mais eficientes, já que as organizações passam a compilar os dados de seus clientes, tais como preferências, frequência de compras, produtos mais lucrativos, etc. e concentram-se neles para fazer melhores negócios em vez de passar tempos tentando agradar a todos (o que seria falta de foco e um risco enorme para o negócio); • o marketing mudou o foco de “transações lucrativas” para o foco “no valor do cliente ao longo do tempo”. Seria o mesmo que dizer que o vendedor deixa de ser um tirador de pedidos e passa a ser um parceiro dos processos de compra dos clientes que atende, entregando-lhes as melhores condições, fazendo com que ele (o cliente) fique na organização por muito mais tempo. O lucro imediato por transação dá espaço ao retorno no tempo, como através da permanência dos clientes e o desenvolvimento de canais mais lucrativos. Melhora-se a retenção de bons clientes, bem como passa-se a conhecê-los melhor, o que facilita o processo de atendimento e desenvolvimento de soluções (produtos e/ou serviços) significativos para eles; • o marketing então preocupa-se com não valorizar demasiadamente o “foco de obtenção de participação de mercado” e direcionar para um “foco de construção de participação no cliente”. É o mesmo que oferecer mais produtos e soluções relevantes e lucrativas para clientes existentes. Também concentrase em ser melhor, não maior — como a Toyota costuma dizer, sua intenção é produzir o melhor carro do mundo e não o maior número; talvez esse compromisso tenha conferido-lhe a liderança do mercado mundial (em 2007); • o marketing também acertou para a compreensão do sentido de global e local. Do “local para global” e do “global para local”. Em outras palavras, as empresas, em certas circunstâncias, deverão abarcar esforços para uma competição globalizada, mas, ao mesmo tempo, devem lembrar que muitas ações globais devem ser redimensionadas para competir satisfatoriamente localmente. Portanto, não é nem ser global, nem ser local apenas, mas sim fazer uma reflexão do que é realmente oportuno; • o marketing procurou revisar o “foco nos acionistas” para o “foco nos interessados”. Tão simples quando parece, este é o conceito de “dividir o bolo”, ou seja, a prosperidade deve ser de todos e não apenas de um ou uns poucos. Uma máxima para isso é: “quanto melhor todos forem, melhor vou também”; • por fim, o marketing redirecionou o “foco no resultado financeiro” para o “foco no resultado de marketing”. Não quer dizer que resultados financeiros não sejam importantes e necessários, mas quer dizer que é necessário olhar cuidadosamente para o resultado geral de marketing (clientes, mercado, mudanças) e, com isso, desenvolver relações que sustentem bons relacionamentos da organização com seus stakeholders, fazendo com que o resultado financeiro positivo seja uma consequência das demais ações mercadológicas adotadas. Que fique claro que os itens acima representam as principais mudanças ocorridas ou em desenvolvimento para muitas organizações no que se refere à administração do marketing em seu cotidiano. Por fim, lembra-se que, dentre as tarefas da administração de marketing, destacam-se o desenvolvimento das estratégias e planos de marketing; a busca e o aproveitamento de oportunidades de mercado (de marketing); o desenvolvimento de relacionamento sustentável, duradouro e promissor com os clientes; a criação e o desenvolvimento de marcas reconhecidas e seguras; o desenvolvimento das ofertas ao mercado; os processos de entrega e de comunicação de valor; o compromisso com o longo prazo, objetivando lucratividade para o coletivo (organização e seus clientes); dentre outras. 1.5 O marketing na sociedade brasileira: introdução Embora tenha ocorrido forte melhoramento das ações mercadológicas no Brasil, o marketing, nas décadas entre 1960 e 1990, foi pouco representativo quando comparado a ações mercadológicas nos Estados Unidos. Para Cobra (1997, p.32), em tal período, a adoção do marketing na realidade brasileira ainda não é total, indo apenas um pouco além da prática de composto promocional. Ele era bastante confundido por muita gente, aliás, ainda o é, com propaganda ou com venda, exclusivamente. Ainda segundo Cobra, o crescimento da renda per capita da população brasileira, ao lado dos estímulos crescentes à produção e à exportação, sem dúvida muito contribuiu para a adoção do marketing no Brasil. “E essa importância do marketing, antes privativa da área de consumo de massa, agora ganha importância e credibilidade junto aos setores básicos da atividade industrial, com o marketing de negócios; na atividade agrícola e pecuária, com o marketing agrícola; na atividade de serviços públicos e privados e de saúde, com o marketing de serviços; com o marketing político e o marketing religioso, entre outras configurações” (Cobra, 1997, p.32). Um outro posicionamento ativo do marketing que se destacou nos últimos anos e ainda tem muito para fazer é o marketing educacional, embora, em muitos momentos, pareça ser utilizado como o marketing de vendas (marketing de produto), talvez pelo baixo índice de conscientização da população, portanto, falta de adequado discernimento entre as variáveis educação, formação e negócio (produto); o marketing educacional ainda parece, em muitos momentos, um marketing promocional, vendendo a todo empenho o produto educação. Cabe aí uma revisão crítica e severa da aplicação deste conceito, que remete a ter que lembrar que a educação não é um produto; na verdade, está mais próxima de uma condição ética e comportamental, em que se busca o aprimoramento dos indivíduos até utopicamente, vendo a utopia não como o inalcançável, mas como a busca incessante pelo melhor, mais bem pensado, mais concreto e mais seguro e equilibrado. 1.6 A evolução do marketing no Brasil Depois do estudo do significado do marketing e sua abrangência, fica mais fácil desenvolver um estudo de sua evolução. Partindo dessa situação, a de que já se conhece claramente o que marketing é, pode-se entrar diretamente em sua configuração história. Primeiramente, é oportuno dizer que o mesmo não data de um período absoluto e que descreve seu início pontualmente; pelo contrário, vem de vários movimentos e pensamentos agregados que não se construíram do dia para a noite, mas que, somados, permearam a existência dos primórdios factuais e relacionais que permitiram o desenvolvimento do que se conhece como marketing hoje. Para se ter uma ideia de sua existência, já se fazia marketing no tempo do Brasil Colônia; por exemplo, os comerciantes da época, situados na Bahia, em Recife e no Rio de Janeiro, importavam, anunciavam e vendiam produtos europeus, que, naquele momento, tinham como destino principal os ricos. Tais comerciantes tentavam, utilizando os recursos disponíveis, conquistar e manter os clientes, especialmente porque, em sua grande maioria, eram clientes lucrativos, por se tratar da elite financeira dominante (Gracioso, 1998, p.29). Porém, segundo Gracioso (1998, p.29-30), a rigor, não existia o tipo de relacionamento de marketing que se tem hoje, as transações eram conduzidas pela ótica pura e simples da venda e as diversas etapas do processo não eram integradas em função de um objetivo único; logo, os comerciantes não se orientavam pelas expectativas de seus clientes ativos ou de seus clientes potenciais, mas pelo que as fábricas europeias estavam interessadas em lhes fornecer. Nesta condição, ocorre a questão: qual é o sentido atual do marketing? Para que seja possível construir tal conhecimento em resposta à questão, é preciso considerar que, “mesmo no cenário mundial, a noção de que as diversas atividades que resultam na venda constituem um todo integrado e dinâmico é relativamente recente” (Gracioso, 1998, p.30). Foi apenas nos anos de 1920, nos Estados Unidos, que o termo marketing foi utilizado com este sentido de vendas e integração. Quando se faz um resgate linguístico do termo marketing, observa-se que, no inglês, o sentido original dessa palavra é mais restrito que seu uso e entendimento atual, bem como objetivava representar a venda no mercado. No português arcaico, com o verbo mercadejar, o sentido objetivado era o mesmo. Apenas nos anos 1940 é que os norte-americanos associaram ao termo marketing o sentido ativo de promoção de produtos ou serviços tal qual é de conhecimento de todos os profissionais da área atualmente. “No Brasil, a palavra marketing começou a ser divulgada (e praticada) a partir dos anos cinqüenta, por obra e graça dos executivos das grandes multinacionais americanas e européias, para cá mandados ou aqui formados” (Gracioso, 1998, p.30). Dentre as empresas que primeiramente utilizaram o termo no país, estão Johnson & Johnson, Anderson Clayton, Gillette, Coca-Cola, American Home Products (Kolynos), Colgate-Palmolive, Gessy-Lever (Unilever), Nestlé, dentre outras. Como se observa, fica clara a condição de que o marketing, na configuração aqui apresentada, ao ser entendido e utilizado, primeiramente atendeu a condição do produto e não do serviço; as empresas citadas acima, por exemplo, são, todas elas, fabricantes de bens de consumo, o que explica o fato. O marketing ficou então condicionado ao produto, constituindo o que se conhece hoje como marketing de produto. A evolução do marketing de serviços, por sua vez, foi mais lenta e até retardatária, tendo valoração acentuada apenas nas últimas duas décadas. Com a chegada do marketing no Brasil através das multinacionais, veio também um diferencial competitivo para tais empresas, que, praticamente, foram sufocantes para a indústria local. Muitas das empresas nacionais que tinham construído uma marca lembrada pelos clientes foram compradas ou, simplesmente, desapareceram. Certamente esse foi um efeito nefasto da chegada de tão poderoso ferramental na indústria brasileira, porém, o que se tem hoje é uma competência até bastante estruturada para a utilização do mesmo por parte dos empresários brasileiros. Mas cuidado, o marketing no Brasil já está contextualizado localmente; a comparação com a eficiência e o potencial de ação com a economia norte-americana deve ser bastante cuidadosa, uma vez que os EUA estão, literalmente, à frente no quesito marketing. 1.6.1 Principais fases do marketing no Brasil a) Anos cinquenta – 1ª fase O que viabilizou decisivamente a chegada e ativação do marketing no Brasil na década de cinquenta foi a industrialização acelerada da economia, baseada em diversas bases, dentre elas, a política governamental federal. Vale lembrar também que, naquele período, o país era totalmente subdesenvolvido, com uma estrutura predominantemente agrária e com uma classe média urbana incipiente. Se comparado com o que se tem hoje, o marketing realizado naqueles anos era primitivo e limitado (Gracioso, 1998, p.33). Outro fator importante, competir pela preferência do consumidor, era praticamente uma atividade que não se conhecida, pois o quadro geral era o da escassez de quase todos os produtos de consumo corrente, de tal forma que não era realmente necessário competir pela preferência de ninguém, não nos moldes atuais. Mesmo com todas as dificuldades e contrapontos do período em relação à chegada, ao entendimento e à aplicação do marketing, foi também naquele momento que se firmaram no mercado nacional muitas das grandes marcas que ainda são encontradas hoje e cuja posição no ranking de participação de mercado por segmento é bastante considerável, ou mesmo são líderes, tais como Leite Moça, Maizena, Quaker, Gillette, Palmolive, etc. Praticamente todas essas marcas acabaram se firmando pelo uso da propaganda (em rádio, revistas e jornais da época). Uma informação que reflete o uso do marketing da época é que as propagandas, em geral, eram preparadas seguindo os moldes norteamericanos, ditados pelas filiais das grandes agências de propaganda aqui instaladas, portanto, trazendo de lá os parâmetros do que era realizado no país. Em menor escala, algumas agências de propaganda brasileiras, desbravadoras certamente, começaram a prosperar. O marketing no Brasil, nesse momento, começava a se tornar realmente abrasileirado. Naquele período também ocorre a inclusão do marketing em alguns currículos universitários brasileiros. Foi em 1953 que oficialmente se iniciou o ensino do marketing enquanto disciplina, na Escola de Administração de Empresas da Fundação Getúlio Vargas, em São Paulo. Primeiramente disponível no curso de graduação, rapidamente passou a incorporar-se à pós-graduação. Basicamente, os primeiros professores da disciplina eram norte-americanos chegados através de programas de colaboração denominados Ponto IV. A maioria dos professores que vieram ministrar conteúdos referentes à disciplina eram da Michigan State University (Gracioso, 1998, p.38). “Outra conquista dos frutíferos anos cinqüenta foi a fundação, em São Paulo, da primeira escola de propaganda. Além de reforçar as bases éticas e profissionais da propaganda no Brasil, a Escola Superior de Propaganda de São Paulo logo passou a atuar também na área de marketing. De fato, muitas disciplinas ligadas ao marketing foram introduzidas nos currículos em meados dos anos sessenta. E, a partir de 1971, a escola passou a chamar-se Escola Superior de Propaganda e Marketing, oferecendo cursos de propaganda e marketing de nível superior” (Gracioso, 1998, p.38-39). b) Anos sessenta – 2ª fase Nos anos sessenta, diferentemente do que se poderia esperar, o marketing começou suas atividades com maus presságios, quando se fazia uma alusão à década anterior, em que o governo de Juscelino Kubitschek foi marcado, em boa parte, por euforia de progresso e esperança. O quadro da época é o seguinte: em agosto de 1961, o então presidente Jânio Quadros renuncia, e há a ascensão de seu vice, João Goulart, que marcou seu governo pela orientação populista, que, para os militares, era por demais perigosa (não é pertinente aqui fazer qualquer julgamento de quem tinha razão e quais eram as razões, sendo isso pano de fundo para um outro estudo). Pouco tempo depois, em março de 1964, ocorreu o golpe castrense que estabeleceu um governo ditatorial, o qual enfrentou sérios problemas econômicos nos primeiros anos, problemas estes que, dentre outros segmentos, também foram ruins às investidas de marketing na primeira metade da década. Mesmo com todas as dificuldades enfrentadas no período, o progresso econômico da nação retomou-se a partir de 1967, sendo tal fato responsável por sustentar o crescimento real dos investimentos em marketing. O novo clima de euforia e prosperidade foi, portanto, fundamental para a validação do marketing, uma vez que, novamente, o mesmo pôde ser estabelecido social e economicamente com empenho, impulsionado fortemente pela instalação de novas empresas estrangeiras, pelos investimentos das áreas de comunicação e de transportes. Notoriamente, os investimentos nas áreas de comunicação e transportes foram de suma importância para o marketing do período, pois colaboraram para a estruturação de um sistema macroeconômico que permeia a realidade do mercado tanto da dimensão dos produtores como dos consumidores de bens e serviços, dos agentes de mercado e seus contatos com as áreas com que se relacionam. As bases do crescimento do marketing da segunda metade da década de sessenta não param por aí: “No campo, novas fronteiras agrícolas foram abertas e surgiram centros regionais de grande peso econômico, principalmente no Centro Sul do país. Nas cidades surgia uma grande classe média urbana, que consumia avidamente os bens de conforto (automóveis, eletrodomésticos), antes restritos à classe rica. Tudo enfim, contribuía para que os conceitos modernos de marketing fossem efetivamente aplicados pelas grandes empresas” (Gracioso, 1998, p.39-40). Talvez uma das grandes contribuições do marketing em tal período tenha vindo dos fatos socioeconômicos da época, contribuindo para que as estruturas de comercialização passassem da orientação de vendas para a orientação do marketing. Por exemplo, os métodos e estruturas de vendas e distribuição também passaram pelas primeiras mudanças realmente sérias, o que refletia o acelerado crescimento das redes de supermercados e das cadeias de lojas especializadas. Nasce a era dos shopping centers, marcada pela abertura do Shopping Center Iguatemi em 1967, em São Paulo. Algo que, certamente, tomou uma dimensão grande o suficiente para ser chamado de fundamental no Brasil, os shopping centers, no ato de sua primeira inserção, certamente não motivavam muitos investidores a serem credores de uma ideia como esta. De qualquer maneira, alguns acreditaram no que, somado aos esforços de marketing, viu-se chegar — e no que se tem hoje; em outras palavras, todo este gigantismo operacional que se tornaram os centros de compras, lazer e até entretenimento que são atualmente. Outro destaque marcante da década de sessenta foi a redução da participação de mercado e influência dos grandes atacadistas, passando as empresas produtoras a cuidar mais proximamente da própria logística (distribuição e armazenamento periférico), lembrando que a este fato estão somados os investimentos nos setores de comunicação e transporte feitos no período. Os investimentos em propaganda passaram por um período de acentuado crescimento e profissionalização. O número de agências nacionais cresceu exponencialmente, e começaram a ganhar destaque aquelas agências que, tempos depois, mais precisamente na década seguinte, tornariam-se renomadas, muitas das quais existem até hoje; por exemplo, DPZ, Mauro Salles, MPM, Norton, Denison, Alcântara Machado, etc. Tal fato ajudou na confirmação da cidade de São Paulo como grande centro cultural, econômico e social, especialmente porque narrou a migração do Rio de Janeiro para a capital paulista, o eixo central de desenvolvimento da propaganda (Gracioso, 1998, p.40). Outro elemento de marketing, a promoção de vendas, também se desenvolveu bastante no período impulsionado pelo igualmente entusiástico crescimento e desenvolvimento dos supermercados e das lojas de departamentos. “No início, as próprias agências de propaganda supriam todas as necessidades de seus clientes no campo da promoção. Mas, pouco a pouco, começaram a surgir agências especializadas em promoção de vendas, sendo pioneira neste particular a De Simoni & Associados... Por outro lado, a área das informações de marketing (estudos, auditoria de varejo, pesquisa de audiência, pesquisa de mercado e do consumidor, etc.) desenvolveu-se enormemente. Por exemplo, o veterano IBOPE” (Gracioso, 1998, p.40-41). c) Anos setenta – 3ª fase A década de setenta é marcada pelo início de grandes projetos diretamente envolvidos com a nação e com o restante do globo em nível macroeconômico. Como exemplo, tem-se os projetos da indústria petroquímica, hidroelétrica, siderúrgica, nuclear, para fins de produção de energia, e agro-química, especialmente com os fertilizantes. Nesse período, o país consolidou sua indústria moderna, fato que se deu com a participação estatal e com a contração de dívidas no formato de empréstimo de fontes externas (Gracioso, 1998, p.41). Os anos setenta foram, de certa forma, muito valiosos para o Brasil; enquanto o resto do mundo amargava os nefastos problemas da crise do petróleo findada em 1973, o país continuava crescendo, espetacularmente, a uma taxa média de dez por cento (10%) ao ano. Porém, embora esse panorama pareça por demais otimista, como se fosse representante de um típico sucesso brasileiro, na verdade se deu a complexo pesar. Para que fosse possível sustentar o crescimento, o país contraiu uma enorme dívida externa e, na mesma proporção, uma dívida interna, fato que torna perigoso qualquer tipo de crescimento que se proponha à nação. Seguindo tal configuração desenvolvimentista baseada no endividamento, cultivaram-se também as amarras que ainda hoje limitam as ações do governo, tal qual é possível constatar nas relações que o Estado-nação brasileiro tem com o Fundo Monetário Internacional (FMI) e com as demais nações líderes mundiais e blocos econômicos (este assunto é pertinente a um outro estudo e novas discussões, especialmente voltadas a disciplinas do núcleo de economia, portanto, fica aqui a recomendação). Na condição configurada naquela década, ocorreu uma especial condição para o marketing se beneficiar, baseada, dentre outros motivos, na maior abundância de recursos no mercado e no crescimento do mercado consumidor. Um outro fator colaborativo ao marketing, no olhar da administração de marketing e do negócio, é que, apesar dos controles generalizados de preços no período, as margens de lucro encontravam-se em patamares atraentes e a inflação encontrava-se sob controle (Gracioso, 1998, p.42). Outro fator que não pode passar despercebido referente a tal década é que, dada a explosão de consumo baseada no forte crescimento do mercado consumidor, as maiores preocupações das empresas voltavam-se para seus próprios sistemas de produção, portanto, os problemas eram mais de natureza interna do que externa, ou seja, de mercado. Isso significou grande atenção por parte dos gestores das organizações à capacidade produtiva e à planta industrial, e não a sistemas de inteligência do negócio e relacionamento com clientes como os de marketing. Com tal tipo de realidade, o marketing até corria o risco de ser marginalizado pelo mercado produtor, mas, de certa forma, isso nem passou perto de ocorrer. As empresas investiram para fortalecer suas próprias marcas, a própria imagem no mercado e a aceitação de seus produtos. Isso, sem dúvida, foi muito importante para o marketing brasileiro, pois marcou a necessidade de ser conhecido, ou seja, as empresas começaram a entender que quanto mais conhecidas elas e seus produtos fossem, mais chances de vender, e vendas em maior volume teriam. Um contraponto constatado é que, com a abundância de vendas em função do crescimento do mercado, muitos investimentos em marketing foram verdadeiros desperdícios de verbas, sejam quando destinadas à propaganda, seja quando reservadas à promoção de vendas e às pesquisas. “Gastava-se mais que o necessário e – o que é pior – usava-se muito mal o dinheiro. Em última análise tudo era justificado pelas curvas de vendas e de lucros, que apontavam sempre para o alto” (Gracioso, 1998, p.42). Dentre os pontos positivos da década de setenta, talvez o maior deles seja o surgimento efetivo do marketing enquanto meio de relacionamento direto (marketing do relacionamento) entre as organizações e os clientes. Antes de se nomear o marketing em questão como “marketing de relacionamento”, como faz Regis McKenna (1999), estabeleceu-se o “marketing industrial”, também conhecido como “marketing de produtos industriais”, que traz como base a dependência da confiança mútua entre quem compra e quem vende, confiança esta que é facilmente vista ao olhar típico de um relacionamento, simplesmente porque a confiança verdadeira só se constrói em tal panorama. É importante um esclarecimento frente ao que é o marketing de relacionamento e duas variáveis ou tipologias de marketing que podem ser facilmente associadas a ele, o marketing industrial e o marketing de consumo. Este último é visto por muitos homens de marketing como a sublimação absoluta do marketing, mas, na verdade, tanto um quanto o outro devem ser pensados conjuntamente, especialmente porque é fácil ver que são, de certa forma, faces ou focos diferentes de uma mesma realidade. Seu entendimento e relevância, especialmente na nomenclatura “marketing de consumo”, continua amadurecendo bastante na década de 70, e este fato também é ou está diretamente vinculado ao desenvolvimento socioeconômico e à cultura da própria nação. d) Anos oitenta – 4ª fase A década de oitenta, para muitos, foi uma fase muito dura para o marketing, o que ocorreu como reflexo de conjuntura econômica da nação brasileira, que foi drasticamente atingida pela interrupção dos investimentos estrangeiros e a necessidade de se pagar a gigantesca dívida externa contraída em períodos anteriores. Somando a tais fatos, ocorriam as dificuldades de ordem política, especialmente as ligadas ao que se chamava de Nova República. Os estudiosos mais pessimistas, ou talvez realistas, dizem que naquele período o país perdera o rumo completamente. O quadro inflacionário, mais um ponto crítico da gestão pública em qualquer país do mundo, transformou-se em um grande vilão, que atingiu em cheio o poder de compra dos consumidores; elevou-se o déficit público, reduziram-se drasticamente os investimentos, tanto de ordem pública quanto privada, em especial o estrangeiro. Tais fatos arremeteram alguns níveis de consumo para números registrados uma década antes, ou seja, houve uma forte regressão do potencial de certos segmentos de mercado (Gracioso, 1998, p.43-44). Segundo se aponta, de 1980 a 1995, por mais de uma década, portanto, foram “anos das ilusões perdidas” 4 , período em que o país parou de brincar de rico e acordou para a realidade do subdesenvolvimento. Os fatos foram: • a economia se viu, de certa forma, estagnada nos termos do crescimento sustentável; • a inflação estava praticamente fora de controle; • as grandes empresas interromperam seus programas de investimento; • o marketing perdeu importância relativa no contexto de negócios, em função de necessidades emergenciais e até estratégias de sobrevivência de vários setores da economia, realidade que esteve em praticamente todos os momentos vinculada a menções de ordem financeira; 4 Anos das ilusões perdidas – é o período, segundo Francisco Gracioso, em que o Brasil acordou para a realidade, dando-se conta de sua condição de subdesenvolvimento e parando de pensar que era dono de um índice de riqueza de primeiro mundo, vislumbrado pelas décadas anteriores devido ao forte crescimento econômico, mesmo em momentos de crise mundo afora. Em suas palavras, o país “o país de brincar de rico e acordou para a realidade de subdesenvolvido. O mercado consumidor encolheu” (Gracioso, 1998, p.36). • passa a haver duras tentativas de controle dos preços; • o protecionismo de mercado é instituído frente às importações; • a retração do mercado é, em seu caráter macroeconômico, total; • ocorreu um acelerado decréscimo do lançamento de novos produtos; • a concorrência principal de mercado se dava no quesito preço; • com tudo isso, como já era de se esperar, as verbas para ações publicitárias foram agressivamente reduzidas (Gracioso, 1998, p.36). Com isso, torna-se clara a condição avassaladora da realidade conjuntural sobre o marketing, ficando este bastante restrito em termos dinâmicos e confinado a seguir as regras de mercado, tal qual o mercado os fatos foram relatados acima. Portanto, não é inoportuno dizer, a década de oitenta e o início da década seguinte foram nefastas ao potencial do marketing no Brasil. Mas não apenas mazelas restaram do período; talvez uma das principais heranças de tais dificuldades e complexidade tenha sido o recondicionamento e aprendizado do uso dos recursos disponíveis em função de aprender a lidar cada vez melhor com as contingências e situações de crise, de tal forma que hoje se reconheça um amadurecimento claro e factível da gestão empresarial e da administração de marketing em função dos princípios, meios e técnicas agora aplicados à administração dos negócios e suas respectivas estratégias em função do mercado e especialmente do mercado. Tais fatos poderão ser entendidos mais amplamente no discurso da década de noventa. e) Anos noventa e o início do século XXI – 5ª fase Com a retomada do crescimento nos anos noventa, especialmente após a aplicação das políticas de gestão pública do governo do presidente Fernando Henrique Cardoso, e após a difícil fase vivida na década anterior, o marketing passou a ser melhor estruturado, tornando-se, seguramente, mais científico e tendo uma orientação de mercado voltada para os resultados. Os processos de vendas também ganharam substancial valor, tornando-se mais eficientes e requerentes de menores verbas proporcionais ao faturamento, logo, mais econômicos. Isso ocorreu devido, principalmente, a dois fatores: • uso intensivo da informática; • melhor treinamento de pessoal (Gracioso, 1998, p.45). A administração de marketing passa a ser mais cautelosa, validando especialmente as ideias cujas propensões ao sucesso sejam mais claras. A gestão de marcas e novos produtos, por exemplo, procura, no desenvolvimento e lançamento de novidades (marcas e produtos), cuidar para que, ao fazê-lo, consiga-se o máximo de lançamentos a um custo menor. Entra em cena a “gestão do risco”, que cristaliza a preocupação e atenção para que os investimentos realizados não caiam em abismos sem fundo, o que pode ser interpretado com “pagar para ver”, mas, na hora de fazê-lo, o que se deveria enxergar sumisse como um passe de mágica da frente de seus olhos (investimentos mal-feitos representam perda notória de dinheiro e outros recursos). Enfim, o marketing começa um processo de transformação em suas próprias bases, passando a ser mais flexível e ágil, ou seja, mais adaptado para atender a um mercado cada vez mais diferenciado, exigente e dinâmico. f) Século XXI: perspectivas Uma das principais questões que passou a ser pauta das discussões do marketing no início do século XXI, sem dúvida alguma, é a globalização. Com ela, muito marcante na última década do século passado em diante, mudamse as configurações gerais do mercado competitivo, passando a ocorrer maiores competições em vários setores da economia, advindas de diversas regiões, estejam elas vizinhas, como cidades, ou em outros países. A realidade da globalização não é nova, existe desde que o homem começou a migrar por diversos fins, como o mercantilismo, o de lazer e entretenimento, ou simplesmente de subsistência 5 . Essa nova roupagem da globalização, termo epistemologicamente recente, é um fenômeno provocado, basicamente, pelas grandes organizações multinacionais, que, frente à conjuntura geral ou específica do mercado, agem em seu próprio benefício. Ainda nesta menção à globalização, a mesma tende a significar uma homogeneização dos mercados, seja na produção e comercialização, seja na própria totalidade da abrangência do marketing (Gracioso, 1998, p.47). Dentre suas principais características, há uma que a destaca — a desmistificação operacional ou produtiva das fronteiras, o que, por exemplo, torna possível um bem ser produzido no Brasil, tendo sido desenhado por estilistas norte-americanos ou italianos, que, juntamente com os engenheiros de produção da matriz, definem seu projeto de produto, tendo seu projeto de processo desenvolvido por especialistas europeus ou americanos. Pode, ainda, utilizar uma linha de montagem alemã, peças coreanas e ser vendido na 5 Homem global – seria aquele homem apto a se correlacionar com quaisquer populações, de quaisquer regiões do globo terrestre, de tal forma que, seja residindo, seja em viagem, ou via canais de comunicação (como Internet, telefone, etc.), detenha as condições e os interesses de se permitir estar em tal condição, de forma que a mesma lhe seja enriquecedora minimamente em caráter existencial humanístico através da incorporação de cultura, valores, etc. Rússia, cuja estratégia de marketing foi desenvolvida por especialistas em marketing brasileiros. O mesmo vale para os serviços. Outro fato interessante que deve ser lembrado é que as marcas passam a ser, cada vez mais, integradas a uma área ou mesmo a uma nação (ou nações); por exemplo, o consumidor brasileiro mais e mais compra marcas vendidas nos Estados Unidos, na Alemanha, na França, na Itália, etc., e métodos promocionais são os mesmos ou parecidos. Essa realidade afeta diretamente as organizações de uma determinada região, então, o que fazer? Segundo Gracioso (1998), ou [1] as organizações locais tornam-se igualmente multinacionais capazes de competir em preços e qualidade com as rivais estrangeiras, ou [2] tornam-se meros satélites ao redor das suas concorrentes multinacionais. Também é importante fazer a seguinte reflexão: não há espaço para todas as marcas do mundo serem as primeiras ou as segundas, ou se tornarem conhecidas como a Lacoste, a Mont Blanc, a Coca-Cola, a Mercedes-Benz, a McDonald’s ou a Toyota; por isso, a competição entre as marcas do mesmo segmento acabou desenvolvendo estágios competitivos que fazem com que a recém-nascida empresa do setor de refrigerantes não ataque diretamente a Coca-Cola, que vale bilhões de dólares. Sugestão: leia os seguintes livros: Marketing de guerra (de Ries e Trout, da editora Makron Books) e o Relatório popcorn (Faith Popcorn, da editora Campus). 1.7 As bases do marketing moderno Como foi estudado anteriormente, até o início do século passado (XX), todos os países do mundo tinham como problema crucial no tocante à realidade das organizações e de seus empresários a questão da produção, e, como tal, era ela quem recebia os olhares mais atentos e detinha as maiores investidas financeiras para crescimento e desenvolvimento. “Tratava-se de improvisar os meios para produzir em larga escala uns poucos bens e serviços básicos à vida, solicitados cada vez mais pelas populações urbanas em franco crescimento. Em seguida, tratava-se de produzir os itens mais sofisticados, solicitados por uma elite em evolução ávida por experimentar os mesmos prazeres até então reservados para uns poucos nobres e burgueses milionários” (Gracioso, 1998, p.31). Em resposta a tal solicitação, a capacidade de produção começou, ainda que lentamente, a se expandir, a princípio nos Estados Unidos e, em seguida, nos ricos países da Europa Ocidental, assim como é possível constatar nos estudos das teorias científicas e clássicas da Administração e seus principais representantes, Frederick W. Taylos e Henri Fayol (Ferreira; Reis; Pereira, 1997, p.11-25). O desenvolvimento e a adequação do mercado, frente à capacidade de produção, acabaram por culminar em um lastro de igualdade entre a capacidade instalada e a procura potencial e, em muitos setores, o crescimento da capacidade de produção foi maior que o da demanda de mercado, gerando excedente de oferta; com isso, surgiu a necessidade de técnicas de venda mais efetivas, propaganda e gestão estratégica de preços, como armas de competição, frente a uma concorrência crescente de mercado. Nessa circunstância, a presença do marketing passa a ser vital. Subsequentemente, via-se a necessidade e o desafio da alta administração de reduzir os riscos reais do negócio e garantir uma concreta base para o crescimento contínuo. Com isso, tomou corpo a importância de se conhecer cada vez mais os verdadeiros anseios, interesses e necessidades mensuráveis dos consumidores aos quais se destina aquilo que é produzido. Em outras palavras, começam a ganhar corpo a pesquisa de mercado e a pesquisa da percepção dos consumidores, como ferramentas para melhor direcionar os produtos e esforços de vendas ao público-alvo, ampliando as vendas e, consequentemente, os lucros. Tem início o conceito básico de marketing moderno, que pode ser entendido simplesmente como: “estar no lugar certo, com o produto certo, como o preço certo, nas condições certas, para o consumidor certo...”, assim como já comentado anteriormente. Esse conceito é considerado moderno porque é capaz de representar o que clientes e organizações esperam do marketing e uns dos outros, para gerar a máxima satisfação com “lucro” para as partes. De forma simples, o marketing moderno é a transformação dos meios e técnicas mercadológicas, cujo escopo mínimo é a promoção, o preço, a praça e o produto (composto de marketing), em diferenciais de venda e conquista de clientes, bem como sua manutenção e feedback positivo. Vive-se um quadro que se sedimenta do “foco no produto” para “foco no cliente”, para uma evolução que leva ao entendimento do “foco do cliente” atualmente. 1.8 Marketing e a contemporaneidade Na primeira metade do século XX, o mundo vivenciou fortes alterações de sua realidade conjuntural (econômica, social e cultural), mudanças estas que promoveram fortes diferenciações no modo como os indivíduos articulam e dirigem sua vida; tais alterações se fizeram, com mais ou menos força, presentes por todo aquele século. As forças promotoras de tais mudanças emergem de múltiplas fontes e condições, e estopins sociais de caráter internacional desencadearam medidas precursoras de cada uma das fases. A Revolução Industrial foi uma das forças molares que levou ao alvorecer de novos paradigmas e à destruição de outros. Daquele período em diante, muitos arquétipos 6 sociais foram desconstruídos para se re-erguerem em modelos melhorados, ou seja, modelos cuja “consciência sobre” muito maior se tornou, e, como tal, muito mais valores coletivos humanos encontram-se incutidos dentro da miríade dessa reconstrução. 6 Arquétipo – modelo de seres criados. 2. exemplo, protótipo (FERREIRA, Aurélio B. de Holanda, 2000. p.61). Veja a seguir um resumo simplificado da Revolução Industrial que ajuda a entender sua interferência no marketing. Revolução Industrial: histórico A expressão Revolução Industrial (RI) tem sido utilizada para designar um conjunto de transformações econômicas, sociais e tecnológicas que tiveram início na Inglaterra, na segunda metade do século XVIII. Muito rapidamente, tais transformações atingiram outros países da Europa e os Estados Unidos da América, alterando definitivamente as relações entre as sociedades humanas. Para muitos especialistas historiadores, a RI desempenhou um papel vital no desenvolvimento do capitalismo, foi marcada por intensa acumulação de capital, em especial na Inglaterra, e por profunda transformação nas formas de produção. Na prática, a RI significou o advento da indústria e da produção em série (Figueira, 2000, p.197). As etapas da Revolução Industrial (Cotrim, 1999, p.234): Primeira etapa: De 1760 a 1860, a RI ficou limitada, basicamente, à Inglaterra, primeiro país europeu a desenvolver o processo de industrialização. O grande destaque foi o desenvolvimento da indústria de tecidos de algodão, com a utilização do tear mecânico. Além disso, houve extrema importância para o progresso das fábricas. Segunda Etapa: De 1860 a 1900, a RI espalhou-se pela Europa central e oriental, atingindo países como Bélgica, França, Alemanha, Itália e Rússia. Alcançando outros continentes, o processo de industrialização chegou aos Estados Unidos e ao Japão. Nessa etapa, as principais inovações técnicas foram a utilização do aço, superando o ferro, o aproveitamento da energia elétrica e dos combustíveis petrolíferos, a invenção do motor a explosão, da locomotiva elétrica e o desenvolvimento dos produtos químicos. O progresso tecnológico foi de tal modo significativo que essa etapa é comumente denominada Segunda Revolução Industrial. Uma outra consequência da Revolução foi a transformação de pequenas cidades em grandes centros urbanos. Ao longo do século XIX, pensadores, literatos, simples observadores destacaram, muitas vezes, a modernidade e o progresso desses espaços. Mas não raro espantavam-se com a sua feiúra e as suas mazelas (Figueira, 2000, p.197). Naturalmente, essa é uma outra realidade, que também representa interferência na maneira como as pessoas pensam e agem, pois as estruturas, sejam quais forem, políticas, sociais, financeiras, arquitetônicas, etc., ao mudarem, mudam as interações e formas de julgamento entre a população de demais variáveis: empresas, produtos, governo, com outras pessoas, etc. Depois do marco socioeconômico global que foi a Revolução Industrial, o mundo vivenciou ainda duas outras revoluções: • a Segunda Revolução Industrial; • a Revolução da Informação. A Segunda Revolução Industrial foi baseada na alta tecnologia aplicada à produção de mercadorias ou prestação de serviços. Esta revolução veio para mudar as condições produtoras do mundo, e, como tal, entranhou-se em uma realidade irreversível, que propõe o contínuo desenvolvimento de tecnologias de produção. A Revolução da Informação, ainda em voga, é a revolução que promove, de certa forma, um tipo de amadurecimento mais acelerado do mundo. Tal amadurecimento se dá pautado em questões sociais, ambientais, profissionais, dentre outras, no tocante ético e com base, fundamentalmente, na tecnologia da informação, sendo que esta promove uma maior democratização da informação e do saber, criando melhores condições de gerar conhecimento frente a uma realidade que vagueia entre a abundância do acesso a uma realidade on-line e em real-time e uma outra realidade, em que muitos não têm sequer escola para frequentar, um lápis e papel para escrever, ou mesmo um livro para ler (minimamente, obrigações que cada Estado-nação deveria ser capaz de proporcionar a cada indivíduo). Mundialmente, o panorama do marketing é realmente impressionante, especialmente pela abertura de fronteiras nacionais que, consequentemente, viabilizaram o incremento competitivo da concorrência. A tramitação de produtos e serviços tornou-se mais dinâmica e articulada, cresceram as formalizações de barreiras estratégicas (restrições comerciais governamentais para proteger os mercados), muitas vezes criadas por algumas nações de forma reativa e quase sempre unilateral, e cuja realidade demonstra a incapacidade de estabelecimento de relacionamentos sustentáveis em si com a nação que sofre tais vetos (barreiras ou empecilhos), pelos mais diversos motivos ou justificativas. Os consumidores de quase todo o mundo, em especial os consumidores norteamericanos e europeus, passaram a interagir mais proximamente com questões de qualidade, marcas, produtos importados, disponibilidade e preço e concorrência, desenvolvendo a possibilidade de mudar rapidamente de fabricante, ou seja, o consumidor vive a possibilidade de exercitar seu livre arbítrio a todo momento; assim, ele pode vagar pelas oportunidades, ofertas, comparar preços e produtos até encontrar (exatamente) aquilo que procura. Talvez esse fato seja suficiente para demonstrar a importância do marketing, embora muito mais possa ser levado em consideração. Reflexão: Será possível imaginar hoje o mundo sem marketing? Imagine viver sem Internet, telefones e/ou telefones celulares, viver sem os aparelhos de tevê e os mais diversos canais... É, por certo, seguro afirmar que nada disso seria tão avançado se não fosse o marketing, aliás, graças a sua atuação é que algumas dessas coisas se desenvolvem tão surpreendentemente, ou será que alguém nunca recebeu uma ligação (telemarketing ativo) de alguma empresa vendendo algo, nunca recebeu um spam com a mesma finalidade na Internet, nem um e-mail sequer dizendo “melhor preço, oferta, último dia”? Historicamente, portanto, o marketing foi se adequando à realidade tal qual a própria evolução da mesma. Segundo Gracioso (1998, p.16-17), constatou-se que: • o marketing passou a adquirir uma dimensão estratégica irrefutável: passou a refletir as mudanças ocorridas no ambiente de negócios. Atualmente, as estratégias e as ações de marketing representam, consideravelmente, as relações de forças de todo o sistema de negócios no qual a organização está inserida, seja em caráter micro ou macroambiental; • o marketing passou a dinamizar suas ações, dando-lhes mais velocidade: através de novas e mais avançadas técnicas de coleta e processamento de dados e informações, o marketing passou a ser capaz de reagir mais eficientemente com o mercado, pois a resposta, em alguns casos, já se dá, até mesmo, em tempo real; • o marketing tornou-se ainda mais global: à medida que as informações geram conhecimentos relevantes sobre outras culturas, como hábitos de consumo, preferências, etc., aumenta-se a capacidade do marketing de propor adequados produtos para o mercado destinatário. Isso corresponde a dizer que, seja um produto ou serviço, antes de ser lançado em um novo lugar, será adequado às necessidades, expectativas ou simplesmente preferências de tal localidade na busca por aumentar as chances de sucesso do que é ofertado; • o relacionamento dos produtores de bens de consumo com seus fornecedores de insumos e revendedores sofre forte melhora: talvez seja esta uma das principais adequações de marketing à realidade, pois melhora a relação entre elos de uma cadeia de negócios, que, sabidamente, quanto melhor se desenvolver, melhores são as chances de sucesso para as partes envolvidas. Nesse ínterim, marketing serve como elemento que valoriza a questão das parcerias, contribuindo para a otimização de todo o sistema de negócio; • o marketing passou a solicitar e estimular o desenvolvimento de novos sistemas e estruturas de distribuição e vendas: o que pode ser visto é um enriquecimento dos elementos e parâmetros de logística, tanto para o armazenamento quanto para a distribuição, maximizando o potencial e atendimentos das questões de vendas; • o marketing também apresenta uma relação crítica frente à concepção e à percepção de marcas: o fenômeno mundial de lembrança e aceitação de marcas continua a existir, porém, as cautelas e condições são ligeiramente diferentes. Com o aumento da concorrência, especialmente com o crescimento do número de pequenos produtores e seu incremento operacional, com o acesso a informações e, portanto, à existência de novas marcas, bem com a tipologia de cada uma delas (etc.), o que se tem é uma redução da hiperconcentração de valoração de marcas, passando a existir uma maior disseminação de marcas e atributos 7 , o que sugere que poderá haver uma redução do valor da marca (discutível!). Porém, cabe ressaltar aqui que marca é um tipo de elemento fundamental entre a empresa e o cliente, pois serve de ligação entre ambos frente a sua capacidade de constituir lembranças positivas ou não, identificação facilitada (todos no mundo que tiveram contato com um McDonald’s o reconhecem e são capazes de fazê-lo pelo nome da marca e outros fatores, mas, especialmente, pelo seu famoso arco dourado). Portanto, é necessário desenvolver muito mais estudos sobre a relação das marcas com o mercado, e certamente não é o momento de ficar preso em uma discussão marginalizante de valorização ou desvalorização das marcas; é mais contundente estudar sua realidade e seus efeitos, sua dinâmica e interação, influência e percepção com o mercado consumidor; • por fim, cabe destacar que o marketing evoluiu consideravelmente no tocante ao relacionamento com os clientes: ou seja, mais do que nunca, vê-se a crescente preocupação de marketing com o profundo conhecimento do mercado, seja ele um mercado ativo (no qual a empresa atua) ou potencial (em que a empresa pretende atuar). Tecnologias como as vistas em sistemas como Customer Relationship Management (CRM) e Data Base Marketing (DBM) são contundentes provas disso. Outro fator importante a ser destacado é que, no tocante aos serviços, o que se tem é uma forte tendência de uso do marketing como meio de articular e gerenciar relacionamentos com os clientes e com o mercado como um todo; neste tocante, marketing é, mais do que nunca, fundamental para a criação do desenvolvimento sustentável frente a atual conjuntura mundial, em que o valor subjetivo dos bens e serviços encontra-se ressaltado e, com isso, a importância e o potencial das marcas e a imagem que carregam consigo. É o cliente que determina o modo como as organizações, marcas e produtos são vistos e interpretados, por isso o cuidado de tantas organizações cresce na direção de ressaltar seus pontos fortes, sua conduta ética, sua política, valores sociais e até morais. A conjuntura socioeconômica em voga demonstra claramente uma “aceleração” da realidade através de processos como a acessibilidade e a realidade em campo virtual, ou seja, da Internet (realidade on-line e em realtime, já citados). O marketing cada vez mais interage com esta realidade e, 7 Atributos – podem ser definidos como o conjunto de valores (preço, atendimento, garantia, etc.) que envolvem, ou devem envolver determinado produto (serviço) de forma que ele possa atender as necessidades dos clientes aos quais se destina. Adaptação de Sheth, Mittal e Newman. Comportamento do cliente, 2001. desta forma, cria articulações que interferem direta e indiretamente no modo de vida das pessoas, sejam elas consumidoras ou não de certos produtos ou serviços. A atual condição do marketing é uma condição que traz em si um acréscimo de consciência e interatividade com a realidade ao redor. Próximos ou distantes estejam os efeitos em tal realidade, de uma ou outra forma, afetam as noções e concepções humanas, interferindo vastamente nos padrões de consumo, de relacionamento, de julgamento, etc. Logo, o que se tem é que a responsabilidade de marketing também tem aumentado consideravelmente nas últimas décadas, rompendo as fronteiras das organizações e incorporandose nas dimensões sociais. O marketing deixou de ser apenas um elemento diferenciador, estratégico ou articulador do ponto de vista da administração (planejamento, decisão, direção e controle) e se tornou um elemento social que sofre incremento valorativo diário. Ele passa, cada vez mais, a ser capaz de interagir, por meio de outras ciências (sociologia, psicologia, antropologia, psicanálise), com a realidade humana, tanto para o bem comum quanto para o bem individual. Portanto, o marketing hoje é um elemento social que interage de diferentes maneiras com as pessoas, quase que todo o tempo, de quando acordam a quando vão dormir, e, de certa forma, até quando dormem. Entende-se com isso que o marketing tornou-se parte da sociedade, uma vez que dá a ela mais movimento, mas graça e atratividade. Nos grandes centros urbanos, como Nova York, São Paulo e Tokyo, por exemplo, as pessoas se deparam com aproximadamente três mil marcas e informações publicitárias todos os dias. 1.9 O composto de marketing O composto de marketing, também conhecido com mix de marketing, ou, no inglês, marketing mix, ou simplesmente conhecido como 4P’s, representativos das siglas de conteúdo, pode ser entendido como o conjunto de ferramentas de marketing que as organizações e instituições usam para atingir seus objetivos de marketing no mercado-alvo (Kotler, 2000, p.37). E. Jerome McCarthy é o autor norte-americano criador dos “4P’s”, produto, preço, praça e promoção, que formam o “composto de marketing”. O conceito foi depois popularizado por Philip Kotler. McCarthy é professor de marketing da Universidade Estadual de Michigan, das Universidades de Oregon e da Notre Dame, autor de vários livros-texto utilizados até hoje em Universidades e Faculdades de Administração e Marketing no mundo todo. Além disso, ele também é conhecido pelas inúmeras consultorias de estratégia de marketing prestadas a muitas empresas norte-americanas e estrangeiras. No Brasil, o livro Marketing essencial (publicado pela editora Atlas e em coautoria com William D. Perreault) é uma ótima fonte de pesquisa sobre marketing. O composto de marketing é conhecido no escopo mercadológico como 4P’s porque cada “P” representa seu próprio conteúdo, o que facilita bastante sua compreensão. A saber: • produto (product); • preço (price); • praça (place); • promoção (promotion). Segundo McCarthy, para as organizações alcançarem a sua missão, é necessário que realizem a interação entre cada um dos “P’s” citados acima. Como resultado desta interação, advirá o resultado financeiro positivo; isso, claro, se o uso do composto de marketing for coerente, portanto, estruturado e condizente com a realidade da organização, seu mercado, seus clientes, fornecedores etc., frente a sua proposição de mercado (missão que cada negócio propõe atender a partir de si mesmo – sua identidade). Esquematicamente, o composto de marketing frente à missão da organização e seus objetivos, na figura dos 4P’s, pode ser assim representado: Para se entender a importância dos 4P’s, é necessário compreender que, para satisfazer as necessidades dos clientes-alvo, é indispensável a interação entre os 4P’s; por exemplo, para a organização oferecer produtos ou serviços, é necessário que estes possuam qualidade, modelos e estilos atrativos para o cliente, nome, uma marca, estejam disponíveis para consumo, tenham praça, preço que atenda ao valor esperado pelo cliente e que se estabeleça uma comunicação para saber o que é vendido, a quem é vendido, onde, quando e como é vendido (Giuliani, 2003, p.26). Seguem, resumidamente, as definições de cada um dos elementos do composto de marketing (4P’s): 1.9.1 O produto Em suma, o produto refere-se ao que os homens de marketing da concepção de estratégias oferecem ao cliente com o propósito de trocar, podendo ser produto (bem) ou serviço (intangível); portanto, faz-se necessário que esses produtos sejam possuidores de qualidade, estilos característicos que atendam ao cliente, marca bem-posicionada, embalagens atraentes e sedutoras, e com composto de serviços de marketing que assegure benefícios pessoais, os quais são bons sentimentos que os clientes experimentam pela compra, propriedade e uso de produtos, ou pelo reconhecimento de serviços (Giuliani, 2003, p.27). Logo, tenha em mente que o produto não se limita a bens físicos (McCarthy, 1997, p.46), assim como citado acima. É importante também relembrar que o produto ou o serviço deve satisfazer algumas necessidades dos consumidores, sendo esta portanto, sua função maior. 1.9.2 O preço De forma ampla, o preço constituí a quantidade de dinheiro, ou outros recursos, que deve ser utilizada para a realização de uma troca; com a entrega do dinheiro, obtém-se o produto ou serviço almejado. Nesse aspecto, é relevante considerar os custos e as despesas na formação do preço, em qual segmento está concentrado, procurando utilizar estratégias de preço alto, médio ou baixo. Os preços oferecidos agregam valor aos clientes; o desconto e o prazo de pagamento são atrativos. Ao fixar um preço, McCarthy (1997) destaca que os profissionais de marketing devem considerar o tipo de concorrência no mercado-alvo e o custo total do composto de marketing. Devem também tentar estimar a reação do consumidor a possíveis preços. Além disso, é importante que conheçam práticas atuais, como mark-up, descontos e outras condições da venda. 1.9.3 A praça Também conhecida como canal de distribuição, refere-se a como os produtos e serviços são entregues aos mercados para se tornarem disponíveis para troca, não deixando faltar produto em nenhum mercado importante. Para isso, devem-se selecionar depósitos, fábricas, distribuidores para suprir as necessidades de consumo através de recursos que fazem com que o produto chegue ao mercado no momento certo. O canal de distribuição, portanto, pode ser entendido, resumidamente, como qualquer conjunto de empresas (ou indivíduos) situado entre o produtor e o consumidor ou usuário final, sendo que tais indivíduos podem estar ligados diretamente ou indiretamente à organização produtora, à organização repassadora e/ou, ainda, ser o usuário ou cliente final (consumidor). 1.9.4 A promoção A promoção refere-se ao uso, de forma inovadora e criativa, das ferramentas promocionais, como a propaganda, a publicidade, a venda pessoal, a promoção de vendas, as relações públicas, o merchandising e o marketing direto na busca por formar, convencer e lembrar os clientes sobre produtos ou serviços. Trata-se de comunicar o mercado-alvo sobre o produto certo e nas condições certas. Ela ainda pode ser entendida como composto de comunicação. Os elementos que compõem o composto de marketing não devem ser separados. Sua atuação é coordenada e conjunta, e deve mobilizar os recursos da organização (humanos, instrumentais e conhecimentos) para fazer face às ameaças e oportunidades advindas dos fatores externos à organização ou instituição — fatores ou variáveis incontroláveis. 1.10 Escopo de marketing A definição de escopo de marketing é abrangente, pois envolve áreas bastante diversas dentro do contexto de ação do marketing. Segundo Cobra (1997, p.24), o escopo do marketing envolve: • • • • • • • • • • • • • • • • • o composto de marketing (4P’s: produto, preço, praça e promoção); o comportamento do consumidor; as compras; a administração de vendas; a gerência do produto; a comunicação mercadológica; o marketing comparativo; o marketing social; a eficácia da produtividade do sistema de marketing; o papel do marketing no desenvolvimento econômico; a embalagem; as vias de distribuição e a distribuição física – portanto, a logística envolvida; a pesquisa mercadológica; os aspectos sociais e ecológicos no marketing; o varejo; o atacado; a responsabilidade social do marketing, dentre outros aspectos. Sem dúvida, a visão de Cobra sobre o escopo de marketing é abrangente. Neste sentido, ajuda a compreender que o escopo de marketing envolve as ações e responsabilidades de marketing; com isso, descreve – de certa forma – a que o marketing se destina. É importante destacar que os 4P’s de McCarhty foram mencionados por Cobra assim como são mencionados por muitos outros autores que corroboram tal ideia. Aliás, muitos concordam que os 4P’s representam um dos significativos esforços para definir e explicar o escopo de marketing. Em 1972, surgiram, na Conferência de Inverso da American Marketing Association (AMA), alguns comentários de Kotler concernentes à desejável classificação dos fenômenos de marketing, usando os conceitos de micro, macro, normativo e positivo. Kotler (1972) então propôs o esquema em que, em marketing, todos os fenômenos, fatos, problemas, modelos, teorias e pesquisas podem ser classificados em três categorias dicotômicas, de: • setor que visa ao lucro ou setor que não visa ao lucro; • micro ou macro: micro refere-se às atividades de marketing de unidades individuais, normalmente organizações individuais (firmas) e consumidores ou domicílios. Macro refere-se ao nível de agregação, usualmente sistemas de marketing ou grupos de consumidores; • positivo ou normativo: a dicotomia “positivo/normativo” prevê categorias baseadas em focos de análises primariamente descritivas ou prescritivas. O marketing positivo adita a perspectiva de tender a descrever, explanar, predizer e entender as atividades de marketing, processos e fenômenos atuais. O marketing normativo, em contraste com o marketing positivo, tende a estabelecer o que as organizações de marketing devem ter e que espécie de sistemas de marketing uma sociedade deve ter. Já em 2006, na 12ª edição de seu livro, Administração de marketing, Kotler (p.6-7) aponta o composto de marketing de maneira menos complexa, mas não menos clara, apresentado que o marketing aplica-se a: • • • • • • • • • • bens; serviços; eventos; experiências; pessoas; lugares; propriedades; organizações; informações; ideias. Nota de leitura: leitura sugerida: leia o capítulo 1 do livro Administração de marketing (12ª edição, em 2006), de Philip Kotler e Kevin Lane Keller (editora Pearson-Prentice Hall). As proposições de Kotler, em 1972, acabaram por produzir uma discussão bastante significativa sobre o marketing: “marketing é ou não é uma ciência?”. 1.11 O marketing é uma ciência ou não: o conceito de ciência Sabe-se que a ciência refere-se à investigação profunda e técnica, portanto, acurada (lógica) ou o estudo da natureza, buscando a constatação ou descoberta da verdade. A investigação é, ou deve ser metódica, ou seja, de acordo com o método científico 8 , que é um processo de avaliar o conhecimento empírico. Nesse sentido, a ciência refere-se à pesquisa. A ciência é o conhecimento ou um sistema de conhecimentos que abarca verdades gerais ou a operação de leis gerais especialmente obtidas e testadas através do método científico. O conhecimento científico depende muito da lógica. Sabe-se também que as áreas da ciência podem ser classificadas em duas grandes dimensões: • pura (o desenvolvimento de teorias) versus aplicada (a aplicação de teorias às necessidades humanas); ou • natural (o estudo do mundo natural) versus social (o estudo do comportamento humano e da sociedade). Menos formalmente, a palavra ciência, geralmente, abrange qualquer campo sistemático de estudo ou o conhecimento obtido desse. Pode ser usada genericamente. As ciências, no estado em que se encontram atualmente, são o resultado de tentativas ocasionais e de pesquisas cada vez mais metódicas e científicas nas etapas posteriores. A ciência é, portanto, uma das poucas realidades que podem ser legadas às próximas gerações. Cada época elabora suas teorias, segundo o nível de evolução em que se encontra, substituindo as antigas, que passam a ser consideradas como superadas e anacrônicas – ultrapassadas ou fora de moda (Cervo; Bervian, 2002, p.5). Segundo Robert Buzzell, a ciência é um conjunto classificado e sistematizado de conhecimentos. Ela é organizada através de uma ou mais teorias centrais e um número de princípios gerais, que são, normalmente, expressos em termos quantitativos, conhecimentos que permitem a predição e, sob certas circunstâncias, o controle de eventos futuros. Para Buzzell, o marketing detém os requisitos centrais da teoria para ser classificado como ciência (Cobra, 1997, p.26). Já para Kenneth D. Hutchinson, existe uma razão real pela qual o campo de marketing tem se desenvolvido lentamente, como um conjunto único de teoria. E isso é simples: marketing não é uma ciência. Ele é, antes, uma arte ou uma prática, e, como tal, mais fechada; mais comparável com a engenharia, a medicina e a arquitetura do que com a física, a química e a biologia. A profissão do médico estabelece, por exemplo, que seus membros são denominados “praticantes” da medicina, mas não “cientistas” (Cobra, 1997, p.26). Na tentativa de assumir o marketing como ciência ou não, Shelby Hunt faz a seguinte análise e conclui: 8 Como esclarecimento, o método científico é um conjunto de regras básicas pelas quais um cientista desenvolve uma experiência/ experimento a fim de produzir conhecimento, bem como corrigir e integrar conhecimentos pré-existentes. É baseado em juntar evidências observáveis, empíricas e mensuráveis, alicerçadas no uso da razão. “Se por exemplo, o domínio conceitual do marketing é lucrativo/micronormativo e provavelmente o marketing não pode ser uma ciência. Se, no entanto, o domínio conceitual do marketing inclui ambos os fenômenos micropositivo e macropositivo, então marketing é uma ciência. Se a amplitude do marketing inclui comportamento do consumidor, marketing de instituições, canais mercadológicos e a eficiência de sistemas de distribuição, então não há razão para que os estudos desses fenômenos não sejam designação de ciência” (Hunt, 1976). Enfim, talvez seja mais seguro assumir a posição de que marketing não é uma ciência; com isso, pelo menos se pode dizer que ele se apropria de condições ou métodos científicos em muitos momentos para se fazer valer. Pense nisso. 1.12 Sinopse da evolução dos conceitos de marketing Veja, no quadro a seguir, uma sinopse das principais definições do marketing. Tal quadro poderá contribuir substancialmente com a forma como se compreende o mesmo no tempo. 2 AMBIENTE DE MARKETING Inicialmente, saber que o ambiente pode ser entendido como tudo que rodeia e que influencia um sistema e com o qual muitos sistemas interagem constantemente é fundamental, pois perpassa a ideia de que os ambientes ou sistemas são ativos e dinâmicos. Por exemplo, um sistema de refrigeração central funciona em um espaço cujo fator ambiental primordial é a temperatura externa e a necessidade, mediante o desconforto potencial de regular a temperatura interna a ponto de não só ser mais agradável para estadia, mas garantir maior produtividade, descanso, relaxamento, etc. Fazendo uma analogia entre marketing e ambiente, pense que o marketing pode ser visto como um sistema que responderá a mudanças ambientais sempre que necessário. Assim como o corpo humano depende dos ajustes graduais e constantes em função de variáveis como a temperatura, o marketing procura cuidar para que as organizações adaptem-se às mudanças e às contínuas flutuações do mercado, garantindo que as organizações não fiquem totalmente vulneráreis a eventuais intempéries ambientais. Mas lembre também que o marketing não faz nenhum tipo de mágica; ele se preocupa com o processo de adaptação quando as variáveis não são controláveis e com o desenvolvimento da organização quando as variáveis são controláveis. A mutabilidade dos ambientes é preocupante, uma vez que muitos deles tratam da dimensão dos concorrentes e das estratégias competitivas em voga; sendo assim, as organizações que mais rapidamente desenvolverem a capacidade de adaptação quando ocorrem mudanças ambientais possuem mais chances de sobreviver. O marketing ajuda muito neste caso, uma vez que promove o desenvolvimento das competências críticas do capital intelectual da organização, levando a mesma aos resultados almejados, já que aprende e desenvolve mecanismos estratégicos para competir e se sobressair frente aos concorrentes; por isso, quando se fala de ambiente de marketing, é positivo ter em mente que há ambientes em que existe agressiva, moderada ou quase inexistente competição. Porém, o mais comum é a competição acirrada, na maioria dos mercados. O ambiente de marketing é definido por Palmer (2006, p.55) como o conjunto de pessoas, organizações e forças externas à gestão de marketing que influenciam sua capacidade de desenvolver e manter trocas bem-sucedidas com os clientes. É importante destacar que, ao estudar o ambiente de marketing, é oportuno estudá-lo em dois contextos: o do microambiente e do macroambiente da organização. A seguir. 2.1 Microambiente: ameaças e oportunidades O microambiente de uma empresa abrange os elementos que a influenciam diretamente. Inclui clientes, fornecedores e distribuidores. A organização pode até mesmo não ter contato direto com alguns desses elementos, mas, ainda assim, eles influenciam suas políticas. De modo similar, os concorrentes podem ter efeito sobre a posição da organização no mercado e, assim, ser parte de seu microambiente (Palmer, 2006, p.56). O microambiente de uma organização pode ser melhor compreendido como aquele que engloba todas as outras organizações e indivíduos que, direta ou indiretamente, afetam as atividades dessas organizações. Segundo Palmer (2006, p. 57), os principais elementos componentes do microambiente são: • clientes; • concorrentes; • intermediários; • fornecedores; • governo; • comunidade financeira – todos os bancos que podem fornecer crédito e demais agentes financeiros; • comunidades locais – todas as organizações e pessoas que existem na vizinhança da organização (por exemplo, escolas, postos de combustíveis, postos de saúde, comércio, residências, etc.); • grupos de pressão – são os militantes, grupos organizados de pessoas que lutam por uma causa. 2.2 Macroambiente: ameaças e oportunidades O macroambiente de uma empresa abrange o que está além de seu ambiente imediato, mas que igualmente pode atingi-la. Uma organização pode não ter com os legisladores o mesmo contato que tem com os fornecedores – mas ainda assim as medidas dos legisladores podem ter profundos efeitos, tanto sobre os mercados que ela busca servir como sobre seus custos de produção ou administrativos (Palmer, 2006, p.56). O estudo do micro e do macroambiente de uma organização serve para alertar aos profissionais de marketing e administradores que é necessário olhar tanto para dentro como para fora da organização, conhecer as variáveis internas da organização e conhecer as variáveis externas a ela, que regem sua realidade, bem como a das demais organizações. Para Palmer (2006, p.65), o macroambiente de uma organização é mais impreciso que o microambiente. Ele abrange tendências e forças gerais que podem não afetar de imediato as relações que uma empresa tem com seus clientes, fornecedores e intermediários; porém, cedo ou tarde, à medida que esse ambiente mudar, alterará a natureza de tais relações do nível micro. O macroambiente envolve tendências e forças gerais que, com o tempo, podem afetar a natureza das relações do microambiente. É preciso, portanto, acompanhar as variações nesses ambientes, como, por exemplo, as mudanças no perfil demográfico. O macroambiente é bastante complexo; sendo assim, listar suas variáveis não é tão simples, porém, algumas variáveis podem ajudar a melhor compreendêlo. Lembre-se também de que sempre haverá a possibilidade de outras variáveis não-listadas ou novas relações entre elas ainda não-previstas. Veja algumas das variáveis componentes do macroambiente: • ambiente macroeconômico: – o crescimento econômico e a distribuição de renda; – efeito acelerador e efeito multiplicador; – ciclos econômicos; – competitividade de mercado; • ambiente político: – governo e os sistemas políticos; – as leis; – os interesses públicos, etc.; • ambiente social e cultural: – o lazer e o modo de vida das pessoas; – a natureza das relações de trabalho e o lucro das organizações; – as contínuas mudanças do equilíbrio entre vida pessoal e trabalho; – o papel da mulher na sociedade em constante ampliação, aproximando-se dos papéis ocupados pelos homens; – o aumento da expectativa de vida e o envelhecimento da população como alteração dos sistemas de saúde pública, financeiro, alimentares, da cultura, etc.; – o aumento da preocupação com o meio ambiente, em especial com o aquecimento global; – a revisão da cultura geral com o maior número de homossexuais vivendo sem restrições, o que provoca um mundo mais ético e lucrativo; • ambiente demográfico: – redução do número de filhos por família; – redução do número de membros coabitando o mesmo lar; – aumento do número de automóveis per capita; – redução do tamanho médio dos lares; – revisão da distribuição geográfica (urbana e rural); • ambiente ecológico e natural: – as questões envolvendo a camada de ozônio e as medidas para evitar seu agravamento; – as questões envolvendo a distribuição e a destruição das florestas tropicais e sua respectiva conservação; – as alterações climáticas: chuvas excessivas, falta de chuva, furacões e tornados; – as temperaturas excessivamente altas ou excessivamente baixas; – a extinção de espécies vegetais e animais. Outros elementos podem ser apontados, mas os listados acima ajudam a compreender as interações e os elementos do macroambiente. 2.3 Ambiente demográfico Elemento do ambiente de marketing, o ambiente demográfico por ser compreendido através da análise ambiental. Nela, “as organizações fazem parte de um ambiente complexo e dinâmico que pode ser descrito como ambiente de marketing. Entender esse ambiente é um dos aspectos mais importantes e difíceis da administração, que tem sido, tradicionalmente, considerado como responsabilidade de marketing. As variáveis que influenciam esse ambiente de marketing são muitas. Assim, a análise ambiental tenta identificar os fatores e as tendências mais influentes que afetam a organização e suas ofertas” (Lewis; Littler, 2001, p.31). É importante lembrar-se de que a demografia trata da área da Geografia que se preocupa com estudar a população (ou seja, a dinâmica populacional). Seu principal objetivo de estudo aborda as estatísticas, dimensões, estrutura e distribuição da população ou diversas populações (num território, país ou mesmo pelo globo terrestre). O que justifica estudar as populações refere-se ao fato de elas não serem estanques, ou seja, as populações mudam frequentemente devido às taxas de natalidade, mortalidade, envelhecimento, migração, etc. Além disso, ela aborda os índices educacionais, a nacionalidade, a religião e a etnia. 2.4 Ambiente econômico Trata dos fatores que afetam o poder de compra e padrões de gastos dos consumidores. Ele também é um dos elementos do ambiente de marketing; é nele que uma organização fornecedora opera para atender aos seus clientes. Um governo nacional (Estado-nação), após levar em consideração fatores internacionais, como a movimentação de capitais e de moeda, é responsável por criar e manter o ambiente macroeconômico favorável. Para fazer isso, utilizase de políticas monetárias e fiscais destinadas a manipular os níveis de inflação e de emprego e, em decorrência, os níveis de renda. O nível, ou índices da atividade, irá reger o possível sucesso de todas as organizações, já que pode influenciar o mercado favoravelmente ou não. A qualquer momento, o ambiente econômico de diferentes países pode variar amplamente, e afetar diretamente as organizações e o próprio marketing drasticamente. Mas, atenção, geralmente, em marketing, o que pode ser visto como problema para alguns poderá ser considerado uma oportunidade de mercado para outros. 2.5 Ambiente político-legal Trata-se do desenvolvimento político de uma nação; por exemplo, aborda a nova legislação aprovada ou proposta em nível local, regional, nacional ou global. Além disso, abrange os meios de influenciá-lo através de lobistas e disseminação de informações. 2.6 Ambiente tecnológico Esse aspecto diz respeito aos desenvolvimentos e às tendências tecnológicas, não apenas em termos das ofertas aos consumidores, mas também da tecnologia de produtos e de distribuição (logística) (Lewis; Littler, 2001, p.26). Como exemplo, podemos destacar que tem ocorrido desenvolvimentos importantes na tecnologia relativa ao próprio marketing, tais como o uso de bancos de dados relacionais, o escaneamento de códigos de barra, o intercâmbio eletrônico de dados, as comunicações pessoais móveis, os sistemas de mídia multi-interativa e a compra por telefone. 2.7 Ambiente competitivo É a denominação dada ao conjunto de fatores e de condições que um gerente de marketing deve analisar e no qual atuar de maneira estratégica para poder enfrentar, de forma mais adequada, os diversos concorrentes e seus prováveis comportamentos (Moreira; Pasquale; Dubner, 1999, p.28). 2.8 Ambiente natural Envolve os recursos naturais que são necessários às empresas como inputs ou que são afetados pelas atividades de marketing (Moreira; Pasquale; Dubner, 1999, p.29). Trata-se de um ambiente atualmente em alta no que tange aos estudos do marketing, uma vez que temos nos preocupado mais com as ações do homem e seus resultados ao meio ambiente, por exemplo. Nota: existem outros tipos ou formas de ambiente de marketing. É importante e oportuno que você pesquise outros tipos de ambiente de marketing; isso poderá levar a maiores e melhores entendimentos sobre o marketing. Dica: faça tal pesquisa em livros de autores renomados, tais como Kotler, Keller, McCarthy, Armstrong, etc. Leitura complementar: capítulo 4 do livro Administração de Marketing, de Kotler e Keller, 12ª ed., 2006. 3 SEGMENTAÇÃO DE MERCADO Inicialmente, é importante esclarecer que a segmentação de mercado, até a década de 1960, era pouco conhecida e aplicada; poucas eram as organizações que tinham condições de tirar proveito do amplo potencial que a segmentação apresenta atualmente. Isso ocorria, certamente, porque não havia muitos profissionais envolvidos com a aplicação da segmentação em mercados consumidores, bem como muitos não estavam certos de quais resultados poderiam atingir, portanto, simplesmente não a praticavam. Na maioria das vezes, quando a mesma era praticada, isso acontecia de forma até casual, sem o devido desenvolvimento mercadológico, principalmente sem a devida instrumentalização metodológica. “Antes de 1960 a Coca-Cola Company produzia somente um refrigerante com o objetivo de atender a todo o mercado de refrigerantes. Atualmente, a CocaCola oferece mais de uma dúzia de diferentes produtos para segmentos de mercado, com base em diferentes preferências de consumidores quanto a sabores e conteúdo de caloria e cafeína. A empresa oferece refrigerantes tradicionais, bebidas energéticas (como o Power Ace e o Burn), chás com sabores e sucos de frutas (como o Minute Made Mais, o Fruitopia etc.)” (Lamb Jr.; Hair Jr.; McDaniel, 2004, p.206). Segmentação é uma palavra bastante frequente no marketing e na administração, além de em outras áreas, e isso não ocorre por acaso; na verdade, seu entendimento revela a grande importância de sua aplicação prática para as organizações, governos, pessoas, etc. Mas então, o que é segmentação? A segmentação é, na verdade, um termo genérico que designa a divisão de um todo em partes separadas, sendo cada uma destas partes caracterizadas, por suas subpartes serem mais ou menos homogêneas. Em outras palavras, os elementos ou membros presentes em cada uma das partes apresentam elementos semelhantes entre si, fazendo com que cada parte seja única — diferente, portanto, das demais partes. Entenda que cada subparte apresentada acima corresponde aos elementos ou indivíduos semelhantes que serão agrupados para compor um única parte. A ideia é bastante simples: quando você divide uma pizza em fatias, você segmenta a pizza; mas se a pizza é de dois sabores, como calabresa e quatro queijos, ela já está dividida em dois segmentos naturalmente. Quando você segmenta novamente as duas partes (calabresa e quatro queijos), você chega a um maior número de segmentos; embora muitos deles sejam semelhantes entre si, somente as subpartes de calabresa compõem a parte (ou segmento inicial) de calabresa. Somente a soma de todas as partes (dos dois segmentos iniciais) é que poderia compor o universo pizza de dois sabores. Cada parte de um todo, portanto, pode ser entendida como um segmento. Os segmentos podem variar em tamanho e características, bem como, dentro de um segmento, pode haver vários outros segmentos ou subsegmentos. Dependendo da área de conhecimento, o termo segmentação pode ter explicações mais específicas (ou direcionadas), para facilitar seu entendimento e sua aplicação prática, porém, saiba que se trata de uma explicação ligada a uma condição (a da área em questão), pois, na verdade, o termo segmentação sugere a mesma coisa em todas as áreas (a divisão de um todo em partes). Veja alguns exemplos de aplicação do termo segmentação em certas áreas: • em computação, mais especificamente em arquitetura de redes de computadores, a segmentação é vista como uma divisão da rede de computadores em sub-redes, com o objetivo de descentralização do tráfego, evitando sobrecarga e lentidão da transmissão de dados, por exemplo; • ainda ligada à tecnologia da informação, nos sistemas operacionais, a segmentação pode ser entendida como o processo de proteção da área de memória do processo atual (o sistema operacional, neste caso, corresponde a um programa ou a um conjunto de programas cuja função principal é a de servir de interface entre um computador e seus recursos computacionais (hardwares e softwares) e seus usuários e um gerenciador destes recursos dentro de um sistema computacional). Além disso, no processamento computacional de imagens, a segmentação é corriqueiramente compreendida como uma divisão da imagem em partes, de acordo com a necessidade de uso ou de tratamento da mesma, naturalmente, sem destruir a composição total da imagem ou fazendo isso propositadamente quando necessário; • na biologia, por sua vez, a segmentação pode ser entendida como as etapas do processo de desenvolvimento de um organismo, ou seja, o corpo de um animal ou uma planta apresenta, geralmente, as fases nascimento, crescimento/ desenvolvimento, maturidade e, então, morre (como no Clico de Vida do Produto: introdução, desenvolvimento, maturidade e declínio); • na zoologia, ramo da biologia, a segmentação refere-se a uma característica distintiva de alguns grupos de animais, como as minhocas (vulgarmente chamadas de anelídeos, de Annelida - do latim annelus, pequeno anel + ida, sufixo plural, aos vermes segmentados - com o corpo formado por “anéis” - do filo Annelida, como as minhocas e as sanguessugas. São conhecidas mais de quinze mil espécies destes animais em praticamente todos os ecossistemas, terrestres, marinhos e de água doce. Encontram-se anelídeos com tamanhos desde menos de um milímetro até mais de 3 metros), os insetos e os aracnídeos, que têm corpos claramente divididos em partes, ou seja, segmentos (Fernandes, Francisco. Dicionário brasileiro, Globo. 32 ed. São Paulo, 1993); • em mecânica, o segmento por ser, em determinado caso, visto como o anel colocado em volta do pistão do motor; • em economia, basicamente como no próprio marketing, a segmentação é a divisão do mercado em grupos com características e interesses semelhantes, que, no caso da economia, muito frequentemente, são analisados em função da renda (poder de compra/consumo) e, sobretudo, é a divisão em função das características e interesses semelhantes dos indivíduos, como consumidores de carros sedans médias, da classe “x”, com interesses “y”, etc. A partir dos entendimentos acima, parece ficar claro que a segmentação em marketing e administração é, portanto, uma subdivisão do mercado global de uma organização em parcelas o mais homogeneamente possível. O estudo da segmentação é útil para que os esforços destas áreas sejam concentrados nos objetivos e metas, com isso economizando recursos de natureza financeira, física e humana. Segundo Cobra (Marketing básico, 1997, p.71), a segmentação propicia, por exemplo, a visualização de uma simplificação dos processos distributivos, como alocação de vendedores, número de depósitos, número de fábricas, número de filiais, etc., o que ajuda fundamentalmente no processo de decisão de marketing. 3.1 Aplicação da segmentação Com o conhecimento da segmentação do mercado, as organizações passam a entender algumas condições, ou mesmo regras fundamentais para sobreviverem e desenvolverem-se. Em especial, elas entendem que não podem focar todos os compradores do mercado; deve existir uma identificação e seleção dos compradores de maior interesse (público-alvo ou cliente potencial). Mesmo em ações marcadas pela amplitude, ou seja, destinadas a quase todos os compradores ou clientes, é importante entender que, primeiro, é “quase para todos e não para todos os compradores que existem” e, segundo, “nem todos eles podem, querem ou devem ser abordados da mesma maneira, pois os clientes tendem a possuir diferenças marcantes entre si”. É importante destacar que os clientes são muito numerosos, amplamente dispersos e muito variados no que diz respeito às suas necessidades e práticas de compra. Além disso, as organizações também variam muito em sua capacidade de atender diferentes segmentos do mercado. Assim, em vez de tentar competir em todo o mercado, muitas vezes com concorrentes superiores, elas devem identificar quais são os segmentos a que podem atender melhor e de maneira mais lucrativa – logo, elas devem fazer isso bem (Kotler; Armstrong, 2003, p.172). Como resultado da reflexão acima proposta pelos autores, tem-se que muitas organizações estão se tornando mais exigentes com relação aos clientes com os quais querem (e irão) estabelecer relacionamento; isso demonstra que o marketing de massa vem dando lugar para o marketing focado no segmento, para a identificação de cada segmento no mercado, para o desenvolvimento de produtos mais específicos para cada segmento, etc. Ocorre, portanto, uma revisão do posicionamento estratégico da organização, deixando de lado a abordagem pulverizada (voltada para todo o mercado), indo para a abordagem direcionada (voltada para os compradores/clientes que têm grande interesse pelos produtos, serviços, características da organização ou têm potencial de se desenvolverem neste sentido). Indo mais a fundo, no tocante ao entendimento e à aplicação da segmentação e seus desdobramentos, Kotler e Armstrong (2003, p.172) apresentam etapas bastante úteis da segmentação, identificação e posicionamento de mercado. São elas: Primeira etapa: segmentação de mercado 1. identificação de bases para a segmentação de mercado; 2. desenvolvimento de perfis de segmentação. Segunda etapa: identificação de mercado 3. desenvolvimento de avaliação da atratividade do segmento; 4. seleção dos segmentos-alvo. Terceira etapa: posicionamento de mercado 5. desenvolvimento do posicionamento para os segmentos-alvo; 6. desenvolvimento de um mix de marketing para cada segmento. Fonte: adaptado de Kotler e Armstrong, 2003, p.172. Para os autores, a primeira etapa (segmentação de mercado) trata da divisão de um mercado em grupos menores de compradores com necessidades, características ou comportamentos diferentes que poderiam requerer produtos ou mixes de marketing distintos. A organização identifica diferentes maneiras de segmentar o mercado e desenvolver perfis dos segmentos resultantes. Já na segunda etapa (identificação do mercado), ocorre a avaliação da atratividade de cada segmento e seleção de um ou mais segmentos de mercado para atuar. Por fim, a terceira etapa (posicionamento de mercado) trata de estabelecer o posicionamento competitivo para o produto e a criação de um mix de marketing (composto de marketing = 4P’s) mais detalhado. 3.2 A segmentação e o Brasil Ampliando o entendimento sobre a segmentação, pense que tratar o Brasil ou quaisquer outros países com dimensões continentais como uniformes é praticamente impossível. Essa constatação óbvia ajuda a compreender que a aplicação de qualquer método de segmentação pode ajudar a obter condições, tais como: • condições econômicas por região ou densidade populacional; • avaliação dos resultados (performance) do marketing por área, grupo, campanha, etc.; • margem de contribuição por segmento; • participação de mercado (em cada mercado e segmento); • definição mais segura e prática do perfil do consumidor (cliente ou comprador); • identificação do local ideal para instalação de fábricas, depósitos, filiais; • políticas de penetração de mercado e competição; • políticas de produção e venda; • políticas de precificação; • políticas de propaganda e publicidade, promoção de vendas, merchandising e liquidações; • desenvolvimento de previsões de vendas e metas de vendas; • programação do zoneamento de vendas (Cobra, 1997, p.71). 3.3 Segmentação de mercado: entendimento O termo mercado pode apresentar diferentes sentidos em diferentes momentos para uma ou mais pessoas. Mas de maneira geral, todos estão familiarizados com a palavra mercado e suas aplicações complementares, como “supermercados”, “mercado de ações”, “mercado de trabalho”, “mercado de peixe”, “mercado de jóias”, etc. Normalmente, todos os mercados citados compartilham diversas características, tais como serem compostos por pessoas (mercado de consumidores) e por organizações (mercados organizacionais); além disso, tais pessoas e organizações possuem necessidades e desejos que podem ser satisfeitos por categorias de produtos específicos; têm recursos para comprar os produtos que procuram; desejam trocar seus recursos – geralmente dinheiro – pelos produtos ou serviços desejados. Em suma, um mercado é composto por (1) pessoas ou organizações com (2) desejos ou necessidades e com (3) recursos e (4) disposição para comprar. Portanto, um grupo de pessoas ou uma organização que não possua qualquer uma dessas características não é um mercado (Lamb Jr.; Hair Jr.; McDaniel, 2004, p.206). O termo segmentação de mercado pode ser entendido como o ato ou o resultado de um mercado em pequenos grupos. Esse processo é derivado do reconhecimento de que o mercado total representa o conjunto de grupos com características distintas, que são chamados segmentos, sendo que cada um destes segmentos possui características diferentes entre si, mas seus membros justamente pertencem a determinado segmento por possuírem características em comum ou semelhantes. Nesse sentido, o marketing age quebrando o mercado total em grupos que, espera-se, responderão de maneira mais ou menos uniforme a cada uma das ações destinadas a cada segmento, ou seja, em função das semelhanças dos consumidores que compõem cada segmento, eles tendem a responder de forma similar a uma determinada ação de marketing, por exemplo, a uma propaganda (campanha publicitária). Logo, eles tendem a ter sentimentos e percepções semelhantes sobre um rol de marketing, composto para um determinado produto. “Dentro de um mercado, um segmento de mercado é um subgrupo de pessoas ou organizações que compartilham uma ou mais características e que tenham as mesmas necessidades de produtos. Em um extremo, podemos definir cada pessoa e cada organização no mundo como um segmento de mercado porque cada um é único. No outro extremo, podemos definir o mercado consumidor como um grande segmento de mercado e o mercado organizacional como outro grande segmento. Todas as pessoas possuem algumas características e necessidades semelhantes, assim como todas as organizações” (Lamb Jr.; Hair Jr.; McDaniel, 2004, p.206). A finalidade da segmentação de mercado, dentre outras explicações possíveis, é permitir que o profissional de marketing ajuste o composto de marketing (4P’s) para atender às necessidades de um ou mais segmentos específicos. 3.4 Importância da segmentação de mercado Depois de entender o que é a segmentação de mercado, fica fácil entender por que ela é uma poderosa ferramenta de marketing, bem como por que e como ela oferece um fundamental potencial estratégico. Hoje, praticamente todas as organizações bem-sucedidas utilizam a segmentação, o que se justifica claramente, uma vez que todos os mercados incluem grupos de pessoas ou organizações com diferentes desejos, necessidades e preferências de produtos ou serviços; logo, esta é uma das principais justificativas da importância da segmentação de mercado, já que a mesma busca identificar cada grupo de clientes (pessoas, organizações, etc.) para então propor ações específicas para cada um deles (Lamb Jr.; Hair Jr.; McDaniel, 2004, p.207). Segundo os autores Lamb Jr., Hair Jr. e McDaniel (2004, p.20), a segmentação de mercado é importante porque: • ajuda os profissionais de marketing a definir mais precisamente as necessidades e os desejos do consumidor; • como os segmentos de mercado diferem em tamanho e potencial, a segmentação ajuda no processo de tomada de decisão, levando os tomadores de decisão a definir os objetivos de marketing de maneira mais precisa e a melhor alocar os recursos; • ajuda a atingir melhores resultados através do desempenho das ações mercadológicas sempre que os objetivos são estabelecidos com maior precisão e são claros para todos os envolvidos. Além da importância da segmentação apresentada pelos autores acima, destaca-se o pensamento dos autores Semenik e Bamossy (1995). Eles acreditam que a vantagem central da segmentação de mercado reside na possibilidade de romper com a cultura das ofertas do tipo “tudo para todos”, o que gera confusão e dispersão na mente dos clientes (ou clientes potenciais). Ainda segundo Semenik e Bamossy (1995), o processo de segmentação proporciona maior eficiência aos esforços de marketing e melhoria no desempenho da operação empresarial (veja que este pensamento é bastante parecido com o dos autores Lamb Jr., Hair Jr. e McDaniel). Além disso, os dois autores destacam os seguintes benefícios da segmentação de mercado: • capacidade de especificar os objetivos de marketing; • capacidade de melhorar o entendimento do comportamento dos consumidores e suas motivações; • capacidade de alocação mais eficiente dos recursos financeiros e humanos; • capacidade de responder mais rapidamente às mudanças do ambiente externo e de canalizar as forças da organização; • capacidade de perceber que, à medida que se aprofundam os conhecimentos sobre um ou mais grupos de clientes, cresce sua capacidade de satisfazê-los por meio da construção de compostos de marketing mais efetivos. Vale lembrar que a ótica do autor Marcos Cobra (1997, p.71), citada no item “Segmentação no Brasil”, também pode ser entendida como vantagens da segmentação, uma vez que norteia seu entendimento e aplicação em diferentes aspectos, inclusive econômicos e políticos. Alguns casos: Nos Estados Unidos – um exemplo antigo, porém muito útil —, a loja de móveis de alto padrão Domain oferece alguns interessantes exemplos de como a segmentação de mercado pode elevar as vendas. A empresa descobriu que seus clientes da geração baby boom tanto quanto estavam preocupados com a decoração, estavam preocupados com o próprio progresso. Para atingir tais clientes (segmento), em especial o público feminino, a loja oferecia uma série de palestras que abordavam tópicos como assuntos femininos e projetos de interiores; com isso, as vendas cresceram 35% desde que o programa começou. Além dessa característica, a empresa voltou atenção para o segmento de clientes aposentados, nascidos durante e após a Segunda Guerra Mundial, para os quais as lojas ofereciam sofás mais estreitos, com mais apoio para as costas, o que permitia que as pessoas se levantassem com mais facilidade. As ações tomadas pela Domain levaram a rede de lojas a trocar as propagandas em jornais pela mala-direta, reduzindo as despesas com anúncios em 3% e aumentando em mais de 40% as vendas (Quirk’s Marketing Research Review, p.27, 29, janeiro de 1996). No Brasil, um importante exemplo em voga há muitos anos, mas com o mesmo valor atualmente, da aplicação bem-sucedida da segmentação de mercado é a adotada pela rede de lojas Casas Bahia. Um grande acerto da rede foi realizar a escolha de seu público-alvo central e focá-lo com afinco. Mesmo os pesquisadores da Michigan Business School apontaram a rede com mais de meio século de vida como um caso sem similar no mercado de baixa renda. “Trata-se de um caso sem similar no varejo mundial”, como descobriu a equipe do indiano C.K.Prahalad, um dos mais respeitados especialistas em termos de estratégia. Partiu dele a decisão de enviar a São Paulo, em 2003, dois pesquisadores de Michigan para estudar uma empresa especialista em lidar com a baixa renda no Brasil: as Casas Bahia. A habilidade para entender as necessidades emocionais e os hábitos de compra dos clientes de baixa renda e a capacidade de viabilizar o sonho de consumo por meio do acesso ao crédito resultaram em um modelo de negócios único no que diz respeito ao varejo. Segundo Prahalad, em seu livro The fortune at the botton of the pyramid, “A Casas Bahia prova minha tese a respeito da importância e da rentável oportunidade de mercado existente na base da pirâmide de renda” (http://www. casasbahia.com.br/casasbahia/start.do#0). Portanto, o segredo de lidar com todas as camadas sociais, com foco principal nas classes populares (segmento principal) se traduz em números bastante significativos; por exemplo, em 2006, a rede fechou o ano com 15,2 milhões de contratos aprovados; além disso, sua plataforma de clientes no ano somou 26,3 milhões de pessoas, mais do que a população da maioria das cidades brasileiras. Por fim, centrada em seu foco, objetivo e segmento, a rede não se orienta por modismos, assim como pregava seu fundador, Samuel Klein. A segmentação de mercado força as organizações a concentrarem seus esforços dentro de parâmetros bem-definidos; com isso, os tomadores de decisão ficam melhor informados e mais alerta aos fatores que afetam as operações das organizações que comandam. O efeito prático desta condição é a especialização contra a generalização, ou seja, o desenvolvimento de bases mais seguras e homogêneas contra generalizações incertas e pouco centradas, geralmente baseadas na ideia “tudo a todos” (Semenik; Bamossy, 1995, p.141). Que fique claro que, resumidamente, a segmentação de mercado é importante porque é capaz de direcionar os esforços organizacionais (em especial os esforços mercadológicos) ao público correto (as condições e variáveis corretas), evitando desperdícios de esforços e recursos humanos e técnicos, etc., criando, com isso, as condições para maximização dos resultados positivos. 3.5 Requisitos da segmentação de mercado Quais são os requisitos para a realização da segmentação? Ou seja, o que garantirá que a segmentação será bem-sucedida? De maneira geral, muitas variáveis estão envolvidas, mas o que primordialmente deve-se saber é que certas condições são específicas para certos casos, isto é, os requisitos devem ser avaliados de maneira ampla para todos os casos e devem ganhar aprofundamento analítico e técnico na medida em que são detectados os elementos críticos envolvidos. Na tentativa de elencar os principais elementos que devem ser levados em consideração no processo de segmentação de mercado, na busca por garantir resultados positivos satisfatórios, deve-se que: • primeiro, a segmentação permite que os profissionais de marketing (e administração) identifiquem grupos de clientes com necessidades similares e analisem as características e o comportamento de compra desses grupos; • segundo, a segmentação fornece informações para ajudar os profissionais de marketing (e administração) a projetar o composto de marketing que atenda especificamente às características e desejos de um ou mais segmentos; • terceiro, a segmentação de mercado é consistente com o conceito de marketing de satisfazer desejos e necessidades de consumidores e, ao mesmo tempo, atender aos objetivos da organização (Lamb Jr.; Hair Jr.; McDaniel, 2004, p.208). Essa é a ideia de entregar valor ao cliente com lucro para a organização, sendo que o termo “lucro” deve ser, de alguma forma, percebido pelas partes (cliente e organização), uma vez que todos se satisfazem profundamente com a negociação realizada. Ainda segundo os autores citados acima, para que a segmentação seja útil, ela deve atender a quatro critérios fundamentais; são eles: [1] substancialidade, [2] identificação e mensurabilidade, [3] acessibilidade e [4] receptividade. [1] Substancialidade: um segmento de mercado deve ser grande o suficiente para garantir o desenvolvimento e a manutenção de um composto de marketing (de uma ação mercadológica, como uma campanha promocional). Esse critério não significa necessariamente que um segmento deva possuir muitos clientes em potencial. [2] Identificação e mensurabilidade: os segmentos devem ser identificáveis e mensuráveis. Dados sobre a população dentro de limites geográficos, número de pessoas em diversas categorias etárias e outras características sociais e demográficas são, frequentemente, fáceis de obter e oferecem mensurações razoavelmente concretas sobre o tamanho do segmento. [3] Acessibilidade: a organização deve ser capaz de atingir os membros dos segmentos visados com compostos de marketing personalizados. Lembre-se de que alguns segmentos de mercado são difíceis de atingir, como, por exemplo, homens idosos. [4] Receptividade: neste caso, os mercados podem ser segmentados utilizando qualquer critério que pareça lógico. Entretanto, a menos que um segmento de mercado responda ao composto de marketing de maneira diferenciada em relação a outros segmentos, não precisa ser tratado de maneira diferente. Por exemplo, se todos os clientes desejarem o mesmo preço para um produto qualquer, não há necessidade de oferecer versões com preços altos, médios e baixos para diferentes segmentos (Lamb Jr.; Hair Jr.; McDaniel, 2004, p.209). Por sua vez, para Cobra (1997, p.73), para a segmentação de mercado ser bem-sucedida, é necessário que: • um segmento seja especificamente identificado e medido (ser claramente definido e conhecido. Questões como “Quem está dentro e quem está fora do segmento?” devem ser respondidas); • um segmento evidencie um potencial adequado (a oportunidade deve ficar claramente definida); • um segmento seja economicamente acessível (e viável); • um segmento reaja aos esforços de marketing (portanto, os esforços devem ser adequados ao segmento-alvo, e isso só poderá ocorrer conhecendo-se muito bem o segmento, através do método que gerou a segmentação em questão); • um segmento seja estável (ou estável enquanto durar a ação de marketing a ele destinada. É importante destacar que existem ações que atendem a tendências e megatendências, mas também há aquelas que atendem a timing de moda). 3.6 Formas ou critérios para a segmentação Veja o quadro a seguir, extraído da obra de Dias (2003), que resume forma e critérios de segmentação de mercado. 3.7 Vantagens da segmentação Veja a seguir algumas das vantagens da segmentação referentes à relação cliente e organização: • conhecer melhor cada cliente, seu perfil e características; • servir melhor o cliente que se conhece mais; • quantificar (contar) com maior exatidão quem são os clientes; • cuidar melhor do tipo e da intensidade da distribuição dos produtos e serviços oferecidos; • utilizar melhor os recursos de propaganda; • pesquisar melhor; • planejar melhor. 3.8 Principais variáveis de segmentação de mercado consumidor Veja a seguir as principais variáveis apresentadas por Philip Kotler (1995) quanto às principais variáveis de segmentação para os mercados consumidores e para os mercados industriais. Principais variáveis de segmentação para os mercados consumidores Fonte: Kotler, 1995, p.241. Principais variáveis de segmentação para os mercados industriais. Variáveis demográficas • Setor industrial: quais indústrias devemos focalizar? • Tamanho da empresa: qual o tamanho das empresas que devemos focalizar? • Localização: quais áreas geográficas devem ser focalizadas? Variáveis operacionais • Tecnologia: que tecnologias de cliente devem ser focalizadas? • Status de usuário/não-usuário: devem ser focalizados grandes, médios, pequenos usuários ou não-usuários? • Capacidade do cliente: devemos focalizar os clientes que necessitam de muitos ou de poucos serviços? Abordagens de compra • Organização da função compra na empresa: devemos focalizar as empresas com departamentos de compras altamente centralizados ou descentralizados? • Estrutura de poder: devemos focalizar as empresas orientadas para engenharia, finanças, etc.? • Natureza dos relacionamentos existentes: devemos focalizar as empresas com as quais temos forte relacionamento ou simplesmente ir atrás daquelas mais desejáveis? • Política geral de compras: devemos focalizar as empresas que estão procurando qualidade, serviços ou preço? Fatores situacionais • Urgência: devemos focalizar as empresas que precisam de entregas ou serviços rápidos e repentinos? • Aplicação específica: devemos focalizar em certas especificações de nosso produto, em vez de em todas? • Tamanho do pedido: devemos focalizar em grandes ou em pequenos pedidos? Características pessoais • Similaridade entre comprador-vendedor: devemos focalizar as empresas cujos valores e pessoal sejam similares aos nossos? • Atitudes em relação a riscos: devemos focalizar os clientes que assumem risco ou evitá-los? • Lealdade: devemos focalizar as empresas que demonstram alta lealdade a seus fornecedores? Fonte: Kotler, 1995: p. 247 3.9 Diferenciação e segmentação de mercado Anterior à ideia de segmentar, é preciso estar consciente do que é a diferenciação. Para os autores Sheth, Mittal e Newman (2001), a segmentação de mercado está relacionada à ideia de diferenciação, sendo que diferenciação é o modo pelo qual os profissionais de marketing fazem suas ofertas de forma diferente da concorrência, a fim de se tornarem a escolha do cliente. Fazer ofertas de forma diferente implica criar e implementar o composto de marketing (produto, preço, praça e promoção). Para diferenciarem-se de seus concorrentes, os profissionais de marketing utilizam três tipos de diferenciação: a genérica, a focalizada e a segmentada (Sheth, Mittal, Newman, 2001, p.404). Diferenciação genérica: é uma diferenciação global (ou geral), feita em uma base não-focalizada, o que significa que a diferenciação não se destina a nenhum grupo específico de clientes. Em vez disso, uma empresa faz uma oferta melhorada para todo o mercado. Esse tipo de diferenciação é adequada para empresas que são capazes de apresentar seus produtos e serviços como superiores aos da concorrência em todo o mercado. Por exemplo, foi o que fez Henry Ford, ao perceber que os carros disponíveis em sua época não eram bem-fabricados e, ao mesmo tempo, vendidos a um preço muito alto. Seguindo uma estratégia de diferenciação genérica, Ford criou o sistema de linha de montagem, que produzia um carro mais confiável com produtividade melhorada. Consequentemente, foi capaz de oferecer um produto melhor a um preço mais baixo (600 dólares, quando foi lançado) que o dos concorrentes. Essa abordagem proporcionou a Ford uma liderança de mercado. Diferenciação focalizada: uma abordagem em que a empresa identifica um segmento de mercado específico e, então, cria um programa de marketing para atrair esse segmento. Tal estratégia se opõe à diferenciação genérica, em que um único programa de marketing indiferenciado é oferecido a todos, ou seja, na diferenciação focalizada são oferecidos, seguidamente, diversos programas de marketing direcionados aos segmentos. As empresas, em geral, atuam como agentes de “nicho” nesse tipo de diferenciação. Exemplo: algumas empresas estão formulando produtos específicos para mercados étnicos. A Revlon e a Max Factor têm uma linha de produtos de beleza específicos para a população afro-americana. A base química é diferente para esses cosméticos, refletindo as diferenças genéticas e físicas dessa população. Essa estratégia de diferenciação também foi expandida para as populações hispânica e asiática. Diferenciação segmentada: esse terceiro tipo de diferenciação envolve a divisão do mercado total em segmentos que são homogêneos por algumas características dos clientes (como demografia, psicografia e padrões de uso) e depois o tratamento de cada um desses segmentos como um mercado distinto, para o qual todos os elementos do composto de marketing são diferentes. Exemplo: o setor automotivo. 3.10 Critérios de segmentação No livro Comportamento do cliente, de Shet, Mittal e Newmann (2001, p.412), o capítulo 12 trata de diferenciação e segmentação de mercado (item acima). Na parte relativa à identificação dos mercados para diferenciação e segmentação, os autores afirmam que “existem três grandes bases para identificar segmentos em qualquer mercado – as bases o quê?, quem? e por quê? da segmentação”. Veja a ilustração a seguir. Veja agora, abaixo, o quadro explicativo: 4 MARCAS 4.1 Definições Uma marca pode ser entendida como a identificação sob a forma de nome, símbolo, termo, desenho ou alguma combinação de todos, que diferencia um produto de seus similares (Moreira; Pasquale; Dubner, 1999, p.231). Ponto de vista do consumidor: • a marca é a síntese da experiência de valor vivida pelos consumidores em relação a cada um dos inúmeros produtos, serviços, empresas, instituições ou mesmo pessoas com as quais eles se relacionam (Sampaio, 2002, p.XVII). Do ponto de vista da organização: • a marca é a síntese do valor de franquia de mercado de seus produtos e serviços, bem como das empresas e instituições em si e mesmo de pessoas que atuam como “produtos” (Sampaio, 2002, p.XVII). Outros entendimentos de marcas – o branding: • processo de gestão da construção e manutenção das marcas (Sampaio, 2002, p.XVIII); • conjunto de tarefas de marketing (incluindo suas ferramentas de comunicação) destinadas a otimizar a gestão das marcas (Sampaio, 2002, p.27). Brand equity: • conjunto de ativos e passivos ligados a uma marca, seu nome e seu símbolo, que se somam ou se subtraem do valor proporcionado por um produto ou serviço para uma empresa e/ou para os consumidores dela; • para que certos ativos e passivos determinem o brand equity, eles devem estar ligados ao nome e/ou ao símbolo da marca; • se o nome da marca ou seu símbolo for mudado, alguns ou todos os ativos ou passivos poderão ser afetados, ou mesmo perdidos, embora parte deles possam ser desviados para um novo nome e símbolo; • os ativos e passivos nos quais o brand equity se baseia vão diferir de contexto a contexto. Contudo, podem ser agrupados em cinco contextos: 1. lealdade à marca; 2. conhecimento do nome; 3. qualidade percebida; 4. associação à marca em acréscimo à qualidade percebida; 5. outros ativos do proprietário da marca – patentes, trademarks, relações com os canais de distribuição, etc. Brand awareness: é o reconhecimento de que a marca afeta a percepção e o gosto (as pessoas gostam daquilo que é familiar a elas e absorvem todas as boas atitudes de itens que lhes são familiares) (Nunes; Haigh, 2003, p.81). 4.2 Os 13 tipos de marca mais comuns As marcas podem ser dos mais variados tipos, dependendo de seu uso, pela variedade de produtos, serviços, empresas e outros instituições que as empregam. 1. De produtos e serviços: Coca-Cola, Leite Ninho, Bombril, Brastemp, Nike, Levi’s, Baby, Realmaster, O Estado de S. Paulo, Veja, Vectra, Santana, Sedex. 2. De empresas: Varig, Unilever, Bradesco, General Motors, Editora Abril, McDonald’s, Sofitel, Petrobras. 3. Comuns a empresas e seus produtos ou serviços: Nestlé, Bauducco, Sadia, Volkswagen, Philips, Rede Globo de Televisão. 4. De linhas, famílias ou “bandeiras” de produtos e serviços (também chamas “umbrella” ou guardachuva): Brahma, Bic, Knorr, Audi, Ticket, Pão de Açúcar, Barateiro. 5. De sistemas ou redes (inclusive multiempresas, multiprodutos e multisserviços), também chamadas de “bandeiras”: Visa, Shell, Hotelaria Accor, Postos BR. 6. De instituições públicas ou privadas: Embratur, USP, SOS Mata Atlântica. 7. De movimentos civis, sociais, comunitários e culturais: Criança Esperança, Natal sem Fome. 8. Submarcas (ou extensão de marcas): Moça Fiesta, Havaianas, Fashion, Cheque Estrela Itaú, Sadia Kids, MacFesta, BigMac. 9. Próprias (de empresas varejistas): Qualitá (supermercados Pão de Açúcar). 10. Conceituais (que definem uma atitude e comportamento diante do mercado): Virgin (que está em discos, lojas, empresas aéreas e refrigerantes). 11. De origem (assegurando a procedência de produtos agrícolas ou industrializados): Champagne, Lycra, Intel Inside, Bacalhau da Noruega. 12. De endosso (que garantem padrões de qualidade e comportamento ético): Fundação Abrinq, ISO 9000. 13. De combate (marcas de produtos ou redes de serviços que trabalham com preços inferiores e ajudam a segurar a posição da marca principal). 4.3 Marcas próprias Em inglês, own branding; trata do processo em que a marca de um produto ou serviço é desenvolvida para uso exclusivo de um varejista. Em alguns casos, o produtor de um bem com marca fabricará um produto similar para um varejista, que o venderá com sua própria marca (tal qual ocorre com grandes redes de supermercado, como Carrefour, Wal-Mart, Bis, Pão de Açúcar, etc.). Em outros casos, o varejista pode contratar a fabricação de um produto independente. Tradicionalmente, os bens com marca própria estão posicionados no mercado para competir diretamente com as marcas de fabricantes (frequentemente, colocadas próximas nas lojas) e podem até ter aparência e características de uso similares. CONSIDERAÇÕES FINAIS Este material trata de um primeiro momento, ainda inicial, em marketing. Você terá muito a estudar daqui para frente. Lembre-se de manter ativa sua curiosidade sobre este assunto, tão interessante e presente em nosso cotidiano. Quanto aos Anexos, você deve estudá-los, obrigatoriamente, pois serão considerados como parte integrante da disciplina. Veja que tais textos representam uma leitura cujo entendimento é esperado daqueles que estudam marketing. Além disso, outros textos poderiam ter sido anexados; os que foram escolhidos representam uma forma simples e clara de se entender o marketing. Quanto ao senso crítico: espero que você desenvolva sua capacidade de discernimento sobre o assunto, não para fazer críticas, pois as mesmas apenas têm lugar quando acompanhadas de sugestões de melhoramentos. Pense que na empresa em que trabalha (ou trabalhará) você poderá rever uma situação atual propondo um caminho para chegar a uma situação ideal. Quanto à leitura: leia muito, pois, em marketing, sempre haverá um caso novo, uma nova discussão para ser explorada, e tais condições irão ampliar sua capacidade de interpretar e decidir sobre o mercado e organização ao seu redor. Enfim: O mundo vive uma nova era, da informação cada vez mais volumosa, disponível e demandada, criando a sensação de aceleração e pressa jamais vista na história. Tal dinâmica acaba por submeter os indivíduos a dificuldades de lidar com tudo o que está disponível e gerar um sentimento de impotência sobre sua própria realidade, cada vez mais dinâmica e conturbada, como se o homem fosse “atropelado por um caminhão de informações” a cada dia, a cada instante que liga seu computador e conecta-se à rede mundial de computadores, ou chega ao trabalho. Prof. MSc. Marcelo Zambon Referências bibliográficas BEKIN, Saul Faingaus. Endomarketing: como praticá-lo com sucesso. São Paulo: Pearson - Prentice Hall, 2004. CERVO, Amado L.; BERVIAN, Pedro A. Metodologia científica. 5 ed. São Paulo: Pearson - Prentice Hall, 2002. CHURCHILL, Gilbert A.; PETER, J. Paul. Marketing: criando valor para o cliente. São Paulo: Saraiva, 2005. COBRA, Marcos. Marketing básico: uma perspectiva brasileira. 4. ed. São Paulo: Atlas, 1997. COTRIM, Gilberto. História global: Brasil e geral. São Paulo: Saraiva, 1999. DRUCKER, Peter. Management: tasks, responsibilities, practices. New York: Harper and Row, 1973, p.64-65. FERREIRA, Ademir Antonio; REIS, Ana Carla F.; PEREIRA, Maria I. Gestão empresarial: de Taylor aos nossos dias. São Paulo: Pioneira, 1997. FIGUEIRA, Divalte Garcia. História. São Paulo: Ática, 2000. GIULIANI, Antonio Carlos. Marketing em ambiente global. São Paulo: Cobra, 2003. GRACIOSO, Francisco. Marketing. São Paulo: Atlas, 1998. HUNT, Shelby. Marketing theory: conceptual foundations of research in marketing. Columbus: Drid, 1976. LAMB JR., Charles W.; HAIR JR., Joseph F.; McDANIEL, Carl. Princípios de marketing. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2004. LEWIS, Barbara R.; LITTLER, Dale. Dicionário enciclopédico de marketing. São Paulo: Atlas, 2001. KOTLER, Philip; ARMSTRONG, Gary. Princípios de marketing. 9. ed. São Paulo: Pearson - Prentice Hall, 2003. KOTLER, Philip; KELLER, Kevin Lane. Administração de marketing. 12. ed. São Paulo: Pearson - Prentice Hall, 2006. KOTLER, Philip. American marketing association. Convergência de 1972. McCARTHY, E. Jerome. Marketing essencial. São Paulo: Atlas, 1997. MOREIRA, Júlio César Tavares; PASQUALE, Perrotti Pietrangelo; DUBNER, Alan Gilbert. Dicionário de termos de marketing. São Paulo: Atlas, 1999. NUNES, Gilson; HAIGH, David. Marca: valor intangível. São Paulo: Atlas, 2003. PALMER, Adrian. Introdução ao marketing: teoria e prática. São Paulo: Saraiva, 2006. SAMPAIO, Rafael. Marcas de A a Z. Rio de Janeiro: Campus, 2002. SANTOS, Joel J. Encantar o cliente dá lucro. Rio de Janeiro: Campus, 1995. SEMENIK, Richard J.; BAMOSSY, Gary. J. Princípios de marketing: uma perspectiva global. São Paulo: Makron Books, 1995. SHETH, Jagdish N.; MITTAL, Banwari; NEWMAN, Bruce I. Comportamento do cliente: indo além do comportamento do consumidor. São Paulo: Atlas, 2001. TOMASKO, Robert M. Crescer não destruir: cinco maneiras de implementar na sua empresa uma nova dinâmica de crescimento. Rio de Janeiro: Campus, 1997. Tracking study looks as perceptions of multimedia/interactive Technologies. Quirk’s marketing research review, p.27, 29, janeiro de 1996. ZAMBON, Marcelo S. Silva; GOMES, Fábio. Gestão do relacionamento com o cliente. São Paulo: Thomson, 2006. ANEXO 01 Disciplina: Administração OBRIGATÓRIA 2009-1 de Marketing LEITURA COMPLEMENTAR Prof. Ms. Marcelo Zambon CICLO DE VIDA DO PRODUTO O modelo de ciclo de vida do produto pode auxiliar na análise do estágio de maturidade de um produto (ou de uma indústria). Ele também é utilizado para avaliação de uma forma de produto ou até mesmo uma marca de uma empresa em conjunto com a matriz BCG (Boston Consulting Group), o que não é considerado adequado dentro da teoria de marketing. Quando fala-se do ciclo de vida de um produto, fala-se, por exemplo, de aparelhos de fax, carruagens, fornos de micro-ondas e discos de vinil. Não o sucesso ou fracasso de uma versão específica de um produto (por exemplo: uma linha de aparelhos de fax da Panasonic). O ciclo de vida de um produto visa olhar além das fronteiras da empresa, não necessariamente estando preocupado com a competência da empresa avaliada. A questão seria (com um exemplo atual): quanto vale a pena investir (em pesquisas tecnológicas e em esforços de mercado) em fitas VHS? Através da análise do ciclo de vida do produto, pode-se ter um forte auxílio para esta resposta. Todo negócio busca modos de aumentar suas receitas futuras maximizando o lucro das vendas de produtos e serviços. O fluxo de caixa permite à empresa se manter viável, investir em desenvolvimento de novos produtos e aumentar sua equipe de colaboradores. Tudo para buscar adquirir participação de mercado adicional e se tornar uma líder em sua indústria. Um fluxo de caixa (receita) consistente e sustentável vindo das vendas dos produtos é crucial para qualquer investimento de longo prazo. A melhor forma de obter um fluxo de caixa contínuo e estável é com um produto “vaca leiteira” (ver Matriz BCG), um produto líder que tem uma grande participação de mercado em mercados maduros. Os produtos têm ciclos de vida cada vez mais curtos, e muitos produtos em indústrias maduras são revitalizados através da diferenciação e da segmentação do mercado. Por vezes, não é fácil identificar com precisão quando cada estágio começa e termina; por este motivo, a prática é caracterizar os estágios, quando as taxas de crescimento ou declínio se tornam bastante pronunciadas. Ainda assim, as empresas devem avaliar a sequência normal do ciclo de vida e a duração média de cada estágio. Um conhecimento profundo de cada um desses estágios é essencial para os profissionais de marketing, pois cada oferta de marketing requer estratégias diferentes para suas finanças, produção, logística e promoção em cada um de seus ciclos de vida. Esses estágios são: 1. Introdução O produto é apresentado ao mercado através de um esforço de marketing intenso e focado visando a estabelecer uma identidade clara e promover ao máximo o conhecimento do produto. Muitas compras de teste ou por impulso acontecerão nessa fase. É o período de crescimento lento das vendas. É preciso visão a longo prazo, pois o lucro é ainda inexistente neste estágio, em que grandes despesas de lançamento são necessárias. • Estratégias para a fase de introdução do produto: – – – – desnatamento rápido; desnatamento lento; penetração rápida; penetração lenta. 2. Crescimento Neste estágio, há uma rápida aceitação de mercado, e melhoria significativa no lucro. O mercado apresenta uma abertura à expansão, que deve ser explorada. Caracterizado por vendas crescentes, este estágio também traz concorrentes. As ações de marketing buscam sustentação e as repetições de compra do consumidor. • Estratégias para a fase de crescimento: – melhoria da qualidade e adição de novas características; – acrescentar novos modelos e produtos de flanco; – entrar em novos segmentos de mercado; – aumentar a cobertura de mercado e entrar em novos canais de distribuição; – mudar o apelo de propaganda de conscientização sobre o produto para preferência do produto; – reduzir preços para atrair novos consumidores. 3. Maturidade É o momento de redução no crescimento das vendas, porque o produto já foi aceito pela maioria dos consumidores potenciais. Este estágio fica evidente quando alguns concorrentes começam a deixar o mercado, a velocidade das vendas é dramaticamente reduzida e o volume de vendas se estabiliza. O lucro estabiliza-se até entrar em declínio graças ao aumento das despesas de marketing em defendê-lo da concorrência. Nesta fase, os consumidores fiéis repetem suas compras. • Estratégias para a fase de maturidade: – – – – – – – – – – modificação do mercado; expansão dos consumidores; expansão da taxa de consumo; modificação do produto; melhoria da qualidade; melhoria de características; melhoria de estilo (design); modificação do composto de marketing; preço distribuição; – – – – – propaganda; promoção de vendas; venda pessoal; marketing direto; serviços. 4. Declínio Período de forte queda nas vendas e no lucro. Este estágio pode ser causado por uma competição feroz, condições econômicas desfavoráveis, mudanças nas tendências ou outros fatos. É o momento de desaceleração, eliminação ou revitalização, com a introdução de um novo produto/serviço e seu próprio ciclo de vida. • Estratégias para a fase de declínio: – – – – – – – – – – identificação dos produtos fracos; manter; modificar; abandonar; manter o nível de investimento; aumentar o investimento; reduzir o investimento; retrair seletivamente; recuperar ao máximo; desacelerar rapidamente. ANEXO 02 fonte: http://www.geocities.com/Eureka/2471/segmerca.html pesquisa: 10/10/2008 (00:44h) Prof. Ms. Marcelo S. Zambon data da A segmentação de mercado como estratégia de marketing O ponto crítico no planejamento de marketing é, sem dúvida, a identificação dos alvos de mercado. Uma das soluções, que se apresenta como ponto de apoio e que subsidiará a tomada de decisão do administrador é, sem dúvida, o processo de segmentação de mercado. A segmentação tem sido definida como estratégia de marketing, de fundamental importância para o sucesso de uma empresa. O fundamento da segmentação de mercado é relativamente simples. Baseia-se na idéia de que um produto comum não pode satisfazer necessidades e desejos de todos os consumidores. O motivo é simples: os consumidores são muitos, dispersos em diversas regiões; têm hábitos de compra variados, gostos diferenciados e variam em suas necessidades, desejos e preferências. Assim sendo, não se pode tratar todos da mesma forma, bem como não se pode tratar todos de forma diferente. O que se pode fazer é tentar reunir grupos de pessoas com características, preferências e gostos semelhantes, e tratá-los como se fossem iguais. Como se percebe, o centro de toda a discussão é que existem diferenças entre os consumidores, diferenças essas que devem ser consideradas no processo decisório da empresa. Daí a importância da segmentação de mercado como instrumento estratégico, que começa a ganhar força a partir da publicação do artigo de Wendell Smith (1956), no Journal of Marketing, EUA, intitulado: “Diferenciação do Produto e Segmentação de Mercado como Alternativas de Estratégia Mercadológica”. Nesse clássico do marketing, Smith vê a segmentação como condição indispensável para o crescimento da empresa. Diz ainda que a segmentação é baseada em desdobramentos do lado da oferta de mercado e representa um ajuste mais racional e preciso de produto, e do esforço mercadológico às exigências do consumidor. Muito se escreveu sobre o assunto até os dias de hoje, com maior ênfase para McCarthy (1960), citado em McCarthy (1982, p.173), o qual defendeu a adoção da segmentação para maior sucesso, no atingimento dos objetivos da empresa, incluindo-a nas considerações estratégicas do marketing mix. Kotler (1967), citado em Kotler (1990, p.177), reconhece que a segmentação de mercado está no cerne da estratégia de marketing. Segundo ele, a segmentação de mercado, a idéia mais recente para orientar a estratégia, começa não com a distinção de possibilidades de produto, mas sim com a distinção de interesses ou de necessidades de clientes. A segmentação é a subdivisão do mercado em subconjuntos homogêneos de clientes, em que qualquer subconjunto pode, concebivelmente, ser selecionado como meta de mercado a ser alcançada com um composto de marketing distinto. O “modelo quantitativo”, contribuição multidisciplinar vindo da estatística, ganhou força como ferramenta auxiliar no processo de medir, agrupar e segmentar mercados. Outras disciplinas têm contribuído de maneira significativa para os estudos de segmentação de mercado, como é o caso da Sociologia e da Psicologia. Em 1977, um artigo de Schwitzer propôs a adoção da segmentação psicográfica para maior alcance da audiência de veículos. A segmentação psicográfica enfoca o estudo do comportamento do consumidor e divide o mercado em segmentos com estilo de vida homogêneo, entre si, e heterogêneo, em relação aos demais segmentos. No Brasil, a maior contribuição ao estudo vem de Richer e Lima (1991), por intermédio do livro Segmentação - opções estratégicas para o mercado brasileiro. Não menos importante é o trabalho acadêmico de Toledo (1972), que deu à segmentação tratamento integrado, evidenciando seus aspectos operativos e responsabilizando-os pela viabilidade de processo decisório. Seu trabalho teve a preocupação de conferir à segmentação uma dimensão mais ampla, considerando-a como conceito e como processo que conduz o executivo à escolha entre estratégias alternativas. Conceito de segmentação de mercado Na revisão da literatura sobre o assunto, verifica-se que a maioria das contribuições ao estudo de segmentação mantém suas bases nos escritos de Smith (1956). Segundo ele, a segmentação consiste em se ver um mercado heterogêneo, com determinada quantidade de mercados homogêneos menores, em resposta a diversas preferências de produtos entre importantes segmentos de mercados. Ela se baseia no desdobramento do lado da demanda e representa ajuste racional e mais preciso do produto e do esforço de marketing às exigências do consumidor ou usuário. A primeira vista, a segmentação de mercado não é tarefa difícil; por muito tempo, foi entendida como um conceito que consistia apenas em dividir o mercado em segmentos. Depois, os teóricos e executivos perceberam que a segmentação de mercado constitui poderosa arma estratégica, cujas implicações decorrem da escolha de segmentos bem definidos para o delineamento de estratégias competitivas. Primeiro, segmentase o mercado; em seguida, escolhe-se o alvo com que se quer trabalhar, diferenciando-se produtos e serviços de modo a atender necessidades e desejos do público-alvo e, posteriormente, posiciona-se o produto como forma de expressar as diferenças existentes. Como se pode perceber, a segmentação, no conjunto, é a base de toda a estratégia de marketing. Algumas confusões relacionadas ao conceito de segmentação A segmentação é estratégia que auxilia a empresa a penetrar em focos escolhidos, facilitando o acesso ao consumidor por intermédio do ajuste da oferta à demanda, e do produto ao mercado. É importante observar que o conceito de segmentação tem relação direta com o mercado. Segmenta-se o mercado e não setores de atividades, produtos, canais de distribuição. Os produtos e canais de distribuição são ajustados em decorrência do alvo escolhido. Ao decidir segmentar o mercado, a empresa dispõe de poucas variáveis que estão sob controle do administrador de marketing. Segundo Richers (1991, p.22), a empresa deve enfocar suas opções de segmentação sob quatro ângulos distintos: o do setor, que é problema de concorrência; o dos segmentos, que é problema de oportunidade; o dos produtos, que é problema de adaptação; o de distribuição e comunicação, que é problema de escolha. Dessas quatro variáveis, somente as duas últimas se prestam à manipulação e devem, portanto, ser exploradas como as primeiras a ter-se em vista. Finalidades em segmentar o mercado O objetivo básico da segmentação é concentrar esforços de marketing em determinados alvos, que a empresa entende como favoráveis para serem explorados comercialmente, em decorrência de sua capacidade de satisfazer a demanda dos focos, de maneira mais adequada. Cada segmento deverá ser constituído por grupos de consumidores que apresentem o mínimo de diferenças entre si, do ponto de vista das características adotadas, e o máximo de diferenças em relação aos demais segmentos. Por meio da segmentação de mercado, pode-se conhecer melhor as necessidades e desejos dos consumidores. Tal conhecimento se aprofunda, à medida que novas variáveis de segmentação são combinadas entre si, proporcionando conhecimento mais individual do consumidor. As vantagens de segmentar mercados Segundo Richers (199l, p.17), com a segmentação de mercado, a empresa procura obter uma série de vantagens sinérgicas. Essas vantagens incluem: a) domínio de tecnologia capaz de produzir bens preferidos por certas classes de compradores; b) maior proximidade ao consumidor final; c) possibilidade de oferecer bens e serviços a preços altamente competitivos; d) disponibilidade de pontos de venda adequados a seus produtos ou serviços; e) existência de veículos de publicidade que se dirijam direta e exclusivamente aos segmentos visados, etc. A alocação de recursos de forma adequada, não citada de forma específica por Richers, é um dos pontos chaves da segmentação de mercado, diminuindo, com isso, os riscos associados ao desempenho das atividades empresarias. Esse conjunto de vantagens propicia à empresa melhores condições para localizar e avaliar as oportunidades de marketing, assim como para auxiliar o administrador de marketing na avaliação das forças e vulnerabilidade da concorrência, e com isso tomar decisões que possam minimizar os pontos fracos da empresa e otimizar seus pontos fortes. Passos para segmentação de mercados Os segmentos de mercado podem ser identificados quando se aplicam técnicas sucessivas para subdividi-lo. Para isso, há procedimento formal para identificar os principais mercados. Boyd e Massay (1976, p.109) sugerem duas condições que são essenciais para a implantação de uma estratégia de segmentação: a) identificação de diferentes oportunidades de marketing e estabelecimento de priori- dades entre elas; b) eficiente alocação de recursos para os focos escolhidos. Kotler (1992, p.323) identifica três etapas: - estágio de levantamento; - estágio de análise; - estágio de desenvolvimento de perfi Principais modalidades utilizadas como base para a segmentação de mercados Na segmentação de mercado, o administrador de marketing deve levar em conta o comportamento do consumidor. Isso porque os compradores são pessoas com necessidades e desejos diversos, e o mesmo produto não pode mais atrair todo o mundo. Deve-se, portanto, conhecer o comportamento, as atividades, as motivações, os benefícios e as vantagens que os diferentes grupos de consumidores, relativamente homogêneos, estão procurando. Para conhecer os consumidores, o administrador precisa reuni-los em grupos, os mais homogêneos possíveis. Para tanto, ele pode fazer uso das variáveis de segmentação, as quais procuram revelar certas características geográficas, sócioeconômicas, de personalidade e comportamentais. Essas variáveis podem ser decompostas em diversas outras, que por sua vez podem ser empregadas individualmente ou interrelacionadas com as demais. O elenco de variáveis que se apresenta como critérios para segmentar mercado é muito amplo. Existem milhares de maneiras para segmentar determinado mercado, principalmente se a empresa pretende combinar várias de suas formas. Os segmentos geralmente são identificados a partir de duas correntes. Na primeira, através das características dos consumidores, independentemente do produto. Utilizam-se as variáveis geográficas, demográficas e psicográficas. Na segunda, a identificação é feita por meio das respostas do consumidor diante do produto, como benefícios procurados, ocasiões de uso e lealdade à marca. As modalidades constituídas pelas variáveis geográficas, demográficas e sócioeconômicas são usuais e mais comuns, pelo fato de terem características conciliáveis e complementares entre si, cujos dados não estão a depender de pesquisas de campo e podem ser, facilmente, encontrados a partir de fontes secundárias. O mesmo não ocorre com as variáveis de segmentação por padrões de consumo, por benefícios procurados, por estilo de vida e por tipos de personalidades, as quais, geralmente, dependem de pesquisa de campo para se conhecer aspectos específicos das pessoas e de seus comportamentos. Condições básicas para atingir-se o alvo ideal O processo de segmentação de mercado objetiva a determinação de diferenças signi- ficativas entre grupos de compradores, separando-os em conjuntos diferenciados, para que a em- presa possa selecionar segmentos que se apresentem mais favoráveis à concentração de esforços. A escolha desses segmentos de forma eficaz, conjugada com a avaliação dos elementos do ambiente em que a empresa desenvolve suas atividades, deve ser precedida de certas características fundamentais. Kotler (1992, p.339) apresenta algumas contribuições inovadoras e importantes que devem ser observadas: a mensurabilidade, a substancialidade, a acessibilidade e a operacionalidade. Sem que o segmento apresente essas características, parece imprudente alimentar decisões específicas do composto de marketing voltadas a esses compradores. Conclusão A segmentação de mercado é a concentração, consciente e planejada, de uma empresa em parcelas específicas de seu mercado. A empresa opta voluntariamente por concentrar todos os esforços de marketing em determinado segmentos de mercados, possivelmente abandonando outros, mesmo que constituam potencial. Dessa forma, a função da segmentação de mercado é agrupar indivíduos, cujas ações esperadas aos esforços de marketing sejam semelhantes, ao longo de determinado período. Objetiva, ainda, a determinação de diferenças significativas entre grupos de compradores, separando-os, de forma a possibilitar à empresa a seleção daqueles, nos quais pareça mais conveniente concentrar esforços. Com isso, aumenta a competitividade da empresa em relação aos concorrentes. Essa prática tem, como principal objetivo, descobrir as diferenças realmente importantes entre os consumidores, e reuni-los em grupos relativamente homogêneos quanto a certas características objetivas e subjetivas. A partir daí, o administrador pode posicionar seus produtos e dedicar seus esforços de marketing, visando à escolha e ao atendimento daqueles segmentos mais lucrativos, determinando assim a estratégia que, convenientemente conduzida, iniba a reação da concorrência e gere lucros satisfatórios para a empresa. Isac José Lopes Mestre em Administração, pela UnB. Pós-Graduado em Marketing e Propaganda, pela ESPM. Professor de Administração, na UPIS e na FGV, na área de Marketing. Referências bilbiográficas ARANGUREN, Carlos M.C. - O posicionamento do Rio de Janeiro em um contexto turístico. Tese de Mestrado. Rio de Janeiro: Pontifícia Universidade Católica, 1992. BERRIGAN, John & Carl Finkbeiner - Marketing de segmentação. São Paulo: McGraw-Hill Ltda, 1994. BOYD, Harper White e MASSAY, William F. - Administração de marketing. São Paulo: Saraiva, 1976. BONOMA, Thomas e SHAPIRO S. - Industrial marketing segmentation. Massachussets: Lexington Books, 1983. CLANCY, Kevin J. - A revolução no marketing. Rio de Janeiro: Livros Técnicos, 1993. COBRA, Marcos. - Plano estratégico de marketing. 3a.ed. São Paulo: Atlas, 1991. _____. Administração de marketing. São Paulo: Atlas, 1990. _____. Marketing básico. São Paulo: Atlas, 1988. CRAWFORD, C. Merle outros. - Positioning: a conceptual review an taxonomy of alternatives. Working Paper, n. 354. University of Michigan. Dec. 1983. DA ROCHA, Angela e CHRISTENSEN, CAL. - Marketing - teoria e prática no Brasil. São Paulo: Atlas, 1987. DAY, George S. - Estratégia voltada para o mercado. Rio de Janeiro: Record, 1990. DICKSON, Peter R. e GINTER, James L. - Marketing segmentation, product differentiation and marketing strategy, Journal of Marketing, vol. 5l, April 1987, p. 1-10. FRANK, Ronald E. e outros. - Marketing segmentation. New Jersey: PrenticeHall, 1972 FRANK, Ronald e GREEN, Paul. - Numerical taxonomy in marketing analysis: a review article. Journal Of Marketing Research, February, 1968. FUNKHOUSER, G. Ray. - A note on the reliability of certain clustering algoritms. Journal of Marketing Research, February, 1983. GREEN, Paul E. e DE SARBO, Wayne S. - Additive decomposition of perceptions data via conjoint analysis Journal of Consumer Research, vol. 5, June 1978, pp. 58 - 65. KOTLER PHILIP. Administração de marketing: análise, implementação e controle. 2. ed., São Paulo: Atlas, 1992. planejamento, LENDREVIE, Jacques et alii. MERCATOR - Teoria e prática do marketing. 2. ed., Lisboa: Dom Quixote, 1992. LINNEMAN, Robert E. e STANTON JR, John L. - Marketing de nichos, São Paulo:McGraw-Hill, 1993. RICHERS, Raimar e LIMA, Cecília Pimenta. - Segmentação. São Paulo: Nobel, 1991. RICHERS, Raimar. - Ensaios de administração mercadológica. 2. ed. Rio de Janeiro: FGV, 1978. REIDENBACH, Eric R. Bank Marketing. - A guide to strategic planning, 1a ed., Englewood Cliffs, New Jersey: Prentice-Hall, 1986. SAREL, Dan. - Product positioning - a reassessment, theoretical developments in marketing, Proceeding Series, American Marketing Association, 1980. SMITH, Wendell R. - Product differentiation and marketing segmentation as alternative marketing strategies. American Marketing Association. Journal of Marketing, vol. 21, pp. 3-8, julho, 1956. TOLEDO, Geraldo Luciano. - Segmentação de mercado e estratégia de marketing. Tese de Doutoramento. Universidade de São Paulo, 1972. TOLLEFSON, John O. et alii. - Marketing segmentation through numerical taxonomy. Journal of Marketing Research, February, 1971. YANKELOVICH, Daniel. - New criteria for market segmentation. Harvard Business Review, March, 1964. ANEXO 03 MODELOS DE AVALIAÇÃO DE MARCA RAE – Revista de Administração de Empresas – Abr./Jun. 2000 – São Paulo, v. 40 - n. 2 - p. 26-37 Maria João Soares Louro Professora da Universidade Católica Portuguesa e Doutoranda em Marketing na Tilburg University (Holanda). E-mail: [email protected] RESUMO As marcas emergem progressivamente como uma dimensão central e um ativo estratégico na ação das organizações. Neste sentido, a avaliação do desempenho das marcas assume uma grande importância para a sua gestão. Adicionalmente, tornam-se necessários o desenvolvimento e a articulação de um vocabulário comum. Perante a multiplicidade de conceitos e modelos de avaliação, são contrastadas e sintetizadas as abordagens acadêmicas e empresariais dominantes. ABSTRACT Brands are emerging as a central dimension and a strategic asset in an organization’s strategy. In this context, evaluating a brand’s performance assumes a pivotal role for its effective management. Furthermore, the development and articulation of a common vocabulary become increasingly necessary. Considering the diversity in models and concepts, this paper develops a synthesis of dominant academic and practitioner approaches on brand evaluation. PALAVRAS-CHAVE Marca, brand equity, avaliação da marca. KEY WORDS Brand, brand equity, brand evaluation. INTRODUÇÃO As crescentes pressões para a eficiência na ação empresarial determinam maior permeabilização do marketing quanto a preocupações e critérios de natureza financeira. Neste sentido, o desenvolvimento de programas de marketing depende de uma avaliação financeira que dificilmente assumirá custos cujo retorno seja difícil de identificar. A aproximação entre a área financeira e a área de marketing deve, inevitavelmente, ser mediada pela formação de uma linguagem comum, que combine critérios financeiros e de mercado na avaliação do desempenho da marca. Esse objetivo é, porém, condicionado pela inexistência de acordo, quer na literatura, quer na prática empresarial, em relação ao objeto de medição – curto/longo prazo e tangível/ intangível – e aos conceitos-base de análise – marca e valor da marca. No que concerne ao objeto de medição do valor da marca, surge uma dicotomia entre a capacidade de medir o desempenho da marca a curto prazo (vendas, cota de mercado e lucros) e a dificuldade de avaliar objetivamente o desempenho da marca a longo prazo, isto é, a dificuldade em aferir a potenciação do seu valor futuro e a sua capacidade de obter o retorno de investimentos passados. O CONCEITO DE MARCA A noção original de marca advém do sinal, identificador do proprietário, aplicado a bens, a animais ou a escravos. A ele estavam, historicamente, inerentes algumas vantagens: a) para o proprietário: promoção de uma mais rápida localização e identificação dos ativos, e b) para o comprador: identificação da origem. Posteriormente, a necessidade de proteção do valor patrimonial da marca levou à sua consideração como entidade jurídica1. No Quadro 1, podemos ver como a definição de marca é enquadrada. Seqüencialmente, o caráter distintivo da marca – fonte de diferenciação da oferta da empresa (Chamberlin, 1993) – evoluiu para uma combinação holística no nível do produto ou das suas associações e identificação (Quadro 1). Na concepção holística, as marcas são vistas como objetos vivos que se relacionam com os consumidores, ou seja, a marca poderá ser, dessa forma, entendida como uma promessa de um compósito de atributos (reais versus ilusórios, racionais versus emocionais, tangíveis versus intangíveis) geradores de satisfação. Os avanços nessa área estão, no entanto, condicionados à falta de uma definição integradora dessa visão. Neste sentido, Aaker (1991, p. 14) referese à marca como sendo não só um ativo estratégico mas também a fonte principal de vantagem competitiva para uma empresa2 – visão centrada no negócio. Numa outra concepção complementar (Ambler e Styles, 1997, p. 23), focalizada no consumidor, a marca poderá também ser entendida como a expressão de um conjunto de três tipos de benefícios proporcionados ao consumidor: a) funcionais: relacionados com a qualidade intrínseca do produto/serviço e com a sua funcionalidade; b) econômicos: integradores de vantagens relativas avaliadas em termos de custo e de tempo; e c) psicológicos: de índole subjetiva, ligados às expectativas e percepções do consumidor determinantes para a sua satisfação. O CONCEITO DE BRAND EQUITY Embora as marcas traduzam uma realidade histórica com alguma expressividade e extensão espaço-temporal, a teorização do conceito constituise como um fenômeno recente. A sua primeira articulação aprofundada é desenvolvida no artigo de Gardner e Levy, publicado na Harvard Business Review em 1955, encontrando-se fortemente associada à noção de “imagem de marca”3. Esse conceito foi, até a década de 80, bastante periférico em relação ao marketing, sendo considerado insuficientemente desenvolvido para ser incorporado na linguagem e nas práticas profissionais (Feldwick, 1996, p. 93). A identificação de divergências progressivas entre a valorização bolsista das ações das empresas e o seu valor contábil, no contexto do movimento de fusões e aquisições da década de 80, resultou na progressiva consciencialização da importância da imagem de marca e do valor monetário que lhe pode estar associado. Reflexo dessa inflexão nas percepções dominantes, o conceito de imagem foi sendo gradualmente substituído pela noção mais ampla de valor da marca. A mudança representa, em certa medida, uma alteração de paradigma na reflexão e na prática do marketing. Nesse contexto, o conceito de brand equity assume relevância ao integrar e concretizar o novo paradigma. A pluralidade de perspectivas e definições de brand equity, patente na literatura, condiciona e limita o desenvolvimento de um construto integrador e consensual. Essa diversidade pode ser ilustrada pela identificação de algumas das concepções mais difundidas do brand equity, nas quais Aaker foi pioneiro. Aaker (1991, p. 15) definiu brand equity como um conjunto de ativos e de passivos ligados a uma marca, ao seu nome e símbolo, que se adicionam ou se subtraem ao valor proporcionado por um produto ou serviço. Os cinco componentes do brand equity, fontes de valor para o consumidor e para a empresa, são: a) lealdade à marca; b) notoriedade; c) qualidade percebida; d) associações à marca (para além da qualidade percebida); e e) um compósito de propriedades do tipo patentes, marcas registradas e relações com distribuidores. Srivastava e Shocker (1991) desenvolvem uma definição de brand equity compreendida como “um conjunto de associações e comportamentos por parte dos clientes, distribuidores e empresa-mãe de uma marca, que permite a esta última obter maior volume de vendas ou maiores margens do que seria possível sem o nome da marca, assim como uma mais forte e sustentada vantagem diferencial”. Por inferência, o brand equity pode ser, também, perspectivado como um passivo, na medida em que associações negativas (por exemplo, quando a qualidade percebida do produto é inferior à esperada) irão penalizar o esforço de marketing desenvolvido pela empresa. Essa situação pode levar à prática de descontos como forma de o proprietário da marca assegurar as suas vendas (enfoque no preço). A diversidade na literatura é potencializada pelo fato de um número significativo de autores apenas considerarem o brand equity como um ativo intangível adicional ao produto, enquanto outros o equacionam como o valor financeiro da marca: por exemplo, Riezebos (1995, p. 4) elabora o conceito de brand equity numa perspectiva dual: a) do proprietário (valorização financeira) e b) do consumidor (designada como Brand Added Value (BAV)). A contribuição central da definição de Srivastava e Shocker (1991) reside: a) no papel nuclear atribuído à memória na definição de brand equity, como reflexo não só da sua posição mediadora entre ação de marketing e os lucros mas também do seu caráter de reservatório de brand equity (associações, etc.); b) na centralidade que os consumidores assumem, como participantes ativos, no processo de construção do brand equity (perspectiva socioconstrutivista do desenvolvimento de significados – Rijsman, 1995); e c) na compreensão do brand equity como um ativo em si mesmo, em detrimento da visão que o encara como uma mera valorização financeira da marca4. Alternativamente, Feldwick (1996, p. 95) procura sistematizar as diversas interpretações do conceito de brand equity a partir de uma tipologia tripartida, como forma de clarificação da discussão em torno desse conceito. Nessa perspectiva, o brand equity pode ser compreendido como: a) o valor total da marca como um ativo independente – quando é vendido ou incluído no balanço. Esse conceito é freqüentemente designado por “valorização da marca” (brand valuation)5; b) uma medida da força da ligação do consumidor à marca, identificada com o conceito de “força da marca” (brand strength) – que inclui conceitos como notoriedade, estima, qualidade percebida e lealdade; c) uma descrição de associações e crenças detidas pelo consumidor em face da marca, integrada no conceito de imagem de marca. Dado o conceito de imagem de marca ser um conceito de definição plural, Feldwick optou pelo termo “descrição da marca” (brand description). As duas últimas dimensões (“força da marca” e “descrição da marca”) são, freqüentemente, integradas no conceito de “valor da marca para o consumidor” (consumer brand equity), com o intuito de estabelecer uma distinção clara em relação à primeira concepção – “valorização da marca” (brand valuation). Verificamos que, embora se trate de conceitos diferentes, existe na literatura sobre brand equity a tendência para pressupor a existência de ligação (Figura 1) entre eles, na medida em que a “força da marca”, sendo parcialmente explicada pela “descrição da marca”, determina de alguma forma o “valor da marca” (brand value). Feldwick (1996, p. 96), no entanto, desvaloriza esse pressuposto evidenciando que, se existir, a relação entre essas três dimensões é tênue, ou seja, a “força da marca” (brand strength) não consiste em um forte determinante do “valor da marca” (brand value) e, por sua vez, a “força da marca” (brand strength) é apenas ligeiramente afetada pela “descrição da marca” (brand description). Neste sentido, Feldwick (1996, p. 96) propõe a análise desagregada das três dimensões, por não se encontrar clarificada a existência, intensidade e natureza de uma relação operacional entre elas. DESENVOLVIMENTO DE UMA TIPOLOGIA DE MEDIÇÃO DO VALOR DA MARCA A medição do valor de uma marca poderá ser considerada um elemento determinante de avaliação da performance organizacional. Nesse sentido, o conhecimento dos objetivos e a aferição do grau em que estes foram atingidos constituem um importante passo para o sucesso empresarial. Importa, porém, salientar que, apesar de o rigor aritmético das medidas de valorização da marca (perspectiva de curto e longo prazo) estar aberto a debate, a gestão da marca beneficia-se da prossecução dos diversos passos inerentes ao seu processo de valorização (reforço do trabalho em equipe, da aprendizagem e do desenvolvimento de uma visão e linguagem partilhadas). O processo de valorização de uma marca deve ser enquadrado numa perspectiva bidimensional do desempenho (Ambler e Styles, 1997, p. 127) que integra e expressa: a) efeitos de curto prazo, traduzidos em benefícios realizados (vendas, cota de mercado e lucro): “cashflows presentes”; e b) efeitos de longo prazo, traduzidos em benefícios não-realizados (brand equity): “cash-flows de amanhã”. Nesse âmbito, torna-se pertinente proceder a uma sistematização e categorização das medidas de avaliação do desempenho de uma marca6 (Aaker, 1996; Ambler e Styles, 1997; Verhallen, s.d.) (ver Quadro 2). O desenvolvimento dessas medidas estrutura- se a partir de um conjunto de critérios e princípios configuradores da sua eficácia: a) precisão e sensibilidade: relacionadas com a capacidade de as medidas retratarem variações e tendências evolutivas, isto é, é mais importante a avaliação da dinâmica da mudança e do seu sentido do que a avaliação estática do brand equity; b) previsibilidade: como o brand equity armazena os cash-flows futuros, é pertinente usar medidas capazes de indicar, ceteris paribus, o futuro; c) fiabilidade: reporta-se ao grau com que a medida é capaz de identificar correlações verdadeiras entre duas ou mais variáveis; d) descrição da essência da marca: capacidade para medir o alinhamento entre a ação organizacional e a proposição de valor fundamental da marca; e e) economia: determinação de um corpo de medidas que, de forma eficiente, sejam capazes de corresponder às necessidades de informação da empresa (Ambler e Styles, 1997, p. 132). Assim, e conforme sistematizado no Quadro 2, a medida do brand equity pode ser direta ou indireta consoante a resposta do consumidor seja cognitiva e afetiva ou comportamental7. As principais dimensões a considerar são a notoriedade, as associações/diferenciações, a qualidade percebida/liderança, a lealdade e o mercado. Quadro 2 – Medidas convencionais de avaliação do desempenho de uma marca a) Medidas de notoriedade A notoriedade reflete a presença da marca na mente dos consumidores. Poderá ser um elemento nuclear em algumas categorias de produtos e é usualmente uma dimensão central do brand equity. Essas medidas refletem em parte o âmbito de alcance da marca em termos de mercados e segmentos de mercado. O aumento de notoriedade pode ser um mecanismo para expandir o âmbito de atuação da marca, ao afetar as percepções e atitudes de consumidores que ainda não fazem parte do seu target. A notoriedade de uma marca reflete o conhecimento e a sua predominância na mente do consumidor. Essa dimensão pode ser medida fundamentalmente em dois níveis: notoriedade espontânea ou “memorização” (recall) e notoriedade assistida ou “reconhecimento” (recognition). Importa, porém, realçar que diferentes categorias de produtos tendem a possuir um nível de notoriedade diferente (por exemplo, a diferença entre um produto de grande consumo e um produto industrial), o que torna difícil a comparação. Adicionalmente, a medida da memória é, regra geral, complexa e difícil. b) Medidas de associação/diferenciação As associações-chave de uma marca são um componente central do brand equity. Trazem consigo, porém, o problema de englobarem dimensões imaginárias específicas a uma categoria de produtos. O desafio é, assim, o de criar medidas que funcionem para diferentes produtos. Vejamos em concreto as mais importantes: 1. Quociente valor/custo: um objetivo do brand equity é criar uma proposição de valor que, normalmente, envolve um benefício funcional. Se a marca não cria valor, será vulnerável à concorrência. 2. Personalidade da marca8: para algumas marcas, a sua personalidade está intimamente ligada aos benefícios funcionais oferecidos. Para outras, com um maior grau de intangibilidade, a personalidade da marca se assume mais como um conceito, um valor, uma missão. Em qualquer dos casos, a personalidade da marca é imputada como fator de diferenciação da oferta da organização. Segundo Wells (1993, p. 345), a personalidade adiciona duas vantagens às marcas: a) confere maior saliência, isto é, realça a marca; b) inspira maior confiança, patente nas compras repetidas da marca e extensões. É óbvio que essa função tem uma importância acrescida para produtos “commoditizados”. c) Medidas de qualidade percebida/liderança Podem ser definidas como as percepções dos consumidores acerca da qualidade ou superioridade de um produto ou serviço em relação à sua funcionalidade e às suas alternativas. Essas dimensões não podem, no entanto, ser determinadas de forma objetiva por se tratarem de uma percepção e por integrarem considerações relativas ao que é importante para os consumidores. De fato, além de ser um conceito diferente da satisfação do consumidor, é, ainda, intangível. Como medidas mais relevantes, iremos considerar: 1. Qualidade percebida: essa medida se encontra relacionada com as restantes dimensões do brand equity, incluindo variáveis de benefícios funcionais específicos. Por isso, a qualidade percebida constitui uma medida de suporte a outras medidas. Essa medida envolve sempre um ou vários produtos de referência que, por vezes, terão de ser explicados aos inquiridos, o que pode incrementar a dificuldade de interpretação dos resultados. 2. Liderança/popularidade: a medida apresentar alguma falta de sensibilidade de qualidade percebida pode em face das inovações dos concorrentes e, por isso, é necessário ampliar o construto de qualidade percebida a essa nova dimensão. O conceito de liderança é constituído por três dimensões que refletem: a) a síndrome do mérito associado à marca líder; b) a dinâmica de aceitação do consumidor (dificuldade de “ir contra a moda”); c) as inovações dentro de uma categoria de produto. d) Medidas de lealdade A lealdade é uma dimensão-chave do brand equity. A base de consumidores leais a uma marca constitui uma barreira à entrada, um possível preço-prêmio, um maior tempo para responder às inovações dos concorrentes e uma defesa contra a concorrência baseada no preço. A lealdade é, por isso, de relevância suficiente para ser usada como variávelcritério – isto é, pode ser usada como fundamento de avaliação para outras medidas possíveis. Entre estas, podemos considerar como mais importantes: 1. Preço relativo/preço-prêmio: é um critério básico de lealdade à marca, ao indicar o quanto o comprador está disposto a pagar pela marca em comparação com outra marca que tenha uma oferta similar. Devemos, porém, ter em atenção, na sua aplicação, a necessidade de se proceder a uma segmentação congruente do mercado por lealdade (consumidores leais, consumidores irregulares, não-consumidores), uma vez que cada segmento terá uma perspectiva diferenciada em relação ao preço. Paralelamente, essa medida é também definida em relação a um conjunto de concorrentes devidamente identificados. Neste sentido, o preço-prêmio poderá ser considerado como a melhor medida do brand equity disponível, ao captar diretamente e de forma relevante a lealdade dos consumidores. A medida do preço-prêmio apresenta, contudo, restrições: a) por se tratar de uma medida estritamente definida em face de um conjunto de concorrentes efetivos, não reflete a existência de eventuais concorrentes potenciais; b) poderão surgir problemas de interpretação, quando a marca tiver diferentes concorrentes em diferentes mercados; e c) há mercados em que as diferenças de preço não são relevantes, devido a restrições legais ou a forças de mercado (ex.: mercado de cigarros). Neste último contexto, o conceito de preço-prêmio assume menor pertinência, já que o fator central é a captação de consumidores ao preço atual. 2. Experiências anteriores de utilização/satisfação: a satisfação é uma medida direta da lealdade dos consumidores à marca, assumindo maior relevância nos serviços em que a lealdade é freqüentemente o resultado da acumulação de experiências anteriores. Uma importante limitação dessas duas medidas de lealdade resulta da impossibilidade de aplicação a não-consumidores. Outro problema decorre da dificuldade de interpretação do valor agregado de satisfação, o que torna necessário desenvolver um conjunto de medidas de lealdade por segmento de lealdade. e) Medidas de mercado As medidas de mercado são sempre medidas indiretas, baseadas no efetivo comportamento dos indivíduos. Por isso, em face das restantes dimensões do brand equity, essas medidas apresentam a vantagem de não requererem inquéritos inconvenientes para os consumidores, onerosos, demorados e de difícil implementação e interpretação para a organização. Essa vantagem só é partilhada com algumas medidas de lealdade à marca – como é o caso da supra-referida sobre as experiências anteriores de utilização/ satisfação –, que poderá, também, ser medida via coleta de dados sobre compras repetidas. As principais medidas de mercado são: 1. Cota de mercado: a performance de uma marca medida pelas vendas ou pela cota de mercado possibilita uma reflexão, válida e sensível, acerca da posição da marca com os consumidores. Quando a marca possui uma vantagem relativa na mente dos consumidores, a sua cota de mercado deve aumentar ou, pelo menos, não diminuir. Nesse sentido, a cota de mercado se apresenta como uma boa medida-síntese do brand equity, com a vantagem de ser fiável e objetiva. Existem, no entanto, problemas de medição associados a essa medida: a) dificuldade de definição da categoria de produto e dos concorrentes; b) sensibilidade do indicador a estratégias de curto prazo (promoções, redução de preços, etc.), limitando, desse modo, a perspectiva de longo prazo do brand equity. 2. Preço de mercado/distribuição: as vendas ou a cota de mercado representam medidas muito sensíveis no âmbito da distribuição. O ganho/perda de um ponto de distribuição ou a atuação em outra área geográfica podem afetar decisivamente as vendas. Por isso, é importante distinguir a valorização do brand equity baseada na mudança do âmbito da distribuição, do valor criado pelo reforço da notoriedade, da qualidade percebida e da lealdade. Essa medida poderá ser, assim, concretizada via identificação da porcentagem de lojas que vendem a marca e da porcentagem de pessoas que têm acesso aos pontos de distribuição da marca. Emergem, porém, problemas de concepção e de interpretação dessa dimensão perante mercados caracterizados por diferentes canais de distribuição, diferentes variedades de oferta da marca e diferentes concorrentes. Uma vez feita a síntese do que a investigação produziu em relação à concepção e formulação do conceito brand equity, torna-se relevante proceder a uma caracterização sumária de como as empresas operam nessa matéria. O BRAND EQUITY OPERACIONALIZADO: ANÁLISE DOS MODELOS DE MEDIÇÃO Perante a multiplicidade de concepções relativas ao valor de uma marca, ao nível da sua definição e avaliação, empresas de consultoria e publicidade desenvolveram modelos de medição estandardizados e orientados para a avaliação do desempenho de uma marca (Aaker, 1996; Ambler e Styles, 1997), alinhados a partir dos critérios de eficácia anteriormente definidos (ver Quadro 3), para a identificação de alguns desses modelos. A partir das bases de medição definidas no Quadro 2 (medidas indiretas: inputs; medidas diretas; medidas indiretas: outputs), é possível identificar a existência de três tipos de modelos de avaliação do desempenho de uma marca: a) Modelos unidimensionais Aqui, inserem-se todos os modelos que medem o desempenho da marca a partir de uma única base de medição. É o caso de Brand Asset Valuator, Consumer Brand Equity, The Conversion Model, DBB Nedham WorldWide e Image Power. b) Modelos bidimensionais Essa categoria integra modelos estruturados em torno de duas bases de medição. São, por exemplo, Brand Equity Index, EquiTrend e Equity Monitor. c) Modelos tridimensionais Incluem índices do valor da marca que incorporam todas as bases de medição. Na nossa coleta apenas foi identificado o Top Brands. A título ilustrativo, iremos abordar três modelos: Brand Asset Valuator, EquiTrend e Top Brands, desenvolvidos, respectivamente, pela Young & Rubicam, pela Total Research Corporation e pela Interbrand, por se tratarem de propostas ambiciosas e representativas de cada uma das categorias. Brand Asset Valuator, Young & Rubicam Esse indicador é constituído por quatro tipos de medidas: a) diferenciação: mede o grau de distinção da marca no mercado; b) relevância: mede a pertinência e o significado pessoal da marca para cada consumidor; c) estima: mede a consideração que o consumidor tem pela marca, dentro da sua categoria; e d) familiaridade: mede a compreensão do consumidor em relação a o que a marca representa. Subjacente a essa concepção, encontra-se a seguinte hipótese de interligação seqüencial dessas quatro dimensões: diferenciação → relevância → estima → familiaridade. Derivam daqui dois importantes conceitos: a) “força da marca” (brand strength) = diferenciação + relevância: a lógica é que uma marca tem de possuir ambas as características para se assumir como uma marca forte. Neste sentido, a diferenciação assume um papel pioneiro na concepção, já que se encontra positivamente correlacionada com o valor da marca, isto é, um elevado grau de diferenciação se reflete num elevado valor da marca. Por isso, as novas marcas com ambição de se tornarem marcas líderes devem começar por desenvolver uma estratégia de diferenciação. Por outro lado, a relevância desempenha um papel complementar ao ser determinante para a atração de uma base alargada de consumidores (por exemplo, Ferrari e Jaguar possuem elevados níveis de diferenciação associados a baixos níveis de relevância – poucos indivíduos consideram a hipótese de comprá-los em face da impraticabilidade do seu uso diário e do seu custo elevado). Há ainda a salientar a existência de uma forte correlação positiva entre os níveis de relevância e os níveis de penetração nos lares; b) “estatura da marca” (brand stature) = estima + familiaridade: a estima combina qualidade percebida com percepções de crescimento ou declínio na popularidade da marca. Em média, a estima é largamente baseada na qualidade percebida, mas existem marcas para as quais um declínio ou crescimento na popularidade afetam decisivamente a estima. Por seu turno, a familiaridade indica que o consumidor não apenas conhece a marca, mas também compreende o seu significado e propósito, sendo, por isso, gerada pela intimidade do consumidor com a marca. Nesse âmbito é possível construir uma “grelha de poder” (power grid) (Figura 2) a partir das dimensões “estatura da marca” (brand stature) e “força da marca” (brand strength). a) Estatura e força da marca elevadas: todas as marcas situadas nesse quadrante detêm um elevado brand equity, que deve ser protegido e explorado (ex.: Sony, Disney). b) Estatura e força da marca baixas: esse quadrante é, em geral, composto por marcas nascentes ou ainda com pouco passado (ex.: Timberland); no entanto, uma marca que permanecer muito tempo nesse quadrante terá poucas chances de se tornar forte a longo prazo. c) Estatura baixa e força da marca elevada: as marcas aqui localizadas são marcas fortes em nichos de mercado (ex.: Dove) ou marcas com oportunidades significativas de crescimento via desenvolvimento da sua estatura (ex.: Swatch). d) Estatura elevada e força da marca baixa: integra marcas cansadas, mas que ainda retêm alguma estima e familiaridade (ex.: Bayer). Quadro 3 – Modelos empresariais de avaliação do desempenho de uma marca EquiTrend, Total Research Corporation A EquiTrend, desenvolvida pela Total Research Corporation, apesar de se apresentar como uma medida de âmbito limitado quando comparada com o estudo da Young & Rubicam, tem vindo, pela via do desenvolvimento sistemático de uma base de dados, potencializar a sua capacidade explicativa, quer da dinâmica do brand equity, quer dos seus efeitos. A EquiTrend é baseada na medida de três ativos do brand equity: a) saliência: é a porcentagem de inquiridos que detêm uma opinião acerca da marca. Assim, tal como a medida da familiaridade da Young & Rubicam, ao exigir aos inquiridos uma opinião, ultrapassa os conceitos mais convencionais de notoriedade, reconhecimento e memorização; b) qualidade percebida: esse ativo assume uma importância central na EquiTrend, por estar altamente associado com gostar, confiar, ter orgulho e vontade de recomendar uma determinada marca. É definido como o quociente médio de qualidade no conjunto de todos aqueles que detêm uma opinião acerca da marca; c) satisfação do usuário: é o quociente médio de qualidade que uma marca atinge entre os consumidores que a usam mais freqüentemente, possibilitando a análise da força de uma marca dentro da sua base de usuários. Por exemplo, a Toyota está classificada em 62o lugar em Qualidade Percebida, mas em 4o em Satisfação do Usuário. Um problema inerente à medida da satisfação do usuário prende-se ao fato de certas marcas, como a Mercedes, ao terem uma baixa taxa de incidência de uso, tornaremse inadequadas como base de estimativa da qualidade percebida. Essas três medidas foram combinadas num quociente da EquiTrend Brand Equity. Apesar de ter sido uma tarefa difícil, neste contexto, algumas conclusões foram generalizadas: a) a partir dos dados de personalidade da marca da EquiTrend, podemos associar muitas marcas, como a Kodak, a Fisher- Price e a Lego, a uma personalidade carinhosa, íntegra e terna; b) a maioria das marcas estudadas possui identidades claras; c) marcas como Mercedes, IBM e AT&T foram largamente beneficiadas ao assumirem um posicionamento baseado em tecnologia avançada e preçoprêmio; d) a análise dos dados da EquiTrend demonstra uma correlação entre qualidade percebida e preço-prêmio. Por exemplo, marcas como Kodak, Mercedes e Levi’s detêm substanciais vantagens em termos de qualidade percebida em face dos seus concorrentes, por basearem a sua atuação na prática do preço-prêmio. Essa correlação é suportada por fluxos causais recíprocos: uma marca forte e com elevada qualidade percebida comanda o preço-prêmio e, por sua vez, o preço-prêmio constitui-se como um importante indicador da qualidade percebida; e) existe uma relação entre a qualidade percebida e a elasticidade do preço. Os estudos empíricos realizados demonstraram que a diminuição de vendas provocada por um aumento de 10% do preço era substancialmente maior para uma marca percebida como detendo uma má qualidade, em face de uma percebida como tendo uma qualidade superior; f) a qualidade percebida é, também, influenciadora da taxa de usuários, isto é, existe uma relação quase linear entre a proporção de consumidores usuários e o quociente de qualidade percebida da marca; g) existe uma relação entre o brand equity medido pela EquiTrend e o retorno de capital. Entre as marcas estudadas pela EquiTrend, o brand equity teve um impacto similar, quer no retorno de capital, quer no retorno do investimento (valor associado com o movimento no mercado de capitais), independentemente das despesas em publicidade e do nível de notoriedade das marcas. Top Brands, Interbrand A Top Brands da Interbrand é uma medida de avaliação das marcas mundiais de maior sucesso, que engloba um conjunto de critérios dirigidos tanto às perspectivas de negócio da marca quanto às percepções dos consumidores. Neste contexto, em 1990, 500 marcas foram avaliadas com base no seguinte conjunto de sete critérios e respectivos pressupostos: a) liderança: a marca líder no mercado é mais estável e poderosa do que as marcas seguidoras. Esse critério reflete o aproveitamento de economias de escala pela marca líder, em relação à comunicação e à distribuição; b) estabilidade: marcas com identidades fortes e que se tornaram parte da cultura de um segmento de mercado são extremamente valiosas e poderosas; c) mercado: as marcas são mais valiosas quando estão em mercados com níveis crescentes ou estáveis de vendas e quando a estrutura de preços proporciona elevados retornos às respectivas empresas; d) internacional: as marcas internacionais são mais valiosas do que as marcas nacionais ou regionais, especialmente devido ao aproveitamento de economias de escala, ou seja, em termos gerais, quanto maior o âmbito do mercado de uma marca, mais valiosa esta será; e) tendência: existe expectativa de que o passado de uma marca em termos de vendas se reflita na prosperidade futura da marca. Uma marca saudável e em crescimento indicia a sua contemporaneidade e relevância para os consumidores; f) suporte: todas as marcas que são focos de investimento se tornam marcas mais fortes em face das restantes. É, no entanto, necessário considerar não só o nível quantitativo do suporte de investimento mas também a sua qualidade; g) proteção: a força e a saúde da patente de uma marca (proteção jurídica) é condição necessária para o sucesso da marca. A visão mais orientada para o negócio (em detrimento da visão mais orientada para o consumidor), patente no conjunto de critérios subjacente ao modelo Top Brands da Interbrand, é útil na medida em que se orienta para a valorização financeira da marca. Em contrapartida, tem como principal limite a sua subjetividade, quer no conjunto de critérios escolhidos, quer na avaliação das marcas que com eles é feita, o que torna difícil a defesa dessas mesmas dimensões, afetando a fiabilidade das medidas e dos resultados das medidas. Nesse sentido, parece-nos indispensável identificar um conjunto observações que condicionam as conclusões formuladas anteriormente: de a) as marcas mais antigas podem perder a sua força no mercado; b) a capacidade de um mercado para criar e proteger margens é difícil de identificar; c) uma marca local pode ter vantagens decorrentes de um contato mais próximo com os consumidores e de um menor custo de coordenação em relação a marcas internacionais; d) o crescimento das vendas da marca, nomeadamente se obtido por sacrifício das margens, não é necessariamente saudável; e) o suporte da marca pode ser ineficaz: despesas em publicidade não são sinônimo de uma eficaz criação e desenvolvimento de uma marca; f) a proteção subjacente a uma patente, embora necessária, não é uma condição suficiente para criar valor à marca; g) o modelo da Interbrand não considera o potencial da marca para apoiar extensões em outras categorias de produtos. CONCLUSÃO O trabalho desenvolvido enquadra-se no âmbito de um esforço de sistematização dos conceitos, abordagens e modelos dominantes na avaliação do desempenho das marcas. A sua limitação centra-se na incapacidade de integrar exaustivamente a pluralidade de perspectivas formuladas. A sua contribuição focaliza-se na identificação e caracterização de algumas das propostas centrais de investigação e gestão do brand equity. Nesse contexto, resulta um conjunto de implicações para a investigação e para a gestão. Implicações para a investigação a) A importância de esforços de integração conceitual orientados para o desenvolvimento de um conceito, maximamente alargado, de medição do desempenho da marca. b) A relevância de incorporar nesse conceito uma dimensão internacional, como forma de: facilitar a comparação internacional; promover a existência de uma linguagem comum; adequar-se às realidades e práticas de atuação empresarial, de âmbito geográfico e cultural progressivamente mais alargado. Implicações para a gestão a) O reconhecimento do papel e do valor da marca como ativo das organizações (Aaker, 1991) obriga o desenvolvimento de estratégias de gestão e potenciação do seu valor. b) Essa gestão deve ser feita balanceando a obtenção de resultados de curto prazo com o investimento na capacidade de geração de valor futuro por parte da marca. c) Os conceitos, sistemas e esforços regulares de medição do desempenho da marca emergem como elementos orientadores da reflexão estratégica e da ação tática das empresas, essenciais para uma integração bem-sucedida de objetivos de curto e longo prazo. Referências bibliográficas AAKER, D. Managing brand equity. New York : Free Press, 1991. AAKER, D. Building strong brands. New York : Free Press, 1996. AAKER, J. The dimensions of brand personality. Journal of Marketing Research, v. 34, p. 347-56, Aug. 1997. AMBLER, T., STYLES, C. Marketing in the modern world: networks of silk. London, 1997. (Livro aguardando publicação). BIEL, A. Converting image into equity. In: AAKER, David A., BIEL, Alexander (Eds.). Brand equity and advertising. Hillsdale, NJ : Laurence Erlbaum Associates, 1993. p. 67-82. CHAMBERLIN, E. The theory of monopolistic competition. Cambridge, MA : Harvard University Press, 1993. CHANTÉRAC, V. La marque à travers le droit. In: KAPFERER, J. N., THOENIG, J. C. (Eds.). La marque moteur de la competitivité des entreprises et de la crissance de l’economie. Paris : McGraw-Hill, 1989. p. 45-90. FELDWICK, P. Do we really need brand equity? In: CALLER, Linda (Ed.). Researching brands. Netherlands : Esomar, 1996. p. 93-117. GARDNER, B., LEVY, S. The product and the brand. Harvard Business Review, p. 33-9, Mar./Apr. 1955. HALLIDAY, J. Chrysler brings out brand personalities with ’97 Ads. Advertising Age, v. 30, p. 3, Sept. 1996. KAMAKURA, W. A., RUSSELL, G. J. Measuring brand value with Scanner Data. International Journal of Research in Marketing, v. 10, n. 1, p. 9-22, 1993. KAPFERER, J. N. Strategic brand management. New York : Free Press, 1992. KELLER, K. L. Conceptualizing, measuring, and managing customerbased brand equity. Journal of Marketing, v. 57, p. 1- 2, Jan. 1993. KELLER, K. L. Strategic brand management: building, measuring, and managing brand equity. Upper Saddle River : Prentice-Hall, 1998. KOTLER, P. Marketing management: analysis, planning, implementation and control. New York : Prentice-Hall International, 1991. PLUMMER, J. Brand personality: a strategic concept for multinational advertising. In: MARKETING educator’s conference. New York : Young & Rubicam, 1985. p. 1-31. RIEZEBOS, R. Unravelling brand value: a conceptual model on consumer and producer-based brand value. Erasmus Universiteit/ Rotterdam School of Management, 1995. (Working Paper n. 213). RIJSMAN, J. Grupos nas organizações. In: MARQUES, Carlos, PINA e CUNHA, Miguel (Eds.). Comportamento organizacional e gestão. Lisboa : Publicações Dom Quixote, 1995. ROOM, A. History of branding. In: HART, S., MURPHY, J. (Eds.). Brands: the new wealth creators. Interbrand : Macmillan Press, 1998. SRIVASTAVA, R. K., SHOCKER, A. D. Brand equity: a perspective on its meaning and measurement. Cambridge, Mass : Marketing Science Institute, 1991. (Working Paper n. 91-124). SWAIT, J. et al. The equalization price: a measure of consumerperceived brand equity. International Journal of Research in Marketing, p. 23-45, 1993. VERHALLEN, T. Brand strength. Netherlands : Katholieke Universiteit Brabant, s.d. (Documento não publicado). WELLS, W. D. Brand equity, elephants, and birds: a commentary. In: AAKER, David A., BIEL, Alexander (Eds.). Brand equity and advertising. Hillsdale, NJ : Laurence Erlbaum Associates, 1993. p. 343-55. NOTAS 1. A proteção legal não é igual para todos os tipos de nomes de marcas (Room, 1998, p. 15). 2. Essa consideração é confirmada pelo fato de vários diretoresgerais afirmarem que, perante uma situação de escolha, prefeririam a propriedade das marcas em relação aos restantes ativos tangíveis, mais facilmente imitáveis (Ambler e Styles, 1997). 3. Entende-se por imagem de marca o conjunto de atributos e de associações que os consumidores conectam ao nome de marca (Biel, 1993, p. 71). 4. A generalidade dos ativos pode ser medida de diferentes formas, consoante os interesses e o propósito de medida subjacente. 5. Feldwick denomina esse conceito como valor da marca (brand value). 6. A eficácia do desenvolvimento dessa tipologia encontrase condicionada pela grande pluralidade de perspectivas divergentes ao nível dos conceitos fundadores. 7. Para uma análise de outros métodos propostos relativos à medição do brand equity, ver: Kamakura e Russell, 1993; Swait et al., 1993 e Keller, 1993 e 1998. 8. Segundo Aaker (1997, p. 347), à marca pode ser associada uma personalidade, formalmente definida como um conjunto de características humanas que lhe são associadas. Neste sentido, constitui-se como: a) uma fonte central de diferenciação dentro da sua categoria de produto (Halliday, 1996, p. 3); b) um condutor central da preferência e taxa de uso do consumidor (Biel, 1993, p. 74); e c) um denominador comum em nível transcultural (Plummer, 1985). ANEXO 04 VISÃO SISTÊMICA DOS FATORES MERCADOLÓGICOS Profª. Dra. Regina [email protected] Cleide Figueiredo da Silva Teixeira E-mail: “O que Faz a gente ser grande é nunca perder o futuro de vista” 1- INTRODUÇÃO O marketing é um componente da estratégia empresarial, que deve ser considerado pelo mundo dos negócios como uma área que propicia a organização uma interface com todos os setores e atividades organizacionais. Este fato se evidencia devido a visão sistêmica enfatizada nas teorias relacionadas ao estudo das ações gerenciais, tendo como suporte os conhecimentos oriundos da área de marketing. Assim, se compreende que o administrador seja qual for a sua formação básica, ou seja, sua habilitação necessita ter conhecimentos referentes às teorias que dão sustentáculo ao processo de desenvolvimento das estratégias mercadológicas. Desta forma, através deste artigo se podem evidenciar contribuições de diversas áreas do conhecimento tais como a psicologia, contabilidade, logística, etc., com a finalidade de ressaltar o enfoque holístico do marketing. 2- O COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR O comportamento do consumidor é um dos campos mais complexos das teorias de marketing. Isso se deve ao fato de reunir contribuições provenientes de várias áreas do conhecimento, tais como a Psicologia, a Sociologia, a Antropologia e a Economia. Embora a Economia tenha produzido as primeiras teorias formais do comportamento do consumidor, o desenvolvimento teórico deste campo de estudos tem-se produzido, nos últimos anos, no âmbito da abordagem das ciências comportamentais. Não se pode afirmar, na verdade, que exista uma única Teoria do Comportamento do Consumidor e é possível que isso nunca venha a acontecer. Tão pouco existe uma Ciência do Homem: as várias áreas do conhecimento humano ainda estão longe de explicar, de forma integrada e consistente, esse comportamento. Como se poderia então, esperar que as teorias do comportamento do consumidor - um aspecto peculiar do comportamento humano - se constituíssem um campo de estudos integrado? Existe, no entanto, um conjunto de teorias sobre o comportamento do consumidor, que permitem melhorar nossa capacidade de predizer o comportamento desse ente, o consumidor, sob uma variedade de aspectos: o da Psicologia Geral, o da Psicologia Social, o da Sociologia e o da Antropologia Social. A contribuição mais abrangente e genérica é a da psicologia e, mesmo dentro do seu próprio âmbito de atuação, existem inúmeros posicionamentos diferentes e contribuições de diversas linhas de pensamento. Para efeito de simplificação, se apresenta um modelo básico que procura integrar os principais elementos psicológicos associados ao comportamento de compra. Figura2: Modelo psicológico do Comportamento do Consumidor 2.1 Motivos e Necessidades Cada indivíduo tem um conjunto de necessidades que precisam ser atendidas. Quando ele se defronta com uma necessidade não satisfeita, estabelece-se um estado de tensão, que gera desequilíbrio. O indivíduo é internamente pressionado para resolver o problema, isto é, buscar uma solução que lhe permita atender àquela necessidade. Esse impulso para a ação, em busca do equilíbrio, chama-se motivação. Para explicar a motivação humana de uma forma sistematizada, adotaremos o modelo de Maslow, com sua hierarquia das necessidades humanas. Essas necessidades estariam organizadas de forma hierárquica, isto é, algumas apareceriam apenas quando outras estivessem pelo menos parcialmente satisfeitas. a. NECESSIDADES FISIOLÓGICAS: São consideradas as mais básicas - fome, sede, sono, sexo, abrigo contra as intempéries, etc. Enquanto as necessidades fisiológicas não estiverem satisfeitas, o indivíduo não será motivado por nenhum outro nível de necessidades; b. NECESSIDADES DE SEGURANÇA: Uma vez satisfeitas, pelo menos parcialmente, as necessidades fisiológicas, manifestam-se as de segurança. O indivíduo busca segurança física e psicológica. A segurança pode ser representada pela necessidade de rotina e repetição, pela posse de bens (imóveis, títulos, ouro), pela aquisição de diferentes modalidades de seguro (vida, saúde), pela adesão a filosofias ou religiões etc.; c. NECESSIDADES DE AMOR E AFEIÇÃO (SOCIAIS): Superadas basicamente as necessidades de segurança, passam a dominar as necessidades de participação e afeição - amor, amizade, laços que ligam o indivíduo a outros. Símbolos de sua realização são o matrimônio, a paternidade, o pertencer a uma “turma” etc.. Cabe observar que é nesse nível que se situa a maior parte dos apelos dos produtos de consumo. Um estudo realizado no Brasil entre 1975 e 1981, analisando o conteúdo dos anúncios de revista dirigidos à mulher, verificou que as promessas do produto à usuária configuravam apelo às necessidades de participação e afeição que o uso dos produtos ajudaria a preencher. Casos típicos de produtos voltados para esse tipo de necessidades são desodorantes, pastas de dentes, cosméticos, vestuário, bronzeadores etc.; d. NECESSIDADES DE ESTIMA E EGO: Quando o indivíduo se sente seguro em seu relacionamento afetivo, ele passa a buscar aprovação externa, que se expressa em prestígio, reputação, status. Existe uma série de produtos dirigidos ao atendimento das necessidades de estima do indivíduo determinadas marcas de carros, relógios, uísque etc.. Através do uso dos produtos, o indivíduo se identifica como pertencente a determinado grupo ou classe social. São eles os símbolos externos de seu status social; e. NECESSIDADES DE AUTO-REALIZAÇÃO: Finalmente o indivíduo seria motivado para a aquisição de novos conhecimentos, satisfação estética etc.. É o impulso interno do indivíduo no sentido de realizar plenamente todo seu potencial. Maslow sugere que os comportamentos orientados para as necessidades de estima e auto-realização aparecerão mais quando a sociedade viver tempos de estabilidade, e os níveis inferiores de necessidade serão mais intensos em épocas de instabilidade e turbulência ambiental (depressão, recessão, guerra). Figura3: Maslow Hierarquia das necessidades humanas de 3 - SEGMENTAÇÃO A segmentação de mercado é um conceito originário da Economia, embora os economistas clássicos a vissem apenas como uma forma de maximizar os lucros a partir da sensibilidade do consumidor a preços. Os primeiros estudiosos do marketing, por sua vez, já se preocupavam com o fato de que nem todos os indivíduos pareciam ser clientes em potencial para determinado produto. Na verdade, a noção de que algumas pessoas estariam mais dispostas do que outra a comprar um produto é intuitiva para qualquer homem de negócios ou executivo experiente. No entanto, existem sérias dificuldades, conceituais e operacionais, para determinar quem são esses consumidores, para os quais determinado produto oferece interesse especial, e para orientar a estratégia e os programas de marketing para atingir os segmentos-alvo. Segmentar significa, em última análise, reconhecer os desdobramentos do lado da demanda, promovendo um ajuste racional e mais preciso do produto e do esforço de marketing às exigências do consumidor. Segmentação significa de uma forma conceitual a divisão de um mercado total em subconjuntos caracterizados por similaridade e demanda. Portanto, se compreende que um segmento é um subgrupo caracterizado pela avaliação comum das funções de utilidade um produto ou produto serviço. Com base neste entendimento, fica fácil entender que o processo de segmentação pode se iniciar em duas etapas que buscam: → Agrupamento de pessoas com as mesmas avaliações de funções de utilidade; e → Rotulação ou identificação dos segmentos. 3.1 Critérios de Segmentação SEGMENTAÇÃO GEOGRÁFICA: Baseada em critérios puramente geográficos ou geopolíticos; SEGMENTAÇÃO DEMOGRÁFICA: Considera os consumidores em grupos com características semelhantes baseada em critérios de idade, sexo, renda, tamanho da família, escolaridade, nacionalidade etc; SEGMENTAÇÃO PSICOGRÁFICA: A segmentação psicográfica atua como complemento para a geográfica. Estabelece padrões de características de personalidade dos consumidores, enquadrando-os em categorias distintas consumista, exibicionista, utilitarista, moderado, racional, integrado, independente, conservador, contestador, moderno etc.; SEGMENTAÇÃO POR BENEFÍCIO: Embora alguns autores considerem-na uma variante da segmentação psicográfica, a segmentação por benefício atende muito mais efetivamente às análises mercadológicas, pois busca definir qual o benefício que o consumidor busca em cada produto e, portanto, versa sobre o atendimento de necessidades. Os benefícios podem ser classificados em racionais, que traduzem as características funcionais dos produtos, sua compra e uso efetivo, e as psicológicas, que se referem a fatores com status, percepção estética etc. 4 - DECISÕES DE PRODUTO E MARCA Para que se possa prosseguir na discussão, devemos entender o significado do termo marketing mix. O marketing mix, ou composto de marketing, é o conjunto de instrumentos controláveis pelo profissional de marketing, através dos quais ele pode obter melhor ajustamento entre a oferta que sua empresa faz ao mercado e a demanda existente. O marketing mix é composto por quatro conjuntos de varáveis que se costuma identificar como “os quatro Ps”*: * no original em inglês: product, price, place and promotion. a. PRODUTO: Características, qualidade, design, embalagem etc.; b. PREÇO: Preço básico, descontos, prazos de pagamento, crediário etc.; c. PRAÇA: Canais armazenamento etc.; de distribuição, distribuição física, transporte, d. PROMOÇÃO: Venda Pessoal, propaganda, promoção de vendas, publicidade, relações públicas etc. Ao fazer referência ao produto no contexto do marketing mix, se esta falando de algo mais do que o simples produto físico (produto específico) que o comprador irá consumir e utilizar. Estáse falando, na verdade, de um conjunto de características, algumas tangíveis, outras intangíveis, que constituem o produto, tais como: garantias, serviços, embalagem, acessórios de qualquer tipo, etc. (produto genérico) O produto, para o marketing, transcende sua forma externa. Isto ocorre porque o produto que a organização oferece deve ser visto não como ele é para a organização, mas a partir do que ele significa para o consumidor. 4.1 O Ciclo de Vida do Produto Os produtos, como os seres vivos, nascem, crescem, amadurecem e envelhecem, até o desaparecimento, que é a morte. Essas fases distintas da vida dos produtos são descritas como pioneira ou de introdução, desenvolvimento ou expansão, maturidade ou estabilização e declínio. Há no entanto, produtos que atingem a maturidade e permanecem nesse estágio sem entrarem em declínio. É o caso de alguns produtos alimentícios de origem animal, como o salame, que existe como tal à cerca de 400 anos. a. FASE DE INTRODUÇÃO OU PIONEIRA: É caracterizada pela presença de poucas empresas no mercado, e como a produção é pequena, os custos de desenvolvimento do produto irão estabelecer seu preço alto. Muitas empresas, ao contrário, adotam nessa fase a política de preços de penetração, com o objetivo de assegurar rápida participação no mercado. Essa política, adicionada aos custos do desenvolvimento do produto e aos custos mercadológicos do lançamento do produto, acarreta baixa lucratividade nessa fase; b. FASE DE CRESCIMENTO OU EXPANSÃO: Inicia-se quando a demanda para o novo produto começa a crescer rapidamente. Os consumidores inovadores que adotam o produto ainda em sua fase pioneira, ao repetirem suas compras, estimulam outros a comprarem. O mercado passa a expandir-se rapidamente, e com isso há um estímulo ao crescimento do número de concorrentes do produto. A entrada da concorrência força os preços praticados para baixo. Com o aumento das vendas, surge a economia de escala de produção, que reduz os custos de fabricação com base na chamada Curva de Experiência, e com isso, o lucro aumenta; c. FASE DA MATURIDADE OU ESTABILIZAÇÃO: O número de concorrentes e o volume de compras estabilizam-se, e isso desestimula a concorrência, sobretudo a predatória, que se estabeleceu para tirar vantagem de um mercado em expansão. Os preços continuam a cair, numa tentativa de manter-se no mercado. O lucro também cai; d. A FASE DO DECLÍNIO: As preferências do consumidor alteram-se, surgem novas tecnologias de produto no mercado, restam poucos concorrentes nessa fase. Os preços se estabilizam em níveis baixos. Os consumidores leais continuam comprando o produto, mas graças a um esforço promocional intenso. Os lucros diminuem e deixa de constituir uma atratividade a fabricação desse produto. Surgem novas oportunidades de investimento em novos produtos. Existem diversas estratégias que visam proporcionar o prolongamento do ciclo de vida de um produto ou de um produto serviço. Um exemplo clássico é o de promover o uso mais freqüente do produto entre os consumidores habituais. É o caso típico, num passado não muito distante, da meia de náilon para mulheres. O obsoletismo da meia de náilon, por desfiar ou pelo surgimento de novos modelos, levou as mulheres a um consumo prolongado e repetitivo do produto. Incentivar através da apresentação ao consumidor da versatilidade do produto ou do produto serviço, de modo que este perceba a sua utilização das formas mais variadas além da tradicionalmente usada. A Nestlé, com sua linha Maggi de caldos, ou a Refinações de Milho Brasil, com seus caldos e sopas Knorr, ao promoverem seus concentrados não só para sopas, mas também para o preparo de molhos e ingredientes para o preparo de massas, carnes, peixes etc., são um exemplo de uso mais variado do produto e versátil. Criar desejos e necessidades em potenciais clientes, fazendoos consumir produtos ou produtos serviços já existentes através de uma estratégia de expansão do mercado, mediante o surgimento de um novo segmento. A empresa Johnson & Johnson com a sua linha de xampu infantil e boa parte de sua linha de higiene infantil, trabalhou no de forma estratégica a criação de um novo mercado consumidor, através de uma campanha publicitária que enfatizava: o que é bom para crianças é bom também para adultos. Descobrir para produtos ou produtos serviços novas formas de usos, tem se tornado a grande meta das empresas. Para isso, se faz necessário identificar novas maneiras de evidenciar nos atributos do produto ou produto serviço os mecanismos sejam estes tangíveis ou intangíveis capazes de agregar valor ao consumidor mediante a percepção de um valor subjetivo. Um exemplo que ao longo dos tempos vêem buscando novas formas de uso são as empresas que fabricam relógios, buscando sempre através da tecnologia agregar ao relógio de pulso alarme, cronômetro, minicalculadora, mini-rádio, jogos e até minitelevisão. Tudo isso única e exclusivamente com a finalidade de conquistar o cliente através da satisfação de suas necessidades e desejos. O estudo cuidadoso do ciclo de vida dos produtos ou produtos serviços poderá constituir-se um valioso guia para definição das estratégias de marketing. Os principais elementos a serem definidos, e que deverão ter uma orientação diferenciada em função da fase em que o produto se encontra são:. A. Estratégia Promocional B. Estratégia de Distribuição C. Estratégia de Preços D. Estratégia de Planejamento do Produto 4.2 Marcas Uma conhecida definição da AMA - American Marketing Association, conceitua marca como “um nome, termo, sinal, símbolo ou desenho, ou uma combinação dos mesmos, que identifique os bens e serviços oferecidos por um vendedor ou grupo de vendedores e os diferencie dos demais concorrentes”. A marca tem uma função importantíssima no processo de compra. Essa função é a de identificar o produto diante do consumidor. Está claro que a marca será mais importante em alguns casos do que em outros. Quando o consumidor pode constatar os benefícios que o produto oferece, suas qualidades intrínsecas, no ato da compra, a marca perde muito de sua importância. No entanto, quando estas mesmas qualidades e benefícios só podem ser percebidos no consumo ou uso do produto, após a compra, então a marca assume importância fundamental como elemento de redução de risco. O valor relativo do produto e a frequência da compra são, também, elementos que influem no grau de importância da marca. Finalmente, o grau de diferenciação dos produtos concorrentes e o estágio no desenvolvimento da marca desses produtos também devem ser considerados. Os primeiros exemplos conhecidos de uso de marcas ocorreram, provavelmente, nas artes, quando pintores e escultores pintavam ou gravavam o nome em suas obras. A partir do final do século XIX, porém, o uso de marcas se expandiu consideravelmente, chegando a ponto de hoje quase se vender qualquer produto com marca. Com relação às políticas de marca a serem adotadas pela empresa, existem pelo menos três questões básicas a serem definidas: a - Quantas marcas usar e em que produtos; b - Quando usar o nome da empresa como marca; c - Usar-se a marca do fabricante ou do distribuidor. 5 - DECISÕES DE PREÇOS O preço define as condições básicas pelas quais o vendedor e o comprador estão dispostos a realizar a troca. Sob o ponto de vista da empresa, o preço pode ser visto como a compensação recebida pelos produtos e serviços que oferece ao mercado. Sob o ponto de vista do comprador, o preço expressa aquilo que ele está disposto a pagar para obter o produto ou serviço em questão. Ao se considerar a fixação do preço de um produto, deve-se levar em conta duas situações típicas: alteração do preço de um produto já existente e determinação do preço de um produto novo. Algumas das técnicas são mais apropriadas para um caso do que para outro. 5.1 Determinação de Preços Orientada Para Custos Grande parte das empresas define os preços de seus produtos tomando como variável principal os custos. Entre os principais métodos de determinação de preços baseados em custos encontram-se o do custo total e o de análise do ponto de equilíbrio CUSTO TOTAL: Este é provavelmente o método mais utilizado pelas empresas na fixação do preço de seu produto. No caso do fabricante, o preço é comumente determinado da seguinte forma: P = CD + CI + MC No caso da empresa meramente comercial, teríamos: P = PC + COC + M Onde: P = preço CD = custos diretos unitários de fabricação CI = custos indiretos unitários de fabricação MC = margem de contribuição unitária PC = preço unitário de compra COC = custos operacionais unitários de comercialização M = markup PONTO DE EQUILÍBRIO: Esta análise, tem como ponto de partida os conceitos de custo fixo e variável. O ponto de equilíbrio é aquele em que as Receitas Totais se igualam aos Custos Totais. Abaixo dele, a empresa tem prejuízo, acima dele, tem lucro. Para cálculo do ponto de equilíbrio considere-se: CF = custos fixos totais cv = custo variável unitário p = preço unitário do produto c = contribuição unitária PE = ponto de equilíbrio RT = receita total A contribuição unitária pode ser calculada da seguinte forma: c = p - cv O ponto de equilíbrio pode ser obtido por: A partir daí, estima-se a receita total no ponto de equilíbrio: A análise do ponto de equilíbrio não proporciona, por si só, indicação de preço para o produto, mas permite avaliar o impacto de diferentes preços básicos sobre o resultado da empresa. 5.2 Determinação de Preços Orientada Para a Demanda Os métodos de determinação de preço orientados para a demanda têm a evidente vantagem de levarem em conta o preço que o comprador está disposto a pagar. Infelizmente, a disponibilidade de dados sobre a sensibilidade do consumidor a preços é, em geral, demasiadamente reduzida para permitir o uso adequado desses métodos. Por outro lado, são claras as indicações de que nem mesmo o consumidor tem condições de informar, a priori, sobre o preço que estaria disposto a pagar por determinados produtos. A pesquisa de mercado, um dos principais instrumentos do marketing, tem pouca utilidade quando se trata de obter informações sobre preços. Podemos citar dois métodos de determinação de preços orientados para a demanda: a. CURVA DA DEMANDA: em que, dispondo das informações sobre a elasticidade/preço para determinado produto, analisamos a curva da demanda para a tomada de decisão. b. DETERMINAÇÃO NEGOCIADA: Consiste na venda do produto por diferentes preços a diferentes compradores. Na discriminação total de preços, o vendedor e o comprador negociam o preço do produto, chegando a um acordo final possivelmente diferente em cada caso. Este tipo de atitude é comum, por exemplo, em mercados de produtos artesanais e de arte. 5.3 Determinação de Preços Orientada Para a Concorrência Na prática, muitas empresas definem seus preços a partir de um levantamento dos preços dos concorrentes, situando o seu próprio em uma faixa média. Esse método, embora considere os preços de mercado, deixa de considerar fatores como o posicionamento do produto na mente do consumidor. Esse procedimento, muitas vezes, reflete simplesmente o fato de que a empresa desconhece quais são os custos de seus produtos e supõe que os dos concorrentes são similares aos seus. Assim, a fixação do preço pela média de mercado serve como uma aproximação para a determinação de preços baseada nos custos. É claro, no entanto, que os preços da concorrência não podem deixar de ser considerados qualquer que seja a metodologia adotada pela empresa. 6 - DECISÕES DE DISTRIBUIÇÃO A complexidade das modernas economias de mercado exige, em grande número de casos, que o produtor utilize algum tipo de intermediário (canais de distribuição) no processo de transferência de seus produtos ao mercado. Para que se caracterize a existência de um canal, é importante que a propriedade ou o controle do produto ou serviço passe do fabricante, pelo canal, para o consumidor ou usuário 6.1 Políticas de Canais de Distribuição A escolha do(s) canal(is) de distribuição pode constituir-se fator vital no planejamento da estratégia da empresa. Existem várias políticas pelas quais a empresa pode optar: DISTRIBUIÇÃO DIRETA: Ocorre quando a empresa decide não utilizar intermediários vendendo seu produto diretamente ao consumidor final ou usuário. A principal vantagem está no maior controle, pelo fabricante, do marketing de seus produtos e serviços. A principal desvantagem está na limitação inerente a este sistema. Para muitas empresas, esta alternativa não é possível devido ao custo extraordinário que daí resultaria. DISTRIBUIÇÃO EXCLUSIVA: Ocorre quando a empresa utiliza um ou poucos intermediários. Nestes casos, é comum que o intermediário se dedique exclusivamente à linha de produtos do fabricante, ou que esta seja sua atividade principal. Muitas vezes a própria empresa monta uma rede de distribuição exclusiva, com o propósito de garantir uma imagem de requinte, status, cuidado artesanal etc.. A maior parte das empresas que opta por esta política atende a segmentos restritos do mercado, com produtos de alto preço e compra infrequente. DISTRIBUIÇÃO SELETIVA OU LIMITADA: Comumente, as empresas que atingem segmentos selecionados do mercado optam por uma política de distribuição seletiva ou limitada, ao invés da distribuição exclusiva. A distribuição seletiva permite à empresa atingir um número razoável de canais, sem contudo “popularizar” o seu produto. Neste caso, os intermediários são obrigados, contratualmente, a cumprir uma série de exigências do fabricante, no que se refere à decoração do ponto de venda, política de preços, crediário etc. DISTRIBUIÇÃO INTENSIVA DENTRO DE UMA CLASSE DE ESTABELECIMENTOS: Neste caso, a empresa busca atingir um número máximo de pontos de venda utilizando-se, porém, de um único tipo de intermediário. Algumas empresas, por exemplo, tem marcas dirigidas unicamente a pontos de venda de autoserviço. Quando uma empresa usa este tipo de política, existe geralmente uma relação entre o tipo de intermediário utilizado e a estratégia de marketing seguida pela empresa. DISTRIBUIÇÃO INTENSIVA: Quando a empresa adota esta política, seu propósito é obter a colocação do produto no maior número possível de pontos de venda. Entre as empresas que usam amplamente esta política, pode-se citar os fabricantes de cigarros, cervejas, etc. 7 - DECISÕES DO COMPOSTO PROMOCIONAL Podemos definir promoção como sendo o processo de comunicação entre vendedor e comprador, ou como todo tipo de esforço para disseminar informações sobre produtos ou serviços entre consumidores potenciais. O objetivo básico do Composto Promocional é INFORMAR - PERSUADIR LEMBRAR, ou de maneira mais explícita, “executar a ação planejada de influenciar as opiniões ou ações dos outros”. 7.1 Instrumentos Básicos do Composto Promocional I. PROPAGANDA: Qualquer forma paga e impessoal de apresentação e promoção de idéias, bens ou serviços por um patrocinador identificado. Uma classificação muito difundida é: Institucional: Busca a fixação favorável do nome da empresa ou entidade visando gerar uma postura de confiança a longo prazo. Marca: Objetiva o desenvolvimento mercadológico de marca específica a longo prazo. Classificada: Contém divulgação de informações sobre venda, serviço ou acontecimento. Venda Especial: Promover venda específica a curto prazo. MÍDIAS: Ou veículos de comunicação mercadológica. Mídia Imprensa: Jornais e revistas em geral. Mídia Eletrônica: Rádio, Televisão, Internet. Mídia Dirigida: Mala-direta, brindes. Mídia Dispersa: Outdoors, decalques, catálogos etc. II. PUBLICIDADE: ë toda comunicação feita ao público, de fatos de interesse geral, realizada por terceiros, sem pagamento e sem o controle por parte da empresa ou entidade envolvida. As principais características da publicidade são: a - Tende a produzir efeito maior do que a propaganda por causa do aparente desinteresse mercadológico; b - Grandes corporações montam verdadeiras estruturas para produzir publicidade; c - Forçam as empresas a cumprir melhor sua função social por temor da publicidade negativa. III. VENDA PESSOAL: É o processo de assistir e persuadir um comprador potencial e adquirir um bem ou serviço ou a agir em relação a uma idéia. Inclui a apresentação oral a um ou mais interessados, quer diretamente, quer por telefone (telemarketing). A apresentação pode ser formal, constituindo-se numa argumentação cuidadosamente ensaiada ou, como geralmente é, informal. Existem três tipos básicos de venda pessoal - dirigida, através do pessoal de campo; varejista, através de balconistas ou plantonistas ; e informal, onde se busca criar situações de venda através das relações sociais. IV. PROMOÇÃO DE VENDAS: Engloba todas as atividades complementares da propaganda, publicidade e Venda pessoal no contexto do composto promocional. Visa oferecer estímulos adicionais capazes de provocar nos vendedores e distribuidores, a motivação para a venda, e nos consumidores a decisão da compra. Seu uso é recomendado com maior intensidade no composto promocional, principalmente naqueles produtos ou serviços com baixo nível de diferenciação (sabonetes, dentifrícios, margarinas, serviços de desentupimento, etc.) e no lançamento de novos produtos. Seus principais tipos são displays de loja, brindes para o consumidor, prêmios para o vendedor, mala-Direta, degustação, embalagens especiais, espetáculos, shows e exposições, amostras, concursos etc. 8- BIBLIOGRAFIA ANSOFF, Igor. Administração Estratégica. São Paulo: Atlas, 1990. BREEN, G. E.; BLANKENSHIP, A. B. Pesquisa de mercado: como preparar e executar pesquisas de mercado com resultados seguros e produtivos. São Paulo : Makron Books, 1991,445 p. BRUM, A. M. Endomarketing: estratégias de comunicação interna para empresas que buscam a qualidade e a competitividade. Porto Alegre : Ortiz, 1994, 138 p. CHRISTENSEN, C. ; ROCHA, A.. Marketing : teoria e prática no Brasil. São Paulo : Atlas, 350 p. COBRA, M. Administração de marketing. São Paulo : Atlas, 2a. ed., 1992, 806 p. _____ Plano estratégico de marketing. São Paulo : Atlas, 2a. ed., 1989, 125 p. _____Marketing Básico: uma abordagem brasileira. 4ª ed. São Paulo: Atlas, 1997. GRACIOSO, Francisco. Planejamento Estratégico Mercado. 2a. ed. São Paulo: Atlas, 1990. Orientado para o HOLTJE, H. F.; GUAGLIARDI, J. A.; MAZZON, J. A. Marketing : exercícios e casos. São Paulo : McGraw-Hill, 1982,243 p. KARLÖF, Bengt. Conceitos Básicos de Administração. São Paulo: Nobel, 1994. KOTLER, Philip. Marketing. São Paulo : Atlas, 3a. ed., 1989, 595 p. _____. Administração de Marketing. 9ª ed. São Paulo: Atlas, 1998. KOTLER, Philip; FAHEY, L.; JATUSRIPITAK, S. A nova concorrência. Rio de janeiro : Prentice-Hall, 1985, 155 p. KOTLER, Philip; ARMSTRONG, G. Princípios de marketing. Rio de janeiro : Prentice-Hall, 1993, 477 p. LAS CASAS, Alexandre Luzzi. Marketing: conceitos, exercícios e casos. 4ª ed. São Paulo: Atlas, 1997. MOTTA, F. C. P.. Administração : uma introdução, São Paulo : Biblioteca Pioneira de Administração e Negócios, 9a. ed., 1981, 213 p. MINTZBERG, Henry. The Fall and Rises Of Strategic Planning. Harvard Business Review . Jan/Feb. 1994. p.107-114. OTT, R. Criando demanda: Conceitos, dicas e estratégias para estimular seus clientes a comprar seus produtos e serviços, cada vez mais. São Paulo : Makron Books, 1993, 255 p. PORTER, Michael E. Vantagem Competitiva. 6a ed. São Paulo: Campus, 1992. ROGERS, L. Administração de marketing e vendas. São Paulo : Makron Books, 1993, 389 p. McGraw-Hill, 1982,564 p. SILBIGER, S. MBA em 10 lições: as mais importantes lições das melhores faculdades de administração americanas. Rio de janeiro : Campus, 1997,333 p. SOUZA. F. A. M. de. Introdução ao marketing de 6a. geração. São Paulo: Makron Books, 1994, 251 p. ANEXO 05 LEITURA COMPLEMENTAR Universidade Paulista - UNIP Curso: Administração Disciplina: Administração de Marketing 2009-1 – Unip Interativa Prof. Ms. Marcelo Zambon Casos para leitura: [1] Produtos que sobrevivem às inovações Daniele Madureira, de São Paulo, 18/08/2008 Cerca de 25% das vendas no segmento de lâminas de barbear, que movimenta R$ 1 bilhão por ano, são de um produto que muitos imaginam desaparecido. A demanda persistente pelas lâminas de fio duplo é suficiente para animar a American Safety Razor (ASR) a lançar este ano novos modelos no mercado brasileiro, o segundo maior do mundo. Rui Dzialoschinsky, vicepresidente da ASR na América Latina, diz que, em 2009, a meta é vender 35 milhões de unidades no Brasil. São muitos os exemplos de produtos com perfil semelhante, que sobreviveram ao lançamento de concorrentes que incorporaram inovações tecnológicas e são objeto de campanhas publicitárias milionárias. O Brasil continua consumindo e, em alguns casos, até exportando itens como papel-carbono, aparelhos de fax, enceradeiras e fitas cassete. Nada os transformou em peças de museu. E são o porto seguro de alguns fabricantes ouvidos pelo Valor, que mantêm as vendas estáveis e até em ascensão, atendendo a públicos cativos. O interesse crescente por tatuagens, por exemplo, salvou o papel-carbono da extinção. “Tatuadores usam o carbono para fazer o desenho com mais precisão”, diz o gerente comercial da Unic Carbon, Octávio Feital. A empresa exporta para EUA, Espanha e Índia. http://www.valoronline.com.br/valoreconomico/285/primeirocaderno/Produto s+que+sobrevivem+as+inovacoes,,,62,5099423.html 04/09/2008 [2] Produtos que desafiam a linha do tempo Daniele Madureira, de São Paulo 18/08/2008 O papel carbono surgiu em 1806 e por mais de um século foi o único meio possível de garantir cópias instantâneas até o lançamento da primeira copiadora da Xerox, em 1949. Bem perto disso, em 1947, um especialista em telegrafia sem fio inventou o aparelho de fax. Longe dos escritórios, as donas de casa da década de 1950 deslizavam enceradeiras pelo lar, lustrando o piso. A geração seguinte, que animou os “loucos anos 60”, passou a gravar os sucessos musicais nas fitas cassete. No início da década de 1970, a tecnologia assinalava um mundo novo, com a possibilidade de gravar dados do computador em discos flexíveis. Em 1976, o “video home system”, a fita VHS, desembarcou nas salas de visita. Embora esses produtos e seus respectivos insumos acumulem de três décadas a dois séculos de vida, e tenham assistido à estréia de substitutos bem mais práticos e com melhor rendimento, todos persistem no mercado em pleno século XXI. Dispensam as vultosas verbas de marketing em geral destinadas aos lançamentos e, mesmo diante da concorrência feroz dos últimos anos, que estimulou investimentos bilionários em tecnologia, nada foi capaz de torná-los peças de museu. E mais: são o porto seguro de alguns fabricantes ouvidos pelo Valor, que mantêm as vendas estáveis ou até em ascensão, atendendo públicos cativos. Um exemplo são as lâminas de barbear duplo fio. Trata-se de um mercado que responde por um quarto das vendas em volume da categoria lâminas de barbear - negócio que movimentou R$ 1 bilhão em 2007, com 800,7 milhões de unidades vendidas. Mas, segundo a Nielsen, o consumo do modelo duplo fio recuou 5% este ano. Nada que abalasse a confiança da American Safety Razor Company (ASR) no mercado brasileiro, o segundo maior do mundo, depois do indiano. A empresa, que desembarcou no Brasil em 2001 com a marca Personna, aposta este ano nas antigas lâminas duplo fio: lançou um modelo de platina (as comuns são de cromo) e prepara para novembro a estréia da lâmina de titânio, “que faz um corte mais suave”, segundo Rui Dzialoschinsky, vice-presidente da ASR na América Latina. “Entramos no segmento este ano e esperamos vender 25 milhões de unidades de duplo fio, o que representaria 10% do consumo brasileiro”, diz ele. “Para 2009, a meta são 35 milhões.” A americana ASR é a terceira maior fabricante de lâminas e aparelhos de barbear do mundo, atrás das conterrâneas Procter & Gamble (dona da Gillette) e Schick. “Lâmina de barbear duplo fio está longe de ser um mercado pequeno, prestes a desaparecer”, diz Dzialoschinsky. “Mas precisava de inovação”. Por conta do baixo custo do produto (no varejo, a cartela com três lâminas custa em média R$ 1,50 ), a ASR não fará campanha de mídia massiva. O maior alvo são os barbeiros, que usam metade da lâmina dentro da navalha para “desenhar” a barba no rosto do cliente. Mas há outro público cativo. “São os padeiros”, conta o executivo. “A duplo fio é a responsável pelo acabamento do pãozinho francês”. Outro produto que ganhou nova utilidade é o centenário papel carbono. “Os tatuadores usam o papel para replicar o molde sobre a pele do cliente”, diz o gerente comercial da Unic Carbon, Octávio Feital. A empresa, que disputa com a Helios Carbex a liderança em papel carbono no Brasil, começou a exportar este ano para Estados Unidos, Espanha e Índia, apenas com venda para tatuadores. E lançará um site de comércio eletrônico só para esse nicho. A companhia também desembarcou no Peru este ano, com o papel hectográfico, usado em mimeógrafos. “Há forte demanda por esse material na América Latina e na África”, diz. A fabricante de mimeógrafos gaúcha Menno prepara em segredo um novo contrato no exterior - possivelmente com Índia ou África. No Brasil, passou de 1,8 mil mimeógrafos por mês em 2006 (produto que rebatizou de “duplicadores a álcool”) para 2,5 mil unidades este ano. “Quem usa mais são as escolas públicas, principalmente no Norte e Nordeste, onde o produto é chamado de ‘cachacinha’, por ser abastecido com álcool”, diz o gerente da Menno Ângelo Paludo. Pelas contas do executivo, ainda é muito mais barato investir em um mimeógrafo do que em uma impressora. “Um cartucho jato de tinta custa R$ 50 e gera, no máximo, 180 cópias”, diz. “Em contrapartida, gasta-se R$ 6 com álcool e três folhas de estêncil para fazer mil cópias em um duplicador”, diz Paludo. Cerca de 10% do faturamento da Menno deste ano, previsto para R$ 47 milhões, deve vir dos mimeógrafos, que custam R$ 320. O carro-chefe da companhia são os fragmentadores de papel e os módulos gaveteiros para dinheiro. Mas isso não significa que a Menno deixou os mimeógrafos de lado. “Encomendamos a uma universidade um novo modelo”, diz Paludo, sem revelar detalhes. A especialidade da fabricante de eletrodomésticos Arno nunca foi a enceradeira, produto da década de 1950 que tem vendas restritas a 30 mil unidades ao ano no Brasil. Mas a empresa dividia o mercado local com a Electrolux, que deixou o segmento este ano. Procurada, a Electrolux não se pronunciou até o fechamento desta edição. “Como somos os únicos a vender agora, pretendemos dobrar de volume em 2008”, diz o gerente da Arno Adriano Toledo. Segundo ele, há um público fiel no interior do país, especialmente no Sul. “Gente cujos costumes não mudam e que prefere o brilho da enceradeira ao de qualquer cera instantânea”, diz. A familiaridade dos usuários com acessórios mais antigos é a aposta da Videolar, dona das marcas EMTEC e Nipponic, para manter a produção de disquetes, fitas cassete e fitas VHS, mesmo quando prepara a sua entrada no mercado de pen drives. “O disquete é mais ‘amigável’ para a gravação de dados do que os CDs e DVDs”, diz o gerente comercial da Videolar, Maurício Manzato. Mas a capacidade de armazenamento é o que impera: enquanto vende 45 milhões de CDs e DVDs por mês, a Videolar atende uma demanda mensal de só 1,2 milhão de disquetes. “Ainda assim é um patamar considerável”, afirma Manzato. “Enquanto há mercado, há produto”. Nas fitas VHS, o que garante a venda da Videolar é o parque instalado de videocassetes. “O brasileiro não joga eletrônico no lixo”, diz o executivo. “Quem teve vídeo ainda mantém o aparelho e compra insumos”, afirma Manzato, que conta alguns aspectos pitorescos da venda de fita cassete. “Boa parte dos caminhoneiros que viaja pelo interior do país prefere as fitas aos CDs por causa das estradas esburacadas, que não permitem a acústica sem interrupções”. Nos escritórios, os aparelhos de fax vêm resistindo bem, apesar do avanço da internet e dos multifuncionais - que reúnem impressora, copiadora, scanner e fax e são abastecidos por sulfite. Na Maxprint, que produz suprimentos de informática e material de escritório, a venda de bobinas de fax deve crescer 15% este ano, depois de aumentar 9% em 2007. Mais uma vez, o custo de manutenção mais baixo é determinante, raciocínio que também justifica a maior demanda por formulários contínuos, usados nas antigas impressoras matriciais, que cresceram 32% em 2007 e devem vender 15% a mais este ano. Cerca de 5% da receita da Maxprint em 2008, estimada em R$ 219 milhões, deve vir desses produtos. São itens comuns em órgãos públicos e mesmo em empresas privadas, principalmente do Norte e Nordeste, que não atualizaram seu parque tecnológico. “Nossa venda de almofada para carimbo e papel carbono cresceu 7% e 4%, respectivamente, em 2007”, diz Iara Espíndola, gerente de marketing da Nagem, varejista de material de escritório, com 16 lojas no Nordeste. “Não fizemos nenhum esforço de marketing para isso”, afirma. No Brasil, o mercado de almofadas de carimbo é dominado pela octogenária Pilot, do Japão. A empresa tem uma participação de 85%, diz o gerente comercial, Roberto Koga. “Devemos fechar o ano com 360 mil unidades, mesmo patamar desde 2006”, diz. Lançada em 1974, a almofada de carimbo têm consumidores fiéis em escritórios de pequeno e médio porte e órgãos públicos. Por isso, a Pilot nem cogita a a produção do modelo mais novo de carimbo, que já vem com refil de tinta, afirma Koga. “Vamos continuar porque o patamar de vendas é interessante”. http://www.valoronline.com.br/valoreconomico/285/empresasetecnologia/ empresas/Produtos+que+desafiam+a+linha+do+tempo,,,51,5099402.html 04/09/2008 [3] Para não perder chance de ouvir um bom vinil, empresário leva vitrola no carro Beth Koike, de São Paulo 18/08/2008 Apaixonado pelos discos de vinil, com um acervo de 90 mil “bolachões” em sua loja e outros tantos em sua casa, o empresário paulista Luiz Calanca é dono também de uma coleção de vitrolas. São cerca de 15 modelos da década de 1970 espalhados por todos os locais em que ele costuma estar: em casa, no trabalho, na chácara e até no carro. Isso mesmo. Uma vitrola portátil é mantida dentro de seu Voyage 1993 para o que Calanca chama de “situações de emergência”, como quando encontra amigos que possuem títulos em vinil, mas não têm mais onde ouvi-los. O aparelho pode até ser ligado no acendedor de cigarros do veículo. “A acústica é ótima”, diz, ressaltando que só faz uso da vitrola nessas condições com o carro estacionado. O empresário, dono da tradicional loja de vinil Baratos Afins, conta que muitas vezes compra vitrolas que não funcionam para aproveitar determinas peças que ainda estão boas. “Às vezes a agulha está ruim, mas o motor ainda está tinindo. Vou desmontando, aproveitando as peças de uma e colocando em outra”, afirma. Segundo Calanca, os modelos antigos das marcas alemãs Garrard e Dual e da inglesa BSP são os mais resistentes e que oferecem melhor qualidade de som. “Aquelas vitrolas da década de 1980, os famosos três em um, que vinham com rádio, toca-discos e toca-fitas são muitos ruins. É por isso que quando chegou o CD, na década de 1990, a garotada se encantou”, comenta. Calanca não vende vitrolas, mas já é velho conhecido dos saudosos pela engrenagem. Por isso, vez ou outra acaba intermediando alguns negócios. “Outro dia vendi uma para a (cantora) Pitty e outra para o meu vizinho”, conta. A procura pelas vitrolas acompanha o ressurgimento de discos de vinil, cujas vendas voltaram a crescer. Diante do interesse do público em torno dos “bolachões”, duas grandes varejistas, a Livraria Cultura e a Saraiva retomaram a oferta do produto em 2006 e vêm colhendo bons resultados. Nesses dois anos, as vendas nas duas redes triplicaram. Hoje a Livraria Cultura conta com cerca de 600 títulos em suas prateleiras, contra apenas 10 em 2006. A maior parte dos discos é importada e as vendas chegam a 250 unidades por mês. Já a Saraiva dispõe de mais de 11 mil títulos. Há dois anos, tinha 3 mil. Essa tendência é forte nos Estados Unidos. Lá, a venda de discos de vinil cresceu 46% em 2007, em relação ao ano anterior, para US$ 23 milhões, segundo dados da indústria fonográfica americana. http://www.valoronline.com.br/valoreconomico/285/empresasetecnologia/ empresas/Para+nao+perder+chance+de+ouvir+um+bom+vinil+empresario+l eva+vitrola+no+carro,,,51,5099398.html 04/09/2008 [4] Moda do cavanhaque e gosto feminino dão novo fôlego a salão de barbeiro De São Paulo 18/08/2008 O ritual é o mesmo, em 65 anos de profissão. O cliente relaxa na ampla cadeira giratória de couro preto, com encosto para a cabeça, enquanto Raul Ribeiro de Camargo, de 80 anos incompletos - “faço só em setembro”, diz prepara a toalha quente. O creme para ensaboar vem em seguida. Logo depois, ele busca uma “navalha pluma”, na qual é inserida metade de uma lâmina duplo fio, para desenhar as costeletas e o cavanhaque. Uma outra navalha, do tipo descartável, é usada para escanhoar a barba. “No final, faço uma massagem com um vibrador para o rosto. Conhece?”, pergunta o barbeiro, apresentando um massageador elétrico preto, de metal, que de tão pesado mais lembra um velho ferro de passar roupa. “É da marca Oster, americana, mas é tão antigo que nem deve existir mais”, brinca. Se o consumo se baseasse apenas na tecnologia, era para a profissão de Ribeiro, exercida desde a Grécia antiga, ter desaparecido. Já na década de 30, a Philips começou a fabricar barbeadores elétricos, que permitem aos homens cuidar de si mesmos. Sem falar nos milhões de modelos descartáveis ou com refilconsumidos todos os anos. “Mas com a moda do cavanhaque, cada vez mais homens, na maioria acima dos 30 anos, procura o salão para fazer barba”, diz Ribeiro, uma “cria” do Salão Marília, em Perdizes, zona oeste de São Paulo, onde começou há 58 anos e está até hoje, dividindo espaço com oito colegas. Um deles, Luís Lopes da Costa, 45 anos, confirma a tendência. “Com o aumento da renda, é comum o pessoal vir a cada 15 dias, muitas vezes incentivado pela mulher, que tem mais bom gosto”, diz Costa, que faz até dez barbas a cada sábado, dia de maior movimento. “Há uns três anos, fazia no máximo seis”. Hoje, cada uma custa R$ 22. O trunfo do barbeiro é ter uma visão privilegiada do rosto do cliente e “desenhar” a barba com a navalha pluma, em que é inserida meia lâmina duplo fio. Esses profissionais estão na mira de marcas como Personna, da ASR, e a líder Gillette, da Procter & Gamble (P&G), que treinam distribuidores para atingir as barbearias. Com exceção da P&G, não há produção interna de lâmina duplo fio no país. O segmento é disputado por várias marcas que importam o produto, como Bic, Lord, Super Barba (da NVC), além da Personna, da ASR. A origem da lâmina duplo fio é controversa. Rui Dzialoschinsky, da ASR, garante que foram os irmãos Kampfe, fundadores da companhia, que a criaram, em 1875. Mas a fama ficou com o americano Camp Gillette, que lançou sua empresa 26 anos depois. (DM) http://www.valoronline.com.br/valoreconomico/285/empresasetecnologia/ empresas/Moda+do+cavanhaque+e+gosto+feminino+dao+novo+f%c3%b4le go+a+salao+de+barbeiro,,,51,5099403.html 04/09/2008 ANEXO 06 COMO REGISTRAR A SUA MARCA Fonte: http://www.inpi.gov.br ou esquerdo/marca/passoapasso/oculto/dirma_ pesquisa: 10/11/2008). http://www.inpi.gov.br/menucomoregistrarmarca (Data da Passo a passo Existem três perguntas que o usuário deve se formular antes de depositar uma marca no INPI: 1. Exerço atividade lícita, efetiva e compatível com o produto ou serviço que minha marca visa assinalar? Marcas identificam produtos ou serviços. Existem marcas para biscoitos, vinhos ou roupas; mas, também existem marcas para extintores de incêndio ou serviços de cremação, por exemplo. A verdade é que há marca para tudo; entretanto, não há marcas para todos. Assim, a ela só pode ser solicitada por quem tem legitimidade para requerê-la. A regra é clara: uma marca só pode ser requerida por pessoa física ou jurídica que exerça atividade lícita, efetiva e compatível com o produto ou serviço que a marca visa assinalar, sendo que sua atividade também pode se dar através de empresas controladas direta ou indiretamente. É simples: se sua empresa fabrica biscoitos, você não poderá solicitar uma marca para identificar roupas e viceversa. Portanto, tenha sempre em mente que uma marca visa distinguir um produto ou serviço de outros iguais, semelhantes ou afins. Se você pede uma marca para um serviço que sua firma não faz ou para um produto que sua fábrica não produz, todo o procedimento de depósito acabará sendo em vão. 2. Minha marca pode ser registrada? Agora a pergunta a ser feita é: minha marca é registrável? Muitas pessoas pensam que qualquer sinal pode ser registrado como marca. Não é verdade. Marcas, assim como, por exemplo, patentes de invenção, são objeto de um ramo específico do direito, o da propriedade industrial, regulado por leis. No Brasil, a lei que regula a propriedade industrial – portanto, os direitos e obrigações relativos às marcas – é a Lei de Propriedade Industrial (nº 9279/1996). A LPI, como é chamada, regula todos os aspectos do direito marcário, inclusive o que pode e o que não pode ser registrado como marca. Consulte o artigo 124 da LPI para ter acesso a todas as proibições. Não é difícil compreendê-las. De qualquer modo, listamos a seguir algumas recomendações a fim de que se evite registrar uma marca que, nos termos da LPI, seria irregistrável: • Não tente registrar como marca um sinal de caráter genérico, comum, necessário ou simplesmente descritivo, caso o sinal tenha relação com o produto ou serviço que visa distinguir. Marcas têm que ser distintivas; marcas cujos elementos buscam apenas designar uma característica do produto ou serviço, ou que tão somente descrevem sua necessária natureza, nacionalidade, peso ou qualidade não podem, tecnicamente, ser chamadas de marcas: são nomes comuns, vulgares, necessários, portanto, não podem ser apropriados por ninguém; • Faça uma busca prévia em nosso banco de dados. Desse modo, você terá maior probabilidade de sucesso em seu pedido, uma vez que poderá evitar pedir o registro de marcas que já foram solicitadas ou concedidas anteriormente; • Evite solicitar uma marca que possua alguma expressão de propaganda. Marcas que contenham elementos tais como, “o melhor”, “o mais rápido”, “serviço de qualidade” etc, possuem poucas chances de obter o registro. Marca não é propaganda; e propaganda não pode ser protegida nos termos da LPI; • Procure não incluir em sua marca quaisquer sinais que sejam oficialmente reconhecidos como sendo de governos nacionais ou estrangeiros ou que imitem bandeiras, monumentos ou brasões oficiais. Siglas que evidentemente sejam reconhecidas como sendo de entidades governamentais devem ser evitadas, uma vez que possuem proteção especial. A norma é simples: ninguém pode se apropriar, como marca, de sinais que são de todos; da mesma maneira, não há como pleitear exclusividade sobre um sinal que não pode ser de ninguém. 3. O sinal que eu escolhi como marca está disponível? Não basta que sua marca seja registrável. Ela tem que estar disponível. Isto porque, no Brasil, trabalha-se com o chamado sistema atributivo de direito, ou seja: ganha o registro quem o solicita primeiro ou, como nós dizemos, quem deposita o pedido de registro em primeiro lugar, salvo exceção prevista na LPI. Desse modo, se o sinal escolhido por você para identificar seu produto ou serviço já estiver registrado no INPI e protegido para a mesma classe vinculada ao seu produto ou serviço, pelo menos a princípio, ele não estará disponível. Portanto, uma busca prévia em nosso banco de dados, embora não obrigatória, se torna essencial para o sucesso do seu pedido. Respondidas estas três perguntas, vamos aos principais passos para depositar uma marca no INPI. 1) Consulte a Lei de Propriedade Industrial (LPI) para verificar os principais aspectos legais sobre marcas. Conhecer a LPI é uma importante ferramenta para garantir seus direitos. É esta lei que, em conjunto com tratados dos quais o Brasil faz parte, rege a concessão de registros de marca no país. Assim, verificar o que pode ser objeto de registro, as natureza e as formas de apresentação de marcas, enfim, todos os principais dispositivos relacionados aos aspectos legais do registro de marca, configura um primeiro passo para um pedido bem feito. 2) Determine a natureza e a forma de apresentação de sua marca. As marcas podem ser de diversos tipos. No que tange à sua natureza elas podem ser de produto, serviço, coletiva ou de certificação. Já no que diz respeito à forma de apresentação, as marcas podem ser nominativas, mistas, figurativas ou tridimensionais. É essencial que você saiba exatamente a que se destina sua marca e que forma de apresentação ela terá, pois a proteção conferida pelo registro varia de acordo com essas duas escolhas. Abaixo segue um quadro sinótico com um resumo sobre a natureza e as formas de apresentação que sua marca pode ter. 3) Faça uma busca prévia. Como já dissemos, não é obrigatório realizar uma busca prévia em nosso banco de marcas. Entretanto, é de extrema importância conhecer as marcas que se parecem com a que você quer registrar. Efetuando essa busca, que pode ser feita em nosso portal ou requerida oficialmente ao INPI, você terá mais segurança de que sua marca é realmente original, além de ter acesso às decisões que o INPI toma com relação a cada marca. Para fazer uma busca em nosso banco de dados, clique aqui. Caso deseje solicitar uma busca oficial, requisite-a por meio do formulário eletrônico de petição. 4) Cadastre-se junto ao e-INPI. Assim como outros serviços no INPI, para solicitar o registro de uma marca existe um custo. Após determinar quantos e quais tipos de pedidos de marca você quer protocolar, é necessário que você se cadastre junto ao nosso sistema para emissão de Guia de Recolhimento da União (GRU). Assim, efetuando seu login em nosso sistema, você poderá gerar boletos para pagamento dos serviços que quiser, bastando selecionar o tipo de serviço desejado no local apropriado. Lembre-se que cada guia possui uma numeração única, vinculada à retribuição de apenas um tipo de serviço. Por exemplo, se você quiser depositar mais de uma marca, é necessária a geração de 2 (duas) guias em separado para cada boleto. Portanto, não reimprima o mesmo boleto, pois ele não será aceito. De resto, é tudo muito seguro, fácil e autoexplicativo. Clique aqui para se cadastrar no Módulo de Seleção de Serviços do e-INPI. 5) Acesse o e-MARCAS e preencha o formulário eletrônico de pedido de registro de marcas. Primeiramente, aconselhamos você a consultar o Manual do Usuário do eMARCAS. Neste Manual, você encontrará todas as informações necessárias para o correto preenchimento do formulário eletrônico de pedido de registro, assim como de outros formulários eventualmente necessários. O sucesso no preenchimento do pedido é fundamental para que seu processo não sofra nenhum tipo de exigência, fato que obviamente atrasa a decisão final de sua marca. 6) Envie seu pedido e acompanhe a etapa de exame formal . Depois de preenchido o formulário eletrônico de pedido de registro, anexados os documentos necessários e paga a respectiva taxa, envie seu pedido e anote o número do processo, que será gerado no momento do envio do formulário eletrônico. Observe que a data que você envia o seu pedido será a chamada data de prioridade. Esta data será sua garantia contra concorrentes que eventualmente desejem obter o registro de marca igual ou semelhante, para produtos ou serviços afins, posteriormente ao seu depósito. A prioridade é importante, enfim, porque todo o exame de marcas leva em conta a existência de pedidos anteriores. A regra é simples: quanto mais cedo você efetuar seu pedido, maiores serão as garantias contra a utilização indevida da sua marca. Depositado o pedido, e por meio de seu número, você deverá acompanhar na Revista Eletrônica da Propriedade Industrial (RPI) a formulação de possíveis exigências. Isto porque, durante a fase inicial, nossos técnicos realizam um exame formal do seu pedido, o qual pode eventualmente conter algumas falhas. Por isso, é extremamente importante consultar periodicamente a RPI. Caso haja algum problema a ser sanado, você terá um prazo de 5 (cinco) dias para resolvê-lo, ao término do qual, se a exigência for satisfatoriamente cumprida, seu pedido será publicado na RPI. 7) Acompanhe a publicação do seu pedido e eventuais oposições. Após a fase de exame formal, acompanhe a publicação do seu pedido na Revista Eletrônica da Propriedade Industrial (RPI). A publicação do pedido é necessária para dar conhecimento ao público de sua intenção de registrar uma marca, permitindo que outros interessados possam se opor contra o seu pedido. O direito de oposição é propiciado pela LPI, sendo que a Lei também garante a você o direito de defesa em caso de oposições. O fluxo é simples: assim que for publicado o seu pedido, terceiros têm um prazo de até 60 (sessenta) dias para se opor; caso isso ocorra, você será notificado através da RPI, terá acesso a uma cópia da oposição e terá também 60 (sessenta) dias para enviar sua defesa, por meio de formulário eletrônico próprio. Ultrapassada essa fase, seu pedido aguardará o exame técnico, que resultará em uma decisão sobre a registrabilidade de sua marca. 8) Acompanhe a decisão técnica sobre o seu pedido. Um ponto é fundamental: acessar regularmente a RPI ou a própria base de dados de marcas, a fim de conhecer as decisões referentes a seu pedido ou eventuais exigências que tenham sido formuladas pelos examinadores, uma vez que você tem um prazo de 60 dias, após a publicação, para respondê-las, sob pena do arquivamento do pedido. Você também poderá interpor recursos contra uma eventual decisão de indeferimento do INPI dentro do prazo de 60 dias da sua publicação. Não esqueça que todos esses procedimentos têm um custo e formulários próprios a serem preenchidos. Outra informação relevante: depositar um pedido de marca não significa que sua marca será registrada. Somente depois do exame técnico, em que todas as condições de registrabilidade são verificadas e em que buscas de anterioridades são feitas, é que seu pedido será decidido. Essa decisão, por sua vez, poderá ser, em linhas gerais, de quatro tipos: 9) Pague as taxas finais de expedição de certificado e proteção ao primeiro decênio. Como você pôde observar no quadro anterior, caso sua marca seja deferida, você deverá pagar as taxas relativas à expedição do certificado de registro e à proteção ao primeiro decênio. Você terá um prazo de 60 (sessenta) dias, a contar da publicação do deferimento, para solicitar a concessão do seu registro. Extraordinariamente, esse prazo poderá se estender até 90 (noventa) dias contados da publicação do deferimento, o que acarretará em retribuição complementar. Após isso, sua marca, já devidamente registrada, terá vigência de 10 (dez) anos, a contar da publicação da concessão na RPI. Ao final do primeiro decênio, você poderá prorrogar tal vigência, indefinidamente, mediante retribuição específica. 10) Mantenha atualizados os seus dados cadastrais. Agora, uma última recomendação: nunca esqueça de manter atualizado o seu cadastro junto ao INPI. Nós tratamos de milhares de pedidos todos os anos, movimentando uma quantidade incalculável de informação. E é unicamente com base nas informações do seu cadastro que podemos entrar em contato com você. Desde uma notificação de oposição até a expedição do certificado de registro, tudo depende da consistência das informações sobre você e/ ou seu procurador. Portanto, toda e qualquer mudança de dados, além, é claro, de quaisquer alterações que interfiram no curso do seu processo junto ao INPI, devem ser comunicadas ao órgão. Rua Mayrink Veiga, nº 9 - Centro - Rio de Janeiro/RJ - Cep: 20090-910 Praça Mauá, nº 7 - Centro - Rio de Janeiro/RJ - Cep: 20081-240 Telefone: 21 21393000 CNPJ: 42.521.088/0001-37 Referências bibliográficas Bekin, Saul Faingaus. Endomarketing: como praticá-lo com sucesso. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2004. Benett, Peter D. (Org). Dictionary of marketing terms. 2 ed. Chicago : American Marketing Association, 1995. Bettger, Frank. Show de Vendas. São Paulo: Bestseller, 1971. Cervo, Amado L.; Bervian, Pedro A. Metodologia Científica. 5 ed. São Paulo: Prentice Hall, 2002. Churchill, Gilbert A. Marketing: criando valor para o cliente. São Paulo: Saraiva, 2005. Cobra, Marcos. Marketing Básico: uma perspectiva brasileira. 4 ed. São Paulo: Atlas, 1997. Cotrim, Gilberto. História Global: Brasil e Geral. Saraiva. 1999. Drucker, Peter. Management: tasks, responsibilities, practices. New York: Harper and Row, 1973, p.64-65. Ferreira, Ademir Antonio; Reis, Ana Carla F.; Pereira, Maria I. Gestão Empresarial: de Taylor aos nossos dias. São Paulo: Pioneira, 1997. Ferreira, Aurélio B. de Holand. Dicionário da Língua Portuguesa, 2000. p.61. Figueira, Divalte Garcia. História. São Paulo: Ática. 2000. Giuliani, Antonio Carlos. Marketing em Ambiente Global. São Paulo: Cobra, 2003. Gracioso, Francisco. Marketing. São Paulo: Atlas. 1998. Hunt, Shelby. Marketing Theory: conceptual foundations of research in marketing. Columbus: Drid, 1976. Lamb Jr., Charles W.; Hair Jr., Joseph F.; McDaniel, Carl. Princípios de Marketing. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2004. Las Casas, Alexandre Luzzi. Administração de Marketing: conceitos, planejamento e aplicações à realidade brasileira. São Paulo: Atlas, 2006. Las Casas, Alexandre Luzzi. Marketing: conceitos, exercícios e casos. São Paulo: Atlas, 2001. Lewis, Barbara R. Littler, Dale. Dicionário Enciclopédico de Marketing. São Paulo: Atlas, 2001. Keller, Kevin Lane; Machado, Marcos. Gestão Estratégica de Marcas. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2006. Kotler, Philip. Administração de Marketing. São Paulo: Atlas. 1998. Kotler, Philip; Keller, Kevin Lane. Administração de Marketing. 12 ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall. 2006. Kotler, Philip. American Marketing Association. Convergência de 1972. McCarthy, E. Jerome. Marketing Essencial. São Paulo, Atlas. 1997. McKenna, Regis. Marketing de Relacionamento. Rio de Janeiro: Campus / São Paulo: Publifolha, 1999. Moreira, Júlio César Tavares; Pasquale, Perrotti Pietrangelo; Dubner, Alan Gilbert. Dicionário de Termos de Marketing. São Paulo: Atlas, 1999. Nunes, Gilson; Haigh, David. Marca: valor intangível. São Paulo: Atlas, 2003. Palmer, Adrian. Introdução ao Marketing: teoria e prática. São Paulo: Saraiva. 2006. Prahalad, C. K. The Fortune at the Bottom of the Pyramid: Eradicating Poverty Through Profits. Pennsylvania – USA: Wharton School Publishe,. 2006. Ries, Al; Trout, Jack. As 22 Consagradas Leis do Marketing. São Paulo: Pearson: Makron Books. 1993. Sampaio, Rafael. Marcas de A a Z. Rio de Janeiro: Campus, 2002. Santos, Joel J. Encantar o Cliente dá Lucro. Rio de Janeiro: Campus, 1995. Semenik, R. J.; Bamossi, G. J. Princípios de Marketing: uma perspectiva global. São Paulo: Makron Books, 1995. Swift, Ronald. CRM: o revolucionário marketing de relacionamento com o cliente. 9 ed. São Paulo: Campus – Elsevier, 2001. Tomasko, Robert M. Crescer não Destruir: cinco maneiras de implementar na sua empresa uma nova dinâmica de crescimento. Rio de Janeiro: Campus, 1997. Torrens, Robert. The Economist Refuted. Oxford. 1808. s.p. Tracking study looks as perceptions of multimedia/interactive Technologies. Quirk’s Marketing Research Review, p.27, 29, janeiro de 1996. Zaltman, Gerald. Afinal o que os clientes querem. Rio de Janeiro: Campus. 1996. Zambon, Marcelo S. Silva, Fábio Gomes. Gestão do Relacionamento com o Cliente. São Paulo: Thomson, 2006.