Filosofia - Curso Positivo

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FILOSOFIA
COMENTÁRIO DA PROVA DE FILOSOFIA
Mais uma vez a UFPR oferece aos alunos uma prova exigente e bem elaborada, com perguntas
formuladas com esmero e citações muito pertinentes. A prova de filosofia da UFPR exige, cada vez mais,
uma preparação sólida e uma dedicação consistente dos alunos e alunas. Não se trata apenas de conhecer
aspectos gerais da obra mas de analisá-la com cuidado e vagar, com um perfil acadêmico que não é, na
maior parte das vezes, o uso costumeiro do Ensino Médio. Daí a necessidade de uma preparação especial,
diferente das demais disciplinas.
Talvez a prova devesse ter um espectro mais amplo, com um programa mais panorâmico e perguntas
menos verticalizadas? Talvez. Talvez a prova devesse ser extensiva a um maior número de cursos – como
já foi para Medicina – com questões mais contextualizadas ao mundo contemporâneo, assumindo a função
de ferramenta privilegiada de leitura do mundo? Talvez. Mas, com certeza, o departamento de filosofia da
UFPR deveria apresentar seus critérios de elaboração e correção, apontando o caminho da preparação dos
alunos e alunas e contribuindo, assim, como fazem as melhores universidades do país, para transformar o
momento do vestibular em um catalisador de uma preparação mais ampla, mais cidadã, mais consequente
aos alunos que fazem a prova de filosofia querendo ser advogados, ou psicólogos, ou cursar filosofia.
De qualquer forma, achamos que no contrato tácito feito pelo departamento de filosofia com a
comunidade, a prova não fere em nada o que se esperava dela.
Nesse sentido, estão todos de parabéns.
Professores de Filosofia do Curso Positivo
Resolução:
“A felicidade é uma atividade da alma”, conforme a virtude. A razão de pensar que a felicidade é uma
atividade ou uma prática excelente, e não uma mera disposição ou posse, revela a nós que ela não é algo
estático ou inativo. Desse modo, a felicidade é uma atividade e, por necessidade, age. Logo, se é
necessário o agir, deve-se conduzir bem no agir. Sendo assim, o homem excelente ou um sapateiro deverá
agir de acordo com sua atividade ou as ações de sua alma, o que envolve a parte racional de sua alma.
Vejamos o que diz o Aristóteles no EN: “função própria do homem é um certo modo de vida, e este é
constituído de uma atividade ou de ações da alma que pressupõem o uso da razão, e a função própria de
um homem bom é o bom e nobilitante exercício desta atividade ou a prática destas ações, se qualquer ação
é bem executada de acordo com a forma de excelência adequada”. O sapateiro, portanto, se não agir
conforme a sua virtude mais completa, não poderá ser feliz ou completar-se a si mesmo. O bem do sapateiro
é praticar sua atividade de modo que ele possa efetivar sua completude, realizando os aspectos
fundamentais de seu ser.
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FILOSOFIA
Resolução:
Deve-se compreender que a felicidade, para Aristóteles, é uma vida de excelência (virtuosa). A vida feliz é o
resultado do saber viver e tendo uma vida virtuosa como a arte de viver bem, o resultado desse viver bem
será a felicidade. É o hábito de praticar a excelência (virtude) que vai garantir ao homem sua felicidade,
conforme afirma Aristóteles: “o hábito que torna o homem bom e lhe permite cumprir bem a sua tarefa”.
Resolução:
Segundo Aristóteles, "a excelência também se diferencia em duas espécies, de acordo com esta
subdivisão, pois dizemos que certas formas de excelência são intelectuais e outras são morais”. A
“excelência perfeita” deve ser compreendida como sendo a “excelência intelectual”. Ela é desenvolvida com
o processo de formação e educação. É necessário tempo e experiência, e se aprimora à medida que há
uma dedicação aos estudos. A sabedoria, a inteligência e o discernimento, por exemplo, são formas de
excelência intelectual. Já a “excelência humana” ou “excelência moral” é produto do hábito, como: a
liberalidade e a moderação. A excelência moral é adquirida por meio da prática. Ela está relacionada com os
prazeres e sofrimento.
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FILOSOFIA
Resolução:
Excelente questão sobre um trecho lido e comentado em sala de aula. A dúvida cartesiana era metafísica,
pois apontava para a ordem das razões e seus encadeamentos; era deliberada, isto é, um ato de vontade,
evitando um juízo prévio; era hiperbólica, tornando o incerto como duvidoso e o duvidoso como falso. Além
disso, era ainda sistemática ( metódica) e retrospectiva.
Resolução:
Tratamos nas aulas sobre o princípio dualista em Descartes. Para ele, o corpo é matéria extensa em
movimento e é conhecido por uma coisa pensante que não é o corpo, é imaterial e infinita, abstrata e
totalmente independente da matéria.
Descartes buscou definir o conhecimento verdadeiro como algo distinto do mundo exterior, pois afirmava
não ser possível conhecer partindo das sensações e percepções de fora, mas somente partindo do eu , do
cogito. Daí sua primeira verdade afirmada ser cogito, sum. Partindo daí, desse ser que pensa, é que seria
possível conhecer a matéria, naquilo que fosse possível conhecer pela razão.
Resolução:
A imaginação é uma qualidade do pensamento, mas não é capaz de elaborar nada que não tenha
correlação com o real . Como o real não é confiável como fonte de conhecimento, a imaginação, igualmente,
pode induzir ao erro. Daí não ser possível considerá-la como fonte do conhecimento verdadeiro, como
buscava Descartes. Por isso o que imagino ser a meu respeito, meu corpo, pode ser apenas ilusão, “sonhos
e quimeras”. Só a razão é capaz de conhecer e o primeiro conhecimento é o de si mesmo.
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FILOSOFIA
Resolução:
Uma vez que Lagrange afirma sobre Newton: ‘Não há senão um Universo e não pode haver senão um
homem na história universal para interpretar as suas leis’, fica claro que ele adota o paradigma newtoniano.
Seria importante que fossem destacados na resposta argumentos como:
– as vantagens de um conjunto de ideias amplamente aceito pela comunidade científica de seu tempo;
– a segurança de não ter que trilhar por caminhos ainda não percorridos por outros cientistas;
– não correr risco de errar;
– ter manuais científicos prontos para difundir os preceitos do paradigma;
– etc.
Resolução:
– Sim.
Seria importante que fossem destacados na resposta argumentos como:
– Uma vez que uma ciência se encontra estabelecida, há uma tendência dos cientistas em procurar explicar
todos os fenômenos a partir do paradigma vigente – adesão ao paradigma – o que não deixa de ser uma
atitude dogmática;
– Quando Lagrange, “Acreditando que o que Newton fizera não precisava ser refeito”, ele estabeleceu o
paradigma newtoniano como a fonte última de qualquer explicação para os fenômenos do mundo físico, o
que é uma perspectiva claramente dogmática.
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FILOSOFIA
Resolução:
Argumentos possíveis:
– O desenvolvimento normal da ciência pressupõe as soluções dentro do paradigma aceito pela
comunidade científica;
– Ao aderir ao paradigma, o cientista se comporta como um solucionador de quebra-cabeça e passa a
direcionar sua pesquisa com regras prontas e determinadas pelo paradigma;
– Quando cientistas conseguem demonstrar que novos paradigmas podem dar conta dos fenômenos
estudados, o desenvolvimento contínuo da ciência normal é contrariado;
– O surgimento de novos paradigmas deixa evidente que a ciência normal nem sempre encontra o êxito que
procura;
Resolução:
A filosofia da ciência de Kuhn contesta a ideia de que o cientista tem um espírito aberto.
Argumentos possíveis:
– A força da tradição das teorias científicas fortalece o estabelecimento de dogmas entre os cientistas, o que
não é característica de um espírito científico aberto;
– Na medida em que o autor afirma que, “Embora o cientista não se esforce normalmente por inventar novos
tipos de teorias fundamentais”, ele está, indiretamente, ressaltando o caráter dogmático deste cientista.
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