Indicador de Confiança do Micro e Pequeno Empresário

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Indicador de Confiança
do Micro e Pequeno
Empresário
Dezembro - 2016
CONFIANÇA NA ECONOMIA AVANÇA AO LONGO DO ANO, MAS ENCERRA
DEZEMBRO COM A MAIORIA DOS MICRO E PEQUENOS EMPRESÁRIOS AINDA
PESSIMISTA
2016 foi um ano farto de acontecimentos. O país chegou ao ápice da crise política e viu
aprofundar a crise econômica. Todos esses fatos tiveram repercussão na confiança dos
empresários e consumidores. Em termos de confiança, até se pode dizer que houve
alguma melhora: na comparação entre dezembro de 2016 e o mesmo mês do ano
anterior, o Indicador de Confiança do Micro e Pequeno Empresário cresceu 8,9 pontos,
passando de 40,0 para 48,9. Isso, porém, ainda não é suficiente para prenunciar o fim
da crise. Vale lembrar que a melhora da confiança é condição necessária, mas não
suficiente, para a recuperação econômica. Isso porque, mesmo depois que
observarmos os consumidores e empresários mais otimistas,, será necessário que ela se
traduza em investimento e aumento das contratações para que só então seja percebido
um aumento do consumo das famílias. Sendo assim, mesmo que se tenha visto a
confiança crescer na comparação com 2015, a expectativa ainda é de um cenário morno
no início de 2017, com a recuperação da economia se iniciando apenas no segundo
semestre do ano que vem.
Ao longo do ano, em dois momentos o Indicador superou, ligeiramente, a marca dos 50
pontos, indicando haver um otimismo moderado diante do quadro econômico, mas no
último mês voltou a recuar para abaixo dos 50 pontos. A queda observada na
comparação mensal, isto é, entre novembro e dezembro, pode ser explicada, entre
outros fatores, pelo aumento do risco de novas instabilidades políticas e pela percepção,
cada vez mais assentada, de que a recuperação pode demorar, prolongando a queda
das vendas no varejo e serviços e da produção industrial. Em dezembro, a exemplo de
outros meses, a avaliação da economia foi o pior de todos os componentes que integram
o Indicador. No último mês, 66,2% dos empresários sondados diziam que as condições
econômicas haviam piorado nos últimos seis meses. Apenas 11,0% consideravam ter
havido melhora. O componente que recebeu a melhor avaliação dos entrevistados foi o
das expectativas com relação aos negócios, com 63,9% dizendo-se otimistas.
Desde o início da série, observa-se o padrão: quando instados a falar sobre o próprio
negócio, a avaliação ou projeção dos empresários tendem a ser mais positivas. Com
relação à economia, dá-se o inverso. Da mesma forma, as projeções para o futuro, tanto
da economia, como dos negócios, tendem a ser melhores que a avaliação dos últimos
meses. É fato, porém, que na maior parte dos casos, o otimismo com o futuro não se
sustenta em base sólida, com muitos entrevistados não sabendo justifica-lo.
Seguindo movimento observado em outras sondagens de confiança, a queda mensal
observada em dezembro não surpreende. Os dados do PIB do terceiro trimestre e, mais
recentemente, os dados prévios das vendas de final de ano parecem respaldar a
percepção de que a piora da economia ainda não foi estancada.
INDICADOR DE CONFIANÇA
Este relatório apresenta os resultados dos três indicadores apurados pelo SPC Brasil com
a finalidade de medir a confiança de micro e pequenos empresários do Varejo e de
Serviços, a saber:
1. Indicador de Confiança;
1.1. Indicador de Condições Gerais;
1.1.1 Indicador de Condições Gerais da Economia;
1.1.2 Indicador de Condições Gerais dos Negócios do MPE;
2.2. Indicador de Expectativas;
2.1.1 Indicador de Expectativas para a Economia;
2.1.2 Indicador de Expectativas para os Negócios do MPE;
dez/15
nov/16
dez/16
INDICADOR DE CONFIANÇA
40,0
50,2
48,9
Indicador de Condições Gerais
26,34
30,8
32,8
Condições Gerais da Economia
21,11
28,3
29,7
Condições Gerais dos Negócios
31,56
33,3
36,0
Indicador de Expectativas
50,3
64,8
60,9
Expectativas para a Economia
45,61
62,5
56,5
Expectativas para os Negócios
54,97
67,0
65,3
O Indicador de Confiança é composto por duas medidas: o Indicador de Condições
Gerais e o Indicador de Expectativas. Através da avaliação das condições gerais, buscase medir a percepção dos micro e pequenos varejistas e empresários de serviços sobre
os últimos seis meses. Já através das expectativas, busca-se medir o que se espera para
os próximos seis meses. Quando abaixo dos 50 pontos, esses indicadores apontam
momentos de dificuldades econômicas: no caso das condições gerais, mostra que os
empresários avaliam como ruim o semestre passado; no caso das expectativas, mostra
que os empresários estão pessimistas para os próximos seis meses.
Em dezembro de 2016, o Indicador de Confiança marcou 48,9 pontos. Na comparação
anual, com o mesmo mês do ano anterior, houve um salto de quase 8,9 pontos. Ao longo
do ano, a confiança de fato cresceu, mesmo não atingindo nível satisfatório. Na
comparação mensal, porém, houve queda de 2,6%. Depois de dois meses acima do nível
neutro, com 50,6 e 50,2 pontos, respectivamente, em outubro e novembro, o indicador
recuou para abaixo daquele nível, refletindo a persistente queda da atividade
econômica e o risco de novas instabilidade políticas.
Como em meses anteriores, a avaliação dos últimos seis meses revelou ampla maioria
de empresários pessimistas, ao passo que projeção dos próximos seis meses revelou
haver mais empresários otimistas. Em consequência, o Indicador de Condições Atuais,
que mede o primeiro componente do Indicador, registrou 32,8 pontos e o Indicador de
Expectativas, que mede o segundo componente, registrou 60,9 pontos. A conclusão a
que se chega é que, mesmo diante de um retrospecto ruim, muitos empresários nutrem
esperanças para o futuro da economia e, em particular, dos negócios.
1. Indicador de Condições Gerais
O país caminha para o segundo ano consecutivo de recessão. Diante desse cenário, é
larga a maioria de empresários que avaliam como ruim o estado da economia. O
Indicador de Condições Gerais, que mede a percepção dos empresários sobre os últimos
seis meses da economia, registrou 32,8 pontos, sendo que a avaliação dos últimos meses
da economia foi de 29,7 pontos e a dos negócios foi de 36,0 pontos.
Em termos percentuais, 66,2% viram a situação da economia piorar nos últimos meses
e 53,9% viram a situação de seu negócio piorar. Entre aqueles que observaram a piora
de seu negócio, a grande maioria (69,8%) alega que, com a crise, as vendas diminuíram
e 13,0% dizem que os preços de insumo, matérias primas e produtos aumentaram.
2. Indicador de Expectativas
Considerando o tamanho das dificuldades econômicas dos últimos anos, e os desafios
postos para os próximos, chega a surpreender o nível das expectativas dos empresários
sondados. Diferente do Indicador de Condições Gerais, o Indicador de Expectativas
superou a marca dos 50 pontos, alcançando, em dezembro de 2016, a marca de 60,9
pontos. Como nos meses anteriores, as expectativas para os negócios (65,3 pontos)
ficaram acima das expectativas para a economia (56,5 pontos). Na comparação com
dezembro de 2015, esse componente do indicador cresceu um pouco mais de 10
pontos; já na comparação com o mês anterior, houve um recuo de 3,9 pontos.
Em termos percentuais, 63,9% declaram-se confiantes no desempenho de seu negócio
nos próximos seis meses e 46,5% manifestam confiança no desempenho da economia.
Na outra ponta, 13,4% se dizem pessimistas com os negócios e 21,9% se dizem
pessimistas com a economia. O fato de o próprio negócio inspirar mais confiança do que
a economia é resultado de que os entrevistados têm controle de sua empresa, mas não
podem controlar a economia. Assim, diante da adversidade, podem promover ajustes
para atenuar o impacto da crise.
Economia
Negócios
Otimistas
46,5%
63,9%
Pessimistas
21,9%
13,4%
Apesar da quantidade expressiva de empresários que, mesmo diante da adversidade,
manifestam confiança na economia, a maior parte não sabe dizer a razão de seu
otimismo (38,4%). Há também os que mencionam os sinais de melhora dos indicadores
econômicos (25,8%) e o fato de o país contar com amplo mercado consumidor (14,8%),
além possibilidade de resolução da crise política (14,5%).
CONFIANÇA NA ECONOMIA BRASILEIRA
46,5%
Razões da confiança na economia
Não sei, mas estou otimista, sinto que boas coisas irão acontecer
38,4%
Porque alguns indicadores econômicos já dão sinais de melhora e o país
retomará o crescimento
25,8%
O país tem um amplo mercado consumidor
14,8%
A crise política será resolvida
14,5%
Outros
6,5%
Entre os que manifestam otimismo com o próprio negócio, novamente uma parcela
expressiva (28,7%) não sabe explicar a razão de seu otimismo, enquanto 22,5% atribuem
o otimismo ao trabalho de gestão que vem realizando. Um quinto (20,5%) vê a economia
dando sinais de melhora e 15,3% dizem estar investindo no negócio para enfrentar a
crise.
CONFIANÇA NOS NEGÓCIOS
63,9%
Razões da confiança nos negócios
Não sei por que, mas tenho o sentimento de que as coisas vão melhorar
28,8%
Tenho feito uma boa gestão do negócio
22,5%
Porque a economia está dando sinais de melhora
20,5%
Estou investindo no negócio para enfrentar a crise
15,3%
Meu negócio não está sendo afetado pela crise
8,22%
Outros
4,7%
Para os que manifestam pessimismo com a economia, o motivo mais citado é a presença
de incertezas políticas (30,3%). A percepção de que os problemas econômicos do país
são graves é citada por número parecido, de 29,7% desses entrevistados. Há ainda
17,1% que dizem que as vendas estão caindo e 11,4% que dizem que o país não passará
pelas reformas de que precisa.
PESSIMISMO COM A ECONOMIA
21,9%
Razões do pessimismo com a economia
Porque ainda há incertezas políticas
30,3%
Porque os problemas econômicos que o país atravessa são graves
29,7%
Porque a as vendas continuam caindo
17,1%
Porque acredito que o país não passará pelas reformas de que precisa
11,4%
A inflação não será controlada e o país não retomará o crescimento
9,14%
Outros
2,4%
O pessimismo com os negócios é motivado, principalmente, pela percepção de que a
crise econômica ainda irá continuar (62,6%). A reversão dessas expectativas só deverá
acontecer quando os resultados da economia se provarem contrários, com a
desaceleração dos preços e o retorno do crescimento, pois mesmo com a melhora da
confiança, os efeitos da recessão ainda se fazem sentir. 15,9% alegam o fato de suas
vendas terem sido muito impactadas e 8,4% dizem que a procura pelo seu produto ou
serviço não irá aumentar.
PESSIMISMO COM OS NEGÓCIOS
13,4%
Razões do pessimismo com os negócios
A crise econômica ainda pode continuar: inflação irá aumentar, diminuirão as
vagas de emprego e as vendas
62,6%
Minhas vendas foram afetadas demais, não tenho mais como recuperar
15,9%
A procura pelo meu serviço não irá aumentar
8,41%
Não tenho recursos para investir mais no meu negócio para que ele se
mantenha
6,5%
Outros
6,6%
A maioria relativa dos empresários sondados (43,6%) acredita que o seu faturamento
irá crescer nos próximos seis meses. Há, no entanto, 41,6% sem perspectivas de
crescimento pelos próximos seis meses. E 10,4% que acreditam que seu faturamento irá
cair. Mais uma vez, a maior parte dos otimistas (31,5%) com a evolução do seu
faturamento justificam-se dizendo acreditar que tudo vai dar certo. Há também 22,6%
que, com justificativa mais sólida, dizem estar buscando novas estratégias de vendas e
8,8% que dizem estar melhorando a gestão. Já entre aqueles que se mostram
pessimistas, 47,0% alegam que estão sendo afetados pela crise e 16,9% dizem que
demanda por seu produto está caindo, independentemente da crise.
Mesmo tendo se distanciado da mínima histórica, a confiança dos pequenos
empresários que atuam no Varejo e no setor de Serviços está longe de ser satisfatória e
ainda parece não encorajar o investimento, como apontam outros indicadores. Entre os
fatores de risco para o próximo ano, há a possibilidade de novas instabilidades políticas
e o receio de que a atividade econômica demore para reagir, haja vista os resultados do
PIB do terceiro trimestre e os resultados prévios das vendas de Natal.
De positivo, pode-se mencionar o início do processo de queda das taxas de juros, o recuo
da inflação e o avanço de medidas importantes no Congresso, como a PEC que limita o
crescimento do gasto público e o início das discussões sobre a reforma da previdência.
Se forem levados adiante, esses fatos poderão elevar a confiança dos empresários e
engajar o investimento, abrindo um novo ciclo de crescimento positivo da economia.
Vale, porém, ressalvar mais uma vez que em condições normais, com um ambiente
político estável, seria difícil esperar uma recuperação da atividade, com aumento do
consumo e redução do desemprego, já no primeiro semestre de 2017.
METODOLOGIA
A pesquisa abrange todo o território nacional e considera somente as empresas de micro
e pequeno porte que atuam no Varejo e no Setor de Serviços. Ao todo, são consultados
800 empresários, que avaliam a evolução da economia e dos negócios nos últimos seis
meses e revelam suas expectativas para os próximos seis. As sondagens são realizadas
nos 10 primeiros dias úteis de cada mês.
O Indicador de Confiança (IC) é uma média ponderada de dois outros indicadores: o
Indicador de Condições Gerais e o Indicador de Expectativas. Por meio do Indicador de
Condições Gerais, busca-se medir como os empresários avaliam a evolução da economia
e do seu negócio nos últimos seis meses. Por meio do Indicador de Expectativas, buscase medir o que os empresários esperam para a economia nos próximos seis meses.
Em ambos os casos, a escala dos indicadores varia de zero a 100, tendo como ponto
neutro o valor de 50. Assim, para valores abaixo de 50, o Indicador de Condições Gerais
da Economia mostra que, na percepção dos micro e pequenos empresários, as
Condições Gerais da economia pioraram nos seis meses; para valores abaixo de 50, o
Indicador de Expectativas para a Economia mostra que os empresários estão pessimistas
com os rumos do país; valores acima de 50 indicam que os empresários estão confiantes.
A mesma regra vale para os indicadores de negócios.
Como média ponderada dos demais indicadores, o IC (Indicador de Confiança) também
varia de zero a 100. O número irá refletir a avalição dos micro e pequenos empresários
sobre o presente e o futuro da economia e de seus negócios. Abaixo de 50, indicará falta
de confiança; acima de 50, indicará confiança.
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