COMUNICAÇÃO ORAL E LEITURA NA ALFABETIZAÇÃO E

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COMUNICAÇÃO ORAL E LEITURA NA ALFABETIZAÇÃO E
LETRAMENTO DAS CRIANÇAS
Cássio Moreira Rodrigues1
Divina Rejany G. BorilleGeneziNascimento Sousa Fernandes
LidianeDzadotz da Silva
ShayannePereira Santos
[email protected]
Orientadora: Dulcinéia de Oliveira Gomes
RESUMO
Em uma sociedade letrada as crianças se relacionam com a linguagem escrita,
percebendo sua utilização, características e modalidades, muito antes de seu ingresso na
escola. Aprender a ler significa aprender a ler o mundo, dar significado/significado a
ele. Lendo, o aluno consegue além de aprender no âmbito escolar, consegue também
distinguir brincadeiras educativas, socializar melhor com os colegas e, uma maior
facilidade quanto a uma segurança em si mesmo. Diante deste contexto, o trabalho
proposto, objetiva elencar as principais concepções que norteiam o processo de leitura e
escrita.Como marco teórico inspirou-se nos estudos de Vygotsky, Freire, Cagliari,
Ferreiro, Sole, Castro, Barbosa, entre outros. Quanto aos suportes metodológicos,
utilizou-se a pesquisa bibliográfica interpretando-a como a busca de significação do
conteúdo teórico exposto pelos pesquisadores da área e da descoberta dos contextos em
que estas se fizeram, bem como buscar compreendê-las relacionando-as às ações para
minimizar as dificuldades de uma criança de aprender a ler e escrever. Ao término deste
trabalho é possível afirmar que a leitura está estritamente relacionada à escrita, mas sua
aprendizagem está tradicionalmente ligada aos atributos linguísticos, culturais,
sociais.Apesar das transformações ocorridas ao longo dos séculos, poucas mudanças
ocorreram, pois muitos educadores ainda estão apegados a uma prática formalista e
mecânica onde aprender a ler/escrever acaba sendo para a maioria dos alunos a
decoreba de signos linguísticos, pois não há uma decodificação das palavras, lê-se
apenas por ler, sem saber o que está lendo e porque está lendo, não há um significado
para tal, o mesmo ocorre com a escrita. Ambos são necessários tanto a leitura quanto a
escrita para a formação do aluno. Assim enriquece-se sua alfabetização fazendo com
que ela seja de bom aproveito tanto ainda na infância, quanto no decorrer da vida desse
aluno.
Palavras-Chave: escola, leitura, educando, escrita.
APRESENTAÇÃO
1
Licenciando bolsistas do Pibid/Universidade de Rio Verde, subprojeto da Faculdade de Pedagogia.
2
A comunicação oral sempre exerceu grande influência na história da
humanidade, já que antes do surgimento da escrita, era através da fala e dos gestos que o
homem interagia com o mundo, consigo mesmo e com os outros homens. Alinguagem
oral sempre foi predominante na cultura ocidentale, todas as outras linguagens
contemporâneas surgiam como substitutos da fala que possuía um som unificador. Ela
penetrava profundamente na mente dos seus receptores, originando-se no interior do ser
humano e agrupando as pessoas de forma coesa, uma vez que ler e escrever eram
atividades solitárias.
Nas culturas orais primárias, ou seja, nas culturas onde a escrita ainda é
desconhecida, pensa-se a palavra falada de forma metonímica, nas suas formas sonora,
oral, gráfica e visual. Os povos agrários acreditam que a palavra falada tem um poder
muito grande já que, nestas culturas, o conhecimento adquirido deve ser constantemente
repetido para que não caia no esquecimento.
Com o surgimento da escrita, a linguagem oral ficou presa a um campo grafoverbal. Nas culturas predominantemente escritas é difícil desvincular a palavra da sua
estruturação gráfica.
Durante séculos, os estudos científicos ou acadêmicos rejeitaram a oralidade
como um conhecimento vulgar porque legitimado pelo hábito. A comunicação oral é
fundamental para o desenvolvimento e para o bom funcionamento de uma sociedade.
A comunicação é fundamental para os homens e é através dela que ocorre a
transmissão de uma mensagem, com a participação de alguns elementos como as
pessoas ou o grupo que emite a mensagem, um receptor (destinatário) correspondendo
ao indivíduo ou ao grupo que recebe a mensagem, e, ainda, como via de circulação de
mensagens temos o canal de comunicação que VANOYE (1987, p 16) define como os
meios técnicos que o destinador tem acesso a fim de assegurar o encaminhamento de
suas mensagens, como a voz e o ouvido.
Para que ocorra a comunicação entre os homens é necessário que a mensagem
seja decodificada pelo destinatário, tornando possível, desta forma, a compreensão do
código de linguagem e tomar esse comum aos participantes. Para que o processo de
comunicação se complete é necessário que ocorra a troca de mensagens e a
compreensão do conteúdo. VANOYE (1987, p. 197) considera a linguagem como o
modo privilegiado de comunicação da sociedade, sendo o fundamento das relações
sociais. A linguagem está na origem das sociedades e os indivíduos que fazem parte de
determinados grupos sociais farão uso dela. Como se pode verificar, a linguagem serve
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para a comunicação humana e através dela busca-se a transmissão de ideias e o
entendimento entre as pessoas.
Sabe-se que através da língua se expressa e comunica-se o pensamento humano,
ou seja, as pessoas fazem uso da língua para expressar o que sentem e o que pensam, e a
maneira mais expressiva e mais usual de fazê-lo é através da oralidade, exprimindo
assim suas intenções de comunicação e suas ideias acerca de determinado assunto.
Mesmo com o aparecimento da escrita, a fala ainda mantém seu prestígio como
forma dominante de comunicação e expressão e sabe-se que através dela alcançam-se as
formas de organização social, sendo também o vínculo de compreensão entre os seres
humanos.
Na linguagem oral é possível facilitar a comunicação, pois ocorre o contato
direto entre o emissor e o receptor e a mensagem a ser transmitida recebe influência do
ambiente. Além da palavra, para comunicar-se bem é preciso formar uma estrutura que
dê mais poder à comunicação, o tom de voz e a fisionomia, bem como, a postura
corporal dos interlocutores, o uso dos gestos e a expressão facial colaboram muito para
umaboa comunicação oral, e eles fazem parte da inteligência interpessoal dos
indivíduos, basta utilizá-los de forma coerente.
No meio social em que se vive, a cultura e o ambiente influenciam na linguagem
das pessoas. VANOYE (1987, p. 31) afirma que no interior da língua falada existe uma
língua comum, com expressões e construções mais usuais.
LEITURA: CONCEITOS HISTÓRICOS
A leitura esta estritamente relacionada à escrita, mas sua aprendizagem esta
tradicionalmente ligada aos atributos linguísticos, culturais, sociais e a formação do
sujeito, sejam como meio de permitir ao individuo a aquisição do conhecimento, seja
como meio de viabilizar sua atuação social.
Em face disso surge a necessidade de se discutir sobre o processo de leitura e
escrita nas séries iniciais do Ensino Fundamental dada a sua relevância para o processo
ensino-aprendizagem. Neste estudo iremos tratar dos conceitos de leitura e escrita
permeados ao longo da história da educação.
CONCEPÇÕES SOBRE O PROCESSO DE APRENDIZAGEM DA LEITURA
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A leitura é uma fonte de conhecimentos que servem de grande estímulo e
motivação para que a criança goste da escola e de estudar. Além da satisfação pessoal
ela, contribui para a construção de modelos relacionados às formas de escrita, e tem
como finalidade a formação de leitores competentes, com função de escritores. O
espaço de construção da leitura é um processo no qual o leitor realiza um trabalho ativo,
a partir dos seus conhecimentos.
De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais (1997, p. 53) leitura é:
[...] É um processo no qual o leitor realiza um trabalho ativo de construção do
significado do texto, a partir dos seus objetivos, do seu conhecimento sobre o assunto,
sobre o autor e de tudo o que sabe sobre a língua. Não se trata apenas de extrair
informações da escrita, decodificando-a, letra por letra, palavra por palavra. Trata-se de
uma atividade que implica, necessariamente, compreensão na qual os sentidos começam
a ser constituído antes da leitura propriamente dita. Qualquer leitor que conseguir
analisar sua própria leitura constatará que a decodificação é apenas um dos
procedimentos que utiliza quando lê.
A língua é um sistema de signos histórico e social que possibilita ao homem dar
significados ao mundo e à realidade. Não é aprender apenas as palavras, mas também os
seus significados culturais para que, com eles, as pessoas do meio social entendam e
interpretem a realidade. A leitura fluente envolve uma série de estratégias como seleção,
inferência e verificação, sem as quais não é possível rapidez e competência.
O leitor só se forma através de uma prática constante de leitura organizada em
torno da diversidade de gêneros textuais que circulam socialmente. A partir da ideia de
que a leitura é uma prática social, concebe-se o leitor não como um mero decodificador,
mas como alguém que assume um papel atuante na busca de significações.
As crianças já têm conhecimento dos fatos, o ensino vai norteá-los levando-as a
desenvolver as capacidades a partir do momento que se inicia a vida escolar. O processo
de construção da escrita exige que a criança possua um espaço que favoreça um
ambiente alfabetizador, onde ela possa manipular verificar e construir a sua escrita.
Para Freire: “A leitura de mundo precede a leitura da palavra”. (1982, p. 11).
Isso significa dizer que a leitura de um texto começa antes do seu contato que possa ler
também o que não está escrito identificando os elementos implícitos, estabelecendo
relação entre o texto que está lendo e outros textos já lidos. O leitor deverá ser capaz de
selecionar estratégias de leitura para construir significados enquanto lê.
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Compreende-se assim, que a capacidade do leitor não está vinculada apenas à
decifração de sinais, mas, sobretudo à capacidade de dar sentido a esses sinais e
compreendê-los. Esse diálogo com o leitor e o objeto lido é determinado por situações
concretas e desenvolvido de acordo com os desafios e as respostas que o objeto lido
apresenta.
Nos ciclos iniciais, as leituras deverão ser extraídas a partir da superfície do
texto. Apesar de sua relevância para a formação integral constata que existe uma crise
de leitura. Tal crise resulta na ausência de leitura na escola, principalmente de livros já
que poucos têm acesso leitura mais abrangente.
A leitura deve acontecer continuamente com as diferentes formas e objetivos no
contexto do cotidiano, e para que tenha sentido para o educando, tenta-se descrevê-la de
forma sucinta. Para aprender a ler, é preciso interagir com uma variedade de textos
escritos e participar de fato dos atos da leitura. É importante que a criança receba
incentivo e ajuda de leitores experientes para ampliar os seus objetivos e interesses.
Ler é decifrar e buscar informações. Já se sabe que o segredo da alfabetização
é a leitura. Alfabetizar é, na sua essência, ensinar alguém a ler, ou seja, a
decifrar a escrita. Escrever é em decorrência desse conhecimento e não o
inverso. Na prática escolar, parte-se sempre do pressuposto de que o aluno já
sabe decifrar a escrita, por isso o termo “leitura” adquire outro sentido. Tratase, então, da leitura para conhecer um texto escrito. Na alfabetização, a
leitura como decifração é o objeto maior a ser atingido. (CAGLIARI 2003, p.
312).
Para os alunos obterem uma boa leitura, é necessário que eles desenvolvam a
vontade e o desejo de estudar buscando aperfeiçoar a leitura, já que esta contribui para o
desenvolvimento do processo ensino e aprendizagem dos educandos. Contudo, o
progresso na aprendizagem da leitura deverá ocorrer com a mediação do professor.
Ainda, segundo o mesmo autor:
Quando lê, uma pessoa precisa, em primeiro lugar, arranjar as ideias na
mente para montar a estrutura linguística do que vai dizer em voz alta ou
simplesmente passar para sua reflexão pessoal ou pensamento. Em ambos os
casos, a passagem pela estrutura linguística é essencial. Sem isso, não existe
linguagem e, portanto, não pode existir fala nem leitura de nenhum tipo.
(CAGLIARI 2003, p. 312).
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Em sala de aula alguns alunos têm dificuldades na leitura porque eles não
conseguiram decifrar as letras, não organizam as ideias para pronunciar as palavras, pois
não basta a simples articulação de sons da fala para que uma pessoa entenda o que está
sendo dito. A interação não é suficiente para que a criança compreenda o sistema da
língua escrita.
Para se obter o entendimento de uma boa leitura é necessário que cada pessoa
se coloque diante dos acontecimentos apresentados ao momento propício, pois toda
pessoa, além de falante, é também ouvinte – ouvinte não só das outras pessoas, mais
também de si próprio.
As crianças se relacionam com a linguagem escrita, percebendo sua utilização,
características e modalidades, muito antes de seu ingresso na escola. O próprio nome da
criança, que é o primeiro texto com real significado, o nome de seus familiares, livros
de histórias infantis que costuma ouvir em casa, enfim, existe um mundo de textos ao
redor da criança que permite que ela interaja com a escrita em diferentes contextos de
uso.
A escrita pode ser concebida de duas formas muito diferentes e conforme o
modo de considerá-la. As consequências pedagógicas mudam drasticamente e a escrita
pode ser considerada como uma representação da linguagem, ou como um código de
transcrição gráfica das unidades sonoras. (FERREIRO, 1995, p.10).
Entende-se que a escrita pode ser representada pela linguagem, como também
pelo código de transcrição gráfica das unidades sonoras, pois como bem enfatiza
Ferreiro (id): “A construção de qualquer sistema de representação envolve um processo
de diferenciação dos elementos e relações reconhecidas no objeto a ser apresentado e
uma seleção daqueles que serão retidos na representação”.
Muitos alunos talvez não tenham muitas oportunidades fora da escola, de
familiarizar-se com a leitura; talvez não vejam muitos adultos lendo; talvez
ninguém lhes leia livros com frequência. A escola não pode compensar as
injustiças e as desigualdades sociais que nos assolam, mas pode fazer muito
para evitar que sejam acirradas em seu interior. Ajudar os alunos a ler, a fazer
com que se interessem pela leitura, é dotá-los de um instrumento de
aculturação e de tomada de consciência cuja funcionalidade escapa dos
limites da instituição. (SOLÉ 1999, p. 51).
Quando as crianças não sabem ler, a sala de aula deve ser um espaço que ofereça
recursos de leitura, para que a criança tenha a oportunidade de ler sem que alguém fique
perguntando o que estão entendendo. É preciso compreender que o processo de leitura
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depende de várias condições: a habilidade e o estilo pessoal do leitor, o objetivo da
leitura e o nível de conhecimento prévio do assunto tratado e o nível de complexidade
oferecido pelo texto. É importante saber que quanto mais o professor entender o
processo de construção do conhecimento da leitura, mais eficiente será seu desempenho
e do aluno. Afinal, ensinar de fato é aprender.
Na realidade, as crianças que iniciam o processo de alfabetização devem ser
estimuladas para desenvolver uma boa comunicação, o que contribui para a
aprendizagem da leitura. É importante também que seja dado oportunidade para que o
vocabulário seja enriquecido. Acredita-se que crianças que não falam, ou que tenham a
comunicação muito prejudicada tenham mais dificuldades na aprendizagem e com o
processo de alfabetização. No entanto, não existe uma idade para o aprendizado da
leitura. Há crianças que aprendem a ler muito cedo, em geral porque a leitura passa a ter
tanta importância que não conseguem ficar sem ela.
OS PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS E SUA VISÃO SOBRE
LEITURA
A grande maioria dos problemas que os alunos enfrentam ao longo dos anos de
estudo, e que chegam até a pós-graduação, é decorrente de problemas de leitura. O
aluno, muitas vezes, não sabia matemática porque não conseguia compreender o que o
enunciado queria dizer.
Hoje, sabe-se que mais de 50% dos alunos do Ensino Fundamental no Brasil
apresentam baixo rendimento em Língua Portuguesa e Matemática, de acordo com
dados do Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica (SAEB).
Com relação à leitura, os Parâmetros Curriculares Nacionais descrevem que:
A leitura é um processo no qual o leitor realiza um trabalho ativo de
construção do significado do texto, a partir dos seus objetivos, do seu
conhecimento sobre o assunto, sobre o autor, de tudo o que sabe sobre a
língua: características do gênero, do portador, do sistema de escrita, etc.
(BRASIL 1997, p. 53).
Não se trata simplesmente de extrair informações da escrita, decodificando-a
letra por letra, palavra por palavra. Trata-se de uma atividade que implica,
necessariamente, compreensão na qual os sentimentos começam a ser constituída antes
da leitura propriamente dita.
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Entende-se que o leitor tem que realizar uma leitura ativa para que haja
compreensão. Portanto, decodificar é apenas um dos procedimentos que o leitor utiliza
e, sendo ele uma pessoa experiente, com certeza vai conseguir analisar sua própria
leitura, fazendo correlações entre os textos já lidos, numa análise pormenorizada dos
elementos que constituem o texto.
Em pesquisas recentes, constatou-se que a carência de leitura do povo brasileiro
se dá em função da grande defasagem na escola no que se refere à formação de leitor.
As pessoas não veem o hábito de ler com toda a sua complexidade. Isso porque o ler fo i
direcionado à concepção errônea que se busca tão somente a decodificação das palavras.
Como consequência, temos um número considerável de pessoas que não
conseguem ter um bom desempenho escolar, como ler um problema matemático, por
não compreender o que pretende o enunciado, ou não compreende determinados fatos
históricos por realizar uma “leitura decorada”, mas que tais nuances são lidas no dia-adia fora da escola, como a não compreensão de uma matéria jornalística, a não
compreensão de uma obra literária, entre outros momentos presentes no cotidiano.
De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais:
É preciso superar algumas concepções sobre a aprendizagem inicial da
leitura. A principal delas é a de que ler é simplesmente decodificar, converter
letras em sons, sendo a compreensão consequência natural dessa ação. Por
conta desta grande quantidade de “leitores” capazes de decodificar qualquer
leitura para compreender o que tentam ler. (BRASIL 1997, p. 55).
Nesse sentido, é possível formar leitores a partir do momento em que adquiram
o hábito de ler.
Uma ação de sucesso, mencionada no enfoque teórico, é a criação de bibliotecas
de classe, ainda inexistentes em grande parte das escolas. Pois se ela passa a fazer parte
da rotina e houver uma proximidade com o cotidiano na sala de aula e, se devidamente
explorada, poderá incentivar a procura de arquivos mais elaborados nas bibliotecassede.
Mas estabelecer em salas de aula o canto da leitura, biblioteca de classe ou
outros atrativos, não são suficientes para que se estabeleçam o verdadeiro e prazeroso
hábito da leitura. Ao refletir, o homem volta-se para si mesmo, fazendo um exame de
consciência sobre suas ações. A reflexão é fundamental na prática profissional para o
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desenvolvimento das competências que acontecem à medida que as ações e operações
são estabelecidas.
Competências são as modalidades estruturais da inteligência, ou melhor, ações e
operações que se utiliza para estabelecer relações com e entre objetos, situações,
fenômenos e pessoas que se deseja conhecer diante das ações que praticam. As
habilidades decorrem das competências adquiridas e referem-se ao plano imediato do
saber fazer, cuja compreensão é incorporada no processo de comunicação e
aprendizagem.
Os PCN’sconfirmam que:
O envolvimento do aluno no processo de aprendizagem deve propiciar ao
aluno encontrar sentido e funcionalidade naquilo que constitui o foco dos
estudos em cada situação de sala de aula. De igual maneira, propiciar a
observação e a interpretação dos aspectos da natureza, sociais e humanas,
instigando a curiosidade para compreender as relações entre os fatores que
podem intervir nos fenômenos e no desenvolvimento humano. (BRASIL,
1998, p. 149).
As formas de ensinar e aprender são contextualizados e dessa forma permite ao
aluno se relacionar com os aspectos presentes da vida pessoal, social e cultural,
mobilizando as competências cognitivas e emocionais já adquiridas para novas
possibilidades de reconstrução do conhecimento.
Isso evidencia a necessidade de trabalhar com o desenvolvimento de
competências e habilidades, às quais se desenvolvem por meio de ações e de vários
níveis de reflexão que congregam conceitos e estratégias, incluindo dinâmicas de
trabalho que privilegiam a resolução de problemas emergentes no contexto ou no
desenvolvimento de projetos.
Mas diante de todas as alternativas que se procuram para melhorar ainda mais a
questão da leitura, em alguns momentos se faz necessário o uso de meios que
oportunizem possíveis reflexões sobre o trabalho realizado na comunicação oral e
escrito das diversas áreas do conhecimento.
No âmbito desta abordagem, fica evidente que os recursos didáticos e
procedimentos devem viabilizar e enriquecer a forma como se procede a uma atividade,
seja ela individual ou coletiva, com intuito de facilitar à criança desenvolver seus
próprios esquemas mentais na organização do processo de aprendizagem.
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Atualmente, o professor necessita estar preparado para atuar na sala de aula,
buscar formação continuada, procurar novos conhecimentos, ser um eterno pesquisador
e adquirir suporte para facilitar o processo ensino aprendizagem. A prática pedagógica
deve sempre objetivar a formação integral do aluno, buscando proporcionar a
construção dos conceitos e situações para os casos apresentados por meio de pesquisas,
experimentações e discussões, contribuindo assim, para os desenvolvimentos cognitivo,
afetivo e social dos educandos.
De acordo com os PCN:
Para aprender a ler, portanto, é preciso interagir com a diversidade de textos,
testemunhar a utilização que os leitores fazem deles e participar de atos de
leitura de fato; é preciso negociar o conhecimento que já se tem e o que é
apresentado pelo texto, o que está atrás e diante dos olhos, recebendo
incentivo e ajuda de leitores experientes. (BRASIL, 1998, p. 56).
Diante disso, é necessário que o aluno tenha conhecimento da importância
daquilo que vai aprender, tornar-se consciente e motivado para a aprendizagem da
leitura, levando-a para uma prática inserida no seu cotidiano com diferentes
modalidades no ensino da leitura.
É fundamental entender que para formar leitores, se faz necessário à escola criar
ambiente estimulador, com condições favoráveis para que se desenvolva a prática da
leitura, onde o aluno se sensibilize pela necessidade de ler, criando um espaço agradável
no qual o leitor queira permanecer nele e poder desfrutar o que há de melhor, tornando
assim um veículo facilitador da aprendizagem no qual lhe dará autonomia diante do seu
conhecimento.
É preciso que a escola ofereça condições para que os alunos construam
aprendizagens na leitura, além de conquistar o educando de forma prazerosa, para que
ele desenvolva o hábito de ler utilizando seus recursos e baseando-se num planejamento
que atenda não só os alunos bem sucedidos, mas que dê maior ênfase aos que
apresentam dificuldades como leitores, possibilitando um despertar para que as
dificuldades transformem-se em facilidade, sensibilizando-os e assegurando-os na
apropriação de textos orais e escritos.
Nesse sentido, a leitura deve acontecer continuamente com as diferentes formas
e objetivos no contexto do cotidiano, e para que tenha sentido para o educando, tenta-se
descrevê-la de forma sucinta, através do presente instrumento. Para aprender a ler, é
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preciso interagir com uma variedade de textos escritos e participar de fato dos atos da
leitura. É importante que a criança receba incentivo e ajuda de leitores experientes para
ampliar os seus objetivos e interesses.
Segundo os PCN:
O papel do professor nesse processo é, portanto, crucial, pois a ele cabe
apresentar os conteúdos e atividades de aprendizagem de forma que os alunos
compreendam o porquê e o para que do que aprendem e, assim, desenvolvam
expectativas positivas em relação à aprendizagem e sintam-se motivados para
o trabalho escolar. (BRASIL, 1998, p. 69).
Assim, o grande questionamento que se coloca é como os professores deverão
atuar para que os alunos adquiram as habilidades necessárias a sua formação cultural,
tornando-se cidadãos e profissionais competentes e responsáveis, destacando-se em suas
funções, através de um conhecimento multidisciplinar. Cabe ao professor orientar os
alunos na convivência com fontes variadas de informações, processando-as, para
manter-se atualizado e integrá-las ao seu dia-a-dia.
Os educadores atuais devem procurar o autoconhecimento para uma evolução
pessoal e, também, a comunicação em todos os níveis sociais, para desenvolverem uma
visão abrangente da realidade. Assim estarão aptos a interagir em grupos, abertos às
novas e mais inusitadas soluções, flexíveis e criativos para atender às necessidades da
educação.
Portanto, o processo ensino aprendizagem só se modifica de fato quando se
compreende o conhecimento como um processo dinâmico, vivo, de interações entre o
sujeito que conhece e o objeto a ser conhecido. Ao proporcionar reais interações serão
planejadas, portanto em vasta articulação a metodologia, os métodos e recursos, a fim
de garantir os parâmetros educacionais nos aspectos conceituais, procedimentais e
atitudinais, atrelando a organização em que está inserido o grupo de alunos, em seu
contexto social e escolar.
A ESCOLA E A FORMAÇÃO DO ALUNO LEITOR: UM PROCESSO
CONTÍNUO
A aprendizagem é um processo contínuo construído na mente e nas ações do
indivíduo, através do qual ele adquire informações, desenvolve habilidades, atitudes e
valores, a partir de seu contato com a realidade e do convívio com outras pessoas. Trata-
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se de um processo que se inicia com o nascimento e perdura até a morte de cada
indivíduo.
Segundo Bock,
Aprendizagem é a modificação que ocorre na conduta mediante a experiência
ou a prática. É um processo dinâmico, vivo, global, contínuo e individual.
Exige como condição básica o amadurecimento do indivíduo para a referida
modificação (1999, p.124).
Portanto, a aprendizagem de uma criança inicia-se antes de sua entrada na
escola, pois desde o primeiro dia de existência ela já está exposta aos elementos da
cultura através da presença do outro, que se torna mediador entre ela e a cultura. Isto
significa dizer que não tem sustentação à tese que considera a criança que chega à
escola como uma tabula rasa, desprovida de conhecimento.
Na visão de Loureiro apud Funayama:
O aprender na escola, especialmente nas etapas iniciais de escolarização,
cumpre importante papel no processo de desenvolvimento da criança. Uma
diversidade de fatores individuais e ambientais interfere no processo de
aprender. Dentre os fatores internos, as variáveis afetivas são consideradas
como importantes na compreensão do envolvimento da criança com as
situações de aprendizagem, influenciando o desempenho escolar e o
desenvolvimento da personalidade. (1998, p. 61).
A escola, embora não seja o único, é, sem dúvida, o lugar privilegiado para o ser
humano se desenvolver e aprender, pois é o espaço em que o contato com a cultura é
realizado de forma sistemática, intencional e planejado. Portanto, cabe a ela ensinar,
garantir a aprendizagem, assegurando aos alunos o desenvolvendo de habilidades
necessárias ao desenvolvimento humano e à vida em sociedade.
A partir desse entendimento, podemos dizer que através das relações que se
desenvolvem entre as pessoas, é possível criar novos conhecimentos, novas relações, e a
partir daí, saberes que ajudam o ser humano a crescer e a querer comungá-los
coletivamente.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
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REFERÊNCIAS
BOCK, M. B. Psicologia: uma introdução ao estudo da psicologia. São Paulo:
Saraiva, 1999.
BRASIL. Ministério da Educação e Cultura. Secretaria de Educação Fundamental.
Parâmetros Curriculares Nacionais: Introdução. Brasília/ DF: MEC, SEF, 1997.
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Fundamental.
Parâmetros Curriculares Nacionais: Língua Portuguesa. Brasília/ DF: MEC, SEF, 1998.
CAGLIARI, Luiz.Carlos. Alfabetização e Lingüística. São Paulo: Scipione, 1993.
CAGLIARI, L.C.O. Ensino e aprendizagem: os métodos. IN: Alfabetizando se, o Bá
– Bé – Bi – Bó – Bú. São Paulo: Scipione, 1998.
FERREIRO, Emília. Reflexões sobre alfabetização. São Paulo: Cortez Editora, 1987.
FREIRE, Paulo. Educação: O sonho possível. Rio de Janeiro: Graal, 1982.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática educativa.
São Paulo: Paz e Terra, 1996 (Coleção Leitura).
FUNAYAMA, Carolina Araújo (org). Problemas de aprendizagem: enfoque
multidisciplinar. Ribeirão Preto: Legis Summa, 1998.
SOLÉ, Isabel. Estratégias de Leitura; trad. Cláudia Schilling. 6 ed. Porto Alegre:
ARTMED, 1998.
VANOYE, Francis. Usos da linguagem: problemas e técnicas na produção oral e
escrita. São Paulo, Martins Fontes Ltda, 1987.
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