práticas de leituras significativas nos anos iniciais do ensino

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PRÁTICAS DE LEITURAS SIGNIFICATIVAS NOS ANOS INICIAIS
DO ENSINO FUNDAMENTAL
MARTINS, Esilda Cruz – UEPG
[email protected]
Eixo Temático: Práticas e Estágios nas Licenciaturas.
Agência Financiadora: CAPES
Resumo
Esse estudo apresenta um relato sobre a experiência pedagógica desenvolvida no Programa
Institucional de Bolsas de Iniciação a Docência – PIBID, da área de licenciatura em
Pedagogia, da Universidade Estadual de Ponta Grossa. O projeto tem como ponto central a
alfabetização e o letramento nos anos iniciais, buscando articular a docência como uma
prática investigativa. Desta forma, este texto procura apresentar as práticas de leitura
desenvolvidas com os alunos dos anos iniciais do ensino fundamental e suas relações com a
aprendizagem. O ensino da leitura e da escrita não podem ser desvinculados do contexto
social e nem reduzidos a um aprendizado fragmentado em palavras e frases desconexas e sem
sentido para o aluno. Portanto, essa pesquisa busca investigar, a partir de observações e
intervenções, as possibilidades de leituras que sejam significativas na sala de aula, visando à
formação do aluno leitor, bem como desenvolver estratégias e práticas destinadas para a
leitura com função social. Em relação à metodologia optou-se pela pesquisa qualitativa, na
modalidade pesquisa-ação, sendo organizada nas seguintes fases: diagnóstico situacional,
observação com registros em diários, intervenções na sala de aula, tendo como eixo as
práticas de leitura, análise dos dados a partir do referencial teórico da área. O trabalho está
fundamentado nas concepções de Foucambert (2008), Soares (2004); Cagliari (2009); Martins
(2007) e nos Parâmetros Curriculares Nacionais para a Língua Portuguesa (1997). Estas
referências abordam o processo de alfabetização numa perspectiva de imersão das crianças
nas práticas sociais de leitura e escrita. Os estudos, discussões e intervenções permitem
apontar algumas considerações a respeito do processo de alfabetização e letramento dos
alunos, dentre eles que os professores devem priorizar práticas educativas consistentes que
desenvolvam a apropriação da escrita e o desenvolvimento da capacidade de leitura e de
produção de textos.
Palavras-chave: Práticas de leitura. Alfabetização. Letramento.
Introdução
Este texto tem por objetivo relatar as práticas de leitura desenvolvidas com os alunos
dos anos iniciais. Este relato de prática faz parte do Programa Institucional de Bolsas de
Iniciação a Docência – PIBID, da área de licenciatura em Pedagogia da Universidade
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Estadual de Ponta Grossa. O projeto da área da Pedagogia tem como ponto central a
alfabetização e o letramento nos anos iniciais, buscando articular a docência como uma
prática investigativa.
A proposta desta pesquisa busca investigar a partir de observações e intervenções
pedagógicas as práticas de leituras que sejam significativas na sala de aula, visando à
formação do aluno leitor, bem como desenvolver mecanismos, estratégias e práticas
destinadas para a leitura com função social encorajando o aluno a fazer tentativas, levantar
hipóteses a respeito do que lê.
O interesse pela temática surgiu a partir das vivências nas classes de alfabetização, e
nas observações onde se percebia um grande desinteresse dos alunos nas propostas de ensino
da escrita e da leitura.
A partir de estudos, reflexões teóricas e das práticas é que se compreende a
necessidades de desenvolver atividades que tenham significado para os alunos, ou seja, que
despertem interesse e estejam vinculados ao contexto social. Somente a partir dessas
premissas é que se tornará possível formar bons alunos leitores.
Para o desenvolvimento da pesquisa, optou-se por um referencial teórico que
contemplasse as práticas de leitura no processo de alfabetização, tomando como base os
seguintes autores: Soares (2003), Cagliari (2009), Barbosa (1994), Foucambert (2008), Soares
(2003); Martins (2007) e nos Parâmetros Curriculares Nacionais para a Língua Portuguesa
(1997).
Desenvolvimento
Parte-se do pressuposto de que a leitura é uma atividade que, além, de ser um ato
lingüístico como se refere Cagliari (2009); também faz parte relativamente da nossa
subjetividade, ou seja, só podemos nos aperfeiçoar em algo que está presente em nossas vidas,
ou ainda, como nos Diz Foucambert: “[...] trata-se sempre de uma atividade que encontra sua
significação porque está inscrita no interior de um projeto”. (2008, p. 63)
Nesse sentido, parte-se de uma concepção de leitura bem abrangente como argumenta
também Martins ao dizer: “Existe algo sempre influente no ato de ler: a interação das
condições internas e subjetivas e das externas e objetivas. Elas são fundamentais para
desencadear e desenvolver a leitura”. (2007, p.21)
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Saber que existe algo influente na leitura é muito importante para os professores, e,
principalmente para aquele que atua nas séries Iniciais, pois é a partir deste conhecimento que
ele poderá orientar os trabalhos desenvolvidos com leitura. E não obviamente qualquer
trabalho, mas um trabalho com significado levando em consideração os diversos interesses
dos estudantes.
Para essa autora, a leitura é mais que uma habilidade linguistica, porque está
envolvendo também os sentimentos, ou seja, as emoções do sujeito que lê (MARTINS, 2009).
Entende-se que, embora, seja relevante pensar a leitura num sentido bastante amplo,
como nos sugere Martins, ainda assim se faz necessário discutir outros elementos que são
considerados indispensáveis para um bom desenvolvimento da leitura e da escrita.
Neste sentido, Cagliari (2009) refere-se à leitura como um ato lingüístico e argumenta
sobre a importância do conhecimento do professor alfabetizador, sobre a natureza da escrita, e
da fala.
É evidente que quando se pensa na formação do aluno leitor do ensino fundamental é
imprescindível o conhecimento de aspectos relacionados com estes processos “fala, escrita e
leitura” porque embora estejam relacionados ente si, são processos que acontecem
diferentemente. (CAGLIARI, 2009).
Segundo ele, “[...] sem o devido conhecimento da fala e da escrita, a escola encontrará
dificuldades em lidar com a leitura”. (CAGLIARI, 2009, p.6). Sendo assim, considera-se que
para trabalhar com a atividade de leitura necessita-se de estudos e reflexões das diversas áreas
do conhecimento, entre estas, da linguistica.
Para Cagliari a leitura “[...] é uma atividade bastante complexa e envolve problemas
não só semânticos, culturais, ideológicos, filosóficos, mas até fonéticos”. (2009, p.131)
Neste sentido, compreende-se que para formar o aluno leitor precisa além de partir do
seu contexto, da sua realidade cultural, social e histórica, levar em consideração aspectos
lingüísticos que são de fundamental relevância para a formação do aluno leitor.
Sendo assim, entendemos que para o desenvolvimento do aluno bom leitor é
necessário os conhecimentos técnicos dos usos e funções da língua. No entanto, sem deixar de
lado aspectos relacionados com as necessidades dos alunos.
Muitas vezes as atividades escolares de escrita, como o da leitura (que é o foco deste
trabalho) são impostas como se os alunos não tivessem interesses, ou ainda exercícios de
leitura somente para testar, para verificar como o aluno está se saindo com o ato de
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decifração. Ou ainda, no caso da escrita escrever por escrever. É mesmo, como argumenta
Foucambert ao referir-se no o que é leitura, ele diz:
[...] ler é, antes, mesmo de procurar informação, ter escolhido a informação que se
procura. Ler quer se trate de um jornal, de um romance, de uma bula, de um poema,
de um relato de experiência, da legenda de um filme, de um mapa, ou de uma peça
de teatro, trata-se sempre de uma atividade que encontra sua significação porque
está inscrita no interior de um projeto. Pode-se discutir o valor do projeto, mas isto,
posto, a leitura é uma: trata-se sempre de tomar as informações que escolhemos
tomar. (2008, p.63)
Uma leitura onde não desperta o interesse do aluno, certamente não contribuirá na
formação do aluno leitor. E nesse sentido, Rubens Alves tem toda a razão ao afirmar que “[...]
são raríssimos os casos de amor a leitura desenvolvida nas aulas de estudo formal da língua”.
(ALVES, apud, ANTUNES, 2003, p. 72). O que se propõe é uma leitura que faça parte do
interesses dos alunos, ou seja, uma leitura a partir de suas necessidades para que ganhe
significado na aprendizagem da criança.
Neste sentido, compreende-se que contribuir para a formação do aluno leitor é
necessário conhecimento da área linguistica, ou seja, conhecer as funções da lingua na
sociedade, da cultura da comunidade escolar, espaço relevante para a seleção dos materiais
para as atividades do leitura.
Metodologia
Esta pesquisa configura-se em uma pesquisa-ação de base qualitativa. A pesquisa é de
cunho qualitativo por buscar dados descritivos e interpretativos em um contato direto do
pesquisador com a situação do objeto estudado, realizada em uma perspectiva da investigação
da prática.
O desenvolvimento da pesquisa-ação é considerado por muitos pesquisadores de
extrema relevância na área da educação, pois a mesma colabora com os objetivos das
licenciaturas em formar o professor investigador de sua própria prática.
Quanto à importância deste tipo de pesquisa na formação de professores,
[...] ela constitui em uma estratégia pedagógica de conscientização, analise e critica
e propõe, a partir da reflexão propiciada na interlocução com os pesquisadores
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observadores e na participação nas discussões com o grupo de pesquisa, alterações
de suas práticas, sendo delas autores.” (PIMENTA, 2005, p. 527)
Neste sentido, entende-se que a pesquisa-ação contribui na superação da dicotomia
existente entre teoria e prática, e também levam em consideração os saberes construídos a
partir da prática dos professores.
A partir de um conjunto de atividades e de vivencias ocorridas no cotidiano da sala de
aula, coletamos dados com base em narrativas, nas observações e registrando-os em diários.
As narrativas se fazem importantes por dar voz aos professores. Como nos afirma Zabalza
(2004, p.16) ao dizer que: “[...] o bom de um diário se torna importante documento para o
desenvolvimento pessoal, é que nele se possa contrastar tanto o objetivo-descritivo como o
reflexivo-pessoal”.
Resultados finais
Após vários estudos, observações, levantamentos de dados e a efetivação do
diagnóstico das turmas por meio das tabelas e gráficos de aprendizagem que foi apresentado à
coordenação pedagógica, e as discussões que daí surgiram, chegou-se as seguintes
conclusões: de que as crianças necessitavam de ações que fossem mais significativas nas
atividades de leituras e da escrita. Bem como uma proposta de leitura e escrita a partir de
texto com funções sociais.
Alguns resultados obtidos foram nas intervenções realizadas até agora, nota-se a
participação efetiva dos alunos nas atividades de leitura e de escrita desenvolvidas em sala de
aula, demonstrando interesse em realizá-las. Foram desenvolvidas diferentes atividades de
leitura com diferentes gêneros textuais, entre estes: poemas, músicas, parlendas, receitas,
trava línguas, e outros. Neste sentido, Martins, declara:
Assim criar condições de leitura não implica apenas alfabetizar ou propiciar acesso
aos livros. Trata-se, antes, de dialogar com o seu leitor sobre sua leitura, isto é, sobre
o sentido que ele dá, repito a algo escrito, um quadro, uma paisagem, a sons,
imagens, coisas, ideias, situações reais ou imaginarias.
34)
(MARTINS, 2007, p.
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Verificou-se, assim, um grande interesse em realizar as leituras de parlendas e musicas
principalmente por aquelas crianças que ainda não leem. Talvez isto aconteça pelo fato de
serem textos lúdicos e são lidos com ritmos animados.
Muitas vezes deparou-se com os alunos dizendo a parlenda que conseguiram decorar e
ler na sala para os seus colegas, ou então pedem: “pro. vamos cantar uma música”. Um dos
alunos quando solicitado a ler dizia sempre: “eu sou burro não sei ler” quando, porém decorou
a parlenda saiu pulando e dizia “eu sei ler, eu sei ler!”.
Nesse sentido, entende-se que esta fase inicial das crianças que estão em processo de
alfabetização e letramento se faz necessário a participação constante e efetiva de atividades
variadas de leituras como nos sugere (SOARES, 2003) “O trabalho da alfabetização numa
perspectiva de letramento deve desenvolver as habilidades textuais de leitura e escrita, a partir
da interação com diferentes gêneros e compreensão das funções da escrita”.
Neste sentido, entende-se que o trabalho com diferentes gêneros tornam a atividade de
leitura e também da escrita mais significativa para o aluno, já que os textos propostos são de
usos reais dos mesmos (fazem partes dos espaços discursivos).
Os desafios encontrados são as continuidades do próprio trabalho já iniciado, mesmo
porque na maioria das vezes o grande enfoque da escola é a escrita deixando de lado a
atividade da leitura que é de fundamental importância para o desenvolvimento dos alunos
como bons leitores e, em conseqüência disso escritores.
Outro desafio que acredito que também é relevante para ser avaliado e discutido é o
envolvimento dos pais nas atividades propostas. Bem como o conhecimento do objetivo do
projeto e o desenvolvimento do mesmo. Pois, o envolvimento deles é de fundamental
importância.
Considerações finais
O compromisso de ensinar a ler e oportunizar práticas para que o aluno se torne capaz
dessa apropriação é dever de toda escola. Incentivar a leitura é dar condições ao aluno para
que ele se aproprie do conhecimento e se desenvolva como bom leitor.
Deste modo considera-se que é de extrema importância que o professores saibam
oportunizar aos seus alunos diversas atividades que contemplem a leitura.
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[...] a atividade fundamental desenvolvida pela escola para a formação dos alunos é
a leitura. É muito mais importante saber ler do que escrever. O melhor que a escola
pode oferecer aos alunos deve estar voltado para a leitura. Se um aluno não se sair
muito bem nas outras atividades, mas for um bom leitor, penso que a escola cumpriu
em grande parte sua tarefa. (CAGLIARI, 2009, p. 130)
Compreende-se que muitas vezes o desinteresse dos alunos em relação às atividades
da leitura e escrita, principalmente, Nos anos Iniciais está relacionado com o fato de se dar
pouca ênfase nas atividades de leitura de textos significativos para os alunos e que levam em
consideração a realidade na qual eles estão inseridos.
Portanto, ensinar a ler e a escrever não é suficiente. É necessário formar bons leitores
que dialoguem com o texto, saibam selecionar seu material de leitura, analisando-o de forma
critica e que as utilizem como forma de entretenimento e de construção de conhecimento.
REFERÊNCIAS
ANTUNES, I. Aula de Português: encontro e interação. São Paulo, Parábola, 2003.
BARBOSA, J.V. Alfabetização e leitura. São Paulo Cortez, 1990.
CAGLIARI, L.C. Alfabetização e linguistica. São Paulo, Scipione, 2009.
FOUCAMBERT, JEAN. Modos de ser leitor: Aprendizagem e ensino da leitura no ensino
fundamental. Tradução de Lucia P. Cherem e Suzete P.Bornatto. Curitiba UFPR, 2008.
MARTINS, M.H. O que é leitura. São Paulo: Brasiliense, 2007.
Ministério da Educação e do Desporto. Parâmetros Curriculares Nacional: Língua Portuguesa,
Brasília, Secretaria de Educação Fundamental, 1997.
PIMENTA, G. A. Pesquisa-ação critico-colaborativa: construindo seu significado a partir das
experiências com a formação docente. Educação e Pesquisa, São Paulo, v. 31, n. 3, p.521539, set/dez. 2005.
SOARES, M. B. Letramento e alfabetização: as muitas facetas. Revista Brasileira de
Educação, Rio de Janeiro, n-25, p. 5 – 17 jan/abr. 2004. Disponível em: http: www. scielo.
br/ pdf/rbdu/n25/n25a01.pdf.
ZABALZA, M. A. Diários da aula: um instrumento de pesquisa e de desenvolvimento
profissional. Porto Alegre: Artemed, 2004.
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