o educador como mediador no processo de leitura

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O EDUCADOR COMO MEDIADOR NO PROCESSO DE LEITURA
Sumaia Ganej Domingues - FAER – Faculdade Ernesto Riscali – Olímpia/SP
Introdução
Estudos revelam que a cobrança na formação do hábito de leitura por parte
da
comunidade escolar, principalmente no Brasil, onde os dados alarmantes em relação à educação
dão conta de que a crise de leitura desencadeia , entre outras questões sociais, o crescimento do
número de analfabetos e iletrados.
Justificativa
A necessidade de oferecer instrumentos para a reflexão sobre a leitura professor em
formação inicial é uma constante e, para isso é preciso conhecer alguns referenciais teóricos que
permeiam os estudos sobre leitura no Brasil (gosto, hábito, estratégias) e abordá-los de maneira para que
passam contribuir na formação desse profissional que pode e deve incrementar sua prática por meio das
reflexões que surgem ao longo da pesquisa.
Metodologia
O estudo dos referenciais teóricos, selecionados em cada etapa do projeto, será feito através
de documentação bibliográfica, seminários de discussão teórica, elaboração de projetos de leitura
elaborados a partir de dados qualitativos sobre a questão abordada.
Alguns resultados da pesquisa
1-
Conquistar condições para a leitura
a) A pesquisa e o estudo são condições primordiais para que o hábito de leitura possa ser
dimensionado e, a prática dessa se torne uma habilidade capaz de formar um profissional apto a valorizar
a leitura como ponte de todo o conhecimento humano.
b) Quando o leitor sai de si e parte para o diálogo, ele estabelece o princípio de que todo texto é
uma janela aberta para uma multiplicidade de propósitos e aspectos da realidade.
c) Quando o professor assume a responsabilidade de formar leitores, mesmo se deparando
com todos os contrastes presentes na realidade brasileira, ele recupera a concepção de que ler é um
direito de todos e, assim, a leitura é condição mínima para o cidadão participar da sociedade (Silva –
1993)
2-
Breve histórico da presença da leitura em nossa sociedade
Considerada como privilégio de classe; o senso comum denomina de crise da leitura o desgosto
pelos livros, falta de capacidade do povo para ler. No entanto, a crise de leitura se inicia no período
colonial, com a reprodução do analfabetismo, falta de bibliotecas, falta de uma política de popularização
do livro, essa ideologia sempre foi disseminada no seio da sociedade e reproduzida em toda a história
brasileira.
A escrita, de certa forma, tem sido utilizada como instrumento de domínio de uma classe social
sobre outras; há uma constante em nossa sociedade que prega a um discurso apologético sobre a
importância da leitura e as condições concretas de sua produção. Por outro lado, a existência de livros
disponíveis e de fácil acesso não garante, por si só e necessariamente o surgimento da leitura enquanto
experiência de prazer e de conhecimento objetivo da realidade.
3-
Professor mediador do processo de leitura
Como o professor pode intermediar o processo de leitura:
- conhecer a dinâmica imposta ao processo de interpretação do texto durante a trajetória
escolar do aluno.
- conhecer as experiências do leitor, pois é sabido que o significado atribuído a um texto
depende da história e, portanto, das experiências do leitor.
- saber que, na escola, os significados são pré-estabelecidos ou pré-instituídos e, na verdade,
deveriam ser capazes de gerar o máximo de conflito entre as interpretações, porque quando se permite a
liberdade de interpretação e expressão, os leitores se enriquecem mutuamente através da discussão e
do debate.
- oferecer materiais selecionados para a leitura, procedimentos adotados para a orientação da
leitura; estabelecer o tipo de avaliação a ser feita, embora esta surgirá de acordo com a modificação da
consciência que tem o professor no que diz respeito à formação de leitores.
- preparar a estrutura cognitiva dos alunos leitores com conhecimentos prévios e necessários à
intelecção do texto para que este se torne um meio de transmitir cultura e não um fim em si mesmo.
- o professor deve atuar como testemunha ativa, como motivador do processo de formação do
hábito de leitura.
- o professor deve incrementar seu trabalho pedagógico conquistando o ato de ler para si
mesmo, aumentando seu conhecimento.
4Concepções de leitura:
aO texto:
É um conjunto de signos impressos que deve ser decodificado ; o leitor sempre deve ser
submetido à autoridade textual e, se, possível deve criar um texto dentro de outro, para que o
verdadeiro sentido ,obtido através da leitura ,possa ser efetivado.
bA leitura é uma conquista social:
O número de textos que se lê a cada dia mostra que a leitura é uma das práticas mais comuns
nas sociedades modernas e letradas. No entanto, desenvolver a capacidade leitora nos alunos ainda é
um desafio para os professores das séries iniciais.
Os diversos sentidos que a leitura tem, também são fatores inerentes aos desafios que ela
impõe: leitura para informação, leitura para instrução, leitura para deleite ou prazer.
cA leitura como método de alfabetização:
Como o texto pode ser entendido como um conjunto de signos impressos, a alfabetização está
ligada a sua decodificação, fluência e sonorização.
dAprender a aprender:
Um dos eixos norteadores da educação, segundo os PCNs é “aprender a aprender” que se faz
necessário para que todo professor possa refletir sobre sua concepção de leitura e tratar a respeito do
aprender por meio da leitura.
eProfessores de Português:
Aos professores de português compete o dever de desenvolver competências e habilidades de
leitura em seu aluno.
5Sentido da leitura
- prazer de ler , prazer de descobrir;
- relação que se estabelece entre o sujeito-leitor e o contexto da leitura, atribuindo significados
ao que se lê;
- sentido relevante quando se trata de texto literário;
- interação com textos e seus significados, mobilização de conhecimentos, levantamento de
hipóteses e antecipação do conteúdo ;
- ler por prazer, ler o que alguém citou para sentir o mesmo prazer
- ler para aprender, para descobrir novidades, para se informar, para despertar o gosto e
conseqüentemente selecionar e dirigir a leitura;
- o papel do professor é auxiliar o aluno a decifrar os indícios que permitem essa seleção.
6- Mudança no paradigma do ensino da leitura
O professor, no trabalho com a linguagem, deve mediar e organizar ações que possibilitem aos
alunos o contato crítico e reflexivo com o diferente e o desvelamento daquilo que é implícito.
Ao propor atividades de linguagem, o professor deve saber descrever a competência discursiva
de seus alunos, principalmente quanto à leitura, escrita e produção de textos, para que não planeje o
trabalho em função do aluno ideal, padronizado pelo livro didático, muito aquém de suas possibilidades
ou proporcionar situações que os alunos já vivenciaram; ou seja, o professor, ao sugerir novas situações
de aprendizagem, apresenta conteúdos novos e possibilita aprofundamento de outros.
6-
Nova postura dos alunos em relação à leitura:
- saber selecionar textos segundo seu interesse e necessidade;
- ler de maneira autônoma textos de gêneros diferentes e temas com os quais tem
familiaridade;
- selecionar procedimentos de leitura conforme o interesse pelo gênero;
- desenvolver a capacidade de construir expectativas apoiando-se em seus conhecimentos
prévios;
- confirmar antecipações e inferências realizadas antes e durante a leitura;
- extrair informações não explicitadas, apoiando-se em deduções;
- estabelecer a progressão temática;
- organizar e sintetizar informações expressando-as em linguagem própria;
- delimitar um problema levantado durante a leitura e localizar fontes de informação para
resolvê-lo;
- ser receptivo a textos que rompam com seu universo de expectativas por meio de leituras
desafiadoras propostas pelo próprio professor;
- compreender a leitura em suas diferentes dimensões: o dever de ler, a necessidade de ler e o
prazer de ler;
- refletir sobre as teorias que as ciências da linguagem abordam nas questões relativas à
compreensão do texto.
7A tarefa de formar leitores
O terceiro e quarto ciclos têm papel decisivo na formação de leitores – muito alunos desistem
de ler por não conseguirem responder às demandas de leitura colocadas pela escola ou assumem sua
postura de leitor utilizando os procedimentos construídos nos ciclos anteriores e assim, tornar-se
autônomo para lidar com textos mais complexos.
O professor, então, na tarefa de formar leitores, propõe à escola um projeto educativo
comprometido com a intermediação da leitura.
O aluno/leitor avançará em sua habilidade de leitura a partir do momento em que praticá-la; o
professor deverá colocar-se na situação de parceiro favorecendo a circulação de informações em torno
das atividades que envolvem esse processo.
Assim, o professor preocupado tanto com o despertar do gosto pela leitura ou com o
desenvolvimento desta habilidade pode trabalhar com a prática de recepção dos textos , pois não se
pode tratar de maneira uniforme todos os tipos de textos.
As atividades organizadas para a prática de leitura devem ser diferenciadas; partem do
pressuposto de que o modo de ler é também um modo de produzir sentidos.
A escola pode construir pontes entre textos de entretenimento e textos mais complexos,
estabelecendo as conexões necessárias para ascender outras formas culturais.
O crescimento intelectual do aluno se faz por imersão no universo da palavra escrita e pode ser
medido através de sua habilidade de verbalização dos conteúdos assimilados durante sua educação
formal.
A superioridade do texto sobre outros meios de comunicação acarreta uma hierarquia dos
objetos culturais, na qual o livro ocupa o primeiro lugar, dando ênfase no domínio da linguagem escrita
como objetivo, a habilidade de ler.
O culto do livro aparece como prestígio, pois a valorização da cultura como acúmulo de saber e
como questionamento da realidade faz aumentar bibliotecas e escolas.
“O Objeto literário é um estranho pião , que só existe em movimento. Para o fazer aparecer, é
preciso um ato concreto, que se chama leitura, e ele dura o tempo que esta leitura durar. Fora disso só
existem traços pretos sobre o papel” (Sarte)
Referências bibliográficas:
SILVA, Ezequiel Theodoro da, Leitura na escola e na biblioteca.Campinas, SP: Papirus, 1993.
SILVA, Ezequiel Theodoro da, Elementos de pedagogia da leitura. São Paulo: Martins Fontes, 1993.
ZILBERMAN, Regina (org). Leitura em crise na escola.As alternativas do professor.Porto Alegre:
Mercado Aberto, 1982.
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