23/11/2010 PRINCÍPIOS GERAIS DE CONTROLE O que é uma doença? Quais os fatores que influenciam na incidência da doença? Qual a importância do seu controle? Como deve ser abordado o controle de doença? Isoladamente ou integrado aos fatores? O que você entende por controle? CONCEITOS DE CONTROLE Whetzel et al. (1925): “prevenção dos prejuízos de uma doença” Quais são os principais prejuízos? Quantidade ou qualidade? Fawcetti e Lee (1926): “na prevenção e no tratamento de doenças deviam se sempre considerados a eficiência dos métodos e o custo dos tratamentos, sendo óbvio que os métodos empregados deveriam custar menos que os prejuízos ocasionados” Whetzel et al. (1929): “aceito como válido, para fins práticos, somente quando lucrativo” Avanço da fitopatologia (1968): “redução na incidência ou severidade da doença” O que é incidência??? O que é severidade??? Controle só será eficiente se conhecermos a etiologia da doença e a eficiência dos métodos de controle. O que é etiologia? 1 23/11/2010 PRINCÍPIOS DE WHETZEL Exclusão: “prevenir a entrada do patógeno em área ainda não infestada” Erradicação: “eliminar o patógeno impedindo o seu estabelecimento” Proteção: “impedir o contato direto da planta com o patógeno” Imunização: “ promover a resistência da planta” Terapia: “recuperar a planta doente” Controle Ciclo patógeno-hospedeiro Exclusão Disseminação Erradicação Sobrevivência Proteção Inóculo e penetração Imunização Infecção e colonização Terapia Após a infecção, colonização e Controle de doenças somente bióticas (patógeno e hospedeiro) reprodução Etiologia: triângulo patógeno-hospedeiro-ambiente Marchionatto (1949) Regulação: “alterar o ambiente visando desfavorecer a ocorrência da doença” - ação humana contra o patógeno Evasão: “envolve táticas de fuga à doença” de prevenção da doença; Fuga geográfica, época do ano, profundidade de plantio Ambiente Exclusão Erradicação Patógeno Evasão Regulação Hospedeiro Proteção Imunização Terapia Visão do controle mais abrangente: doenças bióticas e abióticas 2 23/11/2010 Berger (1977) – sugeriu três estratégias para minimizar os prejuízos de uma doença 1) Eliminar ou reduzir o inóculo inicial ou atrasar o seu aparecimento 2) Diminuir a taxa de desenvolvimento da doença 3) Encurtar o período de exposição da cultura do patógeno “O controle de doenças sob o ponto de vista epidemiológico está relacionado com a redução quantitativa do patógeno e da incidência/severidade da doença” Qual o melhor método de controle, nas situações abaixo: a) Baixa quantidade de inóculo? b) Elevada quantidade de inóculo? Método A: Método B: Proteção-defensivos, Exclusão, erradicação, evasão, Imunização-resistência horizontal Imunização-resistência vertical não há Resistência vertical: é caracterizada especificidade entre patógeno e pela interação patógeno-hospedeiro, hospedeiro - o hospedeiro é ou seja, o hospedeiro só é resistente resistente a todas as raças do a determinadas raças do patógeno. Resistência horizontal: patógeno 3 23/11/2010 EXCLUSÃO Visa impedir a entrada do patógeno em área ainda não infestada Medida de controle: quarentena -Proibição com base na legislação - Fiscalização alfandegária - Intercepção do material vegetal Dificuldades - Facilidade de meios de transportes - Aumento do intercâmbio internacional EXCLUSÃO Internacional • Plantas pertencentes à família Rubiaceas (Ferrugem do cafeeiro) = falhou • Plantas cítricas (Cancro cítrico) = falhou Hospedeiros podem ser altamente suscetíveis a estes patógenos exóticos Exemplos: Irlanda: requeima da batatinha França: míldio em videiras Estados Unidos e Brasil: cancro cítrico Ceilão e Brasil: ferrugem do café Brasil: tristeza do citros, mosaico da cana-de-açúcar, cancro bacteriano do tomateiro, cancro da haste da soja 4 23/11/2010 EXCLUSÃO Nacional /Regional/ Estadual/ Local (Propriedade) • Brasil: • Cancro cítrico • Proibição de material cítrico das regiões paulistas adjacentes às regiões produtoras • Atualmente: • Exclusão a nível de propriedade (interdição das propriedades contaminadas) • Programa de matrizes de citros – Secretaria da Agricultura do Estado de SP • Federal • Programa de tubérculos-sementes certificados, livres de vírus e de bactérias • pelo produtor (sem participação do governo) • uso de sementes e mudas sadias, tratamento de água, limpeza de ferramentas, estacas, mourões • descarte de sementes e mudas contaminadas EXCLUSÃO Eficiência do método de controle por Exclusão • Depende de legislação específica • Conscientização dos produtores • Controle do patógeno diminuindo a sua disseminação (estudar as formas de disseminação e controlá-la) • Patógenos que são disseminados apenas a curta distância podem ser controlados por exclusão • Ex.: cancro cítrico – controlável • Ex.: ferrugem do café – não foi possível o controle, pois os esporos são facilmente disseminados. 5 23/11/2010 EXCLUSÃO: doenças em potencial Antracnose do café ou Coffee berry disease (CBD) Agente patogênico: Colletotrichum coffeanum (forma anaforma) Responsável por perdas de 20 a 80% da produção Sintomas: antracnose, manchas foliares, seca de ramos e queda e seca de frutos Final do século 19 e início do século 20: Continente Africano 1901 – Brasil: primeiro relato em SP e RJ Método de controle químico eram bastante caro, devido ao número de pulverizações EXCLUSÃO: doenças em potencial Plum pox virus ou “Sharka” Hospedeiro: ameixas, pêssegos Ocorrência 1915 – Bulgária 1950/1970 – Disseminada por toda Europa 1992 – Primeiros relatos na América do Sul (Chile) 1999 – Primeiros relatos na América do Norte (USA, Canadá) Sintomas Folhas: anéis de verde claro ou linhas cloróticas; clareamento das nervuras; Frutos: anéis de coloração amarelo claro, que tendem a desaparecer quando o fruto amadurece; queda do teor de açúcar, queda prematura e deformações Sementes: manchas anelares Transmissão por afídeos (20 espécies diferentes) 6 23/11/2010 EXCLUSÃO: doenças em potencial African cassava mosaic virus (ACMV) Hospedeiro: mandioca e mamona Distribuição África, Ilhas no Oceano Índico, Índia Transmissão por afídeos ERRADICAÇÃO Eliminação de um patógeno de uma área em que foi introduzido Exemplos 1. Cancro cítrico 2. Mosaico do mamoeiro – Espírito Santo Caráter absoluto • Visa impedir o estabelecimento do patógeno recém introduzido • Sucesso das medidas depende: • baixa capacidade de disseminação • gama restrita de hospedeiros • atuação em áreas limitada (viabilidade econômica) 7 23/11/2010 ERRADICAÇÃO Eliminação de um patógeno de uma área em que foi introduzido Caráter relativo • Visa reduzir o inóculo do patógeno presente no hospedeiro/área • Tratamento de sementes • Rotação de culturas • Tratamento de inverno após poda • Eliminação • restos de cultura • hospedeiros silvestres • plantas doentes (roguing) • Há a necessidade de métodos complementares de controle ERRADICAÇÃO SOLARIZAÇÃO (Temperatura 50-720C eliminam os patógenos) Limitação do uso da solarização • Custo do tratamento • Restrição a pequenas áreas • Terreno não cultivado no período de tratamento • Ocorrência de condições climáticas adequadas (verão) • Tipo de relevo • Patógenos do solo: Ex.: Fusarium, Rhizoctonia, Sclerotium, Ver ticillium, nematóides e bactérias do solo 8 23/11/2010 ERRADICAÇÃO SOLARIZAÇÃO Eficiência da solarização e biofumigação do solo no controle da murchabacteriana do tomateiro no campo A solarização, por quatro meses, e a biofumigação com adição de cama-de-frango 5% v/v foram eficientes na redução da incidência de R. solanacearum em áreas com alta infestação Pesquisa Agropecuária Brasileira, v.42, n.7, p. 2007 ERRADICAÇÃO SOLARIZAÇÃO Solarização associada à matéria orgânica proporciona o controle de fitopatógenos termotolerantes habitantes do solo Figura 1 - Colônias de Fusarium oxysporum f. sp. lycopersici raça 2, em meio de Komada, desenvolvidas a partir de clamidósporos que foram submetidos a 28 de solarização. Fonte: Ambrósio (2006). http://www.infobibos.com/Artigos/2008_1/index.htm. 9 23/11/2010 SOLARIZAÇÃO ERRADICAÇÃO Efeito da solarização, adubação química e orgânica no controle de nematóides em alface sob cultivo protegido Hortic. Bras. vol.24 no.4 Brasília Oct./Dec. 2006 ERRADICAÇÃO ROTAÇÃO DE CULTURAS Sistema de monocultura: estímulo ao patógeno (alto nível de infestação) Objetivo: reduzir a quantidade de inóculo (erradicação relativa) Mecanismo: estímulo à competição Estratégia: • Substituição do hospedeiro principal • Eliminação de restos de cultura 10 23/11/2010 EVASÃO Prevenção da doença pela FUGA em relação ao patógeno ou ambiente favorável ao patógeno Recomendado inicialmente: na ausência de variedade resistente ao patógeno Principais medidas evasivas: • Escolha da área de plantio (local dentro de uma mesma área) isento do patógeno • Ex.: Mosaico do mamoeiro, no Pará, mas não na BA e SP • Ex.: Mal da seringueira (Centro-Sul do Brasil) • Região Nordeste: área de produção de frutas em quantidade e qualidade, como uva, manga e melão • Emprego de determinadas práticas culturais: tipo de solo, profundidade adequada, prevenção de ferimentos • Plantio adiantado ou atrasado, fugindo da época com condições climáticas que favoreçam o patógeno • Vira cabeça do tomate: outubro a fevereiro (não plantar) REGULAÇÃO Prevenção da doença pela ALTERAÇÃO dos fatores ambientais É o manejo das condições ambientais visando o controle de doenças, através da ação do homem; •É bastante utilizada na conservação de alimentos (resfriamento) e secagem (sementes) Principais medidas: •Escolha de área geográfica •Local e época de plantio •Profundidade de semeadura •Variedades precoces •Adequações das condições de solo • Controle da temperatura e umidade •Equilíbrio da nutrição mineral • Emprego de práticas culturais Exemplos de doenças e suas condições ambientais favoráveis Hérnia das crucíferas: pH baixo Sarna da batatinha: pH elevado Fusariose: excesso de P e N, deficiência de cálcio 11 23/11/2010 REGULAÇÃO EFEITOS DAS APLICAÇÕES DE CÁLCIO E DE BORO NA OCORRÊNCIA DE PODRIDÃO APICAL E PRODUÇÃO DE TOMATE EM ESTUFA Sci. agric. vol. 55 n. 1 Piracicaba Jan./Apr. 1998 REGULAÇÃO Conservação de frutos – pós-colheita (refrigeração): Rhizopus, Penicillium Secagem de grãos- Penicillium, Aspergillus 12 23/11/2010 PROTEÇÃO Visa impedir o contato direto entre o patógeno e o hospedeiro Medidas básica de controle por proteção: • Utilização de produtos químicos: fungicidas, bactericidas, inseticidas (vetores) Fatores a serem considerados • Viabilidade econômica: cultura, custo de aplicação, custo do produto x incidência/severidade da doença • Características do produto: • alta toxidez – patógeno • estabilidade no ambiente • baixa toxidez para planta, homem, etc • sem causar desequilíbrio na natueza PROTEÇÃO Época de aplicação e desempenho de fungicidas no controle da giberela em trigo Cienc. Rural vol.37 no.6 Santa Maria Nov./Dec. 2007 13 23/11/2010 PROTEÇÃO Tratamento fungicida em semente de milho super-doce Rev. bras. sementes vol.30 no.1 Londrina 2008 IMUNIZAÇÃO Baseadas na resistência oferecida pela planta atacada pelo patógeno Plantas imunes, resistentes ou tolerantes Características importantes: • Planta impede a pré-penetração, penetração, infecção, colonização ou a multiplicação do patógeno 14 23/11/2010 IMUNIZAÇÃO Tipos de imunização • Química: • é o emprego de produtos químicos sistêmicos • Ação 1: acúmulo do produto tóxico ao patógeno no tecido vegetal; • Ação 2: produto químico induz a planta a produzir substâncias tóxicas ao patógeno, sem causar danos ao tecido vegetal. Ex.: compostos fenólicos Métodos de Imunização: Químico Imunização (Resistência) induzida: “Resistência Sistêmica Adquirida” – SAR -ácido salicílico - Ativam os genes de resistência: β-1-3-glucanases, quitinases, etc. IMUNIZAÇÃO Métodos de Imunização: Químico Seleção de extratos vegetais para indução de resistência e ativação de respostas de defesa em cacaueiro contra a vassoura-de-bruxa Fitopatol. bras. vol.32 no.3 Brasília May/June 2007 ASM – Acibenzolar S-metil 15 23/11/2010 IMUNIZAÇÃO Tipos de imunização • Biológica: é também denomina de proteção cruzada ou pré-imunização • É a inoculação prévia do hospedeiro com • microrganismos antagônicos fungo/bactéria • vírus (pré-imunização): estirpe fraca x estipe forte (limão galego) para o controle da Tristeza do citros IMUNIZAÇÃO Tipos de imunização •Genética: características de resistência presentes na população vegetal • Vantagem: pode dispersar outras medidas de controle • Limitação: pode levar à perda da produtividade e/ou valor comercial do produto 16 23/11/2010 TERAPIA Visa curar ou recuperar planta doente Medidas de controle: • Eliminar o patógeno • Produtos químicos sistêmicos e não sistêmicos • Tratamento térmico de estruturas vegetatativas • Favorecer a reação do hospedeiro contra o patógeno PRINCÍPIOS DO CONTROLE DE DOENÇAS Ambiente Exclusão Erradicação Patógeno Evasão Regulação Hospedeiro Proteção Imunização Terapia 17